Tem uns movie mashups (veja meu primeiro post aqui) que me atraem pelo humor negro, como este que junta Meu Pé Esquerdo com Jogos Mortais. Incrível como o design das capas de Jogos Mortais virou ícone. É facilmente reconhecível, e talvez seja o único ponto alto da franquia: o cuidado com a arte. Enfim, este poster tá mais praquelas piadinhas com as músicas, sabem? Tipo aquele melô dos leprosos: “jogue suas mãos para o céu...”. (Este post não é pros adeptos do politicamente correto, vocês já devem ter notado). Na mesma linha, só que perdendo a graça na tradução, está o poster que une Louca Obsessão e Footloose – Ritmo Louco, um dos clássicos da minha adolescência. Em Louca Obsessão, Kathy Bates quebra com uma marreta o calcanhar do James Caan, numa cena altamente gráfica e inesquecível pra qualquer um que já a viu (a gente tenta esquecer e não consegue). Footloose é só um musical bobinho de 1984 com o Kevin Bacon, mas a tradução literal do títuto não tem nada a ver com dança. Tá mais pra Pé Solto mesmo. Argh. Neste de Alien com Quero Ser John Malkovich (dá pra fazer um monte de piadinhas com esses dois filmes, pelo jeito), o que mais me chama a atenção é que mudaram o título para Quero Ser John Hurt. John Hurt é o ótimo ator que faz a pobre vítima do alienígena que se aloja em seu estômago no filme de 1979, Alien, o Oitavo Passageiro. (Alien é oficialmente o meu maior sonífero, maior até – creio – que o épico élfico Senhor dos Anéis. Sei que Alien é um filme importante, mas é só eu começar a vê-lo que caio no mais profundo sono logo após os primeiros minutos. Tem gente que passa por isso ao assistir 2001. Pra mim é Alien o antídoto pra qualquer insônia). Este poster é muito maldoso e também perde um pouco da graça na tradução. Junta Bambi, que pra alguns estudiosos foi o evento que despertou a consciência ecológica em toda uma geração, com O Franco Atirador, que em inglês é O Caçador de Veados. Tadinho do Bambi. Espero que tod@s vocês se acabem de chorar na cena inicial, em que a mãe de Bambi é morta por caçadores, deixando o bichinho órfão e desprotegido. Chuif. Mas pra mim esse poster ficou ainda mais divertido porque sempre confundo O Franco Atirador com Amargo Pesadelo. Não sei se é porque ambos são da década de 70 ou por serem sobre um grupo de amigos que se depara com the horror, the horror. Mas eu li Deer Hunter no poster, vi a pose do Bambi, e me lembrei da cena mais famosa de Amargo Pesadelo, que é a do estupro do Ned Beatty. Minha mente faz associações doentias, eu sei.Mais humor negro, ou talvez humor vermelho, nesta mistura de Carrie com... A Garota de Rosa Shocking. Como menstruação é um dos temas centrais de Carrie (ou melhor, a demonização das mudanças no corpo de uma menina quando vira mulher), dá pra pensar em rosa choque. Pior ainda se a gente lembrar do título original do clássico com a Molly Ringwald, Pretty in Pink ("Linda de Rosa"). E este é o meu poster misturado preferido de todos. A pose absolutamente icônica do Matthew Broderick em Curtindo a Vida Adoidado foi substituída pela do Patrick Bateman (o protagonista de Psicopata Americano, com Christian Bale num dos melhores papéis de sua carreira). O título original de Curtindo é Ferris Bueller's Day Off (a folga do Ferris Bueller?). Vira a folga do serial killer, com direito a manchinhas de sangue no rosto e tudo. A-do-rei.
Mas ok, sei que não é todo mundo que curte humor negro...
Mas ok, sei que não é todo mundo que curte humor negro...
20 comentários:
Eu curto quando é bem feito como esses posters.
Ah, até que enfim alguem que concorda comigo que a unica coisa boa de jogos mortais são os posters.
E sobre melo do leproso tb tem aquela:
"Já não tenho dedos pra conta..."
hehehe
E o mais legal é o ultimo ja que reune dois filmes que gosto muito.
Curtindo a Vida...é um classico dos classicos na cetegoria Sessão da Tarde.
Eu, hein?! Agora sim que os comentários endoidaram de vez... Vcs viram o que aparece nos "comentários mais recentes"? Comentários de quase um ano atrás! Não entendo. Espero que tudo volte ao normal logo.
Lord, ah, os posters de Jogos Mortais realmente são muito bons. Passam bem a mensagem, chamam a atenção, são impactantes, e ainda permitem uma ótima integração entre os filmes da franquia (quantos filmes foram até agora? Seis? Sete? Parei de ver no três). E, de lambuja, com uma ilustração dessas, ninguém nota que não há nomes conhecidos no elenco ou sequer uma história diferente da do filme anterior. Por todos esses motivos, considero os posters e capas de Jogos Mortais um primor.
Eu nem passei do segundo Jogos Mortais...e muito menos dos seus clones.
Lola, quando vc não tiver com tanta correria, que tal um post sobre poster e trailher enganosos?
Daqueles que vende uma ideia bem diferente dos filmes?
É engraçado como as pessoas acham que porque alguém é interessad@ por política essa pessoa não deve ter muito senso de humor. Mas é bom ver que você não tem medo de expor que gosta de um humor tão controverso, até porque humor politicamente incorreto mostra muito mais os nossos preconceitos do que o humor certinho, não acha?
O importante não é um humor caretinha, mas sim posturas corretas.
Enfim, adorei o post!!
Por causa desse site, eu quase fiquei sem dormir na última vez que ocê postou, Lola. É Hilário urinante :)))
Quanto aos "comentários recentes", fiquei animadinho pensando que La Mamacita tinha voltado a responder aqui, mas foi um trote do blogspot... >:-S
Ih, ocê não, Você, que (com todo respeito, Masegui) eu não sou mineiro... :D
Loláxima!
Adorei o post - acho demais quando você fala sobre filmes, além de todos os outros temas (feministas, políticos etc) sempre tão atuais e que fazem as cabeças pensarem... e muito...
BUT...
só acho PHODA-PRA-BARALHO essa expressão "humor negro". Sei que talvez eu seja "apedrejada" por conta do apontamento ao "politicamente correto", mas você sabe (melhor do que eu) o poder da linguagem e a força das palavras... e esse título definitivamente carrega uma idéia bastante ruim...
Sei que sua intenção é a mais bacana possível, mas tenho que confessar que levei um susto quando cheguei hoje ao seu "studio virtual" e dei de cara com esse título...
mesmo assim, bato na porta sempre sempre sempre!
beijukks
Bah! Sorry, Loláxima!
prestei atenção DEVERDADE ao texto e Ok... well well
retiro o que eu disse!
beijukks
Jux, querida, concordo totalmente que a maior parte das palavras que têm "negro" são pejorativas e ajudam a martelar o nosso racismo. Evito ao máximo usar a palavra "denegrir", por exemplo, mas às vezes falta palavra melhor. E, no caso de "humor negro", existe outra expressão pra esse tipo de humor? É uma classificação tão usada que qualquer outra soaria esquisita. Acho sim que sempre temos que discutir a língua. Não é à toa que tantas palavras preconceituosas acabam sendo as únicas disponíveis...
Tanize, pois é, humor é algo muito importante pra mim. E sei bem que ninguém gosta de ser policiado no seu humor. Mas existem limites. Ontem, por exemplo, recebi uma montagem do "nova ração pra cachorro Bonzo", com sabor Eliza Samudio. Isso é inaceitável, inclusive porque não está respeitando o tempo. Cada vez mais concordo com o que Mark Twain disse, "humor is tragedy plus time". Acho que tem um timing pra fazer piada. Não sei se um chiste sobre ração de cachorro com esse caso tenebroso da Eliza poderia ser engraçado algum dia, mas isso hoje denota pura falta de empatia.
Oi, lolinha, achei o post super engraçado, morri de rir. Concordo que há uma larga diferença entre esses chistes e a falsa embalagem com a imagem da Eliza, que é um 'humor' feito com claros interesses depreciativos, para troçar sobre mesmo tragédia dela e também evoca uma certa anuência à forma como ela foi executada, já que o seu assassino ainda não foi julgado, o risco de impunidade é grande, e não deixa de ser uma espécie retaliação troçar da condição em que foi morta, e até mesmo um trocadilho com sua condição de mulher jovem, bonita e supostamente promíscua e tal (feita para ser 'comida' - eca!), ou seja, é misógino e monstruoso. Quanto ao negro e denegrir. Bom, eu uso humor negro, às vezes, mas já parei com buraco negro, denegrir e lista negra, lado negro, etc, pois, de tanto tomar puxão. Sempre sou chamada à atenção quando aparecem em meus textos e acabo concordando que, se alguém se incomoda, melhor mudar. Eu procuro considerar que o fato de eu 'esquecer' e escorregar na expressão pode ser talvez porque não é tão importante para mim quanto é para eles. Mas também acho que o debate politicamente correto e o nosso aprendizado sobre o que fazer dele é muito inicial ainda. Mesmo querendo acertar, também erramos, também temos nossas ingenuidades e implicâncias, porque é um debate em construção, há muito ainda a ser pensado e discutido sobre o uso e os efeitos da linguagem, e como podemos acionar um potencial libertador, por meio dela - eu mesma não tenho bagabem suficiente para ir mais a fundo no tema, mas acho que é interessantíssimo. Quem tem um texto muito bom sobre isso é o Sírio Possenti (já citado nesse blog), vou ver se encontro e mando para vc. Abraço,
Dai.
Lola, fugindo do assunto:
viu a garota de 14 anos que se exibiu na web (tweetcam) para milhões fazendo um strip tease.
Era uma aposta que perdeu para o amigo, de 16 anos (que pediu pra fazer sexo com ela ao vivo, mas ela não quis).
O vídeo foi visto por mais de 35 mil pessoas durante a madrugada dessa semana. Foi até parar na polícia (é crime, né?).
A mae da menina declarou que ela levará um castigo (um mes sem internet).
O que vc acha disso tudo?
Agora quem não nenhum senso de humor é advogado do Bruno.
Olha a nova piada do sujeito:
Ércio Quaresma coloca Eliza na lista de testunhas da defesa:
http://www.sidneyrezende.com/noticia/95431+eliza+samudio+esta+em+lista+de+testemunhas+de+defesa+do+goleiro+bruno
e tb
http://noticias.r7.com/rio-e-cidades/noticias/advogado-de-bruno-quer-eliza-como-testemunha-de-defesa-do-goleiro-20100728.html
alguem me explica logica disso?
Humor pode ser (bem) feito com temas polêmicos. Mas concordo com você Lola que há limites.
O timing é fundamental, assim como o cuidado para não reforçar (ou até justificar) preconceitos ou ignorar a magnitude das tragédias.
Exemplo disso são essas piadas sobre a Eliza ou como as do terremoto no Haiti. Essas demonstram completa falta de compaixão, acima de tudo!
Dai, obrigada pelo comentário, excelente, mais uma vez. Não há dúvida que pra mim, que sou branca (quer dizer, amarela meio rosada com pintinhas pretas), é muito mais difícil perceber o racismo na linguagem que o machismo. Tb faço um esforço para banir certos termos, mas não é fácil. Até porque alguns não têm sinônimos! Lista negra eu ainda uso. Geralmente listinha negra, porque não consigo usar esse termo sem ironia. Se puder, manda o artigo, sim!
Mariana, não acompanhei esse caso, já que não tenho twitter. Até a semana passada nem sabia o que era uma twitcam (podia imaginar apenas). Li um ótimo post da Conceição no Vi o Mundo sobre isso. Dê uma olhada. Mas o que posso dizer? Acho triste que crianças e adolescentes tenham tanta vontade de se exibir. Ainda mais porque podem não saber que há consequências (por exemplo, essa menina de 14 anos terá a sua imagem associada a tais cenas pro resto da vida. E a gente sabe que o rapaz será visto como um garanhão digno de elogios, enquanto a garota...).
Lord, a lógica é que o advogado de defesa do Bruno e demais acusados fará toda sua estratégia em torno disso: Eliza está viva. Não há corpo, logo, não há crime. E o advogado obviamente transformará o julgamento de Bruno no julgamento de Eliza. Triste, cruel, repulsivo, mas ele está no seu direito.
Um pôster, dois pôsteres.
Acho que muita gente usa dois pesos e duas medidas quando se trata de humor negro. Lembro que logo depois dos atentados terroristas de 11 de setembro, circulava pela internet uma embalagem "Café WTC - Torrado E Moído", isso logo após o acontecido. Será que ninguém se importava com isso porque aconteceu longe, em outro país, ou porque estava na moda ser anti-americano, e a ideologia justificava brincar com temas tão sérios? Sei não... também gosto de piadas assim, mas pra mim é difícil entender qual o limite, de tempo ou de seriedade, ou se é diferente pra cada pessoa. Já vi fazerem piadinhas sobre o holocausto, ou sobre a fome na Etiópia... afinal, quais são os limites?
Ai, Lola, não resisti, vendo você se chamar de amarela, quero te convidar pra ler meu post do final de semana, o mosaico: ser "amarela" era meu sonho de consumo na infância!!
Beijos, querida. Nem sempre comento, mas continuo colada no seu blog maravilhoso.
Rita
rsrs... Adorei todos. Meu preferido acabou sendo o do Meu pé esquerdo com Jogos mortais... tive uma crise de riso quando vi pela primeira vez no site...
Mas gostei muito do filme Jogos mortais, pelo menos do primeiro, achei que saiu daquela mesmice que todos os filmes de terror haviam se tornado desde a década de 80: um psicopata qualquer, sobrenatural ou não, perseguindo adolescentes libidinosos e apenas a mocinha virgem (ou que tivesse acabado de deixar de ser virgem) se salvando no final, rs...
Bjus Lola
Ri muito do "my left foot" e da "melô do leproso"!
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