sexta-feira, 14 de novembro de 2008

EFEITO COLATERAL DE BEBIDA? ESTUPRO

Mas só pra mulher. Homem pode beber até cair, e nada vai acontecer com ele, além de uma tremenda ressaca no dia seguinte. Porém, se for mulher, ficar inconsciente pode valer um estupro. Com direito a um segundo estupro, que é ter as imagens da violência distribuídas pra todo mundo.
Agora que a notícia chegou à TV em rede nacional, vai correr rápido o país. Mas o caso aconteceu no final de outubro, na cidade catarinense de Joaçaba. Pra quem ainda não sabe: uma menina de 15 anos foi a uma festa, onde havia treze pessoas, todas de classe média alta. Ela bebeu muito, passou mal, e um rapaz a levou ao banheiro. Daí as versões variam. Já ouvi que o rapaz bateu a cabeça dela, e só então ela ficou inconsciente, e que ela já chegou inconsciente ao banheiro. Mas o fato é que o rapaz tirou a roupa dela e a estuprou. Dois amigos que estavam junto, no banheiro, decidiram filmar a cena com seus celulares. Aparentemente eles também iriam estuprá-la, mas alguém subiu, viu o que estava havendo, e mandou parar. A menina foi levada pra sala e ninguém chamou a polícia. Alguns dias depois, os rapazes envolvidos colocaram as imagens do estupro na internet. Isso chegou até a polícia, que os reconheceu através do vídeo e começou uma investigação. Dizem que, pelos acusados serem ricos, seus nomes e imagens vêm sendo mantidos em sigilo absoluto (nesta matéria, o nome deles já aparece). Um deles é menor de idade.
No site de notícias do Diário Catarinense já há vários comentários de leitores. A maior parte está indignada com o estupro, apesar do machismo fazer com que redijam comentários como este: “Babacas, agora virarão menininhas na prisão... Vamos ver se eles vão gostar”. Porque estupro é coisa pra menininhas, entende? E está subentendido na frase que elas gostam. Mas este é dos recados bem-intencionados. Há também estes (com pequenas correções minhas):

“Olha, saio muito à noite e vejo como este nosso mundo está perdido. Vejamos: será que a menina foi estuprada mesmo? Não devemos só culpar os rapazes; a menina também tem culpa nessa historia, será que ela não estava provocando os mesmos? Depois de um certo tempo de bebedeira, drogas e tudo mais, ela pode muito bem ter provocado e depois de todo o acontecido, ela pra não perder a moral diz que foi estupro. Hahahah, fala sério, né?”

“Eu não isento esses idiotas da criminalidade, mas essa mocinha acha ou achava que ia parar onde embriagada, inconsciente e com vários guris sozinhos? Não vamos tapar o sol com a peneira, provocou, deu chance, se ferrou! A vida é assim! Os pais são coniventes, não fazem nada!”

“Todo mundo vai tratá-la como coitadinha? Ninguém forçou ela a 'abusar da bebida alcoólica', quem sabe sóbria o final da festa fosse diferente.”

“Quanta baboseira escrevem. Parece até que foi uma menina santa, raptada no ponto de ônibus e forçada por monstros. Sou [de Joaçaba] também e TODOS sabemos o que acontece nessas festinhas, não há nenhum colega da escola que não tome esses porres, nem meninas que não sejam ativas, mas os papais preferem acreditar que foram estupradas, e a denunciante caluniosa, revoltada por ter o vídeo espalhado, resolve ter sido estuprada.”

“As opiniões deturpadas por notícias sensacionalistas podem destruir a vida dos jovens. Por que não divulgam o nome da menor, pra averiguação de seu passado sexual?”

Pra começar, vamos lá: estupro é sexo sem consentimento. Se a menina estava inconsciente, como pôde consentir? A gente sabia que esse tipo de reação misógina iria acontecer. Afinal, vivemos num mundo em que mulheres estupradas são acusadas de incitar o crime pela roupa que vestem. Logo, tomar um porre numa festa é se dar de bandeja. Tá. Eu só aceito esse argumento se todos os meninos que ficam bêbados em festas também sofram a ameaça de estupro. Estranho, né? Pra homem não é assim: bebeu, “deu chance, se ferrou”. Essa diferença de tratamento tem nome: privilégio masculino. Não existe ameaça de estupro pairando sobre o dia a dia dos homens, como existe pras mulheres. Outro privilégio masculino é o benefício da dúvida - há um vídeo com uma moça, menor de idade, inconsciente, com três rapazes... e a conclusão lógica é “ela se ofereceu”? Ela “os provocou”? Quando? Antes, durante ou depois de ficar inconsciente?
É óbvio que nós mulheres devemos ter cuidados redobrados. Se até mulher dormindo em ônibus corre o risco de ser apalpada pelo passageiro ao seu lado (essa é novidade pra mim! Nunca havia imaginado isso até ouvir dois relatos de que sim, isso acontece), beber até perder a razão não é uma boa. Inclusive, pessoalmente, não recomendo a ninguém beber até cair, homem ou mulher, de qualquer idade. E também não recomendo que os pais de meninas as tranquem em casa (a menos que tranquem os filhos também).
O que mais me choca disso tudo é que a gente aceite que o comportamento de muitos homens é este mesmo. É isso, então? Este é o nível da nossa barbárie? Que um grupo de rapazes, ao ver uma menina passando mal, vai estuprá-la, ao invés de ajudá-la? Que, dias depois, eles se sintam tão impunes, e vejam a situação com tamanha naturalidade, que colocam as imagens na internet, para se exibirem? Que eles achem que transar com uma moça inconsciente não tem nada de mais e não é crime? Que as outras pessoas da festa não façam nada? Que, se amoça não fosse mais virgem, transar com ela inconsciente não seria estupro? E que tanta gente ache que alguém merece o estupro?
Por favor, digam que não é assim. Que não vivemos numa selva.

MAIS sobre o caso aqui.
UPDATE em 2011: Os jovens foram condenados. O estuprador pegou sete anos de cadeia, mas em regime semiaberto.

104 comentários:

Serge Renine disse...

Aronovich:

Eu havia postado o comentário abaixo lá no post do Bond, mas achei tão pertinente resolvi recolocar aqui.

A Sra. Broccli foi quem convenceu o marido a escolher o Sean Connery. O Albert Broccoli, o achava muito rude, ríspido e gosseiro para ser o agente que ele imaginava; dizia que ele parecia um lenhador. A Sra. Broccoli, ao contrário, viu no Sean um homem de verdade e convenceu o marido. As mulheres, veem os homens de um jeito todo especial.

Giovanni Gouveia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Giovanni Gouveia disse...

Essa história me lembrou Kids, provavelmente o filme mais deprimente que eu assisti na minha vida...
Lola, sobre "Virar menininha", é uma gíria do código de moral dos criminosos (é, existem outras "morais", além da burguesa), para quem estupro e violência sexual contra crianças não tem perdão, e quem estupra, quando chega às cadeias, tem as pernas e sombrancelhas depiladas e é violentado (portanto vira passivo, daí o termo), se tiver muita sorte, porque a ordem é matar...

Babs disse...

Lola, que horror. Pois é, a mulher é sempre a provocadora, a que "deu" oportunidade e etc. E os homens, tadinhos, sempre prisioneiros do seu imenso tesão que não conseguem controlar.
Pior é que acho que isso é relativamente comum, não fosse pelo vídeo. Uma amiga minha me disse que já aconteceu com ela. Bebeu muito e dois "amigos" dela se aproveitaram.
É sempre o erro da Eva não é mesmo? A mulher é que é a eterna culpada...

Babs disse...

Mais uma coisa, todos os comentários são repulsivos, mas esse aqui em especial me chocou:

“As opiniões deturpadas por notícias sensacionalistas podem destruir a vida dos jovens. Por que não divulgam o nome da menor, pra averiguação de seu passado sexual?”

O cara quer simplesmente instaurar a inquisição pra garota. Malleus Maleficarum nela!

Tina Lopes disse...

Você recebeu o e-mail com as fotos da Eloá? Ali está claro. É piranha, pode morrer, estuprar, porque merecem. Esse mundo é uma merda, Lola.

Suzana Elvas disse...

O que a maioria dos machistas de plantão esquece - ou finge não ver - é que oferecida ou não, piranha ou não, bêbada e drogada ou não - nada disso importa. Sexo - mesmo que consensual - com menor de idade é CRIME. Ponto final.

Chegou-se ao ponto de apagar até mesmo a idade da garota. Tem XX no cromossomo - pode traçar. Afinal, ela provocou, né? Nasceu mulher. Tem 15 anos mas tem peito e já deve saber o que é sexo - vamos ver o currículo sexual da menina? Ah, ela é menor? Mas usa batom, pinta as unhas, usa sutiã, sai à noite - e quem sai na chuva é pra se molhar, né não?
Então.

Giovanni Gouveia disse...

Só esclarecendo, na resposta mais acima, não estou defendendo a posição, apenas relatando...

Mas a idéia de que "não é mais virgem, portanto não tem mais direito sobre o seu corpo", ou que está drogada, bêbada, desmaiada... também não, é lugar comum desde os tempos mais remotos, e a sociedade (ou parte dela) não evolui.


Há cinco anos, aqui em Pernambuco, duas garotas, menores de idade e de famílias abastadas, foram pra uma "festinha", regada a coca e álcool, e não estou falando do drink cuba libre, num casa de praia, desapareceram e foram encontradas mortas num canavial. As investigações levaram a dois rapazes pobres, que dirigiam kombi para sobreviver, o que se fala, por aí é que os verdadeiros culpados (também de família rica) saíram do país, e nunca mais voltaram...

Duas coisas são bem chocantes nesse post, o que parece ser a foto de um apedrejamento (há mais de dois mil anos alguém disse que "quem não tivesse pecado que atirasse a primeira pedra", mas ninguém aprendeu), e a resposta nojenta de que vão "estragar a vida de pessoas", ou seja, a vida da menina não vale de nada, ter sido violentada por varias pessoas não vale nada, só a vida dos filhinhos de papai...

Suzana Elvas disse...

Giovanni, acredito que a Lola sabe o que é "virar menininha". O que ela está chamando a atenção é exatamente para a raiz da expressão. Se em inglês usa-se "bitch" (a cadela, a prostituta), aqui é "a menininha" - ou seja, não importa a idade. É o consenso que sexo com a outra parte que não abre a boca deve começar cedo.

Nasceu mulher tem a obrigação de abrir as pernas - e se depois reclama... Bom, ela provocou, né? Usar minissaia com oito anos? Batom aos dez? Tá pedindo, provocando. E se pediu não pode reclamar depois.

Anônimo disse...

É tão triste navegar pela net e ver tantos comentários ofensivos, racistas, sexistas e homofóbicos. Estava empolgada p/ escrever sobre a vitória de Obama, mas vi tantos coments racistas e isso me desanimou, vou ver se escrevo este fim de semana.
Sobre o estupro é lamentável, mas só estupro presumido se a adolescente tiver menos de 14 anos. Sexo consentimento é permitido a partir dos 14, deve ser pq a maioria das jovens se casava com essa idade, nos anos 40, época do nosso velhusco Código Penal.

Raiza disse...

Sabe Lola,as vezes eu concordo com um professor de física que eu tinha,ele dizia o seguinte:
"O Mundo já acabou,só falta apagar a luz"

Unknown disse...

É, ainda perdura a idéia de que nunca foi um estupro de verdade. A mulher sempre provocou, mereceu. Os criminosos nunca assumem que foi estupro mesmo.
Não sei oq mais me revolta. Se é o caso em si ou a quantidade de pessoas que estão entrando no meu blog procurando por imagens do vídeo.

Anônimo disse...

Sobre o vídeo é deprimente saber tanta gente se excita com estupros reais. Qdo está no campo da fantasia já é questionável, mas fantasias não se pode controlar. Eu não vou ver o vídeo. Já é doloroso demais ver estupro em ficção, imagina na vida real.
Mudando de assunto, mas ainda algo relacionado: é lamentável ver que a violência contra a mulher vira algo de piadinhas, exemplo da Luana Piovani. Ela passa uma imagem arrogante, mas não tem graça nenhuma ler "quem nunca quis dar um tapa na Luana Piovani?"
Estupro não é excitante e violência não tem graça nenhuma.

Anônimo disse...

É deprimente.
Sexo sem consentimento É ESTRUPO. Independe da conduta da vítima, da ocasião, lugar, hora... "NÂO, é não", ponto.
Acho a postura dos defensores destes marginais, além de machista, absurdamente escrot@. Mesmo.
É muito triste ver coisas assim acontecendo, ver que a impunidade vai reinar e que, mais uma vez, o caso cairá em esquecimento.

Sou mãe de menina, o que devo fazer para prepara-la para este mundo? Nâo deixa-la usar roupinhas de menina? Só deixa-la sair de casa de calças e tênis? Nada de maquiagem? Nada de saia? Que tipo de vida a minha filha terá, na adolescência?

Fod@....

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Aff, sexo com consentimento. Ai, Lola, edita meu coment por favor. E apaga esses, ok? Desculpe.

Giovanni Gouveia disse...

Lila, mas sexo acima de 14 e abaixo de 18 só com o consentimento dos pais, caso contrário é tipificado, no código penal, como "sedução de menores..."

Anônimo disse...

Giovani, posso te chamar de Gio? Leio seus coments aqui e parece até que já te conheço. O crime de sedução de menores não existe mais, foi revogado em 2005.
Sedução Art. 217 – (Revogado pela Lei nº 11.106, de 28.03.2005)

Anônimo disse...

isso pra mim é o horror. o horror.
o estupro, pra mim, é a expressão máxima da violência. por seu efeito concreto e simbólico. e as vezes eu tento comparar as coisas pra saber o que é pior: a violência sexual em si, as justificativas e suavizações que as pessoas tentam sobrepor à violência (e assim minimiza-la), ou a dissolução da passividade e disponibilidade feminina nos outdoors, publicidades, piadinhas e provérbios? Não sei.
A imagem do fim do post, com a modelo sendo segurada, foi muito forte pra mim. Tem dias que essas coisas me irritam. Tem dias que deprimem muito, muito.

Lila disse...

Art. 217 - Seduzir mulher virgem, menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14 (catorze), e ter com ela conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência ou justificável confiança:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Revogado pela Lei 11.106-2005)

O Código Penal não falava nada de consentimento dos pais. E o crime de sedução de menores era seduzir mulher virgem, nem falava em consentimento dela ou não.
Aqui no Brasil, como no resto do mundo, o casamento sempre legitimou relações sexuais com adolescentes, tivesse ela 12 ou 17 nos.

PS.: sou bacharel em Direito.

Abraços

Giovanni Gouveia disse...

Lila, claro que pode me chamar de Gio.
Nâo sabia da revogação desse crime (pra facilitar a vida de meliantes é uma capacidade incrível,tô pasmo), no entanto tem o artigo 218, "corrupção de menores" (foi revogado também?), também o artigo 214, conjunção carnal mediante fraude...


Em tempo, esses crimes do caso não se enquadram na recente lei sobre pedofilia?

Tô com uma sanha que se fosse advogado ia até a referida cidade ajudar a promotoria... >:(

Anônimo disse...

também quero perguntar. Lila, sedução de mulher entre 14 e 18 anos, não virgem, pode???

Dá pra alegar que não foi estupro no caso dessa menina? Se ela disser que não queria e eles disserem que ela queria, não é estupro?


socorro.

Anônimo disse...

Lola,
o que essa colagem com uma mulher de hijab sendo lapidada faz aí?

Anônimo disse...

P.S.: fora a imagem fora de contexto (porque os agressores não são árabes, ainda que eu compreenda a tortuosa metonímia), concordo com cada palavra de seu texto. É de uma tristeza de doer a garganta ter a certeza de que somos sempre "culpadas" por nossa sexualidade. E é essa uma das razões por trás do baixo número de denúncias: as mulheres sentem vergonha de terem sido agredidas e essa vergonha vem justamente do medo de serem culpabilizadas.

Anônimo disse...

Afff.. é sempre assim, Lola, em casos como o de Joaçaba e da Eloá não demora nada (nada!) para aparecer montes de gente dizendo que a culpa é da menina/adolescente/mulher.. que gente é essa??? Mto revoltante...

Giovanni Gouveia disse...

Suzana Elvas, concordo com os seus argumentos, mas o termo também remete para que:
nada mais degradante e ofensivo para um machista/misógino do que ser transformado em "menininha" ("mulherzinha", aqui nestas bandas)

JAM disse...

chocante. incrivel como depois de um ato horrendo como este nossa sociedade ' igualit'aria' tenta justificar! meu deus, espero que a sociedade acorde algum dia...faz anos que lutamos, mas ainda estao longe de reconhecer nossos direitos.

Anônimo disse...

Ok...os tarados desse mundo estão cada vez em maior numero e menor idade, não é? As meninas que se preparem melhor e se unam. Na minha cidade, Birigui, uma menina ia às seis da manhã para dormir num posto de saúde para conseguir vaga para a avó, um grupo de jovens bêbados e sabe-mais-o-quê a confundiu com uma prostituta e claro, se sentiram no direito de a espancar, quebrando o maxilar.
Se eu eu fosse o pai dela não sei se esperaria uma ação que não fosse a minha própria.
Mas nesse caso, como diz a Lola, está ali a mulher considerado objecto pronto para ser usado por todos, esses sujeitos aliás usaram camisinha? E se a menina engravida, vai ser erradamente menos considerada por essa gente por querer abortar? Com certeza que vai. A parte o trauma e tudo o mais.
Acho que é preciso ter consciência de pessoas más, mesmo más, a nossa volta.
Como homem sei que ser vitima de estupro é uma coisa remota de acontecer comigo. A não ser que começasse a aparecer gays estupradores (ou heteros com fetiches) que raptassem jovens bonitos e inocentes como eu por toda a parte. Se isso acontecesse?
Sinceramente não tenho a mínima ideia do que seria, além de uma das piores coisas pelas quais poderia passar.
Se, além de acontecer comigo, acontecesse com outros homens, se calhar as leis mudassem um pouco.

Anônimo disse...

Sabe o que mais...integrando esse post e o último a respeito dos livros. "Quando os Adams saíram de férias" é um livro escrito por um autor acusado de matar uma menina, e estupra-la. Esse foi o único livro que ele escreveu. Nunca nada foi provado contra ele e esse autor, relata a história de uma jovem de dezoito anos, babá, feita refém por umas crianças. Os detalhes dos frequentes estupro são imensos e a visão da vitima é muito interessante. É um livro curioso sobre a maldade de gente jovem.

lola aronovich disse...

Oi, pessoal! Obrigada pelos comentários, e continuem escrevendo. Primeiro queria pedir desculpas porque, desde que comecei o blog, toda sexta foi sagrada: é dia pra falar de cinema. Eu geralmente publico uma crônica sobre um filme. Mas achei esse assunto do estupro em Joaçaba mais urgente, e por isso vou falar de filme amanhã. Espero que vcs não se incomodem.
Respondendo principalmente a Ro, queria explicar o porquê da foto da mulher islâmica apedrejada. Quando a escolhi, pensei que ela poderia ser vista como preconceituosa. E sei que, quando a gente precisa explicar nossas intenções, é porque falhamos miseravelmente. Mas é o seguinte: eu quis ilustrar, com essa foto, que a menina que foi estuprada em Joaçaba também está sendo apedrejada por muita gente. Não tem nada a ver com islamismo. O último caso que ouvi, de mulher sendo condenada à morte por apedrejamento, foi de uma menina de 13 anos na Somália. Por coincidência, ela também havia sido estuprada por 3 homens. Quando os denunciou, foi condenada à morte por adultério. Isso não é incomum em muitos países islâmicos, infelizmente. Mas muitas vezes, quando falo das injustiças terríveis a que são submetidas as mulheres nesses países, tento fazer um paralelo com o tratamento às mulheres no mundo ocidental. Será que esta parte do mundo em que vivemos é tão mais solidária com as mulheres? Muitas vezes eu acho que não. Então foi esse paralelo que quis fazer, da mulher sendo apedrejada literalmente à menina sendo apedrejada aqui figurativamente. Tanto que coloquei essa imagem justamente na parte em que cito os machistas do site de notícias.
Não foi minha intenção falar mal do islamismo, Ro.

lola aronovich disse...

Serge, obrigada pela informação. Foi a Sra. Broccoli que fez esse comentário exótico (pra dizer o minimo) que as bond girls dos anos do Sean Connery foram ícones feministas. Ah, eu acho que eu nunca vi um lenhador de verdade na vida! (estivador, sim. Mas lenhador não faz parte da nossa cultura, faz? Pensei nisso agora).


Gio, eu também pensei em Kids. Mas lá os jovens são mais jovens ainda. Concordo que é um filme totalmente deprê.
Então, sei que “virar menininha/mulherzinha” é gíria, assim como, em inglês, pussy é sinônimo pra vagina e pra “covarde”. Só que a gente tem que tentar banir esse vocabulário misógino, né?

Tina Lopes disse...

Eita, eu li esse livro, cavaca, quando tinha uns 13, minha fase de livros de terror. É bem impressionante mesmo, não sabia dessa história do autor. Brrr. (conversa paralela de novo!)

Anônimo disse...

Outro post ótimo, Lola.

Quanto ao último comentário que vc reproduziu, acho o mais absurdo de todos. Primeiro, NUNCA se publica o nome de uma vítima de estupro no jornal, isso é lei. Afinal , vc já foi estuprada e todo mundo ainda tem que ficar sabendo? É uma segunda humilhação.

Mas, de todos os comentários, acho esse o mais absurdo. Então quer dizer que se a menina já transou com um número X de caras, ela pode ser estuprada que tá beleza? Que absurdo. A ignorância* de algumas pessoas realmente surpreende.

*Prefiro pensar que é ignorância, no sentido de falta de educação e formação mesmo. Porque, senão, é selvageria demais pra ser verdade.

lola aronovich disse...

Babs, exato: os homens são vítimas do nosso imenso poder de sedução! Sob essa ótica, estupro é inevitável, e não nos resta fazer nada, apenas aceitar. É a normatização do estupro. Num caso desses, em que uma mulher bebe demais e os amigos (amigos?! Meus amigos não fariam algo assim!) se “aproveitam”, a vítima deve se sentir culpadíssima. Duvido que casos assim sejam relatados. Se na nossa sociedade uma vítima de estupro já é responsabilizada (e internaliza essa responsabilidade) por vestir uma minissaia, imagina se vestir uma minissaia e beber até passar mal?! Ela tava pedindo mesmo, só pode! Esse comentário do inquisidor que quer averiguar o passado sexual da vítima é talvez o mais nojento, concordo. E se a menina fosse uma prostituta (não era, só estou teorizando) desde os 10 anos de idade? Isso justificaria que rapazes a estuprassem, batessem nela, a matassem, todas essas coisas que tantos homens fazem com tantas mulheres? É o horror, o horror.


Tina, não recebi esse email não. Ou, se recebi, deletei sem ler. Acho o fim as pessoas acharem que alguém merece ser estuprado. Eu não acho que nem os rapazes que cometeram o estupro, e nem o Lindembergh, merecem ser estuprados. Vc acha que esse mundo não tem salvação mesmo, Tininha?

lola aronovich disse...

Su, aí eu não sei, sinceramente. Acho exagero dizer que sexo, mesmo consensual, com menor de idade é crime. Muitas meninas têm vida sexual ativa. Eu tive, e sempre dei a sorte de sempre fazer sexo consensual. Muitas vezes eu me envolvia com rapazes mais velhos (eu 15, 16, ele 23, 24). Não acharia justo se um cara com quem eu transei porque eu quis fosse preso. Acho saudável que meninas e meninos tenham vida sexual, desde que seja com responsabilidade, claro.
Em caso de estupro, a idade da vítima é um agravante. Mas estupro é estupro, pô. A pena é maior pra quem comete estupro contra menor, e acho a lei correta. Mas se a vítima tem 15 ou 35 anos, o estuprador deve ser punido. Quer dizer, não é disso que vc tá falando, eu sei. Acho detestável, sim, que muitos dos carinhas adotando esse discurso “ela não era santa” apaguem a idade da vítima.


Gio, pois é, essa idéia de que se a mulher não é mais virgem ela “pediu pra ser estuprada” é antiga. E é super machista, né? Acho que vem da idéia de que, enquanto a menina for virgem, ela pertence ao pai. Quando não é mais, ou ela protege ao seu novo amo (o marido), ou é terra de ninguém. Incrível que não haja evolução desse conceito.
Que horror isso que vc conta do caso de Pernambuco. Não duvido nada que os culpados não tenham sido punidos.
Ah, obrigada por encontrar mais um significado nessa foto polêmica que incluí no post, o do “atire a primeira pedra”. Boa interpretação! Não que eu tenha pensado nisso...

lola aronovich disse...

Su, certo, bitch já é horrível demais, porque tenta tornar a mulher um animal, mas acho que “menininha” é pior nesse contexto, não? Porque, pra mim, menininha é criança! Acho que essa expressão tem uma grande carga pedófila. E isso de mulher “pedir” é o fim. Isso tá tão enraizado na cultura...


Lila, ah, não desanima não, escreve sobre a vitória do Obama, vai. Se a gente se desanimar pelo que os estragossauros escrevem, eles ganham.
Então, mesmo isso de estupro presumido pra adolescentes com menos de 14 anos eu acho estranho. Não aconselho que meninas com menos de 14 transem, acho que não estão física e mentalmente formadas, mas acontece. E se há consentimento, não acho que deveria ser visto como estupro.

lola aronovich disse...

Princesa, nessas horas eu penso nisso também. Mas em seguida tento me lembrar “é só um caso, é só um caso”, e que a maioria dos homens é gente boa.


Elyana, como eu disse no comentário lá no seu blog, acho que vc fez uma boa conexão deste caso com a influência da pornografia. Tá aqui. Gostaria que vc desenvolvesse ainda mais isso. É um nojo o que tem de tarado querendo ver o tal vídeo do estupro. Mas TODO dia aparece no mínimo um google search de alguém procurando “cenas de estupro”. Não acho que seja pra escrever um tratado sociológico, e sim pra se masturbar. Tem homem que se masturba vendo mulher ser estuprada! Esse é o nível de apatia a que chegaram.

lola aronovich disse...

Lila, pois é, eu também não quero ver o vídeo. É a imagem de um estupro real, pelamordedeus! Se eu solidarizo com a vítima, não posso me excitar com os algozes. Pra mim isso nem é sexo, é um crime brutal!
Triste isso que vc conta sobre a Luana Piovani. Já tinha lido que há camisetas pró-Dado circulando. Pró-bater em mulher - lindo, não? Bom, eu nunca quis dar um tapa na Luana. E nem no Dado. Não quero bater em ninguém. Eu quero é paz! Esse pessoal faz graça de coisas sérias demais.


Chris, claro, eu não sei o que é tão difícil de entender. A pessoa disse não? Não é não e acabou. Seguiu adiante, é estupro. É tão simples! Olha, sinceramente, nessas horas eu fico muito feliz em não ter tido filhos e, principalmente, filhas. Mas entendo a sua angústia!

lola aronovich disse...

Gio, não estou te criticando, só criticando o Código Penal. Sexo com o consentimento dos pais?! Isso é ridículo! Até porque muitas vezes os pais são os algozes. Lila, obrigada pelo esclarecimento. Sempre achei esse crime de “sedução de menores” muito ultrapassado.


Pra mim também é o horror, Aline. E tá tudo interligado. A violência sexual tá conectada às justificativas, às piadinhas, provérbios, propaganda, etc. É assim que ela se perpetua: fazendo com que todo mundo ache estupro natural. Não é nada de mais. Tá em todo lugar, até em outdoor, tá vendo? Desculpe pelo anúncio da Dolce & Gabanna. É nojento, eu sei. Faz tempo que tô com ele, pra falar da violência contra a mulher na mídia e da propaganda pornográfica. Não sei se dá pra alguém olhar pra esse anúncio e NÃO ver um gang rape. Um estupro em grupo glamurizado! Pelo menos a vítima não aparece sorrindo...

lola aronovich disse...

Lila, ótimo ter uma bacharel em direito vindo aqui pra explicar as leis! Pois é, já acho um avanço a revogação de uma lei que fazia distinção entre moça virgem e moça “experiente” (transar uma vez já nos torna experientes, rodadas, usadas, pronta pra próxima?).


Gio, não concordo que a revogação dessa lei favoreça os meliantes. A verdade é que uma lei dessas prejudica as mulheres. Porque mulher, mesmo menor de idade, pode QUERER transar sem ter sido seduzida, corrompida ou estuprada, não? Mulher não pode estuprar, mas pode seduzir, ser ativa na conquista.

lola aronovich disse...

Aline, nesse caso da menina acho que nem tem o que dizer. Foi estupro. O vídeo parece que mostra a menina inconsciente. E os acusados já confessaram o estupro. Como que transar com uma moça inconsciente pode ser caracterizado como sedução?


Ro, tentei explicar a imagem mais pra cima, ok?
É isso: tá cheio de vítima de estupro que não denuncia, porque se acha culpada. Num caso como esses, que a menina tava numa festa e bebeu muito, não duvido nada que ela não quis denunciar de forma alguma. Ela sabia que iria ser julgada (e condenada) pelo seu “crime”.

lola aronovich disse...

Aline S., eu não sei que gente é essa que não tem empatia nenhuma pela vítima. Prefiro pensar que são pessoas que ainda não pararam pra pensar, pra refletir, do que simplesmente deduzir que são monstros. Mas esse é meu lado otimista falando.


Gio, não há dúvida que ser menininha/mulherzinha é SEMPRE uma ofensa, em praticamente qualquer contexto. Ainda mais no contexto de uma sociedade patriarcal que divide comportamentos entre Masculino/Feminino, e deixa claro qual é o comportamento correto. Ser menininha é o pior dos mundos. Outro dia vi um jogador de futebol que afrontou o juiz dizendo que vai se acalmar em campo, mas nem por isso vai virar mulher. Porque “virar mulher” - e desenvolver qualidades como compaixão, serenidade, empatia - é o pior que pode acontecer a um homem!

lola aronovich disse...

Jamine, ah, ainda falta TANTO pra termos nossos direitos reconhecidos...


Que horror, Cavaca, isso que vc conta de Birigui. Espancar prostitutas pode... Prostituta é mesmo um bicho hediondo, por ousar COBRAR o que os homens deveriam poder pegar de graça.
Essa questão se os estupradores usaram ou não camisinha vem sendo comentada também, Cavaca. Parece que não. Até agora não se sabe ao certo se ela foi estuprada por um ou pelos 3. Espero muito que ela não engravide nem pegue AIDs ou alguma doença venérea. Mas sim, vamos supor que ela engravide. Algum radical contra o aborto me explique porque tirar dela o direito de abortar. Há muita gente (geralmente homens!) que são contra o aborto em todos os casos, até nos de estupro!
Vc citou “gays estupradores”. Lembre-se que na cadeia, onde estupro de homem ocorre, não são necessariamente gays que estupram. São homens que, fora da cadeia, são héteros. Só estão estuprando homem na falta de mulher. E esse é um bom ponto pra mostrar como a escolha da vítima é totalmente indiferente. A vontade de estuprar (qualquer um) é mais forte. E isso, pra mim, tira da vítima qualquer culpabilidade.
Puxa, não conheço esse livro. Sério? O cara foi acusado de estuprar e matar uma menina? Acho que eu teria dificuldade em ler um livro de uma autor acusado disso.

lola aronovich disse...

Putz, Tina, não conheço esse livro. Agora fiquei curiosa. Preciso me informar mais.


Marjorie, ish, agora já respondi vários comentários que mais ou menos respondem o seu. Sobre preferir que seja falta de educação do estragossauro, e não selvageria. Sobre querer averiguar o passado da vítima... É o fim. Por isso acho que minha foto da muçulmana apedrejada por ter sido estuprada é relevante. Porque esse sujeito que pede a divulgação do nome da vítima quer poder saber contra quem exatamente atira pedras, dar um nome ao seu objeto de ódio...

.mila alves. disse...

O que me dá medo, é realemnte saber que isso existe. Que as pessoas levam isso com naturalidade. Me dá medo de confiar nas pessoas.
Um dia você está numa festa, supostamente acompanhada de 'amigos' que por você beber alem da conta (tb não aconselho ng a isso, mas não justifica o que aconteceu) e a consequencia disso, é um estupro.
Pensava eu que quando essas coisas aconteciam, elas eram ajudadas. Como eu já ajudei muitas amigas minhas que beberam além da conta.
É também frustrante pensar que uma menina de 9 anos é estuprada e jogada dentro de uma mala. É revoltante saber que uma menina de 15 anos, não queira mais namorar um rapaz e que ele, torture e a mate com um tiro, que ele sabia que não teria como voltar.

É revoltante. É um absurdo ... não dá pra entender.
Não dá pra pensar ... mas tem como fazermos algo! E tem que ser urgente.

Tina Lopes disse...

Oi, Cavaca, conversa paralela é isso aqui: a gente fazer um comentário "paralelo" ao que a Lola disse, entre nós comentaristas. Eu vivo fazendo isso, não me aguento de falar diretamente com a Lola e bato papo com quem vem aqui também. Tipo pegando carona. rsrsrs

Anônimo disse...

Tem um episódio do desenho "padrinhos mágicos" em que o Pai do garoto está no carro e explica para o filho que a babá dele, assim como a mãe, falam "mulherez", ou seja, sempre diziam o contrário do que realmente queriam dizer.
O "não" vindo de uma mulher quase sempre é interpretado como um "sim".
O que leva a uma reportagem que eu li sobre bolinações no metrô do Japão, onde os homens que (anonimamente, claro) confessaram que faziam isso diziam que embora as mulheres dissessem que não gostavam do ato, na verdade elas ansiavam por isso mas diziam o contrário para se fazerem de puras.
Resumindo, mostramos para nossas crianças que não precisam respeitar o que uma mulher diz, basta interpretar, e aí para um "não" se tornar um "sim" é um pulo, e justificado.

Felipe disse...

Cavaca, cuidado... muitos dos assassinos em séries, desde Gilles de Rais (aquele do filme da Joana D`Arc) tem suas "fantasias" com homens, homosexuais, meninos, e por ai vai... muitos dirigem sua atenção ao sexo masculino. Embora em sua maioria contra crianças, mas dirigem.

O que acontece é que cada vez mais sabemos do que ocorre na sociedade, principalmente sobre esse lado machista, o que "corria a boca pequena" já não corre mais, as pessoas estão perdendo os freios e conversando mais sobre esses assuntos.

Estupros como esse são comuns, lamentáveis como sempre foram, mas cada vez mais comuns, muitas pessoas aceitam isso e nem veem como estupro. Mulheres ainda são uma minoria nesse País, apesar de quantitativamente mais numerosas, ainda são minoria.

Estudem um pouco sobre a violência contra mulheres e chegaram ao absurdo de casos em que o cidadão mantinha uma forca no quintal de casa só para lembrar "quem é que mandava".

E obrigado pela divulgação do nome das "crianças lindas dos pais", dos "bebezinhos", "menininhos educados", pois mandando para as pessoas certas eles terão seus passos vigiados, tal qual os médicos que mataram o calouro da USP na piscina.

Gisela Lacerda disse...

Ontem eu vi um episódio do "Law and Order" que era assim mesmo.

Bom, sobre este assunto eu gosto muito de indicar o texto traiçoeiro e polêmico da Camille Paglia, "O estupro e a guerra dos sexos". Em inglês (original) na internet. Está aqui:

http://users.ipfw.edu/ruflethe/itsajungleoutthere.htm

Outra que também costumo lembrar é que "sexo não consentido" toda mulher já fez na vida: nos namoros, casos, ficadas e, principalmente, em casamentos então ele ocorre muitas e muitas vezes. Uma realidade biológica, anatômica? Eu acho que o estupro vai muito além de "sexo não consentido". Acho que está mais ligado ao poder, questão bastante subjetiva.

Acho que o estupro traumatiza bem mais quando é junto de violência, quando são vários homens ou "coisas" (mulheres também estupram mulheres; é mais difícil mas existe) nas mulheres. Atenção: eu coisifiquei mas continuo levando o estupro (apesar de toda a questão anatômica por trás) para a ordem do poder. E continuio achando hediondo, antes que alguém
compreenda o contrário ou me acuse de estar "blaming the victim" - uff.. ;-)

Anônimo disse...

Bem, Direito Penal não é o meu forte, mas vamos lá. Gio, O direito penal brasileiro especifica os "atos libidinosos." Estupro só é usado p/ a chamada "relação carnal" ou seja pentração pênis-vagina. O revogado crime de corrupção de menores seria p/ outros atos como apalpar, sexo oral e anal. Penetração com violência ou grave ameaça é e sempre foi estupro independemente da idade da vítima. Se não me engano, há um projeto de lei que tenta tornar tudo estupro, até pq essas definições de atos libidinos são muito confusas e nebulosas.
Aline, qto a alegar, os acusados podem alegar qq coisa. Mas qdo um mulher é estuprada, ela sofre lesões no órgão genital e isso é aferível por exames p/ detectar se a quantidade de álcool que ingeriu a deixou inconsciente e esses exames deverão provar que o crime relamente aconteceu.

Anônimo disse...

É aí Lola, o argumento p/ revogação do crime de corrpução de menores são esses mesmos que vc disse. Não porque a adolescente é menor de idade que não pode ter vida sexual ativa.
Vou ver se dou uma pesquisada sobre isso e escrevo depois no meu blog.

Anônimo disse...

Deixando claro: provavelmente serão feitos dois exames, o de corpo de delito p/ detectar o estupro e o toxicológico p/ verificar se ela bebeu em demasia.

Anônimo disse...

sensacional post, Lola. li esta notícia com o estômago embrulhado com o machismo presente nos comentaristas dos portais de notícias (que certamente já cataram o tal video no google, claro). Me lembrei do estuprador da trip, que faz graça do crime, do filme Acusados, onde a menina é acusada de ser cúmplice do crime. como esta pobre moça, bêbada, tida como a criminosa.

Anônimo disse...

Pois é Lola, também acho que esse crime de corrupção de menores já foi tarde. Imagino qual deve ter sido o pensamento dos legisladores na década de 40: "você mulher que tem entre 14 e 18 anos (na época não se usava a palavra adolescente), se é vc é virgem, portanto vc é ingênua, inocente - pra não dizer burrinha - então não pode fazer sexo antes de casar, mesmo que queira, mesmo que consinta, mesmo que tenha 17, 11 meses e 29 dias, se vc quer transar, isso só pode ser crime".
Não, gente, chega desse pensamento patriarcal, desse paternalismo, foi revogado em 2005 e pra mim já foi tarde.

Ollie disse...

Cara, por isso que eu morro de medo de beber em balada.
Se você se distrair e deixar o seu copo por um minuto que seja, eles podem colocar uns comprimidinhos dentro e te deixar completamente à mercê da vontade deles.
E, segundo ouvi falar, isso é mais comum do que se pensa.
Tenho muito medo dessa gente.

Anônimo disse...

Ops, no meu coment acima no lugar de corrupção de menores, leia-se sedução. O crime de sedução que foi revogado, o de corrupção, artigo 218 do Código Penal continua em vigor.

Unknown disse...

Vendo outros comentários por aqui me lembrei de algo muito importante: Estupro não tem nada a ver com sexo. E tudo a ver com poder.

Anônimo disse...

Acho que ninguém deve beber até cair, ou beber ao ponto de nao se lembrar das coisas sem estar na companhia de amigos de confiança. Acho relevante falar da bebida nesse caso apenas porque expos o comportamento violento dos meninos, e sadico também, por terem posto o video na net.(embora certamente eles nao estiveram bebados para isso)
Falar que toda brasileira é puta em portugal nao é novidade, mas até no Brasil uma menina exuberante, e mesmo que seja sexualmente liberal, ser considerada merecedora de desrespeito e violencia é contraditorio com o que muita gente pensa do Brasil, um pais onde a sexualidade esta avançada, onde andamos nus no carnaval em plena celebraçao do nossos corpos. Enquanto que nos USA um peitinho de fora na tv provoca um escanda-lo.
Muito machista também sempre diz que a mulher gosta de ser forçada, lembra-se daquela musica tosca popular do Zé: O Zé vc foi um ingrato me levou pro mato e me desverginou, o Zé eu estou toda f..... com as tetas caidas que vc...pois é, uma entre outras inumeras referencias ao comportamento machista e de posse com as mulheres que toda a gente conhece. Mas praticar de facto um estupro é ir longe demais, nao é coisa de homem Lola. Homem de verdade sabe como tratar uma mulher.

Por falar em tratar mulher, alguns fanks no rio sao um verdadeiro exemplo de como nao se deve tratar uma mulher. Mas vulgar impossivel, e mais fomentador de violencia contra a mulher também.

Acho que casos, quando se começa a pensar na situaçao, sao muitos. Eu nao sou mulher, tem coisas que para mim sinceramente passam despercebidas mas que na verdade passam uma mensagem negativa como a publicidade da D&G.

Quanto ao livro, Quando os Adams Sairam de Férias, eu li duas vezes. Mais recentemente quando estive de férias no Brasil em janeiro e pude empresta-lo da biblioteca. E muito marcante a historia porque de facto quem le se sente mal. Eu chorei quando li, nas duas vezes, e nunca me esqueço daquela personagem, Barbara. O que te mantém na historia é a esperança de ela se libertar de tudo aquilo.

Anônimo disse...

Fico pensando no que é pior do ponto de vista emocional pra essa menina a longo prazo: ser violentada em si ou ser acusada de ser culpada pela própria "sorte". Não é só a confiança nas outras pessoas que fica profundamente abalada, mas a confiança em si mesma. Uma vez que os próprios critérios de escolha e confiança em amizades foi desastrosa, como voltar a acreditar em si mesma? Como esquecer algo tão inesquecível e doloroso?

Tenho uma filha quase da idade dela e posso me imaginar a dor da menina e da família dela, ainda com o agravante de morar numa cidade pequena onde todas as pessoas se conhecem e assim não há tréguas ou anonimato, a exposição é constante.

Sobre os comentários machistas não tenho nem palavras, é sempre a velha lógica de que mulher é culpada, e sem a opção de "salvo prova em contrário". Só fico imaginando se os comentários desse tipo seriam os mesmos se os estupradores fossem pobres ou negros em vez de "filinhos-de-papai". De qualquer modo é difícil argumentar com pessoas que não aprenderam que no sexo não consentido quer dizer não praticado, e isso tanto faz se é homem ou mulher que fala esse não, se é jovem ou pessoa idosa, se é virgem, prostituta ou esposa.

A única coisa que me anima é ver que tb tem muitas pessoas verdadeiramente chocadas, e que entendem que esse tipo de violência não pode ficar impune, precisa ser levada à Justiça mesmo que envolva "pobres-filinhos-de-papai". Espero que não sejam absolvidos.
Taia

lola aronovich disse...

M, pois é, isso que eu me pergunto: que tipo de amigos são esses? Imagino que não fossem amigos, e sim conhecidos, porque realmente não consigo acreditar que um amigo faria algo assim. Os homens que conheço não fariam. Eles ajudariam a moça, nunca a estuprariam.
Esses crimes recentes todos foram cometidos por homens contra mulheres menores de idade. E todos têm conotação sexual. É terrível. Não sei bem o que fazer, fora falar bastante com nossos filhos e alunos.


Tina, “não me aguento de falar diretamente com a Lola” pegou mal. Meus papos não são ótimos?! Tá, brincadeira. Eu incentivo todas as conversas paralelas aqui nos comentários. Geralmente aparece muita coisa interessante.

lola aronovich disse...

Débora, que droga isso! Quer dizer que a gente fala “mulherez”?! Eu só digo o contrário do que quero dizer quando uso ironia. E tento usar apenas com quem entende. Triste, triste ensinar isso pra crianças. E isso do metrô do Japão... Por isso aprovo quando fizeram compartimentos separados pra homens e mulheres. Se os homens não sabem se comportar, o negócio é a segregação mesmo. Porque, pelamordedeus, achar que mulheres adoram ser bolinadas por estranhos quando estão indo pro trabalho ou escola é pura fantasia masculina! Será que isso tb é influência da pornografia? De achar que mulheres estão todas loucas pra transar a qualquer hora, em qualquer lugar, com qualquer um?


Felipe, mas aí é caso de pedofilia, não é? Essa é a grande diferença: mulheres podem ser vítimas de estupro a vida toda, não apenas quando são crianças. Existem vários casos de velhinhas estupradas! Não conheço muitos casos de estupradores gays que tenham estuprado homens adultos.
Espero que vc esteja certo ao dizer que os casos de estupro não aumentaram, e o que aumentou foi a discussão sobre esses casos.
Um desses jovens do estupro fazia administração, né? De fato, eu não gostaria de ter contato com um cara assim. Ou de ser atendida por um dos alunos da USP que virou médico mesmo depois de ter afogado o calouro...
Por outro lado, se a pessoa vai pra cadeia, cumpre sua pena, é feita justiça, a gente deve perdoar e tratar essa pessoa como alguém “normal”? É muito difícil. A gente deve se perguntar se acredita em recuperação. Se acredita, a sociedade deve fazer parte dessa recuperação.

lola aronovich disse...

Ai, Gi, a polemista Camille Paglia me cansa. Ela faz parecer que a culpa pelos estupros é das feministas! Eu sou feminista e concordo com ela que “it's a jungle out there”, e que as mulheres devem ter cuidado redobrado. Como disse no post, não recomendo que ninguém, homem ou mulher, fique bêbado ou tome drogas - enfim, que perca a consciência. Pras mulheres as consequências costumam ser piores. Mas aí a gente cai num outro extremo: pra mulher estar completamente salva ela não deve sair de casa! E torcer pra que não haja estupradores na sua família, ou que seja visitada por um estuprador. Trancar mulheres em casa, proibi-las de participar em festas, realmente não me parece justo.
Agora, discordo totalmente do que vc falou. O que é isso que toda mulher já fez “sexo não consentido na vida”? Eu posso te assegurar que nunca fiz. Acho que vc está confundindo consentimento com vontade. Muitas mulheres fazem sexo sem ter vontade (eu, particularmente, nunca fiz. Só faço quando estou a fim e acabou). Mas topar fazer sexo mesmo sem estar com vontade não é o mesmo que não consentir, Gi! Ela consente transar mesmo sem vontade. Isso não é sexo sem consentimento e muito menos estupro!
Também discordo de quando vc tenta dizer quando um estupro é mais traumático que outro. Ele afeta mulheres de formas diferentes. Como cada vítima lida com isso varia. Mas pode ser muito traumatizante ser estuprada sem violência, porque a mulher pode se responsabilizar. Como no caso dessa menina de Joaçaba, coitada. Ela não deu consentimento pra duas coisas: pra transar e pra ser filmada transando!
E Gi, esses argumentos que “mulheres também estupram mulheres” são muito frágeis. Existem, mas estatisticamente é tão insignificante que não dá pra deixar de enfrentar a triste realidade: mulheres não estupram, mulheres não são pedófilas, mulheres não são serial killers.

lola aronovich disse...

Lila, obrigada pelas aulas de direito penal! Seria ótimo se vc pudesse escrever mais sobre isso no seu blog.


Kelly, obrigada, que bom que vc gostou do post. Boa lembrança de Acusados! Seria interessante traçar um paralelo entre o filme e o que aconteceu em Joaçaba. Será que houve incentivo dos outros participantes da festa? Porque essa, pra mim, é a coisa mais chocante de Acusados: que todos os homens no bar incentivam o estupro! Mereceram ser processados! É incitação ao crime.

lola aronovich disse...

Realmente, Lila, uma lei assim como essa de corrupção de menores podia até fazer sentido em outras épocas, mas hoje, não. Revogar essa lei nada tem a ver com ser conivente com estupro. Só equivale a parar de ver meninas menores de idade com seres totalmente passivos, incapazes de sentir desejo sexual. E pois é, quer dizer que um dia antes de completar 18 anos vc está despreparada pra transar, mas aos 18, está? A gente não precisa de leis patriarcais pra coibir nossa liberdade ou nossa sexualidade. Precisa é que as leis contra estupro sejam cumpridas. Mas daí a achar que toda adolescente que transa foi estuprada vai um passo enorme...


Ollie, tem isso também. Tem que ver se não deram algo a mais pra menina tomar. É um perigo mesmo, e a gente ouve que tá se tornando comum. Bom, que tal não beber nadinha numa balada? É possível? Perde a graça? Eu nunca bebi, por exemplo. Nunca perdi a consciência na vida. Eu gosto de estar sempre a postos.

lola aronovich disse...

Elyana, é verdade, mas eu não diria TUDO. Acho que estupro tem a ver com sexo também. E com violência, e com poder.


Cavaca, eu tento entender o lado das pessoas (a maioria) que adoram bebida. Mas é difícil pra mim, porque eu só bebo água (e adoro). E acho que bebida é droga. E que ninguém deve ficar bêbado. É muito fácil pra mim, que não bebo, achar que ninguém precisa de bebida pra se divertir, pra viver. Mas eu não quero uma lei seca. Ao mesmo tempo, gostaria que menores de idade não bebessem (o que é meio impossível, eu sei).
Concordo que é contraditório o nosso comportamento no Brasil. Mas nessas horas a gente vê como tanta gente é moralista. Acho que tem muita gente que acha que mulher que desfila semi-nua no carnaval é p***. E, se fosse estuprada, seria porque pediu, estava se oferecendo. Logo, mereceu.
Infelizmente estupro é uma coisa bem de homem mesmo, Cavaca! O que é ou não um “homem de verdade” é muito subjetivo.
Obrigada pela dica de livro! Vou procurá-lo, se bem que fico com o pé atrás pelo que vc falou do autor... Agora vou dormir que já é uma e pouco da manhã. E ainda nem escrevi o post de amanhã de manhã!

lola aronovich disse...

Opa, respondendo a Taia antes de ir dormir: é difícil mesmo ver o que é o pior pra essa menina. Mas e isso de saber que o seu estupro foi filmado e visto por montes de gente? Isso deve ser terrível tb. Porque é como ter o estupro perpetuado. A cada click de mouse, é um novo estupro. Pensar que tá cheio de homem que vai se masturbar vendo esse estupro... Que horror! Como é que pode?
E como mora numa cidade pequena (não que Joaçaba seja TÃO pequena), é ainda pior. Acho que seria melhor se mudar de cidade, de estado, de país. Tentar manter distância de tudo isso que aconteceu.
Eu acho que, nesse caso, a defesa dos estupradores pelos machistas de plantão seria a mesma se eles fossem pobres ou negros. Porque não é uma defesa de classe, mas de sexo. É uma defesa da masculinidade.
O que é tão difícil de entender sobre sexo não consentido, né? Mas muitas esposas são estupradas e acham que isso faz parte do casamento: ser forçada a transar sempre que o marido estiver a fim.
Concordo, Taia: pelo que vi até agora, tem muito mais gente horrorizada com isso que aconteceu que gente defendendo os estupradores...

Anônimo disse...

Lola, tô pasma!

Não querem que volte! E não que eu esteja voltando mas vou passar um bom tempo...

bjs

Gisela Lacerda disse...

Eu disse que "mulheres também estupram mulheres" mas não falei a porcentagem disso. ;-) É ínfima. Estou perfeitamente de acordo que nós mulheres não podemos ou não somos capazes de vários atos hediondos, muito por uma questão biológica. Só quis falar dos vários tipos de violência envolvendo o sexo.

Eu acho que sexo sem vontade é sexo não consentido sim. Acontece que entre um casal fica parecendo "ai, amor, tô com dor de cabeça". Conversa, é não consentido e traumatiza sim. Esta é minha opinião.

Quanto aos "níveis de dor" não existem mesmo, e como dizia meu professor "barbárie é barbárie e não dá pra estabelecer diferenças". Acontece que elas existem na hora de se tratar um trauma, Lola. E foi isso que disse. Na esfera da análise, os níveis de trauma variam sim. Mas concordo com você e retiro essa parte que disse de "com violência é pior", pois me lembrei de que não penso nada assim, na verdade. Faço uma analogia com o aborto: se fosse permitido "ver o processo", se a anestesia fosse local, talvez o inconsciente não fosse gfritar por ajuda num futuro. Mesma coisa esses casos: a mulher se culpa mesmo como você disse. Um horror. É bem verdade. É que na hora me veio a imagem da violência e as consequências desta. Aí entra o texto de Paglia: parece que o ato só é verdadeiramente consumado, só há o real prazer na cabeça do estuprador quando ele mata. E por essas e outras é que aquele irreponsável político disse aquela frase totalmente inconsciente mas que serve perfeitamente ao que Paglia afirma no artigo: "estupra mas não mata". Por que no fundo todos nós sabemos que a maioria dos estupros termina em morte. Claro que o tal político é um insano, mas só utilizei o exemplo por causa da frase de Camille.

Gosto bastante do que ela fala, mas não me sinto compelida a reduzir o discurso (meu e dela) sendo obrigada a tomar uma posição de contra ou a favor. Não gosto de ser assim com nada. Se me pedirem "gi, ei, puxe mais para um lado", eu o farei, mas dizer "amo ou odeio" não dá.

No mais, acho que o "jungle" não foi dela não e sim da pessoa que publicou o capítulo na internet.

Paglia é menos polemista por ser o que é na vida do que pelas suas idéias, por isso continuo gostando e por isso ela sempre será atual, porque o que ela diz cai como uma luva pra nossa sociedade. Uma coisa que eu acho engraçada é que só conheço feministas casadas, que não viveriam sozinhas por várias razões: não há dinheiro suficiente pra bancar a vida que ela desejaria e porque são inseguras e acham sempre que precisam de um homem ao lado, ou seja, não enxergo avanços e vejo sempre as mulheres vitimizadas e acuadas. Eu prefiro ser sincera e nesse ponto, por incrível que pareça, me considero ultrafeminista. O problema é que teria de contar minha vida inteira aqui. ;-)))

Gisela Lacerda disse...

O legal aqui desse blog é que você responde a todos. Dá sempre vontade de retornar. Também sou assim quando me dá ne telha de fazer blog. ;-)

V de Vacalhação disse...

vc q e dono desse blog e um porco como esses rapazes q fizeram isso pra eles so tenho a dizer q morram mais antes disso q sirvao de mulherzinha na cadeia bando de filha da puta...

Gisela Lacerda disse...

Finalizando: quando analisamos uma questão, sempre acontece de alguém vir com um comentário do tipo "você está transformando a vítima em culpada ou justificando os atos hediondos e os crimes" e na verdade não é isso. O debate é bem-vindo e o "advogado do diabo" tem de estar vivo _ na minha opinião _ dentro de qualquer argumentador e debatedor. Só assim se mantém vivo o raciocínio: vendo todos os lados da questão. É mais do que evidente que o fato da mulher sempre ser vista como a culpada e ser acusada disso é irritante e eu jamais faria isso, de colocar a culpa na vítima, isso é por demais leviano e iria contra a minha vida e meus propósitos. Foi o que ouvi de um policial canadense: nem que uma mulher grite próximo ao seu propenso agressor, merece um tapa ou algo parecido.

Violência verbal, agressões verbais nunca serão como as agressões físicas. E por isso um ex-namorado meu foi reprovado na entrega de seu projeto de mestrado: "linguagens da violência". Adorei isso, por várias razões e, sobretudo, porque apesar de eu perdoá-lo, nunca poderia continuar com essa pessoa. E gostei do ato dos professores, recusar esse projeto. Ele acabou não fazendo mestrado, porque havia insinuações que davam margem a uma certa justificativa para a violência. Vindo de quem vem... não me surpreendeu. ;-0

Gisela Lacerda disse...

Corrigindo: não há vírgula na frase do policial canadense. Ele quis dizer que nunca podemos justificar a violência.

Anônimo disse...

Lola fazia um tempinho não vinha ao seu blog.Entretanto li as notícias do caso de Joaçaba,no Diário Catarinense.
Cara Lola o seu post é um excelente artigo por nos trazer reflexões da maior importância.
O meu nível de indignação por estes dias, desde que li a matéria
na imprensa tem sido tão grande, a minha revolta tem sido tão enorme que não tive condições de escrever uma crônica que cheguei a iniciar.
Lola, AINDA, não aprendi a raciocinar diante da barbárie, por isto não sei escrever um texto, para gerar reflexões, e tentar que a nossa sociedade mude. A minha tendência seria responder com a mesma barbárie, o que NÃO ajuda, e ainda piora tudo.
Gostaria de dar a voce os parabéns porque luta por melhores dias para mulheres e homens.
Hoje não li nenhum comentário dos demais leitores mas voltarei aqui para ler.Sinto imensamente por aquela moça. Sinto imensamente por seus pais. Sinto imensamente por aqueles moços. Sinto imensamente por seus pais.Jamais esquecerei de um livro prefaciado por Rose Marie Muraro. O tal livro era autobiográfico onde um rapaz, por ser homossexual, sofrera muita violência .Não me recordo do título mas a grande pensadora brasileira dizia no prefácio:
Precismaos salvar o fulano.
Precisamos salvar a todos nós.
Abraço da Fatima.

Tina Lopes disse...

Sucesso esse post, hein Lola. hahaha, claro que eu adoooro bater papo com vc mas tanta gente interessante com tanto pra falar, sabe como é pra matraca feito eu. E pra responder a pergunta lá de cima, que eu tinha perdido: eu realmente acho que a humanidade não tem salvação e que deve estar cavando a própria cova, sim. Apesar de ter uma filhinha linda etc etc. acho que a civilização está indo pro buraco. Muita gente num planetinha muito judiado, sabe. Não tem como a civilidade dar conta. Mas vamos tocando bola pra frente e tentando encompridar o prazo de validade com boas intenções. Bjk e bom fim de semana, finalmente, com sol.

Anônimo disse...

Peguei a conversa agora no final, então muita gente já falou o que ia dizer.
Fato é que, em crimes sexuais, apesar da evolução (lenta) da legislação penal, o machismo e o costume ainda dão o tom nas decisões judiciais.
Mas lentamente isso vai mudando, não apenas por hoje termos muitas JUÌZAS, mas tbém ótimos juízes homens, a nova geração que vêm sacudindo a poeira entranhada na nossa legislação machista.
Claro que, enquanto não muda tudo, muita mulher vai ser estuprada e morta, e ainda vai ter gente para colocá-la no papel de culpada por ter "atiçado" o estuprador/assassino, seja por usar uma roupa provocante, seja por beber, seja por dado um pé na bunda do "apaixonado".
Muito triste, mas vejo uma luz no fim do túnel. Não podemos perder a esperança!!!
As leis e a jurisprudência sempre estão anos-luz atrasadas em relação à real dinâmica da sociedade.
Torço para que mais operadores do direito, sejam delegados, peritos, juízes, se afinem a com a necessidade que a mulher tem de ser protegida contra homens/ animais que acham que, por serem homens, possuem direito de vida, morte e poder sobre o corpo e a vontade da mulher.
Meu otimismo é pé no chão, sei que a evolução é lenta, mas ela existe.
E, Lola, dando um espaço tão bom para discussões como essa, já uma contribuição para que as pessoas pensem, se mobilizem e lutem por mudanças.
As leis, muito antes de virarem letras em um papel, nascem das idéias plantadas na cabeça do povo.
Conscientização é o caminho.
Obrigada por dizponibilizar este espaço precioso e por focar repetidas vezes neste tema.

Beijos, Lolinha.

Anônimo disse...

Só corrigindo a última parte do comentário:

(...), já É uma contribuição para que as pessoas pensem, se mobilizem e lutem por mudanças.
(...)
Obrigada por diSponibilizar este espaço precioso e por focar repetidas vezes neste tema.

Anônimo disse...

Nossa, tem tanto comentário aqui que eu nem ia mais comentar. :)

Enfim, o assunto rende muito Lola, e eu concordo integralmente com você em todos os pontos. Só tem um problema: infelizmente as mulheres são mais frágeis fisicamente que os homens. E embora no nosso mundo ideal os homens SABERIAM que não devem se valer desse detalhe para oprimir mulheres (iguais às suas mães, filhas, irmãs, amigas e namoradas, a quem eles NÃO GOSTARIAM de ver estupradas), alguns (muitos) não estão interessados em relativizar.

Quando eu era adolescente, mamãe sempre me dizia: não beba muito quando em presença de vários homens, não saia em grupos onde houver muito mais homens que mulheres. Todos esses conselhos que a gente acha machistas, mas que são dados porque infelizmente o mundo em que vivemos também é.

Eu não acho que a garota mereceu o estupro, sob hipótese alguma. Mas querendo evitar que no futuro histórias assim se repitam, seria interessante mostrar às jovens de hoje que infelizmente a liberação feminina não nos possibilitou ainda ler mentes alheias e saber quais intenções o fulaninho ou beltraninho tem. Convém seguir os conselhos de mamãe e papai de vez em quando, sim. Porque o mundo não é perfeito como gostaríamos que ele fosse.

Culpada por ter sido estuprada? Nunca. Culpada por ter sido imprudente? Talvez.

E sobre o risco menor de homens serem estuprados, acredito que o estuprador vai sempre preferir atacar alguém por quem ele sinta atração sexual (e melhor ainda, fisicamente mais fraco).

Anônimo disse...

Sobre bebida: bebo porque gosto do sabor. Por isso, há coisas que muita gente bebe e eu não passo nem perto porque não gosto. Acredito que muitos adolescentes não saibam beber, ou que bebam somente para ficar bêbados. O que nem condeno, faz parte de ser jovem. Condeno o exagero, fazer isso todos os dias e não conseguir se divertir sem bebida no cérebro. A Inglaterra passa por um problema sério relacionado a isso, e os turistas ingleses já são mal vistos no resto da Europa por conta do mau comportamento depois de beber.

Sempre evitei beber a ponto de ficar com a consciência abalada e a guarda baixa. QUANDO queria beber mais, fazia isso no meu próprio quarto ou na casa de amigos aprovados há anos. Na única vez em que deixei a regra de lado, quase me dei mal, também.

De resto, sempre comprei minha própria bebida, nunca bebi do copo de terceiros e nunca aceitei bebida comprada por outros, a menos que se tratasse de uma lata LACRADA. Acredito que isso tudo tenha me ajudado a passar a adolescência inteira bebendo em paz, enquanto morava num bairro violento e pontilhado de casos de estupro similares.

Anônimo disse...

Eu já me perdi aqui nos maravilhosos comentários... ei lí há pouco que os advogados de defesa dos 'adolescentes' estão usando o argumento de que ela não só teria bebido por conta própria como os teria provocado, o que então aliviaria a conduta dos moleques... É mole?

Gente, "Não, é não". Se ela não estava consciente para negar o suposto pedido, vale o ditado 'quem cala consente'?

Lila, você pode ajudar nessa?

lola aronovich disse...

Isabella, não entendi ainda onde vc tá (Virginia? Arizona?) ou quando vc volta (janeiro)? E volta pra onde, criatura? Pro Brasil, espero, mas onde? Bom, vc sabe que coisas terríveis assim acontecem em todo lugar do mundo. Pode voltar pro Brasil!


V de Vacalhação, vc ao menos leu o meu post e esses comentários todos? Acho que não, né? Senão saberia que eu sou donA do blog e que a maior parte dos comentaristas é mulher e que TODAS condenam o estupro em Joaçaba. Este é um blog feminista. Minhas leitoras e leitores não vêm aqui pra ver vídeo com cenas de estupro.

lola aronovich disse...

Gi, não sei ainda se nós mulheres convivemos melhor em sociedade que os homens (por raramente cometermos crimes hediondos) por uma questão biológica ou por educação. É o tal debate entre nature x nurture, né?
Sexo sem vontade e sexo não consentido não são nada parecidos, Gi! Quase todo mundo (homens inclusive) já fez sexo sem vontade alguma vez na vida. Não é traumático nem nada. É apenas atender o que o outro quer, mesmo que vc não esteja morrendo de vontade de fazer isso. É ceder um tiquinho, o que é importante num relacionamento. Não é tão diferente de vc estar com uma pessoa, e ela estar louca pra sair de casa, e vc prefere ficar em casa, mas cede, vence o cansaço e sai. Agora, sexo sem consentimento é outra história. Na minha comparação, é como se a pessoa que quer sair arrastasse pelos cabelos a outra que não quer sair. Isso sim deve ser traumático.
Sobre níveis de dor e trauma, a gente concorda que é difícil medi-los, e que um estupro com violência não é necessariamente pior que um sem. Mas não tem nada a ver, Gi. A maior parte dos estupradores NÃO mata suas vítimas. Não tenho as estatísticas comigo, mas estima-se que quase 30% das mulheres no mundo já sofreram algum tipo de abuso sexual (estupro, em boa parte). Graças a Deus essas vítimas todas não foram mortas! Há muito estuprador que não tem vontade nenhuma de matar. Logo, seu prazer não deriva daí. O estuprador que mata na realidade é um serial killer, porque ele não cometerá esse crime apenas uma vez. Ele já sai procurando alguém pra estuprar e matar. Nesse tipo de estuprador, é bem possível que ele sinta prazer quando mata a vítima. Mas no caso de todos os outros estupradores que não matam, não é o caso.
A Camille Paglia me cansa porque ela parece ter construído a carreira toda dela em cima de malhar o feminismo. Nesse artigo que vc recomendou, a primeira frase é sobre estupro. A segunda é que a culpa é das feministas por “empower women”. Fica bem tedioso. Sabe quando tem uns idiotas úteis nos movimentos sindicais? Tipo o Medeiros e a Força Sindical, que foi criada pelos patrões apenas pra tirar força da CUT? Eu às vezes vejo a Camille como pelega no movimento feminista. Uma voz útil ao patriarcado pra criticar as feministas.
Mas Gi, querida, seu comentário de achar engraçado que as feministas sejam casadas não é muito bom. Feministas são casadas por precisarem de um homem que as sustente? QUE HORROR! Por que são inseguras e precisam de um homem?! Eu sou feminista e sou casada e sou independente. E eu me casei por motivos bem parecidos pelos quais pessoas não-feministas se casam - amor, gostar da companhia da pessoa amada, o sexo é legal, o papo é bom, querer construir um futuro juntos, whatever. Por que feminista teria que ser diferente?

Ah, eu adoro responder a todos, mas gasto tempo demais com isso. Ontem foi uma hora depois do almoço e uma hora antes de dormir (às 2 da matina). Não tenho tempo!

Gi, dá pra debater sem “blame the victim”, ué. Há milhares de maneiras de se discordar do que alguém diz sem cometer essa atrocidade que é dizer que, no caso do estupro em Joaçaba, a menina pediu, se ofereceu, provocou, mereceu. Mas eu não disse que vc estava culpando a vítima.
Não entendi muito do que vc quis dizer sobre seu ex-namorado que foi reprovado no mestrado.

lola aronovich disse...

Oi, Fátima! Que bom que vc voltou! Acho que vc ficou brava comigo porque num outro post vc achou que eu critiquei a sua revista com a entrevista com o papai noel. Espero que vc tenha visto minha resposta. Quanto a este artigo aqui sobre o estupro em Joaçaba, eu tentei fazer com que ele fosse publicado no jornal de hoje, mas eles já tinham feito a ilustração do artigo que enviei na quarta. Claro que este artigo é muito mais contemporâneo. Mas escreva o artigo, Fá. E me avise!
Eu também sinto muito por este mundo que permite que tais atos continuem acontecendo. É terrível. Atacar a pobre vítima equivale a justificar a barbárie contra TODAS (e todos) nós.


Fabi, o anúncio nojento da Dolce & Gabanna induz mais que ao pensamento de um estupro. Pra muita gente, pode induzir a um estupro mesmo! Ou ao menos à banalização e glamurização de um ato de violência contra as mulheres. É asqueroso.

lola aronovich disse...

Tina, ah bom! Fico mais tranquila ao saber que vc também gosta de bater papo comigo, não só com o Cavaca! Então, sério que vc tá tão sem fé na humanidade assim, apesar de ter uma filhinha? Não sei, Tina, acho que mães e pais precisam manter a fé num futuro melhor. Se não, pra que ter filhos? Pra eles herdarem o legado da nossa miséria? Não foi por isso que eu decidi não ter filhos, até porque sou uma Pollyanna. Acredito em mudanças. Acho que dá pra melhorar. E, apesar de não ter filhos, quero que o planeta continue por muito tempo depois que eu me for.


Cris, é bom saber que juízas, e também juízes jovens, tenham uma cabeça diferente, mais progressista. Eu acredito nisso sim. Não perco a esperança tão rápido. A gente sempre ouve falar muito num juiz estúpido que acha que a Lei Maria da Penha discrimina os homens e que as mulheres não precisam de proteção hoje, porque já conquistaram todos os direitos iguais que queriam, mas prefiro acreditar que pra cada idiota desses haja vários juízes(as) sensatos e antenados com o mundo. Fico muito feliz por vc achar que eu contribuo pra uma pequena melhora, pra sensibilizar pessoas, pra discutir idéias. Sei que aqui é um bom espaço pra isso, mas não sei se gente com idéias retrógradas chega aqui. Me parece que todos que vêm são pessoas especiais, então a gente estaria aqui “preaching to the choir”. Espero que não...

lola aronovich disse...

Pois é, Lolla, esse post é o recordista de comentários... Ufa! Que bom que concordamos em tudo, Lolla. Sem dúvida, concordo com o que vc escreveu: “Culpada por ter sido estuprada? Nunca. Culpada por ter sido imprudente? Talvez.” Casos assim tão escandalosos rendem boas discussões. Esse é o lado bom. Espero que meninas se conscientizem que o mundo é perigoso. E que os pais conversem com seus filhos. Não acho que esses rapazes que estupraram a moça fossem do tipo que sairiam à noite caçando uma mulher pela rua pra estuprar. Mas são homens sem nenhuma empatia, sem inteligência emocional, incapazes de pensar no sofrimento que provocaram. Algo muito sério falhou na formação deles. Espero que algo assim faça outros homens (e mulheres) refletirem.
E sobre os estupradores: pô, a gente que é mulher também sente atração sexual por homens. E nem por isso sai por aí estuprando-os. E não é por sermos mais fracas. Alguém nos ensinou que isso (e matar, e abusar sexualmente de criancas) não é certo, e a gente aprendeu. Por que eles não aprendem?
Sobre bebida, eu sei que deixo transparecer nos meus comentários um preconceito grande contra bebida. E é em parte por eu não beber, nunca ter bebido, sempre ter detestado bebida, e também por ter visto de perto o que o alcoolismo pode fazer. Mas, assim como não gosto que me condenem por adorar chocolate (opa! Não foi um exemplo intencional!), tento não condenar alguém que goste de beber. Mas beber até cair não pode ser bom pra ninguém. Assim como não é bom pra mim comer tanto chocolate até o fígado dizer chega, e eu passar muito mal (conscientemente, mas ainda assim, fico um caco). Eu acredito na liberdade também. Acho que, se eu quiser cometer overdose por chocolate, devo ter o direito. E quem quiser se matar de beber também deve poder. Mas é como vc disse: faça dentro de casa, sozinho, sem atrapalhar ninguém. Sabe? Quer escutar música no último volume? Go ahead, acabe com seus tímpanos. Mas, por favor, use fone de ouvido.

lola aronovich disse...

Chris, nem precisa da ajuda da Lila (ou da sua xará Cris sem H, que também é advogada, né?) pra responder a sua pergunta. Tenho certeza que o “quem cala consente” não vale pra casos de estupro em que a vítima está inconsciente! Isso é ridículo. Os advogados de defesa dos rapazes vão tentar de tudo, dizer que ela bebeu porque quis, que os provocou... Mas não há atenuantes num caso desses. Eles estupraram uma moça incosciente e ainda filmaram e divulgaram as imagens depois. Tem que pegar dez anos de cadeia cada! Mas taí uma pergunta interessante pras minhas leitoras advogadas: um dos três crimes que eles são acusados é dar de beber a um menor de idade (que é crime, ponto). Se eles, como adultos, estão numa festa onde há bebida alcóolica e menores de idade, eles são automaticamente responsáveis? Todos os adultos presentes na festa são?

Anônimo disse...

Oi Lola, desculpe-me pela confusão! Lembra-se que o Jô Soares tinha um quadro onde ele era exilado em Paris e quando falava com a milher no Brasil e ela contava o que andava acontecendo ele dizia: não querem que eu volte.

Eu sei que estupros, infelizmente, acontecem em qualquer lugar mas tenho que a impressão que aí os culpados (dependendo da classe social) não são punidos...

Eu moro em VA e fui ao Arizona no fim de semana passado.

E agora vou ao Brasil depois de 3 anos. Mas a trabalho/passeio. Minha vida é aqui na América : )

bjs

Anônimo disse...

Lola estou muito triste com o que aconteceu em Joaçaba. E acontece
há muitos anos, em muitos lugares.
Tenho verdadeiro pavor de bebidas
ou qualquer ingestão que nos tire a lucidez. Voce não tem filhos mas
deseja um mundo melhor.
Sou mãe, e tenho vários sobrinhos, e tambem sobrinhos netos.
Precisamos todos dar as mãos e
teimar em querer um mundo saudável.
Ainda não li todos os comentários que escreveram os outros leitores,
mas concordo aqui totalmente:
"o anúncio nojento da Dolce & Gabanna induz mais que ao pensamento de um estupro. Pra muita gente, pode induzir a um estupro mesmo! Ou ao menos à banalização e glamurização de um ato de violência contra as mulheres. É asqueroso."
Lola,
esses
retardados
querem
glamurizar
a barbárie!!!
Fatima.

Anônimo disse...

Oi Lolinha, obrigada pelo elogio. Mas não sou nenhuma expert em direito penal, sou uma recém formada que ainda tem muito que aprender. Adorei a sugestão de falar sobre direito no meu blog. Na verdade, idéias p/ escrever não me faltam, me falta é tempo mesmo, porque sou perfeccionista, não consigo escrever em poucos minutos, fico pelo menos uma hora editando e complementando o texto. Mas vc me animou a escrever mais sobre eleições e Obama, vamos ver ponho a mão na massa neste fim de semana. Bjokas

Anônimo disse...

Ah, tenho que dizer que eu nunca transei sem vontade, mas sou solteira e noiva, espero que não tenha que passar por isso depois de casar. Em 2 anos e oito meses de relacionamento, meu namorido nunca insistiu qdo eu não estava a fim.
Agora, algo que nunca fiz e acho que nunca farei é fingir orgasmo, acho que isso não é bom p/ qualquer relacionamento. Devemos pensar se vamos ter relações baseadas no fingimento, só p/ ele não sentir p/ baixo. E nós, como nos sentimos com o fingimento?
Lolla, felizmente meus pais também me orientaram quanto a não aceitar bebidas de homens, principalmente de estranhos. E olha que no ínicio da minha adolescência achava que isso que colocar algo na bebida alheia era lenda urbana. Mas depois de ler sobre os golpes do "boa noite cinderela", percebi que se as pessoas fazem isso p/ roubar as outras, não deixaram de fazer se tivessem a intenção de abusar sexualmente. Eu também sempre preferi comprar minhas próprias bebidas. Nas poucas vezes que deixei homens pagarem bebidas p/ mim, estávamos os dois conversando no balcão, e eu ficava de olho no bartender e no preparo do drink.
Infelizmente, se o mundo é machista e misógeno, temos que tentar nos defender das melhor forma possível.

lola aronovich disse...

Tudo bem, Isabella! Mas não lembrava desse quadro do Jô Soares MESMO! Agora que vc citou, eu lembro vagamente. Pensei que vc estivesse voltando pro Brasil pra ficar.
Concordo contigo que aqui no Brasil gente de classe social mais alta raramente vai pra cadeia, raramente é punida. Mas não sei se é só aqui. Aí nos EUA também é raro ver rico preso, né não?


Fá, é verdade, isso que aconteceu em Joaçaba acontece em vários lugares, e faz tempo. Mas isso de filmar um estupro depende das últimas tecnologias. É triste, mas acho que vamos ver mais disso. E tem razão, não dá pra desistir, é preciso teimar por um mundo melhor, onde atos assim sejam repudiados, sempre!
A mídia tem responsabilidade na “normalização” do estupro. Pra mim não há dúvida.

lola aronovich disse...

Ah, Lila, vc é formada em direito, tá estudando um monte pra prestar todos esses concursos (espero que vc passe!) - pra mim é uma expert. E acho que vc deve aproveitar e usar esse seu conhecimento no seu blog. Vc escreve muito bem, e sempre escolhe assuntos interessantes. Sei que falta tempo. Não dá pra ser tão perfeccionista, porque senão a coisa não anda. Outro dia tava lendo um blog de um cara americano. Ele tem um blog de finanças pessoais super visitado, tanto que largou o trabalho anterior e só vive de escrever no blog agora. E ele dizia que, no começo, ele era super perfeccionista. E se martirizava se não conseguia produzir dois posts (longos) por dia. Agora ele aprendeu a lidar com isso. Faz um post por dia e, se der, se tiver algo muito legal pra falar, faz dois. Eu acho essa uma atitude correta.
Escreve sobre o Obama sim, Lila!
Ah, sobre transar sem vontade: como eu falei pra Gi, comigo também nunca aconteceu. Com o maridão é bem “se um não quer, dois não brigam”. E com os meus parceiros anteriores, bom, eu nunca tinha ficado mais de um mês com alguém antes de conhecer o maridão. Então vontade não faltava. Também nunca fingi orgasmo. Eu odeio mentira, e tento ser transparente sempre.
Sobre bebidas, eu também pensava que havia um quê de lenda urbana nesses golpes como o Boa Noite Cinderella. Mas aí vc começa a falar com gente que passou por isso e vê que existe mesmo.

Rebecca Leão disse...

A gente fica achando que só acontece com as meninas, mas acontece, sim, também com os meninos. A diferença é que eles tem tanta vergonha, mas tanta vergonha de contar isso para alguém, que ficam carregando este trauma para o resto da vida.

Tem um monte de gente ruim nesse mundo, sem compaixão, sem piedade, sem um pingo de amor no coração. E a justiça da gente ainda é fraca, mole, fazer o quê?

Abraços,
Rebecca

Anônimo disse...

Ótimo texto, Lola. Me dá uma angústia/tristeza/raiva/indignação os comentários que tentam colocar a culpa na menina.

Quando eu estava no 3º colegial, há dois anos, um professor de literatura disse repetidas vezes que a maioria dos estupros cometidos era culpa das mulheres estupradas, pq elas usavam roupas provocantes e 'que os homens não conseguiam se segurar'. Agora me diga, como um professor fala isso numa sala lotada de adolescentes que estão ainda formando sua visão de mundo? Foi a partir daqui que caiu por terra a idéia que eu tinha que professores de literatura (ou seja, leitores assíduos) são inteligentes.

Eu interpreto de forma diferente a frase “Babacas, agora virarão menininhas na prisão... Vamos ver se eles vão gostar”. Acredito que o rapaz quis dizer o seguinte: se eles estupraram a menina, deveriam achar que ela estava gostando (afinal, não tem aquela frase 'não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com vc.'?) e já que consideram o estupro bom, vão se deliciando na cadeia. Ou seja, acredito que ele estava sendo cínico.

Até.

Gisela Lacerda disse...

Nossa, não há lenda urbana mesmo! Meu melhor amigo sofreu isso. Quase morreu. Roubaram tudo dele.

Gisela Lacerda disse...

Aqui no Rio acontece mais entre os homossexuais porque é raro ver uma mulher (ainda mais carioca, descolada, tem mais malícia) levar um cara pra casa dela, até porque também é raro vê-las morando sozinhas. ;-))

Gisela Lacerda disse...

Sobre o ex-namorado: quer mesmo q eu diga? Não vale muito a pena, mas ele gostaria de desculpar o que fez comigo nas justificativas filosóficas envolvendo até o "coitado" do Heidegger. A banca deve ter percebido. Eu que fiz essa brincadeirinha com ele depois que ele foi rejeitado. Disse que os professores devem ter sacado que ele desculpava a violência em relação a namoradas.

Sobre fingir orgasmo, sexo sem vontade: eu não posso e me sinto completamente obrigada a achar que estupro não é sexo não-consentido, pois isso seria a mesma coisa que admitir que muito mais mulheres são estupradas a cada segundo nesse nosso globo terrestre. Simples. ;-) De repente, só eu mesma sou por demais sincera.

Em relação às feministas e o casamento: seguinte, Lola, eu acho o máximo casar, até porque nunca casei e admito pra quem quiser ouvir e ler que sou altamente frustrada porque nunca quis ter filho e nem nunca quis casar e agora tenho um discurso contrário porque vi que ser independente é o estilo "independente de c. é rolinha". Pra não usar a expressão-palavrão. Não acredito no discurso da maioria das feministas porque as acho vazias quando tentam ligar a vida prática à teórica, quando desejam empurrar as "normais' pra briga e quando elas mesmas se furtam a fazê-lo. Fico revoltada e vejo muito isso por aí. Isso não tem nada a ver com casar por amor, isso é outra coisa. Apesar de tudo, não acredito e acho que a maioria das mulheres só casa mesmo porque é bom dividir despesas e sobrar dinheiro pro creme e pra bolsa. ;-)) É o que acho! Respeito quem pensa diferente, claro!

Gisela Lacerda disse...

Verdadeiras feministas são aquelas completamente sós, que lutam sozinhas e que não dependem de ninguém pra nada, nada e se bobear não vale nem herança, nem cacho, nem tio, nada. Arrisco usar a frase sobre o otimismo (o pessimista é aquele queouviu muitos otimistas) para o caso do feminismo: feminista seria aquela que, vendo tanta folgada por aí, quis ser folgada também, oras. hihihi Bisous

Anônimo disse...

Só uma correção: estupro não é sexo sem consentimento. Estupro é sexo mediante violência ou grave ameaça. Coisas bem diferentes. Um homem que faz sexo, por exemplo, com uma mulher que está desmaiada, não pratica estupro, pois não houve grave ameaça ou violência. O que se tem que apurar é se a menina já estava desmaiada por causa da bebida ou se foi o rapaz que a acertou e ele desmaiou.
Temos que tomar cuidado quando falamos sobre Direito, especialmente Direito Penal, pois a cultural popular nunca coincide com o que realmente determina o Direito.

lola aronovich disse...

Gi, o que vc fala não tem lógica alguma. E é o fim alguém falar de “verdadeiras feministas”. Tá cheio de mulher casada (inclusive as não-feministas) que não dependem do marido ou de ninguém. Eu sou apenas uma delas.


Anônimo, quer dizer que se uma mulher cai na rua, desmaia sozinha, e chega um cara e faz sexo com ela, não é estupro? SÉRIO? Só porque não há violência ou grave ameaça? Então se tem uma mulher dormindo e chega um cara e transa com ela, não é estupro? Em que planeta vc vive? Esses rapazes de Joaçaba levaram a menina - que precisava de ajuda - ao banheiro, tiraram sua roupa, e transaram com ela, sem o seu consentimento. Filmaram tudo e colocaram o vídeo na internet. E não é estupro porque não houve violência?! O próprio estupro já é uma violência!

Julia disse...

Vi muitos comentários desse tipo aí numa comunidade do orkut do time de futebol para o qual torço. Postei várias vezes rebatendo, e algumas pessoas também tentaram enfiar um bom senso no assunto, mas foi impossível: a maioria insistia que menina não tinha nada que andar por aí nem beber com 15 anos.

Durante os meus últimos 17 horários de verão, conheci menos de meia dúzia de garotos adolescentes que não saíam à noite e o último sóbrio da minha idade - lembrando, sou menor - foi em... hã... nunca.

Se um deles é assaltado, QUE HORROR ESSA SOCIEDADE. Se uma guria é ou é estuprada... bem, tinha nada que sair de noite. Nem beber. Onde já se viu. É proibido beber com menos de 18, será que a guria não sabia?

(Eu tenho verdadeiro pânico de sair de casa sem ser de táxi/carona depois que ficou escuro, o que é um absurdo.)

Anônimo disse...

Meu Deusss...

Tenho primeiro que agradecer a você.
Entrei aqui porque vi uma menção a essa post na comunidade Manual da Mulher Bem Resolvi, do orkut.
Estava estudando e resolvi descansar um pouco pra depois retomar os estudos, e quando menos espero cá estou lendo um post atras do outro, sem querer parar.

Entrei aqui com alguns tabus que ainda não conseguia quebrar, a preocupação com a minha imagem estava sempre em primeiro lugar.

Hoje, agora, nesse momento, me sinto mais leve, com menos pensamentos repreensivos quanto a inúmeros assuntos e comportamentos.

Queria agradece-la por dedicar seu tempo a escrever, de forma tão agradável, sobre os mais diversos temas.

Muito obrigada, parabéns!

Gêneros Textuais disse...

Lola, quanto a ser apalpada no ônibus, também não acreditava até que ocorreu comigo: acordo todo dia 5h30 e, como trabalho e estudo, aproveito as 2 horas de ida e volta no ônibus para cochilar. Estou eu, cochilando, em uma sexta-feira, descabelada, suada, cansada, de moletom e jeans, quando chega um imbecil, senta do meu lado e começa a apertar minhas coxas, indo em sentido da minha vagina. Não pensei duas vezes, aproveitei que o ônibus faria uma curva, levantei com tudo e meti o cotovelo na cara daquele idiota - que NEM RECLAMOU, ou seja.

Não entendo onde eu usufruir dos meus direitos de ir e vir, de escolha, coloca um letreiro em cima da minha cabeça dizendo: VEM, ME USA, ME COME.

Rogério Santos disse...

"No site de notícias do Diário Catarinense já há vários comentários de leitores. A maior parte está indignada com o estupro, apesar do machismo fazer com que redijam comentários como este: “Babacas, agora virarão menininhas na prisão... Vamos ver se eles vão gostar”. Porque estupro é coisa pra menininhas, entende?"

Lola, acho que você se equivocou aqui. Ao dizer "agora virarão menininhas na cadeia", a pessoa que escreveu esse comentário não disse que "estupro é coisa pra menininhas", e sim que os sujeitos que estupraram a menina também serão "tratados como meninas", ou seja, também sofrerão violência sexual por parte dos outros presos. É público e notório que os condenados por estupro são estuprados pelos outros presos como forma de punição pelo que fizeram, pois esse crime é considerado abominável de acordo com a ética dos criminosos.

É provável que alguém já tenha dito isso na caixa de comentários. Mas eu não vou ler todos para saber se isso já foi dito ou não.

Anônimo disse...

Comigo já aconteceu. Decidi que não iria beber nunca mais. A pessoa era um amigo, aconteceu dentro da minha casa e me senti muito culpada. Não me lembro de nada mas sei que jamais teria ficado com ele se não estivesse bebada. FIquei bastante machucada, peguei infecçao de urina. Só espero que meu filho nunca faça com nenhuma mulher e que minha flha possa ter mais malícia que eu. Jammais imaginei que dentro da minha casa, alguem que convidei pra estar dentro de casa pudesse se aproveitar de mim por ter bebido muito. Sinto medo agora de sair e estar sozinha, medo que alguem me pegue novamente. Não denunciei porque conheço o machismo que impera em nossa sociedade, exporia a mim e a meus filhos, minha cidade é bem pequena. Meus pais iriam sofre muito tambem. Estou deprimida mas sei que vai passar. Tudo passa. Mas decidi nunca mais beber.