quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

GUEST POST: FIZ UM ABORTO E NÃO SOFRI

Este é o relato de uma moça que fez um aborto. Seu pseudônimo é Walx. Lógico que não vou publicar o nome real num país em que abortar é crime. Mas gostaria que os anti-abortistas pensassem: faz algum sentido querer mandar pra cadeia uma mulher que aborta? Tem alguma humanidade nisso? Walx deixou seu comentário num post polêmico, e perguntei se poderia publicá-lo como post. Eu acho que merece destaque. Afinal, quando a gente fala em aborto clandestino, pensa em banhos de sangue que matam milhares de mulheres todo ano. Mas pra classe média é diferente. Por isso também a criminalização do aborto é uma chaga da injustiça social. Mulheres de classe média abortam e sobrevivem, enquanto mulheres pobres tantas vezes ou vão parar no SUS, ou morrem. Outra noção que nós temos (eu inclusa) é que toda mulher que aborta fica traumatizada pra vida inteira, sofre demais, enfim, é emocionalmente punida (e tenho cá pra mim que muitos homens anti-aborto gostam que o aborto clandestino mate tantas mulheres. Pena de morte pra mulher que aborta!). Bom, com a Walx não foi assim. E, de fato, não existe fórmula pra como mulher deve sentir-se ao abortar - existe apenas um roteiro pré-fabricado que diz como uma mulher deve se sentir. Fique com o relato da Walx.

Essa é a primeira vez que contarei disso “publicamente”. Fiz um aborto em 2006. 28 anos, 2º ano da faculdade de direito, morando em outra cidade, trabalhando o dia todo como estagiária. O “pai”? Um affair de cinco dias, plus um preservativo mal colocado por ele. Ele é viajante do mundo. Dias depois, atraso da menstruação. Nunca esquecerei aquela horrível tarde de maio. Um pedaço de papel nas mãos e eu só via a palavra: POSITIVO. Sentei na escada do laboratório. Chorei. 1000x m*rda. Em momento algum me senti mãe, tampouco desenvolvi vínculo afetivo por aquilo que crescia dentro de mim, aquele mero amontoado de “células pretensiosas”. Não desenvolvi uma subjetividade mínima para dizer as palavras "filho" ou "sou mãe" com o tal amontoado de células pretensiosas que se multiplicavam dentro de mim, e que causavam primeiro sintomas: muito sono, inchaço nos seios, enjoos. Naquele momento não havia esse vínculo, essa construção sócio-cultural e emocional que entendo essencial para configurar uma relação de maternidade. Eu queria um futuro diferente. Viagens. Estudos. Escrever livros. E aquilo dentro de mim, naquele momento, não era um filho. Era um problema a resolver. MEU PROBLEMA, porque o co-partícipe nos 50% restante do DNA daquelas células indesejadas já havia se evadido. Os argumentos dele? Todos dentro da normalidade machista: não era possível que fosse pai naquela idade (ele tinha apenas 45 anos), e ainda ouvi a pergunta “naturalmente clichê”, será que era dele mesmo? Pedi simplesmente o dinheiro para me livrar daquilo. Ele mandou e disse que seria a primeira e última vez que mandaria dinheiro. Esqueça-me, disse ele. Santa internet de outrora, pois, por incrível que pareça, naquele tempo era bem mais fácil comprar misoprostol pela internet, conhecido com a alcunha de Cytotec. Comprei. Depositei o valor na conta (sim, a vendedora me passou a conta bancária para depósito). Os comprimidos chegaram. Avisei meus dois melhores amigos, que me hospedaram, abraçaram, me deram apoio incondicional e ficaram comigo durante todo o processo. Sinceramente? Nem foi esse terror que se pinta. Desagradável, sem dúvida. Tanto quanto uma cólica menstrual. Sangra igual à menstruação. Nada de dores dilacerantes que se dizem. Não pensei que ia morrer. Talvez porque eu estivesse de apenas cinco semanas incompletas. Talvez ainda mais porque estava despida daquela culpa sentimentalóide típica da opressão religiosa. Tudo foi simples. Fui para minha casa. Ao descer do ônibus, senti algo deslizando dentro de mim, como se fosse um coágulo menstrual. Ao chegar ao banheiro, lá estavam as células, envoltas num mínimo saco gestacional. Peguei na mão, olhei, e despejei no vaso sanitário. Com o fluxo da descarga, naquelas águas rápidas e tão cristalinas, experimentei um dos maiores sentimentos de alívio nessa vida.
Os dias passaram. Tomei a medicação certa para limpeza uterina. Fiz uma ecografia. Tudo em ordem.
E a vida seguiu. Hoje, viajo meio mundo. Escrevo livros. Luto pelos direitos das mulheres. Faço a diferença. Durmo tranquila. Não tenho remorso algum. Coca Zero? Nada! Culpa zero. Não faço drama. Sou serena HOJE com MINHA decisão à época. Se acontecer hoje, a postura é outra, porque hoje o DESEJO pelo filho existe. A subjetividade de uma maternidade existe antes de qualquer zigoto em implantação.
Minha LUTA é por todas as mulheres, para que não sejam criminalizadas. Para que não se sintam como criminosas por fazerem uma escolha. Não se sintam culpadas. Não quero que nenhuma outra mulher tenha que abdicar de seus sonhos em prol de imposições culturalmente construídas.
Maternidade? Apenas aquela DESEJADA. O desejo pelo filho prescinde o planejamento. Quando não houver desejo, não deve haver maternidade compulsória, porque OS OUTROS QUEREM, dentre outras decisões, MANDAR NO CORPO DAQUELA MULHER. E não há nada de errado em se querer ser mãe em outro momento. Ou nunca. E cabe somente à MULHER escolher esse momento.
Já disse bem um certo alguém numa canção, “Para a mulher que aborta: Repouso”.

374 comentários:

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Ághata disse...

Há muitas formas de discutir sobre a interrupção voluntária da gravidez. Inclusive sob o vies da maternidade responsável.

Concordo. Maternidade somente quando desejada e planejada.
A maternidade e o vínculo entre a criança e a mãe não pode ser imposta - não existe se imposta.
Não dá para ser mãe de improviso. Criança não é castigo, não é um fardo e muito menos um dever. E criança, obviamente, é o resultado da gestação. Se alguém leva a gestação a cabo, passará a ter inúmeras responsabilidades para com aquela criança. Uma responsabilidade que não é fácil de dar conta nem quando desejamos e verdadeiramente amamos noss@ filh@, pois exige muita maturidade, conhecimento, experiência, criatividade e psicologia.

Imagine uma maternidade imposta. O resultado é aquele que vemos ou em nossas próprias famílias ou na de pessoas próximas a nós, problemas tais como: pais agindo como se tivessem feito um favor aos filhos por permitirem que eles nascessem, preferência escancarada por aquela criança ou pela outra, educação elaborada nas coxas, descarrego de frustração de toda espécie na criança, expectativas absurdas em cima dos filhos (inclusive a de que estes devem dar significado a suas vidas) e, claro, aquela arrogância e exigência de que seus filhos devem fazer algo para compensá-los, como se lhe devessem alguma coisa.
Tá bom.

Claro que, mesmo em crianças desejadas, existe estes problemas, mas já reparei que as minhas amigas e conhecidos gerados por acidente, costumam reclamar mais deste tipo de tratamento.

Thiago Pinheiro disse...

Apesar do título todo o depoimento me emocionou bastante. Dos dois pontos que se destacam a maternidade e o aborto fica a questão do quanto os proibicionistas deslocam-se da realidade ao naturalizarem uma relação que é construida social e psicologicamente. Todo esse investimento ideológico certamente bem sucedido tem limites. Já quanto a punição das mulheres que pratiquem aborto só pode ser advogado por alguém alheio ao que acontece ao seu redor.

aiaiai disse...

Belo relato. Eu já acompanhei duas amigas que fizeram aborto.

Uma sofreu muito porque era muito católica e achava que aquilo era pecado. Tinha 17 anos e uns pais que a matariam se soubessem que ela fazia sexo "o horror, o horror". Chorou uns dois dias e acabou se conformando. Anos depois viu que tinha feito o melhor. Hoje é mãe de dois rapazes.

A outra não sofreu nada. Pelo contrário. Para ela foi um grande alívio. Ficou grávida de um sexo casual com camisinha e tomando pílula. Sofreu com enjoo desde a 3. semana, por isso descobriu cedo a gravidez. Decidiu, pagou, eu acompanhei. Qd saimos da clínica - que era um luxo - ela só me pediu uma coisa: me leve para comer em um restaurante bem gostoso.

Nunca mais falou sobre isso. Decidiu colocar Diu para não correr mais esse risco. Depois, morando com um companheiro, tirou o diu e resolveu engravidar. Hoje tem uma filha e adora ser mãe.

Como eu sou uma privilegiada - como bem ressaltou o alex nesse belo post http://migre.me/3QQGn - não conheço ninguém que tenha feito aborto no fundo de quintal. Mas as estatísticas estão aí para quem quiser ver.

Anônimo disse...

Sou leitora do blog, mas hoje vou ser anonima, por motivos obvios.

Eu fiz um aborto as 19 anos de idade. O maior sofrimento da minha vida foi entre quando descobri que estava gravida e a terminacao da gravidez.

Eu fiquei deprimida, chorei.. preferia morrer do que ter um filho naquela época.. eu ia fazer intercambio no exterior, meu namorado era um idiota que nao me largava e que eu ja nao aguentava mais, a situacao financeira na minha familia estava pessima...
A ideia de me estagnar naquela vida por causa de um bebe e desistir dos meus sonhos me consumia.. eu nao conseguia ver NENHUMA positividade em ser mae...
Aquele enjoo só me dava mais raiva... nao queria engordar, ver a barriga crescer, nao queria ter um parto (ainda mais pelo sus), nao queria passar noites em claro, simplesmente nao queria aquilo pra minha vida aos 19 anos.

Comprei pela internet o cytotec, que era falso e nao funcionou... comprei de outra pessoa e era o original. Eu ja estava de 12 semanas, mas mesmo assim, nao foi horrivel, dolorido.. uma dor de colica forte, com sangramento..

Como ninguem sabia, me levaram pro hospital, eu falei que estava sofrendo aborto espontaneo..

Me deram medicacao, e no outro dia fiz a curetagem.

Foi um alivio TAO grande nao estar mais gravida.

Nao senti nenhuma conexao com feto, nao me sentia mae.. depois disso quando ouco historias assombrosas sobre aborto, acho ate engracado, pq pode ser simples sim.. (isso pq no meu caso já estava avancado)

Nenhuma culpa e ponto. Foi a melhor decisao da minha vida. Nao gosto de pensar o que teria acontecido comigo se nao tivesse sido o corajosa suficiente pra ter feito tudo sozinha sem saber o que ia acontecer.

Morei dois anos no exterior, viajei o mundo, fiz faculdade, vivi minha "juventude", tenho uma namorido tudo de bom.

Nao senti muita diferenca entre o aborto e uma menstruacao mais pesada.. e apesar de te tido uma educacao religiosa, pra mim nao fazia sentido nenhum que a vida do feto (que sim, já tinha x centimetros e uma certa formacao fisica mas nao tinha consciencia) fosse mais importante que a minha vida.

Gabriela disse...

Excelente post. Queria dar parabéns à autora do texto, por enfatizar essa idéia da maternidade imposta, de como ela não se sentiu "mãe" em nenhum momento, e do quanto a culpa e o remorso muitas vezes são construções sociais.

Da minha parte, nenhuma conhecida minha disse que fez aborto - mas certamente conheço quem tenha feito, já que ninguém fala abertamente no assunto.

Anônimo disse...

Gostei do depoimento.
Um filho é uma benção.
Quando é quisto!
Enfatizo em especial uma partícula do texto,o contexto central:"E cabe SOMENTE à MULHER escolher esse momento."

Agora emergirão inúmeros comentaristas "pró-vida" cacarejando suas verdades absolutas.Que serão rebatidas fervorosamente!

ALINE

Eduardo Marques disse...

"Ao chegar ao banheiro, lá estavam as células, envoltas num mínimo saco gestacional. Peguei na mão, olhei, e despejei no vaso sanitário. Com o fluxo da descarga, naquelas águas rápidas e tão cristalinas, experimentei um dos maiores sentimentos de alívio nessa vida."

Sinceramente, Lola, isso é grotesco.

O aborto não é só uma decisão sobre o corpo da mulher, é a decisão de como encaramos a vida humana. Até quando a mulher pode abortar? Um feto de até 7 meses pode crescer e ser uma pessoa perfeitamente normal e saudável. Como é que vamos definir até onde a mulher pode ou não fazer com o "próprio" (já que o bebê é outra pessoa) corpo?

Veja o caso da Índia. Aquela sociedade não valoriza a vida tanto quanto nós, por isso, bebês recém-nascidos (do sexo feminino, principalmente) são mortos o tempo todo, já que o médico é proibido de informar o sexo do bebê (se souberem que é menina, já era). A legalização do aborto pode ser o primeiro passo para chegar num estado parecido.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/06/080621_indiameninas_pu.shtml

""O verdadeiro horror dessa situação é que, para as mulheres, evitar ter filhas é uma decisão racional. Mas para a sociedade como um todo está se criando um estado de coisas terrível e desesperador", disse Laura Turquet, da ActionAid. "

http://indiagestao.blogspot.com/search/label/meninas

"O conceito indiano de Planejamento Familiar eh muito diferente do meu. Eles planejam terem por exemplo, 5 filhos (homens) e matarem as meninas. Este eh o conceito de planejamento familiar indiano. Uma coisa que apesar de 9 anos de India ainda nao consegui entender em toda sua dimensao, mas continuo tentando...."

(Obs.: não sei a opinião desta blogueira sobre o aborto.)

Os argumentos a favor do aborto são ridículos. Isso é assassinato. Eu não quero viver em um mundo onde a vida humana é tão desvalorizada. Eu tenho medo de uma sociedade espartana que escolhe os fetos que devem viver ou morrer.

Você está confundindo todas as bolas. Luta a favor do aborto não tem nada a ver com feminismo nem direitos iguais das mulheres. Como homem, eu podia ser o primeiro a concordar, já que, os homens geralmente são os primeiros a pensar em aborto, no caso de gravidez indesejada. Os homens, aliás, são os que geralmente pagam pensão alimentícia e têm menos vínculos com o feto. Dizer que homem não pode opinar é uma falácia estapafúrdia para tirar parte do grupo de opinião contrária da discussão.

Essa história, aliás, cheira a mentira das grandes. Como é que ela tem 28 anos e está ainda no 2º semestre da faculdade? Eu vou completar 20 daqui a uns meses e estou no 3º. E que espécie de “viajante do mundo” geriátrico de 45 anos é esse? Isso só pode ser piada.

Anônimo disse...

Ihh,começou.Eu não disse?
Eduardo Marques essa decisão não cabe a vc.Um homem opinar acerca dessa questão é covardia.

Vc é um covarde!

Suma daqui!

ALINE

Gabriela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriela disse...

Já começou...

Bom, a autora do texto disse que tem 28 anos agora, mas que o aborto foi feito no segundo ano da faculdade. Mas não é estranho uma pessoa de 28 anos ter recém entrado, não tem limite de idade pra fazer vestibular. E por que um "viajante do mundo" não pode ter 45 anos? Não vejo nada anormal aí. Mas se te consola, já ouvi outras histórias parecidíssimas, com o mesmo detalhe do saco gestacional.

Acho que a decisão tem que ser feminina por vários motivos. O mais óbvio é que a gravidez acontece no corpo dela.

Outro, é que grande parte dos homens dá no pé quando descobre a gravidez indesejada.

O terceiro é: mesmo homem e mulher podendo opinar igualmente sobre a gravidez, se eles discordassem alguém teria q dar o voto de Minerva. Nem preciso explicar quem seria, não é?!

Mas na prática, o que costuma acontecer é a decisão ser tomada em conjunto. Ou ser uma decisão solitária quando o co-autor da ação não está mais presente.

Anônimo disse...

Eduardo Marques.

Nem vou comentar seus pseudo-argumentos pró-vida. Durma bem com eles.

Agora, se vc acha q meu relato é "mentira" só pq eu estava no 2º semestre da faculdade de direito, decerto pensa assim pq no seu universo as pessoas só entram na faculdade aos 17 anos.

Batalhei, trabalhei e fiz muito cursinho antes de entrar numa das melhores Universidades públicas do Brasil. Só que, como precisei trabalhar muito a vida toda, não adentrei os portões universitários na tenra idade dos 17, 18 anos, que deve ser o seu mundo.

Iniciei a vida acadêmica aos 27 anos que, de acordo com seus parâmetros, seriam o indicativo claro de que eu deveria estar num asilo, ou perto disso.

Felizmente, lamento frustar seus intentos, mas cumpre informar que ainda não estipularam limite de idade para ingresso em curso superior (com raras exceções dos cursos de formações de oficiais)

Faz sentido seu pensamento, uma vez que considera uma pessoa geriátrica alguém no auge de 45 anos de idade.

vai lá brincar com seus amiguinhos no playground, sim? Aqui estamos falando de mundo real, e não de joguinhos de faz-de-conta.

Walx

Thiago Pinheiro disse...

Acho que o Eduardo Marques tocou num ponto ponto sensível. A validação que relatos destes tem quando não são autorais. Por sua própria natureza tendem a sensibilizar mais do que quaisquer números ou gráficos, no entanto é pedido para se acreditar em algo que com a internet em qualquer outro tema seria uma ingenuidade sem tamanho. Publicar esse tipo de coisa pode ser complicado, ainda que a blogueira tenha crédito entre seus leitores.

Lorena disse...

Olha, sempre leio seu blog, Lola, e nunca, nunca comento. Mas resolvi comentar nesse post porque ando mudando radicalmente minha visão sobre o assunto a cada dia, e ler textos como esse só ajudam nessa transição.

Não vou comentar muito sobre a atitude da moça do texto, só queria propôr uma reflexão, principalmente aos homens que são contra o aborto. Pergunto a vocês, se existisse uma lei que OBRIGASSE o pai a assumir o filho, quando indesejado pela mãe, mas que assumisse realmente, que criasse aquela criança, de forma totalmente independente da mãe... vocês ainda assim seriam contra o aborto?? Se toda a responsabilidade por aquela criança, a partir do nascimento, fosse exclusiva do PAI, ainda assim vocês seriam contra o aborto?? Se uma namorada/esposa/caso de vocês engravidasse e não quisesse o bebê, vocês pediriam para que ela levasse a gravidez a termo, que vocês assumiriam a criança ao final, e a deixariam livre pra viver a vida, e só depositar a pensão de direito todo mês??

Porque é muito, MUITO fácil culpar a mulher que aborta pelo "crime" cometido. É fácil porque não sou eu, nem você, e na maioria das vezes, nem o "digníssimo" pai quem vai ter que lidar com todas as consequências de ter um filho indesejado. A história dessa moça relata a atitude típica do homem, nesses casos. Eles não querem NEM SABER. É problema da mulher gerar, parir, cuidar e zelar pela criança. O máximo que podem fazer é mandar uma quantia em dinheiro por mês, como se isso realmente ajudasse em alguma coisa.

Se a responsabilidade ao fazer é dupla, a responsabilidade ao criar DEVE ser dos dois. Se não é, se é apenas de um, se somente a mulher terá que lidar com todas as consequências que um filho pode trazer... então que ela tenha o DIREITO de decidir se quer esse filho ou não!

Beatriz disse...

"Como é que ela tem 28 anos e está ainda no 2º semestre da faculdade? Eu vou completar 20 daqui a uns meses e estou no 3º. E que espécie de “viajante do mundo” geriátrico de 45 anos é esse? Isso só pode ser piada."

Eduardo, você realmente acha que todo mundo tem que ter a vidinha-padrão que você tem? Ou que todo mundo tem a oportunidade de ter essa vida? Esse pensamento sim que é uma piada. Não queira desvalorizar o depoimento de uma forma tão grosseira e ignorante, por favor.

E os problemas que você cita da Índia derivam de um problema que é característica da própria sociedade indiana - Lá, pelo menos nas comunidades mais tradicionais, os filhos homens costumam ser mais valorizados porque moram com os pais e trazem dinheiro à família, enquanto as filhas acabam sendo um inconveniente. É uma questão cultural DAQUELE país.

L. Archilla disse...

" Como é que ela tem 28 anos e está ainda no 2º semestre da faculdade? "

Na sua classe não tem ninguém maior de 28 anos? Na minha tinha gente de 50, 60...

Anônimo disse...

Lola,

Me desculpe, admiro muito do seu trabalho, mas concordo plenamente com o Eduardo. Tanto em relação ao fato de essa história ser tão "fake", tão teatral, que chega a parecer mentira; quanto ao fato de que essa discussão não é sobre feminismo, é sobre um casal irresponsável. Não querem ter filho? Beleza, não tenham! Os métodos contraceptivos estão aí para isso. A "aiaiai" citou uma mulher que engravidou ainda com o uso de contraceptivos, isso acontece? Claro! Uma conhecida minha engravidou assim. Mas esse grupo é minoria, Lola.
A maioria das mulheres que comentam aqui são de classe média, no mínimo, e, embora digam, não viram a realidade da miséria. É realmente fácil fazer aborto em clinicas, pagando sei lá quantos mil, é fácil pagar por um remédio, mas e as garotas pobres?? A legalização do aborto não salva suas vidas. O sistema público brasileiro é deplorável e, mesmo com a legalização, quem garantiria que isso seria feito da forma correta, com a higiene correta e sem a interferência do juízo do próprio médico?
Além disso, ninguém aqui é capaz de julgar quando um FETO (sim, porque não adianta o nome que se dê, ele continua sendo um FETO) passa a ter consciência ou não, por isso a clonagem, por exemplo, ainda é um "tabu" na ciência.
Eu sou super a favor do aborto nos casos aprovados pela lei e se essas mulheres querem fazer isso, é uma opção delas, agora não sejam hipócritas a ponto de dizer que quem se opõe ao aborto é machista/conservador/ não respeita os direitos da mulher. Quem é contra é a favor da vida, tanto da vida da mulher quanto a da vida do feto, que pode ou não ser mulher. E ser mulher, para mim, é assumir as consequências dos seus atos.


Não voltarei sequer a ler comentarios neste post, então não se dêem ao trabalho de rebater o que escrevi. Não quero debater: opinião é uma coisa pessoal e, assim como deram as suas, quis dar a minha.

Anônimo disse...

Anônimo:

Sim,nós rebateremos,pois,sim,Vossa Excelência,dono da verdade e da vida, se dará ao luxo de ler as respostas.
Seu ponto de vista é tão congruente e fundamentado quanto ao do tal Eduardo Marques.
A vc,manifesto as mesmas palavras dirijidas a ele.Favor voltar alguns comentários chuchuzinho.

ALINE

Marina disse...

Bom, eu acabei caindo nesse blog meio de paraquedas, por um link de outro blog, e resolvi ler essa postagem porque é um tema que me interessa bastante. Hoje eu tenho 17 anos e uma vida normal pra qualquer adolecente ainda no ensino médio. Sei que se hoje eu descobrisse que estou grávida, não pensaria duas veses antes de abortar a criança, não tenho condições emocionais de desistir de todos os meus sonhos e planos pra cuidar de uma outra criatura, eu seria infeliz e iria discontar toda minha frustração na criança. Tenho uma prima que teve um filho sem o apoio do pai, e eu vejo o quanto que ela sofre com isso, mesmo o bebe tendo nascido quando ela já tinha 30 anos.
Cada mulher deve ter o direito de decidir o que quer fazer com o próprio corpo, afinal depois que as crianças nascem quem fica com elas somos nós.

Anônimo disse...

Por isso que chamam vocês de feminazi...
Mas não concordo com o termo feminazi. E nem com o pró –escolha...
Não acho certo comparar feministas a favor do aborto com nazistas.
Nazistas se achavam no direito de envenenar e esquartejar judeus.
Fiminazis se acham no direito de envenenar e esquarteja fetos (ABORTOconsiste no procedimento de envenenar e/ou cortar o embrião/feto em pedaços e depois se necessário aspirar as partes)
Então não é certa a comparação.

Anônimo disse...

Tenho 18 anos, lutei pra entrar numa faculdade pública, moro numa cidade diferente da dos meus pais pra estudar, tudo através de bolsas, porque não tenho dinheiro. E estou grávida. O pai é um cara que conheci na praia, de outra cidade, que eu provavelmente nunca mais vou ver. Eu tomo pílula e usei camisinha, mas uma delas furou. E aí? Que coisa horrível eu fiz pra merecer isso? Qual foi a grande falta de responsabilidade?
Vou ter que largar tudo, e não tenho estrutura emocional e financeira pra cuidar de uma criança. Vai destruir a minha vida e a dela, antes mesmo da dela começar.
É muito fácil ser contra a legalização do aborto quando uma coisa dessas é completamente impossível de acontecer com vocês. Por favor, só pensem no quê vocês fariam se fosse com vocês. Pensem qual é a justiça nisso.

Anônimo disse...

Lola, acompanho seu blog há pouco tempo, e sempre que tenho a oportunidade indico-o para alguém. Você é uma guerreira, e tenho orgulho de saber que em meu país existem mulheres assim como você.

Bom, tenho uma história semelhante à da colega para contar. Nunca contei essa história pra ninguém. Somente eu e meu namorado sabemos de acontecido.
Ano passado eu fiz um aborto. E nunca imaginei que em toda a minha vida eu faria algo do tipo.
A gente assiste filmes e novelas, e vê aquela alegria estampada no rosto das mulheres quando descobrem que estão grávidas. Comigo não foi assim. Sinto calafrios só de lembrar da angústia e desespero que tomaram conta de mim quando lí "POSITIVO" naquele pedaço de papel. Tive vontade de me jogar do quinto andar.
O desespero é ainda maior quando você vê que não tem apoio do Estado pra tirar aquilo de dentro de você, que corre risco de vida e pra piorar, que pode ser presa.
Fiquei me sentindo uma criminosa, tendo que fazer tudo às escondidas.
Pesquisei muito sobre o assunto, e lia relatos horrorosos na internet, sobre pessoas que levavam golpes de aproveitadores. Pq não basta passar por um momento de horror, de ter que fazer um aborto em casa, você ainda leva golpe de gente safada, que te faz depositar o dinheiro (que não é pouco) e depois some do mapa.
Felizmente eu não cai em nenhum golpe, pois encontrei na internet uma ONG internacionalmente conhecida, que ajuda mulheres do mundo inteiro a fazer um aborto "seguro" e te dão todo o apoio psicológico necessário. O Women on Web caiu do céu na minha vida. Eles me enviaram o misoprostol e tive apoio de toda uma equipe médica por e-mail.
Aluguei um quarto de hotel com meu namorado e tudo foi bem menos terrivel do que eu pensei que seria. Tomei os remédios, senti uma cólica semelhante a cólica menstrual e em quatro horas o saco gestacional desceu. Ainda sangrei por quase três semanas, um sangramento semelhante a uma menstruação. Fiz os exames posteriormente e já não restava mais nada em meu útero, e nem risco de infecção.
Traumatizante foi. É de longe a pior lembrança que vou carregar na memória. Mas hj o sentimento que tenho é de alívio, parece que voltei a viver, a sonhar, planejar meu futuro.
Engraçado é que a opnião desses Pró Vida não me abalam, pq só eu sei pelo que passei. Só eu sei o que é sentir o peso de uma gravidez não desejada.

Eduardo Marques disse...

Não é pq sou jovem e faço faculdade que vivo numa vidinha-padrao. Tem gente, sim, bem mais velha na faculdade. Meu professor de biologia do ensino médio estuda no mesmo curso que eu e uma amiga da minha mãe, que eu conheço desde criança, vai frequentar as aulas comigo. Eu só achei essa história bem insólita.

Prefiro não bater papo com o anônimo que se diz autor do texto. Não posso provar que ele(a) é ou não o autor, se ele falar alguma besteira como esta:

"vai lá brincar com seus amiguinhos no playground, sim? Aqui estamos falando de mundo real, e não de joguinhos de faz-de-conta."

que invalide suas opiniões. Quer dizer que eu não posso dizer que a autora é velha demais para mostrar a fragilidade da narrativa e ela pode me chamar de criança para me tirar da discussão? Se quiser discutir, não se assuma como autor.

Eu, até agora, não vi ninguém rebater meus argumentos, só julgam (canhestramente) a minha pessoa. Com esse nível intelectual não dá pra discutir.

O caso da Índia ilustra perfeitamente como o aborto não tem nada a ver com feminismo e direitos da mulher. As mulheres podem ser ainda mais prejudicadas com o aborto.

Aline, querida, eu estou doido para ver meus argumentos rebatidos por você. Até agora, vc só me chamou de covarde. Pode começar. O Anônimo não é dono da verdade. Ele é dono da própria opinião, e faz dela o que bem entender, assim como eu e vc. Pq vc me manda embora e diz pro Anônimo voltar? Eu converso com vc, se quiser.

Unknown disse...

Os homens anti-aborto ficam repetindo a ladainha, assuma a responsabilidade, não se previniu porque não quis blablabla. Enquanto isso, praticamente toda mulher que descobre a gravidez e não quer ter um filho aborta, simples assim. Ignorem esse fato, façam de conta que os estimados 1 milhão de abortos ilegais por ano no Brasil não está acontecendo. Facam de conta que 20% das mulheres até os 40 anos que já fizeram um aborto não existem. Vivam no mundo da fantasia onde, só porque vocês acham o aborto ruim, toda gestante leva a gestação até o fim.

E viva a hipocrisia.

Julia disse...

Não. Existe. E. Nunca. Existiu. E. Talvez. Nunca. Exista. Método. Contraceptivo. A. Prova. De. Falhas.

Não EXISTE o argumento "não quer ter filho? Então se previna".

Ele simplesmente não existe e qualquer pessoa que já tenha pisado numa faculdade de medicina vai te confirmar isso.

Até porque, quando acontecer de falhar, não vai ser nenhum homem que comentou aqui que vai gastar quase um ano da própria vida gestando um bebê que não quer ter nem criar; não vai ser nenhum homem daqui que vai perder noites, aulas e empregos por causa de filho; não vai ser nenhum homem aqui que vai ser expulso de casa porque engravidou alguém.

Marcello disse...

Um relato direto e instrutivo, que escapa da pieguice e do sentimentalismo barato (não obstante, quando há, o sentimento genuíno, impermisto, restrito ao seu domínio, daquela diretamente envolvida).
Muito bem dita a ausência de culpa, convence sem malabarismos retóricos, basta-se a si e dispensa argumentos torcidos.
Enfim, o belo relato de uma decisão brotada da reflexão equilibrada e do bom senso. Como, de resto, deveria ser qualquer decisão de aborto: sem a interferência de fatores alienígenas (religião, moral, 'família', leis, tradição e que tais) e com a assistência do poder público, precisamente para se evitar os cytotecs, a clandestinidade, as mortes...
Bravo!

Anônimo disse...

OI Lola tenho 18 anos e minha história começa quando minha menstruação atrasou...
E apesar do meu namorado estar usando camisinha, de eu estar usando o DIU, tomando o anticoncepcional, de estar usando a camisinha feminina, fazendo a tabelinha e tomar a pílula do dia seguinte fiquei grávida.
Putzzz....

Anônimo disse...

Obrigada por me chamar de querida,Eduardo.

Vc é um chuchuzinho!

Seguinte:quando a asneira é muita,fica impossível argumentar com o autor dela.
Vc não argumentou.
Somente desenrolou uma embromation.
Escreveu muita sandice.

Considero inútil refutar contra uma criança de 6 anos.

Confirmo,e,repito:Vc não passa de um covarde.

Agora,abre a gaveta do criado-mudo.
Viu?
O óleo de peroba acabou.Vai dar uma voltinha no mercado da esquina para renovar seu estoque!

Obrigada pelo carinho.Beijinhos de chuchu.

ALINE

Anônimo disse...

Olá, leio as vezes seu blog, nunca comentei também, os textos até aqui foram " normais ", mas como mãe que sou hoje de um filho lindo, filho muito querido, namorei durante 10 anos e me casei, nunca engravidei antes de me casar, QUEM NÃO QUER FILHOSSSS, NÃO VACILEEEE !!!! a forma como foi descrito, um feto de 5 semanas já tem coração !!!!!!!! e alma !!!!
Ela mesma diz que hoje ela quer ser mãe, será que a vida vai lhe porpôr um filho hoje???? será que ele ou ela será saudável??? Lamentável
Pessoas assassinas, querendo ouvir isso ou não, mas quem aborta é assassina e irresponsável, transou e foi bom não foi???? imatura, cada ato tem uma consequência!!
MINHA PERGUNTA FICA AQUI: SE AO INVÉS DE TER GERADO UMA CRIANÇA NO MOMENTO DA TRANSA, TIVESSE SE CONTAMINADO COM O VÍRUS DA AIDS ??!!
Iria se matar né, com o resultado positivo em mãos?? DÚVIDO !!! Iria viver anos e anos com os modernos tratamentos para Aids e preferiria viver com preconceitos que não adianta a sociedade dizer que não exite, pq existe sim, preconceito contra pessoas aideticas...
IRIA SE MATAR???????? ME RESPONDAM ... Gente, mulheres, pensem , aborto é crime, querendo vcs ou não. Estão tirando a vida de uma pessoa e ponto final !!!

Anônimo disse...

Oi Lola,

Quero te agradecer, imensamente, pois estou vivendo, neste exato momento, o mesmo.
Porém com diferenças: tenho companheiro, não sou casada, estudo e trabalho.
Do começo: tenho 26 anos, nunca quis ter filhos, sempre pus minha carreira e meus desejos acima da maternidade, penso que isso só vem depois de estabilidade profissional, realização, como uma "recompensa" por ter uma vida de batalha, a geração de outra, onde se pode dar toda a atenção, dinheiro, etc.
Só que mês passado, descobri que estou grávida, entrei em pânico, e me revoltei, ainda pago a minha faculdade, meu namorado também, minha carreira está começando...
E agora, isso? Desde o primeiro segundo daquele papelzinho escrito positivo, meu mundo acabou.
Vi meus planos desmoronando na minha frente, um por um: viagens, pós na Califórnia, tudo se despedaçando.
Como a Walx, não consegui nutrir um "serei mãe", minha repulsa e sentimento de "eu não tenho como sustentar isso", é bem maior que qualquer sentimento materno.
Minhas amigas atazanando a minha vida, minha familia, me obrigando a fazer coisas que eu não quero só por causa disso, deixaram meu começo de ano um verdadeiro inferno, e a cada briga, cada "parabéns" a minha raiva aumentava ainda mais e mais.
Já não sabendo o que fazer, além de aceitar que minha vida havia acabado, iria iniciar o pré-natal, ou como eu falo: inicio do fim da minha vida. Na consulta com meu gineco, desejando matar as recepcionistas cada vez que gritavam em alto e bom som "paciente gestante", ele me disse que possui um amigo que resolve meu problema.
Depois de consultas, juntar a grana, amanhã, isso mesmo, amanhã, resolverei este problema.
Não estou em crise de culpa, não acho nem um pouco errado, sempre fui a favor do poder de decisão da mulher em montar a sua família ou não, acho absurdo ainda estarmos sob essa pressão religiosa. Vejo tantas familias de amigos que estão ralando, com o perdão da expressão Lola, se fudendo, porque a mulher engravidou, e depois perdeu o emprego, que me assusta, entrei em pânico, pois não tenho dinheiro para nada, estou cheia de dívidas decorrentes de 1 ano sem trabalho, e agora isso? Que é uma responsabilidade para a vida inteira, e nem amor eu consigo sentir? O que irei dar p/ esse "problema"?
Minha concepção de familia é um lar, escola, não escola pública, porque quero o melhor para o que vier a ser desejado, chamado de "filho".
Nem um cantinho só meu eu tenho, e não quero nunca depender de outros, inclusive de meu namorado, sou independente desde os 18, e quero continuar assim, tomando decisões para seguir a minha vida, e prosperar, cada vez mais, e quando for a hora certa, o desejado, amado, virá e terei forças, grana, família, ambiente, perfeitos, só para ele, neste momento, só sinto raiva.
Então, Lola, só tive 2 pessoas do meu lado, mesmo com minha decisão já tomada e resolvida, e pelas outras pessoas, que claro não conto isso nunca, estava me sentindo um coração gelado, obrigada por me dar um pouco de chão.
Amanhã mando noticias.
Bjos

Eduardo Marques disse...

Aline, meu amor, eu vou refutar o único argumento contra minhas opiniões que você deu aqui: de que eu sou covarde.

Falo abertamente para todos que sou contra o aborto. Sou jovem, vcs todos devem concordar que estou em um grupo de risco ainda maior que o da narradora do texto. Se eu engravidasse uma menina, com que cara eu iria sair na rua, se ela abortasse com meu consentimento? Por que é que eu sou covarde, heim?

Pronto?

Gabriela disse...

Só pra refutar quem disse que "as ricas vão continuar bem, mas as pobres vão continuar se ferrando porque o SUS é uma bosta":

nem todo aborto é feito através de cirurgia (uma minoria, aliás). Aborto feito com medicamentos é tecnicamente simples (alguns relatos aí no tópico dão prova disso), custam barato e raramente precisam de intervenção posterior, como uma curetagem.

Quanto ao SUS ser uma bosta, a realidade dele é tão ampla como a do Brasil inteiro. Temos hospitais superlotados ao lado de hospitais com tratamento muito bons, especialmente os vinculados à uma faculdade.

Affirma disse...

Eu defendo o direito da mulher em fazer essa escolha.
Mas tenha ciencia de uma coisa: com 5 semanas, não é um punhado de celulas. Se voce fizesse um ultrasom daquele "saquinho gestacional" já escutaria um coração batendo.

Gabriela disse...

Lindo o depoimento da anônima com uma filha de 10 anos. Quedizê, já foi falando que a autora do tópico podia ter pego AIDS... dá pra ver que a preocupação com os possíveis "assassinatos" é menor que a vontade de fiscalizar os buracos alheios...

Anônimo disse...

parabéns pelo relato, parabéns pela iniciativa de publicá-lo, parabéns por expor o ridículo de tanta gente que jamais passará por situação parecida mas insiste em querer controlar a vida e o futuro das mulheres. é como dizem, se a gestação acontecesse nos homens, o aborto seria um direito fundamental, universal, mas o patriarcalismo retrógrado vê a mulher apenas como um veículo e, infelizmente, muitos embarcam na mesma visão por falta de informação (ou compaixão).

Bruno S disse...

Eduardo, você através de uma comparação com a ìndia insinua que a liberação do aborto seria utilizada para escolha de sexo do Bebê? Com a quantidade de abortos que já são feitos no Brasil, você não acha que isso já seria feito?

Quanto a discussão de quando o feto pode ser considerado uma outra vida, há diversas posições e opiniões. Não podemos subjugar toda a sociedade a opinião mais restritiva.

O aborto deve ser decisão da mulher sim, raapz. O ônus é dela. Durante alguns meses a vida em potencial será parte do corpo dela. Ela deve ter o poder de decidir sobre sue corpo.

E, sinceramente, sua tentativa de desqulificar o texto no último parágrafo é totalmente despropositada. Até então você usou argumentos. Quando vocÊ aponta uma falsa incoerência, seus argumentos vão eplo ralo junto.

Com tanto gente que faz aborto no Brasil, porque a Lola precisaria de um texto falso para falar do tema? Não faltam histórias reais sobre o assunto.

Anônimo disse...

É sempre a mesma ladainha. Nos chamam de assassinas, sem coração, piranhas e etc.
"Não quer engravidar, fecha as pernas minha filha!"
"Na hora de dar foi gostoso né?"

Agora eu pergunto, esses Pró Vida realmente se importam com a vida do feto?
A gente vê tanta menina nova dando à luz, enchendo esse mundo de crianças que muitas das vezes mal tem o que comer.
Cadê esses topetudos tipo esse Eduardo indo visitar Casas de Adoção, ajundando a sustentar esses lindos fetos com coração e sentimentos?
A verdade é que é muito bom se meter na vida dos outros, e chamar alguém de assassinaaa, vagabunda, piranha.
Essas pessoas estão pouco se lixando se a mulher sofre risco de vida fazendo um aborto em casa. Acho que no fundo desejam que todas morram, afinal são assassinas, irresponsáveis, imaturas. Quem mandou abrir as pernas??!

Os métodos contraceptivos estão aí para isso. A "aiaiai" citou uma mulher que engravidou ainda com o uso de contraceptivos, isso acontece? Claro! Uma conhecida minha engravidou assim. Mas esse grupo é minoria, Lola.

Quem te disse que é minoria? O que você sabe sobre ser obrigada a carregar um filho no ventre só pra satisfazer os desejos dessa sociedade porca?

Isso me irrita, e me faz ter mais nojo ainda desse país governado pela hipocrisia.

Jéssica

Anônimo disse...

Ai,Eduardo,pára de dengo.Não fica me colocando apelidos carinhosos que eu fico toda derretida.Ainda mais com essa sua cara de caozinho amigo.

Cachorrão,onde vc refutou argumento?Não sabe escrever?Rá,rá,rá.

Com que cara vc sairia na rua?
Ué,com a sua face habitual.De pau.Tem espelho em casa?Então?

Porque vc é covarde?Oras,me diga vc.

ALINE

Anônimo disse...

Corrigindo:cãozinho amigo.

ALINE

Anônimo disse...

Quem disse que uma minoria engravida mesmo com contraceptivos?Minha mãe teve dois girinos assim.

ALINE

Mexy disse...

Post EXCELENTE. Não tenho nem o que acrescentar sobre. É maravilhoso ver depoimentos desse tipo. Já tive uma suspeita de gravidez aos 17 anos, mesmo usando métodos anticonceptivos. Não tive a menor dúvida de que recorreria ao aborto se fosse necessário, mesmo que a minha situação financeira não permitisse de forma alguma algo seguro. Eu estava disposta a por minha vida em risco, para não desgraçar uma outra que nem havia começado.
No final, foi só suspeita, mas serviu de alerta para ficar mais atenta ainda (se é que é possível).

Em tempo: homem querendo opinar sobre o útero que ele nunca vai ter é dose hein? Vamos ter noção que é de graça e não faz mal, meu povo?

Lucas disse...

Oi Lola

Como muita gente aqui, acompanho o blog há algum tempo (além de procurar sempre os posts mais antigos), mas nunca postei.

Sou homem e hétero, e apesar de nunca ter sido um machista "extremo", por assim dizer, como a maioria dos homens cresci com o mais básico do machismo presente na minha mentalidade e na vida.

Acabei caindo no blog da Cely tempos atrás, e minha cabeça explodiu. Revi vários conceitos, desaprendi várias coisas e aprendi outras (sobre machismo, homofobia e tudo o mais),e eventualmente acabei caindo aqui.

Adoro o blog, adoro as discussões, aprendi muito aqui e concordo com boa parte do que é produzido e argumentado aqui.

Mas a questão do aborto é meio complicada pra mim.

Eu, pessoalmente, sou contra o ato de abortar. A ponto de (respondendo a alguém que comentou algo sobre isso), sim aceitar criar um filho sozinho caso a mãe não o queira (caso conseguisse convencê-la a pelo menos terminar a gestação).

Também não me desce muito bem a coisa do "corpo da mulher", pois o feto (novamente, para mim)não é um pneuzinho a mais nem uma verruga. Pode estar no corpo, mas não unicamente um apêndice dele. O feto é um terceiro criado da união de outros dois, e não vejo como um desses dois poderia ter direito exclusivo de vida e morte sobre esse terceiro.
Sim, sim, conheço todas as argumentações de "parasita", "sem consciência" e tudo o mais. Mas não vejo essa coisa de "células pretensiosas" como embasamento, como se as tais "células" tampouco tivessem pedido para estar lá, apesar de estarem.

Em suma, sou contra e não apoio e tentaria convencer qualquer pessoa a não fazer, nem que a alternativa fosse entregar para a adoção. (Aí vem alguém dizer que adoção seria pior pra criança. Bem, considerando que a opção é matá-la, não é como se alguém realmente estivesse preocupada com o futuro dela, né?)

Mas aí vem o outro lado, sempre.

Eu não sou mulher e nunca vou engravidar. Eu sou de classe média e não passei nem vou passar por um monte de perrengue que mulheres pobres grávidas passariam.
Eu sou um indivíduo e tenho minhas crenças e valores, mas eles não são universais. Cada cabeça pensa de uma certa forma, está estruturada de uma certa forma, além do que experiências, condições materiais e tantas outras coisas contam.

Eu não estou na cabeça das pessoas, eu não vivo a vida delas e não posso decidir por elas, nem julgá-las por pensar diferente de mim.

Posso colocar minha opinião bem clara de que sou contra o aborto, mas não posso julgar ninguém por fazê-lo. Além da subjetividade, existem condições objetivas a serem analisadas.

Não é a inexistência da lei que vai impedir os abortos, pois quem quer faz de qualquer jeito, e também não é a legalização que vai fazer todas as mulheres abortarem loucamente.
E eu acredito que as ignorantes, irresponsáveis e alienadas que considerariam o aborto no caso da legalização como contraceptivo padrão são bem poucas.

Se houvesse um plebiscito sobre isso, eu acho que me me absteria de votar.

Eu sou contra o aborto, mas também sou vegetariano e comer carne é legalizado, e nem por isso acho os carnívoros uns monstros horríveis. São decisões estritamente pessoais, que não podem ser impostas.

Me coloco contra, mas não vou julgar. Não posso julgar.

(Texto longo e não sei se no final teve algum propósito, mas achei necessário escrever pra esvaziar a mente rs)

Beijo para Lola e para as meninas!

Anônimo disse...

Olá, já postei a poucos minutos, mas estou lendo alguns depoimentos aqui e concordo quando dizem, me previni, tomo anticoncepcional, diu, camisinha masc, e femininam tabelinha etc etc tudo junto e misturado e ainda assim engravidei... Isso acontece mesmooooo, mais uma prova de que, quem manda em tudo, inclusive na sua vida não é vc !! entenderam?? ;)
E digo a todas meninas com os hormonios a flor da pele, na faculdade ui ui ui ai ai ai, cheio de gatinhos lindos para transar, mas se engravidar querem abortar ...
O único remédio realmente eficaz para se não engravidar é não ter relação sexual, se a sua vida menina é tão importante assim, não transe, use a criatividade, homem vai te engravidar e te largar mesmo, então não caia na conversa deles ok?? depois não adianta sair por aí abortando sem " culpa "
Sou mulher para informar a todos ... meu nome é Suzi.
Beijosss

Anônimo disse...

Concordo acho um absurdo homem querer opinar sobre esse assunto.
Afinal de contas homem não tem nada a ver com gravidez...

Eduardo Marques disse...

@Bruno,

Não insinuei que o aborto pode ser usado para a escolha do sexo dos bebês, como acontece na Índia. Isso estaria fora da nossa realidade. Só usei o caso da Índia para ilustrar como o aborto não tem nada a ver com feminismo e direito das mulheres. A lei da Índia permite o aborto e a sociedade permite o infanticídio. A situação das mulheres la está melhor? Foi uma opinião pessoal da Lola colocar isso neste blog.

Não é pq vc é a favor do aborto e resolve acreditar q existe muita gente fazendo-o no Brasil que isso pasa a ser verdade. Achei o texto estranho. Não posso afirmar que foi a Lola que inventou, nem inteiro nem em partes. Sendo um texto anônimo, nada podemos assegurar se é completamente falso ou manipulado em algumas partes.

Anônimo disse...

Oi Lola, cade meu comentario anterior ? Aqui é a Suzi.

Niemi Hyyrynen disse...

Essa da AIDS é otima!

A diferença entre um adulto que contrai o virus da AIDS e de um feto, é que o primeiro já tem uma estrutura pelo menos mínima para se "defender", procurar lidar com o fato de estar infectado.

Já a criança não, ela é uma dependente.

Botar uma criança no mundo só para cumprir com um papel social não é uma justificativa coerente.

Como muit@s outr@as comentarist@as pontuaram muito bem aqui, de nada adianta botar um filho no mundo sabendo-se que muitas vezes não poderá dar condições favoráveis à eles.

"Só pq é moralmente correto"

Anônimo disse...

Nessas horas eu sinto uma vergonha terrível de ser mulher. De ser da mesma classe dessas pessoas que jogam um filho pela privada e o chamam de um punhado de células.

Mas, ne, se sou contra o aborto, eu que sou a nazista, a de extrema direita, a favor da pena de morte, crente, que odeia os gays.

Pois bem. Sou de esquerda, tenho poucos amigos (as) hetero, não pertenço a religião alguma. E, assim como eu, conheço várias pessoas que não são como pintam quem é contra o aborto.

E, olhe, mesmo sem pertencer a nenhuma religião, eu esperei casar-me (no cívil, sinônimo de ter uma casa e estabilidade financeira/nada relacionado com fatores religiosos) para ter relações sexuais.

Só que por isso, a maluca sou eu, onde já se viu! Só pode ser uma fanática religiosa a menina.

Mas não sou. Eu não queria uma gravidez indesejada, não confio em métodos anti-concepcionais (nenhum é 100% seguro) e muito menos gostaria de ser uma assassina caso um acidente acontecesse.

Assim eu fiz faculdade, viajei, vivi a vida e nunca me preocupei com menstruação atrasada. Se ficasse grávida hoje, seria do homem que eu amo e escolhi ter ao meu lado, e não de um casinho de 5 dias.

É isso. E chamem-me de troll se quiserem. Mas abram a cabeça. Parem de tratar quem é contra o aborto como um imbecil/fanático religioso. Nós temos opinião própria, tanto quanto vocês.

Gabriela disse...

Não acho que vc seja troll por ter a vida diferente dos outros, por ter se decidido a ter relações sexuais só após o casamento. Decisão pessoal sua, que não cabe a mais ninguém.

Mas é uma decisão pessoal de toda forma, ou em outras palavras: ninguém é obrigado a fazer igual, nem isso deve ser parâmetro de vida para todos.

Agora vc resvala na trolagem quando diz que tem vergonha de ser mulher por ser do mesmo sexo das "assassinas sem coração".

Alex Castro disse...

mt bonito, mt lúcido.

Lucas disse...

Um adendo em relação ao último post.

Realmente, algumas das pessoas pró-aborto foram muito mais agressivas e intolerantes a opinião alheia do que os que são contra (dos quais se esperaria ataques mais contundentes).

Se expressada com o devido respeito, todas as opiniões deveriam ser respeitadas também.

Blanca disse...

Amei o relato dessa mulher. Esclareceu muita coisa, pra mim. :)

E, gente, claro que a questão do aborto tem a ver com feminismo! Se fosse o homem grávido (e a mulher cuidando do bebê, vale lembrar), o aborto seria aceito, não seria crime.

E... oi? O feto não sobrevive sem a gestante. Tire-o da mãe e ele morre. Então a questão do aborto não deveria ser sobre o feto, e sim sobre a MÃE!

Adoro seu blog, Lola! <3

Anônimo disse...

Li esse relato com lágrimas nos olhos, que caíram sinceramente na parte da descarga no feto.

Isso é ser humano? Isso foi a coisa mais cruel e terrível que já li. Devo ser de outro mundo por achar isso uma barbárie sem tamanho.
Como alguém pode ser favorável a isso? Como isso pode ser visto com bons olhos?

PedroYukari @snoopy_xxy disse...

Uau! Quanta sinceridade no post da Walx! Eu quase bati palma!
A questão do aborto é muito polêmica e sim, é algo triste e chato pra caralho...
Só que não podemos negar que esse é um direito da mulher e se o corpo é dela, ela faz o que quiser. Ponto final. Não há o que discutir.

Lucas disse...

Essa questão do feto depender da mãe para sobreviver é questionável, uma vez que é transitório.
Esse feto vai crescer, em relativo pouco tempo, se tornando um ser vivo independente do corpo da mãe.
Basear o argumento do "parasitismo" numa situação transitória não sei se é válido.

Malu disse...

Excelente post Lola!

Devo dizer que fiquei enojada vendo os comentários de homens como Eduardo aqui.
Primeiro: o texto é anônimo pq se não lembram, o aborto é crime. Para vocês, só seria confiável se a autora do post colocasse nome, página na web, etc. Oi? Expor a cara num país que considera o que vc faz criminoso? Pense um pouquinho.

E só para comentar esse comentário do Eduardo sobre o aborto na India
Vamos lá:
"Veja o caso da Índia. Aquela sociedade não valoriza a vida tanto
quanto nós, por isso, bebês recém-nascidos (do sexo feminino,
principalmente) são mortos o tempo todo, já que o médico é proibido
de informar o sexo do bebê (se souberem que é menina, já era)."
A gente valoriza a vida? Claro, esses meninos de rua são a prova disso. Além do mais, na India, valorizam a criança sim, se nascer no sexo certo.
Só para dizer que não argumentaram com vc Eduardo ;D
Volto depois, acompanhando a discussão aqui.

lola aronovich disse...

Nossa! Cada comentário horroroso! Tem os corajosos e comoventes tb. Vcs sabem de quais comentários eu tô falando.
Aos que duvidam da veracidade da história: qual é a dúvida? Vcs acham que mulheres não abortam? Ou que é impossível uma mulher abortar e não ficar destroçada? Até parece que vou colocar o nome aqui de uma pessoa que, pra mim e pra tantas pessoas do mundo inteiro, não fez nada de errado, mas que ainda é crime em países mais pobres. Mas eu conheço (não pessoalmente) essa leitora faz tempo, e é óbvio que ela existe. O nível da argumentação do Eduardo fala por si: pra ele, pessoas de 28 anos não fazem faculdade. E como que ele sabe? Ah, porque no mundo dele é assim. Logo, a experiência dele é a regra. Eu mesma fiz faculdade com 30 e poucos anos. Metade da minha turma, sério mesmo, METADE, tinha mais de 30 anos. Mas pro Eduardo nós não existimos.
E Eduardo, suas referências são sempre as piores possíveis... Em qualquer assunto.

Seu comentário é hors concours, em particular este trecho:

“Você está confundindo todas as bolas. Luta a favor do aborto não tem nada a ver com feminismo nem direitos iguais das mulheres. Como homem, eu podia ser o primeiro a concordar, já que, os homens geralmente são os primeiros a pensar em aborto, no caso de gravidez indesejada. Os homens, aliás, são os que geralmente pagam pensão alimentícia”.

Tem tantos erros... O direito ao aborto seguro é uma das principais lutas feministas. Talvez seja a única unanimidade entre as feministas. Então dizer que “luta a favor do aborto não tem nada a ver com feminismo” é tão estúpido quanto dizer que pessoas com mais de 20 anos não fazem faculdade.
Outra: são os HOMENS, não as mulheres, as principais pessoas a serem contra o aborto. Sabia que 77% dos líderes anti-aborto são homens? Mais uma: homens geralmente NÃO PAGAM pensão alimentícia. É uma minoria que paga pensão. O fardo de criar os filhos fica com a mulher.

Carina Prates disse...

Enquanto chamam as mulheres de vagabundas e assassinas, ninguém lembra dos homens que insistem em não usar camisinha e tiram "sem querer" durante o sexo. 'Magina que isso acontece, né?

Carina Prates disse...

Às vezes eu tenho vontade de processar o Estado por ser uma igual na Constituição, mas ao mesmo tempo ter negada a autonomia sobre o meu próprio corpo. Fico com ânsia de vômito de tanta hipocrisia.

Janaina disse...

Quero parabenizar a Lola pelo ótimo blog e à leitora pela coragem e lucidez. Não é crime querer uma vida melhor para si mesma, não é crime se colocar como prioridade frente e algo que nem vida é ainda. O corpo é DA MULHER e é ela que tem que decidir o que quer, porque nessas horas o "pai" simplesmente some e padre ou congressista anti-aborto nenhum vai criar aquela criança ou arcar com os prejuízos de uma vida jogada fora. Quem condena o abroto tem que entender que essa não é uma decisão fácil e que mulher nenhuma deseja passar por esse processo.

Marissa Rangel-Biddle disse...

Parabéns por dividir sua história, W.

Quando acompanhei uma amiga que também usou Citotec minha preocupação maior era se os profissionais da Maternida Modelo Dona Iris em Goiânia iam fazer a curetagem nela sem puní-la por ter abortado. Ainda bem que a faixa econômica dela permitiu a compra do remédio e ela não teve que apelar para o chá de buchinha ou tantos outros chás não tão eficientes como remédio de farmacia.


*troll, minha tia la da roça no interior do interior do Nordeste criou a familia e resolveu voltar a estudar. Vc não é tão bobinho pra não ter já escutado essa história milhares de vezes, néanh. Então, dê uma olhada nas placas de formatura aí no mural da sua facu. Sempre vai ter aquele senhor ou senhora ao lados dos coleguinhas de 20 e poucos aninhos.


Bjs pra ti, Lolíssima.

Janaina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"quem manda em tudo, inclusive na sua vida não é vc !! entenderam?? ;)"

Entendi. Mas para ateus, como eu, Deus não existe e quem manda na minha vida sou eu.

Alex disse...

Vou tentar escrever pouco (mas não vou conseguir), pq alguns comentários me chamaram a atenção.

"Alma", "espírito" e correlatos são conceitos subjetivos e pertencem APENAS ao âmbito das crenças pessoais, e de forma alguma devem ser levados em conta na construção de políticas públicas. Portanto, se alguém acredita que um zigoto, um embrião ou um feto tem "alma", isso não dá o direito de impor essa visão a outras (qdo a alma entra no embrião? gemêos univeitelinos tem a mesma alma? teratomas têm alma? anencéfalos tem alma? etc, etc).

O que define um ser humano, senão um cérebro com um neocortex em atividade?
"O cérebro não tem sua arquitetura básica formada no mínimo até o terceiro mês da gestação. Isso significa que o embrião não percebe o mundo, não tem consciência, é um punhado de células como qualquer pedaço de pele. Por isso não é moralmente condenável que as mães tenham direito de escolher não continuar a gestação antes deste período." (retirado de http://bulevoador.haaan.com/2010/10/20/10-motivos-para-ser-a-favor-da-vida-atraves-da-descriminalizacao-do-aborto/ ).

Outra coisa que li por aí foi com relação ao "coração batendo"... Aff... Um paciente morto (sim, morte cerebral) esperando para ter seus órgãos retirados para transplante tb tem o "coração batendo', e daí? Argumento fraquíssimo.



Sigamos o exemplo de Portugal e diversos outros países: http://bulevoador.haaan.com/2011/01/17/descriminalizacao-do-aborto-em-portugal/

Analisemos o mapa a seguir e vamos refletir, quem está em melhor companhia?
http://claudia.abril.com.br/materias/2882/

Valéria Fernandes disse...

Não é novidade alguma para mim que mulheres possam abortar sem culpa, descobri isso faz muito tempo e no meio de gente muito pobre e bem religiosa. Não é preciso nenhuma reflexão intelectual profunda para ser capaz de entender como funciona. Para muitas mulheres, uma gravidez inesperada e/ou indesejada é um incômodo.

"E aí, fulana? Desceu?" "Desceu, sim! Graças à Deus!" Na época em que presenciei esse papo, estava no agreste de Sergipe, a que perguntou era uma prima solteira (*e supostamente virgem*), quem respondeu era uma vizinha que já tinha filhas crescidas e netos. Eu tinha 17 anos. Minha mãe ficou horrorizada, eu fiquei pensativa. Aliás, acho que nem devemos, como feministas, perpetuar essa ficção discursiva que tende a se voltar contra nós mesmas, as mulheres. "Oh, sou um monstro! Não senti culpa por ter abortado!"

Não sou a favor de uma banalização do aborto como se fosse método anticoncepcional, mas, depois que descobri que a própria pílula pode impedir a nidação, pergunto-me se eu mesma já não abortei? Quem sabe? Foram sete anos tomando pílula. Enfim, cabe às mulheres decidirem sobre o seu próprio corpo, especialmente quando o que está dentro dele ainda não é capaz de sobreviver sozinho (*para quem comentou, aos sete meses interromper uma gestação não é mais considerado como aborto pela lei*), e ao Estado (*sim, eu acho que ele precisa legislar sobre a questão*) decidir até quando é possível (*12 semanas? 10 semanas? 14 semanas?*). Agora, esse mesmo Estado deve ouvir quem realmente deveria ter voz nesse caso, isto é, quem engravida, quem tem útero e quem, na maioria dos casos, segura toda a barra sozinha.

E só para completar, o amontoado de celular não é uma pessoa, não tem identidade jurídica, não pode sobreviver sozinho. Mas é vida, um ser humano em potencial e eu lamento sempre que todos não possam ser chamados de filh@ desde o primeiro momento. Dito isso, independente de qualquer coisa, eu sempre apoiarei o direito de escolha de uma mulher sobre a questão, ainda que não seja a minha escolha, a forma como eu mesma talvez procedesse. Sem que nós mulheres tenhamos pleno direito aos nossos corpos, não seremos cidadãs plenas.

Haroldo disse...

Gostaria muito que toda essa preocupação dos 'pró-vida', se voltassem praquelas crianças que já nasceram e vivem na mais pura miséria, que se preocupassem mais com os já nascidos.

Leleca disse...

Sempre me perguntei porque não era possível, no Brasil, escolher uma família para dar/vender seu bebê. Parece-me (e não estou certa disso) que os caminhos legais levam sempre a um orfanato, onde pode dar a sorte (ou não) de ter uma família. Se alguém se dispusesse a pagar os custos da gestante e do parto, além de assumir a criança, garantindo uma possibilidade de vida bacana, a mãe perderia 9 meses - e só. Seriam 9 meses horríveis, mas é diferente de "estraguei minha vida inteira".

Eu, particularmente, me sentiria culpada se fizesse um aborto. Mas eu tenho a vontade de ser mãe - coisa que nem todo mundo tem, oras. O aborto deve ser acessível a quem queira fazer, mas tento acreditar que pode haver uma solução que livre tanto a mãe quanto o bebê.

Ademais, concordo que o aborto seria legalizado se homens engravidassem. Mas, a meu ver, isso é completamente diferente de "homens não tem nada a ver com isso". Opa, se não fosse por eles, não haveria bebê. E assim como há pessoas contra e a favor do aborto, há, sim, homens que criariam esse filho. E negar isso é partir do princípio que todo mundo é igual, o que sabemos não ser verdade.

Por fim: sim, é necessário falar sobre o assunto. Mas também é necessário que a saúde pública acompanhe a mulher. Conversando com a diarista, descobri que todas as amigas dela já fizeram abortos, com Cytotec ou cirúrgico. Uma delas, com menos de 30 anos, fez mais de 10. Eu acredito na falha de contraceptivos, mas também acredito em estatísticas: haja azar pra engravidar tanto.

É preciso legalizar o aborto, mas é preciso insistir na prevenção e facilitar a adoção.

E desculpem o comentário compridíssimo!

Nadja G. disse...

Que teminha complicado! Sou a favor da legalizacao do aborto por um lado, mas por outro lado andei pensando em umas questoes complicadas!

A discussao sobre em que momento comeca a vida é longa, nem os médicos tem a resposta, nem a igreja, nem ninguém. Assim como ninguém sabe exatamente quando comeca a morte.

Eu também achava que fetos com poucas semanas eram "um punhado de células" até que soube que já se escuta o coracao. Se já tem batimentos cardíacos, nao é uma vida? Nao é justamente a falta de batimentos cardíacos um dos sinais de morte? Complicado.

E isso de que o feto é um "parasita", uma vida indesejada pela mae, e que por isso pode ser eliminado... nao poderíamos aplicar quase o mesmo argumento em relacao a mendigos ou criancas de rua, por exemplo? Afinal sao vidas "indesejadas" pela sociedade, ninguém consegue cuidar deles, fazer-se responsável... entao por isso eles poderiam ser eliminados? Obviamente eu nao acho isso, estou apenas pensando se nao sao situacoes mais ou menos semelhantes.

E realmente nenhum método anticoncepcional é 100% seguro, mas essa de "tomei pílula, usei camisinha, DIU, tabelinha, ele gozou fora e mesmo assim engravidei..." hummm nao cola! Que um método falhe eu entendo, mas dois ou 3? Quais sao as probabilidades??? Quem engravidar assim tem boas chances de ganhar na loto! :)

Por um lado tem tudo isso que eu disse, mas por outro realmente tem essa de que um filho é pro resto da vida, que no momento errado pode ser um fardo, que nao vale a pena botar no mundo uma vida se nao há condicoes de criá-lo, etc etc, que a mulher tem esse poder de decisao, etc. Como eu disse, um tema delicado e complicado.

Beijos

lola aronovich disse...

Anônimo das 12:15, eu fico preocupada com o meu blog quando uma pessoa como vc diz que os posts até agora haviam sido “normais”. Vc sabe que o conceito de “alma” é extremamente religioso e pessoal, não sabe? Não adianta colocar dez pontos de exclamação depois da palavra. Suas opiniões não ficam mais fortes. Um feto de 5 semanas é na verdade um embrião. Pra algumas pessoas, e vc deve ser uma delas, um embrião de UM DIA já tem coração e alma. Mas esse é um conceito religioso. E, como vivemos num estado laico, é absurdo que ele seja imposto a toda a população. Se alguém acredita que embriões de 1 dia / 5 semanas / 12 semanas tem coração e alma, perfeito, respeito totalmente. Não vou interferir na vida de vcs. Vcs jamais fariam um aborto, nem em caso de estupro ou risco de vida da mãe ou fetos acefálicos, tudo bem. Direito seu, decisão sua. Tem todo o meu apoio. Mas me parece intolerante querer impor a todas as mulheres a SUA OPINIÃO e os seus valores.
Se a mulher ao invés de ter “gerado uma criança” (uma criança é um pouquinho diferente de um embrião de 5 semanas) durante o sexo tivesse se contaminado com o vírus da Aids, imagino que ela faria o que fosse melhor pra ela, que é se tratar. Vc quer dizer que uma pessoa com Aids deveria se matar pra não ter que aguentar os preconceitos? Foi isso que eu li? Uma mulher que aborta não quer se matar. Ela quer interromper uma gravidez. Sua comparação é ridícula. Mas gostei de vc escrever “ponto final” e ainda incluir 3 pontos de exclamação depois.

lola aronovich disse...

Anônimo das 13:01 que vai fazer um aborto amanhã: torço para que corra tudo bem e vc se recupere rápido. Mas também acho que, se a gente tem dúvida se deseja continuar com uma gravidez, deve se abster de contar pra amigas e talvez até pra mãe. Porque muita gente vai se opor a qualquer menção de aborto. E amanhã ou depois, quando perceberem que vc fez o aborto, vão te incomodar. Bom, também é uma boa hora pra avaliar as amizades. É muito triste saber, como disse a anônima acima (que já abortou uma vez), que existam pessoas prestes a tirar vantagem num caso como esse. Vcs já viram o filme romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias? É justamente sobre isso. Na Romênia, assim como no Brasil, o aborto é proibido. E o filme fala de uma mulher que, com o auxílio de uma amiga, sai à procura de um aborto. É um filme terrível, dolorido. E só o fato dessas coisas acontecerem (mulheres terem que recorrer a criminosos para abortar) já deveria ser uma justificativa para a legalização do aborto. Mas cada vez que leio alguns comentários mais me convenço do que eu disse: algumas pessoas pregam a PENA DE MORTE pra mulheres que abortam. Essas pessoas gostam que aborto clandestino mate tantas mulheres.
Outra coisa tb: não é bem que “a vida acaba” pra uma mulher que tem um filho indesejado. Assim como TODAS NÓS conhecemos alguém que abortou, todas conhecemos mães que continuaram uma gravidez indesejada. E podem ser ótimas mães, e a vida não acabou pra elas. Só que muda radicalmente. E o que queremos é que cada mulher possa decidir o que quer. Só isso.
Por favor, volte pra contar. E sinta-se acolhida por mim e pelas leitoras daqui.


Gabriela, respondo a vc porque não lembro quem foi o anônimo que disse que o “SUS é uma bosta”. Eta comentariozinho elitista esse, hein? A pessoa que falou essa besteira sabe que a enorme maioria das mulheres brasileiros usam o SUS? Tem partos através do SUS, inclusive. Posso assegurar que, se o aborto fosse legalizado no Brasil, o número de mortes por aborto cairia a próximo de zero, como acontece nos países ricos. E mesmo dependendo do SUS.

miatrix disse...

lola, sou leitora antiga e, como muitas, geralmente me abstenho de comentar. mas, dado o nivel da polêmica [e agressividade dos comentários], julguei necessário falar alguma coisinha.

estou chocada com esses comentários intolerantes, estúpidos e ignorantes. ainda que não fosse um crime o aborto, pergunto-me o que iria acontecer se esse testemunho fosse assinado com o nome completo da autora. a galera escreve com tanta raiva, com tanto ódio, que sinto até um baque, sem nem saber de quem é a história. imaginem se soubessem!

enfim. não consigo chegar a uma conclusão sobre a *minha* posição em relação ao aborto. mudo de idéia o tempo todo.

mas, creio eu, uma coisa é fato: é uma escolha indiscutivelmente particular. sendo contra ou a favor, não tenho direito algum de opinar na escolha alheia. como alguem pode ter dúvidas a respeito? como alguém pode achar que não só pode, mas DEVE se intrometer? so far, não vi nenhum argumento razoável para me convencer que não-afetados tem tanta autoridade assim.

qual é a lei máxima que voce está se baseando para chamar uma mulher que abortou de assassina? sua religião? seus valores? seja lá o que for, sempre será algo seu, a *sua* opinião. sem falar que chega a ser engraçado apelar pro moralismo religioso usando termos como 'vadia assassina' e similares.

esse post aqui que achei um dia desses [http://mateipormenos.apostos.com/2010/10/11/aborto-e-tal/] separa as opiniões em três grupos distintos. foi escrito por uma pessoa não-favorável ao aborto, mas é interessantezinho, e tem comentários variados também.

enfim 2. espero que a autora do relato seja forte o bastante pra aguentar essa agressividade toda, quando deveria estar recebendo somente agradecimentos por ter compartilhado uma história tão pessoal e, com isso, acabar com mais um mito sobre a questão, de que todas as mulheres que abortam caem em depressão profunda e não conseguem mais viver. sério. és uma linda, e eu agradeço de coração :*

Rê_Ayla disse...

Apenas digo que adorei o relato e os convido a lerem texto sobre a mesma questão em meu blog:
http://lifeisdrag.blogspot.com/2010/10/aborto.html.

e claro, preparo-me para as pedradas...rs... Pois queridos patriarcas verão que não são apenas as feministas (não sou uma...) que defendem o direito da mulher decidir sobre si.

lola aronovich disse...

Lucas, parabéns por ter revisto seus valores e aprendido. É isso aí: vc pode ser pessoalmente contra o aborto, mas sem querer impor essa sua opinião. A decisão não é sua, é de cada mulher. Acho que vc conseguiu empatizar.


Ahn, Suzi, os gatinhos na faculdade também querem transar sem engravidar, certo? Por que eles podem e as meninas não? Ou vc quer dizer que ninguém deveria transar?

lola aronovich disse...

O que que foi, Eduardo?! Vc sugeriu que eu inventei o post? Ha ha ha, vc é impressionante. Eu não duvido da existência ou do depoimento de ninguém aqui. Nem dos anônimos, nem dos que usam pseudônimos, nem dos que têm nome (o que não me parece tão difícil de inventar. Deve ter quantos Eduardos Marques no universo?). Eu acredito no que todo mundo diz, até nos trolls. Qual motivo tenho pra duvidar? No caso deste post, eu conheço a pessoa. Já troquei emails com ela, e ela me deu autorização por email, com nome e FOTO (ela me mandou uma foto pra que eu visse como ela é, a querida). Não entendo qual é a dúvida. Jura que vcs não acreditam que mulheres abortam?


Anônimo das 13:50, vc pode fazer o que quiser que eu não vou te julgar, garanto. Pode fazer sexo só depois do casamento (eu não aconselho, mas é só minha opinião), pode ser contra o aborto e dizer que nunca faria um. Pode fazer tudo isso por motivos religiosos ou não. Vc tem todo o direito a sua opinião. Mas por que outras pessoas não têm direito as opiniões delas? Assim como ninguém aqui está te chamando de fanática religiosa ou de qualquer outra coisa, seria legal se vc não usasse um termo tão pesado – ASSASSINA – pra se referir a mulheres que já abortaram.

Alex disse...

Evocar o conceito de "vida" em uma discussão sobre o aborto é uma bobagem.

Qualquer célula que tenha metabolismo (desde bactérias, até hepatócitos) é "viva", e daí?

Não é disso que se trata.

Trata-se de definir a partir de qual ponto deve haver a proteção jurídica.

Não vou me repetir (nem repetir a Lola) e dizer que crenças pessoais não devem importar em um debate sobre políticas públicas de um Estado laico. Acha pecado? Não aborte! Ponto. Mas não queira impor seus valores a outras mulheres.

Nadja G,

essa do coração batendo, de novo? Repito o que escrevi antes: "Um paciente morto (sim, morte cerebral, aí sim está clinicamente morto) esperando para ter seus órgãos retirados para transplante tb tem o "coração batendo', e daí? Argumento fraquíssimo."

E mais:
"O que define um ser humano, senão um cérebro com um neocortex em atividade?
"O cérebro não tem sua arquitetura básica formada no mínimo até o terceiro mês da gestação. Isso significa que o embrião não percebe o mundo, não tem consciência, é um punhado de células como qualquer pedaço de pele. Por isso não é moralmente condenável que as mães tenham direito de escolher não continuar a gestação antes deste período." (retirado de http://bulevoador.haaan.com/2010/10/20/10-motivos-para-ser-a-favor-da-vida-atraves-da-descriminalizacao-do-aborto/ )."

Anônimo disse...

"Amontoado de células pretenciosas"

Pode parecer chocante se referir ao sacro-zigoto dessa forma, mas se fizermos uma breve análise, um zigoto é um amontoado de células "que tem a pretensão de ser tornar um ser humano completo".

Às vezes, por condições naturais, esse zigoto não contempla esse potencial. Outras vezes, esse mesmo zigoto não terá seguimento nas pretensões por motivos externos. Que assim seja.

Desculpem as sensíveis almas de plantão, mas para mim, um "amontoado de células pretenciosas" não é um "bebê cor-de-rosa cheirando a lavanda Johnson&Johnson".

Esse tipo de associação "zigoto = bebê_cor_de_rosa" é uma idéia mítica que pode compor ou não a subjetividade de cada pessoa, de forma individual, subjetividade essa pontuada em suas experiências e na forma como apreende o mundo ao redor.

Uma vez que essas concepções pessoais são exatamente isso, construções de cunho personalíssimo, não é possível obrigar uma outra pessoa a ter a mesma percepção. Você pode expor <i)bons argumentos</i) em relação à essa ou aquela perceção, mas vai ser do arbítrio do outro decidir acolher esse entendimento alheio... ou não.

É muito simples: eu nunca vou obrigar ninguém a dizer que um zigoto é um "amontoado de células pretenciosas" porque essa foi a minha percepção pessoal do fato. Da mesma forma nunca me senti obrigada a engolir as concepções alheias de que "oh, isso não é um zigoto, uma blástula, é um bebê-cor-de-rosa-gugu-dadá".

O "amontoado de células pretenciosas" é tão "bebê-cor-de-rosa" quanto um pinhão é uma araucária.

Walx

Blanca Aleks disse...

Acha pecado? Não aborte! Ponto. Mas não queira impor seus valores a outras mulheres. +1

Muito bom :)

L. disse...

Eduardo,

Você é tão anônimo quanto a autora do texto, não há nada sobre você aqui a não ser o seu nome que pode ter sido inventado e umas ideias mal elaboradas que você propõe que os outros discutam. Como? Não tem nenhum embasamento, sorry.
A anônima Leila

lola aronovich disse...

Valéria, também acho que é um discurso perigoso e contraproducente divulgar que existem mulheres que abortam sem culpa e sem sofrer. Isso dá munição pros ignorantes que pensam que, com a legalização do aborto, aborto substituirá anticoncepcionais (sendo que isso não aconteceu em nenhum lugar do mundo onde o aborto foi legalizado). Mas também é uma hipocrisia negar que há mulheres que lidam com algo assim de um modo diferente do de várias mulheres. Pra mim, é incomum mulher não sentir culpa, não sofrer, o que mostra o quanto minha experiência com mulheres que abortaram é limitada. Não dá pra exigir que mulheres sigam um só roteiro. E aí a gente cai numa espécie de tribunal. Quer abortar? Ok, mas só se vc sofrer muito e se sentir uma monstra assassina pelo resto da sua vida. O que me parece uma pena muito alta...


Nadja, pra mim não há nenhuma chance de comparação um feto com poucas semanas de vida, um ser em formação, que não sobrevive fora do corpo, com uma pessoa, seja ela mendiga ou “indesejável”. E concordo que é difícil engravidar com dois métodos anticoncepcionais. Mas a questão é que uma mulher não deveria ter que se justificar pra fazer um aborto. Ela deveria ter esse direito e pronto. E prevenção é sempre muito mais simples do que abortar, e nós mulheres sabemos bem disso. Mas acidentes e descuidos acontecem, como toda mulher sabe. Quantas mulheres vc conhece que nunca se preocuparam com o atraso da menstruação? (mesmo entre as que adotam métodos anticoncepcionais, que são a maioria?).

Anônimo disse...

Engraçada a argumentação dos prós abstinência.
Para eles só quem deve fechar as pernas e se responsabilizar pela gravidez é a mulher.
Bom, se a responsabilidade é única e exclusiva dela, nada mais justo do que a escolha entre ter ou não também ser feminina.
Por que só os homens tem esse direito universal de escolherem se querem ou não se responsabilizar por um filho?
Muito bonitinhos.
Homens, se vocês são contra o aborto passem a transar só com mulheres que queiram ter filhos.

Eliane disse...

Boa tarde Lola e comentaristas,

Sou técnica de enfermagem em uma maternidade pública. Vou falar sobre a minha experiência com gestantes.

Mais da metade das gestantes que vem a maternidade, não planejaram o bebê. A maioria delas, tomava anticoncepcional.

Não importa o motivo da falha ( se tomou errado, se tomou com antibiótico, se é a falha do 1%)
Anticoncepcionais não são 100% seguros.

Quanto aos abortos, chegam várias mulheres todos os dias com aborto em curso. Foi provocado? Não sei, nem quero saber. Quero que elas sejam simplesmente atendidas.

Também chegam mulheres com o citotec ainda introduzido na vagina. Aborto provocado. O que deveria ser feito? Chamar a polícia?

A mulher que quer abortar, aborta.

A legalização do aborto não obrigará quem não quer abortar a abortar, simples assim.

Nadja G. disse...

Alex, sei de tudo isso que vc disse, por isso disse que a batida do coracao é "um dos" sinais de vida. Nao é o único e sei que na morte cerebral ele continua batendo.

Lola, acho que esse argumento que pus só vale do ponto de vista de "o que é vida", e nao se sao pessoas. Eu quis botar lenha na fogueira :-)

Concordo que uma mulher nao tem que se justificar pra fazer um aborto, é uma escolha dela.

Vixe, muitas se preocupam com o atraso! Até eu, que uso dois métodos anticoncepcionais, já cheguei a pensar "opa!" Mas eu disse ao meu namorado que, se estivesse grávida, chamaria a bebê de "Milagros" (nome comum aqui na Argentina), porque engravidar mesmo apesar de tudo o que fazemos para nos prevenir seria um milagre realmente! :-) Mas milagres acontecem, vai saber...

Beijos

Valéria Fernandes disse...

Não, Lola, eu não acredito em um script, mas eu acredito que o discurso da culpa e do sofrimento é que se impõe como "o único". Há mulehres que sofrem, há mulheres que não sofrem. E, principalmente, o sofrer ou o não sofrer tem menos a ver com seu nível econômico ou eduicacional do que muita gente acredita. Mulheres abortam desde sempre, mulheres sentem ou não sentem culpa, desde sempre, a forma como sofrem ou não, é que depende da relação que estabeleceram com o embrião e/ou feto, ou as condições em que o procedimento foi feito, assim como as influências que sofrem. A punição, a apropriação dos corpos das mulheres e do que está em seu ventre é que é diferenciada e historicamente localizada.

Anônimo disse...

Oi Lola, falou comigo sobre meu comentário com exclamações.
Bom, em relação a maneira como me expressei com meus vários pontos e letras maiusculas, se te ofendi, peço desculpas.
Em relação ao que escrevi, se uma mulher engravida acha que tem direito de abortar para não atrapalhar a vida dela e tudo bem. E questionei em relação a Aids, não vi esse meu comentário aqui, vc postou? vc não entendeu o que quis dizer. vamos lá, uma pessoa com Aids obviamente que não defe se matar, nem com Aids e nem sem Aids, sou contra suicídios e assassinatos como o aborto esta lembrada? O que quiz dizer é que vivemos em uma sociedade preconceituosa, e uma pessoa com Aids deve sofrer preconceitos, não sei se todas, mas tive um caso na família, ela morreu abandonada por muitos inclusive pelo companheiro que a contaminou ( esse é outro assunto ) quiz dizer que dessa forma, em situação de desespero, como o da gravidez indesejada, planos interrompidos etc, as pessoas devem matar ? ou se matar ?
Quanto ao certo e o errado não cabe a mim dizer mesmo, mas haverá um dia, em que todos veram as verdades indiscutiveis da vida. E todos verão. Não tem para onde fugir.
Confesso também que fiquei abismada com o número de mulheres que fariam aborto sem culpa. Fiquei mesmo chocada. Mas cada um é cada um. E quanto ao que disseram que eu deveria me preocupar mais com crianças que vivem abandonadas etc etc.Pois bem, digo a você que fez essa resslava que apesar de não lhe dever satisfação, me preocupo e como e tenho minhas obrigações com várias crianças que vivem nessa situação.
Por enquanto sem mais.

Manu disse...

Quem se horrorizou com o comentário do zigoto na privada nunca mandou milhares de espermatozóides pelo ralo, né?

É a mesma coisa, um punhado de células vivas que-podem-virar-neném mas que, por ora, são apenas células.

Anônimo disse...

Conseqüências em mulheres americanas que se submeteram a aborto:

• Perfuração do útero.

• Sangramentos que requerem transfusões.

• Ruptura do colo do útero com impacto desconhecido sobre a capacidade do colo em alguma gravidez subseqüente.

• Acidentes ligados à anestesia.

• Doença inflamatória pélvica e possível infertilidade decorrente.

• Cirurgia não-intencionada, incluindo laparotomia, histerotomia e histerctomia.

• Perfuração da vesícula.

• Perfuração do intestino.

• Retenção de restos ovulares.

• Anemia.

• Peritonite (uma séria infecção da membrana serosa que reveste interiormente a cavidade abdominal).

• Infecções menores e febre de causas desconhecidas.

• Gravidez tubária não detectada.

• Embolia pulmonar.

• Tromboflebite venosa (inflamação de uma veia que se desenvolve antes de um coágulo sangüíneo).

• Depressão.

• Psicose.

• Suicídio (nove vezes mais propensas a suicídio do que outras mulheres).

• Um alto risco de infecção é comum a todo tipo de aborto.

• O risco de aborto espontâneo no segundo trimestre da gravidez aumenta dez vezes após um aborto vaginal.

• Algo acontece nos níveis mais profundos da consciência de uma mulher quando ela destrói uma gravidez.

Ou seja, a mais prejudicada pelos paladinos pró-aborto é a própria mulher. Por isso, não podemos admitir o aborto em hipótese alguma."

Anônimo disse...

Agora imaginem alguns métodos de aborto:

• Sucção. Uma máquina de sucção 25 vezes mais poderosa que um aspirador de pó. É introduzida no útero da mulher para sugar o corpo do feto. Aí a cabeça não passa no tubo e tem de ser amassada com um fórceps.

• Dilatação e evacuação. Dilata-se o útero e vai se esfacelando (cortando, picando) o feto com uma tesoura mecânica. E a criança luta desesperadamente para não morrer.

• Ingestão salina. Joga-se um líquido salino naquela capa protetora, mata-se a criança por envenenamento e depois o corpo da mulher o expele.

A sociedade tem sido enganada por esses libertinos defensores do aborto. Aí alguém inocentemente nos pergunta: "Olha, pastor, será que se legalizasse o aborto não acabaria com o sofrimento e morte de mulheres que fazem aborto em clínicas clandestinas, ao contrário das mulheres ricas que têm assistência de um bom médico no procedimento abortivo?"?

Pois bem, vamos analisar algumas pesquisas feitas por americanos. Observem que lá é um paraíso para quem deseja matar um ser indefeso. É bom reforçar que trata-se dos Estados Unidos, última palavra em legalização e prática de aborto, bem como sistema de um saúde de primeiro mundo. Leiam e concluam se é ou não um ENGODO essa história de que se a mulher tiver uma assistência médica adequada não vai acontecer nada com ela.

Anônimo disse...

Assassinato cruel de criancinhas

A segunda consideração sobre o aborto é a luta do feto para não morrer em processos abortivos. Houve um médico que realizou milhares de abortos nos EUA, dr. Bernard Nathanson, que introduziu uma câmera para filmar um aborto que ele ia fazer. O nome do filme é "O grito silencioso". Ele não conseguiu assistir às imagens até o fim. E nunca mais fez nenhum tipo de aborto. Gostaria que a sociedade, as redes de televisão, o Congresso Nacional e o maior número de pessoas contemplassem a luta do ser pequenino para sobreviver. Gostaria de saber se após assistir à luta do feto para sobreviver se alguém continuaria defendendo o aborto em qualquer instância! Essa experiência mudou os conceitos de Nathanson, que acabou se tornando um defensor da vida.

As pessoas costumam dizer: "aquilo que eu não vejo, eu não tenho culpa". Esse é um grande engano. Por não saber das atrocidades que realmente se pratica contra os seres humanos indefesos muitos podem se gabar dizendo: o que eu não vejo não tenho culpa. Esse é o grande engano, pois as Escrituras dizem que Deus vê todas as coisas. A Bíblia diz:

"E não há criatura alguma encoberta diante dele. Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas", Hebreus 4.13

Anônimo disse...

Como sou minoria aqui, resolvi levar mais além minha opinião

"Toda mulher tem direito de controlar o seu próprio corpo", diz o slogan feminista pró-aborto. Vamos analisá-lo.

O que as defensoras dessa idéia teriam a dizer dos 50% de seres humanos mulheres abortados que não tiveram o direito de controlar seu corpo? (Pesquisas indicam que 50% dos fetos são do sexo feminino). O slogan começa a perder sentido exatamente aí. Na verdade esse slogan, numa definição nua e crua, é o massacre dos poderosos contra os indefesos!

Ninguém juridicamente têm direito sobre seu próprio corpo (suicídio, por exemplo, é crime!) e tampouco colocar em risco outras pessoas. E se alguém não tem direito sobre o próprio corpo como pode querer ter direito sobre o corpo do outro que é o feto? Ter controle sobre seu próprio corpo indica responsabilidade. E aqui há outra verdade incômoda aos relativistas-tolerantes: a maioria dos abortos são fruto da promiscuidade e da imoralidade humana. O aborto vem cobrir essa promiscuidade e imoralidade das relações humanas. Se não se pode controlar a vontade como é possível controlar o corpo dos outros? Não adianta espernear contra essa realidade.

Portanto, se o feto não é um prolongamento do corpo da mulher, ela não tem o direito de determinar se ele vive ou morre. Em outras palavras: se eu ou você fôssemos um feto, nossa mãe não teria o direito de nos abortar, em quaisquer circunstâncias.

Anônimo disse...

Sou contra ao aborto mas sou a favor da legalização.Afinal aborta quem quer.
Tenho colegas que já abortaram,algumas delas mais de uma vez,na maioria das vezes o sexo foi casual ou com canalhas.O que não entendo é realmente isso,liberdade sexual tem suas consequências,e se eu prefiro ter sexo dentro de uma relação mais estável,por me sentir mais segura em alguns aspectos,é justamente por questões como essa.É mais fácil assumir uma criança quando ambas se empenham nisso,mas nem por isso acho que é ok abortar,pois muitas futuras vidas seriam preservadas caso houvesse uma valorização do próprio corpo,esse que a gente tanto diz e realmente é nosso,isso serve para homens e mulheres.
Espero que ninguém agora vá me interpretar mal dizendo que sou conservadora de mais e que sou contra a liberdade sexual da mulher, muito pelo contrário,só acho que devemos ser mais responsáveis,principalmente com a escolha do parceiro,pois no final das contas quem sai com a má fama do aborto é a mulher e quem tem que criar o bebê somos nós também.

Abraços

Eliane disse...

A fala sério, um ser humano independente não pode ser colocado no mesmo nível de um amontoado de células que pode vir a ser um ser humano no futuro. Não dá.

E quanto a querer dizer que suicídio é crime, vai lá e prende o defunto.

Acho que a escolha é de cada uma. Mas o estado, que é laico não pode interferir nas escolhas individuais, quando a única prejudicada na história é a mulher.

Afinal é a mulher que vai passar nove meses com o embrião na barriga até ele se tornar um bebê, um ser humano que só então poderá viver por si só.

Anônimo disse...

Anônimo das 16h24 - 16h24 - 16h25 - 16h26

Todo respeito aos seus "argumentos" religiosos, mas lamento informar que fiz o aborto e não tive NENHUMA DAS CONSEQUENCIAS LISTADAS.

Decerto que essas podem ser algumas consequencias de procedimentos mal feitos, seguidos da lavagem cerebral feminina em torno da culpa por "ohh eu abdiquei de ser mãe". O que definitivamente não foi o meu caso bem como não é caso de muitas mulheres.

Como disse, respeito seus "argumentos" (?) MAS como não compartilho da sua fé ou do seu Deus, de modo que eles são totalmente irrelevantes para mim.

Chato né? Não sou obrigada a engoliar suas citações bíblicas pois não fazem qualquer sentido no que compete minha observação e vivência de mundo.

Guarde-os para o culto no seu tempo e para seus fiéis.

Walx

Eduardo Marques disse...

A questão do aborto não tem nada a ver com ser de esquerda/direita, machista/sexista, religioso ou não. Algumas pessoas tentam ligar o aborto ao feminismo para dar força argumentativa que a liberação do aborto não tem. É como se tentassem disfarçar a luta pelo aborto de luta por direitos iguais.

Se a Lola queria um texto que não fosse anônimo sobre o aborto, pq não perguntou a uma mulher cuja pena já tivesse prescrevido? A Ruth de Aquino confessou um aborto e nem tá presa.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG83020-9554-517,00-O+ABORTO+DOS+OUTROS.html

Claro que a matéria da dona Ruth é alvo de críticas:

http://contra-o-aborto.blogspot.com/2008/04/no-no-tudo-verdade.html

Lola, cara, LEIA O QUE EU ESCREVO, P**RA! "O Eduardo acha que gente de 28 anos não faz faculdade, nhe, nhe, nhe.." Olha o que eu escrevi ali:

"Tem gente, sim, bem mais velha na faculdade. Meu professor de biologia do ensino médio estuda no mesmo curso que eu e uma amiga da minha mãe, que eu conheço desde criança, vai frequentar as aulas comigo."

Desculpe, mas eu estou duvidando é da sua inteligência, agora, francamente...

Alexnbr, claro, vamos seguir o exemplo de Portugal:

http://www.youtube.com/watch?v=ixtI2EoqkO4

Anônimo disse...

@Eliane!

"E quanto a querer dizer que suicídio é crime, vai lá e prende o defunto."

rachei o bico! PERFEITO!

Alex disse...

Alguem explica pro pastor que as propostas de legalização do aborto pressupõe o estudo de um tempo gestacional máximo para que sejam permitidas, por volta da 12-14 semanas, quando:
"O cérebro não tem sua arquitetura básica formada no mínimo até o terceiro mês da gestação. Isso significa que o embrião não percebe o mundo, não tem consciência, é um punhado de células como qualquer pedaço de pele. Por isso não é moralmente condenável que as mães tenham direito de escolher não continuar a gestação antes deste período."

E aí, meu caro pastor, pode esquecer esse terrorismo de bebês se debatendo dentro do ventre das mulheres...

Eduardo Marques disse...

Sim, sou tão anônimo quanto a autora do texto. Não coloco uma foto minha pq tenho medo de urucubaca. A diferença é que eu não contei nenhuma história aqui para emocionar ninguém. Só dou argumentos, que, independentemente de serem anônimos ou não, merecem ser analisados. Histórias que não podem ser comprovadas não têm força argumentativa.

The Arcade Fire disse...

Acabei de entrar no curso de Administração da UFC, e tenho 29 anos. Não sabia que era proibido. Será que poderei cursar? Estou com medo agora.

Sarcasmo MODE ON!!!

Anônimo disse...

Pessoas tenho pena de vcs, mulheres.
Não é uma questão de religião, e esse assunto nunca tera fim, desde que o pecado entrou no mundo existe aborto.
Mas o julgamento virá para cada um de nós, não tenho medo e nem dúvida disso.]
Bjsss meninassss, continuem transando com qualquer um, e engravidando, e abortando, e matando.
A gente planta somente aquilo que quer colher.
Suzi

Anônimo disse...

Meu caso foi bem parecido com o dela. E não me arrependo NEM UM POUCO. Todo o meu sofrimento era pelo fato de estár grávida, a partir do momento que tudo deu certo eu só sabia sentir alívio, alívio.

Sou comentarista frequente, mas vou botar o nome em anônimo.

Anônimo disse...

Anônimo de cima, não fale do que você não sabe. Ninguém engravida e aborta seguidas vezes. NINGUÉM usa aborot como método anticoncepcional. Até porque o risco de sequelas sempre existe. Então CALE A SUA BOCA, ignorante.

Anônimo disse...

@Suzi e demais religiosos de plantão.

Aleluia, "irmões"!

Só digo uma cousa:

O corpo é meu.
Se aborto for "pecado", quem vai pro "inferno" sou eu, certo?
Portanto, isso é problema MEU!

Simples, não?

Walx

Anônimo disse...

Anonimo ignorsnte é a sua atitude, controle seus impulos sexuais

Anna disse...

• Depressão.

• Psicose.

• Suicídio (nove vezes mais propensas a suicídio do que outras mulheres).

estava lendo os comentários (a maioria muito boa), mas esse fragmento é de doer. Aliás, todos esses comentários nada mais são que terrorismo. "A criança se debate pra viver..." Como um embrião que nem sistema nervoso tem vai se debater ou sentir dor? As pessoas perdem a mão no terrorismo, viu.

Além disso, não é só o aborto que pode gerar essas conseqüências psicológicas. Pelo contrário, algumas mulheres podem desenvolver um quadro psicótico mesmo quando decidem continuar com a gravidez porque isso é um evento que gera STRESS (e só pra esclarecer: mesmo quando a gravidez é desejada ela gera stress). E para que isso aconteça, essa mulher precisa ter alguma predisposição para um quadro psicótico. O mesmo se aplica à depressão (afinal, existe a depressão pós-parto) e ao suicídio: existe um evento estressor e a predisposição individual.

Imagine os seguintes cenários: uma mulher decide abortar, mas recebe apoio da família e amigos, do namorado/companheiro/whatever e tem acompanhamento médico de qualidade. Outra mulher engravida, é abandonada pelo companheiro e tem que lidar com a reprovação dos familiares ("quem mandou ser irresponsável? Quem mandou abrir as pernas? Agora agüenta as conseqüências", entre outras delicadezas). Qual dessas mulheres estará exposta a mais stress e, se tiver predisposição, poderá desenvolver um quadro psicótico, transtorno de humor ou ideação suicida?

Menos terrorismo e mais argumentos, gente,

Eduardo Marques disse...

Documentário sobre o aborto:

http://www.youtube.com/watch?v=FKBdWD07xzk

Anônimo disse...

Querida Walx.
Uma amiga minha disse exatamente isso em sala de aula uma vez, e acrescentou que preferia ir para o inferno inclusive. Naquele ano, ela sofreu um atropelamento, ficou em coma, e acabou falecendo.
Para onde ela foi ninguém sabe. Espero em Deus que o desejo dela de ir para o inferno não tenha sido atendido.
Vc que se convenser de que está certa. Tudo bem.

Rafaela Ventura disse...

Lolinha,
estou desde o início lendo todos os comentários quieta no meu canto, até aparecer o pastor anônimo das 16:24 - 16:26. Pessoas que tentam argumentar usando de citações bíblicas me irritam.
Todas as complicações que o anônimo cita com possíveis após um aborto são possíveis também em gravidez/parto. E tem outras piores que ele não citou.
Qualquer pessoa de inteligência mediana e razoavelmente bem informada sabe que os estados unidos não são esse paraíso pró-aborto que ele diz. Na verdade, é provavelmente a sede da maior controvérsia a respeito do aborto. E a assistência a saúde por lá também está muito longe dessa perfeição. Pra quem não tem grana pra pagar plano de saúde, a situação por lá é bem pior que o SUS.
Mas aí ele começa com as citações bíblicas, e então eu percebi que não existem argumentos possíveis, porque sua opinião não é racional, é crença. E contra crenças não há argumentação possível.
Já comentei em outros posts sobre aborto aqui, mas deixo de novo minha opinião. Sou contra o aborto prá mim, prá minha vida, mas totalmente pró-escolha.
E estou adorando a presença do troll Eduardo, divertindo nossas tardes. Questionando até a inteligência da Lola. Até questionei a minha, já que leio o blog todo dia e ainda sigo a Lola no twitter. Valeu Eduardo, você abriu meus olhos!

Fernanda disse...

Eu gostaria de lembrar, pra todo mundo que fala da "vida" do feto, que um feto NÃO É um ser humano e não tem vida. Exemplos? Se feto fosse humano, não seria contado no censo? Não receberia funeral? Mais importante: Se, como o Eduardo argumenta, o feto não faz parte do corpo da mulher, então como é que ele se alimenta através do cordão umbilical, que, caham, É parte do corpo?!

Se VOCÊ, pela sua opinião pessoal, quer considerar um feto uma vida, ótimo, a decisão é sua, mas não tem como IMPOR isso aos outros quando não há nenhum argumento científico ou lógico que comprove essa idéia.

E, btw, com 5 semanas, tendo coração ou não, um feto não possui Sistema Nervoso Central, ou seja, não tem capacidade de sentir dor.

E, para uma Anônima que me chamou particularmente a atenção:

"Mas não sou. Eu não queria uma gravidez indesejada, não confio em métodos anti-concepcionais (nenhum é 100% seguro) e muito menos gostaria de ser uma assassina caso um acidente acontecesse.

Assim eu fiz faculdade, viajei, vivi a vida e nunca me preocupei com menstruação atrasada. Se ficasse grávida hoje, seria do homem que eu amo e escolhi ter ao meu lado, e não de um casinho de 5 dias."

...E o Kiko, gata? Que diabos as suas escolhas e a sua vida pessoal tem a ver com o relato da moça do post? Ou melhor ainda: Que DIREITOS as duas escolhas e a sua vida pessoal te dão para julgar uma pessoa que fez escolhas diferentes? A sua sugestão é que todo mundo passe a não transar? Jura?

Anna disse...

E pensar que eu tinha acabado de elogiar o nível dos comentários. Agora só temos os terroristas cristãos.

Galera realmente não entende que religião é uma questão pessoal, portanto, se você guia sua vida de acordo com os dogmas cristãos, isso não significa que outras pessoas tenham que fazer o mesmo.

Engravidou e não quer fazer aborto pra não ir pro inferno? Ótimo, NÃO FAÇA. Mas não tente obrigar outras pessoas a agirem como você.

Mas não vou dar corda para transformar este post numa discussão sobre religiosidade. Volto quando o terrorismo acabar.

Jéssica disse...

Pastor, os seus exemplos de consequências de aborto e tipos de aborto parecem ser todos de casos com fetos com mais e 4 meses.

Tanto que, para menos de 4 meses, o melhor método é o com medicamentos, que como você leu no post e em vários comentários, nem de longe é o que você descreve.



""E quanto a querer dizer que suicídio é crime, vai lá e prende o defunto.""
Também ri muito com esse comentário! Brilhante!

"Acha pecado? Não aborte! Ponto. Mas não queira impor seus valores a outras mulheres." [2]
Esse parece ser o ponto chave dos argumentos contra a legalização do aborto...




Eu sou atéia e feminista, e para mim dois dos piores pesadelos que poderiam acontecer na minha vida são:
- Estupro
- Gravidez indesejada
Acho-os muito mais terríveis do que a minha própria morte, já que me matam em vida.
(Obs.: EU não tenho vontade de ser mãe, não estou querendo dizer que não hajam mães que prossigam com a gravidez e sejam felizes, mas definitivamente não seria o meu caso, que tenho enxaquecas latejantes ao ouvir choro agudo de crianças.)

Interessante notar que dois dos maiores medos da minha vida só existem pelo fato de eu ser mulher.

lola aronovich disse...

Anônimo O Pastor é meu Senhor Nada me Faltará, que postou 4 vezes: alguém que escreve seriamente que o sistema de saúde dos EUA é de primeiro mundo perde toda e qualquer credibilidade. Por favor, assista SOS Saúde (Sicko). Eu me lembro do “Grito Silencioso”! Fez grande sucesso no final da década de 80, porque foi uma das primeiras vezes que um aborto foi filmado. Aliás, eu vi, e confesso que não dá pra ver p*rra nenhuma. Tanto que um cartunista brilhante, o Trudeau, criador do Doonesbury (que foi publicado por um breve período na Folha), fez uma sátira divertidíssima sobre o documentário. Lembro muito mais da sátira que do doc em si. Aliás, se alguém encontrar essas tirinhas, manda pra mim, por favor? Nunca mais as vi! Então, a sátira que Trudeau faz é mostrar um sujeito apontando pra um pontinho quase invisível no meio de uma tela. Esse pontinho ganha o nome de Timmy. E a narração do documentário: “Nossa intenção é fazer um documentário neutro e sem acusações de nenhum dos lados sobre o aborto. E agora, vamos falar com a própria assassina...” (e o desenho mostra a mãe em perfil, com o rosto coberto, como se fosse uma criminosa). Depois o narrador continua (sempre com o mesmo pontinho no meio da tela) dizendo que, graças a essa super técnica de gravação, eles podem ver Timmy sendo despedaçado: “Temos certeza que, se Timmy pudesse falar, suas últimas palavras seriam 'Proíbam o aborto!'”. Aí o pontinho some do meio da tela e o narrador diz: “Adeus, Timmy. Você será lembrado”. O “Adeus, Timmy. Vc será lembrado” virou marca registrada minha. Pena que ninguém entende minha piadinha. Gente, por favor, alguém encontra a série?

lola aronovich disse...

Eduardo, vc está duvidando da minha inteligência? Estranho. Eu nunca tive dúvidas sobre a sua.

E esta sua frase aqui é tão boa quanto aquela de duvidar da autencidade do relato porque pessoas com 28 anos não fazem faculdade: “Histórias que não podem ser comprovadas não têm força argumentativa”. Demoliu séculos de literatura numa frase só!


Arcade Fire, a vc só resta uma solução: minta a idade!

lola aronovich disse...

Anônimo das 17:08 que escreveu pra Walx sobre ir pro inferno:
Uma corrente que recebi esses dias dizia exatamente isso: “Naquele ano, [minha amiga] sofreu um atropelamento, ficou em coma, e acabou falecendo”.
Eu acho que aqueles filmes no estilo “Premonição” são ótimos pra dar idieas de mortes mais criativas pras correntes de vcs.


Exato, Rafaela. E tem mais: a ideia que os EUA é um paraíso pra fazer aborto não condiz com a realidade das bombas em clínicas de aborto ou de assassinatos de médicos que fazem aborto. E sabem quem matam e colocam as bombas, né? Os pró-vida.

Anônimo disse...

Sou mãe, e senti na pele o que é ter a possibilidade de perder meu filho com 5 semanas de gestação.
Eu queria mesmo engravidar e perdê-lo ia me doer muito.
Hoje ele tem 2 anos e 3 meses. Inteleigente demais, me ensina até ligar o dvd . Acreditem .. . Sempre fui contra o aborto, e ter meu filho é gratificante demais.
Meninas, imagino a situação de vcs, engravidarem sem querer, na época errada, ter um filho é muita responsabilidade. Mas acreditem, uma vez que engravidem, pensem mais na possibilidade de levar a gravidez adiante, eles dão trabalho, mas crescem, e se tornam independentes. Dessa vida nada se leva, o que se leva e vida que se leva. Entenderam.
Em caso de estupro, abuso sexual, uma outra situação, mas uma vez que mantiveram relação com sexo oposto, vc mulher sendo uma pessoa fértil e o companheiro também, todas sabemos que existe a possibilidade de engravidar.
Não posso mudar a cabeça de vocês, cada uma teve uma criação.
Essa é a minha opinião. Deixem esses pequenos virem ao mundo. E acima de tudo, busque o amor que existe em toda mulher por essencia.
Beijinhos a todas.
Lola tô no Oscar com você Fofa !

Anônimo disse...

@Anonimo das 17h08

Primeiro, dispenso o "querida". Não conheço você e, no seu caso, dada a "sinceridade" no uso da palavra "querida", não lhe dou esse tipo de intimidade.

Segundo, lamento pela sua amiga, ok, MAS para morrer basta estar vivo. Sorry.

Quanto a me convencer de estar certa?
Não, não, ilustre, já passei dessa fase de querer "me convencer" de alguma coisa. Não preciso de me convencer de cousa alguma. Sou tranquila acerca de TUDO que já fiz na vida - poderia fazer uma lista das "coisinhas" moralmente condenáveis pela sociedade.

E garanto que ter feito tudo isso serviu para me ensinar:
* a não julgar ninguém;
* a não impor minha verdade;
* a respeitar a minha verdade e aceitar minha humanidade e humanidade alheia.

Acho que o mais importante e o que muita gente esquece é que o problema não é você, sabe?

AlexCastro (http://www.interney.net/blogs/lll/2011/01/23/o_assunto_nao_e_voce/) disse muito bem isso:

Fala-se de feminismo, e lá vem: "essas feministas são muito histéricas, eu jamais me incomodaria da minha chefa passar a mão na minha bunda", "minha mãe foi dona-de-casa a vida inteira e muito feliz".

Mas você não é mulher, entende? As mulheres ganham menos, sofrem mais violência doméstica, são estupradas, morrem em abortos clandestinos - todos fenômenos com métricas facilmente encontráveis. A discussão tem que dar através desses números. As coisas que você faria ou sentiria se estivesse no lugar delas são irrelevantes, pois você não está e nem nunca estará no lugar delas.

O assunto não é você.

(...)

Colocando na pauta do aborto, ficaria mais ou menos assim:

Fala-se de Aborto, e lá vem: "essas malditas pró-escolha são todas umas desalmadas covardes, assassinas de bebezinhos indefesos, eu jamais abortaria, porque um filho é uma benção e um aborto é um crime", "minha amiga/vizinha/conhecida da desconhecida ficou grávida, o pai sumiu, ela teve o bebê cor-de-rosa e vive 'feliz' até hoje".

Mas VOCÊ não é mulher que está grávida e que não quer levar a gravidez adiante , entende? As mulheres que não querem a gravidez se sujeitam a abortos clandestinos, abortos que põe em risco sua saúde e suas vidas. Essas mulheres geralmente estão sozinhas em suas decisão e, o mais cruel, as mais pobres se submeterão aos "açougueiros" e "curiosas", terão úteros perfurados, infecções graves, morrerão. Em resumo, a discussão tem que dar através desses dados e, principalmente, através das vozes e do querer e não-querer dessas mulheres.

As coisas que você faria ou sentiria se estivesse no lugar delas são irrelevantes, pois você não está e nem nunca estará no lugar delas.

O assunto não é você.

Walx

Anônimo disse...

Lola, nao mandei ninguem pro inferno, vc é inteligente lembra-se
? Ela disse que problema dela ir para o inferno.E no caso so acidente, é real , não é corrente.
Aconteceu, ela pediu e recebeu.

Eduardo Marques disse...

Lola, vc quer comparar literatura com historinhas pra boi dormir q vc publica pra convencer as pessoas do q vc quer?

Masegui disse...

Ligeira pausa na hibernação:

Parabéns Walx pela decisão corajosa e pelo texto.

Anônimo disse...

Olá Lola, leio sempre seu blog mas sempre gostei mais de ouvir do que de falar, então na net mais leio do que escrevo... Ainda fico impressionada com o nível da discussão sobre o aborto, com os clichês que são acionados toda vez que se fala nisso e com a postura tacanha daqueles que dizem "fecha as pernas". Esses, em geral, são os mesmos homens que dizem "eu tiro antes de gozar"... Bem, mas eu resolvi escrever por 2 motivos: o primeiro é que eu tenho também uma experiência pessoal com aborto, fiz em 2003, quando estava no meio do curso de graduação e tinha trocado de pílula. Comprei o Cytotec em frente à uma maternidade da minha cidade com um sujeito que tinha o apelido de Pastor. Por sorte, o remédio não era falsificado e surtiu o efeito desejado, durante a noite, em casa mesmo senti uma cólica muito forte que veio acompanhada de uma diarréia dos diabos, passei a noite sem dormir direito mas estava feliz pois não me identificava com aquelas células que estavam se dividindo dentro do meu corpo, pra mim, naquele momento, eu dizia que era um câncer... Bem, só tinha dinheiro pra comprar os medicamentos e marcar uma consulta na ginecologista, ela pediu um exame e eu descobri que tinha que fazer curetagem. Essa foi a parte difícil pois, sem grana, fui ao Sus. Fiquei em uma ala cheia de mulheres que estavam lá pelas mesmas razões que eu, todas elas sofrendo pelo fato de ter feito o aborto nas condições que era possível, sem ajuda, sem garantias, com medo e no final ainda tendo que passar pelo constrangimento e pela vergonha de explicar para a equipe médica que tínhamos cometido um crime (não ouvi nenhum relato de culpa ou arrependimento pelo aborto em si, apenas pelas condições que a criminalização obrigava). Alguns membros da equipe nos olhavam mesmo como criminosas. Enfim, passou, fui pra casa e não tenho (nem nunca tive) nenhuma sombra de culpa ou remorso.
O segundo motivo que me faz escrever é para dizer que ainda vivemos um grande debate sobre as fronteiras do humano. Qunado começa a vida? Quando termina a vida? Essas perguntas ainda não tem resposta, ou melhor, são tantas as respostas possíveis...balizadas por questões culturais, sociais, políticas e religiosas. A partir de quando um embrião se torna pessoa, quais são os limites da vida? Para responder a isso temos as respostas laicas e as concepções religiosas que, a meu ver, estão paradas em um tempo que todos seguiam obrigatoriamente as mesmas crenças, quando não havia espaço para debates. Então: privilegiamos a existência de um ser que nem ao menos há consenso sobre seu estatuto e esquecemos da mulher, que continua sem autonomia, sem direitos sexuais e sem direitos reprodutivos? Somos apenas depositários obrigatórios de um ser que ainda não sabemos quando passa a ser gente? É claro que vários vão dizer que a vida se inicia com a concepção, mas essa é a resposta religiosa e eu não compartilho essas crenças! A ciência não é capaz de dar essas repostas e a religião não devia impor seus dogmas a um rebanho que não lhe ertence mais. Obrigar mulheres a ficarem na criminalidade quando algo devia ser direito, impor uma visão de mundo a todos, mesmo aqueles que pensam diferente, pra mim esse é o crime mais feio e cruel!

Ella disse...

Esse relato deixa ainda mais claro que a decisão do aborto é uma decisão que cabe somente à mulher.

Eu não crucifixo, reprimo, nem tenho nada contra o ato de abortar (desde que seja uma opção da mulher), mas pessoalmente, se fosse eu, não sei se eu conseguiria. Isso porque eu já vivi 3 semanas semanas achando que estava grávida. A forma como as emoções se desenvolveram dentro de mim nesse período foi notável.

Tenho 18 anos, sou dependente dos meus pais, faço faculdade e me dedico muito a ela. Sempre me considerei liberal. Sou agnóstica. Quando comecei a me dar conta dessa talvez gravidez, me apavorei.
Duas semanas sentindo apenas esse medo e tomei coragem, fiz teste de farmácia. Positivo.

Fiquei completamente frenética, maluquinha mesmo. Não contei pra ninguém, e não contaria até fazer o teste de laboratório. O medo foi passando... E comecei a pensar em "como será?". Não era nem um "como seria". Pensei o que poderia fazer, largando a faculdade e trabalhando como fotógrafa... Se meus pais me apoiariam, ou qual seria a reação do pai do bebê (que tinha acabado de se tornar ex). Comecei a ser tomada por uma tranquilidade estranha, meus olhos começaram a brilhar quando via crianças, e de repente veio o susto: eu curtia a idéia de ser mãe.

Estava na casa de uma amiga e ela falou pra fazermos outro teste de farmácia. Fiz: Negativo. Comprei mais dois. Ambos negativos.

Tenho certeza que não abortei, não tive sangramento nenhum (inclusive eu não menstruo por causa do anticoncepcional que tomo). O primeiro teste simplesmente estava errado.

Quando percebi que não estava grávida, senti-me mais leve. Por outro lado, um pouco triste, mas com uma pequena alegria de: "Um dia isso vai vir. E vai vir do jeito certo e na hora certa".

Isso já faz 7 meses e por causa da sensação no meu peito eu sei que eu não abortaria. Por outro lado, sei que por causa do período de vida em que me encontro, essa seria a decisão mais sensata, e entendo perfeitamente as mulheres que optam por tirar os fetos. A minha postura perante o aborto é simples: "É contra o aborto? Não aborte. Mas não tente se apoderar do corpo de outras mulheres."

Lucas disse...

De fato, eu não conhecia o projeto de lei e esse estudo sobre os 3 meses, que torna a coisa toda muito mais racional e um pouco mais aceitável, na minha perspectiva.
Pelo projeto apresentado por um grupo feminista, o aborto seria legal até os 3 meses, e depois desse período só para casos de estupro, perigo para a mãe, acefalia e tudo o mais.
Matar bebês, bebês de fato, ainda seria crime.

Ainda assim é difícil para mim tomar uma posição, mas a mentalidade por trás do projeto é bem mais humana e coeretne do que eu imaginei a princípio.

Elle. disse...

Lola, eu estudo Direito na Africa do Sul (acaso da vida vim pra cá, como cursava Direito no Brasil resolvi ter umas bases com o jurídico daqui) e embora o sistema aqui tenha algumas anomalias (que nada tem a ver com o apartheid), a lei de interrupção da gravidez é bem sensata. Nào estou falando do sistema de saúde, que confesso nem saber como funciona (nunca precisei, graças a Deus), estou falando da possibilidade de se abortar e caso tenha alguma complicação, poder procurar ajuda sem medo de ir pra cadeia (engraçado que o pai do feto não pode ir preso, né?).

A gravidez pode ser interrompida até a 12a semana de gravidez por desejo da mulher.

E entende-se que em muitos casos, a menor não pode ter o filho tanto por condições financeiras quanto por medo de represália das pais. Admite-se a ignorância do povo, as consequências que uma "desonra" pode causar pra essa moça e sua família. Ninguém faz de conta que todo mundo é esclarecido, pq todo mundo sabe que não é assim que a vida funciona. A menor é protegida, ela não precisa de autorização ou presença dos pais para realizar o aborto. Ela é sim aconselhada (qualquer que seja a idade da moça ela é aconselhada), mas não precisa de "autorização" de ninguém.

Para a realização do aborto é necessário apenas o consentimento da mulher. Sabe pq? Pq eles já entenderam que no final das contas, é a mulher que arca com tudo. Longe de mim falar mal dos homens, eu sei que tive a maior sorte do mundo com o meu pai que me cria há anos, mas sabemos que não são todos assim. Que muitos falam: "É meu filho! Eu cuido!" Mas não abandonam o barzinho, as noitadas, a faculdade, o estágio, a pós graduação no exterior. Não abandonam pq não "precisam". Pq infelizmente a natureza é do jeito que é, e pelo menos nos primeiros meses de vida(arrisco a dizer anos), sem contar os 9 meses da gestação, a criança é dependente da mãe. E só dela.

Da 13-20 semana o aborto só pode ser realizado se o médico achar que a)põe em risco a saúde física e MENTAL da paciente;

b) a criança possa vir a sofrer de severa anormalidade física ou mental;

c)A gravidez é resultante de estupro ou incesto;

d)levar a gravidez adiante vai prejudicar a situação social e/ou econômica da mulher.


Ora, uma moça de 18 anos, fazenod faculdade em outra cidade e estágio o dia inteiro, a que vai se resumir a vida dessa moça se ela tiver um filho naquele momento?

A legislação se preocupa com a saúde da mulher em todos os momentos e sabe pq? Pq eles já entenderam que a saúde do feto/bebê/criança/adolescente depende da saúde mental/financeira da mãe.

Como eu disse acima, já "descobriram" que o bem estar do feto depende do bem estar da mãe. Admitiram os problemas internos, a ignorância de seu próprio povo. Não vou entrar no argumento de camisinha aqui ser coisa rara (embora seja distribuída em qualquer postinho/banheiro público o difícil é fazer o povo usar), pq acidentes acontecem mesmo com camisinha.

...

Elle. disse...

...

Eu sou espírita. Acredito até que se a criança "vingou" mesmo com anticoncepcionais, camisinha e o caramba, ela deve ter um propósito na Terra, deve ter um propósito pra vida daquele casal (ou no mínimo daquela mãe).

Mas isso é o que EU acredito. E eu tenho a sorte de ter uma família que realmente pegaria meu filho pra criar caso eu tivesse um e realmente não o quisesse.

O que EU acredito e a MINHA condição não pode nunca determinar a vida de outras pessoas sem a mesma fé e a mesma situação que a minha.

Acho bobeira falar "se o homem ficasse grávido a coisa seria diferente" pq aí é dar murro em ponta de faca. É inverter a situação de maneira que não acrescenta em nada à discussão. Se o homem ficasse grávido ele teria uma vagina e nós teríamos um pênis e seríamos as repressoras e loop infinito.

Da mesma forma que falar que se pegasse AIDS ao invés de ficar grávida não teria jeito e "aí, que 'cê vai fazer, malandra?" pq é a mesma coisa que voltar de uma viagem ao exterior e alguém perguntar: "Nossa, mas e se você tivesse sido raptada pra virar escrava sexual? Não teria sido uma m* essa viagem?". Mas não foi isso que aconteceu.

A brincadeira do "e se" só é legal quando nào se quer chegar a lugar nenhum. O fato é: a mulher (mais de uma) transa e engravida e não quer aquela criança.

Ela poderia ter sido infectada com o HIV, poderia ter ficado grávida, poderia ter tido os dois ou poderia ter pego gonorreia. Que diferença faz pra discussão? Que diferença faz pra moça que abortou ou vai abortar pensar que ela poderia ter uma doença que ela não tem? Terrorismo psicológico completamente desnecessário.

Como uma moça (ou moço, desculpe, não me lembro) falou, a questão toda é de uma situação que existe. Não existe com você, pode até não existir com ninguém que você conheça, mas EXISTE. É a realidade de milhares de mulheres todos os dias.

Aquela velha máxima: "se é contra o aborto não faça um" continua valendo. Nào faça um, não deixe sua namorada fazer um (mas dê a ela TUDO pra que ela não tenha que perder a vida que ela sonhou em função de uma gravidez indesejada.

Pq a sua faculdade está garantida, a sua pós no exterior, que felicidade! A sua carreira promissora, com o salário astronômico, as pessoas interessantes que você vai conhecer, o super emprego que você terá...Tudo isso você vai ter (vou nem entrar no assunto chopp/putaria/barzinho com os amigos). E a moça de 18 anos que engravidou numa derrapada? Será que ela não tem também o direito à vida?

Andréia Freire disse...

Em TODOS os países onde o aborto é legalizado HÁ um limite de tempo. Aqui não seria diferente. Tem um monte de anti-escolha que não sabe porra nenhuma sobre o assunto.

Pra mim a vida se inicia com com o completo desenvolvimento do sistema nervoso. Um bebê anencéfalo, geralmente, nasce morto ou morre em poucos dias. Isso é vida? Pra mim não.

Sobre o relato ser verdadeiro ou não, mesmo que não fosse, é um relato comum, igual a tantos outros. E eles acontecem. Cytotec vende que nem água, em feiras, em camelô, na rua, se você pesquisar na internet tem milhares de vendedores.

Se você nunca soube de nenhuma história parecida envolvendo conhecidos, na boa, ou você não é mulher (e ninguém vai te contar essas coisas facilmente) ou você vive numa bolha.

Andréia Freire disse...

Elle. Irretocável o seu comentário. Faço ressalva só a parte de "não deixar a namorada fazer". Porque a decisão final é da mulher. Não importa se ela tem estrutura e apoio pra ter o filho ou não, se a gravidez não é desejada, ela não deve ser obrigatória. Nem servir de "punição". Nunca.

____


É muito cômodo chamar mulheres de vagabundas, assassinas, blablablá, né? E o homem? Ah, ele pode transar por aí com quantas mulheres quiser sem se importar se vai engravidar alguma ou não, né? Foda-se? Ele pode? Ele pode se recusar a usar camisinha e depois culpar a mulher? Ah, quem mandou abrir as pernas, a culpa é sua! Pois é, a culpa é sempre da mulher, né? É dever da mulher "se guardar", "não dar pra qualquer um", "segurar a onda do cara", "não permitir". Então, a mulher não pode ter uma vida seuxlamente ativa. Só o homem. E se ela engravida ainda é culpa apenas dela e ele cai fora. Muito justo mesmo. Como se as mulheres fizessem o filho sozinhas. Tremenda hipocrisia essa gente que julga as mulheres, mas não dão um pio sobre os homens.

Anônimo disse...

A Andréia Freire tem razão, o comentário da Elle é mesmo muito bom. E eu concordo com a Andréia, é muita hipocrisia julgar as mulheres que fizeram aborto ou que -meu deus!- ousaram fazer sexo, tanto por parte dos homens quanto também de outras mulheres. Muitas mães criam uma filha dizendo pra menina se guardar e dizendo pro filho que ele tem que ser garanhão e galinhar bastante. Só não sei com que eles vão fazer isso... É essa sociedade que queremos? "Empoderar" (ai, detesto essa palavra, mas não tem jeito) as mulheres é uma necessidade, precisamos garantir que direitos reprodutivos e sexuais sejam garantidos, de direito e de fato!

Anônimo disse...

Creio que interromper uma gravidez é o mesmo que assassinar alguém, já tem vida, já tem coração, eu sou mãe e com apenas 7 semanas de gravidez já ouvi o coração, então não venham me falar que isso é simples, um dia vocês que fizeram vão colher o que estão plantando... se não queria engravidar, evitasse, ha inúmeras formas de fazer isso, mais na hora do prazer ninguém pensa, só querem gozar e ter prazer, covarde e assassinos...

Lucas disse...

Elle, ótima colocação.
Eu também sou espírita e acredito que toda vida tem um propósito.
Mas o que essa religião/filosofia tão bela nos ensina prioritariamente (embora a maioria não entenda) é a não julgar.
A se colocar no lugar do outro, que é a verdadeira caridade cristã.

Claro que eu fico dividido, e jamais faria. Mas isso sou eu, na minha subjetividade. Na parte objetiva, temos que ser práticos.

Cada um escolhe seu destino. Quem é contra o aborto, não aborta, e pronto.

Ella disse...

O Lucas levantou uma questão que eu acho pertinente. O feto não é um um apêndice ou uma verruga. Ele é, nesse momento uma extensão do corpo da mãe, mas deixará de ser.
Por outro lado, pelo fato de enquanto ele ser feto, ele SER SIM uma extensão do corpo da mãe, neste momento, ele depende dela e das decisões dela. E está sob o poder dela, assim como o próprio corpo desta mulher.

O aborto É uma questão de crenças. Você crê que ali há vida? Crê que não é nada além de um punhado de células? Crê que há uma "alma"?
Justamente por ser uma questão tão ligada à cultura, crença, fé e individualidade de cada pessoa que deve ser uma escolha. Portanto, deve ser legalizado.

Eu não abortaria pela forma que me sinto como mulher, pela forma que encaro a vida (cheia de caminhos com coisas boas e negativas e que nossa felicidade depende da nossa capacidade de adaptação) e pela forma como me sinto perante à idéia de ser mãe, mas acho extremamente errado privar outras mulheres dessa opção.

Afinal, o Estado é laico ou não é? Lembremo-nos que nas notas de dinheiro está escrito "Deus seja louvado".

Pau no cu desse pseudo Estado laico (perdoe-me a expressão chula).

Lucas disse...

E só um adendo, de um paradoxo que eu nunca entendi...
Homem macho tem que comer todo mundo, mulher de família não pode dar pra ninguém...
Mas se os machos tem que transar, e as mulheres não podem... então com quem esses machos fariam sexo?
Devem existir mulheres de família "pra casar", mas tem que ter uma "reserva especial" de mulheres "fáceis" pros homens se divertirem e desprezarem?
Ou os machinhos iriam atrás de outras (outros?) alternativas?

Santo furo, bateman!

Anônimo disse...

"parasita" de 12 semanas:

http://www.youtube.com/watch?v=FKBdWD07xzk


Assistam, por favor. Por favor.

Alessandro disse...

Ella, concordo com você.

E acho que os argumentos tem que ser combatidos com racionalidade, e não com insultos.

Sobre não existir método contraceptivo eficaz: ele existe. Abster-se de ter relações. Quem não quer ter filhos, homem ou mulher, pode não fazer sexo. Claro que isso não funciona na prática, mas só estou corrigindo uma afirmação errônea.

Sobre se o aborto é um assassinato ou não, isso acho que é fundamental decidir para tomar a decisão.

1. Se a mulher acredita que a vida humana começa na concepção, e essa vida é tão humana quanto qualquer outra, então ela deve ser contra o aborto. Afinal, a vida dela não será "destruída" como disseram aqui, só será muito prejudicada depedendo da fase da vida dela, mas a suposta vida huamana dentro dela sim.

2. Já se ela não acreditar que a vida humana surge na sua concepção, e sim alguns meses depois ou mesmo com o próprio nascimento, e se não tem um Estado que impõe o seu entendimento contrário, então ela é livre para fazer o aborto.

Então não adianta falar que é uma questão de saúde, de leis, de feminismo, machismo, eugenia ou do corpo da mulher. Por mais que esses assuntos sejam graves e mereçam discussão, eles não podem influenciar na decisão se o aborto é correto ou não de facto. Pois está relacionado com o conceito da vida humana.

Hoje não temos esse conceito explicado de forma científica, então fica o impasse, que hoje custa muito às mulheres.

E como homem, peço que não me ataquem gratuitamente, sei que essa luta é difícil demais, e com o conhecimento que temos hoje, julgo que as mulheres que abortaram por necessidade não estão erradas.

Ana Claudia disse...

Nossa... Eu li este post hoje pela manhã e só tinha 3 comentários. Agora já tem 130!!!!

Eu voltei aqui na verdade porque este post me deixou muito mexida. Eu sempre defendi que o aborto deve ser mesmo uma decisão individual e que na maioria das vezes que as pessoas são contra o aborto são por motivações religiosas. Mas visto que o Brasil é um estado laico, a questão da legalização não deveria se basear em preceitos religiosos. Eu sou espírita e tenho minhas convicções pessoais a respeito do assunto, mas não poderia esperar e nem criticar uma pessoa por não ter a mesma convicção e acabar optando pelo aborto. Uma vez eu até argumentei isto em uma reunião do grupo espírita e, obviamente ninguém concordou comigo.
Bom, isso foi até eu ter as minhas duas filhas. Depois da gravidez ficou difícil para mim encarar a formação do embrião como um "aglomerado de células". Eu entendo perfeitamente que uma mulher só deve ser mãe quando tiver preparada emocionalmente para isso. Que é o corpo e a vida da mulher que viram do avesso depois de uma gravidez. Mas também sei que toda mulher sabe que a relação sexual tem como objetivo primário a procriação. É claro que não vou dizer que é para ter relações só quando quiser ter filhos. Claro que não. Mas é ter consciência de que quando transamos com uma pessoa podemos sim engravidar,podemos sim gerar uma vida. E se a mulher não pode, de forma alguma, nem em sonho engravidar, tem que lançar mão de mais de um método anticoncepcional. E se não quer nunca, jamais, em tempo algum ter filhos, deve fazer a cirurgia de ligadura.
A questão do aborto ainda é muito confusa para mim. Eu não faria, mas não posso condenar quem faz....

Anônimo disse...

Conheço alguém que quase fez um aborto usando esse tal remédio que a autora do post cita. Tudo ia contra a gravidez dessa minha colega, mas creio que um amiga em comum falou em favor da maternidade. Hoje ela é uma mãe orgulhosa, jovem, que, sim, ainda passa por uns perrengues por causa da maternidade não planejada, mas creio que está feliz. De qualquer forma, há casos e casos. Concordo: a decisão é da mulher.

L. disse...

Adorei o seu depoimento Walx. Essa questão do aborto é sempre muito polêmica e sempre muito passional. Adorei seu depoimento porque não há nenhum sentimentalismo, típico de pessoas que tem total segurança naquilo que fazem, nas suas escolhas. Também já fiz aborto, para ser mais exata, em duas ocasiões, e não me arrependi. Sorry para aqueles que nos chamam de assassinas. Foram situações bem diferentes. A primeira eu estava namorando, vacilamos e engravidei, mas não desejávamos ter filho naquele momento, e a decisão veio automática, sem drama nenhum e sem drama posterior. Nem vi como tudo aconteceu. Fui sedada e acordei não grávida. Num segundo momento, já estávamos casados, aliás, logo no início, engravidei de novo. Mas não desejava ter filho naquele momento. Não exitei. Dessa vez o marido ¨preferiu¨ que eu decidisse. Mas eu sabia o que eu não queria. Fui sozinha e fiz o aborto. Nunca me arrependi. Independente da nossa situação econômica e o fato de ter companheiro, o importante era o meu desejo em não querer ter filho naquele momento. Adoooooro crianças. Acho que elas são a alegria do mundo, mas um feto é apenas um feto, não é uma criança com a qual você estabelece vínculos, ainda mais na fase embionária. Tantas bobagens foram ditas. A questão é que é uma decisão pessoal, salvo naqueles casos em que o casal decide junto, mas sabemos que isso não é o mais comum. Nas relações casuais, na maioria das vezes, os homens não querem ter a criança. E em situações em que existe namoro, muitas vezes abandonam as namoradas grávidas. Não, não querem a criança e não querem pagar pensão. No final a responsabilidade é sempre da mulher. Se faz o aborto é culpada, se tem o filho e é irresponsável, é culpada também. Se não usou contraceptivo, é culpada também. Viva W., mulher bem resolvida, não sente culpa, tomou a decisão certa e consciente. È isso. A liberdade da mulher escolher fazer aborto tem a ver com consciência. Ela tem que ter direito à escolha. Por isso o Estado tem que ser laico, para garantir o direito de fato. Nos EUA, o direito ao aborto não provocou um aumento na demanda pelo procedimento, apenas garantiu um direito às cidadãs, além dos métodos contracetivos. Permitiu também que as mulheres se informem sobre o procedimento, tomem sua decisão consciente, façam o aborto de maneira segura e ainda tem a garantia de um acompanhmaento psicológico. Tudo o que as mulheres brasileiras desejam, pelo menos aquelas que não se encontram imbuídas de sentimentos cristãos e de culpa (pela vida) e que estão bem resolvidas em relação às suas convicções. Viva a liberdade. De viver conforme suas convicções, de fazer suas próprias escolhas. Ter filho. Não querer ter filho. Transar com quem quiser e responder por suas próprias consequências. Sem trauma e sem culpa. O que os homens sabem sobre os nossos sentimentos, desejos e escolhas?? Chega de machismo e feminismo, vamos focar no HUMANO. Nos desejos individuais. E nas responsabilidades individuais. Alô Alô carolas e machistas de plantão vão cuidar de suas próprias vidas, deixem os outros tomarem suas próprias decisões. Vivas as escolhas individuais.

Anônimo disse...

Ai, nem consigo ler esses pró-vida de tão irracionais que me parecem seus argumentos. Não me atinge, não me toca, não me irrita, simplesmente porque estão em uma dimensão que desconheço/ignoro.
Minha relação com o aborto sempre foi muito simples. Considero sim um amontoado de células que pode ser expelido sem danos maiores (quando feito com segurança). Nunca precisei fazer, mas faria sem culpa. Com um ódio mortal por ter que me submeter a tal procedimento como se fosse uma criminosa, mas sem culpa.

Devo essa minha postura à minha mãe, que fez um e me contou quando eu era muito criança. E ainda justificou: "A gente não estava preparado pra ter um filho e então não tivemos". Quando perguntei se ela se arrependia, me respondeu: "Não. Se eu não tivesse feito aquilo naquele momento hoje nós não teríamos você. Por que vou me arrepender?"
Desculpe, pró-vidas, mas chega a ser doce.

*Postei anonimamente porque não quero ninguém xingando minha mãe*

karina disse...

Sou mãe, também, de uma criança linda, esperta e sorridente de 04 aninhos. Ele me faz feliz todos os dias.

Nunca fiz um aborto. E acho que nunca faria.

Mas isso não me impede de achar que religião - quando fora do seu lugar - é uma das maiores B... do mundo. Impede o pensamento.

O blog é da Lola. Mas, pra mim, é um refúgio, um oásis. E até aqui aparecem religiosos irracionais, confundindo tudo.

NINGUÉM, seus malucos, é a favor do aborto. Nem aqui, nem em lugar algum. Somos a favor, sim, da legalização do aborto. O que é completamente diferente.

O que se quer é inculcar (mais) culpa, é fazer imaginar uma ida aos infernos, é julgar, do alto da prepotência religiosa. E burra.

Estou muito cansada de argumentos tortos, de risadinhas diante de qualquer alusão às lutas feministas, e, particularmente, diante da palavra feminismo. Esse blog, aqui, é pra onde eu fujo dos ignorantes, dos que nunca sairão da caverna. E, agora, até aqui.... p#*a...

me desculpe, Lola.

karina disse...

Ah, quando eu estava grávida, de barrigão e tudo, passei por um grupo de manifestantes pela legalização do aborto, que distribuía botons e garrafinhas com a palavra ABORTO escrita assim, em letras garrafais.

Um dos manifestantes, ao me ver de barrigão, não sabia se me abordaria, ou não.

Peguei meu boton, minha garrafinha (afinal, grávidas precisam de garrafinhas, elas têm que beber muito liquido) e passei a andar por aí com os dois, só pra irritar os afetadinhos..... me diverti a beça.

Isabela Campoi disse...

Poxa, pelo número de comentários anônimos e o conteúdo de tantos outros, vê-se como esse assunto desperta polêmica...!
E o tom religioso de alguns me dá asco. Triste retrato da hipocrisia brasileira, Lola!
Mas é sempre bom o debate e o relato da leitora é primoroso.
Bj

Maria Clara disse...

Essa coisa fria e calculista não passa de um monstro que merecia apodrecer na cadeia. Simples assim. Excelente post que ilustra bem a mente infanticida e fria de uma abortista.

Anônimo disse...

Eu acho que aborto é uma falta de compromisso, vc errou, vc não se preveniu, vc nao usou camisinha, vc vai matar alguém por causa disso.
Você teria coragem de atirar em uma criança na rua? Então como vc tem coragem de matar uma viva no seu úturo. É como matar qualquer outra pessoa. Acho ridículo, se vc não é mulher suficiente pra assumir suas responsabilidades e erros, não devia nem se chamar de mulher..

Ulisses disse...

Boa noite. Assuntos polêmicos sempre acabam mostrando opiniões apaixonadas, algumas vezes agressivas, por não sabermos com quem estamos lidando em uma discussão virtual.
Li que alguém perguntou quando "a alma se liga ao feto".
Vou tentar esclarecer a posição espírita, que professo, caso alguém venha a procurar este espaço para orientação. O preparo espiritual do ser reencarnante se dá mesmo antes da concepção e se completa na fecundação do óvulo. Então temos um espírito completo ligado desde o Ovo, com sentimentos e passando por um verdadeiro processo de tortura psíquica, tendo em vista as provações e compromissos previamente assumidos que terá na vida. O abortado pode em alguns casos, além de ter sua estrutura psíquica irremediavelmente comprometidas, querer se vingar do praticante do ato do aborto.
Usem a máxima : não fazer ao próximo o que não gostaríamos que fosse feito para nós.
As dificuldades pelas quais passarão a mãe que teve uma gravidez indesejável, podem ser compromissos assumidos há longos anos, assim vemos que quando falham, tem distúrbios psíquicos que se manifestarão mais cedo ou mais tarde. O pai que participar da decisão também terá toda sorte de infelicidades decorrentes do ato. Tenham fé, aqueles que creem em algo superior à nossa vontade, que serão auxiliados da melhor maneira possível, para as etapas de criação deste ser que volta ao planeta.
Quem leu até aqui é porque se interessou, espero que os outros que abominam estas idéias tenham parado logo no início do parágrafo. Abraços a todos.

jonas_cg disse...

Nossa, 140 comentários! Queria ler todos, mas como cheguei agora, será meio impossível.

Só digo que ADOREI o relato. Tão sincero, tão sem pudores, e sem culpa. Pena que poucas pessoas pensem assim. Gostei bastante da maturidade com que ela retratou o assunto. Parabéns!!!

Abraços

Daniela disse...

Tô com um sono danado, mas não pude deixar de comentar u.u

As mulheres que conheço que fizeram aborto não ficaram traumatizadas, pelo contrário, sentiram-se aliviadas ao resolverem o problema. A única preocupação foi a de gastar um dinheiro que não tinha/podia e de dar algo errado depois da ação.
Uma amiga minha fez aborto com esse remédio - facilmente encontrado - e estava quase no quinto mês, falou que viu o feto quase completo e então sentiu certo remorso na hora, mas hoje nem lembra mais disso.
De qualquer forma, acho que é uma ação perturbadora para qualquer indivíduo, pois mexe com seu corpo, e é por isso que deve ser uma escolha abortar com segurança, logo, sou a favor do aborto legalizado.

Para quem é contra o aborto basta a gente perguntar se conhece alguém que já abortou, provavelmente conhecerá, e então saber se ela acha que essa mulher deve ir para a prisão por assassinato.
Pergunto isso porque já vi caso de gente que era contra o aborto - condenava à morte quem fosse a favor, mas quando a filha de 15 anos engravidou... o que fez? Pagou aborto porque não queria que ela tivesse a vida estragada...


Outro ponto, a maioria das mulheres que abortou, o fez com conhecimento do parceiro doador de esperma (a maioria até dá o dinheiro), então por que ele não é preso também? Simples, porque é a mulher que engravida e aborta, o homem não a obrigou... mas foi cúmplice e então? Então nada, o bebê estava dentro dela e ele não podia impedí-la de abortar... Ah sim, no corpo dela, então é escolha dela! Concordo. Mulher que decide sobre aborto, e o Estado laico tem obrigação de fornecer atendimento gratuito e especializado para essa mulher abortar.


Desculpem o mega poste, mas lembrei de mais uma coisa:
Sabiam que já tentaram criar anticoncepcionais masculinos?
Lembro que na época dos testes a maioria dos homens dizia que não havia sentido nessa pesquisa, pois homem não tinha que tomar bomba hormonal para evitar ter filhos porque eles não geravam filhos e sim as mulheres, então era problema delas evitarem bebês etc.
Engraçado que quando a coisa(feto) pesa pro lados deles a gravidez é assunto somente da mulher... =/


Enfim, para mim, feto não é bebê, embrião muito menos, então não vejo nada de errado em aborto, no entanto, acho que é uma decisão pessoal querer abortar ou não, e não saio por aí pregando que mulheres devem abortar e blábláblá, apenas digo que é uma escolha pessoal, que deveria ser legal e realizada com segurança.
Nunca engravidei, talvez por sorte ou por usar desde sempre dois métodos contraceptivos juntos - não transo com cara que não quer usar camisinha (mesmo marido!), mas se engravidasse, não pensaria duas vezes no assunto, iria abortar - nem que fosse em algum país em que o aborto é legalizado.

Boa noite! ;-)

Marcelo disse...

Em resposta ao Eduardo Marques,

1) O aborto de um feto viavel (digamos, apos 7 meses) realmente e' diferente. Talvez o ideal seja legalizar o aborto ate' o periodo de viabilidade, e regula-lo apos esse ponto.

2) Nao sei porque voce duvida uma pessoa estar no 2o. ano de direito aos 28 anos. Minha mae tem mais de 50 e esta' no 4o. da faculdade de direito dela. Nem todos fazem faculdade imediatamente apos o colegial; e mesmo aqueles que seguem essa rota mais "tradicional" podem optar por uma carreira diferente. Achar isso "estranho" ou "suspeito" me faz estranhar e suspeitar o seu ponto de vista.

Anônimo disse...

Minha melhor amiga fez um aborto há poucas semanas. Ela é da nova classe média, trabalha como secretária, e estava transando com um representante comercial. Segundo ela, era somente diversão. Houve problemas numa camisinha mal colocada. Quando tiraram, notaram que tinha estourado. Ela informou o sujeito, que lavou as mãos e disse que, caso ficasse provado que o filho fosse dele, pagaria o aborto. Então eu emprestei um dinheirinho pra ela, ela pegou um dinheiro com a mãe, raspou a poupança. Fomos a uma clínica indicada por meninas que já tinham feito aborto. Com seis semanas de gravidez, ela usou Cytotec na própria clínica. Fomos para meu apartamento e cuidei dela até vir o sangramento e a expulsão das células. Com o dinheiro que havia sobrado, ela fez os exames necessários. Hoje tudo está bem. Só quero comentar uma coisa: de todas as histórias de aborto que já ouvi falar, a maior parte delas deixa evidente que um número razoável de homens ainda têm muito a aprender antes de merecer ser chamado de homens.

Rodrigo disse...

pessoal, não li todos os comentários e não vou permanecer na discussão, apenas vim esclarecer (se posso usar essa palavra) um ponto que gera confusão desde outras discussões sobre aborto. "está tirando a vida de uma pessoa" errado. uma pessoa é o resultado da criação de um ser humano dentro de uma sociedade; um bebê recém-nascido é o ser humano que será, um dia, uma pessoa. um feto no estágio inicial de desenvolvimento ainda está longe de ser um humano, mais ainda de ser uma pessoa. o que leva a uma observação acerca de um comentário que se perdeu na longa lista: consciência. não há consciência antes do nascimento. processos mentais se manifestam após o nascimento (ou alguém realmente imagina um bebê não-nascido olhando a parede do útero e articulando respostas?). acho que está claro que eu concordo com o post,e pouco me importa se a história é inventada (e eu não acho que seja), o importante é a ideia que ela defende

Ana Carolina disse...

Sou pró-escolha (não gosto do termo, mas por falta de um melhor... Gosto mais de pró-autonomia) por questões filosóficas, por alinhamento político (COMO um direitista que por princípio defende a autonomia individual vai ser contra o aborto???? É um contrasenso), por todas as razões possíveis.

Os pró-vida gostam muito de medir com a régua deles a vida e as necessidades de todo mundo. Por N motivos uma mulher pode engravidar e não desejar ter um filho - dinheiro, estrutura emocional, o pior momento possível para isso ou simplesmente "porque não". Se elas desejam, por que não terem a chance de fazerem o procedimento com segurança?

E costumo achar que existe uma certa crueldade implícita no pró-vida, de cunho religioso - a mulher fez o aborto? Que seja punida eternamente por esse crime! Que morra de complicações, que fique aleijada ou que seja torturada eternamente pelo inferno da culpa! Ela cometeu o pecado hediondo de abortar? Então que sofra!

Não entendem que cada um tem sua necessidade, sua vida, seus valores pessoais. Que a pessoa pode fazer um aborto e ao invés de culpa, ser um alívio tremendo e imenso. Que uma eventual permissão legal do aborto não signifique uma obrigação de abortar - só a assistência médica àquelas que optam por esta via.

Para ser muito sincera, acho muito menos eticamente reprovável extrair um punhadinho de células do que matar o bebê logo que nasce ou abandoná-lo à própria sorte, ou submeter a criança ao abandono moral e psicológico de pais que não queriam desde o primeiro momento ser pais. E sou da opinião também que tudo na vida que se faz por escolha é mais intenso e genuíno do que o que se faz por obrigação.

Maísa disse...

Eu queria que essas pessoas que metem o nariz no útero alheio se importassem com a mesma veemência com as crianças abortadas em vida (pós-nascimento, só pra esclarecer)

Anônimo disse...

Antes de mais nada sou homem e sou a favor do aborto.

E acho q as argumentações tanto pró e contra são algumas vezes extremadas demais.

Eu acredito que a partir de um determinado momento na gravidez o aborto não deveria ser permitido, a não ser para salvar a mãe.

Os argumentos religiosos são irrelevantes, pois além do Estado ser laico, não se pode aplicar a mesma restrição cristã para mulheres e outras religiões.

Contudo o argumento de o corpo é meu e faço o q quiser, não pode ser levado ao pé da letra, como disse acima a partir de um estágio da gravidez ela não poderia ser interrompida.

Espero q não descaracterize minha opinião apenas por ser homem.

Eduardo Marques disse...

"Outro ponto, a maioria das mulheres que abortou, o fez com conhecimento do parceiro doador de esperma (a maioria até dá o dinheiro), então por que ele não é preso também? "

Boa idéia.

Anônimo disse...

Complementando

Tirando a situação de um feto já formado e que possa sobreviver, ou seja final da gravidez.

Não importa se vc acha o aborto algo desumano, desprezivel, hediondo, etc, o q vc pensa pouco importa, o q importa é a pessoa q está com uma gravidez indesejada e quer, por qq motivo que só diz respeito a ela, interromper a gravidez. O problema aqui não é o q vc acha.

Anônimo disse...

Gente, esse Eduardo Marques chega a ser fofinho de tão insistente! Vai dormir, vai, trollzinho? Senão os bichos-papões que fazem faculdade e viajam o mundo depois de "velhos" vão pegar você... buuuu!!!

Patrick disse...

Vou escrever um comentário destinado a quem, como eu, é contrário ao aborto.

Existem várias maneiras de lidar com essa questão. No Brasil, optamos pela solução via Código Penal. O problema é tratado por policiais, delegados, promotores e juízes. Resultado: estima-se que para cada 100 nascimentos no Brasil, ocorrem 30 abortos. Fonte: www.ipas.org.br/arquivos/ml2006.pdf

Portanto, se você é a favor do status quo legislativo, você é um defensor desse número. É isso aí que 50 anos de Código Penal criminalizando o aborto produziram.

Nos países nórdicos, onde houve uma opção pelo estado de bem estar social em detrimento do Código Penal, há uma ampla disponibilidade de creches e escolas públicas em período integral, dentre outras facilidades para o exercício da maternidade. Resultado: o índice gira entre 15 e 20 abortos por 100 nascimentos. Fonte: Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca.

Esse é o resultado de 50 anos de welfare state.

Portanto, se voce é realmente contra o aborto, como eu sou, comece hoje a convencer as pessoas que ao invés do Código Penal devemos utilizar o serviço público social para diminuir o número de abortos.

Ah, e por favor não se esqueça de pressionar o seu representante no Congresso por uma carga tributária compatível com um serviço de qualidade!

Porque xingar e gritar a favor da criminalização do aborto é fácil e grátis, mas abrir o bolso para ajudar a diminuir realmente o problema...

Rebeca disse...

lolinha, comentário nada a ver com o post, mas tou esperando ansiosamente uma resenha sua sobre "cisne negro" XD

Anônimo disse...

Oi Lola, esse assunto deu pano pra manga.
Só lamento, percebi que seus leitores na grande maioria são como vc .
Pessoas que defendem algo tão aterrorizante, matar um indefeso .
Vocês devem achar correto esses marginais que batem em moradores de rua, assassinam prostitutas etc etc. Parabéns para vcs.

Tigra disse...

Gente, tem mesmo alguém citando Código Penal? Aborto não é questão Legal é questão de saúde pública. E Na verdade a questão não é punir pelas consequencias dos atos, é punir pela liberdade de fazer sexo, crime pelo qual nunca vi nenhum homem ser condenado, muito menos punido. Mas nesse caso você tem que punir a mulher com a obrigatoriedade de mudar sua vida sempre, sem planejamento ou desejo desse filho, afinal quem mandou querer ser livre?

Anônimo disse...

Oi Lola. Hoje tenho 34, ao 19 fiz um aborto numa clínica paguei 1500,00 reais na época. Foi tudo muito tranquilo, a clínica era boa. Fiqueit riste no dia, tive medo, era jovem, o cara com quem eu tinha feito o possível filho não se responsabilizou minimamente, eu tinha acaado de sair de casa. Foi bem difícil mas sinceramente, nunca senti culpa. Hoje não faria novamente porque não tenho os mesmos motivos, mas acho insuportável esta conversa de dizer que a mulher que faz aborto tem que sentir culpa eterna. Isso não é verdade!!Olha fora a angústia do dia, nunca derramei uma lágrima por ter tomado esta decisão. Chorei sim, porque não recebi ajuda do irresponsável, chorei sim porque precisei me expor para pedir dinheiro emprestado, mas chorar por culpa, não. Jamais!! Obviamente também não acho que fazer aborto é melhor coisa do mundo e muito menos a solução para todos os problemas, mas às vezes é que tem pra hj e acredio que nenhuma mulher mereça viver amargurada porque fez o que achou melhor fazer.
Obrigada e um abraço à todas e todos.

Renata Inforzato disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renata Inforzato disse...

Tenho 35 anos e até agora não senti o desejo de ser mãe. Nunca fiquei grávida, mas se ficasse, não pensaria duas vezes em abortar. Primeiro que o corpo é meu e quem vai sofrer as consequências da gravidez serei eu, então, eu que decido...E mesmo que o feto de 1 mês fosse uma vida, faria do mesmo jeito. Mesmo que fosse chamada de assassina, seria assassina por livre escolha...
E não adianta colocar argumentos religiosos, pois até agora não existem provas que de existe algo depois da morte hehehehe...
E aqueles que dizem que é consequência de transar com desconhecidos, não escolher, etc...Conheço muitas mulheres que namoravam há anos e foram abandonadas quando ficaram grávidas...Assim como conheço muitas tb que fiveram um só parceiro sexual e contraíram AIDS...
Então, não existe argumento realmente racional contra o aborto. E decisão deve ser sempre daquela que será mais afetada: a mulher....E mesmo com a lei contra, o aborto nunca vai acabar. Já é hora de acabar com essa hipocrisia de terceiro mundo

Anônimo disse...

Pra quem chegou a esse blog procurando ajuda, indico o site do Women on Web. Ali vc encontra ajuda de médicos, psicólogos e eles te enviam os remédios necessários para completar o aborto. Não são aproveitadores, mas pessoas sérias que se preocupam com a saúde e bem estar da mulher.
Hoje no Brasil vc encontra o Cytotec até em Hospitais, farmácias. E muitas das vezes cobram um absurdo pelo remédio.
Pra quem tem curiosidade, cada comprimido chega a custar R$100,00, e são necessários no mínimo 6 comprimidos.
No Women on Web vc paga para ajudar a ONG a se manter, e um preço mínimo.
Enfim, não estou aqui pra promover o Women on Web, mas sei que muitas meninas chegaram aqui atraves do google, desesperadas por ajuda, pois não sabem mais onde procurar.
Segue o link do site pra quer tiver curiosidade em conhecer essa ONG:
http://www.womenonweb.org/index.php?lang=pt

Anônimo disse...

Incrível como no "Fantástico Mundo do Escreva Lola" as pessoas são tão dicotômmicas: ou você é de esquerda, feminista, pró-aborto ou você é de direita, intolerante, machista e idiota. Só, sem variantes. Mais incrível ainda é, em um espaço para discussão de ideias, pessoas ditas "as tolerantes" agredindo outras pessoas ao invés de propor argumentos para refutar outras visões. Um tema polêmico como esse exige muito mais do que esse comportamento infantil, exige mudanças, de ambos os lados.

Anônimo disse...

8 dicotômicas, desculpem

aiaiai disse...

ao anônimo que disse: "Um tema polêmico como esse exige muito mais do que esse comportamento infantil, exige mudanças, de ambos os lados."

Eu pergunto:

Que mudanças você quer que nós - os que somos pela descriminalização do aborto - façamos?

Fala aí, dai q gente pode debater, ok?

aiaiai disse...

O comentário do Patrick (às 00:05), por sinal, aponta uma ótima forma dos que são contra o aborto mudarem e ajudarem a mudar a realidade. Parabéns Patrick e muito obrigada pelo comentário tão esclarecedor

Rita Gomes. disse...

para o anonimo que nos informou sobre todos esses riscos abaixo, saiba que um parto (normal ou cesarea) tem muitos mais riscos do que esse.

Perfuração do útero.
• Sangramentos que requerem transfusões.
• Ruptura do colo do útero com impacto desconhecido sobre a capacidade do colo em alguma gravidez subseqüente.
• Acidentes ligados à anestesia.
• Doença inflamatória pélvica e possível infertilidade decorrente.
• Cirurgia não-intencionada, incluindo laparotomia, histerotomia e histerctomia.
• Perfuração da vesícula.
• Perfuração do intestino.
• Retenção de restos ovulares.
• Anemia.
• Peritonite (uma séria infecção da membrana serosa que reveste interiormente a cavidade abdominal).
• Infecções menores e febre de causas desconhecidas.
• Gravidez tubária no detectada.
• Embolia pulmonar.
• Tromboflebite venosa (inflamação de uma veia que se desenvolve antes de um coágulo sangüíneo).

Conheco várias mulheres que abortaram (morei no exterior) e nenhuminha delas ficou pscotica, suicida, depremida etc..

As conhecidas e primas que tiveram bebe adolescente sem querer tiveram muitos mais problemas dos que a que abortaram. Inclusive o processo de parto é 100000 vezes mais dolorido e complicado do que um aborto.

frô disse...

Patrick foi no ponto-chave, ao meu ver!

Bater em criança resolve? Isso não é educação...

Anônimo disse...

Também já percebi isso.
Aqui nesse blogue é assim:
QUEM É DE ESQUERDA É:
Revolucionário
Humanista
Ffeminista
“pró-escolha”
Intelectual
Educa as crianças com carinho
a favor dos direitos civis do homossexuais
laicista
Bonzinho...

QUEM É DE DIREITA É:
Reacionário
Desumano
Machistas
“pró-morte de milhões de mulheres”
Ignorante
Educa as crianças espancando...
Homofóbico
fundamentalista religioso,
Malvado...

Desculpe pelo anomimo Lola mas vc me conhece e esse prefiro postar anonimo...

Anônimo disse...

Nada como rótulos para atrapalhar um argumentação

sou homem, ateu, de direita, pró aborto, capitalista, leio textos feministas, concordo com alguns pontos, não concordo com outros,

o mundo não é preto e branco, é cinza ...

Anônimo disse...

Sei que estou postando anônimo, mas se puder me ORIENTAR LOLA.
Não sei se sou de direita ou de esquerda...
Lendo seu blogue fiquei mais confuso ainda.
Sou Realça/Direita ou Revolucionário/esquerda?
Veja só!
Sou contra o PLC 122: Reaça/Direita/malvado
Sou a favor dos direitos dos gays em igualdade com os heteros (casamento/adoção): Revolucionário/esquerda/bonzinho
Sou a favor do planejamento familiar feito com apoio do estado: Revolucionário/esquerda/bonzinho
Sou contra a legalização do aborto: Reaça/Direita/malvado
Sou a favor da força policial e penas mais duras: Reaça/Direita/malvado
Sou a favor dos direitos humanos para detentos: Revolucionário/esquerda/bonzinho
Sou a favor da propriedade privada: Reaça!
Sou a favor da reforma agrária: Revolucionário!
Votei no Lula: Revolucionário!
Não votei na Dilma: Reaça Machista!
(Como votei na Marina sou apenas um marinista bobão...)
Sou de Direita e malvado ou de esquerda e bonzinho?

Anônimo disse...

Desculpe, mas sou o anônimo da dúvida não to zuando é sério!
Li em outro post seu que quem é de esquerda vê um marginal como vitima da sociedade.
Como assim o marginal é a vítima?
Tipo, dois caras no saidão de natal invadem minha casa, estupram e matam minha irmã que estava lá sozinha, roubam os bens de valor e fogem no carro da família. (e isso acontece muito no Brasil)
E eles são as vitímas?
Putz! Não da...
Não concordo...
Então sou reaça?

Raiza disse...

O melhor guest post que você já publicou Lola.Fantástico.Serviço de utilidade pública.
Lembro de uma discussão em que falei que o aborto poderia ser sem traumas,tranquilo,nada demais per se.Não vou nem comentar as reações,você deve imaginar.

Anônimo disse...

Anônimo das 10:43, é isso aí, o mundo é cinza! Mas aqui no blog ele é retratado como preto e branco, amigão! #fail

Laura disse...

Oi Lola, sei q muita gente ja comentou, e não pude ler todos os coments... me solidarizo com a autora do post e todas as mulheres que passaram por isso. Moro num pais onde o aborto é legalizado, mas é de longe (de acordo com as estatisticas) o metodo mais utilizado.

Quando engravidei sem querer, nem planejar, a primeira coisa que meu marido (louco pra ser pai) fez foi me perguntar: o que vc quer fazer? O que vc decidir eu te apoio. E aquilo me deixou emocionada, pois tinha q ser como estava sendo, eu escolher.

Tive o bebé, uma menina linda, inteligente, que faz meus dias felizes, mas ali, com 3 semanas de gravidez, eu não queria. Mas tive, pois EU sou contra o aborto.

No entanto, acho que a decisão de ter ou não um filho deve ser toda da mulher. Afinal, legal ou não, quando a mulher não quer a gravidez, ela vai interromper. E não tem lei, reaça, pai, religião, tradição nem ninguém que vai impedir isso.

Então não entendo porque quem é contra briga tanto? Isso pra mim é desperdiçar energia por nada.

Beijao Lola

Anônimo disse...

também fiz um aborto há 10 anos atrás. Nunca tive um dia de arrependimento, nem de culpa, nem de nada. No meu caso foi diferente pois estava morando em Londres e tudo foi feito dentro da Lei e pago pelo estado. Na época tinha um relacionamento firme, mas com alguem que eu tinha certeza de que não queria dividir um filho e também tinha uma vida pela frente (tinha apenas 21 anos). Hj sou casada, tenho uma filha linda e a cada dia que passa mais certeza de que a legalização é um direito no livre arbritio que deveria ser nossa vida.

Anônimo disse...

Eu acho tão, mas tão hilário esse povinho "pró-vida"... porque uma coisa que eu reparei é que eles gastam esse energia com embrião e feto, depois que eles viram crianças, dane-se, né?
Curiosamente são os mesmos que não adotariam nem ajudam crianças carentes ou famílias com dificuldades, "quem manda esse bando de pobre vagabundo dar cria"?Fazem de conta que moças ricas e instruídas tbm abortam - basta ir ao exterior ou em uma clínica aqui msm;
Falam tanto em imitar e convenientemente esquecem que em praticamente todos os países desenvolvidos o aborto é legal.
A parte mais engraçada é de associarem aborto à ideia de é coisa de mulher que "transa com qualquer um" (engraçado que homem pode, né?), sendo que alguns depoimentos mostram que isso não se enquadra na maioria dos casos - inclusive, teve um estudo que comprovou que o perfil da mulher que já fez um aborto é adulta e casada (ou possui um relacionamento estável). Ou foi abandonada pelo companheiro ou, o mais comum, o aborto é decidido pelo casal, quando não é pressionado pelo homem mesmo....

Anônimo disse...

....CORRGIGINDO: Fazem de conta que NÃO SABEM QUE moças ricas e instruídas tbm abortam - basta ir ao exterior ou em uma clínica aqui msm;

Anônimo disse...

Aos moralistas que dizem que "basta fechar as pernas que não tem aborto":

Meus pais casaram jovens e tiveram um filho atrás do outro, depois da 2ª gravidez da minha mãe, ela e meu pai sempre brigavam quando vinha mais um. Mas só ela se responsabilizava por métodos contraceptivos.
Na quarta gravidez, ela resolveu recorrer ao aborto de tanta pressão que meu pai fez. Pra ela era uma coisa errada e isso meio que a traumatizou, sem falar no risco que correu de vida.
Quando ficou grávida de mim, meu pai pressionou mais uma vez e ela fincou o pé, ameaçando se separar. Mas tivemos sorte, pois meu pai é um homem de verdade e criou todos os filhos que teve.

O que os "pró-vida" não veem é que se o aborto legalizado, associado a uma educação sexual livre de hipocrisia com certeza diminuiria os casos de gravidez precoce, indesejada, crianças abandonadas, e o aborto, inclusive.

Ághata disse...

Eita, que teve gente que assistiu Alien e acha que é daquele jeito que se faz abortos, heuheuehuehuehuehuehueh!

Lucas disse...

Ao anônimo das 13h56:

Se lesse todos os posts, veria que nem todos os que são contra condenam a conduta sexual de ninguém. Existem vários motivos para se ter uma posição contrária, como vários para ser a favor.
E tentar desqualificar as pessoas que pensam diferente através de suposições e acusações do tipo "só ligam pro feto" e "não ajudam crianças carentes" é infatil.
Ataques desse tipo não acrescentam nada ao debate.

Anônimo disse...

Basta de preconceito!
Diga não a "reaçafobia"!

Anônimo disse...

Oi, Lola!

Leio o blog há um tempinho, mas este é meu primeiro comentário.

O que muita gente esquece é que o "mito do amor materno" não recebeu essa alcunha sem motivo. Há mulheres completamente sem talento para a maternidade e que jamais deveriam gerar filhos, se fossem minimamente responsáveis e realmente se preocupassem com o bem estar de suas potenciais proles.

Há, sim, quem engravide e tenha filhos por todos os motivos errados (para tentar "segurar" um marido, por exemplo). E, porque vejo isso acontecer com uma frequência alarmante, não me sinto no direito de arbitrar sobre as mulheres que NÃO os querem ter, por todos os motivos CERTOS.

É claro que o aborto não deve ser usado como método pós contraceptivo, mas creio que, em algumas circunstâncias, pode ser o menor dos males, diante da chance de trazer ao mundo (mais) um ser humano que não será realmente desejado e amado nem terá uma vida digna. Infelizmente, nós não vivemos num utópico "mundo de Bob" onde tudo são flores, e isso deve ser levado em consideração.

O problema é que essa questão (assim como a da eutanásia) caminha sobre a fina linha que divide a consciência, as crenças pessoais/morais e o direito ao livre arbítrio.

Como mulher (e digo isso sem qualquer conotação feminista), acho profundamente incômodo ter meu poder de decisão cerceado, no que diz respeito a algo que pode impactar tão profundamente não somente o meu futuro mas o de meu (ainda hipotético) filho. Eu, particularmente, jamais abortaria se engravidasse "por acaso"; mas o faria sem titubear, caso descobrisse algum problema genético incapacitante em meu embrião. E afirmo, com o risco de ser mal compreendida e receber críticas, que o faria POR AMOR.

Anônimo disse...

"...apesar do meu namorado estar usando camisinha masculina, de eu estar usando a camisinha femininade, de eu estar usando o DIU, tomando o anticoncepcional, fazendo a tabelinha e só por garantia ainda faziamos coito interrompido e eu tomei a pílula do dia seguinte fiquei grávida.
Caramba!
Viram Deus existe!
É UM MILAGRE...
Fala sério...

Ághata disse...

Voltando a debater sério,

O problema da discussão da interrupção voluntária da gravidez é que não é um debate que tem como foco políticas públicas, direito, saúde reprodutiva, planejamento familiar e autonomia da mulher.

É uma discussão pautada em subjetismo, religião, crenças, mitos e opiniões.

Desta forma, o debate é impossível. Porque as pessoas contra a criminalização, ao invés de defender racionalmente porque a criminalização da interrupção da gravidez é melhor para a sociedade como um todo, usam argumentos subjetivos, religiosos, chantagens emocionais e por ái vai. Agora, não poderia ser diferente, né, porque somos levados a ser contra a interrupção da gravidez não de forma racional, mas por meio do sentimentalismo.

Para mim, o debate sempre é bem repetitivo [fica naquela de: 'pró-vida' afirma que "O bebê é uma vida; essa vagabunda sofrerá o pão que o diabo amassou e terá de pagar no inferno/noutravida/na cadeia; se não quer ter filho, não transa, vadia!", a pessoa que é 'pró-escolha' vai dizer que "Não se trata de vida ainda; a interrupção da gravidez pode ocorrer sem traumas, desde que seja uma escolha da mulher e não uma decisão imposta pelo parceiro; não é razoável punir com a cadeia/forçar alguém levar a gravidez adiante/proibir a legalização do aborto só porque alguém fez sexo pura e simplesmente"].

Na questão de aborto, se o que conta é sentimentalismo e subjetividade, eu não acho que não tem nem porque debater.

Bom, agora, parando de argumentar sério...

Devo admitir que me divirto nos debates de 'Quando começa a vida'.

Primeiro porque o próprio conceito de Vida não é igual para todos os seres (quem dirá o início dela?) e, o ponto chave é, que seres vivos recebem tutela jurídica? Que tipo de tutela cada caso deve receber?
Segundo porque ele sofre as nossas limitações racionais. Nós acreditamos que há um ponto exato para seu início. Pode não ter ou ter. Mas nós racionalizamos desta forma (preto no branco). Como há a dúvida, mó galera vai no chute e diz que é na concepção, que ali estaria o 'início'. E cada louco que adiante ainda mais a etapa - "Every Sperm is sacred", né, papa?

Nessas horas que eu vejo o quanto a vida humana é superestimada e valorizada (dependendo do momento) pois mesmo antes de termo um bebê e uma criança, o zigoto/embrião/feto já é considerado uma pessoa formada dotada de mais direito que a mulher {É histórica a dificuldade do Direito de ver a mulher como ser humano formado, não é? E como o zigoto ou embrião é algo subjetivo, já podemos imaginá-lo um homem crescido, daí, claro que ele vai angariar mais simpatia que a outra.)

O maior problema de colocar o início da gravidez a partir da fecundação do óvulo é que poderíamos tranquilamente excluir metade dos métodos anticoncepcionais que existem - pílulas anticoncepcionais, DIU e similares - pois só de usá-los poderíamos estar matando um monte de 'gente'.

E, abusando da licença poética, eu fico perguntando como seria se ampliássemos este conceito do início da vida aos outros seres vivos.
Será que eu seria processada por crime ambiental se jogasse sementes no lixo? Quer dizer, eu já devo ter destruído sabe-se lá quantas florestas só nessa brincadeira.

Aliás, seria engraçado se aplicássemos aos animais. Teríamos sempre a dúvida com os ovos: são galados ou não? Se forem, são galinhas, certo? Se não forem, são apenas... Ovos, né?

Maria Júlia disse...

Não li todos os comentários, e nem vou me dar ao trabalho de responder aos pró-vida manés, só que li um comentário que achei melhor responder (não sei se já fizeram isso).

Uma moça, como anônima, disse que engravidou (aos 18) apesar de tar com DIU, camisinha masculina, feminina, tomando pílula... mas não se usam as duas camisinhas juntas, ou é a feminina, ou é a masculina =/ elas podem rasgar mais facilmente se usadas juntas, por causa do atrito.

beijos!

Ana Carolina disse...

Sobre argumentos jurídicos a favor da liberação do aborto, recomendo O Domínio da Vida, do Ronald Dworkin. Fantástico e muito esclarecedor para quem quer encarar a discussão pela ótica jurídica.

Lucas disse...

Interrompendo um pouco a discussão... já que é um blog feminista e de esquerda, uma matéria sobre a política de apoio à gestante em Cuba:

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=7&id_noticia=147397&sms_ss=twitter&at_xt=4d558003d7fb1745,0

Brazilian Christian disse...

Lola,

Tenho que discordar novamente da sua defesa do aborto.
O Sexo é maravilhoso, Não é pecado.
Pode-se usar a camisinha, pílula, não tem problema nenhum.
Pode-se fazer o sexo apenas por prazer. Sou Protestante e acredito nisso.
Mas o nosso corpo não sabe a diferença. Sempre que fazemos sexo vamos ter orgasmo, vai ter ejaculação, não importa se queremos ter filhos ou não. O nosso corpo não sabe a diferença.
Não existe método 100 por cento seguro contra a gravidez. A camisinha pode falhar, a pílula pode não fazer efeito.(Tem mulheres que não podem tomar pilula)

A Pessoa vai fazer sexo somente pelo Prazer? Tudo bem, não tem problema. Mas ela tem que saber que o método pode falhar, pode acontecer alguma coisa, por isso ela tem que estar preparada para se a gravidez acontecer.

É por isso que ela deve ter um relacionamento estável, conhecer profundamente o parceiro, ou parceira. É por isso que o sexo na adolescência não deve ser estimulado.Pois se homens adultos não se sentem confortavel com a camisinha, pois perdem a sensibilidade, ou então perde a ereção tentando colocar, imagina os jovens adolescentes.

Resumindo: Sempre que for fazer sexo pense: "Se o método anti-concepcional falhar ou outra coisa acontecer e eu ficar grávida, vou poder cuidar do filho?" (O Homem deve fazer a mesma pergunta)

Se a resposta for sim, não tem problema em se fazer o sexo.

Mas se a resposta for não. Então é melhor avaliar a situação. Pois como ja disse alguma coisa pode acontecer, a mulher ficar grávida.

E quem mais vai se beneficiar se o aborto for legalizado, serão os homens.Pois poderão transar a vontade, e se a mulher engravidar, manda (Obriga) ela a fazer o aborto.

Os homens estão torcendo para o aborto ser legalizado.

Abraços.

Ps: Será que os seus leitores vão concordar comigo?

Anônimo disse...

infelizmente, terei que postar como anônima também. muito gostaria de colocar meu nome aqui, sobrenome, contato, blog e etc. mas estamos em um país que abortar é crime, portanto, sou uma criminosa.
tenho quase 22 anos e ano passado, em agosto, fiz um aborto. eu 'namorava' um rapaz à época que já tem um filho de 9 anos, e o ama muito, é bom pai e etc, tinha acabado de fazer 29 anos. gostava muito dele, mas nossa relação era realmente complicada porque ficávamos num 'vai-não-vai' sem fim. em julho, transamos sem camisinha mesmo, numa irresponsabilidade que me arrependo até hoje e creio que irei me arrepender pelo resto da vida. fiz teste de farmácia e de laboratório, ambos positivos. ficamos pensando no que faríamos, e o mais óbvio foi o aborto. não sei se me arrependo de tê-lo feito, se eu for pensar direito, claro que não. mas de vez em quando vem aquele pensamento 'poderia ter sido tudo diferente'. aí penso que seria mesmo, provavelmente não conseguiria ter passado na prova da oab ano passado, não conseguiria pagar o resto da minha festa de formatura, iria morar com alguém que já não gostava de mim tanto assim - já que meus pais não iam me aceitar em casa -, enfim. e digam o que quiserem, mas cada um sabe do que é importante pra si.
não, eu não queria ser mãe tão nova. nem quero. acho, inclusive, que se alguém engravida e surge, nem que seja vagamente, a possibilidade de abortar, é porque não quer ser mãe. e acho justo que as mulheres possam escolher isso, claro que com algumas condições (não acho muito interessante nem pra mulher, nem pro feto, nem pra sociedade, nem pro Estado, por exemplo, uma mulher de 7 meses abortar porque não aguenta mais ser gorda...)
o que sei é que abortar não é uma coisa fácil, mesmo eu tendo ido numa clínica, ele ter desembolsado mais de 2 mil reais, e tudo tendo sido feito sem maiores problemas. não é fácil pra mulher nenhuma.
aflige-me o pensamento de que legalizando o aborto mais mulheres vão abortar. como se o número estatístico que temos não fosse o suficiente pra sociedade ver que isso já acontece.

E.L.A.

lola aronovich disse...

Brazilian Christian, acho q tem q fazer sexo quando quiser, com quem quiser (desde que seja consentido, óbvio, e que a pessoa não esteja num relacionamento estável fechado), e sempre usar algum método anticoncepcional, de preferência camisinha. E que a preocupação em evitar a gravidez tem que ser dos dois, não só da mulher. Isso tudo pra mim é ponto pacífico, e duvido muito que as mulheres aqui discordem. Mas, se algum acidente ocorrer, a mulher deve ter o direito de decidir o que fazer: quer continuar ou não com a gravidez? Sei que deve ser um choque pra vc e demais conservadores, mas o maior grupo que faz aborto no Brasil não é composto de adolescentes, mas de mulheres CASADAS. Cada caso é um caso, e deve haver mil e um motivos pra não se querer ter um filho num específico momento. É uma grande besteira vc achar que os homens se beneficiariam com a legalização do aborto. Vc sabe que, mesmo com o aborto proibido, as mulheres ainda abortam, não sabe? Acho que vc tem dificuldade em imaginar um mundo em que o homem não tenha controle sobre o corpo da mulher. Vc acha mesmo que, com a legalização, um homem poderia MANDAR a mulher fazer um aborto? Aí sim é que ela teria liberdade pra fazer o que quisesse. Leia os comentários aqui, leia a discussão sobre o aborto em qualquer fórum, e veja mesmo se os homens torcem para o aborto ser legalizado. Quem é mais virulento contra a legalização é homem. Quase sempre.


Sobre os BABACAS vindo aqui querendo que eu rotule vcs, opa, acho que acabei de fazer isso. Incrível como tudo na vida é sobre vcs, né, hominhos? IT'S NOT ABOUT YOU.

lola aronovich disse...

Gente, o comentário da mulher que usava um monte de métodos anticoncepcionais e engravidou é IRÔNICO. Sei que não ficou claro, mas depois a mesma comentarista (acho que ela assinou como Suzi) apareceu e falou outras bobeiras, e aí ficou mais claro que ela é uma das que acham que mulher que aborta deve apodrecer na cadeia e é pior que nazista.


Reitero o comentário da Anônima das 8:03 sobre o WOMEN ON WEB. Se tem alguém chegando aqui procurando ajuda, por favor, acesse este site de uma ONG. A ONG fornece o Cytotec por um preço muito mais em conta e oferece consultoria médica e psicológica. É uma ONG internacional que atua justamente nos países em que o aborto não é legalizado e, por isso, representa um grande risco à vida das mulheres pobres.

Fernanda disse...

Defendo que a vida seria mais simples se cada um cuidasse da sua vida. Ninguém é a favor do aborto, peloamore!!! Eu já fiz aborto, faria novamente e defendo que a lei nos garanta o direito de decidir. Se você tem religião que prega contra, não faça. Mas eu não tenho religião e outras várias mulheres têm religião e mesmo assim recorrerão à interrupção.
Não precisam debater não. É só cada um fazer o que achar melhor para sua vida e ponto final. Não quer fazer? Não faça! Mas não será por causa da sua opinião que iremos deixar de fazer o que for melhor para nossas vidas. O lema é: aborto - o Estado garante e a mulher decide!

Unknown disse...

incrível. 190 comentários e ninguém falou de vasectomia. Nem os homens!
Tenho uma sugestão para os homens que são contra o aborto: façam vasectomia. É rápido, junto com a camisinha é muito eficiente (mais que pilula) e pode ser revertido a qualquer momento.

Augusto Malaman disse...

Eu sou um homem, e encontrei nas palavras da mulher do depoimento a expressão de uma opinião que já tenho há tempos. Acho que o fato de eu ter 18 anos e conseguir entender os motivos femininos para o aborto e mesmo apoiá-los, pra mim principalmente sob a luz do planejamento da maternidade, mostra como o proibicionismo é obviamente baseado em préconceitos, fatores culturais e sociais presentes nas gerações anteriores. Tomo o depoimento como uma referência a ser apresentada em qualquer discussão sobre o assunto. Parabéns à blogueira pela decisão de publicar o texto.

Anônimo disse...

Ao Lucas:

Sou a Anônima das 13:56, e eu li todos os post DESDE O PRIMEIRO.
Eu estou fazendo ataques infantis e não leio? Quem parece que não leu todos os comentários foi vc, aliás, pq quem mais faz ataques aos outros e não lê são os dito "pró-vida", xingando quem apoia a legalização; cansa, msm com toda a informação disponível, que esse tipo de pessoa continue com a msm ladainha de "mimimi, é tudo vagabunda,dá pra todo mundo, morra, mimmimi". E o aborto segue ilegal e assassinando um grande número de mulheres (pobres, pq ricas escapam ilesas") e a msm palhaçada continua.
Não, não sou obrigada a ter paciência com quem insiste em dar uma de burro, aliás nem citei nomes,mas como diz mamãe, "se a carapuça serve..."

Quanto ao que falei dos pró-vida não olharem com a msm atenção a criança abandonada, chamo isso é de incoerência, Não vejo a msm preocupação com essas crianças. Uai, elas não são vidas?

Anônimo disse...

Lolla, vc ja viu isso:

http://silviokoerich.blogspot.com/2011/01/15-perguntas-que-as-feministas-nao.html

Acho que ninguem melhor do que vc para responder ;)

Amyr disse...

Lola, Walx e demais.

Primeiro, parabéns pelo relato. Mesmo anônimo, há que se ter um grande desprendimento para postar uma história pessoal sabendo que vai ser acossada por todos os lados.

Mas, meu comentário é uma pergunta:

Sou totalmente pró-legalização do aborto em quaisquer casos. Entretanto, tenho uma dúvida sobre o posicionamento das mulheres, principalmente as do movimento feminista sobre um ponto:

Os parceiros sempre são retratados como o ser ausente, que não ajuda, que não é agente. Porém, e quando esse parceiro é contra o aborto porque ele QUER ter a criança, pois ele QUER ser pai?

Como ficaria esse caso? O aborto ainda seria legítimo, ainda com a vontade de um dos geradores de ter aquele filho, de criá-lo etc.?

Ana Carolina disse...

Anônimo de 18:43

Tenho estômago forte para argumentações, mas esse post foi demais. Aliás, nem o post, mas os ocmentários dele. Me deu nojo, vontade de vomutar e tristeza profunda. Nossa luta vai longe ainda pra exterminar esse tipo de preconceito...

Anônimo disse...

Lola te fiz a seguinte questão:

Sei que estou postando anônimo, mas se puder me ORIENTAR LOLA.
Não sei se sou de direita ou de esquerda...
Lendo seu blogue fiquei mais confuso ainda.
Sou Realça/Direita ou Revolucionário/esquerda?
Veja só!
Sou contra o PLC 122: Reaça/Direita/malvado
Sou a favor dos direitos dos gays em igualdade com os heteros (casamento/adoção): Revolucionário/esquerda/bonzinho
Sou a favor do planejamento familiar feito com apoio do estado: Revolucionário/esquerda/bonzinho
Sou contra a legalização do aborto: Reaça/Direita/malvado
Sou a favor da força policial e penas mais duras: Reaça/Direita/malvado
Sou a favor dos direitos humanos para detentos: Revolucionário/esquerda/bonzinho
Sou a favor da propriedade privada: Reaça!
Sou a favor da reforma agrária: Revolucionário!
Votei no Lula: Revolucionário!
Não votei na Dilma: Reaça Machista!
(Como votei na Marina sou apenas um marinista bobão...)
Sou de Direita e malvado ou de esquerda e bonzinho?
Li em outro post seu que quem é de esquerda vê um marginal como vitima da sociedade.
Como assim o marginal é a vítima?
Tipo, dois caras no saidão de natal invadem minha casa, estupram e matam minha irmã que estava lá sozinha, roubam os bens de valor e fogem no carro da família. (e isso acontece muito no Brasil)
E eles são as vitímas?
Putz! Não da...
Não concordo...
Então sou reaça?

Tem uma resposta sua:

Sobre os BABACAS vindo aqui querendo que eu rotule vcs, opa, acho que acabei de fazer isso. Incrível como tudo na vida é sobre vcs, né, hominhos? IT'S NOT ABOUT YOU.

Essa é a sua resposta pra mim?

Anônimo disse...

Homem é responsável por pagar pensão a um bebê pois “a mulher não fez a criança sozinha”. Homem não tem voz no aborto de uma criança pois não é o “corpo dele”. Conveniente hã?

Anônimo disse...

o Estado garante e a mulher decide!
E o babaca do pai fica submisso a vontade dela...
Ta bom...

Bárbara disse...

Anônimo 18:50:

Acho que não adiantaria nadinha a Lola responder esse post, pois além de ele estar repleto de clichês e absurdos (ou até mesmo justamente por isso), o autor não parece disposto a refletir nem se informar melhor sobre o feminismo.

Ah, mas os comentaristas e seus comentários não ficam atrás, não! Alguns deles são tão grotescos que me fazem desconfiar de que seus autores tenham problemas psicológicos.

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