segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

HOMEM, E SE A GROSSERIA NA RUA FOSSE COM VOCÊ?

Pra maior parte das mulheres, uma grosseria na rua será vista como uma invasão. Um total estranho fala com ela sobre algo sexual, do seu corpo (e muitas vezes a frase vem acompanhada de uma "inocente" passada de mão)! Vai por mim: a gente não gosta não. Se a cantada for à noite, então, a gente gosta menos ainda. Se a cantada for à noite, quando a rua está vazia, a gente tem medo. Pavor. É difícil entender isso sem ser mulher, ou sem se colocar no nosso lugar, mas faz um esforço, vai: você tem mulher, namorada, mãe, filha, avó e, por incrível que pareça, todas já passaram por isso. Sei que você não acredita, mas (quase) toda mulher tem uma história de horror pra contar. O que não quer dizer que ela vai querer contar pra você. Um terço das mulheres no mundo já sofreu algum tipo de violência sexual. Creio que os outros dois terços escaparam por pouco. Eu escapei por um triz de várias situações, e olha que eu vim de um lar privilegiado, protegido, sem predadores internos. Mas ninguém está a salvo. Nasceu mulher, vai passar por uma (ou mais, muitas mais) situações terríveis na vida.
A gente aprende desde cedo pra não falar com estranhos (meninos também aprendem isso, não?), a desconfiar de estranhos, e mesmo assim não tem jeito: vem um estranho falar com a gente de qualquer forma, mesmo quando a gente é criança sem corpo formado ainda.
A gente também
é treinada a não reagir. E, caso aconteça algo pior, a gente é educada para ter certeza que a culpa foi nossa, que foi a gente que provocou de alguma forma, que poderia ter evitado... Portanto, tudo conspira contra nós. E vocês homens, como foram educados nesse caso? Foram educados que mulher sozinha é mulher disponível, seja na rua quanto no bar. Foram educados que vocês têm que dar em cima de toda e qualquer mulher que passar pelo seu caminho, se não vocês não são másculos o suficiente. Isso é péssimo pra vocês, e taí uma coisa que não dá pra culpar as mães. Eu pelo menos não conheço mãe nenhuma que ensina o filhote a mexer com menininhas na rua. Vocês foram educados (e acho que nós também, porque escutamos isso o tempo todo) que mulher a-do-ra ouvir grosseria na rua ― mesmo que ela demonstre não ter gostado, no fundo ela tá fingindo e amou, e sabe-se lá por que ela não segue você pro seu apartamento naquele exato instante (mulher é um bicho muito esquisito mesmo).
Num post sobre grosserias, a Letícia comentou: "Acho q o q talvez os faça entender um pouco como nos sentimos é se imaginar andando sozinho pela rua e dar de cara com um grupo de outros homens q elogiam alto, em público, partes específicas do seu corpo - dando nota, até! -, descrevem o q gostariam de fazer com vc e evidenciam sua excitação através daqueles sons masculinos típicos, tipo aquele "sssssss", sabe?" (As Olívias tem um vídeo sobre o desconforto que homens sentem ao serem assediados por mulheres. Não quero recomendar muito, porque o grupo tem um outro vídeo, esse nojentão, sobre homens calando mulheres através do sexo oral). O Patrick também perguntou: "Vocês gostariam de levar cantada de um gay na rua? Ou isso lhes daria 'razão' para agredi-lo?" Os leitores homens, os mesmos que reclamavam que pô, vocês feministas querem acabar com a paquera!, disseram que não achariam nada de mais. E então o Patrick praticamente escreveu um post:

"Eu estranhei as respostas, porque a minha experiência na vida real é bem diversa. Cito três casos (o 1 me foi relatado, o 2 e o 3 foram consequências de questionamentos meus em sala de aula):
1) um amigo, defensor dos direitos das minorias, anti-homofóbico, sem preconceitos, ao passear de mãos dadas com sua esposa por uma praia nos Estados Unidos, com alto índice de frequência de homossexuais, sentiu-se constrangido só de pensar em levar uma cantada.
2) um colega de sala, na faculdade de direito, relatou como, ao brincar no carnaval de Olinda, entrou por engano numa 'rua gay', e saiu de lá correndo com medo de receber uma cantada. Ele fez esse relato para justificar porque tinha preconceito com homossexuais e era contra o PL que criminalizava a homofobia.
3) um professor de direito penal relatou porque alguns tipos penais estão ultrapassados. Deu como exemplo que não se pode considerar como atentado ao pudor um beijo de língua numa mulher, mesmo que arrancado à força, durante uma festa carnavalesca, ainda que em via pública. Na visão dele, se a mulher está lá, implicitamente concordou com um 'contrato social' que estabelecia um 'vale tudo' em certos aspectos. Quando lhe questionei, então, se isso também valia para 'um negão de 2m que o abraçasse e arrancasse à força um beijo de língua' (ironizei três preconceitos simultaneamente: machismo, racismo e homofobia), ele respondeu que era 'obviamente uma situação diferente' e puxou uma leva de risadas da turma para me constranger e evitar responder à minha pergunta."

Dizer grosserias na rua é, além de demonstração de poder da parte dos homens (só quem tem poder se dá ao direito de avaliar), uma espécie de terrorismo sexual. É uma prática cultural que pode e deve ser mudada, assim como vem sendo diminuída em vários países mais ricos. As brasileiras que já viajaram ao exterior veem a diferença, e as europeias que viajam pra cá também. Elas não estão mais acostumadas com esse tipo de tratamento neandertal. E não é incrível? Apesar de grosserias na rua não serem mais socialmente aceitas em muitos países, lá as pessoas continuam se conhecendo, paquerando, namorando, casando. Não é que houve uma queda abismal no número de relacionamentos hétero depois que todo mundo passou a considerar um grande loser quem dissesse "Se eu tivesse uma mãe assim, mamaria até os trinta anos". Mas não podem ser apenas as mulheres que condenem essas idiotices. A gente já faz isso, e elas continuam. São vocês, homens, que têm que achar isso inadmissível. Faça a sua parte: converse com seus amigos. Explique que esse comportamento ridículo só queima o filme de todos os homens. Sim, inclusive o seu.

74 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o post, Lola. Sou homem, e respondendo ao questionamento levantado, digo que SIM

Bruno S disse...

Eu sempre acho difícil de entender a lógica de quem quem confunde as chamadas "cantadas"(as grosserias ditas na rua) com paquera.

Eduardo Marques disse...

Quem fica fazendo falando grosseria na rua para mim, sempre foi loser. Tem um texto que circula na internet interessante sobre isso: o Zé Punheta:

http://realitysdead.blogspot.com/2008/08/o-z-punheta.html

"Ele está em toda parte, é uma figurinha facílima - principalmente na Internet. No entanto, esteja onde estiver, Zé Punheta está sempre desesperado, em estado de emergência. Do mesmo modo que o cheiro dos feromônios em uma cadela no cio incita os machos da espécie ao coito, a simples e corriqueira existência de seres do sexo feminino no mesmo plano dimensional do Zé Punheta o faz perder completamente a racionalidade, discrição ou senso do ridículo."

Lucas disse...

Opa, postei como anônimo só um pedaço da mensagem. Desculpa, Lola, pode apagar lá (eu ia escrever uma outra coisa meio que no post errado, enfim). Aqui vai certinho:

Adorei o post, Lola. Sou homem e estou achando essa sua 'campanha' muito boa e importante.

Agora eu tenho uma pergunta séria pra te fazer, Lola, que é algo que não foge muito do assunto do texto. Tenho algumas amigas que estão entrando na faculdade esse ano e cujas aulas começam daqui a alguns dias ou semanas (todas em faculdades particulares, não que isso importe). Fiquei um pouco surpreso e chocado quando uma delas (cuja primeira aula é HOJE) me disse que estava de saco cheio desse calor e que ia derreter debaixo desse sol, pois não poderia ir à aula de shorts. Achei estranho e perguntei o porquê, e ela me disse que a mãe dela não deixava, que seria "indecente" da parte dela. Fiquei meio chocado, afinal sou homem e jamais passa pela minha cabeça o que a sociedade poderia pensar de mim se eu saísse com determinada roupa na rua (a não ser que eu fosse dar uma caminhada de sunga na Avenida Paulista ou algo bem extremo que o valha). Comentei o caso com uma outra amiga e ela me disse que também não poderia ir de shortinhos pra faculdade, pois toda a família dela concordava que seria muito perigoso para ela ir e voltar sozinha de ônibus em São Paulo vestida assim (e de dia!!!). Lola, não dá pra simplesmente ignorar o que a família dela diz. Ela é uma menina bonita, estaria realmente sujeita a levar várias cantadas e outras coisas que eu não quero nem pensar se saísse vestida de uma forma que mostrasse mais seu corpo. Mas é realmente assim, se privando do conforto de vestir o que quiser que ela deve agir? Como combater isso sem ficar receoso com o que pode acontecer a ela?

Desculpa se está mal escrito, estou com muita pressa, não vou nem reler o comentário, mas queria muito saber sua opinião sobre o assunto. Um abraço. :)

Larissa disse...

Ai, Lola, você tem um jeitinho de falar que toca, viu? Deu vontade de sair na rua gritando pra pararem de xingar as mulheres na rua.

Lord Anderson disse...

Otimo post, repasando com certeza.

Nós homens temos que fazer nossa parte mesmo.

Pena que não vai ser facil.

Oq tem de cara que sabe que isso constrange as mulheres e se orgulha disso é complicado.

Lord Anderson disse...

Lucas.

Cada ambiente determina que roupas são ou não adequadas de acordo com uma seria de construções sociais.

Mas infelizmente a pressão e patrulha é maior sobreas mulheres (para variar...)

Quase todo caso de assedio ou abuso que ocorre é seguido por comentarios sobre o cumprimento da saia, o decote, a calça,o lugar que ela tava, o horario, etc

Sempre jogando parte da culpa (ou toda ela) sobre as vitimas.

Esse pensamento moralista e preconceituoso é muito comum.

Paola disse...

Lola,
Dá licença, mas estou fazendo um link e mandando pros meus contatos, via email, esse texto vem bem a calhar, estamos trabalhando com grupos de mulheres das ocupações do centro de São PAulo, estamos lidando com a prevenção de DST, AIDS, hepatites, tuberculose, violência doméstica e contra a mulher.
Brevemente vai sair um fórum sobre isso, no momento apropriado dou os detalhes.
bj
PAola

Anônimo disse...

Ótimo post, Lola!!! Eu sempre achei esse tipo de atitude, de conceitos tortos e exagerados, coisa do tempo das cavernas. Só porque se tem um pinto não quer dizer que se deva, idiotamente, se considerar o dono do mundo e olhar qualquer mulher como se fosse um pedaço de carne. É uma babaquice passada de pai pra filho. Vejo isso em casa: um parente vive fazendo piadinhas nojentas sobre sexo e pregando que "o negócio é mulher". Não, mulher não é um negócio, uma coisa que vc usa e joga fora depois. Não me torno menos homem se não fizer psssiiiu pra toda mulher que passar ou chamar de gostosa. Respeito em primeiro lugar, sempre. Chega mesmo a níveis que me perturbam. Já ouvi muito caras mais velhos, ao ver uma menina de, sei lá, 15 anos, falarem coisas horríveis. Daí eu digo: "Cara, é uma criança, sabe!". A resposta: "Mas já aguenta!". Isso me dá nojo!!

Anônimo disse...

Ótimo post, Lola!
É mto difícil reagir. Como vc explica, não fomos ensinadas a isso. Mas,é preciso lembrar q numa situação como a descrita (claro, se for de dia, se não for rua vázia, etc.) é preciso resisitir, sim. Penso assim por 2 coisas:

1) Claramente esse tipo de abordagem é uma demosntração de poder - difícil o cara acreditar, de fato, q vai conseguir algo com a mulher...

2) Se é uma demonstração de poder, uma forma de desnorteá-lo é perguntar: "O q vc disse? Não entendi, repete por favor"...ou seja, mostrar, q o pedaço de carne fala, pensa, questiona....

Eles ficam envergonhados e sem fala qdo são lembrado disso. Comigo sempre funciona...

Ju Paiva

Gustavo S. disse...

Muitos caras fazem isso mesmo sem sentir vontade, sem achar necessário, mas repetem o comportamento porque parece ser o certo a se fazer. Além de sexismo, também é demonstração de homofobia ("Se eu não me juntar ao grupo e elogiar aquela menina em voz alta, vão achar que eu sou viado, né, então 'pssssiu, gostosa, tamos ae'"). Então um grupo de homens juntos é das coisas mais idiotas que existem, porque quase todos repetem esse comportamento meio que por obrigação, por dever cívico de gênero.

Por isso é difícil colocar na cabeça de um cara desses que ele deve parar de fazer o que faz, que deve parar de dar cantadas grosseiras e coisas do tipo, porque no fundo ele não acredita que aquela mulher vai se virar pra ele, sorrir e trocar número de telefone; ele só quer fazer isso pra ser aceito entre os iguais, é uma espécie de ritual primitivo de aceitação em um grupo de machos. Fomos condicionados a olhar mulheres de todo jeito, sempre analisando, sempre mostrando aos outros que somos machos alfa. É triste, eu sei. Pior, é perigoso e degradante para as mulheres.

Evidente, contudo, que isso - homens serem grosseiros mais pros iguais que pelas mulheres - não nos exime da responsabilidade de mostrar pra esses caras que isso não é bonito, que eu não vou achar ele mais macho por ser estúpido, e, sim, também vou dizer que mulher nenhuma gosta disso, porque é verdade, porque a atitude desses caras é quase criminosa e porque dói no ego de um homem ouvir um outro lhe dizer isso.

Kaká disse...

Ótimo post, Lola.

Uns 5 anos atrás eu estava na praia de Ipanema, entre o posto 9 e 10 e tinha um grupo de 5 rapazes sentados numa fileira. Eram gays e toda vez que um rapaz bonito/malhado passava eles batiam palmas e as vezes soltavam comentários tipo "uau", "lindo" "lá em casa". Obeservei por um tempo e nenhum dos rapazes que eram aplaudidos gostavam (gays ou não), mas também não tomavam nenhuma atitude, nem reclamavam, passavam direto e nem voltavam pelo mesmo lugar.

Anônimo disse...

Para ser bem sincera, eu fico surpresa em saber que homens brasileiros tb são contra essas grosserias e ao mesmo tempo muito mas muuuuuito feliz em saber que existam homens que são contra isso. Vivo na Suécia e aqui sai de shortinho curtissimo e apesar de notar olhares interessados NUNCA ouvi uma baixaria (nem de homem bêbado). Em compensacão SEMPRE que vou ao Brasil escuto baixarias diariamente mesmo cobrindo o corpo todo. E é por isso que eu escolhi viver longe da minha família, dos amigos de infância e sentir saudades todos os dias: para poder ser eu mesma sem me sentir estuprada toda vez que saio à rua. À vocês rapazes que se solidarizam conosco: AMO todos vcs!!

Amer H. disse...

De novo esse assunto, então vamos nós mais uma vez:

1) No dia que todas as mulheres começarem a reagir a esse tipo de cantada, as coisas mudam. "Ai, vamos apanhar! Os homens nos espancarão nas ruas se reagirmos!".
Sim, alguns animais vão bater em algumas mulheres quando estas reagirem, mas é assim que acontece quando uma minoria decide lutar por uma reforma geral na sociedade. Não se consegue revolução sem alguns ossos quebrados.
Estudem o movimento dos Direitos Civis que rolou nos EUA no passado e verão isso.

2) Muitos homens agem desta forma porque a sociedade os força. Se o sujeito não "canta todas as gostosas", ele é mal visto perante os amigos, colegas de trabalho e demais homens de seu convívio. Infelizmente, ser aceito em um grupo tem mais benefícios além da "amizade", as vezes é a forma que alçguem tem de manter um emprego.
Absurdo? Nem tanto. Recentemente perdi um emprego justamente por não fazer questão de ser minimamente aceito pelas pessoas com quem trabalhava. Achei que ser um profissional bastaria para ficar na empresa, mas me enganei. Meu ex-chefe falou com todas as letras que fui mandado embora porque meus colegas não gostavam da minha pessoa.
As vezes tem muito mais em jogo do que "ser o cara legal e machão que é companheiro de copo". Um erro não justifica o outro, mas as coisas não são tão simples quanto parecem.

3) Alguem vai entrar com o argumento "então, os homens que fazem O FAVOR DE SEREM GENTIS COM UMA MULHER, merecem aplausos?"
Talvez não, mas quem sabe um pouco mais de respeito. Se um cara foi educado a ser gentil com as mulheres, que tal não o tratarem como o inimigo? Acho que as mulheres precisam de toda a ajuda disponível nessa sua batalha pela igualdade, não?

A menos que não queiram igualdade, de fato...

Edgar Ap. Borges Júnior disse...

Boa tarde,

tbem sempre achei esse comportamento de chamar as mulheres de gostosas, na rua, e fazer aquele som de "ssss" e estalar a língua um grande absurdo, e nunca vi isso render nada, a não ser risadas dos boçais que fazem isso ao ver a garota constrangida.

Mas já li em diversas revistas masculinas, como a VIP e a Playboy, relatos de mulheres que dizem que ficam tristes se voltam pra casa sem terem recebido um "elogio" na rua. Dizem que isso faz um bem danado pro ego delas. Será?

Odeio invasões indevidas de espaço, por isso não faço e odeio que façam comigo. Em 2009, fui numa balada em Campinas, e uma menina apertou a minha bunda do nada, quando eu tava passando. Fui lá e disse que não fazia isso com as meninas e não admitia aquilo, e mandei ela ir se foder. Acho que ela aprendeu...

Pra finalizar meu relato, num carnaval, há anos atrás, uma menina veio me acusar de ter passado a mão nela, o que eu não havia feito. Me falou um monte e veio tentar me dar um tapa na cara. Fiquei puto, não tinha feito o que me era acusado e ainda tive que desviar de um tapa na cara. Desviei e armei o braço pra dar um soco na cara dela; já que ela falou que ia dizer pro segurança me expulsar do lugar e ainda tentou me atingir no rosto, só vi essa solução pra vingar. Por sorte, meu amigo me segurou e fomos embora na hora.

Como sabem, viver é bem perigoso. E por incrível que pareça, respeitar as mulheres é um grande desafio, quando 90% dos homens as desrespeitam e acham que você é meio fresco de não chama-las de gostosa, passar a mão nelas e nem agarrar e beijar a força nas festas. Ainda que não tenha irmãs, posso ter filhas e vou ensina-las desde pequenas a se fazer respeitar.

Lord Anderson disse...

"A menos que não queiram igualdade, de fato..."

Desculpe, mas esse foi um comentario bem desnecesario Hamer.

Essa ideia que feministas querem ter privilegios não leva a nada serio.

E olha, não acho que precisamos dizer a elas sobre como é dificil fazer uma revolução.

Tudo oq elas conseguiram foi com luta, todo o movimento feminista desde o principio não teve medo de enfrentar desafios.

Cada uma das mulheres que comentam aqui ja se ariscam diariamente por não baixarem a cabeça e lutarem p/ serem cidadãs de fato.

Ana Carolina disse...

Acho tão bom receber esse tipo de cantada na rua, mas tão bom, mas tão bom, que agradeço todos os dias não poder andar armada. Mataria ao menos um engraçadinho por dia. E tenho minhas próprias histórias de horror, como andar num shopping center acompanhada DO MEU PAI e um sujeito desviar do seu caminho só para dar um esbarrão em mim de propósito, ou de um sujeito me encher de cantadas no elevador do prédio onde moro (não resisti nesse caso. Mandei um "você é impertinente e constrangedor. Não se atreva a dirigir a palavra para mim de novo". Acho que funcionou).
Bom saber que tem homens que sabem o quanto isso é ridículo e é só com educação e consciência que isso pode acabar.

Lola, mudando de assunto, queria saber sua opinião sobre o Cisne Negro. Acho que tem muito o que comentar sobre o filme aqui.

Carina Prates disse...

Ótima idéia, Amer. Aeeeeeeeeee, vamos reagir! Vamos espancar os homens!! Meninas, andem armadas com facas, armas de fogo e pedaços de pau!! Revolução!!

Jac disse...

Olha, nunca tinha feito essa associação, mas é muito verdade que homens tem medo de levar cantadas de gays.

A próxima vez que um hetero me justificar homofobia com isso de "gay dando cantada por aí" eu mando na cara um "nós mulheres temos que enfrentar isso todos os dias e vocês homens só de pensar na hipotese ficam atormentados. Quem é o sexo frágil agora? ".

lola aronovich disse...

Lucas, não sei te responder. Os homens dizem grosserias pras mulheres o tempo todo, independente da roupa que as mulheres usam (ou da idade ou forma física da mulher). Mas quanto mais curta a roupa, e mais jovem a menina, mais chances há da mulher ouvir grosserias. Em cidades praianas, onde andar de short (e biquini) é comum, sair de short não causa grandes besteiras (há as besteiras de sempre, só). Mas SP é uma cidade super conservadora nesse sentido e sim, parece que os homens ficam mais “assanhados” se veem uma mulher com as pernas de fora. Aquilo que aconteceu com a Geisy na Uniban aconteceu em SP, certo? É uma droga, mas toda mulher precisa pensar na hora que vai chegar em casa, em que ruas vai passar, qual meio de transporte irá usar etc etc, na hora de se vestir. E quase toda mulher que eu conheço pensa nisso constantemente. Medo de estupro é um medo muito real pra gente.


Ana Carolina, vou falar de Cisne Negro sim. Vamos ver se até sexta consigo escrever uma crítica. Tá difícil, o trabalho tá fogo. Eu já vi o filme e fiz algumas anotações, mas quero revê-lo. Também preciso falar de O Vencedor e O Discurso do Rei, que estrearam na sexta. E de Inverno da Alma, que estreou em SP na sexta retrasada! Em compensação, eu tenho uma crítica de 127 e de Rabbit Hole (Reencontrando a Felicidade) quase prontas.

lola aronovich disse...

Diêgo, adorei o que vc disse: “Não me torno menos homem se não fizer psssiiiu pra toda mulher que passar ou chamar de gostosa”. E tuitei. Nossa, que resposta horrível a do “Mas já aguenta!”. É lindo ver um homem adulto falar grosserias pra meninas de 10, 12, 14 anos, né? Total falta de consciência. Esses brucutus gostam que suas filhas ouças as mesmas coisas? Porque elas ouvem!


Ju Paiva, concordo totalmente: é preciso reagir. É duro porque, além de ser perigoso (há homens que partem pra violência física), ter uma reação significa andar “armada” a toda hora. Como se a gente tivesse que sair pra uma guerra diariamente. E quem quer viver assim? Mas, até que isso não mude, temos que reagir. Boa parte dos homens fica acovardado e sem fala quando reagimos.

lola aronovich disse...

Ótimo comentário, Gustavo. É sim um “dever cívico de gênero”. E por isso que a maior parte das mulheres muda de calçada e sente o maior medo ao ter que passar por um grupo de homens. Agora, se dentro daquele grupo pelo menos um homem for mais inteligente, mais humano, mais corajoso em suportar a pressao dos amigos, e se esse cara disser pro grupo: “olha só gente, isso não é legal, vamos respeitar a moça”, bom, isso já faz a diferença. A babaquice toda vai ficar em cima dele, não da moça. Os amigos vão chamá-lo de “viado” e não sei o que mais, e aí acho que vale a pena o cara explicar por que é errado. Se nada mais funcionar, que tal citar uma pesquisa de que 1) as mulheres não gostam, e 2) esse tipo de comportamento queima o filme de TODOS os homens? Quer dizer, não só o carinha não vai conseguir seduzir a mulher, como ela ainda vai ficar com raiva dele e dos outros. E a turminha de amigos no fundo SABE que não tem chance alguma de seduzir uma mulher com grosserias, e que ele só faz isso pra se exibir pro grupo, pra provar sua masculinidade. Vc vai ter que ser o amigo chato da turma, o “politicamente correto” (pois é, respeitar outro ser humano é politicamente correto).


Pô, anônima que mora na Suécia! Lá até homem bêbado respeita mulher na rua?! Será que algum dia a gente chega lá?

EneidaMelo disse...

Quem fala que só mulher bonita leva cantada, e que mulher na verdade gosta, está completamente equivocado.

Quem me dera que a minha baixa altura e o meu alto peso, além da cara comum me livrassem das grosserias.

E não, o meu dia não fica melhor quando sou obrigada a escutar baixarias. Na verdade, fica péssimo. Me faz desacreditar na humanidade.

lola aronovich disse...

Amer, o seu “vamos nós mais uma vez” foi conveniente, porque vc repete a mesma coisa que já disse em outros comentários, e que já foram respondidos, mas se recusa a entender, né? A responsabilidade em parar grosserias nas ruas NÃO É DAS MULHERES, é dos homens. Assim como a responsabilidade em parar com estupros não é das mulheres, é dos homens. Não dá pra acusar a vítima pelo que ela faz ou deixa de fazer. Quem tem que parar é quem faz a coisa errada. Mais uma vez, vc se exime de qualquer responsabilidade. E a sua frase “Não se consegue revolução sem alguns ossos quebrados” é muito ofensiva. Porque ossos de mulheres são literalmente quebrados, sabe?
Eu já fiz vários posts falando que mulheres devem reagir, apesar do perigo (pelo menos isso vc aprendeu – que alguns homens batem em mulheres que falam alguma coisa contra as grosserias. Antes vc dizia que era mito, que não existia). Agora estou chamando os homens pra luta. O título do post é dirigido aos homens. O post inteiro tb. É o que VCS devem fazer pra mudar uma situação que incomoda a todos – a vcs tb, porque, como vc colocou, vcs são pressionados a agir assim. Aí vai da força de cada um agir contra essa pressão. Eu, que sou feminista, fiz e faço coisas fora das convenções durante toda a minha vida. Não ando maquiada ou de salto alto, não tenho filhos. Quando eu era jovem e solteira, eu exigia ter a mesma liberdade sexual dos homens (quer dizer, exijo ainda, mas antes era mais em benefício próprio). Eu era a única que jogava futebol na praia, com um monte de homens. E logicamente existia e existe muita pressão social para que eu entrasse/entre “nos eixos” (e esses eixos dependem da turma de amigos tb. Eu sofria pressão de uma turma pra fumar maconha e beber, por exemplo, o chamado peer pressure. Nunca liguei). Numa turma de amigos vc pode ser pressionado a mexer com mulheres na rua e, em outra turma, vc será condenado se fizer isso. Existe pressão pra todo mundo, homens e mulheres, fazer um monte de coisas estúpidas. E cabe a cada um recusar, fazer o que quer, o que acredita, o que não invade a vida de uma outra pessoa.
E seu exemplo de vc ter sido mandado embora por não querer ser aceito mostra, mais uma vez, uma certa limitação da sua parte em analisar todo um conjunto. Lembro daquele seu outro exemplo. Se vc for falar com uma moça numa livraria, ela pode te dar um chega pra lá porque vc é homem e tá invadindo o espaço dela (ela pode ter ido a uma livraria só pra comprar um livro), ou simplesmente porque não foi com a sua cara. A mesma coisa com a sua demissão, Amer. Seus colegas podem não ter “gostado da sua pessoa” por uma série de motivos. E talvez nenhum deles tivesse a ver com respeitar as mulheres.

Pili disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pili disse...

Amer:

"Acho que as mulheres precisam de toda a ajuda disponível nessa sua batalha pela igualdade, não?"

com certeza. e olha, até tem homens que compreendem e ajudam a combater machismo.
Mas tem uns que estão CONFORTÁVEIS demais dessa maneira e nos dizem apenas pra "comprar a briga e agüentar os tapas que vierem"

e Edgard:
"E por incrível que pareça, respeitar as mulheres é um grande desafio, quando 90% dos homens as desrespeitam e acham que você é meio fresco de não chama-las de gostosa, passar a mão nelas e nem agarrar e beijar a força nas festas.

sei, deve ser brabo mesmo... 90%, uau...
está ao alcance de cada um de vcs um jeito pra diminuir esse percentual, sabe...
Não ser um deles!

lola aronovich disse...

Edgar, as revistas masculinas vão morrer dizendo que mulher adora ouvir grosseria – apesar de todas as evidências em contrário. Aliás, o discurso padrão, o senso comum, diz mesmo que mulher gosta, que é um elogio, e “qual mulher não gosta de ser elogiada?”. Montes de revistas femininas falam a mesma coisa: aquilo que se vc tá cabisbaixa e precisa de uma massagem no ego, é só passar em frente a uma construção. A mídia trabalha reforçando o senso comum. E como esse discurso afeta todo mundo, homens e mulheres, tem muita mulher que acredita, que aprende a gostar. É, porque TEM QUE SER um aprendizado gostar. Afinal, esse tipo de assédio começa quando a menina tem 10, 12 anos, e eu realmente duvido muito que alguma menina tenha gostado de ouvir baixaria de um adulto desconhecido. Ontem sei querer entrei num fórum do Yahoo Answers. Lá é um ótimo lugar pra medir o que pensa o senso comum. Naquele fórum, a maior parte das meninas diz (sem muito entusiasmo), que gosta. Repete as mesmas coisas que ouviu. Mas todas as pesquisas sérias dizem que as mulheres odeiam, e que ficam com raiva dos homens em geral, não só daquele panaca em particular. Se vc tiver filhos, ensine aos meninos a respeitar as mulheres.


Exato, Eneida, TODA mulher passa por isso. É um outro mito achar que só as “bonitas” ou as jovens ouvem grosserias. Antes fosse.

Lord Anderson disse...

"respeitar as mulheres é um grande desafio, quando 90% dos homens as desrespeitam "

Edgar.

Ainda bem que foi um homem que disse isso.

Se fosse a Lola ou uma comentarista, iam aparecer um monte de caras indignados, dizendo que as feministas estão generalizando...que eles não assim...que isso tb é preconceito etc, etc

Anônimo disse...

Ótimo post, Lola.
Se as pessoas usassem com mais frequência 'the golden rule'(não faça com os outros o que não quer que seja feito com você, ou com aqueles que são importantes pra vc, faça com os outros o que gostaria que fosse feito com você ou com aqueles que te são caros), já seria meio caminho andado...
abraço,
Mônica

Gustavo S. disse...

Obrigado pela resposta, Lola.

Sabe, eu ando numa fase de não fazer parte das brincadeiras e grosserias, nem mesmo de sorrir ou esboçar qualquer forma de aprovação. Mas é pouco, eu sei que é pouco. Tá na hora de causar constrangimento entre os caras, porque os meus amigos jamais esperam que um dos seus pareça não gostar daquele ritual milenar e bizarro de cantar mulher na rua.

O Edgar disse:

"Mas já li em diversas revistas masculinas, como a VIP e a Playboy, relatos de mulheres que dizem que ficam tristes se voltam pra casa sem terem recebido um "elogio" na rua. Dizem que isso faz um bem danado pro ego delas. Será?"

Eu também já li isso nessas revistas, e em outras também. Mas não sei, acho que rola uma diferença entre ser "elogiada" e ser assediada. Minha namorada e todas as minhas amigas gostam de se sentir desejadas, e num espaço público isso pode ser demonstrado com olhares, até com elogios verbais desde que respeitosos. ("Eu te achei muito linda" é bem diferente de "ô lá em casa, ein filha!") E não é nem mesmo uma característica feminina, nós homens também gostamos de elogios e olhares, tipo um flerte perdido no ônibus por exemplo. Não vejo problema nesse tipo de situação, e acho que é a ela que as mulheres se referem quando dizem gostar de elogios.

Gustavo S. disse...

Sem querer trollar mas já trollando, deixa eu só complementar o meu comentário acima:

Eu não tinha pensado nos elogios falados pelas revistas masculinas pela perspectiva que a Lola mostrou agora. Pensei mesmo no flerte nosso do dia-a-dia, e não nas cantadas de construção civil pra ego booster.

Niemi Hyyrynen disse...

@Amer

"Não se consegue revolução sem alguns ossos quebrados".

Melhor começar uma revolução dobrando algumas linguas, como a sua por exemplo...

¬¬

Ana Claudia disse...

Gostei do questionamento do Lucas, sobre as "restrições" que recebemos quanto às roupas que podemos ou não usar e se é evitando usá-las que vamos mudar a situação. Na verdade concordo que evitar usar um short ou uma mini saia para pegar um ônibus lotado não vai acabar com esses homens abusados que estão soltos por aí. Mas quem é que se arrisca? Uma vez, estava indo para o meu estágio de ônibus, completamente tampada (entenda-se calça jeans, blusa de malha e tênis)sentada na janela e ao meu lado havia um homem sentado. Como estávamos em um trajeto sinuoso, volta e meia ele esbarrava em mim e pedia desculpas, queria saber se estava incomodando. E eu, como estava mais prestando atenção na paisagem da janela, dizia que não, imagina, não precisava se preocupar. Até aquele momento eu ingenuamente acreditava que ele estava esbarrando por causa das curvas fechadas feitas em alta velocidade. Até que eu comecei a achar estranho aquele papo todo e resolvi olhar para ele. Qual não foi meu espanto ao ver que ele estava com o pênis para fora da calça se masturbando!!!!Em um ônibus!!! E claro, fiquei com medo de reagir e sair gritando! Sabe-se lá que espécie de tarado era aquele! E o que eu fiz foi mudar de lugar e ir para a parte do ônibus que estava mais cheia. E ainda tive que ouvir esta criatura dizendo "desculpa, não queria incomodar". E isso porque não estava usando short!

Giovanni Gouveia disse...

O carnaval de Olinda já foi mais "punk' na história do Beijo, mas a Prefeitura fez algumas ações (delegacia intinerante em conv. com o governo do estado, câmeras espalhadas pelo sítio histórico)que inibiram, pelo menos um pouco, essa história.
Engraçado que na 13 de Maio, a citada "rua Gay", nunca houve coisa desse tipo, porque a moçada que fica por lá parece que adota o "gaydar" que Lola já falou aqui, sempre passei por lá, e nunca fui importunado, aliás já frequentei muito ghetto sem problemas...

Anônimo disse...

Lola,

Posts como o seu são sempre necessários, viu...
Fico feliz de ter lido os 4 primeiros comentários de HOMENS que entendem o que vc diz e não vem com aquele "mas num sou assiim"...

Infelizmente, praticamente toda mulher tem realmente uma história ruim destas para contar... eu me recordo de pelo menos 3: quando estava na saída da escola, em meio aquela multidão, me apalparam entre as pernas 2 vezes (tinha 14 anos); Quando estava indo de ônibus para a casa do meu namorado e um cara do nada colocou a mão dele em cima da minha perna (que estava coberta pela bolsa)e parou quando eu fiz uma cara de "vou te matar lentamente" e a última, mais grave, quando estava indo trabalhar e dentro do ônibus, às 13 horas da tarde, um cara que havia se sentado ao meu lado levantou (era ponto final) e estava com o pênis pra fora da calça! DO MEU LADO! Em plena tarde, ônibus quase cheio e perto do cobrador. Ele tava simplesmente se masturbando do meu lado durante uns 15 min do trajeto e eu nem percebi!! Contei pra uma colega de serviço e ela perguntou "pq vc não fez um escândalo?". Porque fiquei chocada com a cara de pau do sujeito.
Como se não bastasse, ainda teve uma pessoa que se aproveitou de uma ocasião em que fiquei muito bêbada (nem gosto de lembrar disso).

O ruim é que ouvi da minha mãe coisas que aconteciam ou quase aconteceram com ela tbm: das vezes em que ela correu o risco de sofrer um estupro (anos 60), ou de quando um sujeito passou a mão nela na rua, e isso pq ela estava com crianças pequenas ( meus irmãos mais velhos) - ela quebrou o guarda-chuva na cabeça do infeliz.
Olho pra minha sobrinha de 10 anos e fico pensando nela. E como provavelmente eu mataria esquartejado quem a tocasse.
Desculpe o rancor...

João Lacerda disse...

Hoje na hora do almoço um bêbado abordou uma mulher que fumava um cigarro na faixa de pedestres.

Ele queria o cigarro e ela constrangida cedeu o último que estava no maço amassado... Foi tenso... Mas nesse caso o assédio foi um somatório da condição de mulher com a de fumante.

Teresa Silva disse...

Um off topic, Lola e comentaristas: Danuza Leão dissertando sobre luta de classes http://www.interney.net/blogs/lll/2011/02/06/luta_de_classes_por_danuza_leao

Alex disse...

Se a grosseria fosse comigo, como já aconteceu (feita por uma mulher bizarríssima), não foi nada de mais. Não me senti ameaçado e isso acontece tão raramente que é até engraçado depois contar pros amigos ou namorada. Sei lá, a situação é muito diferente com homem.

Qto a repreender outros homens, sendo um homem, acho que é por aí mesmo. O cara que faz esse tipo de coisa só quer aprovação dos amigos ou de caras ao lado (e muitas vezes eles conseguem essa aprovação).

Anônimo disse...

Lola,

Uma coisa que sempre me deixou perplexa é ver um bando de homens horrosos fazendo comentários sobre a aparência das mulheres. Em bares, festas e até mesmo no trabalho.
Assim como podem fazer grosserias e não gostam do revide, acham que podem ser uns trates e chamar as mulheres de barangas.
Rídiculo demais!
Mas infelizmente tá assim de mulheres que fazem esse jogo junto com eles, para levar algum tipo de vantagem.
Das mais polpudas às mais mesquinhas.
Ou mesmo para escaparem de seus julgamentos levianos.
Há muito o que caminhar para mudar isso.

Anônimo disse...

Meu comentário 15:26 hs saiu como anônimo.
Retificando.

Lucia disse...

Caramba! Saiu de novo...

Maíra Vale disse...

Lola,

sempre leio seus post e gosto muito de todos. é a primeira vez que me atrevo a comentar. sobre a questão central do texto, muito já foi falado e concordo com a maioria das pessoas. fico muito feliz de ver homens comentando e concordando com o que está sendo dito. e reforço o já dito, não, nós não gostamos dessas cantadas terríveis que temos que receber diariamente ao andar nas ruas.

mas a minha decisão de escrever tem a ver com um pedaço apenas do texto que acaba se relacionando com o que a moça que mora na suécia falou. fico um pouco incomodada com essa história de que na europa as pessoas já aprenderam a respeitar as mulheres. parece uma linha evolucionista nisso. quando esses mesmos europeus vêem ao brasil, parecem que desaprendem esse respeito, ou aprendem que mulher a ser respeita é só a européia. vários gringos quando chegam aqui também nos olham e nos abordam como se estivéssemos totalmente disponíveis apenas por sermos brasileiras. quando vamos para fora do país a mesma coisa, ah você é brasileira. todos os brasileiros são muito bonitos... é só uma ressalva que faço em relação a isso. acho que não é um problema só dos brasileiros, o machismo também é forte e opressor lá de cima.

no mais, agradeço por sempre colocar as suas ótimas reflexões. e fazer com que nós mulheres percebemos que partilhamos muitas indignações com outras.

um abraço,
maíra

Babi disse...

Eu sempre sofri com comentarios na rua, tanto que sempre que ia a e para o trabalho ou para a faculdade, ia muito mal arrumada, com medo desse tipo de gracinhas...
Moro na Alemanha ha quase 4 anos, e em todo esse tempo só escutei gracinhas na rua três vezes... uma vez de um grupo de turcos, outra vez de um russo obviamente louco (me perguntou se eu sabia cozinhar, porque ele estava procurando uma mulher!?) e aultima de dois brasileiros com o tradicional "ssssssssssss" ai que ódio!!! Dessa ultima vez virei pra eles e mandei tomar no cu. Assim mesmo, mas só com a mao... nao tive coragem de falar, mas veja, eu deveria ter feito, porque tinha certeza que eram brasileiros...
Tudo isso foi so pra falar que esse tipo de atitude parece mesmo ser só de homens menos desenvolvidos, nao quero falar que todos os turcos, russos ou brasileiros sao assim, nem de longe, mas nunca escutei gracinhas de nenhum alemao...

Ana Carolina disse...

Voltando aqui só para uma consideração: as mulheres gostam de elogio, sim. Aliás, me arrisco a dizer que os homens também.

Mas um elogio do tipo "você está muito bonita hoje" vinda do namorado/marido, um "que bom trabalho você fez hoje" vindo do chefe, um "professora, adorei sua aula" vindo de um aluno ou coisas do tipo. Não um "AÊ GOSTOSA" constrangedor.

Unknown disse...

Uma dica pros homens que falaram da dificuldade em lidar com a pressão do grupo: quando num grupo rolar de um começar a cantar uma mulher na rua (sempre tem um que começa) se outro cara do grupo (você) virar e falar "que coisa ridicula" com tom de desprezo a pressão do grupo em geral se vira contra o "galenteador". Nada é pior do que ser visto como ridiculo pelo grupo pra um cara metido a machinho.

Patrick disse...

Giovanni, só pra não ficar mal entendido, o ponto 2) não é meu ponto de vista, mas a visão de um colega de classe homofóbico narrando uma situação possivelmente sem conexão com a realidade, apenas nos temores e pré-conceitos que ele mesmo tinha em mente.

Koppe disse...

O caso do homossexual que diz grosserias pra homens da mesma forma que os homens fazem com as mulheres, acontece com freqüência perto de onde eu trabalho. Tem um sujeito que fica dizendo gracinhas pros homens que passam, inclusive alguns colegas meus já mencionaram isso. Alguns até acham engraçado, mas quase todos sentem um certo incômodo. Uma parte dos meus colegas faz a mesma coisa quando passa por uma mulher, pra esses eu digo que eles merecem e deviam tomar vergonha na cara. Pelo que já ouvi do assunto, é bom que o tal cidadão fique só nas palavras mesmo, porque o dia que ele encostar a mão em alguém vai ganhar uma surra. Seria homofobia? Acho que não, eu também seria a favor de mulheres baterem em homens que passarem a mão nelas sem autorização.

Marli disse...

Oi Lola
Esse assunto já foi tema de conversa aqui em casa: seu blog é referência para as discussões em família, sabia? Tenho um filho de 22 anos que é mais feminista que muita garota da idade dele, e na turma ele dá o tom - chama de bobão qualquer um com essa atitude ridícula de se "achar" sobre as mulheres. Claro que no começo foi muito chamado de viado, mas como ele mesmo diz, a melhor resposta para o preconceito é o humor (porque só para quem é homofóbico chamar alguém de viado é um xingamento). Então ele assumiu a viadisse falsa com o argumento: "mas porque você me discrimina, eu nasci assim".
Na verdade, foram tantas as conversas feministas que ele ouviu a vida toda, tantos amigos gays que frequentaram nossa casa, tantas histórias minhas e das minhas amigas que superaram imensas desigualdades que não cabe na cabeça dele discriminação. É isso que a gente tanto fala de ensinar pelo exemplo.
Ah, e para quem acha que é fácil dizer "reajam, mulheres", vou relatar o que me aconteceu. Eu já apanhei de um tarado que me assediou (passando a mão e falando grosseria). Quando reagi, gritei com ele, o cara simplesmente voltou pra me bater. O homem é sempre mais forte que a mulher (eu tenho 1,62 e na época, fazendo faculdade, pesava menos de 50 kg) e acho que só reagi porque simplesmente estourei - era tarde da noite, voltava para casa da faculdade, exausta, depois de trabalhar o dia todo e estudar até onze horas. Eu carregava meus livros, não estava dando sopa para ninguém, usada calça e tênis, estava completamente na minha, que é que ele tinha de mexer comigo? Mas não adianta, o homem tem de se achar superior, se não me intimidou tinha de me bater. Eu gritei o tempo todo, e como era uma época mais civilizada, as luzes das casas na rua se acenderam e ele fugiu. Mas fica um pavor terrível, o medo que te faz pensar: “na próxima vez você vai ficar quieta para não morrer”.

Augusto Dias disse...

Uma amiga, ex-colega de escola, confessou tempos atrás que o prendedor de cabelo dela, um simpático pauzinho de madeira bem pontudo não era apenas um acessório, mas também um possível instrumento de defesa contra uma tentativa de estupro. Na época achei engraçado e surreal, ela argumentava que não era fácil ser mulher após as aulas à noite. Hoje compreendo os fatos com outro olhar.

Marilia disse...

Olha, a Maíra tá certa. Uma amiga foi à Europa neste fim de ano e voltou contando que tinha ficado com um alemão grudento que ficava se esfregando nela em uma festa.
Ela reclamou e ele insinuou que no Brasil era assim. Ela mandou na hora: tá louco?

Lilululuku disse...

Patrick!

Eu jurava que os meus professores de Direito Penal fossem psicopatas! Mas depois do seu testemunho, meu mundo acadêmico sofreu uma reviravolta. Agora estou convencido que o mais radical, anormal e preconceituoso professor de penal que eu já tive é uma pessoa sensata! (Claro, comparando com o seu...)

Sobre o post: acho que foi aqui que lí uma vez que os homens não encaram bem uma cantada pela objetificação inerente. O conceito trabalhado neste post, da relação de poder é mais elaborado, mas não concordo tanto. A questão da rejeição do homem contra qualquer tratamento que o transforme em "peça" do desejo de outrem e não mais autor de suas próprias fantasias me parece muito próxima a realidade.

Tenho uma pá de amigos heteros que sabem que sou gay, alguns são bem babacas com relação a isso, mas todos, até os mais "moderninhos" dizem que por eles "tudo bem, desde que não dêem em cima de mim".

Eu sempre pergunto se é medo de não resistir e cair na cantada, brincando, mas toda brincadeira tem um fundo de verdade. Lola, adoro sua analogia com banana, se você não gosta e alguem te ofereçe, diga: -não, obrigado!
Ninguem tem obrigação de gostar de tudo né?!

Voltando ao post: também é verdade que ninguem tem obrigação de aturar agressões, e algumas cantadas são engraçadas, mas outras são inapropriadas e outras são o cúmulo da babaquice.

Marissa Rangel-Biddle disse...

Amei o post e enviei pra amigos. A gente vai batendo na mesma tecla de que cantadas nos constragem, nos amedrontam, nos deixam medo.

O dia que eu não ouvir mais o 'mas pra que então ela colocou essa roupa pra sair...? (se não é pra ser cantada)' dos machinhos machistinhas, será um dia pleno de felicidade. E liberdade.

bjs

Letícia disse...

Lola, fiquei na dúvida quanto a essa informação que vc citou, que diz que a frequência de "cantadas" grosseiras nas ruas tem diminuído em países desenvolvidos. Bom, uma amiga costuma viajar bastante pro exterior, e recentemente ela esteve em Paris a passeio, pela primeira vez... bom, voltou decepcionadíssima com a cidade. Num lugar que é considerado, por muitos turistas desavisados, um reduto da paz e da civilidade, minha amiga teve uma experiência horrível - num parque, com famílias, em plena luz do dia. Ela conta que os homens (franceses) passavam por ela e não só lançavam "cantadas" como ainda tentavam segurá-la, descaradamente - não era só uma passada de mão, não! Chocada, ela atribuiu o comportamento bizarro ao fato de estar usando uma camiseta com estampa "Brasil", supondo que os homens a trataram mal por ser estrangeira. Será? Será que eles associam a brasileira a essa imagem de mulher "usável", guardando a educação somente para as francesas? Ou será que ela teve o azar de estar na cidade no dia de alguma convenção de tarados anônimos? (rs) Como eu não tenho nenhuma experiência no exterior, não posso dizer...

EneidaMelo disse...

Laetitia,

Creio que pode ter a ver com o fato de ela ser brasileira.

Infelizmente, devido às campanhas machistas da Embratur, ao tráfico de mulheres e à miséria existente aqui que faz com que algumas brasileiras aceitem se prostituir no exterior, a nossa imagem não é muito boa lá fora não.

Tive uma professora que contou que uma aluna dela fazendo um mestrado na Itália, ao entrar num restaurante perto da universidade, o garçom percebeu o sotaque e perguntou se ela era brasileira. Quando ela confirmou, ele disse em italiano: "Vamos pra cama". Assim, na lata.

Comigo não chegou a tanto mas, também na Itália, quando eu estava sentada na recepção aguardando o restante do grupo, um dos garçons sentou na mesa em que eu estava puxando um papo nada a ver e com cara de que estava esperando que eu achasse ele o máximo.

Até hoje, só viajei pra fora em excursão. Tenho pavor de me prenderem numa alfândega dessas. A única coisa a meu favor é que sou gorda.

Fabio Burch Salvador disse...

Na real, referências POSITIVAS, mesmo que grosseiras, a aspectos do meu físico me levariam a dizer a célebre frase "ela falou pois sou o máximo".

Na real. Eu devo ser bem mais fanfarrão do que a maioria das pessoas. Candidato certo a figura folclórica da política local.

Mas isso sou eu.

Fabio Burch Salvador disse...

Eu faria um selo comparando as "gentilezas" com o bullying e outras formas de assédio moral, mas estou no trabalho e aqui não tenho meu amado Photoshop.

Em casa, pretendo fazer.

Se lembrar, claro...

Depois passo para vocês aqui o ednereço da figura do selo e o link que vai nele (dou todo o código pronto) para dentro de um textinho explicativo. Daí é só a galera anexar dentro do seu site.

Não sei se vai ter efeito, mas... não custa tentar.

Ca Mendes disse...

Lola, só pra compartilhar uma notícia relacionada
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/02/juiz-e-demitido-no-rs-apos-elogios-improprios-mulher.html
Já imaginaram que ele só disse que am oça era bonita né?!

Anônimo disse...

Só pra não dizer que o mundo é totalmente injusto, ok?

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/02/juiz-e-demitido-no-rs-apos-elogios-improprios-mulher.html

EneidaMelo disse...

Ana Claudia,
homem encoxando mulheres em transporte público é tão comum que cada amiga minha tem uma estratégia. Tem quem só sente na janela, tem quem leve alfinete, ... Quando eu era adolescente, o cara conseguiu me cercar num ônibus lotado de uma forma que eu não tinha muito como eu ir pro lado. Eu olhei pra trás pra reclamar e ele estava olhando pra mim e rindo. Nunca fui de fazer escândalo, ficava morrendo de vergonha, sempre enguli muito sapo. A única forma que encontrei de me livrar dele foi pisar no pé dele com força até ele desistir.

Isso já aconteceu várias vezes (já perdi a conta), não importa quantos quilos acima do "peso normal" eu esteja. No metrô, eu fazia questão de ser uma das primeiras a entrar para grudar na parede.

E ainda tem gente que questiona o vagão exclusivo para mulheres no Rio de Janeiro.

Em outra ocasião, também ônibus lotado, escutei a mulher atrás de mim reclamando do cara do lado dela. Sabe o que o cara teve a cara de pau de fazer? Abaixou as calças dentro do ônibus lotado, e disse que fazia mesmo. Todas as mulheres ficaram chocadas, ninguém fez nada. Eu saltei 2 pontos depois, e até hoje me arrependo de não tê-lo colocado pra fora do ônibus a guarda-chuvadas.

Eu nunca tinha visto nada nesse nível, mas só aqui já são 3 casos relatados.

Lucia,
Sim, os homens acham que toda mulher tem obrigação de ser uma Angelina Jolie. Outro dia, eu estava indo almoçar com alguns amigos e o papo era esse, de que na empresa só tem umas 10 mulheres bonitas, o resto é baranga. Assim, às claras, com 3 mulheres no grupo e apenas 2 homens.

Anônimo disse...

Acho importante não ficar nessa "guerra dos sexos" como se mulheres fossem coitadas e os homens todos uns pervertidos.

A pressão em cima dos homens também é imensa para que "eles sejam homens".

Ok.

O cara não mexe com mulher na rua...

"Tu é viado cara?"

Sendo que essa frase não vem só de homem não: mas de mulheres igualmente machistas, como se o cara tivesse a obrigação de mexer com toda a mulher que passa na frente dele.

Os homens também são muito - muito mais que as mulheres às vezes eu acho - pressionados a fazer muitas coisas que às vezes eles nem querem fazer... Só fazem pra não se sentirem rejeitados ou pra afirmar sua sexualidade - o que tb acho errado (acho que não é por aí que se afirma nada).

Homem não pode brochar, não pode falhar, não pode chorar. Homem TEM que mexer com mulher, TEM que comer baranga, TEM que ser mais forte... É horrível que mexam com as mulheres na rua? Sim. Mas também é horrível as coisas pelas quais os homens tem que passar pra SE PROVAREM alguma coisa...

Amer H. disse...

Lola, eu não falei que perdi o emprego por "respeitar mulheres", os motivos de minha demissão me são muito claros, me foram explicados com todas as palavras, mas não convém explicá-los aqui.

Eu dei este exemplo como maneira de exemplificar que DOS HOMENS É COBRADA UMA CERTA POSTURA TAMBÉM. É COBRADA DE TODAS AS PESSOAS, NÃO SÓ DAS MULHERES. E existem consequências para todos aqueles que não se adequam a postura exigida.

Você falou sobre isso no texto, achei que estaria claro quando escrevi.

Sim, cabe aos homens mudarem sua atitude, mas cabe as mulheres começarem esta briga e mais importante, cabe a elas NÃO TRANSFORMAREM OS HOMENS QUE AS APOIAM EM VILÕES. O argumento mais vigente por aqui é aquele que condena os homens por serem maus, mas ao mesmo tempo o impede de serem bons.

A anônima que "se mudou para a Suécia" (sim, claro), deu a entender que todos os homens que ela encontrava no Brasil eram estupradores em potencial. De fato, já ouvi o argumento de que "todo homem está a uma dose de vodka de distância de estuprar uma mulher".

Sério? Será que é assim mesmo?

Se uma mulher vilaniza a todos os homens sem distinção, faz pouco sentido que espere uma mudança vinda deles. Você não pode exigir que Átila o Huno ensine bons modos a Genghis Khan.

Quanto ao "ossos quebrados", que tal se preocuparem menos com o politicamente correto e mais com o contexto das palavras? Politicamente correto nunca trouxe benefício algum ao mundo, exceto aliviar a culpa de certas pessoas.

Devia estar óbvio que eu não quero que as mulheres saiam as ruas com metralhadoras e bombas caseiras, mas que estivessem dispostas a colocar a mão na massa de facto, coisa que não vejo todas as reclamantes fazerem.

É muito bonito escrever artigos colossais exigindo mudanças, gritar frases de efeito e pregar que "tomara que o Brasil se torne igual a Suécia um dia". Mas fazer apenas isso e não ir as vias de fato, banaliza toda a luta daquelas que iniciaram o movimento feminista.

Aliás Lola, eu uso os mesmos argumentos quando vejo as mesmas reclamações e condenações. Vire o disco que eu viro também.

Cely disse...

O que seria "colocar a mão na massa", Amer?

Fazer posts e usar frases de apoio é um SENHOR ATIVISMO. Conscientizar outras mulheres também, e inclusive encorajá-las a reagir.

Agora, você vai querer dizer para todas as mulheres saírem todo santo dia prontas para uma "guerra" ou algo assim? Por que eu posso te dizer que a minha política principal é responder a esses caras, mas que é TORTURANTE ter que aguentar as humilhações, risadinhas e coerções de grupo que eles fazem no meio da rua. E não são dois ou três não, chegam a mais de dez no mesmo dia, sem contar os grupinhos. Eu cheguei à profunda EXAUSTÃO, chegando ao ponto de não querer sair na rua, de enfiar um fone altíssimo, usar um óculos escuros e ainda um livro no ônibus, só pra não SOFRER MAIS. E você vem dizer que "falta reação"? Obrigar as mulheres a enfrentar um caos diário só pra ir e vir do trabalho e da faculdade, como se elas fossem de alguma maneira responsáveis pela situação, é simplesmente ridículo, além de cruel.

Fabio Burch Salvador disse...

Primeiro, gostaria de dizer que eu nunca fico "a uma dose de vodka de virar estuprador". Se bebo não rola sexo. Eu fico chato. Só.

Agora, defendendo um pouco o AMER:

realmente, se eu sou um vilão por pré-definição, só porque tenho pênis, então não tem sentido mesmo querer que eu ajude em alguma coisa. É como o monstro de Frankenstein, que matava gente porque as pessoas o atacavam, e elas o atacavam porque, olhando para ele, já o definiam como um monstro perigoso antes de sequer saber como era de verdade.

Aliás, eu seguidamente perco a cabeça aqui nestas caixas de comentários porque, ao botar o pé num assunto qualquer, às vezes sou atacado antes mesmo de poder desembarcar com os dois pés por aqui.

E aí não tem jeito: o pau quebra mesmo.

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Tá. Saindo um pouco do "elemento briga", que parece insoluvel, e voltando á linha do argumento do Amer:

Realmente, o que se cria em ambientes muito masculinos (empresas de transporte de cargas, concessionárias de energia elétrica, empresas de informática, e outros ambientes onde quase não há mulheres) é uma espécie de "clima de vestiário", no qual todo mundo se sente livre para fazer piadinhas bagaceiras e o conjunto dos colegas fala de mulher e dispara grosseria para as mulheres (as de fora, não as raras colegas), e quem não se enquadra é o esquisito.

Não que isso renda demissões sempre, mas, enturmar-se é importante.

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PS: Ô Amer, tu foste demitido de onde? Da editora Europa? E quando sai outra OLD GAMER?

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Luciana disse...

Aproveitando o assunto e a mencão ao carnaval e Olinda, vou contar o que aconteceu com uma amiga há alguns anos. Ela e mais outras amigas foram para o carnaval em Olinda, e lá rola umas brincadeiras bem sem graca mesmo e violentas, claro, por parte de uns rapazes tendo como alvo as mulheres. Entrando numa rua onde rolava o carnaval, sim, não era uma rua deserta nem nada parecido, lá mesmo na frente de todo mundo, elas se depararam com um grupo de rapazes, não lembro quantos, acho que uns 6 ou mais, que carregavam um colchão, então pegaram essa menina, jogaram no chão e se jogaram em cima dela, passando mãos e beijando. Depois de passado alguns minutos dessa violência em público, eles largaram ela, recolheram o colchão e partiram em busca de outra vítima.
É conhecido que lá rola esse tipo de 'diversäo', que podemos chamar melhor de agressão.
Dois anos depois disso eu fui, mas só tive coragem de ir pras ruas um único dia, apesar de não ter sido vítima de nada, mas isso porque eu andava pelos cantos das calcadas já prevenida, vi muita menina ser jogada em rodinhas e beijada, e claro, passam a mão também.
Agora fico pensando, a 'diversão' no Brasil é algo meio distorcido, vemos como é nos carnavais, nos trotes de faculdade, agora vendo no BBB11, ... Algo primitivo.

Fabio Burch Salvador disse...

Olha, LUCIANA,
o problema não é EXISTIREM essas brincadeiras violentas ou até assustadoras. O problema é que elas sempre são praticadas no "estilo arrastão", sem que as pessoas possam optar por participar delas ou não.

Os trotes de faculdade são especialmente compulsórios e inevitáveis. E essa história carnavalesca aí é uma afronta.

Claro que há gente que gosta dessas coisas e participa por vontade própria mesmo. Eu mesmo, quando já era veterano na faculdade, conheci no trote uma menina que veio pra brincadeira com entusiasmo e confesso que rolou uma certa tensão de cunho sadomasô entre nós (só que nunca ficamos, não lembro por que, se é que houve alguma razão, acho que eu era timido demais e não cheguei junto).

MAS O GROSSO DAS PESSOAS NÃO QUER!

E aí é um saco. Porque muitas vezes, a participãção não é forçada, mas a bagunça e a forma repentina como a coisa se instala são tão grandes que a pessoa fica sem reação e acaba envolvida.

Medonho... e eu que achava que nossas mongolices de carnaval tipo banho de cerveja eram mongas ao extremo.

Jáder disse...

"Foram educados que mulher sozinha é mulher disponível."

Bem, geralmente é uma das primeiras coisas que a gente observa. Mesmo numa abordagem mais cordial e educada, não teria como a primeira pergunta do homem ser "você tem namorado?". Iriam com certeza pensar que o cara é um tarado louco ou maníaco. O jeito é chegar, travar uma conversa bacana e tentar a sorte. Muitas vezes Leva tempo até a gente descobrir se a mulher está ou não disponível.

Claro que não estou falando de abordagens grosseiras. Claro que eu não vou defender isso.

"mesmo que ela demonstre não ter gostado, no fundo ela tá fingindo e amou"

Se as mulheres fossem sempre sinceras, isso facilitaria tanto a vida dos homens... Tirando as situações em que, naturalmente, a mulher está reagindo à uma cantada grosseira, vocês não tem noção do quanto é chato não saber se a mulher está dizendo NÃO pra fazer "charminho" ou se ela tá dizendo NÂO querendo dizer não mesmo.

"Foram educados que vocês têm que dar em cima de toda e qualquer mulher que passar pelo seu caminho, se não vocês não são másculos o suficiente"

Não necessariamente pra provar nada. Como vc mulheres bem sabem (ou pelo menos deveriam saber), o homem aprende a se aproximar das mulheres quase que completamente na base da tentativa e erro. Então, nada mais natural do que tentar com quantas for possível até conquistar uma.

Ser mulher é fôda. Mas ser homem tb não é essas maravilhas todas.

Lembrando que não estou falando de situações em que homem age com grosseria para com a mulher. Estou só levando a questão pra outras situações. Mulher nenhuma deve aceitar nenhum tipo de grosseria por parte dos homens.

Voltemos agora à programação normal.

Marilia disse...

Ah, gente, eu nunca quereria nascer homem, sabe, porque a vida deles é tão difícil com a autoafirmação e a necessidade de cantar mulheres para serem aceitos pelos amigos, de fazer rodinha de homens e agarrar meninas no carnaval, obrigando-as a beijá-los. E, claro, para dificultar tudo, ainda existem essas mulheres que ficam fingindo não gostar quando na verdade estão querendo cantadas.
Coitados. Deve ser muito difícil mesmo.

Homens, empatia seria bom. É o que se pede no post.

Gabriela disse...

Só pra engrossar o caldo mesmo, ontem me lembrei desse post. Era tarde da noite, umas 11 horas já, e me deu vontade de comer um sanduíche. Eu ia ligar pra pedir, mas estou sem telefone nenhum (meu fixo está mudo e meu celular não tinha créditos), então resolvi ir comprar na lanchonete que é à dois quarteirões da minha casa.

Onde que essa história tem a ver com o post? Tem a ver que eu vivo saindo sozinha independente da hora, eu vivia voltando pra casa ás 2 da madrugada de ônibus antes de ter carro... mas ontem, não sei porque, me deu medo. Achei as ruas muito vazias e fiquei com uma sensação ruim em todo o caminho da ida.

Passavam alguns carros, nenhum mexeu comigo, mas vinha uma idéia muito ruim que isso podia acontecer... E não era medo de assalto, fosse isso, OK, eles q levassem o (pouco) dinheiro q eu tinha na carteira, que era só o do lanche mesmo. Meu medo era de coisa pior.

Fiz meu pedido pra viagem, esperei, peguei e vim pra casa. Felizmente na volta essa sensação ruim de medo havia passado, mas o porque de eu ter sentido aquilo não me saiu da cabeça. Por isso eu resolvi escrever aqui.

Winry-Senpai-Sensei-Sama disse...

Sempre que eu leio os posts da Lola, e os guests post de mulheres falando sobre essas questões do machismo/estupro/homem querendo dominar a mulher e privá-la da liberdade de ser quem ela é ser ser discriminada... eu penso: como tenho sorte: não tenho nenhuma história de terror pra contar. Bem não uma na qual eu tenha me saído mal.

Winry-Senpai-Sensei-Sama disse...

Porque eu sou uma raridade, pelo que estou vendo, eu penso: se eu quiser algo com um cara é porque eu quero, quando eu quero e do jeito que eu quero e se ele não gostar problema é dele. Minto. Eu não SÓ penso assim. Eu, incrivelmente, consigo agir assim. E acontece que não tenho muitos amigos homens heterossexuais, e acho que não é coincidência. Tive sorte de nunca ter encontrado um cara fortão que me obrigasse a ficar ele numa festa à força mesmo, porque só ia a botes GLS, e os poucos caras que já tentaram me forçar a algo não conseguiam me segurar, mas me perseguiam pela festa todas, pelo menos isso aconteceu uma vez numa pista da NEO, e felizmente eu conseguia fugir, escapar, eu quase ria da situação porque aquilo me enchia o saco eu ficava pensando "tá cara, já tá enchendo o saco tu ficar me perseguindo, não deu pra ver que eu não quero??" Mas felizmente nenhum nunca usou a força física pra me obrigar a ficar com eles. Esses tempos, depois de finalmente parar de morar com os meus pais, eu percebi o quanto nunca "quis" ser feminina. Usar saias, roupas bonitas, maquiagens, mostrar como o meu corpo feminino é lindo e gostar dele. Não. Eu sempre me orgulhei de não ter nada de feminino. Claro, não usava roupas de homem. Mas sempre foram roupas neutras. Eu sempre desejei ter seios bonitos e fartos, e quando finalmente eles cresceram, sempre andei com casacos ou camisas. Não queriam homens, guris, caras olhando descaradamente pra mim na rua. E não ia dar chance pra isso, porque sempre botei na minha cabeça, se eu quiser me fazer entender pros homens, não posso parecer com uma mulher.

Winry-Senpai-Sensei-Sama disse...

Tinha orgulho de não ser "vaidosa e futil". Agora eu sinto vontade de chorar quando finalmente me sinto mais a vontade pra usar sais, maquiagem, blusas com decote cabelo arrumado, parece uma mulher atraente e linda que eu sou. Puxa, porque me sentia tão coagida a NÃO agir assim na minha adolescência? Porque eu tinha medo de não saber me defender se algum homem tentasse ser "hostil" comigo por causa disso. Porque queria que eles me aceitassem bem e me tratassem direitinho. Então eu tentava agir como uma molekinha. Ser mulher, mas não ser "feminina padrão". O mais incrível é o que disse, nunca tive muitos amigos heterossexuais, e os poucos que arranjei eram super queridos e tímidos, e não ostentavam muito a faceta "mulher é um pedaço de carne" do machismo. Não pra cima de mim. E se fizessem isso, eu com certeza começari a discutir com eles, e certamente não iamos nos dar bem. Acho que é porque sempre discuti com o meu pai, e nunca aturei nenhuma das bobagens que ele dizia quando se irritava comigo quieta, que aprendi que homens devem ser questionado s e enfrentados. Mas eu admirava muito ele, então tinha que parecer mais um cara pra ele me ouvir. Só que eu sempre quis ser uma mulher, porque afinal eu sou mulher. Agora que não preciso mais brigar como meu pai, e não preciso mais evitar brigas com nenhum homem, por enquanto pelo menos, eu posso ser mais feminina. Cara...ir num shopping pra experimentar roupas e maquiagens, outrora eu acharia isso coisa de patyzinha burrinha sem nada pra fazer, hoje eu me divirto fazendo isso! Mas eu sempre me imagino como alheia a um universo em que isso é tudo pra uma garota. De fato, não é tudo pra mim, mas é extremamente divertido poder descobrir maneiras diferentes de se maquiar, ora engraçadas e bizarras, ora apenas bonitas e inclusive sexies! Isso faz umbem danado pra auto-estima. Eu me sinto bem em ser eu mesma. Bem, fui falando meio que aleatoriamente, e estou atrasada pro volei com as gurias. Inclusive um dos post da Lola me levou a querer reuni-las pra jogar uma bolinha no findi 8D! Vou lá.... o que eu queria deixar do meu post: mulheres, não tenham medo de ser mulheres. E não tenham medo de discutir com homens de igual pra igual e se defender!Eu tive SORTE de não ter me aocntecido nada sério até hoje, porque sempre evitei tentar parecer com uma mulher bonita e atraente. Sempre. Mas se um cara um dia tentar me estuprar, ou fazer qualquer outra coisa comigo, tvz não consiga me defender, e por isso eu fico pensando seriamente em fazer um curso de defesa pessoal especialmente voltado pra mulher (porque será que isso existe NÉ ¬¬?? *sarcasmo detected pra quem não entendeu*) e usar toda a minha coragem pra responder Às grosserias da rua com um alto e bom "Como é que é? Repete que eu não ouvi!!" Eu nunca vou agir em relação a um homem como se ele pudesse mais que eu. Pelo eu acho. Será que o machismo me alienou? Não sei, até agora eu tenho muita, muita, sorte! See ya people, e bom volei pra mim x.X!!!

Winry-Senpai-Sensei-Sama disse...

Ah e claro!!! Não estou certa em não querer ter parecido comuma mulher no passado, ou não querer parecer isto é: ressaltar aquilo que me torna uma mulher - seios, barriga, quadris, coxas..etc! - NãO!! Por isso fico triste quando penso que só agora que não tem quase nenhum homem hostil na minha vida que me sinto livre pra fazer isso. Fiz isso porque não sabia me defender de outro modo dessa hostilidade machista. Inclusive homem não devia ser sinonimo de machista, assim como mulher não devia ser sinonimo de ser futil. Portanto antes que alguem se incomode quero deixar claro que não quis dizer que ser mulher é ser futil ou SÓ pensar em ressaltar a aparencia feminina. Isso é só uma faceta de ser mulher. E uma faceta importante pelo que estou vendo, porque é o que nos permite nos caracterizar como mulheres: lembrar que temos seios e quadris grandes. Mas é só UMA parte. Tem muitos mais, e que compartilhamos com os homens também! E também não acho que ser homem seja sinonimo de ser machista. E sim, acho que querer ressaltar as características fisicas que são atraentes em homens também deve fazer eles se sentirem bem: força fisica, ombros largos. Mas também é SÓ uma parte do que eles são. E mesmo que homens e mulheres não queiram ressaltar esse dotes, assim como eu não queria, que não seja porque tem vergonha de fazer isso, porque acham que não vão ser respeitados por fazer isso. Nós somos ótimos do nosso jeito, porque nascemos assim. Ninguém deve se esconder por se arrepnder de ser o que é, mas se amar e amar tudo aquilo que constroi o que é, e aí vai ficar tudo bem. Inclusive, isso foi baseado numa musica chamada "Born This Way." E espero que ninguém tenha preconceito ou faça pouco da letra se eu disser que é da Lady Gaga.

lola aronovich disse...

Winry, gostei dos seus comentários. E acho que, assim como vc, eu também tive muita sorte na minha vida. Eu nunca fui abusada ou estuprada, sempre consegui escapar das ameaças, que foram muitas. Mas é um medo constante. Mas, ao contrário de vc, eu sempre tive amigos héteros. E gostava muito deles e me dava (continuo) muito bem com eles. Não era da parte deles que vinham as ameaças ou o desrespeito. Com amigos a gente pode dialogar, pode discutir, pode até brigar. Os problemas, comigo, vieram de estranhos, e de gente que eu não conhecia direito.
Eu nunca fui vaidosa, nunca gostei de maquiagem, sempre odiei cabeleireiro, mas nunca fiz isso como mecanismo de defesa. No meu caso, eu nunca tentei disfarçar ser mulher, até porque não dá. Tenho peitões, não tem como esconder. Mas eu também nunca associei femininidade com maquiagem, unhas feitas, roupas ou sei lá mais o quê. E, na realidade, nem com seios grandes, porque tenho várias amigas que têm seios pequenos e não são menos mulheres por causa disso. Acho que nunca me preocupei muito com isso do que é ser mulher, ou o que é ser homem. E creio que em boa parte meu feminismo vem daí, sabe? De não dar atenção a esses padrões impostos. Eu sempre me considerei mulher, sempre me considerei hétero, mas não pensava que eu devia agir de uma certa forma só por eu ser mulher e hétero. E não achava que os homens que se relacionavam comigo deveriam seguir uma fórmula. Mas este é um tema muito interessante que pode dar um post.

Nina disse...

Sei que é um post mais antigo mas eu queria contar uma experiência minha pra mostrar que infelizmente há sim, mães ensinando os filhos homens que pra ser "homem" tem que ser escroto assim.

Tive uma família vizinha que tinha três filhos meninos, todos umas pestes. Uma vez, em um dia que todos estavam na rua (não me lembro agora se havia alguma festa ou jogo de futebol ou se a gente estava só brincando mesmo) o caçula deles passou a mão na minha bunda. Eu tinha 12 anos, era bem mais velha que ele (que tinha 6), mas não gostei nem um pouco e reagi. Dei um "tapinha" nele na hora - reação instantânea, sabe - e fui falar com a mãe dele. A idiota me repreendeu na frente de todo mundo e disse que ele tava certo, que era muito bom que ele aprendesse a gostar de mulher desde cedo. Por que eu recriminava ele? Queria que ele fosse "viadinho"?

Fiquei tão chocada na hora que nem consegui reagir, não falei nada pra ela. Eu passava por uma fase muito difícil - puberdade, aceitação do corpo, revolta por ser tratada como objeto por homens sendo que eu era ainda criança. E isso veio só piorar as coisas. Saí da frente dela (e de todos os meus amigos) e fui chorar escondida. Me senti humilhada e muito confusa.

Daí a gente vê que o machismo faz mal para a cabeça de homens e mulheres...

Adoro seu blog! Beijos!