Você deve ter visto essa notícia assustadora que saiu em alguns jornais, porque várias pessoas a enviaram pra mim, ou perguntaram, “Você viu?”. Então: cinco professoras que haviam passado no concurso para lecionar em escolas de São Paulo (do Estado, não da cidade) foram reprovadas no exame médico. O que as cinco têm em comum? São gordas. O governador Alckmin disse que obesidade é doença (e, portanto, que o Estado agiu corretamente) mas que, se alguém sentir-se prejudicada (por que usar o tratamento masculino se todas as envolvidas são mulheres?), pode entrar com recurso. Parece que as cinco já entraram. Todas disseram estar com as taxas de colesterol boas. São jovens, têm cerca de 30 anos. Já davam aulas, e não costumavam faltar.
Antes que eu continue, quero lembrar que não foi uma discriminação contra gordos, mas contra gordas. Não estou dizendo que homens gordos não são discriminados (é claro que são, numa sociedade intolerante que acha por bem destratar qualquer um que esteja fora do padrão), apenas que as gordas são mais. Por um motivo simples: porque espera-se que uma mulher, acima de tudo, independente de sua profissão e de sua capacidade, seja bonita. E foi dito que só mulheres magras e jovens podem ser bonitas, e a gente acreditou. Pro homem, boa aparência física não é um pré-requisito pro sucesso. Pra mulher, é. Por isso que toda vez que alguém quer ofender uma mulher, a chamam de feia e/ou gorda. Você não costuma ver um homem ser insultado com “Seu feio!”. Não existe nem termo pra barango ou mocréio, né? Então.
Uma das professoras reprovadas no exame contou que o médico falou de sua aparência. Ele disse que ela estava deformando seu corpo. “Deformar o corpo”, além de ser um juízo de valor, não é algo associado à saúde. Se bem que hoje em dia o médico nem precisa fazer essa associação entre beleza e saúde. Ela já está feita. Ela impregna o ar. Gordas são pessoas doentes, infelizes, mal (ou nada) amadas, além de burras, por não quererem emagrecer (ha ha, você já conheceu alguma gorda que não tenha feito pelo menos mil dietas pra emagrecer?). E vão morrer já já. Outro dia morreu um integrante do Fat Family, aos 46 anos. Foi parar nos Trending Topics do Twitter, e lá descobrimos a causa de sua morte: ele era gordo. Pois é, só gordos morrem, você não sabia? Só gordos ficam doentes. Só gordos têm ataques cardíacos, diabetes, e colesterol alto. Os magros vivem pra sempre, sempre saudáveis. Por isso que todo mundo quer ser magro ― pra ser eterno!
Não sei como foram os exames que essas professoras tiveram de fazer. Eu, gorda, fiz uma série de exames médicos para poder ser admitida na universidade. Acho que foram quatorze, entre inúmeras especialidades (psiquiatra, dermatologista, neurologista, odontologista, oftalmologista), exame de sangue, raio x, um montão de coisa. Vários eu tive de fazer duas vezes, porque tinham perdido o prazo de validade (e acho que eles não podem verificar se a pessoa tem Aids ou se está grávida, porque isso seria considerado discriminatório, mas de resto...). Na época perguntei pro secretário do meu departamento na UFSC se era possível ser reprovado num exame médico. Ele disse que, em 25 anos de carreira, nunca viu. Aí eu fiquei mais aliviada.
Não que eu tenha algum tipo de doença, mas falhas todo mundo tem. O dentista me deu um certificado, apesar de dizer que eu teria de fazer (outro) tratamento. Só que não sei se você sabe como é. A ciência discrimina gordos, assim como, não faz muito tempo, era usada pra validar teorias misóginas, racistas e homofóbicas. Quando que as pessoas vão parar de acreditar nessa falácia que a ciência é neutra e objetiva, e não um produto do seu tempo? Médicos, que são seres humanos, discriminam gordos. Uma pesquisa americana revelou que uma enormidade de médicos e enfermeiras têm nojo de pacientes gordas (tem um blog que só fala de como gordas são mal atendidas por médicos). O tratamento a uma pessoa de quem um médico tem nojo não será exatamente igual àquele dado a alguém que um médico empatize, pois não? Outras pesquisas mostram que pessoas gordas têm menos acesso a serviços médicos. Muitas param de ir, porque cansam-se de ouvir o que já sabem ― que precisam emagrecer, até quando a consulta é pruma dor de ouvido.
Eu sou e fui gorda praticamente a minha vida toda, desde a minha puberdade, tirando uns sete anos em que fui magra porque tomava remédio que tirava o apetite. Eu não fazia exercício físico, mas também não comia quase nada, então emagreci (e foi o único método, entre tantos que testei, que surtiu efeito). Remédios que tiram o apetite não são considerados muito saudáveis, certo? Tudo bem. Felizmente, quando fui magra, ninguém estava preocupado com a minha saúde.
Fui professora e coordenadora acadêmica de uma escola de inglês durante oito anos. Eu era mais velha e muito mais gorda que quase todos os meus colegas. Mas nunca faltei a um dia de aula. O máximo que eu tinha era resfriado. Já meus colegas magros faltavam com uma certa frequência (e isso numa escola em que, se você não trabalhava, você não recebia!). No entanto, se eu fizesse um exame de saúde com os mesmos médicos que reprovaram as cinco professoras, eu provavelmente não passaria. E meus colegas magros, que ficavam muito mais doentes do que eu, seriam os contratados.
Lógico que essas professoras serão admitidas rapidamente, porque uma discriminação patente dessas não se sustenta (a OAB-SP já falou que é discriminação). Se quiserem, podem entrar com processo por danos morais. Mas é uma boa discussão sobre o tratamento que as gordas recebem numa sociedade obcecada pela magreza, magreza que foi rebatizada de saúde. Não há gordas na TV brasileira, mas há (poucos) gordos. Não creio que algum dia alguém pensou em não contratar Jô Soares. Fausto Silva, hoje, provavelmente está mais propenso a doenças decorrentes da cirurgia de estômago que fez (ainda por cima usando um método experimental!), do que se estivesse gordo.
Gordas ficam doentes. Gordas morrem. Magras também, desculpe contar o final. Ninguém seria gorda se pudesse. Assim como ninguém seria baixinho. Todo mundo aceita que não dá pra mudar de altura, mas que podemos modelar nosso peso, mesmo que você tenha toda uma carga genética que te fará engordar com extrema facilidade. Imagino que até seja possível para pessoas como eu, que tem exatamente o mesmo biotipo da minha mãe, não ter sobrepeso. Basta viver pra isso. Dedique quase toda a sua vida a contar calorias e fazer ginástica que talvez assim, com sorte, você não será gorda. Mas pode ser que nem todo mundo tenha os mesmos planos pra sua vida. Num mundo que preza tanto o individualismo, é estranho que não se tolere que algumas pessoas sejam gordas. Nos EUA existe um movimento chamado HAES – Health at Every Size (Saúde em Qualquer Tamanho), que prega que dá pra ser gorda e saudável, dá pra ser gorda e ser fisicamente ativa. Não é fácil ― pergunte pra gorda que frequenta academia como ela é tratada. Pergunte quantas vezes uma gorda que sai pra caminhar ou correr na rua ouve referências ao seu peso. Pergunte à gorda que quer fazer hidroginástica como é comprar um maiô. Pergunte a essas cinco professoras reprovadas na perícia médica se dá pra ser saudável com um sistema de saúde que automaticamente decide que você é doente por causa do peso. Pergunte a elas se conseguem ser saudáveis sem emprego. Ou não pergunte nada, e condene uma gorda à primeira vista.
Uma das professoras reprovadas no exame contou que o médico falou de sua aparência. Ele disse que ela estava deformando seu corpo. “Deformar o corpo”, além de ser um juízo de valor, não é algo associado à saúde. Se bem que hoje em dia o médico nem precisa fazer essa associação entre beleza e saúde. Ela já está feita. Ela impregna o ar. Gordas são pessoas doentes, infelizes, mal (ou nada) amadas, além de burras, por não quererem emagrecer (ha ha, você já conheceu alguma gorda que não tenha feito pelo menos mil dietas pra emagrecer?). E vão morrer já já. Outro dia morreu um integrante do Fat Family, aos 46 anos. Foi parar nos Trending Topics do Twitter, e lá descobrimos a causa de sua morte: ele era gordo. Pois é, só gordos morrem, você não sabia? Só gordos ficam doentes. Só gordos têm ataques cardíacos, diabetes, e colesterol alto. Os magros vivem pra sempre, sempre saudáveis. Por isso que todo mundo quer ser magro ― pra ser eterno!
Não sei como foram os exames que essas professoras tiveram de fazer. Eu, gorda, fiz uma série de exames médicos para poder ser admitida na universidade. Acho que foram quatorze, entre inúmeras especialidades (psiquiatra, dermatologista, neurologista, odontologista, oftalmologista), exame de sangue, raio x, um montão de coisa. Vários eu tive de fazer duas vezes, porque tinham perdido o prazo de validade (e acho que eles não podem verificar se a pessoa tem Aids ou se está grávida, porque isso seria considerado discriminatório, mas de resto...). Na época perguntei pro secretário do meu departamento na UFSC se era possível ser reprovado num exame médico. Ele disse que, em 25 anos de carreira, nunca viu. Aí eu fiquei mais aliviada.
Não que eu tenha algum tipo de doença, mas falhas todo mundo tem. O dentista me deu um certificado, apesar de dizer que eu teria de fazer (outro) tratamento. Só que não sei se você sabe como é. A ciência discrimina gordos, assim como, não faz muito tempo, era usada pra validar teorias misóginas, racistas e homofóbicas. Quando que as pessoas vão parar de acreditar nessa falácia que a ciência é neutra e objetiva, e não um produto do seu tempo? Médicos, que são seres humanos, discriminam gordos. Uma pesquisa americana revelou que uma enormidade de médicos e enfermeiras têm nojo de pacientes gordas (tem um blog que só fala de como gordas são mal atendidas por médicos). O tratamento a uma pessoa de quem um médico tem nojo não será exatamente igual àquele dado a alguém que um médico empatize, pois não? Outras pesquisas mostram que pessoas gordas têm menos acesso a serviços médicos. Muitas param de ir, porque cansam-se de ouvir o que já sabem ― que precisam emagrecer, até quando a consulta é pruma dor de ouvido.
Eu sou e fui gorda praticamente a minha vida toda, desde a minha puberdade, tirando uns sete anos em que fui magra porque tomava remédio que tirava o apetite. Eu não fazia exercício físico, mas também não comia quase nada, então emagreci (e foi o único método, entre tantos que testei, que surtiu efeito). Remédios que tiram o apetite não são considerados muito saudáveis, certo? Tudo bem. Felizmente, quando fui magra, ninguém estava preocupado com a minha saúde.
Fui professora e coordenadora acadêmica de uma escola de inglês durante oito anos. Eu era mais velha e muito mais gorda que quase todos os meus colegas. Mas nunca faltei a um dia de aula. O máximo que eu tinha era resfriado. Já meus colegas magros faltavam com uma certa frequência (e isso numa escola em que, se você não trabalhava, você não recebia!). No entanto, se eu fizesse um exame de saúde com os mesmos médicos que reprovaram as cinco professoras, eu provavelmente não passaria. E meus colegas magros, que ficavam muito mais doentes do que eu, seriam os contratados.
Lógico que essas professoras serão admitidas rapidamente, porque uma discriminação patente dessas não se sustenta (a OAB-SP já falou que é discriminação). Se quiserem, podem entrar com processo por danos morais. Mas é uma boa discussão sobre o tratamento que as gordas recebem numa sociedade obcecada pela magreza, magreza que foi rebatizada de saúde. Não há gordas na TV brasileira, mas há (poucos) gordos. Não creio que algum dia alguém pensou em não contratar Jô Soares. Fausto Silva, hoje, provavelmente está mais propenso a doenças decorrentes da cirurgia de estômago que fez (ainda por cima usando um método experimental!), do que se estivesse gordo.
Gordas ficam doentes. Gordas morrem. Magras também, desculpe contar o final. Ninguém seria gorda se pudesse. Assim como ninguém seria baixinho. Todo mundo aceita que não dá pra mudar de altura, mas que podemos modelar nosso peso, mesmo que você tenha toda uma carga genética que te fará engordar com extrema facilidade. Imagino que até seja possível para pessoas como eu, que tem exatamente o mesmo biotipo da minha mãe, não ter sobrepeso. Basta viver pra isso. Dedique quase toda a sua vida a contar calorias e fazer ginástica que talvez assim, com sorte, você não será gorda. Mas pode ser que nem todo mundo tenha os mesmos planos pra sua vida. Num mundo que preza tanto o individualismo, é estranho que não se tolere que algumas pessoas sejam gordas. Nos EUA existe um movimento chamado HAES – Health at Every Size (Saúde em Qualquer Tamanho), que prega que dá pra ser gorda e saudável, dá pra ser gorda e ser fisicamente ativa. Não é fácil ― pergunte pra gorda que frequenta academia como ela é tratada. Pergunte quantas vezes uma gorda que sai pra caminhar ou correr na rua ouve referências ao seu peso. Pergunte à gorda que quer fazer hidroginástica como é comprar um maiô. Pergunte a essas cinco professoras reprovadas na perícia médica se dá pra ser saudável com um sistema de saúde que automaticamente decide que você é doente por causa do peso. Pergunte a elas se conseguem ser saudáveis sem emprego. Ou não pergunte nada, e condene uma gorda à primeira vista.
81 comentários:
Tá, aí foi um preconceito muito feio mesmo. O que é q tem a ver a saúde delas com o cargo? Se ser gordo faz mal à saúde isso é problema delas. Reprovariam alguém que tem problemas cardíacos para o cargo de professor porque tem de lidar com jovens inquietos e indisciplinados o tempo todo?
Lola,
Sou gordo. Tenho 1,80m e peso 140 kg. Certa vez passei num concurso da ANP e fui reprovado no exame médico por ser gordo. Me disseram que o plano de saúde era muito estrito e não podia contratar quem tinha doenças pré-existentes ou quem tivesse potencial para desenvolver diabetes, cardiopatias etc.
Na época eu era muito novo e meio complexado com essa história de barriga, então fiquei achando que a culpa era minha, por não conseguir fechar a boca, por ser ansioso e tal. Mas hoje em dia eu penso: pô, gordo então não tem direito de ter um bom emprego? Não pode ter plano de saúde? Se eu não consigo emagrecer (e lá se vão quinze anos tentando), tenho que morrer em empreguinhos ruins? E quando (toc, toc, toc!!) a diabetes e as cardiopatias aparecerem mesmo, o que eu faço, fico sem plano de saúde?
Ainda faço concursos públicos hoje em dia e se mais uma avaliação me barrar, eu juro que meto um processo por discriminação em cima.
-Daniel Bezerra
Oi Lola,
Tivemos que fazer esse exames para participar da perícia no concurso de professor (esse da reportagem):
a.hemograma completo;
b.VHS;
c.glicemia de jejum;
d.PSA prostático – para homens acima de 40 anos de idade;
e.TGOTGP- Gama GT;
f.uréia e creatinina;
g.ácido úrico, urina tipo I e urucultura - se necessário;
h.ECG (eletrocardiograma), com Laudo;
i.Raio X de tórax, com Laudo;
j.Colposcopia e colpocitologia oncótica (mulheres acima de 25 anos ou com vida sexual ativa);
k.Laudo Mamografia e Ultrasonografia de mama, se necessário - Mulheres a partir de 40 anos;
l.Exame de Laringoscopia indireta ou Vídeo Laringoscopia com foto;
m.Audiometria Vocal e Tonal.
Se elas não apresentaram nenhuma alteração nesses exames, não há nenhum motivo para não assumirem (aliás, mesmo apresentando algumas alterações, não haveria problemas – embora algumas colegas tenham sido barradas na primeira perícia até por conta de infecção urinária, mas na segunda perícia passaram). Ora bolas, para barrar alguém a alteração teria que ser “incapacitante” da função não é?
Fato que obesidade gera predisposicao para doencas , mas isso de impedir somente porque sao gordas 'e clara discriminacao.
Uma pergunta : nao tinha nenhum professor gordo fazendo exames ? Estranho...
Concordo em partes com o Eduardo Marques, poxa, ficam tão preocupados com a fisionomia das professoras que esquecem de testar o que elas sabem. Como não faço faculdade (ainda estou no ensino médio) não sei se fazem estes exames para serem admitidas também para lecionar em escola pública, mas em 2009 muitas professoras que tive eram magras e não sabiam ensinar. Não acho que a magreza influa nisso, porque devem haver professoras com excesso de peso que também não lecionam bem, mas por acaso nunca tive uma professora assim.
Lola,
Concordo com o que você escreveu no seu texto, mas acho que no caso em questão o problema é mais amplo. Na realidade, não foram apenas as obesas que foram barradas por motivos absurdos. Eu tive tuberculose há 7 anos e o médico não me aprovou por causa disso. Há também alguns colegas homens que não foram aprovados por causa da obesidade. Outras pessoas foram barradas por causa da miopia, disseram que o óculos estava inadequado, mas era coisa insignificante (0,25 graus). E a lista pode ser alongada enormemente. A questão parece uma política deliberada para diminuir as licenças médicas que acontecem na rede, mas da pior maneira possível, como se fosse possível criar um prognóstico de possíveis licenças e barrar estes corpos mais fracos da seleção. Essa política não é recente, acabei de ler um texto no qual cita o caso de um professor obeso que fora barrado na seleção em 2009. Felizmente, ele conseguiu a aprovação através da justiça.
Leandro
Eu sou outra criatura que fui gorda durante boa parte da minha vida. Fui magra na primeira infância, mas sou da geração para quem os médicos diziam “criança bonita precisa ser gorda”. Mas a criancinha gorda bonitinha, e a ordem foi “dê tudo o que ela quiser comer”, logo vira a menina gorda e, portanto feia, que vai sofrer bullying.
Mas hoje, estou quase em paz comigo mesma (*vou comprar roupas sem me preocupar com o manequim, sei que não existe padronização mesmo, salvo para tornar as coisas cada vez menores para as mulheres*), quase, porque vivemos em um mundo de imagens e fica difícil convencer algum médico ou médica que meu colesterol alto é de família – todo mundo na minha casa tem, inclusive os magros, como meu pai. Mas, durante muito tempo, me a campanha foi intensa. Meu pai repetiu não sei quantas vezes desde a minha infância, como incentivo, claro, que queria que eu fosse “magra e bonita” como as minhas primas. Ser a primeira da minha turma, a primeira pessoa da família a entrar em uma universidade pública, a primeira da família a fazer mestrado e doutorado, não dar nenhuma dor de cabeça para eles, não bastava, porque eu não era “magra e bonita” e, também, “prendada” como outras meninas e moças. E havia a minha primeira ginecologista, que era a médica da minha mãe, também, uma figura esquálida e fumante inveterada, que me atormentava a cada consulta com nutricionista, porque eu era gorda e, logo, candidata ao caixão, e exame de sangue, porque tinha pavor de agulhas. E ela passou a me consultar aos 11 anos.
Curiosamente, quando tentava alguma dieta, meu pai era o grande sabotador. Ele comprava tudo o que eu gostava de mais calórico e enchia a geladeira. Mas eis que eu, teimosa, não persistente ou disciplinada, decidi comprar a briga... E emagreci quase 30 quilos comendo quase nada, sem ir ao nutricionista... A coisa chegou ao ponto de somente o cheiro dos alimentos me causarem saciedade. Fiquei mais de um ano sem comer chocolate... Daí, ele ficou desesperado, eu saí de uns 90 quilos para, no momento mais crítico, quase 60. Quando vejo relatos sobre anorexia, me reconheço neles, porque quase cheguei lá... QUASE mesmo, porque cheguei a baixar no hospital. As pessoas me perguntavam se estava doente... Meu pai nunca mais me atormentou. E eu não tenho mágoas, não, tenho a lembrança, porque lembrar é fundamental para não repetir erros.
Enfim, hoje eu provavelmente seria rejeitada pela Secretaria de Educação de São Paulo. Afinal, além de gorda, devo estar batendo perto dos 90 de novo, meu colesterol é alto. Mas discriminar gordos ainda é crime... ainda! Mas o pior dano é para a auto-estima. E, sim, as gordas são mais vulneráveis. E veja bem, não estou defendendo que gordura por gordura seja saudável, mas que existe a imposição de um padrão de beleza como sinônimo de saúde. É isso, foi somente um desabafo. :)
Pelo depoimento do Leandro, parece que a coisa é ainda mais grave que um discriminação a gordas e/ou gordos. Trata-se de um projeto de EUGENIA.
Heil!
Absurdo, total.
Claro que ninguem vai assumir a descriminação.
Ninguem é preconceituoso afinal.
Mas felizmente a historia veio a tona e existem mecanimos p/ a denuncia e tb p/ que elas garantam o direito ao trabalho.
ai, esse abuso me lembrou d qd eu virei servidora pública! pelo IMC, eu sou obesa mórbida. qd passei num concurso federal, fiquei com mto medo de ser barrada no teste físico pq obesidade é uma doença segundo a OMS. pesquisei e descobri q o IMC é questionado e ñ pode ser a única medida. como tds os meus exames são bons, tratei de perder uns 5kg rapidinho só pra sair da faixa da morbidez e, em td caso, estava pronta pra entrar c/ recurso se me barrassem por IMC. durante o exame, perguntei se era prob ser obesa, e o médico, com uma carinha de nojo (impressão?) diante do meu corpo seminu, disse q "pra sua função, não".
foi coisa de 2 meses tensa. assim q fui aprovada, engordei td e mais um pouco de novo. obviamente, nada saudável. hj sou elogiada no trab por todos, colegas e chefe, pq sou muito produtiva (os colegas até brincam q sou produtiva demais, kkk). o meu cargo inclui, entre outras coisas, lecionar. e aí?
acho q vc tocou num ponto impt, lola: faltas. era interessante ver a média de dispensa médica dos servidores públicos (e incluir aquelas dispensas "de boca", aquelas q a pessoa pede pra chegar mais tarde no trab ou sair + cedo por conta de consulta). te garanto q os gordinhos não estariam acima.
aliás, e se a pessoa engorda depois do período de estágio? vamos ameaçar a estabilidade dos servidores tb? é obeso, abre uma sindicância e demite?
o q entender do estado de SP ao juntar esta notícia q vc deu, lola, com esta, de q sobraram 780 vagas em concurso de prof do msm estado (por outro motivo)?
http://g1.globo.com/concursos-e-emprego/noticia/2011/01/sobram-780-vagas-em-concurso-para-professor-em-sao-paulo.html
eita, parece q eles não querem professor!
O pior eh que hoje em dia a discriminacao nao eh apenas com quem eh obeso, mas com qualquer pessoa que esteja um pouco acima do "ideal". Aconteceu comigo na semana passada. Eu nao sei nadar (tive um trauma na infancia) e agora decidi que quero aprender. Fui a uma escola de natacao e durante a avaliacao fisica (que eh obrigatoria) a fisioterapeuta me fez varias perguntas dentre elas "Quantos quilos voce quer emagrecer?" Eu respondi que nao queria emagrecer, que meu objetivo era aprender a nadar, mas ela insistiu que eu precisava perder 5 quilos e que havia exercicios de natacao especificos para isto. Mediu meu corpo inteiro, disse que eu tinha muita gordura localizada e que iria passar o resultado da avaliacao para os intrutores montarem um programa de exercicios para mim. Bem, eu realmente estou 5 quilos a mais do que "deveria", mas nao estou nem ai para eles. Eu quero aprender a nadar! Mas nao, seu um gordo vai praticar esportes nao eh para aprender algo, se socializar, se divertir, mas sim emagrecer.
se a OAB/SP falou apenas em dano moral, então eu discordo.
Vejo aí dano material também:lucro cessante.
O complicado é que me lembro do teste,mas esqeuci a fonte, não há meio de me lembrar onde vi...mas era mais ou menos assim: a mesma aula, dada pela mesma professora, para salas diferentes.
Em uma das aulas ela ia sem produção, na outra, ia toda arrumadérrima. Nqa avaliação,um número consuderável de alunos apontou que UMA das aulas era incrivelmente superior.
Adivinha qual?
Tive um colega de turma na Aeronáutica que pretendia seguir carreira, mas ele foi avisado que não poderia subir da maneira normal (sendo S1, depois Cabo, pra depois virar Sargento), seria barrado no concurso para cabo porque tinha alguns graus de miopia num dos olhos. MAS, ele poderia fazer direto o concurso pra sargento, onde isso não era problema. Pode uma coisa dessas? Quem tem graus de miopia não pode ser cabo, mas pode ser sargento, que tem mais atribuições e responsabilidades que um cabo. Esse colega era gordo, mas na educação física deixava metade dos magros comendo poeira.
O resumo da opera ja foi cantado por ai: eugenia. Alias, a eugenia nazista comecou com uma campanha publica que explicava quantos gastos do Estado poderiam ser melhor canalizados, isto e, para as pessoas saudaveis, se menos "doentes" existissem.
Lola minha mãe costuma dizer que a primeira coisa que os médicos fazem quando notam que o paciente está acima do peso mesmo que pouco é mandar emagrecer antes mesmo de saber se o que a pessoa tem está relacionado com o excesso de peso ela teve depressão e engordou um pouco uns oito quilos e pra ela que é magra não fez muita diferença ficou bem um ano assim e os médicos nem olhavam direito os exames e já avisavam tem que emagrecer aff.
É um absurdo discriminarem essas professoras por serem gordas noto que é uma tendência atual a gordofobia, sério muitas pessoas olham para os obesos com nojo e recriminações , lembro que meu professor de sociologia costumava discutir sobre a discriminação contra pessoas gordas ele falava que só agora era que se estava notando que o gordo também precisa se divertir indo ao cinema, teatro e que precisa usar o transporte coletivo quantos de nós já foi em um cinema com poltronas para pessoas obesas e ônibus nem se fala, pra ser sincera quase não vejo pessoas obesas andando de õnibus, nem frequentando cinemas pq será (?) aqui em Brasília só sei de um cinema com poltronas especiais e não é o que costumo frequentar, que não tem de jeito algum de alguém obeso sentar pq os braços das poltronas não levantam.
Existe um projeto de lei para que seja obrigatorio acentos para pessoas obesas em ônibus,aviões, trens mas imagino que isso só vai existir daqui uns oito anos no minímo e enquanto isso os obesos devem tem carros ou pagar duas passagens em Ônibus de viagens e aviões.
Tô besta com essa notícia. Só sabe do preconceito quem vive. Negros, judeus, gordas, baixinhos etc. Ser gordo não impede o professor ou professora de ter extrema capacidade intelectual pra dar uma aula, nénão. Gosto da ideia de que dá pra ser gordinha, saudável e bonita.
Lola, que estranho voce ter feito exames neurologicos, dentários e psiquiatricos para ser admitida numa universidade federal...
Meu companheiro foi admitido UFPE ano passado como professor e os unicos exames que ele fez foram o cardiologico, o de urina e o de sangue. Como meu companheiro tem uma aparencia bem saudavel, malha todo dia e tal, o médico do trabalho da universidade mal olhou os exames.
Será que cada instituicao tem criterios diferentes?
Vi que alguém alegou que obesidade predispõe a certas doenças... Não sei se isso é verdade, muitas doenças que os obesos desenvolvem a meu ver são culpa do sedentarismo ou da falta de monitoramento médico, e o preconceito social afasta os obesos de exercícios e tb de médicos... A única implicação que eu considero real da obesidade são os problemas ortopédicos, tornozelo e joelho, as demais são decorrentes de estilo de vida socialmente imposto aos obesos.
Já o câncer de mama tem forte componente genético. Provado. Minha mãe morreu de câncer de mama. Vou ter que fazer um exame do gene XPTO para provar se vou ou não desenvolver câncer de mama para poder passar em algum concurso??? Todo mundo ficaria indignado com isso, não?
É, ser gordo não é fácil!
Bjs,
Anália
Lola, eu tô grávida de 8 meses e engordei 13 quilos até agora (tô na média). Com 5 meses de gravidez comprar roupa já virou um inferno. Eu sou alta e grande e mesmo em lojas especializadas em roupa pra grávida eu PENEI pra encontrar sutiãs de amamentação e roupas GG ou XLG.
Parece que só adolescente de 15 anos engravida, ou que só existem mulheres tamanho P no mundo, eu fico doida com isso!
Passei por essa situação do maiô de hidroginástica, tive de provar mais de dez peças e só tinha até GG, só existe UM modelo de maiô para grávidas e ele vai até... G!
Não sei em que ponto do caminho importamos essa cultura absurda da magreza dos americanos, mas as coisas têm piorado ao longo dos anos. Há doze anos atrás eu não tive esses problemas quando estava grávida do meu primeiro filho. Dá para sentir a diferença na pele, sabe?
Minha mãe é gorda e a vida inteira foi chamada de gostosa. Alguém com o corpo dela hoje em dia é "doente". Eu só espero poder ensinar pra minha filha depois que ela nascer que foda-se o que os outros pensam do corpo dela, o importante é ela se amar como ela for ser.
Quando passei em um concurso público dois anos atrás, tive que ouvir do médico, que carregava um sorrisinho irônico, que APESAR (muito bem destacado) do meu excesso de peso, meus exames estavam ótimos. Claro que fui aprovada no exame médico, afinal é necessário uma admnistração com tendências nazistas para reprovar alguém só pelo fato de estar acima do peso ideal. Mas como fui trabalhar na área da saúde ficou muito óbvio para mim que médicos discriminam gordos. Tudo é culpa da obesidade. Uma endocrinologista me disse que "não podia fazer nada por mim", pois eu não tinha nenhum problema metábolico. Até hoje não sei se ela disse isso por me considerar "um caso perdido", ou se ela quis dizer "feche a boca e deixe de ser preguiçosa, vá malhar".
E só para esclarecer, em dois anos no serviço público, e mais 12 anos trabalhando antes disso, eu nunca faltei ao trabalho por ficar doente.
Anália,
Dei uma perguntada aqui em casa (tem médicos na família) como que funciona a predisposição a doenças dos obesos. E a resposta foi mais ou menos essa (não anotei só decorei, então talvez tenha imprecisões): se a pessoa tem mta gordura, principalmente abdominal, ela (a gordura) funciona como um "órgão" extra, desregulando seu balanço metabólico, logo a pessoa fica mto mais propensa a ter colesterol, triglicerides, etc. alterados. Existem casos de obesos saudáveis do ponto de vista cardiológico, mas nesses casos, o componente genético é determinante. Pausa para citar o caso de uma paciente de 82 anos com 1,50m e 90kg que tem um coração saudável e que cuida da mãe de 104 (!).
O resumo, vc consegue ser saudável sendo gordo, mas isso não é o mais comum, principalmente a partir dos 40 anos, em que o controle do colesterol, etc. se torna bem mais difícil.
Essa explicação toda foi pra obesos e sob o ponto de vista cardiológico apenas. Estar muito acima do peso tb é ruim ortopedicamente, por exemplo (como vc falou na sua msg).
Agora, ter um leve sobrepeso não impacta tanto assim. Inclusive é provável que um cara levemente acima do peso mas que faça exercícios leves frequentes, coma alimentos saudáveis, etc. viva mais tempo que um atleta de ponta que exige mto do próprio corpo.
Agora minha opinião pessoal é que um médico que manda uma pessoa emagrecer está certo, já que ele tem em mente que essa pessoa terá uma menor probabilidade de desenvolver doenças se estiver magra. Dá pra culpar o médico por falar isso?
Mas obviamente tratar com nojo ou como se o paciente fosse um sub humano é claramente errado.
Sou obesa mórbida, na verdade acabei de sair dessa faixa. Fiz a cirurgia bariátrica há 2 meses e já perdi mais de 20kgs, e ainda quero perder ao menos 40kgs. Espero que essas mulheres não entrem com recurso apenas para serem aprovadas no concurso, espero que elas peçam indenização também. Já percebi diferença no modo que as pessoas me olham, mesmo tendo perdido apenas 20kgs, e ao contrário do que todos imaginam, eu não fico feliz com essas manifestações de "aceitação e aprovação", pelo contrário, sinto nojo.
Lola,
eu sou magra e portanto "pertenco ao mundo das magras" e queria dizer que este tipo de discussao que voce abre aqui nao eh so importante para quem eh obviamente mais atingido, quer dizer, quem eh considerado acima do peso, mas para quem nao eh tambem. Confesso que seria dificil para mim me conscientizer das grandes injusticas que sao cometidas em nome da saude e da estetica se nao fossem blogs como o seu. Assim como os homens sao parte do problema das mulheres, os "magros" sao parte do problema dos "gordos"
abraco.
O cigarro causa doenças graves aos fumantes. Isso já foi demonstrado e é conhecido por todos. Também há predisposição genética ao vício, fumantes que vão ter dificuldade e não vão conseguir largá-lo. E fumantes são bastante discriminados.
A discriminação não é exclusiva da obesidade, claro, o ser humano tem uma grande dificuldade em aceitar os outros.
Alessandro, o problema com os fumantes é que eles incomodam e prejudicam quem está por perto. Ninguém deveria ser obrigado a agüentar fedor de cigarro, mas isso acontece muitas vezes. Fumantes não sentem porque eles já não têm mais olfato, mas cheiro ruim de cigarro incomoda muito quem não é fumante.
Já fiz inimigos me recusando a trabalhar do lado de quem fuma (mesmo sendo proibido, conheço muitos fumantes que fumam trabalhando quando o chefe não tá por perto). Não foi exatamente por me recusar a trabalhar do lado deles enquanto tivesse fumaça por ali, mas sim porque eu saindo de perto o chefe via de longe que algo estava errado por ali e ia lá perguntar por que, daí ele era obrigado a apagar. Pra mim se alguém trabalha fumando é assunto entre esse alguém e a empresa, desde que eu não tenha que ficar perto respirando aquela podridão. Também sou contra cagüetar colegas, não faço isso nem em casos mais graves como roubo, mas não vou ficar por perto respirando aquilo só pra ajudar a acobertar o que alguém faz.
Se eu fosse empregador, fumar ou não seria um fator determinante na hora de contratar. Porque mais da metade dos fumantes fazem intervalos clandestinos para fumar, e esses ainda são os melhores, porque fumam longe dos colegas de trabalho.
Se fumantes querem apodrecer os pulmões o problema é deles, mas ninguém mais deve ser obrigado a respirar aquela podridão que eles exalam. Considero fumar perto de alguém um gesto mais porco que peidar perto de alguém, porque flatulência não causa danos à saúde de quem respira.
Lolinha, ótimo texto, como sempre. Mas vim pra falar de outra coisa:
http://www.conversaafiada.com.br/pig/2011/02/05/prates-da-fox-americana-ataca-dilma/
Eu quase caí da cadeira quando li o que é o pesadelo comunista para um americano consevador: "direitos a trabalho, descanso, lazer, proteção à saúde, cuidados aos idosos, aos doentes, moradia, educação, benefícios culturais."
Claro, porque o legal é deixar todo mundo à mercê da própria sorte (e das desigualdes de um sistem econômico cruel como o nosso).
Seria interessante ler sua opinião sobre esse cara. Afinal, se a Dilma está sendo criticada pela Fox News, é porque ela está fazendo algo correto.
Beijos
Uma amiga que trabalhava em escolas particulares contou que certa vez foi chamada para uma reunião e chegando lá só tinha professoras consideradas 'mais cheinhas' e era essa a pauta da reunião, 'a linha'. Segundo ela - que não trabalha mais para essa escola - a diretora disse:
"Quem não tem controle sobre o próprio corpo vai conseguir controlar uma sala de aula?"
Porque boa parte do trabalho era esse 'controlar'.
E controle sobre o corpo o caramba, minha amiga tem uma estrutura que não lhe permitiria jamais estar dentro do 'padrão', ela tem os ombros largos, seios fartos. Seria preciso mudá-la completamente. O mais engraçado é que já vi até mesmo a mãe dela enchendo a paciência por conta do peso sendo que ela tem a mesma estrutura da mãe. E minha amiga tem uma saúde de ferro, está longe de ser obesa, só tem um corpo diferente do que se vê na tv e nas revistas.
Citando um exemplo de uma professora gorda:
Tive uma professora gorda no Ensino Médio (acho que devia ter uns 90 kilos). Entre as mulheres, ela era a melhor: aula de qualidade (Espanhol), divertida (frequentemente fazia piadas sobre o proprio peso), simpática. Era uma professora muito querida e respeitada pelos alunos.
Todas as gordinhas que conheco sao ótimas pessoas, e tive professoras gordas e muito competentes, muito melhores e mais atenciosas que as outras mais magras...
O triste que eu percebi é que as gordinhas que conheco que emagreceram muito ficaram insuportáveis, inclusive uma professora que fez cirurgia do estomago e perdeu uns 40 Kg. Ela ficou chata e as suas aulas ficaram muito ruins. Como é que pode?
Nao tenho explicacao para isso, e nem quero generalizar, me desculpem as ex-gordinhas que continuam gente boa!
Eu nao sei se posso me chamar de gorda, mas escuto isso sempre da minha mae (fitness-freak), mas olha, vou falar, me sinto muito melhor e mais feliz do que quando era magra... Prefiro ser gorda e feliz que magra e amarga. Pronto, falei!
Há pouco tempo vi na tv um exemplo de discriminação com gordos. Um rapaz deixou de ser atendido em uma auto-escola porque segundo a mesma, a moto não aguentaria o peso dele.
Só que no caso desse rapaz, ele era obeso mórbido, realmente tinha muitos quilos a mais. Não que se justifique o preconceito, mas acho que pra um homem realmente sofrer preconceito só se ele realmente for obeso e não apenas gorda, gordinha ou talvez apenas cheinha ou magra que não tem a barriga chapada, como no caso de mulheres.
Eu entendo todo o motivo da postagem mas, há de se dizer, os concursos andam muito pouco idôneos. Há uns anos eu vi um rapaz reprovado na Petrobrás (para administração) por estar ABAIXO do peso DOIS QUILINHOS. O médico o considerou inapto para trabalhar na empresa. Que???
A questão é muito simples. Ao contrario de épocas passadss que gordura era sinal de saúde (se dizia "ele está saudavel, bonito, gooordo!") hoje em dia ser gordo está fora de moda. Só isso.
Eu era magra (mais ou menos) até uns 5 anos atrás, quando engravidei. Nunca mais voltei ao peso de antes - e olha que tentei. As pessoas dizem que relaxei, que não gosto mais de mim e outras barbaridades. Mas o pior foi o tratamento durante a gravidez. Sim, é verdade que gordas são maltratadas por médicos. Médicos reclamavam na hora de fazer ultrassonografia, enfermeiras praticamente me xingavam para fazer exame de sangue e na hora do parto ouvi gracinhas sobre a camada de gordura na barriga - uma enfermeira até disse para o médico cortar fora. Eu posso falar com todas as letras, porque vi os dois lados: gordas são discriminadas sim.
Se eu fosse gorda e fosse reprovada no ex . admissional por essa razão, entraria com processo por danos morais, sim!!! quer discriminação pior do que essa??
Lola, posso falar um pouco sobre a TV pq sou aluna de teatro. A professora é gordinha e disse que TODOS em teatro são bonitos: os gordos, os magros, oa altos, os baixos, que em teatro não existe gente bonita ou feia, que isso é padrão de TV/ cinema. Mas em teatro a cosia muda de figura.
Fizemos um exercício onde TODOS tiveram que
participar- e uma aluna, não queria por ser gorda e ter vergonha.A professora, eu e tds os outros incentivamos a moça a participar, no fim ela conseguiu fazer o exercício e ficou super feliz:))
Sou médica e acho absurdo qqer colega meu discriminar um ser humano por obesidade. Nunca tive ' nojo' de ninguem.Agora, se a pessoa( ELA MESMA) RECLAMA DO PESO, daí como médica não posso manda-la ' desencanar ' e 'ficar bem assim'... se a pessoa reclama " meu diabetes, minha pressão não abaixam mesmo tomando remédios, PQ , DRA?? RESPOSTA: pq não basta o remedio sem fazer dieta e ativ. fisica. Não existe milagre em medicina. Agora, se a pessoa não reclamar, e estiver bem consigo mesma, com sua saúde, tem mais é que ser feliz...
ps: nem eu sou padrão de beleza nos moldes ' globais'... já fui magrela( sempre quadril largo), e meu manequim de calça era 42, hj está 44... pros moldes ' globais ' de beleza, sou feia... mas pra td mundo que me conhece, estou bem, então... dane- se a globo... srsrr( quero perder peso por mim, mas não pq a globo diz que estou feia)... bjs
Tenho percebido nestes últimos anos que pessoas gordas não tem mas direito a diagnóstico.
Sofro de pressão alta desde a adolescência quando ainda era magro.
Engordei muito desde então, mas a partir de um certo peso o diagnóstico sempre foi a obesidade. Ainda bem que minhas do coração estão desobstruídas, pois teria um enfarto e a causa seria a obesidade.
Fico a imaginar como deve ser a vida de uma mulher, gorda, homossexual, míope e negra. Mais um pouco e será surrada na rua pelos molas da elegância.
Em menor proporção, também há discriminação contra homens gordos. Vide torcedores do Corinthians que picharam "Ronaldo gordo sem vergonha" nas paredes do clube depois da derrota para um jogo.
A cirurgia do Faustão é um bom exemplo do mau que ela pode causar. Não só pra saúde: ele vive num mau humor que o faz destratar funcionários do programa e pessoas do auditório ao vivo na TV.
Quando vejo alguém destilar preconceitos contra fumantes, agora com obesos como o tal Koppe, só posso dizer uma coisa : o seu dia também vai chegar, quem é modelo de perfeição ? Leia Maiakovsky cara. Sou fumante e o que todos queremos é apenas um local para ficarmos em paz, não pedimos compania sua. Quanto à esta desculpa esfarrapada sobre saída durante o trabalho para dar uma pitada, já foi provado que é o mesmo tempo improdutivo de qualquer funcionário que vai tomar café, fica na internet etc. Esta não colou.
Só uma correção: os jornais falam de um professor que foi barrado pelo mesmo motivo em 2007, já me falaram de casos com homens no concurso de agente de organização escolar.
Só que na Secretaria de Educação de SP mulheres são maioria, coisa como oito de cada dez funcionários.
Será que é tão diferente assim, Koppe? Eu sou a favor das pessoas criarem meios para aceitarem mais os outros - então sou contra o preconceito tanto contra fumantes quanto obesos ou contra muitos outros grupos de pessoas que desviam um pouco da "norma".
Se o fumante incomoda você e um grande número de outras pessoas, por outro lado não podemos tolher a sua liberdade, permitida por lei, de fumar. Tem que existir regras que façam com que os dois lados consigam conviver em harmonia.
O obeso pode incomodar outras pessoas em lugares apertados, aviões na classe econômica, e outras situações. O ideal é que não existissem esses lugares apertados. Assim como os muito altos precisam abaixar para entrar em certos lugares. Já os portadores de necessidades especiais possuem hoje mais acessibilidade, e podem trabalhar e sair às ruas com mais segurança, embora muito tenha que evoluir.
Alguns obesos têm tanta dificuldade para emagrecer quanto um magro ganhar massa muscular (e ficar fortão) sem anabolizantes ou suplementos. É uma luta difícil, que exige esforço, alimentação regada, tempo e dedicação. Não se pode obrigar um grupo a seguir por esse caminho, embora muitos o sigam voluntariamente.
Também sou contra tolher a liberdade de quem fuma. De preferência, que eles tenham essa liberdade bem longe de quem não fuma, com lugares seguros e cobertos, bem limpos e confortáveis, pra fumarem à vontade, e até as empresas distribuam cigarros pra eles, por que não? Como eu disse, problema entre eles e a empresa, eu fora, por mim eles podem ficar o dia inteiro no fumódromo. Se um fumante respeita as outras pessoas e não chega fumando perto dos outros (ou mesmo se não se preocupa se a gente sai de perto da fumaça) não há problema algum. Só que no ramo em que eu trabalho isso não acontece, grande parte dos fumantes não respeita o espaço dos não-fumantes e querem pitar enquanto trabalham, e ainda ficam brabos se a gente sai de perto e deixa eles trabalhando solitos. Então meu problema com os fumantes não é preconceito, mas "pós-conceito", criado depois de anos de convivência difícil. Será que não ser obrigado a respirar fumaça de cigarro alheio é pedir demais?
O governo de SP se mostra desprezível sob todos os aspectos.
Eles criaram um ambiente escolar (através daquilo que acreditam ser a educação continuada e de um desleixo total ao ensino) onde o professor tem de suportar um nivel de stress muito elevado.
Como resultado o número de licenças médicas é impressionante. O que eles não revelam é que a maior parte é por stress e depressão.
Quando o Alckmin foi eleito eu cheguei a me iludir que talvez as coisas mudassem. Estão mudando pra pior. O mesmo modelo burro de ensino, o mesmo desprezo pelo professor (que na maior parte da rede é temporário, leia-se descartável).
Olha, dá vontade de chorar com o conhecimento que os alunos concluintes do ensino médio demonstram.
A fórmula : densidade populacional+baixa tolerência+políticos oportunistas, está em alta. Fico abismado ao ver que uma população majoritária, queira de forma inconstitucional, impor sua vontade contra grupos minoritários, através de governantes inexcrupulosos como o Sr. Serra, Alckimin , entre outros.
Volto a repetir sr. Koppe, vamos fazer um exercício de filosofia : num mundo de maioria fumante, todo aquele que tivesse "hipersensibilidade" à fumaça do cigarro, seria considerado uma pessoa doente (no final das contas isto é uma verdade não é mesmo?) e a mesma seria considerada inconveniente e seria alvo de preconceitos, sendo obrigada a se retirar dos locais normais, ser agredida pelos "leões de chácara" contratados pelos fumantes e ser obrigado a ouvir a famosa frase : os incomodados que se mudem.
Num mundo de obesos o mesmo ocorreria com magros, seriam considerados doentes e anormais, motivo de galhofas e mesmo de sentimentos de comisereção com o infeliz magricelo.
Saudações fraternais. Seja preconceituoso contra obesos, fumantes e outras coisas que te causam desconforto, nos sites de direita e de apoio ao PSDB=DEM.
Seria cômico se não fosse trágico. Ser professor no Estado de São Paulo significa ganhar menos que os professores do Estado do Acre. Isso mesmo, aquele estado bem menor e com um PIB idem. O salário é ridículo. Os municípios, em geral, pagam mais. Ninguém mais quer ser professor do Estado, a não ser os que estão há muito tempo ou os que ainda não passaram em outro concurso. Na minha escola (município de Campinas), tem professoras que dão aula no Estado há mais de 20 anos e as professoras em início de carreira da prefeitura ganham mais que o salário delas no Estado. É pra chorar na pia.
Aliás, segundo uma comparação de *salários de professores estaduais, realizada pelo sindicato APEOC, publicada em 11/01/2010, São Paulo está em décimo primeiro lugar ($1.834,86), o Acre ($2.234,38) em sexto e o primeiro lugar é do Distrito Federal ($3.227,87), seguido pelo Estado do Maranhão ($2.810,36).
* referente à 40h.
http://www.apeoc.org.br/extra/pesquisa.salarial.apeoc.pdf
Eu admito que foi graças a esse blog que eu comecei a diminuir meu preconceito com gord@s. Veja bem, mesmo eu sendo gay e sofrendo preconceito, o mundo gay dá um valor enorme a estética e a beleza e muitos, infelizmente, estão presos nessa bolha. Graças a Deus eu estou cada vez mais me distanciando dessa bolha e vejam só, ultimamente estou super afim de um gordinho!
É eugenia sim.
É protofacismo sim.
A gente não se dá conta no dia a dia, essas pequenas "convicções" vão se infiltrando no senso comum, vão gerando exclusão infundada, práticas descabidas, absurdos.
Um belo dia, todos se surpreendem com algo inimaginável acontecendo. Um rodeio de gordas, por exemplo.
Pior - há quem não se surpreenda e ache graça.
Hector insinua duas vezes que tenho preconceito com obesos. Ou ele não sabe interpretar o que lê, ou ele usa de má-fé querendo associar duas coisas diferentes: rejeição à fumaça, e discriminação contra pessoas obesas. Volto a dizer que a princípio não tenho nada contra fumantes, desde que eu não tenha que ficar perto deles enquanto estejam fumando. Por mim, se quiserem transformar até o meu ambiente de trabalho em fumódromo que façam isso, mas não esperem que eu fique por ali.
Quanto a discriminar obesos, não faço isso e nem poderia, meu irmão é gordo, minha família tem muitas pessoas acima do peso, já tive namorada gorda e eu próprio não sou nenhum modelo de magreza. Gostaria de saber se em alguma letra em algum comentário desse post (ou em qualquer outro que eu já tenha comentado) existe discriminação contra obesos, porque até o Hector me provar isso eu vou ficar achando que ele está vendo coisas que não existem e/ou misturando coisas pra reforçar seus argumentos pró-cigarro, juntando uma coisa que todos aqui consideram errado (discriminação contra obesos) com uma coisa que só ele considera errado (rejeição à fumaça de cigarro), para que a rejeição das pessoas ao primeiro caso possa reforçar o argumento dele no segundo caso.
Quanto a expressar preconceitos em sites de direita, olha só que coisa, um dos mais notórios defensores dos direitos dos tabagistas é exatamente o site Mídia Sem Máscara, quase um QG dos direitistas na internet brasileira. Mais uma vez ele provou que não sabe direito do que está falando...
Como contei no meu comentário no guest post sobre "roupas feitas pra gordas felizes", eu posso dizer por experiência própria que magreza não significa necessariamente saúde. Pois eu perdi mais de 10 quilos em 4 meses de trabalho quase escravo num navio de cruzeiro. O problema é que eu sempre tinha infecção intestinal, tonteira, fraqueza e até fui internada com uma crise aguda de hipoglicemia, tudo isso por ter perdido muito peso em pouco tempo. Mas é claro que todo mundo me elogiou quando voltei pra casa mas agora que recuperei o peso original, as pessoas me chamam de "relaxada". Pois eu prefiro isso do que ser uma escrava magra.
Conheço várias pessoas magras que sofrem com problemas "típicos de pessoas gordas", como a sociedade ensina: pressão alta, diabetes, colesterol alto, etc etc. Ao mesmo tempo, conheço pessoas gordas que não têm nada disso. Cada pessoa é uma pessoa, cada caso é um caso e o que determina a forma do seu corpo e como vc vai emagrecer ou engordar são suas tendências genéticas. As pessoas têm predisposições genéticas diferentes, por isso é inútil querer colocar todo mundo num padrão e mascarar isso num discurso pró-saúde que nada mais é do que uma tentativa de nos moldar a seguir o modelo dominante.
Só pra constar: professores miopes também foram reprovados: http://www.dihitt.com.br/barra/professores-miopes-tambem-dizem-que-foram-barrados-pelo-governo-de-sp
Hector,
"todo aquele que tivesse 'hipersensibilidade' à fumaça do cigarro, seria (...) considerada inconveniente e seria alvo de preconceitos, sendo obrigada a se retirar dos locais normais, (...) e ser obrigado a ouvir a famosa frase: os incomodados que se mudem."
Ué, mas não era exatamente assim que nós éramos tratados. Deixei de ir ao Lamas aqui no Rio por causa disso.
E existe uma diferença muito grande entre uma coisa e outra. Uma coisa é me obrigar a ser fumante passiva. Agora, nós, gordinhas e gordinhos não fazemos mal a ninguém, no máximo a nós mesmos.
PS: os fumantes também foram barrados nesse concurso?
Pois para mim ficou bem claro que o Sr. Koppe tem preconceitos contra fumantes : "Se eu fosse empregador, fumar ou não seria um fator determinante na hora de contratar. Porque mais da metade dos fumantes fazem intervalos clandestinos para fumar".
Não coloque palavras em minha boca, que lê e não entende é o Sr., não disse que no seu caso existia preconceitos também contra obesos e sim que o preconceito agora se estendeu à bola da vez (obesos). Talvez justamente por sentires que não é uma perfeição em ser "esbelto", queiras aparecer "bonito na foto" em um texto que fala sobre preconceitos contra obesidade. Mas no fundo é tudo igual: se não me diz respeito é justo.
Outro texto para refletir :
"Primeiro levaram os judeus,
Mas não falei, por não ser judeu.
Depois, perseguiram os comunistas,
Nada disse então, por não ser comunista,
Em seguida, castigaram os sindicalistas
Decidi não falar, porque não sou sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos,
Também me calei, por ser protestante.
Então, um dia, vieram buscar-me.
Mas, por essa altura, já não restava nenhuma voz,
Que, em meu nome, se fizesse ouvir.
[Poema de Martin Niemoller]"
Muitas pessoas se calam ao ver injustiças, outras vão além e apoiam medidas injustas.
Encerro por aqui minha discussão, tudo está bem claro para mim, inclusive sua postura, ao ser desmascarado.
Eneida, leia de novo e perceba que eu disse em uma sociedade hipotética. Quanto ao fato de vc. deixar de ir a um local que não te fazia bem, nada mais justos. Mas pense, que tal um ambiente onde o proprietário tenha o direito de admitir fumantes e não fumantes como quiser, e as pessoas estarem cientes disto e frequentarem o que mais lhes convém ?? Outra coisa que passou desapercebido por você é justamente a extensão do preconceito contra obesos : começaram a inventar coisas do tipo obeso passivo, que eles incomodam sim em onibus, que eles consomem mais recursos naturais e encarecem o sistema de saúde. Percebeu o perigo ??? Foi exatamente assim que os anti-tabagistas convenceram a imprensa, políticos oportunistas e a população que sempre diz amém a tudo que lê.
Hector, cigarro faz mal ao fumante e a quem está próximo a ele. Simples assim. Então deixe de mimimi e admita que você deve fumar em locais que não imponham riscos aos demais.
"Hector disse... Quando vejo alguém destilar preconceitos contra fumantes, agora com obesos como o tal Koppe,"(5 de fevereiro de 2011 23:08)
"Saudações fraternais. Seja preconceituoso contra obesos,"(6 de fevereiro de 2011 10:10)
Ele me acusa duas vezes, daí depois vem me dizer "não disse que no seu caso existia preconceitos também contra obesos".
Depois ele diz: "Seja preconceituoso contra obesos, fumantes e outras coisas que te causam desconforto, nos sites de direita" sem saber de antemão que o site mais direitista do Brasil publica artigos defendendo os tabagistas e criticando as proibições de alimentos gordurosos e vigilâncias de peso por parte do estado.
Continuo achando que pegar o preconceito contra obesos e associar com restrições ao fumo é agir de má fé, porque tenta dar alguma legitimidade a quem gosta de fumar em locais inapropriados, mas geralmente acaba fazendo o contrário, que é tirar a força da luta das pessoas obesas por aceitação.
Muito bom, seu artigo, as vezes as pessoas não entendem que há várias formas de manifestar o preconceito, oh geração hipócrita! Espero que possamos forma uma nova geração de pessoas sem preconceito.
Concordo com quem disse mais acima: O governo de SP não quer é que haja proessor@s na rede pública, todo e qualquer artifício para diminuir o efetivo da rede vem sendo feito.
Minha sogra é da rede, todo ano é puro stress.
Educação não interessa ao PSDB
Sobre a discriminação, conheço de perto, sou baixinho, cabeludo e casado com uma (quase ex) gordinha, que tem saúde melhor que a minha
Acabei de ver a reportagem no Fantástico... engraçado que eles não mostraram a opinião do governador Alckimim (que vc linkou) sobre o caso das professoras...
Achei estranho...
Receita de felicidade e sucesso by Regina Casé: Dietas, 2 nutricionistas, 2 "personais", 1 cozinheira... http://bit.ly/hO09vV
Li essa matéria no jornal O DIA. Lógico que não com esse título (foi como eu postei no twitter), mas no fundo a real é bem pior: "Regina Casé emagrece 13 kg, ensina a dieta e brilha aos domingos com o 'Esquenta'."
Ou seja... ela só está "brilhando" no programa global pq perdeu 13 kg.
O pior é que ela endossa a coisa:
“Estava tudo tão difícil, mas eu fui capaz de me ajudar e perder peso”, comemora. “Estou feliz, mas acho que esta é uma felicidade diferente, mais saborosa, porque me deu o maior trabalho”. É um tal de assobiarem, gritarem “gostosa” e comentarem coisas como: “Nossa, como você está magra!”
Olha, posso dizer que, lendo os debates aqui no blog, estou vendo com outros olhos essa questão de discriminação às pessoas obesas. Lógico a obesidade, acrescida de outros fatores como sedentarismo, má alimentação, stress, tabagismo, eleva a possibilidade de desenvolvimento de algumas doenças. Mas acho que não é o que se discute aqui. O que mais incomoda não é o gordo doente (pois as pessoas associam gordo = doença), mas o gordo de bem com a vida, pois ele é transgressor. Acho interessante observar que muita gente liga a felicidade à perda de peso, quando na verdade ela pode ser o resultado da adoção de hábitos saudáveis. Ninguém fala: "ah, estou tão mais feliz agora, pois mesmo sendo gordinho eu agora me alimento melhor, com mais qualidade, e posso subir 2 lances de escadas e fazer minha dança de salão sem me cansar facilmente...". Não! o bacana é "estou mais magra, caibo no jeans da minha filha e recebo assovios grosseiros! UHU!" E mais: "eu consegui na base de muita abdicação e sacrifício. Mas vc, idiota que não tem 2 nutricionistas, 2 professores de educação física, 1 cozinheira, não tem grana pra fazer drenagem linfática, cavitação ultrassônica, carboxiterapia e corrente russa (além de cheirar umas carreiras de pó)... bem, vc também vai conseguir!"
Hoje a TV Record fez uma matéria sobre este assunto. Uma das professoras reprovadas no tal exame revelou que o médico haveria dito que "ela não estava doente, mas FICARIA doente".
Esse tipo de atitude por parte do médico é idêntica às famosas teorias de Lombroso, que acreditava poder prender criminosos ANTES QUE COMETESSEM CRIMES - baseando-se em suas pesquisas sobre as caracteísticas fisicas e faciais de presidiários. Tais teorias foram aceitas com entusiasmo por cientistas da época.
Baseando-se apenas em estatísticas, a ciência hoje repete os mesmos erros e pratica os mesmos preconceitos oriundos do positivismo de Lombroso - que entre outros efeitos funestos, incentivou os nazistas em suas execráveis "teorias raciais".
Vejo com muita preocupação o retorno do "pensamento" positivista - nazi/higienista - e o que é pior: com o apoio entusiasmado da grande mídia (plim,plim!) e dos políticos neo-libeais que se aboletaram no governo de SP, capazes de copiar e instituir em pindorama e acham bonito qualquer preconceito "oderninho" fabricado nos EUA. Entre os alvos do preconceito yankee/tucano aponto ainda os cidadãos que fumam e são tratados como se fossem "perigosos agentes contaminadores" pela doença da praga do autoritarismo cientificista da moda.
Já tinha "cantado a bola" sobre os obesos como a "bola da vez" do preconceito patrocinado pelo Estado.Imagino que agora as restrições e a vigilância do patrulhamento "politicamente correto" serão aqueles que apreciam beber uma cervejinha - e que logo loogo serão rotulados como "alcoólatras".
A neurose da sociedade está chegando a um nível alarmante. Pra ver se contribuo um pouco com o tema do post, contarei uma historinha verídica.
É o seguinte: minha mãe, ao contrário de mim, tem uma extrema dificuldade pra engordar. É daquelas pessoas que podem comer o triplo que vc, continuando magras... em certas épocas da vida, ela chegou a pesar menos de 40 kg. Lembro muito bem que ela passou praticamente a vida toda tentando ganhar peso, pois sua magreza era vista como doença (e até concordo que seja um pouco perigoso ser tão magro, pois pessoas assim não têm reserva alguma de energia, o que pode complicar em uma emergência). Pois então. Hoje ela pesa 46 kg e eu, com exatamente a mesma altura, peso 57-58 kg (e não sou gorda). Recentemente, resolvemos entrar numa academia, ela por causa da idade e eu por ser sedentária demais. Então veio o meu choque: o formulário da minha avaliação física voltou cheio de observações, quase como se eu estivesse com tempo de vida contado; minha barriguinha saliente foi o bastante para decretarem que eu precisaria perder no mínimo 8 kg pra ser considerada saudável. Já minha mãe, que sempre lutou pra engordar... foi tida como normal. Sim, normal, o padrão a ser atingido. WTF?!
Fiquei bastante chateada e larguei a academia; minha mãe tb acabou largando, tempos depois. Poxa, o que é isso? Daqui a pouco estão dizendo que só o peso dos ossos e dos órgãos já nos basta...
Quem se incomoda com um magro, ele está dentro do padrão e não atrapalha em nada. O gordo não, atrapalha dentro do onibus, no corredor, no elevador, no carro, na cama, no cinema, no sofa, etc. A sociedade tem de se livrar deles para poder ter tudo padronizado, pois as empresas não podem produzir varios tipos de bancos para onibus, nem os corredores podem ser mais largos, nem os elevadores maiores, e nem as pessoas estão dispostas a dividir seu espaço com um gordo, pois ele pega mais espaço do que nós, come mais que nós e isso não pode né!! E olha que eu estou meio gordinha também.
Koppe,
Eu sou fumante. Você tá certo quando mostra se incomodar com pessoas que fumam perto de não-fumantes, porque de fato é prejudicial à saúde. Eu não fumo em locais fechados, nem em locais abertos com muitas pessoas por perto. Mais do que isso, pra mim já é pedir demais. É como a pessoa que faz cara de nojinho quando passa por mim no meio da rua e sente o cheiro da fumaça por 0,3 milésimos de segundo... Então tá, né.
O problema do seu texto é que falta nele um pouco de empatia. Imagino que deva ser um saco sentar do lado de um fumante sem noção, imagino que você tenha nojinho de cigarro - porque de uns anos pra cá ter nojinho de cigarro é o novo preto, mas não vem ao caso - e se incomode de verdade com isso. Tudo bem, eu entendo. Até concordo. Só que a sua raiva pontual foi estendida pra todos os fumantes, e seu texto tá impregnado de ódio, de adjetivos desabonadores, como se fôssemos uma classe maldita de zumbis baforadores de vapor necrosado. O preconceito que gordos sofrem hoje não é muito diferente do que os fumantes temos sofrido, independente de o cigarro ser ruim pra saúde ou não (e eu sei que é). Porque sem entrar no mérito da saúde, muita gente, eu diria que a maioria absoluta, uns 99% dos fumantes, querem de alguma forma largar o vício. Do mesmo jeito que gordos querem emagrecer mesmo sem ter necessidade. Acredito que, excluindo variáveis genéticas e olhando somente pro fato da compulsão, o cigarro pro fumante equivale à comida em excesso pro gordo, guardadas as devidas proporções. Em fumantes isso é muito pior, claro, mas dizer prum fumante "joga esse cigarro fora, seu podre!" é tão cruel como dizer ao gordo "fecha a boca e vai malhar!", porque faz parecer que você é fraco e incompetente por não largar o cigarro nem a barra de Laka. Do ponto de vista da auto-estima, a pancada se equivale nos dois casos.
A diferença é que o preconceito contra fumantes é mais recente, o que talvez seja até pior, porque a raiva direcionada a quem fuma tem sido generalizada e avassaladora. O fumante é o leproso do séc. XXI. Mas vou admitir que ser gordo é pior que ser fumante. Já fiquei por muito tempo acima do peso na infância e na adolescência, e sofri bullying por isso. Minha auto-estima ainda tem leves abalos hoje em dia, aos 23 anos, por causa disso.
Eu vou repetir: não tou comparando fumar a ser gordo no quesito saúde. Fumar mata, acaba com a gente, eu sei disso. Só quis atentar pro fato de que pessoas como o Koppe precisam entender que fumantes não são todos uns desgraçados, alguns sofrem com o vício e são discriminados, ainda que não estejam prejudicando ninguém além de si mesmos com o cigarro. E que, da mesma forma que o preconceito contra gordos seja algo quase inconsciente de tão impregnado que está na sociedade, o preconceito contra fumantes tá indo pelo mesmo caminho, até que daqui a 20 anos encontrem um novo vilão, justa ou injustamente, para crucificar (vai que Del Valle sabor uva causa sinusite ou coisa do tipo)
"Eneida, leia de novo e perceba que eu disse em uma sociedade hipotética."
Eu percebi. Mas eu passava por isso numa sociedade real.
Depois de ter visto essa notícia ri-dí-cu-la não posso deixar de concordar com como o conceito de "gord@" parece ter sido deformado:
Demi Lovato is Getting Fat
http://www.hollywoodgrind.com/demi-lovato-is-getting-fat
MEU DEUS, FIQUEI CEGAAA! ENGORDEI 10 QUILOS SÓ DE VER A FOTO DELA, AHHH!
Não sei o que é mais ridículo: chamarem essa garota de gorda ou todo o papo sobre obesidade infantil contido logo abaixo da foto.
rsr..engraçado é quando a enfermeira
mede nossa pressão e dá para ver na cara
dela a decepção por nossa pressão estar
boa. Já conteceu comigo algumas vezes..rs
Lola, suas colocações foram muito bem
feitas. Fiquei muito contente quando
li este artigo.
Lidia Eliane
Professora gorda não pode… Professor-assassino, pode!
Publicado em fevereiro 7, 2011 por Mauro A. Silva | Editar
Mais uma vez a Rede Globo foi pautada pelo sindicato das professoras de SP.
A reportagem “Professoras não entram em concurso por serem obesas” (Programa Fantástico, 06/02/2010) prova, mais uma vez, que a TV Globo está mais preocupada em defender os interesses dos professores do que os interesses dos alunos.
A questão da obesidade é, sim, motivo a ser levado em conta na admissão para o exercício de um cargo ou função pública.
Será que um professor obeso não estaria mais propenso a ter outras doenças que o impediria de trabalhar de forma efetiva e contínua? Não haveria a necessidade de contratar mais professores para suprir as ausências destes professores obesos? E como ficariam os alunos das escolas públicas? Eles continuariam sem professores ao longo do ano?
“Há muito se sabe que o excesso de peso está associado ao risco de desenvolver diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares como infarto do miocárdio e derrame cerebral, enfermidades reumatológicas e outras patologias; agora, sabemos que aumenta também o risco de certos tipos de câncer“. Quem diz isto é o médico Drauzio Varella, no artigo “Obesidade, preguiça e câncer de mama“. Aliás, este médico é um dos colaboradores do Programa Fantástico… mas os bonequinhos-playmobil preferiram ouvir um juiz ao invés de um médico!!!
É óbvio que os professores tem todo o direito de contestar a avaliação médica, inclusive recorrendo ao Poder Judiciário.
Mauro,
você está sendo gordofóbico.
Existem inúmeras doenças. Vai proibir qualquer pessoa doente de trabalhar? Como pretende que elas se sustentem e se tratem sem ter um emprego?!?
Excelente texto sobre a "gordofobia" de uma certa forma institucionalizada na Secretaria de Educação de SP. É repugnante o preconceito contra quem quer que seja (nordestino, gordo, etc.). Adorei, sobretudo, o trecho que fala: "Pro homem, boa aparência física não é um pré-requisito pro sucesso". É interessante como não nos damos conta a respeito desses "padrões" de sucesso e de beleza dessa nossa sociedade.
Cara como pode existir profissões de tamanha incompetência, a ponto de atender um paciente e dizer que ele não tem nada, sem ao menos examina-lo. Pois é galera, foi assim que atenderam meu filho no "cais" amendoeiras em goiânia. Um tal de João Vicente Paiva Neto, o cara não serve nem pra veterinário, vá a merda com uma droga de médico desses, ao invés de cuidar da saúde o filho da mãe a despreza. Sorte minha e do meu filho que ainda existem médicos que zelam por sua boa conduta. Porque se fosse pela eficácia do trabalh do senhorzinho João de Paiva Neto que atende em Goiânia, eu tava "pedido", mas graças a Deus nos abençoou! Chegar num sala de consultório médico público, e médico falar que somos nos quem temos que dizer o que criança tem, sem ao menos examina-la com termômetro, é muuuuuita iresponssabilidade. Meu desejo é que tipos como esse aí que eu falei, saia da área de medicina, e ocupe a vaga de veterinário, e olha la que ainda não merecem. Irreponsavel, irresponsável, incompetente, quais palavras se encaixa a um cara desses?
Realmente excelente o texto. Eu passo pelo mesmo problema das professoras, mas, tenho certeza, a justiça será feita em breve, meu processo já está em andamento. Também fui rejeitado pelos peritos do governo do estado de SP, mas para outro cargo público. Não desistamos, vamos vencer...
Eu passei por algo semelhante. Quando fiz concurso para a Prefeitura do Rio de Janeiro,em 2001, tb para professora, pesava 130 kg e como eu tinha pressão alta, me reprovaram no exame médico.
Tive que PROVAR que não tinha problemas no coração para poder exercer minha profissão.
e vc conseguiu ser contratada neste concurso, livia? tenho medo de passar por isso, venho tentando emagrecer ha meses, mas ate agora nada. se nem em concurso querem nos aceitar (e a iniciativa privada nao aceita MESMO), devem estar querendo que todos os gordos morram pedindo esmolas na rua...
Acabo de cruzar com esse depoimento
"Fiz a pericia [para assumir a vaga no concurso público para professores de ensino fundamental e médio do estado de SP de 2013] no dia 17 na Rua Itapeva e no 27/02 saiu no D.O. NÃO APTA, fui ontem (28/02) solicitar reconsideração no DPME e imprimiram o laudo medico que dizia o seguinte" CANDIDATA NÃO PREENCHE O PRÉ REQUISITO DE CARÁTER ELIMINATÓRIO QUANTO AO IMC. DOENÇA GRAVE PRÉ EXISTENTE - OBESIDADE MÓRBIDA" meu IMC é 43 não é obesidade mórbida e desde qdo ser magra era pré requisito para o concurso? Só por Deus, né."
de novo???
Agora depoimento de um homem reprovado
"Como era de se esperar, fui considerado não apto pelos "peritos" do dpme. IMC 45, provavelmente foi por isso. Mas eu queria que os colegas me ajudassem no seguinte: o que devo fazer primeiro? Pedir reconsideração? Entrar com recurso? As duas coisas? Sou do interior e fiz minha perícia no interior, preciso ir até o dpme para pegar o laudo? Me desculpem por abusar de vossa boa vontade, colegas, é que tá complicado aqui."
Muitos casos aparecendo na comunidade "Concurso Professores 2013"
Muito triste e preocupada pq estou na lista desse concurso :(
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