sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CRÍTICA: CISNE NEGRO / Medo da própria sombra

O reflexo do espelho não reconhece a protagonista

Cisne Negro me fisgou desde a primeira cena, que é o sonho de Nina (uma excelente Natalie Portman, no seu melhor e mais ousado trabalho desde Closer). Já começa com uma visão perturbadora: ela dançando, cheia de medo, enquanto seu parceiro se transforma num cisne negro que parece muito mais que um inocente cisne. Parece um monstro. Esse jeito da câmera focar unicamente na atriz, muitas vezes em close extremo, e ignorar os perigos a sua volta, só aumenta a tensão criada neste terror psicológico. E Darren Aronofsky (que nome bonito e familiar!) mantém essa tensão do começo ao fim. É o terceiro filme incrível do jovem diretor. Acho que ainda gosto mais de Réquiem para um Sonho, uma história assombrosa sobre vícios. O Lutador, que comparado a essas duas obras pesadas é até light, é sobre os sacrifícios que um cara não muito estável inflige ao corpo. Nesse sentido, Cisne é parecido.Mas nenhuma de suas outras obras lida com repressão sexual, que é o mote de Cisne. Nina faz uma bailarina esforçada e muito frágil emocionalmente. Ela mora com a mãe (Barbara Hershey, perfeita), que a controla através de uma tática meio morde e assopra. Nina é instigada sexualmente por dois personagens, o diretor do balé (Vincent Cassell, o mafioso gay de Senhores do Crime; e todo mundo sabe que ele é casado com a Monica Bellucci há doze anos), e Lily, a bailarina segura de si (Mila Kunis, lindona, de Psicopata Americano 2. Ela esteve casada com o Macaulay Culkin por oito anos, então podemos dizer que Vincent tem muito mais sorte no amor que ela). A partir do momento em que Nina é alçada à primeira bailarina da companhia, ela entra num espiral autodestrutivo.Se já é estranho viver com uma mãe controladora quando se é adulta, mais estranho ainda é que o quarto de Nina seja infantil, cor de rosa e cheio de bichinhos felpudos (incluindo um enorme coelho rosa bloqueando a janela). Isso não deve fazer nada bem, psicologicamente falando. Essa mãe manipuladora não aparece muito, mas a cena que diz tudo sobre ela é aquela em que ela compra um bolo pra comemorar, e a filha quer só um pedacinho, e então ela, mãe, ameaça jogar o bolo no lixo. Não entendi quando ela diz “Você está pronta pra mim?”. Isso me lembrou a mãe de Preciosa, que de fato abusava sexualmente da filha. Não vejo isso em Cisne, mas ainda assim é esquisito. De todo modo, a mãe tem outras falas de duplo sentido, como quando lamenta não ter sido convidada para a festa: “Acho que o diretor queria você só pra ele”. E dá calafrios quando Nina liga pra ela, do banheiro, e diz, “Ele me escolheu”. Sabe, ela podia ter dito “Consegui!”, “Fui escolhida”, “Eu serei a Rainha Cisne”, com foco nela. “Ele me escolheu” põe o foco nele, e claro que tem conotação sexual. Tem até um ar de competição com a mãe nessa frase.Ao mesmo tempo, no começo, antes da cena do bolo (quando vemos seu real potencial de manipulação), a mãe até se esforça para ser boazinha. Ela diz que a filha merece o papel, e defende a menina (que é Lily, mas ela não sabe) que interrompeu o teste de Nina, “Tenho certeza que ela não quis fazer isso”. Mas o seu lado ruim já está posto na edição. Observe como o filme encerra a primeira sequência com ela: enquanto abraça a filha, ela, a mãe, olha pro espelho. Mas não vemos seu reflexo no espelho. Vemos Nina, escura, se observando num reflexo da janela do metrô. Tem tantos doubles (a questão do duplo, que é uma das características do uncanny, do sinistro, do bizarro) no filme que eu perdi a conta. Acho que mãe e filha representam um duplo. Tem o double do cisne branco/cisne negro, e o de Nina e Beth (a dançarina que é aposentada, feita por uma Winona Ryder que nem reconheci). Por exemplo, o diretor usará a mesma forma de tratamento, “pequena princesa”, para as duas, que são rivais também na atenção dele. Nina faz com Beth o que depois acha que Lily faz com ela. Mas o principal é que Beth é tão autodestrutiva quanto Nina. Há uma confusão se Beth se machuca com um objeto cortante ou se é Nina que faz isso. Já Nina e Lily formam um double óbvio (com ecos de A Malvada e Mulher Solteira Procura). Porém, o double predominante é entre o lado medroso e imaturo de Nina e seu lado sexualmente forte. Pra mim, essas cenas em que o reflexo de alguém não corresponde à pessoa são sempre perturbadores. Nina passa a ter medo de sua própria sombra.Uma das diferenças entre o diretor do balé e Lily, esses dois predadores sexuais, é que o primeiro usa seu poder para levar as bailarinas pra cama (“ele tem uma certa fama”, diz a mãe de Nina). A gente acredita que as cenas entre ele e Nina são reais, não fantasias. Já com Lily, não dá pra ter certeza. A cena da mãe com Lily é um bom indício de como Lily é um personagem que, em muitos sentidos, só existe pra Nina. A campainha toca, a mãe vai atender, fecha a porta, Nina pergunta quem é, a mãe diz “ninguém”. Mas Nina vai ver e lá está Lily, já perto do elevador. É improvável que a mãe controladora simplesmente tenha fechado a porta na cara de Lily, sem lhe dedicar uma palavra. No restante da cena, a mãe não repara em Lily em nenhum momento.
Na primeira metade do filme, eu só pensava em Repulsa ao Sexo (Repulsion, 1965; o trailer tá datado, o filme não), que é o máximo, uma das obras-primas do Polanski. Lá tem toda a repressão sexual, a loucura, as unhas (Catherine Deneuve faz uma manicure ― é um filme de terror, já deu pra notar)... Todas as cenas da Natalie filmada de costas (só vemos seu cabelo, um coque), andando no metrô e na rua, lembram Catherine (e a Mia Farrow em Bebê de Rosemary). Mas li em algum lugar Aronofsky dizendo que sua maior inspiração foi outro Polanski, O Inquilino. Enfim, Cisne tá cheio de referências. O diretor americano fez um excelente filme, em que um mundo de beleza, que é o da dança, é usado como cenário de horror. Pra mim, a cena mais medonha (além daquela do reflexo no espelho) é quando Nina decide cumprir o dever de casa e se masturbar. E aí, já na maior empolgação, ela vira e vê sua mãe dormindo na cadeira ao lado. Tem como gostar da coisa assim?

Tem uma ótima crítica da Valéria aqui.

95 comentários:

Alan Raspante disse...

Meu filme favorito do ano desde já. Muito bom!

Carla disse...

Fiquei apaixonada por esse filme. E terrivelmente assustada. Tudo nele tem a incrível capacidade de nos envolver profunda e intensamente - eu sou Nina, eu sou Lily, eu sou todas e todos; múltipla, não dupla. Terror e desejo e inveja e amor e beleza e dança e cisne. Ainda sinto o filme aqui!

Adorei a sua crítica!

Weligton disse...

Foda saber q esse filme naum vai ganhar o oscar, pior ainda é saber q pode ser q o PÉSSIMO "discurso do rei" pode ganhar!

PedroYukari @snoopy_xxy disse...

"Cisne Negro" é tenso do começo ao fim. Não perdi a minha atenção em nenhum momento. Natalie Portman está incrível e, desculpe Annette Bening, mas se você ganhar o oscar de melhor atriz vai ser de uma injustiça só, porque Natalie Portman está perfeita!
"Cisne negro" já está entre os melhores filmes que eu já vi e todo o elenco é excelente.
Os minutos finais do filme são eletrizantes! Uma agonia terrível que eu senti e quando chega no final eu mal conseguia piscar os olhos... "Cisne negro" merece ser premiado não só por Natalie Portman e sim como melhor filme, na minha opinião.

Juliana disse...

Natalie arrasou! A cena que você cita por último, da masturbação, foi a mais apavorante pra mim... E todas aquelas cenas com unhas (tenho aflição imensa com cenas de terror que envolvem unhas quebradas e/ou arrancadas) são muito aflitivas!!!! rsss Mas não sei, saí do cinema com aquela sensação de "ah tá, legal", não fiquei com muitas coisas para pensar depois do filme... Meio psicologia básica demais. Mas os efeitos de câmera, sonoros e a transformação de Nina ao longo do filme, além de todo o elenco maravilhoso, resultam num trabalho muito bem feito. Bem redondinho mesmo! Gostei, mas não amei. Amar mesmo, só a Natalie. Ela sim, tem que ganhar esse Oscar de todo jeito!!

Rart og Grotesk disse...

to doida p/ ver esse filme, tão falando tanto nele!

Bjos, bom fim de semana!

http://artegrotesca.blogspot.com

Jefferson disse...

Também gostei muito do filme, mas há uma cena que julgo desnecessária, a ds pernas transformadas em patas. Só as outras transformações já tinham causado impacto.

twitter.com/jehberg

Lord Anderson disse...

Filme tenso sem duvida.

Natalie "Amor da Minha Vida" Portaman esta absurdamente fantastica.


Ah, a Valeria Shoujofan tb fez uma otima resenha sobre o filme:

http://shoujo-cafe.blogspot.com/2011/02/comentando-o-filme-cisne-negro.html

Júlio César disse...

Está vendo, Lars von Trier como se faz filme de terror?

Valéria Fernandes disse...

Ah, obrigada por linkar a minah resenha, Lola. Aliás, eu ouvi um podcast sobre o diretor (*shame on me*este é o único filme dele que assisti até hoje*), em que teorizam que a mãe nem existia, que ela também era fruto da mente perturbada de Nina. Aliás, o rosto da atriz que faz a mãe aparece distorcido várias vezes...

Enfim, eu estou com muita vontade de ir assistir de novo. E uma das referências fundamentais é Perfect Blue, um longa animado que parece filme de verdade, de Satoshi Kon. Eu desconfiei quando assisti o filme, mas o pessoal do Rapaduracast confirmou. O diretor comprou os direitos de filmagem e a cena da banheira é tirada de Perfect Blue.

Guilherme disse...

Lola, mais uma crítica senso-comum? Assim não dá. E outra coisa, vejo sempre você lutando pela igualdade e pelo fim de comentários negativos sobre a mulher, mas sempre que fala de um velho usa adjetivos como "horrível" e "nojento" junto, agora falou mal do marido da Kunis. Seria isso reflexo do teu feminismo hipócrita e do teu cérebro binário Pê Tê? Lola: calada, uma poeta.

Lord Anderson disse...

"Assim não dá."

heheheeh

Tadinho do leitor revoltado.

A Lola malvada não faz a resenha que ele quer ler.

heheheeh

Anônimo disse...
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Fri yourself disse...

Lola, sempre leio seu blog mas nunca escrevo, hoje me vejo na obrigação de dizer algo porque esse filme me desconcertou. Identificação total por conta da repressão sexual exercida pela mãe, nas batalhas psicológicas pela libertação, competição entre as duas, ódio, amor, dependência. Na cena final onde a bailarina crava um objeto no centro de sua barriga, para mim representou o corte do cordão umbilical, após o surgimento do cisne negro, da sexualidade, ela consegue romper com a mãe e morre.
Chorei, tive pesadelos e aplaudi de pé assim como fiz com Réquiem para um sonho. Oscar para todos do filme e para o seu blog também ! Bjs.

Quéroul disse...

achei lindo demais. quero ver outras vezes, apesar das pavorosas cenas com dedos e unhas.
portman tem minha torcida, apesar de kunis ter me encantado!

cris mitsue disse...

Vi ontem o filme e me surpreendi.. Já esperava que o filme seria bom, mas realmente, conseguiu me surpreender ainda mais. Bela atuação de Natalie Portman, e o mais fascinante na obra é que ela simplesmente conseguiu passar toda a essência perturbada e esquizofrênica de Nina para nós espectadores.

Sem dúvida, Natalie ganha melhor atriz no Oscar. Afinal, ela é a queridinha da academia. Mas como melhor filme, acho difícil.

Pili disse...

eu entendo de ballet, mas nao sei absolutamente nada de cinema... ainda assim, posso discordar?

"partir do momento em que Nina é alçada à primeira bailarina da companhia, ela entra num espiral autodestrutivo."

desde o início a personagem já escuta coisas.
Esses sussurros aparecem em momentos determinantes, como quando ela invade o camarim da Beth, quando ela sai do teste após cair... ela escuta e vê coisas estranhas, ela se vê nas outras mulheres...
Desde o início ela vomita, e se arranha,
e apela pra essas manobras pra tentar se construir. do tipo roubar o batom da ex estrela, ter uma "conversinha" com o diretor (usando o tal batom), mentir que havia terminado a variação pra pedir o papel, etc...
Tudo isso foi antes de ser escollhida pra cisne.
Porque ela já estava mal antes, isso só piorou.
Na minha opinião a causa não foi o papel em si, mas as cobranças que vieram junto com ele.
Veja,
ao mesmo tempo que exigem dela docilidade, também querem explorar sua sexualidade. Só não querem é que ela se negue nem reclame, claro.
E ela, que era uma menina claramente imatura e nada independente, não agüentou!
Mas tirando o palco e o figurino, a história não tão diferente da vida de qualquer mulher.
Por isso gostei tanto do filme.
Ela fala sobre construção de personalidade a partir do olhar alheio. Do que os outros esperam.

lola aronovich disse...

Pô, Weligton, Discurso do Rei não é péssimo! Preciso escrever sobre ele. Vc é o mesmo Weligton que ousou empatar comigo no último bolão do Oscar?


Jeh, até concordo que a cena dos pés é desnecessária. É, inclusive, rápida demais. Agora, sabe uma que eu adoro e que só aparece por um ou dois segundos, eu acho? Aquela da bailarina quebrada na caixinha de música. Tudo bem que não é nada sutil, mas eu acho a imagem perfeita. Eu deixaria pelo menos por mais dois segundos!

lola aronovich disse...

Lordzinho querido, eu coloquei um link pra ótima crítica da Valéria no final do meu post!


Não é, Julio? É verdade, daria pra fazer de Anticristo um terror muito mais assustador, ao invés de cheio de cenas postas unicamente pra chocar.

lola aronovich disse...

Interessante, Valéria. A mãe não aparece nunca pra mais ninguém. Mas não aceito muito bem essa interpretação da mãe não existir. Li uma entrevista da Barbara Hershey dizendo que ok, a mãe tá cheia de problemas, mas não é necessariamente uma pessoa ruim. Sem a mãe podia ser até pior. Nina não parece uma pessoa capaz de viver sozinha. Quer dizer, acho que, sozinha, aconteceria o mesmo que acontece com a personagem da Catherine Deneuve em Repulsa ao Sexo: a destruição viria mais rápido.


Fri yourself, muito boa essa análise de tentativa de cortar o cordão umbilical! Gostei.

lola aronovich disse...

Pili, concordo totalmente. Nina não tem um só momento de “sanidade” do começo ao fim do filme. O que eu quis dizer em entrar num espiral de autodestruição é meio que ser tragada por ele, sabe? É que as coisas vão se intesificando. Autodestruitiva ela é desde o início, mas ela entra num redemoinho mesmo quando a pressão vai aumentando. E é isso, vc define perfeitamente o conflito: “ao mesmo tempo que exigem dela docilidade, também querem explorar sua sexualidade”. É o velho santa/p*ta que se espera de toda mulher. Isso pode ser enlouquecedor sim!

Rebeca disse...

tb não consegui reconhecer a Winona Ryder de cara....

a gente teve mo discussão sobre esse filme na univ., bom é cada qual tem uma opinião diferente, é isso que achei legal nesse filme, cada qual que tenha sua própria interpretação, se a mãe da NIna tinha inveja dela, ou se na real só a queria lhe proteger, se a Lily existia ou não, são dúvidas que só entrando na cabeça do roteirista pra saber o que realmente é (ou não neh? =P )...

enfim..., escrevi sobre esse filme tb lolinha ^^: http://rebecaneiva.blogspot.com/2011/02/black-sawn-cisne-negro.html

L. Archilla disse...

Eu AMEI esse filme. Acho que não via a psicose tão bem retratada no cinema desde... Norman Bates? Não, a gente não acompanha como e pq o Bates psicotizou. Em Cisne tá tudo lá, quase que didático.

Pra mim, a mãe é bem real. A Lily também, embora não em todos os momentos. Explico: acredito que em algum momento tenha surgido na companhia uma bailarina como a Lily: sem muita técnica, mas com ginga, charme, que era o que o coreógrafo queria desenvolver na Nina mas ela não permitia. A mistura de inveja com atração pela Lily fez com que ela passasse a ter delírios de que a moça estaria tentando seduzi-la, levando-a pro mau caminho, quando na verdade era só desejo reprimido. Mas de repente elas nunca se falaram. Ou de repente ela nunca existiu, tb, não é uma leitura tão inverossímil. Mas eu acho que sim.

Queria comentar mais mas to com pressa. Mais tarde (ou amanhã) escrevo mais.

Anônimo disse...

Lola,
vi o filme outro dia mas acho que não estava no 'mood' certo pra um filme desses e acabei não achando essa Coca-Cola toda. Isso acontece comigo às vezes... Possivelmente vou ver de novo uma hora dessas, eu já tinha lido boas críticas (outras nem tanto) sobre o trabalho.
Quanto ao comecinho do filme, só um p.s.: o personagem que aparece não é exatamente o cisne negro em forma de monstro. Ele existe no balé original, é Von Rothbart, o feiticeiro que transformou Odette e as outras em cisnes, e que é o mentor do príncipe Siegfried, apaixonado pela moça.
abraço,
Mônica

L. Archilla disse...

Ahh, não aguento, só mais um pouquinho: ninguém cria esse retardo emocional no vácuo. Se ela tivesse alguma deficiência intelectual, por exemplo, poderíamos supor que a mãe a superprotege por causa disso. Mas intelectualmente ela aparenta ser bem desenvolvida (lembrando que inteligência cinestésica tb é inteligência). Tudo indica que a mãe, tb por ser psicótica, impede que a filha vire mulher (em todos os sentidos), a cena do bolo é super simbólica: a mãe faz um carnaval por causa de um mero pedaço de bolo! Imagina quando a Nina pedisse pra voltar tarde de uma festa. Imagina quando ela se sentisse atraída por um rapaz. Isto é, se é que isso chegou a acontecer, né, porque quase sempre, nesses casos, a repressão é tão intensa que nem ela mesma toma consciência de que tem vontade de enfrentar a mãe e questionar algo.

Na cena da masturbação, não creio que seja real a mãe que aparece ao lado dela. Dificilmente alguém dormiria na cadeira todos os dias só pra vigiar a filha, e ela não sabia que justo naquela noite a menina ia se masturbar. Mas a fantasia da mãe onipresente é tão forte que ela vê a mãe ao lado. Tb não acho que role incesto (não concretamente), mas essa relação de grude entre mãe e filha está carregada de erotismo inconsciente.

Agora é só!

Elaine Cris disse...

Assisti o filme quarta-feira e achei demais, já está na lista dos meus favoritos, mas como sou apaixonada por dança, acho que sou suspeita pra falar.
Amei tudo e virei fã da Natalie Portman (já assisti Closer, mas como não gostei da história do filme, não reparei tanto nas atuações) ela realmente encarnou uma bailarina profissional.
Também achei a moça que faz a Lily fantástica (e também parecida com a Catherine Zeta-Jones, rs).
Parodiando a protagonista: Foi perfeito!!!

Fernanda disse...

Olha... Eu acho que a Lily existe sim principalmente porque ela interage com outros personagens. E concordo com a L. Archilla sobre ela. Ontem estava revendo a cena em que elas saem a noite, e para mim faz pleno sentido ter tudo acontecido até a hora que a Nina sai da boate e encontra a Lily na rua. Seria coincidência demais. Hehe... Além disso, a Nina estava desesperada lá dentro, e parece que deposita na Lily, quando a encontra, sua salvação. No táxi, a mão da Lily já parece uma fantasia da Nina. No outro dia, ela encontra a Lily e aquilo parece ser real.

Ana Carolina disse...

Foi um desses filmes de sair do cinema e passar os próximos dias imersa em pensamento (e ler sua crítica e a da Valéria me fizeram ver mais coisas - e entender por que esse filme me impactou tanto).

Li muito a Nina como a moça virginal reprimida pela mãe (que induz e direciona a carreira de bailarina), que conquista a posição dos sonhos, mas não tem estrutura psicológica para suportar. Desde o começo ela demonstra sinais de loucura, como escutar vozes, os sinais de paranoia... E ela se imprime tanto na Beth - o desejo dela de ser primeira bailarina e o furto de pequenos objetos para, quem sabe, "se tornar" Beth - quanto posteriormente na Lily, na mistura de inveja e desejo.

Acredito que a mãe exista. O papel da mãe castradora - e, parando para pensar, as cenas em que a mãe corta as unhas dela são um sinal forte disso - que se projeta na filha, que a domina e cuja relação atinge contornos até mesmo incestuosos, ainda que esse incesto nunca deixe o plano das intenções é fundamental para delinear a Nina.

E mesmo a Lily. Creio que além de ser uma bailarina de San Francisco que tem toda a sensualidade que a Nina não tem exista. É até possível que toda a sequência da boate até determinado ponto tenha acontecido (ainda mais porque seria coerente à mãe bater a porta na cara da Lily se achasse que ela fosse prejudicar sua cria de alguma forma).

É também como uma mulher aceita o flerte de um homem que tem ao seu favor uma relação de poder - e como o destino da Nina, seguindo a lógica normal, seria se tornar uma nova Beth.

A transformação em cisne negro é uma das cenas mais belas que já vi na tela grande - e tenho dúvidas se ela realmente chegou a se cortar no final, ou se também não passou de um delírio. Fecha bem com a temática do balé, de "morte como libertação", de ser o momento da morte aquele em que a Nina se liberta finalmente de suas amarras. Não sei.

Mas é um belo filme a ser descascado em camadas. Também não pude deixar de pensar na entrega ao personagem levada ao extremo pelo artista - p ensei muito em Heath Ledger enquanto assistia ao filme.

Enfim. Filmaço.

Ana Vitória disse...

Confesso que adorei esse filme. E olha que vi em inglês sem legenda, sem saber inglês. Mesmo assim as cenas são tão fortes que qualquer um compreende. Confesso que quando vi, senti medinho tb, e fiquei por algunas dias com ele martelando na cabeça.

Eu adoraria que ele ganhasse algum oscar!

Kaká disse...

Esse filme é muito bom! E os detalhes do som, pequenos ruídos que se escuta ao fundo (as penas saindo das costas)?
Quase morri na cena que ela corta as unhas, achei que ali ia rolar um sangue.
Natalie Portman está fantástica, especialmente na cena do cisne negro.
Saí com vontade de ver uma apresentação do ballet.

Pili disse...

Gente... vai!! :D
Vão ver ballet, escutem também música, pesquisem os libretos se for difícil acompanhar a encenação
Hoje em dia muitos teatros tem apresentações populares, com o preço do ingresso suuuuuuper reduzido.
:) ballet é bom! e não faz ficar louco não ;)

Carla Mazaro disse...

Lola, assisti esse filme quarta e achei incrivel!!

Só uma coisa... esse é o quarto filme do diretor... ele também fez PI (a letra grega e também o numero prefeito?) que é fantastico, ainda mais pra matemáticos engenheiros e afins...

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pi_(filme)

R.Peterson disse...

Conversando com amigos sobre o filme eu falei que achava q a mãe dela, meio que insinuava que catava ela , geral me disse que eu tava viajando. Mas até q enfim alguém que tem ideia semelhante a minha.
Pra mim que fui ver cisne negro na maior má vontade , me surpreendi demais.

Thiago Pinheiro disse...

Filme fantástico. Deixei o cinema extasiado.

lola aronovich disse...

Carla, Cisne Negro é o quinto filme do Aronofosky! Ele tb fez Fonte da Vida, que eu não vi. Não sei por que, acho que li muitas críticas negativas... PI eu vi e não me lembro absolutamente nada, então acho que não gostei. Era muito cerebral, frio, calculista...


Puxa, todo mundo adorou mesmo o filme, hein? Maior sucesso! Não acho que vai ganhar o Oscar de jeito nenhum, mas, pra mim, Natalie Portman é favorita a melhor atriz. E acho que ela merece.

lola aronovich disse...

Ah sim, minha opinião. Acho que a mãe existe e é bem real. Mas adorei a interpretação da leitora acima (desculpe se não vou procurar o nome, porque estou correndo) de que a cena da mãe dormindo na cadeira enquanto Nina se masturba pode muito bem ser uma viagem. Sabe o que penso enquanto vejo essa cena? Penso: por que a mãe não tá de olhos abertos? Aí teria que ter algum tipo de confronto, mas seria mais assustador. Mesmo assim, esse momento é o único em que a mãe aparece dormindo, não é? Aceito que seja fantasia da Nina sim.
Quanto a Lily, também não tenho dúvida que ela existe. Outros personagens falam com ela e tal. Mas ela é a que mais mexe com Nina. Talvez quase tudo que vejamos no que se refere à sexualidade de Lily seja fantasia de Nina. Pra mim ela não entra no táxi com Nina, muito menos vai pro seu apê. Mas as duas vão à boate. Agora, de repente a gente não tem que acreditar na Lily! Ela dar droga pra uma moça que nunca tinha tomado nada e que está a poucos dias de estrear um balé super complicado pode ser um jeito de sabotá-la. Quem sabe a paranoia de Nina tem alguma razão de ser? E aí Lily realmente esteve na casa de Nina e as duas fizeram sexo? Não acredito muito nisso, mas não dá pra descartar completamente, dá?
Mas não só essa cena pode ser fantasia de Nina, como outras: Lily transando com o bailarino. Realidade ou fantasia? Lily pondo a mão no pênis do bailarino. Nada indica que seja real. Nina vê Lily fazendo coisas que ela não se atreve nem em pensar.
E as cenas de Nina com Thomas, o diretor do balé? São todas reais? Eu acho que sim...
E as cenas dela com Beth, hein, hein? Pra mim parece real que as duas se encontrem quando Beth está pra se aposentar. E quando Nina rouba seus pertences pessoais. E quando ela vai ao hospital ver Beth pela primeira vez. Mas e a segunda visita? Aí é tudo fantasia ou só a parte da automutilação de Beth? Pra mim pareceu fantasia da Nina. E vcs, o que acham?

Elaine Cris disse...

Acho que aí vai mesmo da interpretação de cada um. O diretor nos deu vários ganchos que podem ser interpretados de uma forma por uma pessoa e de outra forma totalmente diferente por outra.

Acho que não dá nem pra afirmar com certeza qual seria o problema real de Nina, dar um diagnóstico, rs, o filme é muito subjetivo, o que faz com que seja ainda melhor.

Na minha visão tudo é real, com exceção das cenas após a boate em que Lily vai pra casa dela e transam (acho que ali tem a ver com a viagem do ecstasy), também as imagens que ela tem durante o surto, Lily transando com o diretor no teatro e a visita ao hospital (quem consegue entrar em um hospital à noite sem ser notada ou anunciada?), o assassinato de Lily e claro, o zoomorfismo, a transformação em cisne negro, rs, minha cena preferida do filme.

Unknown disse...

Oi Lola, adoro seu blog, sempre o leio, mas só agora decidi escrever. Uma das razões, com certeza, é pelo filme. Estou torcendo muito pra que "Black Swan" fature várias estatuetas. Adoro a interpretação de Natalie, aliás, todas as mulheres arrasam nesse filme. Contudo, o que mais me encanta é o fato de que, apesar de complexo, o filme é tecido de uma maneira que nos prende do início ao fim. Eu, por exemplo, não entendo muito de cinema e, mesmo assim, me envolvi na trama psicológica de Nina de uma maneira muito intensa, do início ao fim.
O filme me devolveu algumas sensações que só tive quando assisti a "Dançando no Escuro", o qual considero um dos melhores filmes de todos os tempos. É claro que são bem diferentes, mas os dois massacram nossas mentes, assustando-nos e nos fazendo chorar.
Gostei muito de sua crítica, principalmente por me fazer encarar algumas nuances do filme de outra maneira, sobretudo a respeito da mãe de Nina.
Enfim, vamos torcer pra Black Swan e pra Natalie.
Bjs Lola, and have a nice weekend!!

Unknown disse...
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Anônimo disse...
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Weligton disse...

Lola, sou eu sim!
E discurso do rei é mto ruim, mas ruim com força mesmo. E é justamente por causa dele q naum vou participar do bolão pago, pq eu naum vou apostar nele e acho q essa bomba vai ganhar, naum vou gastar 10 reais com esse filme de jeito nenhum... rsrsrs

Lola, já pedi e vou repetir, quero a resenha de winters bone e animal kingdom assim q puderes!

bjo

Gabriela disse...

Então a Beth realmente era a Wynona Rider? Meu namorado jurava q era ela; eu achei a atriz familiar, mas não pensei q fosse ela (e imaginei "poxa, ela é conhecida, se fosse ela mesma tinham falado q ela estava no filme).

Uma coisa q ninguém comentou é que eu achei a relação do diretor com ela muito dúbia também. Não sei se estou sendo inocente, mas pra mim não fica claro se ele realmente queria um envolvimento sexual com ela, ou se apenas provocava-a esperando q ela se "transformasse" no cisne negro...

Bel Santos disse...

Fui ver na semana passada, apesar de já ter visto em casa. Durante a cena que Nina se masturba, todo mundo super tenso na cadeira, do nada um cara começa a gargalhar alto, falando coisas obscenas e barulhos desagradáveis, até que uma garota que estava ao lado dele falou bem alto para quem quisesse ouvir: Se fosse um homem se masturbando, você também iria ridicularizar? Cala a boca e cresce seu misógino imbecil.

O cinema veio abaixo e eu só lembrei de você.

Brivaldo disse...

A critica do Pablo Villaça também é muito boa: Clique Aqui
Tb adorei o filme, assim como Rede Social e A Origem. Vou ver o resto dos filmes indicados ainda.

Anônimo disse...

Lola, quero fazer uma crítica. Espero que seja construtiva. Espero que seja válida. Se não for, deixa pra lá. É que se pautar assim pelo Oscar, não seria um meio de favorecer uma indústria que colabora com o reforço das dualidades homem-mulher, forte-fraco, ativo-sensitivo, alma-corpo? Não valeria a pena resistir ao ritmo da indústria cinematográfica e criar um ritmo próprio do blog (resgatando filmes antigos, trazendo leituras - sinto falta da discussão de livros sobre feminismo -, práticas de sala de aula etc)? Enfim. Mais perguntas do que respostas.
Quanto ao filme citado no post, concordo que a questão do coque tem a ver com o Bebê de Rosemary, mas, também com Vertigo. Lembra? Mas para lá de mera citação de outros filmes, é algo importante para o significado como um todo. A expressão "coque" remete ao francês e é capaz de congregar uma porção de significados, desde um flerte simples até prostituição. O coque preso, ao ser desfeito, é uma das imagens mais recorrentes no cinema e na publicidade da mulher que "se entrega".
Era isso. Espero ter colaborado. Abraço. Parabéns pelo ótimo trabalho.

Fabiana Vieira disse...

Adorei ler as interpretações acima.
Pra mim as duas cenas mais marcantes realmente foram, pela ordem: a ligação de Nina para a mãe, do banheiro, dizendo que foi a escolhida - chorei com sua felicidade. A segunda, claro, a transformação do cisne negro. Ninguém esperava tanto. Ela ENCARNOU, na real (quer dizer, no seu intelecto, risos)....mas isso desabrocha e nos faz entrar na transformação dela.

Lola, não seria um erro de iluminação/produção as sombras, neste momento? Quando ela termina a cena do cisne negro? Digo...ela "imaginou-se transformada num cisne", logo, a imagem no palco deveria ser do Cisne, porém, na hora dos aplausos, as sombras (que refletiam na real , ou seja, o que o publico via através dos holofotes nas paredes) deveriam ser da bailarina, não seria o certo? Foi o inverso.....Apenas simbólico? Enfim..isso não é tão importante.

Outra coisa que me fez repensar sobre a existencia da mãe (embora esteja convicta de que ela existe) é quando Nina perde a hora e abre a porta, vê a mãe sentada e pergunta - por que você não me acordou? E por que ela fica sentada, sem reação alguma? Ali pareceu realmente um fantasma....enfim...Alguém disse acima que a mae dela não interage com ninguém no filme (mas, ahhhh, ela liga dizendo que a filha não vai ao espetáculo - alguém de fato recebeu o recado)....E o próprio fato de Nina querer se proteger da mãe com o bastão de madeira para travar a porta.

O final de Beth tb ficou uma incognita pra mim. Houve a visita final? Achei que sim, e fui mais além, achei que Nina desencadeou os golpes em Beth, quando esta assumiu que não era perfeita. Nina deixa cair a lixa no elevador e está com as mãos sangrando.....fiquei repensando essa cena. Tudo faz sentido. E é pela busca dessa perfeição, que Beth não teve, que Nina resolve se tornar perfeita, tirando sua vida, do que sofrer com a imperfeição....Senão, porque Beth não apareceu mais? Qual foi o desfecho dela que não apareceu?

Também achei brilhante a imagem da bailarina na caixinha de músicas sem as pernas e braços....deveria ter uns segundos a mais, com certeza.

Sobre a existencia de Lily...não tenho dúvidas Embora a análise de quando ela bate na porta e a mãe disse não ser ninguém, me deixou muito perplexa. Ali talvez, fosse uma imaginação de Nina. Acredito que elas se encontraram na boate, somente. O que aconteceu fora dali, foi tudo ilusão. Revi a cena quando elas chegam em casa, e em nenhum momento a mãe de Nina percebe a exisstencia de Lily ali....Outro momento estranho é no início do filme, logo na chegada de Lily no camarim quando ela cumprimentas as meninas, nenhuma bailarina correspondeu, parecia um fantasma. Enfim, logo depois o diretor faz uma apresentação geral, o que comprova que a moça existe de fato. Mas ela não é má, simplismente alternativa, o que assusta Nina, que é totalmente quadrada e não se permite transcender - somente na cena da perfeição. - quando se mata.

NIna se apaixonou pelo diretor (tinha transtornos e ciúme/desejo de (ser) Beth e ciúme de Lily tb) - Logo, Beth, ela matou...e Lily ela preferiu quebrar o feitiço tirando sua própria vida, como a história de O Lago dos Cisnes....O cisne branco morre, dramaticamente e o Príncipe não fica com o cisne negro. E com ninguém mais...Foi o desfecho perfeito.

Natalie vai ganhar o Oscar de melhor atriz. Lily até merece coadjuvante. Winona está IRRECONHECÍVEL.

Cisne Negro realmente choca e nos deixa pensando horas depois de vê-lo....

Paula Dultra disse...

gente, eu tou louca pra ver esse filme!!! adoro o trabalho de natalie portman!
bjs
Paula
www.mulherzinha.tk

Anônimo disse...

esse filme é maravilhoso, NÃO ENTENDO quem achar o discurso do rei superior... sério mesmo

acho q até agora só vi umas 3 pessoas q não gostaram de cisne negro (nenhuma delas minha amiga), mas nas redes sociais só sobre cinema (como o filmow.com) há mais de mil comentários positivos sobre o filme

ou melhor: positivos, não. embasbacados! a torcida por esse filme é forte.

tb pudera... é daqueles q deixa todo mundo pensativo e dá margem a várias interpretações (embora a minha seja bem parecida com a sua, de acordo com oq vc disse aqui na caixa de comentários)

Carla Mazaro disse...

Gente, a cena da mãe atendendo a porta e respondendo que não era ninguem pode muito bem ser que a Lily estivesse lá, porque antes da mãe dizer que não era ninguem ela responde para a pessoa que bateu a porta que a Nina não estava... e também porque a campainha foi tocada afinal... e a mãe é controladora ao ponto de mentir para a Nina...

Lola, pi é mesmo frio e calculista, mas ele é incrivel para pessoas que estudam exatas... e é muito tenso também.... desse diretor só assisti pi e cisne negro... mas estou com vontade de assistir os outros tbm...

lola aronovich disse...

Gente, quem adorou Cisne Negro TEM QUE VER imediatamente Requiem para um Sonho! Sério, fica a sugestão/ordem. É totalmente diferente de Cisne. O tema de Requiém é o vício (em drogas, em ver TV, em emagrecer), mas tb é em parte a obsessão e a autodestruição, e nisso ele lembra bastante Cisne. Outra coisa que pra mim ficou parecida entre os dois filmes é a mutilação do corpo. Todos aqueles arranhões e machucados nas costas de Nina. Em Requiem um dos personagens tem uma infecção no braço. É um filme incrível. Aqui tem o trailer legendado, mas a qualidade das imagens não tá muito boa. Aqui tem o mesmo trailer com ótima qualidade, mas sem legendas. Pra mim continua sendo o melhor filme do Aronofsky. E tem a trilha sonora, que já se tornou icônica, copiada por todo mundo.
Eu tb adorei O Lutador. Não dava nada por ele, não é sobre um tema que eu ature (obviamente prefiro balé a luta livre mil vezes), mas o filme me ganhou completamente, muito graças ao Mickey Rourke, que tá fantástico e, pra mim, merecia ganhar o Oscar que foi pro Sean Penn. Trailer aqui. Então fica a minha dica: vejam esses filmes, porque o Aronofosky já tem uma carreira coerente e ainda vai dar muito mais o que falar.

Unknown disse...

Ainda não pude assisitir, só vi teasers, li muito a respeito e acho que esse filme vai me lembrar muito um outro de animação japonesa chamado Deep Blue (diretor: Satoshi Kon), principalmente por causa das alucinações da Nina, além de também ter um tema parecido: uma artista à beira da loucura pela manutenção de sua imagem pública, que literalmente se volta contra ela.

Ouvi dizer que Cisne Negro também tem paralelos como “Clube da Luta”… interessante como dois filmes de temas aparentemente tão antagônicos como brigas de homens e balé de mulheres possam se encontrar dessa forma.

Mas só falta assistir… por hora, fiz minha homenagem e tb um desabafo pessoal inspirado no filme:

http://marcelographics.wordpress.com/2011/02/13/caricatura-cisne-negro-black-swan/

Adrina disse...

Esse filme mexeu muito comigo, muito mesmo. Entrou na lista top 10 para sempre. Natalie Portman reina.

DENIS DIAS disse...

Lola, adoro seu blog e sou fã do Aronofsky, então só corrigindo: antes desse filme, ele fez o excelente Pi, Requiem, O Lutador e A Fonte da Vida.

Anônimo disse...

Eu vou tentar ser mais lolista do que a própria Lola. Porque foi assim que me senti quando comecei a pensar um pouco no filme, ontem, depois de ver.

Começa com Nina inserida num universo inteiramente feminino: as colegas, a professora (que a encoraja), a "prima ballerina" (que ela admira), a mãe. E, para ela, tudo está bem. Mesmo que a relação com a mãe possa ser complicada.

Entra Thomas. Ele é o macho-alfa no meio daquele monte de mulheres e está dispensando a sua Princesinha, pela simples razão de que ela ficou velha demais (embora seja provavelmente mais jovem do que ele).

Na hora de escolher a sucessora, ele apresenta a Nina o olhar masculino. Basicamente, quer que ela seja um clichê, "uma dama na mesa e uma puta na cama" - o Cisne Branco e o Cisne Negro, a esposa perfeita e a amante ideal.

Nina, que se preparou apenas para ser o Cisne Branco, sente-se inadequada porque um homem disse a ela que ela não lhe agrada. Então, aceita as regras e entra no jogo. O que vem a partir daí não é o "desabrochar da sexualidade". É a adequação ao desejo de Thomas.

A sua relação com aquele mundo feminino muda. As outras deixam de ser colegas ou amigas e passam a ser rivais. Logo que sai da sala do coreógrafo, ela dá os parabéns à bailarina que acredita que foi escolhida para o papel principal, que reage irritada ao que percebe como sarcasmo.

O resto do filme é a luta de Nina para aprender a ser desejada e sedutora ("você transaria com essa mulher?"). O problema é que ao mesmo tempo ela tem que ser também a bailarina delicada. E esses dois lados não são partes harmonicamente integradas de um ser humano completo. São papéis diferentes a serem interpretados conforme o momento. Nada de sensualidade quando você for o Cisne Branco, nada de pureza quando você for o Cisne Negro. Os dois não se alimentam.

É claro que ela não aguenta, e o processo é fisica e psiquicamente destrutivo: bulimia, automutilação, esquizofrenia. O pequeno preço a se pagar para atingir o ideal de perfeição cobrado por Thomas.

Somente momentos antes de voltar ao palco para o "gran finale" ela se dá conta disso. O caco de espelho cravado no corpo é o ato final da sua autodestruição. Mas ela dança e morre feliz porque conseguiu ser perfeita - mais uma vez, perfeita para o homem que a confirmou como sua nova Princesinha.

Marcos

lola aronovich disse...

Ha ha, Almanaque (Marcos), vc conseguiu ser mais lolista que eu! Então, achei muito interessante a sua análise. Gosto muito dessa visão que parte dos problemas de Nina (e eu disse parte, não todos, como vc parece dizer!) vem d'ela ter de se adequar ao desejo masculino. Tudo que vc diz sobre Thomas e sobre o relacionamento entre ele e Nina eu concordo – isso d'ele estar escolhendo uma nova princesinha pra ele, que tem que ser muito mais jovem que a anterior, isso d'ele avaliar uma dançarina pelo valor “fuckability” (would you fuck her?, e claro que ele pergunta isso pra um outro homem, sendo que a Nina tem mais vontade é de transar com a Lily). Mas, assim como em toda análise em que a gente tenta se fixar num ponto e outro ponto importante fica de fora, o seu problema é que vc esquece totalmente a Lily. Vc nem a menciona. E ela é tão importante pro despertar sexual (ou pra repressão desse despertar sexual) da Nina como o Thomas. Claro que o Thomas incentiva uma competição entre as duas. E ele valida a sexualidade de Lily pra Nina, praticamente diz pra ela que é assim que ela deve ser. Mas Nina e Lily tem uma espécie de relacionamento que independe de Thomas.
Discordo tb quando vc diz que “tudo está bem” pra Nina no começo, em meio do seu ambiente feminino. Não tá não! Fora todos os problemas com a mãe, que não permite que ela cresça emocionalmente, ela não se integra com as dançarinas. Elas ficam de um lado, ela do outro. Uma delas pergunta: “Por que ela fica olhando pra gente?”. Ela é incômoda e muito insegura. E ela rouba alguns pertences da Beth antes de ser escolhida pra ser a primeira bailarina, não? Ela já tem visões estranhas antes (como se ver num corredor, cruzando por ela), já tem os arranhões... Tudo sinal de que as coisas não estão nada bem. Há muita competição entre as bailarinas antes d'ela ser escolhida. E Nina dá os parabens a outra bailarina porque Thomas acabou de dizer pra ela que escolheria outra, ué. Nisso Nina está tentando ser colega e amiga de uma das bailarinas que a ignoram. Porque ela não tem amigas lá, né? É Lily quem acaba sendo sua melhor e única amiga, aquela com quem ela conversa fora do ambiente de trabalho.
Ah, outra coisa que apareceu nos comentários! Não fica claro com quem Lily está transando quando Nina a vê. Algumas pessoas acham que é com Thomas, mas todo o flerte de Lily é com o bailarino, não com Thomas. Se eu fosse chutar, diria que ela tá transando com o bailarino. Mas não é isso que importa. O que importa é que Nina vê (ou imagina que vê – e nesse caso acho que é uma de suas fantasias) Lily transando, e isso a incomoda.

Marcos Faria disse...

Ah, não sei se a relação com a Lily é tão importante. Tire a Lily e ponha uma revista Nova ("217 maneiras de enlouquecer um homem na cama") e o resultado final é o mesmo.

Pedro Alexandre Sanches disse...

Na minha cabeça, quem transa com Nina, enquanto ela pensa/fantasia que está transando com Lily, é a mãe.

Isso caracterizaria uma relação incestuosa/abusiva, talvez - há inúmeras cenas (como a do bolo, ou a - pavorosa - da mão da mãe quebrada na porta) sugerindo isso, né?

Se for, estamos dentro de um tabu ainda bastante intocado, o de que APENAS homens são abusadores.

Meu palpite: alguns homens sabem algumas coisas sobre isso, mas jamais falam no assunto. Mulheres também, e tampouco elas tocam no assunto. Acho que Portman/Aronofsky mergulham fundo no tabu.

Anônimo disse...

Pedro,vc é pirado!Como conseguiu ver isso?Rapaz vc é criativo mas o negócio tá bem fora do contexto.

Pili disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pili disse...

Pirado nada,
esse arquetipo de mãe castradora em muitas obras beira o incesto, sim.
(estou lembrando agora de Léo e Bia)
E nesse filme especificamente tem várias dicas que remetem a isso:
a mania da mãe de ficar vestindo e despindo a garota como se ela ainda fosse uma bonequinha, e não uma mulher;
essa fala que deixou geral curioso, quando ela passa no corredor e diz "are you ready for me?"
e principalmente, no fim da cena de sexo quando a Lily fala "Sweet girl", que é o apelido que a mae chama a filha...
pra mim ficou bem claro.

Tina Lopes disse...

Oi Lola. Eu achei ter visto o rosto da mãe, por meio segundo, rapidamente no rosto da Lily enquanto elas transam. Mas acho um saco que exista essa possibilidade porque aí fica aquela coisa - ah, ela era abusada sexualmente, e toda a psicose é culpa desse abuso. Outra coisa: só eu achei uma homenagem/citação malandrinha o fato de a Nina roubar as coisas da Beth-Winona Ryder?

Pedro Alexandre Sanches disse...

Eu sou pirado e você é anônimo, né, Anônimo? :-) Pô, respeita, ou pelo menos escuta minhas percepções e experiências por este mundo, quem sabe elas até acrescentam alguinho na geleia geral...

Pili, obrigado pelo apoio! E a barra de ferro que a Nina usa pra tentar impedir a mãe de entrar nos aposentos em que ela esteja? Vá ter medo da mãe assim lá no Clube do Bolinha... Ou será que comportamentos psicóticos e/ou automutilantes seriam coisas que a gente pega no ar, por acaso, feito vírus da gripe?...

Ooooi, Lola!, obrigado pelo "fofo"... :-)) Crítica cultural coletiva é o que há, né?! Parabéns!

Anônimo disse...

Cada um teve uma interpretação,contudo algumas idéias estão bem equivocadas.

É muito pretensioso e simplório o entendimento de que Nina era abusada pela mãe.Não sei da onde.
A "Cisne" era um pouco castrada e superprotegida pela mãe,portanto,em atos que considerava transgressores a via.Como se sua consciência se manifestasse.Como se ela estivesse perdendo,momentaneamente,o vínculo materno.Sem esquecer que a moça era esquizofrênica;indivíduos portadores da doença frequntemente apresentam confusão mental,perda momentânia da razão e realidade,além de mania de perseguição.Tem gente que imagina que está sendo vítima de um complÔ.Ponha esses fatores no liqüidificador e vc terá a mente doente da protagonista.

lola aronovich disse...

Ha ha, pessoal, essas suposições de vcs são nojentas! Acho que o filme sugere que pode haver abuso sexual na relação entre mãe e filha. Sem dúvida que sugere. Mas eu não vou por essa interpretação não. Pra mim, ao pensar no personagem da mãe, eu lembro da mãe de Carrie, que tem horror à sexo, pra quem sexo é pecado. Claro que esse tipo de comportamento não impede que uma pessoa que pense assim abuse sexualmente, mas pra mim a personagem da Barbara Hershey me pareceu tão reprimida quanto a filha. Eu não ficaria nada chocada se ela dissesse que sua única relação sexual foi quando engravidou. Sobre a cena de sexo de Lily e Nina, eu acho que nada daquilo é real, que é só Nina se masturbando, e fantasiando estar com Lily. É a concretização do exercício de masturbação que o diretor do balé lhe faz anteriormente.
A Tina, no Twitter, disse ter visto o rosto da mãe entre um dos vários rostos que aparecem naquela cena. É uma possibilidade, mas nem que o rosto aparecesse de fato isso indicaria abuso sexual com certeza.

Olha só que legal a entrevista da Barbara Hershey (em inglês) sobre seu trabalho em Cisne Negro.

Uma das perguntas é justamente essa:

“TATM: Wasn’t there a reference to that in the sex scene with the multiple faces doesn’t a younger Erica flash in that scene?
Hershey: No, no. But I wanted to flash in, and I asked Darren if I could — because Darren shoots a billion different directions, in terms of what you’re doing, and I said “Could I do one take of it?” He said yeah, but we were so pressed for time we never got to do it. So it’s interesting you say that. No, I think it was Natalie as Nina, switching off with Mila.
That’s funny. I tried to make myself look like her so”.

Quer dizer, Tininha, mais gente teve essa impressão.
E é uma sacanagem mesmo a Beth ser roubada. Mas ladrão que rouba ladrão... Tadinha da Winona.

Pedro Alexandre Sanches disse...

Ah, só mais dois detalhes:

Do modo como vi o filme, não tem nenhum personagem imaginário no "Cisney" negro, nem a mãe, nem a Lily, nem ninguém... Nina amplifica e distorce o "real", mas o "real" tá todinho ali, tão ou mais monstruoso quanto/que a mente do Cisney Branco-e-Preto.

E pro meu olho, de jornalista ligado à música, a Nina tem tudo, tudo, TUDO a ver com Michael Jackson, ou com qualquer um que joga a vida fora pela obsessão pelo trabalho (não necessariamente pela arte). E todo mundo sabe como era o pai do Michael, né? E ele não era Cisney (era Peter Pan), mas cantou "don't matter if you're black or you're white', sabendo que importa, sim, se a gente é branco ou preta...

lola aronovich disse...

Outra discussão que rolou no Twitter foi com a Aretha Melo. Ela diz que, na cena em que Nina vê Lily transando com um homem, dá pra ver que esse cara é o Thomas. Na minha opinião não dá pra ver. Mas, como a Lily flerta com o bailarino, pra mim quem tá lá transando é ele. A Aretha diz que dá pra ver claramente o Thomas quando Nina se põe no lugar de Lily, ou seja, ela tá lá transando. Eu nem percebi isso, mas só de Nina imaginar que tá transando com Thomas não quer dizer que Lily esteja transando com Thomas, né? Aliás, eu não acredito que aquela cena seja real. Vcs não acham que é mais uma fantasia de Nina?

É demais que esse filme dê tanto pano pra manga!

Ah, e sou fã do Pedro Alexandre Sanches! Ninguém pode chamá-lo de pirado perto de mim. Só por que ele tem uma mente doentia dessas não o faz completamente pirado!

Anônimo disse...

Pedro,

Tá,e,aí?As pessoas não podem discordar de vc.Se acha o dono da verdade?Não precisa choramingar.Mas achei muito inventiva sua opinião.

Anônimo disse...

Concordo com vc Lola,a mãe parece tão reprimida quanto a filha e então acaba repassando para ela suas nóias.

Anônimo disse...

Então vc acha a mente da coitada normal?Paranóias nada possuem de real.

lola aronovich disse...

Não, gente, eu tô brincando. Gostei muito da interpretação do Pedro e da Pili. Acho que tem muita coisa que aponta pra um abuso sexual por parte da mãe (principalmente o “Are you ready for me?”, que todo mundo pescou e perguntou WTF?, inclusive eu). E certamente o filme quer deixar isso em aberto, senão daria mais pistas. É caso de interpretação mesmo, e eu acho válida (e não acho simplista ou simplório) supor que muitas das psicoses de Nina venham daí. Pô, nenhuma dúvida que a mãe tem imensa responsabilidade nos problemas de Nina, certo? Só não sei se a explicação é essa do abuso. Mas, anyway, nessa cena do sexo entre Lily e Nina, eu não posso pensar que é a mãe. Primeiro que é meio nojento pra minha cabecinha. Segundo porque, no contexto da cena, não vejo isso acontecendo. Olha só, Nina sai de casa e vai a um bar, contrariando a mãe. Isso parece ser realidade. Ela volta pra casa (quase certo que sozinha, se a gente acredita na Lily – nem aquela cena no táxi aconteceu), e tá drogada. A mãe tá furiosa com ela. E aí a mãe entra no quarto e faz sexo oral na filha? Ahn, não.

Também acho, Pedrinho, que todos os personagens são reais. Não vejo isso de Lily só existir pra Nina, ou da mãe existir só pra Nina, porque ambas têm algumas (poucas) interações com outros personagens. Então, os persogens existem, eu acho. Só que até que ponto cada personagem faz cada coisa, aí é questão de interpretação. Até que ponto Nina está alucinando? E sabem o que eu acho interessante nesse tipo de análise? É que ninguém duvida do Thomas! Se muito do que Lily e a mãe fazem está na cabeça de Nina, por que não alguma coisinha que o Thomas faz? Ou, então: por que Nina não alucina com ele?

Alex disse...

Adorei toda a discussão...

Só me entristece ver gente desqualificando a interpretação de outros comentaristas com adjetivos pejorativos. Principalmente em um filme tão louco e tão aberto a vários entendimentos...

Galera, se uma opinião pode ser suportada pelo o que vimos na tela, ela é válida. Nesse sentido, tanto a hipótese do abuso quanto a de que ele não existe me parecem suportadas por alguns elementos do filme.

Abraços

Pedro Alexandre Sanches disse...

exmo. Anônimo, comigo pode discordar!, e com você? :-)

E, poizé, Lola, eu só trouxe minha simplória interpretação, nunca defendi ela como verdadeira, única ou mesmo plausível...

Eu tenho (quase) certeza de que vi a mãe na cena com a Lily (isso explica pra mim, por exemplo, a Nina começar a se masturbar e ser interrompida pelo fantasma da mãe, seja o fantasma de carne e osso ou não), assim como tenho (quase) certeza que é o Thomas que tá transando com a Lily na outra cena que vocês estão comentando. Se eu vi a cena como o Aronofsky filmou ou se foi minha mente pirada e doentia eu num sei, mas que eu vi eu vi! :-)

(E, Lola, formidável esse insight sobre todo mundo "desconfiar" da mãe e da Lily e ninguém "desconfiar" do Thomas! tem coelho nessa moita, não tem?!)

Parece que nem a atriz que faz a mãe tem total certeza de nada, né, Lola? Aliás, minha relação com essa personagem foi intensíssima. Fiquei indignado da primeira vez que vi, "olha Hollywood colocando ator botocado nos filmes agora!". Aí me incomodei, mas não percebi, com a simpatia e doçura aparentemente infinitas da mãe botocada. Na terceira ou quarta cena, quando as plumas do cisney negro estufam no peito da mãe (a cena do bolo?), é que fui perceber a construção genial da personagem. Pô, descontadas as caricaturas e estereótipos, eu conheço essa figura de mãe (irmã, chefa, patroa, amiga etc.) faz no mínimo umas cinco encarnações!!!

Mas, voltando ao ponto: num tenho certeza de nada, não, viu?, só trouxe uma hipótese... Me acostumei, com dor, a ouvir e aceitar que "todo homem é abusador" (de certo modo acho que é mesmo), ninguém precisa se zangar de eu dizer que "tem mulher que é abusadora", precisa?

Até porque tem aquela equação famosa, "o abusado vira o abusador" (não sempre, evidentemente, que tem muita gente que prefere se automutilar que ferir o outro), e isso não haveria de valer apenas para o sexo masculino, haveria? (ói eu aqui na minha campanha pela emancipação masculina, viva Dilma!, hehehe...)

P.S.: deixando o sexo de lado (se é que é possível), alguém discorda de que haja uma relação de forte abuso emocional entre a mãe e a filha?

Anônimo disse...

Abuso emocional é distinto de abuso sexual.Vc que se sentiu ofendido porque alguém discordou de vc.E,se não se considera o dono da verdade,por qual motivo ainda está batendo obssessivamente na mesma tecla?

Anônimo disse...

eu acho q cada tem um tem sua verdade, neste caso, sua interpretação, e é livre pra defende-la quantas vezes for preciso

mas concordo q ele ficou zangado de ser contrariado num blog onde a própria blogueira respeita seus comentários etc etc. eu ficaria, pelo menos. mas acho q essa implicância entre vcs 2 n vai levar a nada

voltando: concordo q a mãe tb era reprimida, não consigo imagina-la abusando sexualmente da filha. emocionalmente? com toda certeza. mas fisicamente, não.

ela quer manter a filha na infância, assexuada, por isso dorme ao lado da cama, espalha aqueles malditos bichinhos de pelucia pelo quarto, interrompe o banho da garota e insiste em trocar a roupa dela, como se n quisesse permitir q a filha tivesse essa descoberta do próprio corpo

(totalmente pirada, claro! ela deve imaginar q a garota ia querer se masturbar e isso a incomoda. assim como qd ela é finalmente escolhida pelo cassel e a primeira coisa q ocorre à mãe é "ele tentou alguma coisa? pq ele tem fama de transar com as bailarinas")

ora, transar n é estuprar. se a nina quisesse transar com ele após conseguir o papel (n seria um abuso), ela era livre pra fazer isso. na cena em q ele começa a seduzi-la, a nina n parece nada contrariada, parece mais q ela anseia por aquilo, tanto q fica surpresa qd ele para de repente

nem acho q o personagem dele seja de todo mal. ele poderia ter transado com ela, se quisesse. ela ia consentir. mas oq ele queria é q ela descobrisse sozinha a sensualidade. nem acho q fosse "se adequar ao desejo masculino" pq a lily é claramente sensual tanto para homens qt para mulheres. para o público em geral! ele queria q nina pudesse seduzir a platéia!

Anônimo disse...

Achei o filme mó viagem ,mas,por isso mesmo bom!Mas como alguém já comentou tinha umas partes desnecessárias achei assustador.Quem não assistiu eu recomendo.Natalie Portman está maravilhosa grande atriz.

Anônimo disse...

O que é respeitar?Aonde eu desrespeitei alguém?Respeitar seria então concordar com o fulano,já que ,a partir do momento que eu discordei ele sentiu-se ofendido.Então isso significa que devo aceitar sua opinião,porém,ele não aceita a minha,isto é,o próprio exige respeito mas não age como tal.DEntro do contexto é como está.E não venha com aquele papo de "Eu fui mal interpretado,vc não entendeu."Seus comentários estão muito claros.Eu somente dei meu parecer.Do modo como reagiu parece que coloquei uma arma em sua cabeça.Não precisava fazer tempestade em copo d'água Pedro.Sério,amigo,vc tem graves problemas de auto-estima.Encerro o assunto aqui.E respeite a visão dos outros,sem vitimismos por ser diferente da sua.

Pedro Alexandre Sanches disse...

Ei, Lola (e todo mundo), você já viu esta outra versão do cisne? Não é de chorar?... :-)

http://www.youtube.com/watch?v=RM2Aio9mvNE&feature=player_embedded#at=158

Anônimo disse...

oi, Lola,
Gostei mto dos comentários e das várias interpretações. Concordo com algumas, discordo de outras. Pra mim, a mãe e a Lily existem, e na hora em que Lily estava transando, eu vi mto bem o Thomas (aparece outra pessoa tb, mas não consegui identificar). Só não sei se o Thomas era coisa da cabeça da Nina. Não vou me alongar pq muita gente já falou e eu iria soar repetitiva.

Mas queria aproveitar o gancho para dizer que cenas (não só nesse filme) em que o homem passa a mão na vagina da mulher, como se a mulher estivesse implorando por isso e gostando, a mim, soam como abuso. Nesse filme, quando o Thomas faz isso, é claramente abusivo. A Nina é super passiva. E não sei pq pensam que a vagina é a zona mais erógena da mulher e que a mulher obrigatoriamente sente prazer com isso (sendo que existem mil coisas mais prazerosas). Acho meio que uma "invasão", sabe? E é como se o homem tivesse poder sobre a mulher. Por esse motivo, esse tipo de cena me incomoda.
Deve ter mulher que gosta, mas daí a generalizar... tem mulher que nem sente prazer com penetração (muito menos com passada de mão). Acho que quem faz filme confunde vagina com pênis, já que este é muito mais sensível ao toque.
Nos relatos de mulheres que sofreram abuso na infância, geralmente elas falam que o abusador começou passando a mão na vagina. Então, pra mim, isso sempre soa agressivo quando vejo nos filmes. E é como se o homem dissesse e impusesse como verdade, que a mulher sente prazer com a passada de mão dele, e nem sempre é verdade.
Não sei se consegui me fazer entender. Enfim, só queria dizer que essa coisa de passar a mão, como se aquilo pra mulher fosse o máximo, é ridículo. Por outro lado, nunca vejo mulheres passando a mão no pênis dos homens, nos filmes.

Anônimo disse...

Concordo!

Letícia disse...

Pra mim a mãe não abusava ela não. O "pronta pra mim" eu vi como se ela quisesse saber se já podia por a caixinha de música pra ela, tirar os brincos, soltar o cabelo, dar boa noite e desligar a luz.
Pra mim ela não vai pra casa com a Lily, ela vai com o cara que ela tava beijando na boate. A mãe dela não responde de manhã simplesmente pq tá brava, dá pra ver na cara dela. Sosinha ela não tava pq a madeira da porta sumiu de manhã, então eu descarto a hipótese de ela não ter dormido com ninguém. Tb não acho q ela use a madeira pra se defender da mãe, se não ela colocaria toda noite a madeira na porta. Acho que ela pega aquilo pra conseguir momentos de privacidade pra fazer a "lição de casa" passada. Quanto a com quem a Lily estava transando, me pareceu o Thomas sim, pelo contorno, mas poderia ser o bailarino, eu não saberia precisar. Bom, só minha opnião.

Anônimo disse...

eu acho q podia ser o bailarino com a lily, mas quando a nina "aperta" os olhos pra ver melhor, ela ve o contorno do thomas (é um homem grande, de ombros largos, parece o thomas)

olha, eu posso ter visto mal, mas não vi ninguém com a mão na vagina de ninguém ali... eu vi uma simulação de masturbação e IMAGINEI q fosse o clitóris... acho q fica a cargo de cada um ver seus traumas na tela, né

Iseedeadpeople disse...

Fantástico filme!!! Fiquei tensa , quase sem respirar e saí do cinema tremendo e chorando!!!

Não entendo como uma m**** como Rede Social tem mais probabilidade de ganhar o Oscar do que Cisne Negro!

Aline XD disse...

O filme é maravilhoso, realista.
A pressão no mundo da dança é constante e desesperadora.
Vc tem q se manter magra, não se contundir, não pode ficar sem comer pq aí vc ñ tem força, tem a técnica q é mto exigida, mas ao mesmo tem po é ARTE.Vc tem q curtir o q tá fazendo, mas frequentemente vc fica obcecada pela perfeição.
Tem mtos aspectos o filme, a mãe de certa forma tem raiva da Nina e vê nela a chance de se realizar através dela, pq ela largou a dança qdo engravidou e ela culpa Nina por isso, mas na verdade ela não era uma bailarina virtuosa, pois segundo Nina "ela ainda estava no Corpo de Baile".
A mãe resolveu dedicar toda sua vida para a menina, mas a mãe é perturbada, vide as pinturas q ela faz.
Nina é uma garota q teve a sua infância e juventude sacrificadas pela dança, por isso ela é tão infantil.

Tb escrevi sobre isso no meu blog.
http://momentopantufa.blogspot.com

marthacomth disse...

Gostei da critica e dos comentàrios. Soh queria acrescentar uma coisa, que nao é tao importante mas que foi bem pouco comentada: a questao de que a "sabotagem" da Lily poderia nao estar apenas na cabeça da Nina (mesmo que ela aumente isso e delire, etc)... Nao soh pela questao de ela dar ecstasy pra alguém que nunca tinha se drogado na vida, mas tb tem a cena em que a Nina chega no dia do espetàculo e a Lily jah estava se preparando pra interpretar os cisnes.. Dai a Lily pergunta o que ela està fazendo ali, visivelmente puta, e diz "YOU'RE SUPPOSED DO BE SICK". Fiquei pensando se nao tinha a ver com o fato de ela ter dado algo pra Nina que nao fosse soh ecstasy (e quando a Lily coloca ecstasy na bebida da Nina, a Nina nao devia estar vendo.. depois é que ela consente em tomar por vontade propria, mas a Lily nao estava colocando aquilo "escondido"?).

Enfim, tvez eu tenha viajado...

Anônimo disse...

Pelo que eu entendi, a cena do bolo foi pra mostrar o distúrbio alimentar da Nina. Mais pra frente o filme retoma esse tema pro lado da bulimia; mas a mãe se irritou porque já devia ser comum a Nina não comer por esses distúrbios.

No mais, adorei a crítica.
O filme é ótimo, acho que o melhor dos indicados ao Oscar. Mostra bem o lado auto-destrutivo da arte.

lola aronovich disse...

Que ótima interpretação, anônimo! Olha como eu sou tapada: só consigo ver a cena do bolo pelo ângulo dos problemas da mãe, não da Nina! Mas vc tem toda razão: essa cena não mostra apenas como a mãe é controladora, e sim como a Nina de fato tem um distúrbio. A sua interpretação faz da mãe menos terrível!
Esse filme não para de nos surpreender, né?

Renata Arruda disse...

Ainda to lendo, mas nao aguentei e vim comentar que eler também fez o excelente filme Pi! hehe

tfcavalcante disse...

assisti hj ao filme...na confusão dos sentimentos q ele me trouxe, vim a net e postei "critica ao cisne negro" li uma totalmente díspare do q me havia chamado a atenção, então postei " critica cisne negro lado feminino" daí encontrei sua crítica... é isso... puts..li aqui tudo q havia captado mas q não saberia desenvolver... valeu pela intensidade.

Anônimo disse...

Acho esse filme brilhante justamente por todas essas ambiguidades.

Rodrigo Mendes disse...

Este filme me causa arrepios, me perturba e já assisti 10 vezes todos esses arrepios e perturbações.

Polanski tem mesmo uma presença forte, mas a fita é desde já tão Aronofsky e Natalie dá um show e não só na ponta dos pés!
Abs.
Rodrigo

Rodrigo Mendes disse...

E saiba que a cena da masturbação cortou o meu barato! Rs.

Nícolas Garcia disse...

Olá Lola,
sempre leio, nunca comentou. Acho que de feminismo (mesmo que isso seja meu objeto de luta e estudo) deve sempre ser ditado por mulheres. Então eu fico quieto pra ver se aprendo alguma coisa.

(e sim, eu gosto muito do blog!)

Existe um texto de uma psiquiatra que vai dizer que a viagem do filme é um abuso sexual que Nina sofre pela própria mãe. (acho que a psiquiatra é Vanessa alguma coisa)

Não vamos nos esquecer que a Natalie Portman é graduada em Psicologia por Harvard. E tem um vídeo no youtube de um rapaz que dá ainda outras pitas de que esta teoria esta correta (nome do programa no youtube é o #Nem Fudendo 10).

Escrevi um texto sobre o filme, mas focando na obra como Nietzschiniana (e o Niet era misógino, então paro por aqui).

com muita admiração pelo seu trabalho,
Nícolas.

Maura disse...

Xi, todo mundo gostou? Só eu detestei?

Anônimo disse...

Lola, suas dúvidas sobre o filme Cisne Negro acabaram.

Sim, sei que o post é muito antigão, mas só vi ele agora.

Baixei o filme para pausar e analisar com calma as cenas em que a Nina está aparentemente alucinando. Três coisas que você não conseguiu captar:

1. A Lily transa com o Thomas, e não com um bailarino, como você preferia acreditar. Pausando a cena dá para ver claramente o rosto do Thomas, sem dúvidas de que seja ele.

2. Ainda na mesma cena (Lily e Thomas transando), tem um momento em que a Nina enxerga seu próprio rosto no lugar do rosto da Lily - ou seja, como se ela, Nina, estivesse transando com o Thomas.

3. Na cena de sexo entre Lily e Nina, há uma parte em que rosto da Nina é visto no lugar do rosto da Lily, como se a Nina estivesse fazendo sexo com o seu próprio double. Isso dá para ver pausando o filme e a sexta resposta desse FAQ do IMDB (http://www.imdb.com/title/tt0947798/faq) confirma o fato.

Cine Espresso disse...

Que coisa boa dar de cara com um post sobre cinema. Leio seu blog quase todos os dias e confesso que às vezes faz falta alguns posts sobre cinema ou televisão (aquele sobre Mad Men é ótimo).
Vi Cisne Negro duas vezes. Uma no cinema e a outra com minha dinda. É um filme tão difícil de descrever, lembro de ter saído do cinema em silêncio, minha amiga e eu não sabíamos o que dizer. Achamos genial, mas parecia que qualquer comentário seria vago demais perto do que aquela experiência significou. Lendo seu post,percenbi que não peguei várias referências, mesmo que estivessem debaixo do meu nariz. Winona é uma versão bem mais amargurada de Margo Channing, eu diria até uma versão dos dias de hoje.

Ah! Assisti "Repulsa ao sexo" do Polanski. Uma experiência um pouco surreal, considerando que na época que assisti deveria ter uns 17 anos. Na época fiquei bastante assustada, principalmente na cena das mãos e a do coelho. Mas pensando hoje é incrível como todos esses elementos projetam a repressão sexual de Carol.

Enfim, um baita filme! Oremos para que a Globo não retalhe o que há de melhor e reflexivo nele.