segunda-feira, 24 de novembro de 2008

TO SIR, WITH LOVE

- Isso é uma coleira no seu pescoço ou você só está feliz em me ver?

Essa eu não conhecia. Foi a Cynthia que me avisou, porque eu lembrei que o Bond, James Bond do Sean Connery batia em mulheres (este vídeo dá uma boa idéia do machismo do personagem). Ela me passou um link pro blog da Denise em que ela, via feministing, cita uma entrevista que o Sean deu pra TV em 1987. Como eu não sabia, há chances que outras leitoras(es) minhas também não, então vou falar aqui, ainda que com dois anos de atraso (nunca fui conhecida pela minha agilidade). Parece que o Sean falou, quando ainda era jovem, que “um tapinha não dói”. E ele não tava falando de tapinha erótico, que pode doer bastante pra quem não é chegada, e sim de tapinha disciplinador. Assim, se um homem já esgotou seu poder de argumentação com esse ser irracional que é a mulher, e ela não aceitou a palavra final, que tem que ser dele, aí ele tem mais é que bater, entende? Não de punho fechado. Com a mão aberta. Pra ela aprender.
Como eu tento ir um passo além, encontrei a entrevista de 1965, dada à Playboy. O jornalista pergunta: “Como você se sente em ser duro com uma mulher, como Bond às vezes deve fazer?” (ênfase minha). E a resposta, na minha tradução:
Não acho que há algo particularmente errado em bater numa mulher - apesar de eu não recomendar fazer isso da mesma forma que se bate num homem. Um tapa de mão aberta é justificado - se todas as outras alternativas falharem e houver bastante aviso. Se uma mulher é uma vadia, ou histérica, eu faria. Acho que um homem tem que estar ligeiramente avançado, à frente da mulher - eu realmente acho. Pelo jeito que um homem é construído, se por nenhum outro motivo. Mas eu não me chamaria de sádico. Acho que um dos apelos que Bond tem com as mulheres, no entanto, é que ele é decidido, até cruel. Pela natureza delas, as mulheres não são decididas - “Devo vestir isso? Devo vestir aquilo?” - e se aparece um homem que tem certeza de tudo, ele é um achado. E, é claro, Bond nunca se apaixona por uma garota, e isso ajuda. Ele sempre faz o que quer, e as mulheres gostam disso. Isso explica por que tantas mulheres enlouquecem por um homem que não dá nada por elas.
No-jen-to,certo? Mas Sean teve mais de duas décadas para pensar nas suas declarações e, quem sabe, mudar de opinião. Em 87 a entrevistadora perguntou se ele se arrependia e ele disse que não, de maneira alguma. Lindo, né? Esse cara é um sir. Foi coroado pela rainha. Símbolo sexual geriátrico pra milhões de fãs. Belo exemplo que ele dá acerca da violência contra a mulher.
E pra quem acha que a palavra de um astro não afeta ninguém, vale a pena dar uma olhada rápida no que rapazes comentaram sobre o vídeo. Algo esdrúxulo como isso, publicado um ano atrás (minha tradução):
Connery está certo. Se a situação pede algo um pouco mais drástico que tentativas verbais, dane-se. É uma vergonha que as mulheres tenham que desproporcionar as coisas desse jeito. Ela pode chamar os tiras e fazer com que você seja preso por causa disso. [...] As mulheres têm lutado, e ainda lutam, por direitos iguais. De certa forma, elas levam vantagem sobre nós. Moral da história: escolha bem suas mulheres.
Mulheres assim, no plural. É, pelo jeito tem gente pra quem mulher é que nem cachorro (não que algum cachorro meu tenha recebido algo além de carinho): de vez em quando precisa de “algo mais drástico”. E como a vida é injusta! Um tapinha disciplinador e o homem pode ir pra cadeia, coitado! Sim, claro, vamos consultar mulheres vítimas de agressão pra constatar como é fácil prender o agressor! O que mais me cansa é essa inversão de que oh, a vida é tão dura pros homens, e oh, as mulheres têm muito mais direitos. É como o pessoal da direita cristã afirmando que racismo não é a Ku Klux Klan, mas o fato dos negros terem votado no Obama porque, afinal, votaram em alguém por causa da cor (ignorando a estatística que os negros americanos sempre votam no candidato democrata). Ou seja, se nós, mulheres, algum dia elegermos uma mulher pra presidente, estaremos sendo sexistas. Porque o justo mesmo é a gente fechar os olhos pra raça e pra gênero, fingir que essas coisas não existem - desde que os candidatos sejam sempre brancos e homens.
E vamos aproveitar e fechar os olhos também pros nossos amos disciplinadores, que só querem nos educar. Como a gente tá cansada de saber, violência contra mulher nem é violência - é amor!

49 comentários:

Anônimo disse...

Quando Sean Connery era realmente um galã, eu via os filmes dele mas
não o notava. Atualmente nem sei onde ele anda.Acho que algo está errado comigo mas em geral às segundas-feiras pela manhã, não tenho curiosidade de saber se, ou o que realmente, esteve errado comigo ehehehe Boa semana!Fatima

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raiza disse...

Sabe o que eu acho?ele fala esse tipo de coisa porque não só os homens estão respaldando,infelizmente deve ter muita mulher que tá dizendo amém também...
De vez em quando alguém me fala que eu sou muito exigente com os homens,mas eu sou pelo velho ditado "Antes só do que mal acompanhada",vai que eu acabo com um Sean Connery da vida?
É por essas coisas que de vez em quando eu tenho umas idéias doidas,sabe as vezes eu acho que esses homens deveriam ser banidos da sociedade,serem isolados num lugar qualquer (pra evitar soluções mais drásticas) e serem impedidos de se reproduzir,só os homens feministas poderiam ter filhos,garanto que em poucas gerações o mundo ia ser bem melhor.
(tá, eu viajei agora,mas que dá vontade dá)

Obs:o comentário excluído aí de cima é meu,é que eu entrei com outra conta.

Paola disse...

Lola,
No Aliás do Estadão de ontem tem uma reportagem sobre pedofilia, mas acho que a argumentação serve direitinho.
O homem de hoje, sente-se ameaçado pela mulher, então agride a criança, que não será capaz de reagir.
Quanto ao discurso do Sean Connery, que pena, eu até gostava dele, é reflexo de uma época em que homens se achavam mesmo o maiorais, tinham muito apego ao poder.
Vai ver que por isso mesmo o movimento feminista queimou os sutiãs, ensinou que cabresto é para animais.
NAda como ter conhecimento, nada como poder dizer não, esse discurso hoje, não seria publicado, nem na Playboy, aliás não seria proferido.
Pena que algumas mulheres ainda acham que ter um "homem" seja sinal se status, proteção, etc e tal....
é muito triste.

Paola

Anônimo disse...

Oi Lola!

Já faz uns dias que só consigo passar no teu blog correndo e não consigo comentar... mas como nesse momento parou de chover dentro da minha casa (a calha intupiu, hehe) ganhei um tempinho extra. Como dizem os jovens "chuvaville" tá alagada.

Mega-fofo o post dos gatos. O meu tá tristinho pq não pode ir passear como sempre por causa dessa chuva toda, mas então ele se enrosca com o cachorro e dormeeee. E como ele já tomou "banho-de-gato" demais por falta do que fazer, ele agora passa horas lambendo o cachorro. Eles se amam...

Quanto aos post sobre a violência contra as mulheres, nos filmes e na vida real, me chamou muitoooo a atenção na semana passada uma loja grande de brinquedos que eu fui com a minha filha pequena. Quando vc tiver um tempinho, dê uma olhada no setor de brinquedos para crianças acima de 3 anos. Os brinquedos ditos como de meninas são mega-doces, rosados e açucarados. Os destinados aos meninos são, tanto na forma como no apelo que geram, muito agressivos. Sei que sempre existiram esses brinquedos de personagens violentos, mas ao lado havia 1217 opções de carrinhos e bolas. Agora me parece que restaram poucos carrinhos e até eles tem aspecto de monstro ou sei lá o que... Só as bolas é que continuam redondas e chamando para o esporte.

Quando a minha filha que hj é adolescente ia numa loja para escolher um brinquedo, normalmente ele era escolhido no setor destinado aos meninos, pois ela se identificava mais e eu nunca interferi nas escolhas dela. Quando a minha pequena estava dando uma olhada nas opções de brinquedo eu realmente tive que dizer para um corredor inteiro "aqui não". Acho que o apelo para o violento desses brinquedos não pode ser ignorado. E fico me perguntando: como é que os meninos que hoje crescem brincando com objetos que incitam ao violento vão ser pessoas da paz? Ou sou eu que estou fantasiando e aqueles bonecos com cara feroz e artigos de luta como brinde são "só" diversão infantil? É o mercado criando sonhos de consumo nas crianças ou é o mercado atendendo a uma demanda/procura cada vez maior? Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?

O que realmente me assustou não foi o fato dessas opções existirem, mas a quantidade delas em detrimento das opções menos agressivas. E me parece tb que ao se criar brinquedos tão diferenciados para as meninas e os meninos fica ainda mais difícil quebrar as barreiras do tipo "menino não brinca de boneca". Não foi só uma vez que eu dei uma boneca "estilo bebe" para um menino de aniversário e a mãe depois trocou por outra coisa, mesmo a criança tendo gostado do presente. Sei que não era bem esse o assunto do dia, mas acho que ajuda para nos mostrar que a caminhada pela paz ainda vai ser longaaa.
Bjsss
Taia

Anônimo disse...

Olha, tem tanta celebridade que só fala besteira que acho que a gente não devia dar tanto espaço assim para elas falarem -- dependendo da pessoa, não devia dar espaço nenhum. Afinal, há tanta gente com coisas mais importantes para dizer por aí... E, querendo ou não, tem gente que se espelha no comportamento desse povo.

Outro dia vi no mesmo digg uma matéria sobre uma pesquisa que descobriu novas diferenças entre os cérebros de homens e mulheres. Embora o texto ressaltasse que NADA daquilo implicava uma diferença intelectual entre os sexos, teve um monte de homem dizendo que mulher é tudo burra. E falando seriamente, como se realmente acreditasse nisso! (não que uma piada deste teor seja justificável ou sequer engraçada, mas pelo menos te deixaria com a esperança de que, na prática, o cara não acredita nisso e só está fazendo piada pra ser aceito).

Um dos comentaristas veio com aquele argumento besta (o mais besta de todos, na minha opinião, porque demonstra total ignorância histórica): "quem são os maiores filósofos de todos os tempos? Homens. Quem são os maiores escritores? Homens. Quem são os maiores cientistas? Homens. Quem são os maiores artistas? Homens. Isso demonstra que as mulheres são burras". Aí, quando veio uma menina chamar a galera à razão, dizendo "ô imbecil, durante séculos as mulheres não tiveram acesso à educação e foram impedidas de exercer as carreiras que vc citou". Aí, adivinha oq ue aconteceu, né? Tacaram a chamar a mulher de bitch, de mal amada e comida, de "feminista revoltada por nada".

Eu não sei se tenho mais esperança nesse mundo, não.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Haaa... esqueci de dizer uma coisa: esses brinquedos são muito caros, bemmm mais do que carrinhos e bolas. Então só crianças de famílias com maior poder aquisitivo vão poder ter esses brinquedos num primeiro momento. Mas os meninos pobres sabem que eles existem e tb sonham em ter algum desses. Poder levar um desses pra escola fica sendo "o máximo" para um menino. Então além de violentos ficam idealizados como algo que dá status. Xiiiii...
Taia

Anônimo disse...

Ah, Lola, sabe uma coisa que eu gostaria que você comentasse eventualmente? Aquelas vinhetas ridículas do canal Sony, não sei se já viu.

Eles separam as séries em dias específicos. Em um dia, passam as protagonizadas por mulheres e, em outro, as por homens. Aí fizeram 2 vinhetas para divulgar. Uma se chama "machos de respeito" e a outra "mentes perigosas", cada uma com seu jingle. O jingle masculino proclama o "orgulho do verdadeiro macho" que faz xixi na tampa da privada e bebe rios de cerveja. Já a das mulheres diz "sou manipuladora, perigosa, vingativa", algo assim.

Detalhe: nenhum dos protagonistas das séries em questão têm este perfil. É coisa da publicidade brasileira mesmo, insistindo nesses retratos que são um desserviço. Ao longo de séculos, essa coisa da mulher "perigosa e manipuladora" foi usada como desculpa para subjugá-la. E os homens tb deviam aprender que ser "macho" desse tipo não é nenhum motivo de orgulho.

Serge Renine disse...

Aronovich:

Uma vez um sujeito, que trabalhava pra mim, disse que dava "tapinhas" na mão da mulher dele para "educá-la" Ele pesava 120 kg. de músculos. Não concordei com ele, mas ele achava normal e benéfico pra a relação. Imagino se ela não o obedecesse o que aquele tiranossauro (que havia sido expulso da polícia, por uso excessivo de força) não poderia fazer com ela. Tem cada filosofia de vida que é difícil de entender.

Anônimo disse...

Eu já tinha lido esses absurdos do Sean Connery e outros no mesmo nível ou piores. O problema é um só: ele é CHUCRO. Infância paupérrima, violenta, pai agressivo, pouca educação... Ok, não justifica nada, mas pelo menos a gente pode pensar "ahn, então é por isso que ele fala tanta besteira!".

Como eu disse, eu adoro o Sean Connery. Como ator ele tem carisma, além de ser lindo (e continuar lindo, mesmo sentado na cadeira do geriatra - haha, que maldade, Lola). Mas a vida pessoal dele não me interessa tanto porque, pra MIM, ele não é role model para absolutamente nada. É certo que pessoas públicas deviam pensar trinta vezes antes de declarar asnices que possam vir a influenciar fãs. Mas se ele fosse bom usando o cérebro não pensaria dessa forma e nem precisaria de censura, da mesma forma que fãs idiotas a ponto de reproduzir esses absurdos nem precisam de um modelo pra influenciá-los.

E sobre o comentário da Princesa, pode ter CERTEZA que muita mulher diz amém, sim. Muitas são inclusive viciadas em namorar cafajeses, "homem com H", com "pegada" e que não levam desaforo pra casa. E se ainda bater, elas apaixonam. Seria cômico, não fosse trágico.

Giovanni Gouveia disse...

Pelo título pensei que fosse sobre Sidney Poitier...
Mas essas declarações me fizeram recordar meu conterrâneo, Nélson Rodrigues, outro misógino de marca maior...

Anônimo disse...

Ai Lola, já cansei de ver mulheres choramingando porque o parceiro não a respeitava, mas no final repetiam a frase quase como uma mantra: "Fazer o quê se nós mulheres gostamos de cafajestes?"
Nós quem cara-pálida?

Conversas paralelas:
Taia, um dia estava numa loja de brinquedos e vi um casal discutindo, ele dizia que deviam levar a galinha do cocoricó porque era esse o pedido do filho, mas a mãe insistia no boneco do cavalo porque galinha era muito feminino e ela não queria seu filho brincando de bonecas. Puro preconceito da mãe.

Marjorie, tenho ataques de vergonha alheia quando vejos essas vinhetas da Sony, são lamentáveis.

Anônimo disse...

"Símbolo sexual geriátrico" é muito bom, ahahahahaa.

Ontem eu li em algum portal daqui da net (não me lembro qual, provavelmente o globo.com) que, na novela das 21:00 da Globo, um cara vai bater na esposa dele, no meio da rua, pq ela o traiu. Ele já a tinha perdoado por uma traição anterior, mas dessa desta vez ele não vai perdoar e vai bater nela.

É mais ou menos isso que o Sean quis dizer, não? Que já que ela não aprendeu com os erros, já que ela ‘deu motivo’ vamos dar porrada pra discipliná-la. Grande exemplo para os homens brasileiros, não? O pior é que as novelas globais ainda influenciam pra caramba a nossa sociedade.

Ah, e quanto ao meu último comentário, vc tem razão. Fui maior sem noção no que disse, ahahaha, sorry.

lola aronovich disse...

Fá, essa sua condição nas segundas de manhã podem ser má influência da Maria Antonieta. Cuidado!


Princesa, a verdade é que os homens não ligam a mínima pro respaldo de mulher pra dizer essas coisas. Eles dizem e pronto. Mas que tem mulher que assina embaixo, isso tem, e é deplorável. Homem (e mulher) machista ser banido da sociedade é um pouco radical. Até porque não haveria lugar pra colocar tanta gente. Mas, como claramente houve algo que falhou na educação deles, uma educação complementar pra refletir sobre preconceitos viria a calhar. Não só pra combater machismo, mas racismo, homofobia, etc etc. E tentar fazer uma sociedade mais tolerante. Uma utopia completa da minha parte, lógico.

lola aronovich disse...

Paola, ih, faz tempo que a gente ouve que “o homem de hoje sente-se ameaçado pela mulher”... desde os anos 60! Ameaçado de quê? Eles continuam tendo os melhores empregos e salários, e seguem sem ter que cuidar da casa onde moram. Segundo e terceiro turno continuam sendo coisa de mulher. Não sei, não acho muito válido esse argumento de que o homem agride a criança porque, se agredir a mulher, ela vai reagir. Primeiro que a reação da mulher é muito difícil. Ainda falta muito pra mulher agredida ter apoio de verdade. Depois que não é de hoje que homens agridem mulheres e crianças... Isso começou bem antes d'eles se “sentirem ameaçados”. E, não sei, pedofilia é diferente.
Ah, Paola, essas revistas machistas seguem publicando qualquer coisa... É só a gente ver como foi que a mídia americana tratou a Hillary, por exemplo, pra ver como continua havendo pouco ou nenhum combate do machismo pela mídia.

lola aronovich disse...

Taia, que coisa que tá Chuvaville... Mas é em todo lugar, não? Meu maridão tava em Timbó, nos Jogos Abertos de SC, e tiveram que suspendê-los. Sabe-se lá onde ele está agora, tadinho. Estado de calamidade pública em toda SC!
Esse tempo afeta muito o humor dos gatos, né? Ah, quero ver fotos do seu lambendo (ou dormindo junto com) o cão!
Tudo isso sobre os brinquedos é muito interessante e dá um ótimo post. Infelizmente, como eu não tenho filhos nem sobrinhos e não costumo entrar em lojas de brinquedos, não me sinto apta a escrevê-lo. Quer tentar um outro guest post sobre isso? Pra mim é fascinante a idéia que os brinquedos “preparam para a vida”, e que o que continua se fazendo, mesmo pós-revolução sexual, é dando boneca-bebê pra menina trocar fralda e dar papinha, e carrinhos e brinquedos violentos pro menino destruir. Concordo que fica dificílimo demolir essa divisão de gêneros se as crianças continuarem sendo educadas dessa forma. Tenho amigas feministas que gostariam de comprar brinquedos que fossem “gender neutral” pros filhos, mas não encontram. Elas dizem que tá cada vez pior. Que você entra numa grande loja, tipo a Toys 'r Us, e o lugar já tá codificado por cores. A parte rosa é pras meninas. E o pessoal diz que isso está MUITO mais exagerado do que era.
É algo tão estúpido, né? O menino cresceria menos “másculo” se trocasse fraldas de boneco-bebê também? A menina cresceria menos “feminina” se jogasse bola e participasse de brincadeiras mais agressivas e competitivas? Bom, sim, se a gente se ater a conceitos ridículos do que é masculinidade e feminilidade. Mas não queremos derrubar esses conceitos? A gente não quer que os homens sejam mais sensíveis e aprendam a ouvir e a expressar seus sentimentos através de palavras, e não violência? A gente não quer que as mulheres deixem de ter vergonha/medo de falar? Bom, eu quero.

lola aronovich disse...

Marjorie, sem dúvida, celebridade fala muita besteira. Acontece que a gente vive numa era obcecada pelas celebridades, como vc, que trabalha com jornalismo, sabe mehor do que eu. Vc sabe que tem muita mulher que vai pegar suas “notícias” de revistas de fofocas. E homens que vão “aprender” como lidar com mulheres através da Playboy e da pornografia. Mas na realidade eu escrevi este post como complemento ao machismo do personagem James Bond, principalmente na época do Sean Connery.
Esses comentaristas que vc cita não devem gastar muito tempo pensando, né? Eu já olho com desconfiança qualquer um que desconheça o que é contexto. Mas como que eles vão refletir, se a primeira pessoa que aparece pra contraria a opinião corrente é dispensada aos palavrões?
Eu fico sem esperança quando lembro que esses carinhas provavelmente foram a boas escolas e cursam ou cursarão boas faculdades... Aí eu penso: a educação deles serviu pra quê, exatamente?


Taia, é verdade, tem isso do status tb. Mas na maior parte das vezes nem é preciso brinquedo pra brincar, né? E os jogos que meninos e meninas fazem, mesmo sem brinquedos, muitas vezes já são separados. Eu não sei. Na minha infância eu não lembro de nenhuma brincadeira que fosse só pra meninas ou só pra meninos. Eu pulava amarelinha, mas os meninos pulavam comigo. Eu jogava futebol com eles. Els bricavam de boneca comigo. Eu não gostava muito (nada) de autorama, mas olhava. A gente andava de bicicleta juntos. Brincava de polícia e ladrão juntos. De pega-bandeira. Playmobil, Hering-Rasti. Não tinha nada separado.

lola aronovich disse...

Marjorie, eu não tenho TV a cabo, então não vi essas vinhetas. Manda um link pra mim, se encontrá-las no YouTube, e aí eu comento.
Mas parece uma estupidez sem tamanho, hein? Como que pode? Olha a dicotomia: “machos de respeito” vs. “mentes perigosas”! Claro que só pode ser irônico (ninguém pode achar respeitável um macho que faz xixi na tampa da privada), mas eles não podiam trocar o disco de vez em quando, não?


Serge, tapinhas na mão pra educar mulher?! Claro que esse machão não acredita que a mãe da mulher servia pra alguma coisa, mas e o pai dela?! Nem o pai a educou o suficiente? Mulher precisa de vigilância constante, claro, mas de “educação” constante tb? Perigoso um cara desses. O pior é que há muitos assim por aí.

lola aronovich disse...

Lolla, o Sean tem idade pra ser seu tataravô! Não, sério, sem exagero: idade pra bisa ele tem. Eu só acho um pouco esquisito que a gente continue vendo um cara da idade do Sean como símbolo sexual. Pros garotos já tá começando a ficar difícil considerar a Sharon Stone (aos 50) um sex symbol. As aparições da Sophia Loren são pra impressionar as mulheres, não os homens.
Concordo que, pra mim, ele não é role model pra nada. Mas pra muitos homens ele é. Ou a persona dele é. O personagem 007 é toda uma fantasia masculina. E quando essa fantasia tá associada à violência contra a mulher, ela (a fantasia) merece ser questionada.
Sim, sei que tem muitas mulheres que gostam de cafajeste. Mas é a minoria, não acha? E casar com cafajeste é outra coisa... Tem que ser muito masoquista pra isso.


Gio, é, o título não tem muito a ver, eu só peguei por causa do Sir. E porque, pra mim, uma palavra assim fede a patriarcado e a elitismo, duas coisas que deploro. Bom, taí: apesar de quase todas as declarações do Nelson Rodrigues serem condenáveis, e muitas de suas obras serem hiper machistas, eu gosto muito dele...

lola aronovich disse...

Ashen, Débora, né?, tem toda razão: nós quem gostamos de cafajeste?
Isso dos brinquedos... Eu não aguento. Tái a prova de como machismo e homofobia caminham sempre juntos: essa mãe provavelmente acha que o filho vai virar gay se brincar com galinha cocoricó. Talvez ela não se preocupasse tanto se a) soubesse que ser gay não é o fim do mundo, e b) descobrisse que ninguém “vira” gay. Ainda mais por brincar de boneca.
Tô ficando cada vez mais interessada nas vinhetas da Sony se elas te enchem de vergonha! Manda pra mim...


Túlio, sério que a novela da Globo vai mostrar isso? Quer dizer, se mostrar isso de um jeito condenável - não se bate em mulher (ou em homem), ponto, independente d'ela tê-lo traído ou não -, pode até ser educativo. Mas raramente é assim. Eu lembro de Mulheres Apaixonadas, que foi uma das poucas novelas que vi em muitos anos (quando eu ficava a maior parte da semana em Floripa, sozinha, e precisava desligar o cérebro de vez em quando). Lembro que tinha um personagem que aterrorizava a ex. Isso foi interessante, não lembro como terminou. Só que, infelzmente, na mesma novela, o que deu pico de audiência foi o capítulo em que o pai surrava a filha adulta. Ele foi aplaudidíssimo. Bem que a Gloria Perez (que das raríssimas mulheres escrevendo novela?) podia fazer campanha contra a violência doméstica numa novela.
Eu nem me lembro do seu último comentário, Túlio. O que vc disse que foi tão sem noção? Agora fiquei curiosa!

Ju Ribeiro disse...

comentário nada a ver com o tópico: eu vi "os estranhos" ontem. quero minhas 2h de vida de volta!

não achei ruiiiiiiiiiiim......mas achei tão desnecessário! assustador, mas desnecessário.

Paola disse...

Lolla,
Vc tem razão, é verdade, esse papo, meio "desculpa pra boi dormir", já deu o q tinha que dar.
Esse papo "macho sobrecarregado" tá velho mesmo!
Espero que os homens se esfrorcem para agir com hombridade.

aline disse...

To chocada, Lola. Chocada. Nunca pensei. Que um cara com a projeção dele dissesse coisas assim, de maneira tão explícita. O tipo da coisa que seria inadmissível hoje, mas como ele já virou um "medalhão", ele tem uma certa anistia. pode ter falado o que for. Mas eu to chocada, ainda assim.

Giovanni Gouveia disse...

"Bom, taí: apesar de quase todas as declarações do Nelson Rodrigues serem condenáveis, e muitas de suas obras serem hiper machistas, eu gosto muito dele..."

Pior que o miserável escrevia bem demais...

Anônimo disse...

Concordo plenamente que os brinquedos “preparam para a vida”. E é por isso mesmo que fiquei tão chateada ao ver que as coisas estão realmente muitoooo mais exageradas do que há uns anos atrás. Sempre houve brinquedos específicos para cada genero, mas havia aqueles que todas as crianças curtiam, juntas.

Agora não é só os ditos de meninos que ficaram mais caracterizados (com "cores" agressivas), mas os de meninas ficaram ainda mais cheios de detalhes e açucarados. O objetivo parece claro: preparar as meninas a verem desde pequenas que para ser uma "boneca" vc precisa estar mais enfeitada e maquiada do que pinheirinho de natal. E esse rosa todo me remete a uma meiguiçe e doçura desproporcional. Lamentavelmente território "neutro" quase não existe, e jogos para se brincar juntos tb estão sumindo...

Quanto a questão do brinquedo dar status, acho que a sociedade está ficando cada vez mais enfática ao projetar tb nas crianças que elas precisam "ter" e não "ser". As crianças em meio urbano tem cada vez menos espaço para brincar e jogar em grupos maiores. Assim acabam ficando muito mais tempo dentro de casa (na minha infância isso era para dias de chuva ou quando se estava doente). E parece que pra compensar vão sendo comprados brinquedos cada vez mais sofisticados. E a competição deixa de ser definida pelo se sair "melhor" em determinada brincadeira/jogo para passar a ser definida por quem tem o brinquedo mais caro para mostrar. Aí que saudade do tempo em que tudo o que eu queria ensinar para as crianças era de que a competição em si já é desnecessária.

Sai do assunto, hehe. Mas me parece que tudo está meio interligado, pois a nossa busca para um futuro sem machismo não pode deixar as crianças de lado. Vou ficar uns 3 dias sem internet, mas quando voltar em leio tudinho.

Bjss
Taia

Anônimo disse...

Lola, eu nunca fui fão do Connery... Eu sabia da primeira entrevista, mas desta segunda, pelo amor de Deus, fala sério!!!

O problema, ao meu ver é que tem mulher que aceita e enaltece este comportamento, chamando os caras de machões e homens 'de verdade'. Então, por este mesmo raciocínio, um homem que chora, se comove, não é macho?

Afff, eu acho isto tudo tão tosco e chucro.

Aliás, o Sean Connery é Tosco.

Nem o título de Sir irá mudar isso.

Beijos

Anônimo disse...

Sobre brinquedo, infância e afins: saiu na revista da folha de ontem uma matéria sobre meninas que, já aos 2 anos, já são "fashionistas" e querem se vestir como adultinhas.

O mais revoltante: a matéria dizia que foram os fabricantes que perceberam que as crianças estão "mudando". ELES se adequaram à demanda das crianças, afinal elas já nascem sabendo o que querem...

Serge Renine disse...

Prezada Chris:

Nem tanto ao céu, nem tanto a terra. Homem não deve, jamais, bater numa mulher! Agora, esse negócio de homem que chora, homem fraco, ou seja efeminado, realmente, mulher não gosta. Assim como homem não gosta de mulher masculinizada, sem as características proprias da mulher. Como diz aquela música do período clássico: cada um no.. seu... quadrado, cada um no seu quadrado!

Margot disse...

Absurdo absurdo absurdo:

http://seteanarquistas.blogspot.com/
2008/11/o-lado-negro-da-net.html

Babs disse...

Lola, antes de tudo, você está bem?
Li que aí em Santa Catarina está chovendo demais? Você é daí mesmo né?
Você precisa me mandar um endereço pra eu te mandar seu presente, se tiver como você me mandar por email, ou depoimento no orkut(não publicável , lógico). O mais discreto possível, ok?
Em relação ao Sean Connery... Argh né?
O personagem já é um tanto misógino, o ator extrapola. Já não é opinião, é caso de polícia.
Já foi muito dito nos comentários, tem mais nada a dizer não. Tosco e ponto.

Anônimo disse...

Dia 19 teve uma blogagem coletiva com o tema: bater em criança é covardia.... e alguem foi num dos blogs que participam dizendo coisas horriveis e que nao tem outra soluçao pra educar a nao ser batendo.


Se vc tiver com tempo o link esta aqui: http://flaviamandic.blogspot.com/2008/11/sal-do-iglu.html


Eu fico pensando onde que esse mundo vai parar, os maiores e mais fortes batendo nos menores e mais fracos?????
Abraçoss Helena

lola aronovich disse...

Essa foi a minha impressão sobre Os Estranhos tb, Ju R: um filme desnecessário. E o final é tão chinfrim...


Paola, pois é, né? Quando os machos tiverem jornada dupla e tripla de trabalho, aí sim eles podem reclamar de estarem sobrecarregados. Por enquanto...

lola aronovich disse...

Aline, eu nem sabia que o Sean tinha dito essas coisas. Eu só ficava revoltada com o jeito que o James Bond tratava suas bond girls na época do Sean. Agora descubro que o Sean era totalmente a favor...


Escrevia mesmo, Gio. Tinha esquecido que o Nelson Rodrigues era seu conterrâneo.

lola aronovich disse...

Taia, seria legal se houvesse um estudo sobre isso, essa mudança nos brinquedos. A gente vê claramente que as bonecas foram ficando cada vez mais magras e os bonecos tipo Falcon, cada vez mais musculosos. Mas tenho essa impressão, sim, que tudo ficou mais exagerado, mais distinguido. Esse “color coding” não era tão gritante assim. E isso das crianças só ficarem brincando em casa deve afetá-las de alguma maneira, né? E não de uma maneira positiva. Vc tem toda razão: na minha época, a gente só ficava em casa quando chovia (o que, aqui em SC, a julgar pelo dilúvio que vem caindo, seria SEMPRE).
Ô, vc vai me abandonar durante 3 dias?! Vou sentir saudades!


Chris, eu gosto da voz do Sean Connery. É, um termo como “homem de verdade” bem que podia ser abolido. E tô me lixando pra título de Sir. Pra mim é algo ligado a uma coisa ultrapassada como monarquia.

lola aronovich disse...

Marjorie, aos 2 anos as meninas são fashionistas?! Ah, por que não aos três meses de idade?! Isso de aprender a andar e falar é supérfluo! O importante é aprender a consumir o quanto antes!
Não, sério, mas por que os pais permitem algo assim? Aos dois anos, uma criança sofre total influência dos pais, não?


Serge, ihhhhhhhhh! Por que “homem que chora” é o mesmo que homem fraco e efeminado? Quase todas as mulheres que conheço gostariam de um homem mais sensível, com mais qualidades ditas “femininas” (que saiba ouvir, por exemplo). Ok, as moças que gostam de homens cafajestes não querem um homem sensível, mas acho que a maior parte das mulheres quer, sim. O que tem de efeminado chorar? Não é que o cara vai chorar 24 horas por dia. Mulher tampouco faz isso. Mas chorar ao ouvir uma história triste, ao ver um filme, ao empatizar com o sofrimento de alguém... por que não? E tremo só de pensar no que vc considera uma mulher masculinizada!

lola aronovich disse...

Que coisa horrível, Mi. Obrigada por me avisar.


Babs, estou bem. Algumas goteiras aqui em casa, mas nada de tão sério. É verdade que não saio de casa desde... ahn... quinta-feira. A cidade está uma calamidade. Pior é o maridão, que foi jogar os Jogos Abertos em Timbó-SC, e tiveram que suspender tudo após a primeira rodada. Ele está em Rio do Sul agora, sem saber quando vai voltar. Os ônibus pra Joinville estão suspensos, e pra várias outras cidades tb. Vou te mandar meu endereço por email. Mas sério que vc vai me mandar algo feito com chocolate de presente?! Ó Babs, vc é demais! Talvez eu até dê um pedacinho pra minha mãe e o maridão provarem.

lola aronovich disse...

Helena, fui nesse blog que vc falou, mas nem achei o comentário tão exagerado assim. Quer dizer, eu discordo totalmente dele, mas conheço muita gente que acha que filho precisa levar palmada se fizer algo errado. Obviamente eu discordo. Mas, nesse caso, vc não se sente na minoria, não? Eu sei que nunca apanhei dos meus pais. Mas TODOS os meus amigos apanharam... Será que mudou?

Babs disse...

Lola, eu não brinco com chocolates.
:)
Bj

Serge Renine disse...

.Aronovich:

É muito simples: a maior sensibilidade é uma característica, não exclusiva, mas mais própria das mulheres, assim sendo, estas tendem a chorar com maior facilidade. Isso não é um defeito, porem, os homens, sendo menos sensíveis, possuem como qualidade um maior controle sobre suas emoções. Por isso esses dois seres, homens e mulheres, sendo tão distintos, se completam.


Somente para raciocinar:
O homem bate na mulher, simplesmente porque ele é mais forte fisicamente. Como eu disse acima: a maior força física é uma característica masculina e não há feminismo que vá mudar isso. Um homem covarde sempre vai bater numa mulher pelo simples fato dela ser mais fraca. Por isso, também, pessoas covardes, tanto homens como mulheres, batem em crianças; porque as crianças são mais fracas. Não é uma realidade bonita, nem que eu concorde, mas é um fato.

Anônimo disse...

Serge:

Acho que você me interpretou mal... A Lola captou o espírito da coisa. Óbvio que mulher alguma quer um homem que carregue um pacote de lenços no bolso, abrindo a torneira por qualquer coisa emocionante que veja - 24x7.
Mas eu respeito e adoro os sensíveis, que se emocionam com uma cena num filme, que admitem que estão tristes, que escutam, que falam, enfim, que possuam as tais qualidades 'femininas'.

Agora, querido, vamos combinar que bater num ser humano mais fraco (seja ele do mesmo sexo ou não), É COVARDIA e a tal supremacia dos sexos não vale como desculpa para tal, assim como "NÃO", sempre será "Não", em qualquer contexto!

Um Brado de Liberdade disse...

Aparentemente nossa cultura ocidental principalmente latina é misógina! A deturpação do cristianismo, talvez um "plágio" da história de pandora e sua caixa, faz com que a sociedade personifique a mulher como a causadora do mal, a instruções das cartas paulinas, por exemplo, de não permitir a mulher falar durante o ensinamento religioso, devido a mulher levar o homem ao erro.
A sociedade faz com que a mulher sinta-se diminuída, faz com que ela acredite que esta certo ser maltratada, em troca de atenção.
Acho que no geral as pessoas são masoquistas por excelência...
Mas será que essas crenças machistas vem de castas "iluminadas" masculinas, que querem impor as regras com medo de que a mulher tenha destaque, e governe o mundo através da emoção e não razão, traço teoricamente próprio dos homens, ou será que essa machismo é algo natural, próprio para que a sociedade se desenvolva?

Giovanni Gouveia disse...

Serge, bem fraternalmente:
Fui dotado (pela natureza ou por Deus, o credo de cada um define) de canais lacrimais e a possibilidade de sentir emoções.
Reprimir isso (ou "controlar") só vai me fazer um potencial doente cardíaco (além de já ser grupo de risco por fumar e beber). Isso não muda minha masculinidade, nem me torna mais fraco.

Anônimo disse...

Oi Lola, tudo bem?
Bem, ha algum tempo venho seguindo seu blog, muito bem escrito, e o que mais gosto é de não me sentir sozinha, porque estou cansada de ouvir as pessoas falarem que sou radical so pq quero o justo e o correto: oportunidades iguais e direitos iguais para as mulheres.
Li o seu post esta semana e hoje li no Metro uma reportagem sobre o novo programa do governo francês para a reinserção profissional de mulheres vitimas de violência doméstica. Gostaria de te mandar um copia, como faço? Na verdade o chocante é que junto com a reportagem veio uma charge "engraçadinha" (de um chargista "sorridente") onde um homem acaba de bater na sua mulher (que aparece completamente machucada) e depois fala algo assim: agora voce aprende a fazer denuncia de violencia domestica na delegacia...um horror!!! Estava indo para o trabalho e tive de me sentar de tão horrorizada. Ja mandei um e-mail para o metro, sabe...achei que morando em outro pais pudesse ser diferente mas mesmo aqui vejo que as coisas ainda nao mudaram tanto, infelizmente. E a "moda" abjeta de gravar cenas de violencia sexual e disponibiliza-las na internet chegou antes do que eu previa no Brasil (o primeiro caso do qual eu tive noticia foi em abril no Caribe, que se tornou uma pratica por la).
Parabéns pelo blog e desculpe a falta de acentos. Juro que a culpa não é minha.
Bjs, Carol

lola aronovich disse...

Babs, “eu não brinco com chocolates” será uma frase tão marcante pra mim, a partir de agora, como foi “Nós brincamos com os hipopótamos”. Aliás, tá tudo meio relacionado.


Serge, certamente que maior sensibilidade não é um defeito! A meu ver, é uma qualidade. Mas não acho que seja uma “característica” das mulheres. Só que fomos criadas assim. Um pouco a mais de sensibilidade seria muito bem-vinda aos homens. Os homens têm “controle maior sobre suas emoções”?! Jura? Se tivessem, não estuprariam nem matariam, não acha?
Sim, os homens são mais fortes fisicamente. E? Num mundo de paz, essa força nem deveria vir à tona. Pra que usar a força hoje em dia?
O mundo seria melhor, tenho certeza, se nossas educações não fossem tão diferentes. Se homens aprendessem a ser mais sensíveis, a ouvir mais, a não ser tão agressivos, a não querer resolver tudo na porrada. Por que uma criação tão diferenciada para meninos e meninas? Os homens poderiam ser IGUAIS às mulheres no quesito sensibilidade. Não seria detrimento nenhum a sua masculinidade. Vcs ainda teriam vozes grossas e continuariam sendo um pouco mais altos. Ninguém se torna gay por ser mais sensível e menos agressivo, acredite!

lola aronovich disse...

Chris, bom, eu mantenho minha opinião: o mundo seria melhor se os homens fossem menos “masculinos”. E a vida dos homens seria melhor tb!


Lobo solitário, é verdade. A mulher é criada pra se sentir diminuída, pra se calar e concordar. Realmente não sei o motivo de tanto preconceito. Não acho que seja natural, não.

lola aronovich disse...

Gio, é isso aí: nada de ter vergonha de seus canais lacrimais! Homem que confia na sua própria sexualidade não tem vergonha de chorar.


Carol, obrigada pelo primeiro comentário! Fico feliz que as opiniões expressas aqui, tanto por mim quanto minhas leitoras(es), façam com que vc se sinta menos sozinha. Eu não me sinto muito radical no que peço. Talvez eu seja apenas radical pela FREQUÊNCIA com que peço.
Que droga isso da reportagem no Metro! Incrível a falta de sensibilidade. Eles TÊM que brincar com tudo, né? Até assuntos sérios que não têm graça alguma. Não sei como vc pode me enviar esse artigo. Clique no meu nome em azul ou vá pra página inicial do blog e lá está o meu email. Vc pode enviar o artigo fotografado, e aí num arquivo atachado. É mais fácil, se não tiver scanner. Ou me manda um email que eu te envio meu endereço. Vc já conferiu se esse artigo do Metro não tem online?
Sério que isso de gravar estupros e disponibilizá-los na internet é corriqueiro? Que horror, como pode?
Não se preocupe com a falta de acentos. Comente sempre!

Anônimo disse...

"Nessas horas eu penso seriamente em virar terrorista"

E porque não viramos? O que falta para nós despertarmos que a vasta maiora dos homens não sentem a menor empatia pelo nosso sofrimento? Por que inisitimos tanto nesta prática falha de "entender e educar"? A falta de violência/reação enérgica (ou seja lá como quiserem chamar) no feminismo é que nos deixa estagnadas!!Pleo menos criaram a Lei Maria da Penha!

Anônimo disse...

“Símbolo sexual geriátrico pra milhões de fãs.”

Se fosse um homem a escrever isso sobre uma mulher, qualquer mulher, logo seria tachado como “mascutroll”, né? Ou “ageism” só é “ageism” quando a vítima é de esquerda, hein?