terça-feira, 29 de julho de 2008

FIM DE FEIRA, OU APROVEITE ANTES QUE ACABE

Estamos quase voltando ao Brasil, e às vezes dá um sentimento de fim de feira por aqui...

Muitas das coisas que eu gosto acabam. Simplesmente deixam de existir. E eu odeio isso. Por exemplo, ano passado eu comi muito sorvete com fudge (espécie de cobertura de chocolate). Era ótimo, mas não podia ser qualquer fudge. As marcas eram bem diferentes entre si. E na mesma marca ainda havia variações. Logo, após muita pesquisa (quem falou que no meu doutorado eu não fiz pesquisa intensa por aqui?), descobri a marca e o tipo que me satisfaziam: Betty Crocker Dark Chocolate. Era um fudge menos doce que o de chocolate ao leite. Muito bom. Só que, de repente, ele parou de aparecer nos dois supermercados onde eu ia. Não deu explicação nem nada. Só sumiu das prateleiras.

Uma coisa eu tenho pra falar a favor do Big de Joinville. Toda vez que eu comprava lá, na saída, a caixa perguntava: “Encontrou tudo que procurava?”. E umas três vezes eu disse não, ela anotou o produto, meu telefone, e alguém do Big ligava pra casa pra dar satisfação, ou pra avisar que tal troço já estava lá, ou que iria chegar tal dia, ou que eu podia me despedir, porque ele não viria mais. Não sei se o Big continua fazendo isso após ter sido comprado pela Wal-Mart.

Porém, nos EUA, pelo menos nos supermercados que frequentei, essa preocupação com o cliente não existe. E o pior é que os produtos somem mesmo. Outro foi o pão de forma. Desde que cheguei aqui, dei pra comprar uma marca mais barata (US$ 1,50 o pacote) de pão de forma integral, que eu tento acreditar, com um fervor quase religioso, que beneficia meu intestino (não há nenhuma prova disso). Faz mais de um mês que o treco não dá mais o ar de sua graça no super. A marca continua, mas agora só com pão branco. Agora compro este, e infelizmente devo dizer que meu intestino não notou a diferença (segue sem funcionar).

Mas o mais revoltante aconteceu com o sorvete. Lembra que joguei às alturas o sorvete de chocolate da Cold Stone? É, eu disse que ele era mais escuro e gostoso que outros sorvetes de chocolate aguados que há por aí, me arrependi de não ter entrado naquela sorveteria antes, e ainda usei o elogio absoluto – que eu poderia comer apenas essa sobremesa pro resto da minha vida. Tá. Acredita que aquele sabor era por tempo limitado?! Não tem mais. Foi uma promoção especial de verão. E dane-se que aquele sabor era o primeiro a acabar em todas as lojas que íamos – era limitado e acabou. Provavelmente aquele sabor anulava os outros sorvetes da marca ou era mais caro de fazer, sei lá. Só sei que os atendentes insistem em me dizer que “a marca vai lançar três novos sabores especiais por tempo limitado”. E eu, por educação, não falo o que a marca pode fazer com seus três novos sabores. Mas convenhamos, não é como tirar doce de uma criança?

Sem falar que há coisas que param de funcionar. A Netflix, que até há pouco era um dos únicos serviços americanos do qual não podíamos reclamar. Então. A gente paga 26 dólares por mês pra que sempre possamos ficar com quatro dvds em casa. Mas a vantagem real não são os dvds que eles mandam, e sim o “Watch Instantly” (Assista na Hora), seis mil títulos que você pode download em questão de segundos (um filme por vez) e ver no seu computador. No começo do mês isso parou de ser possível, de uma só vez, nos nossos dois laptops. Assim, de repente. A gente ligava pra Netflix (a empresa não fornece o número de telefone no seu site; só fui encontrá-lo na internet, de gente jogando pedra e em reportagens do tipo “Presidente da Netflix não consegue localizar telefone de contato no site da empresa”), falava com o suporte técnico, cada um falava pra gente fazer uma coisa, download tal arquivo, e nada. Só o quarto atendente nos mandou ir ao Explorer e apagar tudo lá. E o negócio voltou a funcionar, aleluia. Quer dizer, em apenas um dos computadores. No outro, desistimos.

Aí tem o lance do banheiro do meu andar na faculdade. Eu gostava daquele banheiro, até que o assento da privada ficou frouxo. Agora é só se sentar que ele fica lá, balançando, ameaçando me jogar no chão. Deve ser simples de consertar, imagino. É só parafusar ou, se estiver quebrado, trocar o assento. Mas já está assim há uns quatro meses, e ninguém troca. Não é possível que eu seja a única incomodada. Deve ter mais gente que passa mais tempo na faculdade do que eu.

E as lâmpadas daqui de casa, três delas, queimaram em menos de uma semana. Uma após a outra. Ok, sinal de que elas duram todas mais ou menos um ano. Mas que dá clima de final de feira, isso dá.

13 comentários:

Anônimo disse...

Oi Lola
Aqui no Colorado já me peguntaram várias vezes nos supermercados que frequento se achei tudo que precisava. Inclusive num Walmart. Acho que depende da vonatde do caixa pq tem caixa que nem te olha na cara e te diz bom dia e tem caixa que tá lá, todo sorridente, te faz mil perguntas etc...

Não sei se tem Costco em Detroit e se vc era membro mas aqui en até lista de sugestões de produtos que vc quer que volte. E eles penduram todo mês no mural as resposta sobre qdo o porduto estará disponível ou pq o produto não está mais a venda.

Fer Guimaraes Rosa disse...

Lola, minha experiencia Californiana eh totalmente diferente da sua. A primeira coisa que me chocou aqui [e eu estava chegando no oeste canadense, onde as pessoas nao sao tao amigaveis[ foi uma pessoa que eu nao conhecia passar por mim, sorrir e dizer hi! Aqui eh tanto que ate enche. Voce nao consegue dar um passo dentro do supermercado sem ser abordada por um funcionario perguntando se estou encontrando tudo o que quero, etc. No Co-op que eh o supermercado que eu mais frequento, qdo eu pergunto algo sou atendida na hora e todo mundo solicita produtos e eles se desculpam exageradamente qdo algo fica out of stock.

Outra coisa, pao de forma integral de pacote nao eh opcao saudavel, tah? ;-) O truque ali eh fazer o integral ficar o mais parecido com o sabor do branco, sem falar que se na lista de ingredientes tiver mais que tres substancias impronunciaveis, forget about it!

Voce ja leu Michael Pollan, um professor de jornalismo cientifico na UC Berkeley que escreve sobre o sistema alimentar americano? Recomendo muito a leitura dos livros dele, em espaxcial O Dilema do Onivoro.

Lola, desejo pra voce e o seu marido uma boa viagem, uma boa reentrada, um bom recomeco!

Super beijo,

Suzana Elvas disse...

Oi, Flor;

Eu acho que sou uma pessoa de sorte: todas as coisas que eu amei e que eram por tempo limitado acabaram entrando em linha. O meu mais fervoroso vício (heresia!) foi o Cheddar MacMelt, que começou como uma promoção por tempo limitadíssimo e agora é um dos carros-chefe do Mac por aqui.
Aqui no Brasil você vai encontrar uma linha de pães da Wickbold chamada "Grão Sabor". Eu como o Pão Grãos (que era chamado Sete Grãos), que é ótimo para o intestino. Gosto muito da Wickbold (olha a propaganda :o) - a minha mãe adora - porque é o único pão que não mofa.

Depois dá uma olhada no site deles.
Bjs e boa viagem de volta!

Liris Tribuzzi disse...

Também tive sorte com os pordutos por tempo limitado. Quer coisa melhor que Sufler alpino?! Ainda bem que ficou.

:-P disse...

Pior que parece meio fim de festa mesmo...:-)

Agora, coisa que perdi quando voltei pra cá foi a Grolsch, que não me dava alergia. E meu elétrico, subindo e descendo rua.
E uma inocência que já percebi que é rara aqui no Brasil, é também confundida com burrice.
Acho que hj vou postar minhas saudades.

Beijos, boa vinda pra casa.

Anônimo disse...

pois eu até tenho medo de dizer para alguém que gosto deste ou daquele produto porque é certo como um mais um serem dois que logo logo ele sai do mercado!
1º - a marca de shampoo que FINALMENTE funcionava com o meu cabelo
2º - o modelo de soutien redutor que reduzia, era cómodo, barato e não se parecia com colete de força.
3º - o maravilhoso sumo de goiaba da Compal
4º - o gelado tiramisú da Gelatelli
a lista de produtos que eu gostava e que saíram do mercado não acaba...mas os produtos que gosto agora são SEGREDO DE ESTADO!

Anônimo disse...

esqueci-me de contar mais uma coisa. No outro dia li que há uma marca de gelados faz uma cerimónia de enterro para os sabores de gelado descontinuados com direito a lápide do género "Aqui jaz o famoso morango com pepitas de chocolate que tanta gente fez feliz"

Anônimo disse...

Oi Lola,

não sei se tem Trader Joe's onde vc morava. Eles tinha a melhor calda de chocolate do planeta e, de repente, pararam de vender...

agora faço a minha em casa mesmo.

um suco gasoso de grapefruit tb sumiu... Era tudo de bom geladinho...

a Ghirardeli era a única qiue fazia uma massa de chocolate chip cookies de pacote decente. Tb sumiu...

vai saber...

só espero q a Kopenhagem ainda tenha as deliciosas nhá-bentas de maracujá!

lola aronovich disse...

Pode ser, Ana. Mas depende da política do supermercado tb. Tem a ver que os supers que mais frequentei em Detroit eram pro pessoal com poder aquisitivo mais baixo (e nem por isso, claro, esses supers eram mais baratos - pelo contrário!). Costco tem em Detroit, eu fui umas duas vezes mas não comprei quase nada. É pra quem compra grandes quantidades e guarda tudo no porão... o que não é o meu caso!


Fer, em Detroit o pessoal falava bastante "Hi", "Good Afternoon" e tal, bem gentil mesmo, mas nunca dentro de um supermercado!
Ah, por isso que eu tolero pão integral... porque eles fazem pra ficar parecido com o pao de forma normal! Agora tá explicado! Aqui em Joinville eu voltei a comer um que se chama integral com linhaça da marca Thabrulai. Parece ser uma marca bem caseira, mas nao sei. Eu gosto e antes de ir pros EUA melhorou bastante o funcionamento do meu intestino. Só acho meio caro.
Não li Michael Pollan e nem tinha ouvido falar dele. Mas vou tentar encontrar. Obrigada!

lola aronovich disse...

Su, isso sim é sorte. Os meus favoritos saem de linha. Quase todos! Ah, esse Wickboldt Grão Sabor Whatever eu provei na casa de uma amiga... e odiei! Vai que eles não se esforçaram muito (como disse a Fer) pra fazer com que o integral tivesse gosto de pao de forma normal!


Li, Suflair Alpino?! É verdade, ficou. Nunca dei muita bola. Suflair eu acho caro demais, e nem é grande coisa. E Alpino é muito bom, mas é caro demais... Acho que tô me aposentando do chocolate. Tá ficando difícil pro meu bolsinho.

lola aronovich disse...

Malena, querida, o que é Grolsch? Sim, acho que alguns americanos são mais ingênuos... Não sei. Cadê suas memórias? Já as postou?


Mary, que divertido! Então vc é o oposto da Suzana! Eu acho que não dou sorte também. Mas vamos olhar pelo lado bom: isso quer dizer que nosso gosto é tão anti-convencional, tão único, que só a gente gosta do produto! E nenhuma marca fabrica produto pra duas pessoas...
Putz, a gente devia fazer uma lista de "Aqui jaz" pros produtos que pararam de ser fabricados e de nos deixarem felizes!


Isabella, tinha Trader Joe's em Detroit, mas ficava muito fora de mão pra gente (sem carro). Fomos apenas no último final de semana, e não compramos nada. Mas é uma sacanagem parar de fabricar coisas que a gente gosta.
Nhá-bentas de maracujá?! Sorry, não como quase nenhum doce que não seja de chocolate. Nem olho pra nhá-benta de maracujá, porque me parece uma boa idéia desperdiçada, sabe? Era só mudar o ingrediente principal...

Liris Tribuzzi disse...

Lola, compra suflair nos farois que sai baratinho (já achei 4 por 5 reais).

:-P disse...

Oi Lolita. :-)
Já postei minhas saudades, vá ver, se tiver tempo.
A Grolsch é uma cerveja. A única que não me dá coceiras excruciantes.
:-D
beijos