“MM” já começa bem, com uma narração em off da protagonista, uma menina de 16 anos que vivia com os pais na África e estudava com eles, sem nunca ter freqüentado uma escola normal, dizendo saber que a gente acha esse pessoal que estuda em casa muito esquisitão. Corta pra uma turma de caipiras e um deles fala algo como “E no sétimo dia Deus criou o rifle, pra que o homem pudesse acabar com os dinossauros... e os homossexuais”. Os outros rapazes entoam um “Amém” em coro. Quer dizer, se você, como eu, conhece membros de seitas assim, sabe que rir deles é prazeroso. A moça, interpretada por Lindsay Lohan, se comporta como uma marciana, acha que o ídolo teen Ashton Kutcher é um grupo de rock, essas coisas. Mas, por ser bonitinha, é convidada pra integrar a turma das gostosonas do colégio, que são também bem malvadas. Aceita, pra poder desmascará-las, e acaba virando uma delas. Ou seja, a história em si é meio bobona, mas tem tanta gracinha, tanta crítica social, que acaba conquistando.
E não são só as piadinhas que funcionam, as gags visuais também. A loira burra que faz uma das melhores amigas da líder patricinha está perfeita, e todas suas participações são hilárias. A fantasia de halloween da nossa heroína, a pobrezinha caindo dentro do lixo – tudo isso diverte. Entre as gargalhadas mais inteligentes, a que mais gostei envolve a patricinha-mór avisando suas súditas que precisa perder um quilo e meio. Como suas serviçais não estavam prestando atenção, ela lança um olhar mortal, ao que elas acordam e declamam: “Imagina, querida! Você é linda! Maravilhosa! Não precisa!”. Também gostei do pai da protagonista não saber que quando a pessoa está de castigo ela não pode sair. Bom, dá pra ver que o roteiro é esperto até pelo apelido das Barbies, que são chamadas de “Plastics”. Essa é uma referência a uma das linhas mais famosas do cinema, tirada de “A Primeira Noite de um Homem”.
Mas de que interessa tudo isso se a gente não é (graças ao bom Deus) americano? Ué, é sempre bom conhecer o inimigo. E, além disso, não tenho certeza de que toda essa hierarquia social só funciona por lá. Um dia eu, espantada, perguntei pros meus queridos adolescentes: “Vocês realmente se importam tanto com o que seus colegas pensam?!”. E eles, olhando pra mim como se eu fosse uma total anormal, responderam que sim, claro, você não? Pois é, se tiver algum adolescente lendo isso aqui e quiser uma palavra de apoio, eu dou: vai passar. Algum dia você não vai dar a mínima pro que os outros pensam e falam de você. Ou tô sendo ingênua? Amadurecer não é aceitar que os outros podem ser diferentes, mas que a gente não tem nada com isso? E que diferenças são algo positivo? Ou isso é liberdade? Ou maturidade e liberdade são quase a mesma coisa? Sei lá. Mas vai passar, acredite.
3 comentários:
HAHAHA... eu gosto desse filme.
E gostei da frase final do post 'Amadurecer é aceitar que os outros podem ser diferentes, e que não temos nada com isso'
Adoray! ahahhah
E olha eu aqui curiando as suas críticas. Quando eu tiver com tempo, lerei TODAS. de A à Z. :]
:***
só um comentário, o roteiro é da tina fey(baseado em um livro), surpresa seria se saísse algo ruim(na minha opinião).
Não foi no sétimo... foi no terceiro, pequenos detalhes, grandes diferenças.
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