quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

GUEST POST: A INFÂNCIA ABANDONADA

Uma leitora que vai se manter anônima deixa aqui o seu relato. Escrevo algumas palavras no final.

Sou nordestina do interior de Pernambuco, somos em três irmãos. Quando eu tinha 10 anos de idade minha mãe desencarnou vitimada por um câncer e deixou 2 filhos pequenos: eu com 10 anos, e um irmão com 7. Bem, aí começa minha saga. Meu pai, que era alcoólatra, nos deu para estranhos como se faz com filhotes de animais. Eu fui dada pra uma mulher que precisava de uma pessoa pra trabalhar na casa dela. Na minha região era comum as pessoas pegarem as órfãs para trabalhar, e não pra criar e cuidar. Fiquei nessa casa por um tempo, mas cansada de apanhar e ficar sem comer (trabalhava o dia todo e só comia uma vez ao dia), fugi de lá e voltei pra minha cidade pegando carona. Quando cheguei em minha cidade fui em busca dos parentes e todos me viraram as costas, inclusive minha irmã mais velha que era casada e estava esperando o primeiro filho. Sem ter onde dormir, fui pedir abrigo na casa de um primo que tinha crescido na minha casa e ele me acolheu contra a vontade da mulher dele. Passei uns dias ali e foi nesse período que meu tio que morava em São Paulo chegou pra visitar a família e resolveu me trazer pra SP.
Dias depois de ter chegado em SP, meu tio aproveitou uma saída da mulher e me pegou na cozinha. Entrei em desespero, mas ele me disse que eu era muito bonita e que se eu me comportasse e não contasse nada pra mulher dele eu ia me dar muito bem, mas se eu contasse alguma coisa ele ia ter que me expulsar da casa dele, e eu estava muito longe da minha cidade e não conhecia ninguém ali, então o que eu ia fazer? Fiquei na casa desse tio servindo de empregada pra mulher dele e de amante pra ele. Era uma situação muito dolorosa pra mim porque eu tinha muito nojo dele, mas era forçada a viver isso, pois não tinha mais mãe e meu pai não queria saber de mim, e pra piorar eu estava numa cidade grande e não conhecia ninguém. Sofri essa agressão por meses a fio e então menstruei pela primeira vez. Aí pensei: agora ele me deixa em paz! Ledo engano. Ele comprou anticoncepcional e me forçava a tomar pra não engravidar. Eu que sempre fui alegre e extrovertida me tornei uma menina calada que chorava por qualquer coisa, mas ninguém me dava atenção. Passado um tempo longo, meu primo, filho desse tio, descobriu o que o pai dele fazia comigo. E resolveu que também tinha direitos sobre mim e passou a fazer o mesmo, eles se revezavam... Fui usada por eles durante muito tempo e nada podia fazer, pois sofria ameaças de ficar na rua e muitas outras coisas que prefiro não mencionar. Vivi um inferno por muito tempo, chorava todas as noites, chamava por minha mãe, pedia pra ela me levar com ela pois eu não suportava mais aquela vida. Com o tempo fui me tornando agressiva, principalmente com a mulher do meu tio ― ela me batia e maltratava mas não via, ou fingia que não via, o que ele fazia comigo .
Vivi isso por muito tempo até que eles me mandaram de volta pra minha cidade e lá passei por outras situações de estupro por homens da minha família e sempre me achei culpada por aquilo, sempre fui forçada a me calar e vivia com medo das pessoas. Cresci e aos 15 anos fui viver com um homem bem mais velho que deu sequência a esse horror. Tive dois filhos com ele e um dia criei coragem e o abandonei. Hoje tenho 35 anos, sou diabética, tenho depressão e síndrome do pânico, e não consigo me relacionar com homem nenhum, não acredito neles. Hoje sei que fui vítima e não culpada por tudo que me aconteceu. A ferida sarou mas a cicatriz é muito grande e vai existir pra sempre em minha alma. Procuro levar uma vida normal mas as pessoas não entendem como uma mulher jovem e bonita vive sem ninguém. Quando me perguntam isso eu sorrio e mudo de assunto, pois as pessoas são incapazes de entender as dores de uma vítima de estupro.
Obrigada por permitir que eu dividisse com você um pouco da minha vida.

Eu aqui. Fico chocada com uma história dessas, que só reforça o quanto sou privilegiada por ter tido casa, comida, e carinho de pessoas que me amavam. É terrível imaginar uma criança de dez anos passar por isso. Bom, seria terrível pra qualquer idade, mas a gente vive num país em que menores de idade são protegidos pela Constituição. Como que uma criança pode passar por tudo isso, totalmente abandonada pelo Estado, como se estivesse naqueles orfanatos ingleses do século 19? Espero que essa situação, ocorrida duas décadas atrás, não seja mais tão corriqueira. Sabemos que a Bolsa Família e o desenvolvimento do Nordeste (grandes conquistas do governo Lula) acabaram com esse trabalho escravo de meninas serem dadas ou vendidas para trabalhar como empregadas, sujeitas a todo tipo de abuso dos patrões.
No campo individual, é detestável notar que ninguém ajudou essa menina. Pelo contrário, todos se aproveitaram dela e perpetuaram o abuso. Quando li o relato pela primeira vez, na parte em que a leitora conta que seu primo descobriu o que o pai dele fazia com ela, eu respirei aliviada. Automaticamente pensei, condicionada por toda uma infância de contos de fada e príncipes encantados, que o primo a salvaria. Que a levaria pra longe de lá, que denunciaria o pai. Nunca, jamais, que ele acharia que também tinha direito de cobrar a sua parte.
Aí a gente vê mais uma vez que príncipe encantado não existe. Mas temos o direito de exigir um Estado, se não encantado, pelo menos presente para proteger nossas meninas de gente muito, muito ruim.

57 comentários:

Caroline J. disse...

Quando leio essas coisas, eu fico revoltada e enojada como se isso também fosse uma afronta a mim mesma, a minha pessoa. Uma repulsa e uma raiva e uma dor viscerais. É monstruoso demais. Lola, também me senti aliviada por um instante quando ela escreveu que o primo descobriu o que o pai fazia, também achei q ele a salvaria. Foi uma queda bruta ler logo em seguida que ele passou a fazer o mesmo que o pai.
Eu gostaria muito de poder fazer algo por esta pessoa que lhe mandou o e-mail, e por todas as mulheres que já passaram por abusos. Que elas pudessem ter a chance de serem felizes novamente. E que os monstros que fizeram e fazem isso com elas, recebam tudo o que merecem.
Se eu tivesse palavras pra expressar o que sinto sobre tudo isso, elas seriam vomitadas.

... como se eu fosse a única. disse...

E ainda dizem que nós reclamamos demais. Que nos envitimizamos demais. Que os machos não são monstros, que essas coisas não existem.

Eu acho que essa dor, mesmo que não tenhamos sentindo na pele, é "compreendida" por todas nós mulheres. Pois sabemos como é andar a noite, sabendo que a qualquer momento um cara pode chegar e nos estuprar; e se isso acontece, dizem que a culpa é nossa, pois estávamos andando a noite, logo pedíamos para ser estuprada.

Eles acham que estupro é simplesmente sexo não consensual, não entendem que é violentar a existência, não apenas o corpo.

Eu nunca passei por nada assim. Já vivi situações estranhas, por estar bêbada (mas nem esse direito, o de beber, nós temos. Pois se bebemos, estamos nos dando pra qualquer acontecimento futuro), algumas coisas que vi, ouvi, li que me fizeram sim, aos 22 anos de idade, ter certo nojo e receio de machos!

Carolina disse...

Engraçado como pensei a mesma coisa na parte em que o primo descobre o que o pai faz... e meus amigos e família ainda dizem que eu sou pessimista! Vi um belíssimo documentário esses tempos sobre as meninas que são entregues á prostituição pela própria família por uns trocados. Acredito que o desenvolvimento de regiões como o Nordeste diminuam a frequencia com que essas atrocidades acontecem mas, qualquer tipo de violência, só se resolve de verdade quando aprendermos a meter a boca no trombone e pararmos de ficar quietos. A pobreza e a ignorancia são apenas uma das causas ou isso não aconteceria também no sudeste ou aqui no sul, de onde eu escrevo. Esses dias estava na sacada da minha casa dez horas da noite e vi uma mãe bater na cara de uma criança de uns 3 anos porque nitidamente estava fazendo manha de sono e sendo carregada altas horas pela rua! Não tive dúvidas e xinguei a mulher no meio da rua. Tive que aguentar gente tocando pedra no meu portão de madrugada durante dias... mas não me calo!

Giulianna Santos disse...

O feminismo deve existir não pelas mulheres privilegiadas como nós, mas sim pelas milhares que sofrem com violência, abuso sexual e trabalho escravo ao redor do mundo. É muito triste e vergonhoso isso.

Omar Talih disse...

Quando ouço esses relatos, sinto vergonha de ser "macho". É como se essas coisas que acontecem corriqueiramente em nosso país, me ferisse a alma. Palavras não bastam. Mesmo a lei Maria da Penha, tem entraves como a obrigatoriedade de a mulher ter que dar continuidade ou nada acontecerá. É como se o 181, disque denuncia, te obrigasse a entregar um traficante ou assassino, levando pessoalmente a polícia até o bandido. Sei que por razões parecidas, na India as mulheres começaram a cometer suicídio e então o governo olhou um pouco mais sério para a situação. Não creio que seja o caminho, o suicídio, mas eu recomendaria, sem nenhum remorso que elas matassem seus agressores, lá pela miléssima morte de um cafajeste destes, a lei seria encaminhada para outros caminhos. Parece radical, mas enquanto se portarem como gado indo para o matadouro, pouco acontecerá. Quanto ao movimento feminista, farão como fizeram com todos os outros. Transformarão em festas, moda ou coisa que o valha e tirarão o sentido de protesto que possa ter. Por ora posso apenas ficar indignado, mas a vontade é de agir como aquele personagem do filme "Dexter".

Caroline J. disse...

Omat Talih, começou seu comentário até bem mas terminou muito mal hein...

Vc pareceu passar - pra variar - a responsabilidade às mulheres que "se comportam como gado indo para o matadouro", por essas coisas continuarem a acontecer. Como se o foco do problema fosse nossa (falta de) reação, e não a ação dos homens.

Sobre o comentário sobre o "movimento feminista" se transformar em "festas ou moda"... nossa, é até difícil comentar. Amigo, acho que vc está BEM desinformado.
Vc acha que as feministas - incluindo mulheres que sofreram ou sofrem abusos, violências, discriminação, humilhações diversas e enfrentam o machismo dominante da sociedade em seu dia a dia estariam interessadas em transformar o "movimento feminista" em "festa ou moda"? Acho que vc está passando BEM LONGE do ponto da questão. Por favor, procure saber mais.

Bruno S disse...

A cada notícia dessa que leio fico com a pulga atrás da orelha a respeito de isso ter acontecido com algum conhecido, ou ainda acontecer em casas de pessoas próximos.

É tão absurdo e tão fácil de ocorrer que deixa sem saber o que pensar.

Paola disse...

A violência doméstica tem que ser combatida, há que se fazer muita campanha, falar muito sobre isso na novela, no rádio e tudo!
Esse ano, trabalhei com mulheres das ocupações nos prédios do centro de São PAulo e ouvi histórias muito sofridas.
A violência está ai, todos temos que estar de olho, nos policiar, falar sobre...
Hábitos podem ser mudaddos... antes ninguém usava cinto de segurança, ninguém usava camisinha, alguma coisa mudou..
Se a autora do post quiser fazer parte do nosso trabalho, está convidada, é só escrever um comentário no meu blog!
Beijo
PAola

Fabio Burch Salvador disse...

Eu leio esses comentários e não acredito... "homens são monstros"... mas COMO ASSIM CARA PALIDA? E se fosse um menino (e há meninos sofrendo abursos, sim). O problema é a violência e o descaso com um menor, não o gênero do menor.

E a Lola, com esse papo de "não existe príncipe encantado", e sim um Estado... mas boa parte do papel "salvador" deste Estado foi formatado por homens!

Desculpem se eu estou enchendo o saco ou pareço estar trollando, mas eu me sinto agredido quando se fazem referências preconceituosas contra o gênero do qual faço parte.

Os homens são tão podres quanto as mulheres. Existem príncipes encantados tanto quanto existem princesas encantadas... neste caso narrado, simplesmente não aconteceu de aparecer nada disso.

Sober ter "nojo e receio de machos"... nunca vi isso de alguém ter nojo e recei de um gênero inteiro. Mas já vi terem isso em relação a RAÇAS, só que manifestar esse "nojo e receio" hoje em dia é crime de preconceito. Também já ouvi falar sobre gente que tem "nojo e receio" de homossexuais, mas isso felizmente também já é crime.

Ora, claro que a violência contra uma criança choca, apavora, e é mais triste porque sabemos que ela se reproduz em vários lares pelo Brasil e pelo mundo. Mas não é criando ódios entre gêneros, justo quando estamos superando outros ódios, que resolveremos a questão.

E é evidente que o uso de uma menina como brinquedo sexual passa pela noção ultrapassada da "mulher como propriedade", o que é, convenhamos, uma coisa batida, sei lá, já era. Espero ver isso ainda na cabeça de vovós educadas no tempo da palmatória, não na massa de gente que circula por aí.

Jéssica Almeida disse...

Após ler esse relato é impossivel não sentir raiva ou revolta em relação a esses homens, que mais parecem animais, que foram capazes de fazer isso com uma menina totalmente indefesa. Mas o que me repudia não é somente isso, e sim o fato da mulher do tio fingir que não sabia de nada. E dói saber que existem casos em que a própria mãe se omite e deixa a filha ou filho ser vítima dessas crueldades. Por ser parente, ou mesmo por ser mulher, elas têm OBRIGAÇÃO de proteger e defender.
Falta sim assistencia do Estado não só na questão de evitar esses abusos, mas tambem na assistência psicológica para as vítimas e condições para que possam ser protegidas. Existem casos, por exemplo, em que a familia é totalmente dependente do homem, "macho" da casa, e dessa forma se calam perante os atos monstruosos desse, por não ter outro meio de sobreviver.
Sou estudante de direito, e noto bastante que embora existam leis, como a Maria da Penha e o ECA, a efetividade dessas leis depende do acompanhamento pós denuncia, para que as mulheres não tenham que se calar diante de uma situação dessas.
E além disso, a própria sociedade não se preocupa com essas vítimas, ainda mais porque a maioria dos casos acontecem nas classes mais baixas. [Não generalizando, claro]
Há outra questão tambem, essa historica, na qual o homem se acha no direito de ter a mulher como propriedade, pois considera-se superior. É uma vertente cruel e animalesca do machismo,mas, infelizmente, existe.

Acredito que o principal fator é a assistência do Estado, mas tentar mudar a visão machista da sociedade tambem é outro ponto chave. E esse tentar mudar deve vir de nós mulheres, não mudando o que já está regente,mas passando aos nossos descendentes a visão igualitária e respeitosa com a qual se deve tratar as mulheres.

ps: Acho que falei demais, mas é chocante e revoltante pensar que crianças são tão brutalmente submetidas a atos animais como esse.

Jéssica Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jéssica Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Fábio, infelizmente não é possível afirmar que é noção ultrapassada a "mulher como propriedade" e nem "uma coisa batida" Pode até já ter sido muito falado, mas está presente na nossa sociedade ainda de maneira muito forte. Quando um namorado ou marido diz para sua parceira que não sairá com amigas ou com determinada roupa, passa pela noção de "mulher como propriedade" com a desculpa que se está dizendo isso por ter ciúmes.

Este caso de Lola, infelizmente, mesmo passados 20 anos que aconteceu com ela, acontece ainda na 2ª década do séc. XXI.

Para o bem da verdade, depois dessas eleições, a população brasileira tem se mostrado dum tremendo conservadorismo onde o controle do corpo feminino pelos homens mostrou muita força, como pudemos notar com a questão do aborto, o machismo, a homofobia, racismo, xenofobia, preconceito de classe e parece que não ultrapassamos a idade média. São todos conceitos que se cruzam em vários momentos e de complexa solução. Talvez a solução só tenha efetividades dentro da uma ou duas décadas de reordenamento social de áreas estruturantes como educação, saúde e economia.

Caio Ricardo disse...

Acredito que o Fábio viva isolado em uma caverna. Falar que a noção de mulher como propriedade é algo batido, só existente na cabeça das velhinhas educadas na base da palmatória, só ratifica seu isolamento. Por qual outro motivo esses homens abusaram da menina senão por pura objetificação?

Outra coisa no mínimo ridícula foi a comparação de um trauma psicológico com um preconceito infundado. Quer dizer que o fato da maioria dos homens com que a leitora se deparou na vida terem-na maltratado, é pouco para que ela crie um trauma em relação a esse gênero?

Cecilia disse...

Olha, já passou da hora dos homens, todos eles, pararem de relativizar e dizer que esse é um caso isolado, que toda violencia de genero é um caso isolado.
Eu nao quero mais saber se voce, individuo, nao é agressor nem estuprador. Conheco muitos homens que nao sao e nao fazem mais do que a obrigacao. Ao invés de pedirem para nao serem odiados pelas mulheres que sofreram, porque nao tratam de fazer algo a respeito? A responsabilidade é de voces também.
Se nao querem ser odiados pelas mulheres, PAREM COM AS PRÁTICAS ODIOSAS!

Caroline J. disse...

Fabio.

Sim, meninos também são abusados. Adivinhe por quem? Homens.

Não, "homens não são monstros", ninguém aqui está pretendendo condenar o gênero inteiro sem excessões.

O problema foi o fato de se abusar de uma criança, e não de seu gênero? Sim, o fato de ela ser criança torna o caso especialmente monstruoso, e meninos também não são poupados de abuso, mas ignorar a questão do gênero nesse tipo de situação é de uma ingenuidade extrema.

De qualquer forma, tudo isso ilustra a dominação do homem em relação a um ser mais frágil: seja uma mulher, ou uma criança, menino ou menina. (e isso também se reflete na violência e abuso de animais, a propósito)
Não é à toa que muitas vezes, nas cenas de violência doméstica, as vítimas são tanto as mulheres quanto os filhos.

Agora quanto a seu comentário sobre a leitura ter "receio e nojo de machos"... que coisa totalmente infundada. Como disse o Riffael, o fato de alguém ter se deparado com um grande número de homens que a maltrataram etc, me parece ser uma ótima justificativa para que se fique com receio de representantes do sexo masculino em geral.

O "nojo e receio" de raças não tem absolutamente nada a ver com isso. Ninguém diz que tem "receio e nojo" de negros pq já foi mto abusado por negros, ou de gays pq já foi mto abusado por esses gays malvados. Preconceitos infundados, que dão origem a discriminação e violência, são uma coisa. O medo causado por traumas que acaba sendo direcionado a todo um grupo é outra bem diferente.

E a objetificação da mulher, e o seu tratamento como propriedade, existe SIM e está muito presente ainda no mundo de hoje SIM. E no mundo todo.

Ao invés de ver com empatia e compaixão as vítimas de homens monstruosos, e quem sabe pensar em divulgar a consciência disto tudo entre outros homens como vc para que todos estejam atentos a esse tipo de coisa, e lutem contra, vc se sente ofendido em nome do gênero e tenta defendê-lo e desqualificar os sentimentos de quem sofreu...

Koppe disse...

Omar Talih disse... "eu recomendaria, sem nenhum remorso que elas matassem seus agressores, lá pela miléssima morte de um cafajeste destes, a lei seria encaminhada para outros caminhos."

Também concordo com isso. Muita gente pode achar que é incitação à violência. Eu acho que é simplesmente reação à violência, auto-defesa usando os meios necessários. Vingança é justiça com outro nome, quando o estado falhou.

Letícia disse...

É, eu fui mesmo muito feliz na minha infância!

Comecei a chorar quando cheguei à parte em que ela diz que começou a menstruar. Poxa, eu pensei que naquela altura ela já fosse uma moça! A violência começou absurdamente cedo!

Olha, eu só tenho a dizer a essa moça que ela é uma pessoa muito forte e corajosa. Depressiva como sou, sem ter passado por 1/100 do que ela passou, não sei o que teria sido de mim, no lugar dela. Só espero que ela encontre apoio, conheça pessoas que realmente gostem dela, quem sabe mulheres... pq não? Depois de uma infância e juventude assim, é realmente difícil pensar em estar com um homem por prazer, algum dia.

Letícia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Letícia disse...

Fábio, constatar o fato de que a maior parte da violência (principalmente a sexual) parte de homens não é nenhuma ofensa a vc. Não se sinta prejudicado por uma afirmação dessas. Mas lembre-se que vc vai estar, sim, prejudicando a sociedade como um todo a partir do momento que fecha os olhos pra problemas como esse, acreditando que a violência contra a mulher é coisa do passado e, se vc nunca agrediu ninguém, já tá tudo certo. Ok, tá tudo certo, mas não custa nada discutir o tema na roda de amigos, passar o link adianta ou qq coisa do tipo, não? É assim que se muda o comportamento de uma sociedade.

A propósito, não sei como alguém pode ler um relato desses e não sentir raiva, choque ou tristeza. Pelo contrário: se voltar contra a vítima. Não entendo.

E quanto a achar que o gênero não faz diferença nenhuma, vale lembrar que, embora o caso trate de violência contra uma criança, e depois contra uma adolescente, muitas mulheres são agredidas sexualmente depois de adultas, coisa que não ocorre com homens. Se um homem é capaz de estuprar uma criança, a lógica me permite afirmar que ele faria o mesmo com uma mulher adulta, já que ele associa o sexo com violência, desprezo e sensação de superioridade...

samya disse...

Tenho convivido com esse tipo de historia cotidianamente desde que mudei aqui para o sul da Bahia talves por isso tivesse certeza que o menino seria mais um estuprador.
Quanto as ajudas do governo poderem melhorar a vida dessas meninas de forma indireta não tenho nenhuma esperança não.
Nao é tanto uma questão econômica e sim cultural. O conselho tutelar é praticamente inexistente por aqui a policia acha normal afinal a familia tem direito pelos corpos e destinos dessas meninas. Conheço varias mães que deram as suas filhas mesmo as familias não vivendo em estado de miséria. Dar filhos? pelo menos por aqui é normal.

L. Archilla disse...

Koppe e Omar, tem um detalhe que parece que lhes foge: depois de matar o(s) estuprador(es), essa mulher vai pra cadeia. Se a vida de uma vítima já é difícil sendo ela inocente, imagina sendo procurada pela polícia, ou tendo que ir presa. Ou mesmo depois de cumprir a pena, na hora de se reintegrar na comunidade. Sério, tentem se colocar no lugar dessas mulheres antes de propôr uma asneira dessa.

Omar Talih disse...

CAROL, minha cara, voce já parou para pensar que o artesanato que voce faz era a pouco uma forma dos 'hippies' viverem? Assistiu "Hair"? Sabe sobre o holocausto? Quantas vezes um povo como um todo conseguiu liberdade com a bondade dos opressores? Não estou passando a responsabilidade para as mulheres, mas pedindo que reajam com mais força. É utópico esperar que um bando de homens bonzinhos venham em seu socorro, não vai acontecer. Olhe para nossos políticos, eles foram eleitos por todos e o que fizeram no dia seguinte a posse? Aumentaram o próprio salario. E o minimo? Estude todos os movimentos sociais e verá que a igreja (todos as denominações) estão sempre contra eles. Veja o MST e outros. Voce acha que se não agissem como agem, eles seriam sequer recebidos pelos governates? É claro que não.
O senador Magno Malta junto com outros lutaram contra a pedofilia. Voce conhece algum juiz ou empresário ou outro qualquer que tenha sido punido? Vi muito poucos.
Mas suas bijuterias são lindas, eu as fazia quando era hippie

Anônimo disse...

Nao e por nada nao,mas...eu concordo com esse cara.Ficar esperando que passeatas,abaixo-assinados e etc deem certo e esperar demais.O Brasileiro comum nem sabe o que e feminismo!Eu mesma nao sabia a uns 2 anos atras(ai descobri aqui).Essas coisas ajudam sim,bastante,mas sozinhas so sao gritos no vazio,um momento de atencao e puff,as pessoas ja esquecem o que nos mulheres estavamos reivimdicando e depois enchem a boca para dizer que temos tudo.Eu nao acho que alguem seria preso por se defender,seria a policia tao injusta a ponto de prender uma vitima de estupro depois de ela contar tudo o que aconteceu a ela?Quem sentiria falta de um estuprador?E mais,acho que a prisao seria muito melhor que sofrer tal situacao.

L. Archilla disse...

"seria a policia tao injusta a ponto de prender uma vitima de estupro depois de ela contar tudo o que aconteceu a ela?"

Roberta, basta lembrar que as delegacias da mulher foram criadas porque nas delegacias comuns muitas mulheres sequer conseguiam prestar queixa de estupro. Era comum os policiais pedirem pra que a mulher repetisse a história e ficarem ouvindo com cara de tesão.

Koppe disse...

L.Archilla, vivemos no país da impunidade. Com um pouco de sutileza, não é difícil tirar alguém de circulação sem ter problemas com a lei. Aqui na vila eu sei de pelo menos uns 10 que já mataram e andam por aí soltos. Se acreditarmos que criminosos comuns podem matar sem problemas e uma vítima que matar o estuprador certamente vai presa, daí estamos acreditando naquele papo dos reaças de que a lei e os direitos humanos só protegem bandidos...

Quanto à policia, os policiais são imprevisíveis, pode ser difícil prever como vão agir. Teve um caso aqui na vila que aconteceu anos atrás, de dois estupradores presos em flagrante. Eles tinham levado algumas gurias sob a mira de um revólver pro meio do mato; lá abusaram delas, e depois mandaram elas irem embora. Quando elas saíram, deram de cara com uma viatura e contaram aos policiais o que tinha acontecido. Os policiais foram até o lugar e acharam os dois ainda colocando as roupas. Depois levaram os dois algemados no meio de uma cela na delegacia, contaram em voz alta tudo o que eles tinham feito, e saíram deixando eles lá no meio dos outros presos. Nunca mais se ouviu falar nesses dois.

lola aronovich disse...

Gente, gente, vcs estão falando de uma menina de 10, 12, 15 anos matar seu carrasco. E ainda por cima sendo sutil e discreta! Sei que quando a gente fica sabendo desses casos têm a maior vontade que as vítimas se transformem na personagem da Lucy Liu em Kill Bill (que, naquela incrível sequência de desenho animado, mata um pedófilo, quando ela ainda é criança), mas isso é ficção. E sobre a justiça ser boazinha com quem quem mata em legítima defesa, isso não é verdade. Lembro bem quando era adolescente e estive no Carandiru para entrevistas presidiárias. As que entrevistei eram todas pobres e negras, e estavam presas por terem matado o marido, que batia nelas, as ameaçava de morte etc etc.
Eu acho que (quase sempre) devemos reagir. E sempre denunciar. Mas a gente tá falando de crianças! Pra uma criança, sua maior referência é pai/mãe ou quem cuida dela. Ela não sabe pra quem denunciar. E também, a moça do relato conta que ninguém lhe dava atenção, ninguém acreditava nela... o que, aliás, é hiper comum em todos os relatos de crianças. As pessoas acham que criança pode inventar uma coisa dessas!

Thati disse...

É claro que os homens em questão foram todos uns MONSTROS, mas será que só eu percebi que TODAS as mulheres da vida dela negaram ajuda? A própria irmã não aceitou que ela fosse morar junto. A mulher do tio batia nela. O pai a entregou para quem? Uma mulher, que a fazia de escrava.

The Sole Survivor disse...

Sempre que eu leio relatos como esse eu me sinto esquisita. eu tive uma infãncia bem saudável, nunca abusaram de mim, nunca fui tratada como bicho, e ver uma realidade tão diferente me faz sentir um pouco "culpada" por ter gente que não teve a mesma sorte que eu.
é difícil acreditar que o mundo consegue ser tão podre desse jeito.

Carla Mazaro disse...

A revolta é imensa e minha vontade é realmente o assassinato... faz eu perder toda (se é q ainda resta alguma) esperança na humanidade. Sabe, acho que esses problemas nunca irão acabar... solução é o exterminio de toda essa raça podre que são os seres humanos....

Caroline J. disse...

Nossa, como o Omar foi chegar no meu artesanato pra argumentar? o_O E eu nem entendi oq ele quis dizer. Eu tirei o modo de sustento dos hippies, é isso? Só hippie faz artesanato? Rs.

Lidiany CS disse...

Estous em tempo pra comentar direito, mas isso parece coisa de livro do Sidney Sheldon de mto antigamente.
Difícil acreditar que existam coisas assim atualmente.
Eu moro na Bahia e me lembro que quando era criança aqui na minha rua tinha uma menina que tinha sido trazida por uma senhora pra ser assim, criança-empregada. Viviam reclamando que ela não trabalhava, que era preguiçosa e resmungona.
Eu me lembro que ela era triste, dava pra perceber mesmo qu ela era assim triste e calada.
Ela foi levada de volta pra Pernambuco, mas pelo menos nessa casa não tinha homens, a senhora era viúva.
Mto triste essa realidade =(

Tauana disse...

para começar, à pessoa que escreveu: nem sei o que lhe dizer, a não ser que foi um relato muito corajoso e que recentemente entendi melhor o quanto é importante que essas histórias sejam contadas. primeiro para que as outras pessoas que passarem por isso se não se sintam sós e também para que, se ainda se sentirem culpadas, possam perceber, como você percebeu, que foram vítimas, que não provocaram nada.
Vi ontem mesmo um programa na televisão que mostrava a história de duas mulheres que desenvolveram outras identidades para conseguir viver com os terriveis abusos que sofreram na infância... agressores em potencial devem saber as terríveis consequencias de tais atos, para que jamais abusem de outra pessoa.
às outras pessoas que comentavam: o nojo dos machos pode ser uma generalização, mas o que está por trás dessa fala é o nojo ou rejeição da forma como a masculinidade é construída, normatizada, normalizada em relação à feminilidade. Em todos os lugares o corpo feminino é descrito e mostrado como passivo e sensual. como objeto de desejo/prazer enquanto a masculinidade é relacionada a ação. Resultado disso? homens se acham no direito de invadir o corpo feminino e mulheres chegam, por vezes, a basear sua auto-estima no corpo e resposta masculina a esse corpo.
Então, um cara que invade meu corpo falando "gostosa" na rua tem a mesma base de um molestador. Não estou comparando essas duas agressões, mas dizendo que a educação que torna isso "normal" é a mesma que torna ok na cabeça do agressor que ele pode fazer as atrocidades que faz.
acredito que devemos, além de denunciar, reajir, nos apoiar, também pensar numa educação que leve em conta a atual relação de poder entre esses generos e trabalhe para equalizá-la...

Lidiany CS disse...

ah, eu tb pensei q o filho do primo ia salvar ela =(

Nem sei o que dizer!

nelsonalvespinto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
nelsonalvespinto disse...

(Não pude ler os comentários. Sorry)

Há um grande problema no nosso Estado que enxerga as crianças como propriedade dos pais (e não como responsabilidade). Na prática, os filhos são nossa propriedade.

Minha esposa trabalhou numa ONG de adoção e acompanhou casos tão horrendos quanto esse. E pasmem. Quando o caso chegava nas mãos do estado a coisa ficava surreal.

Enviava-se uma criança para guarda (que na mente da criança passa a ser seu pai e mãe) e depois de dois ou três anos a retiravam para mandar a quem?
Aos proprietários, ora. (Me perdoem o cinismo.)

Houve um caso horrível onde a criança foi devidamente cuidada por um casal que queria adotá-la. Depois de quase cinco anos ela foi retirada do casal e enviada aos pais. Um belo dia os pais surtaram novamente e a espancaram até a morte.

Eu defendo aquilo que o Cristovam Buarque escreveu. Que cada criança seja considerado patrimonio da humanidade. Seja acompanhada bimestralmente por uma equipe com psicologo, pediatra e assistente social. Depois isso pode passar para seis meses. Isso até os quinze anos, pelo menos.

Impossível?

Túlio disse...

Ainda estou lendo o post, mas tive que parar depois de morrer um pouquinho quando li esse trecho "Passado um tempo longo, meu primo, filho desse tio, descobriu o que o pai dele fazia comigo. E resolveu que também tinha direitos sobre mim e passou a fazer o mesmo, eles se revezavam...". Meu, eu achei que o primo fosse brigar com o pai, intervir, ajudá-la de alguma, sei lá... agir feito um humano.

Terminei. Juro, nem sei o que dizer. Chorei com esse relato, pq é triste pensar que depois de todo esse sofrimento, ela ainda vai sofrer com as lembranças e consequências que os abusos deixaram sobre ela.

Eu me pergunto como alguém pode ser assim, fazer isso com outra pessoa. E não são raras essas pessoas... como mostra o caso dessa única mulher, que foi vítima de vários homens.

Olha, eu só torço MUITO pra que algum dia vc encontra alguma paz de espírito e que consiga ser feliz de verdade - sozinha ou com um companheiro. E vc está de parabéns por ter conseguido sobreviver a este inferno. Por mais clichê que seja, vc é uma guerreira. Muita força pra vc!

Beijo.

Barbara O. disse...

Linda, ha muitas mulheres por ai que potencialmente te amam. O amor nao vem necessariamente (dificilmente) dos homens. Mas ha amor. Abraco bem forte.

Fabio Burch Salvador disse...

Opa, epa, opa... Carol: eu não deixo de ver com empatia a vítima, nem tento desqualificar seus sentimentos. Só defendo o meu direito de não ser enquadrado num estereótipo maldoso. E sim, mulheres também abusam! Lamento te informar.

Tem outra: eu por exemplo, tive um professor de Educação Física que era negro e gay, e que vivia a me ofender moralmente, o que teve um profundo impacto sobre minha auto-estima, algo só superado já na idade adulta. Eu deveria portanto ser homofóbico e racista, e deveria ter o direito de sê-lo, porque tenho motivos. É ou não é? Acho que não, mas se formos pela tua lógica, então, acho que amanhã mesmo devo me filiar à KKK.

Absurdo, quando analisado assim, né? Mas meu relato é real, e eu teria motivos reais para, de fato, participar de alguma coisa do tipo Irmandade Ariana (embora eu não seja alemão, mas e daí? no Brasil tem neto de nordestino que participa de movimento separatista em São Paulo... enfim, movimentos de ódio não precisam de uma base lógica).

LAETITIA: Não confunda minha atitude com "voltar-se contra a vítima", porque eu não fiz isso. Se te passou essa impressão, releia meu comentário com mais calma. Eu nunca digo uma coisa tentando dizer mais do que aquilo que eu escrevi. Se eu quisesse atacar a vítima, teria feito isso abertametne. Não tenho talento para indiretas, sou muito previsível.

SOBRE MATAR O AGRESSOR;
Eu acho que aqui temos dois problemas. Primeiro, abriríamos margem para injustiças irreparáveis, como o caso daquele pai que levou a filha bebê ao hospital, o médico suspeitou de abuso sexual, o cara foi preso, estuprado na cadeia, espancado, para depois os médicos descobrirem que a criança tinha um tumor ou coisa do tipo. Tá. Mata-se o agressor: PENA DE MORTE! E aí, de mil casos, um foi condenação injusta. E aí? Vão ressuscitar o cara?

Aliás, esse é o principal problema dos países que têm pena de morte: em caso de erro, não há como indenizar o coitado do condenado injustamente. Porque esse pai que foi preso e sofreu violências na cadeia, pode muito bem arrancar uns vinte milhões do governo e compensar o horror que viveu levando uma vida nababesca daqui para a frente. Não apaga o erro, mas quase compensa.

Agora, a coisa de matar para se defender da violência... acho justo. A violência é uma ruptura do contrato social segundo o qual EU não te agrido, e TU não me agrides. Quando um lado rompe o acordo tácito, o outro pode ficar livre para também rompê-lo, e até matar.

SOBRE EU MORAR NUMA ILHA:
Eu não moro numa ilha. Só, acho, não convivo com determinados tipos de pessoas e portanto nunca vi algo do tipo.

Na verdade, acho que sou propriedade da minha esposa. Eu trabalho umas 12 horas por dia para dar a ela e à minha filha uma vida decente. Se eu deixasse de amá-las, e resolvesse, de uma hora para outra, ir embora, elas ficariam com tudo o que eu acumulei na minha vida. Enfim. E aí? Minha família será que é um dos primeiros exemplares do ideal do "girl power"? Não sei. Até porque eu não reclamo de trabalhar tanto, já que entro em depressão quando tiro mais de 10 dias de férias.

Eu não gosto de feminismo. Não gosto de machismo. Não gosto de movimentos negros, gays, homofóbicos e racistas agressivos. Eu, por mim, reuniria todo mundo, apagaria todo o passado e recomeçaria tudo numa relação de plena paz e igualdade, do zero. Acho que sou meio hippie, sei lá. Ou sonhador. Mas e aí?

... como se eu fosse a única. disse...

fabio salvador, é muito fácil pra vc vir aqui, né, e julgar o sentimento de uma mulher com relação a isso. É muita cara de pau sua querer colocar na ponta do lápis contas que não existem.

Sim, nojo e receio de um gênero inteiro. Vou dizer que não. Você sabe o que é passar pela rua a noite e topar QUALQUER macho, e ficar apavorada. Pensando nas inúmeras coisas que podem te ocorrer! Ou você acha que a gente vê um cara e pensa "ah! esse ai não, de boa.". Sim! um medo contra TODOS os homens. Não digo que eu os vejo e tenho vontade de que sumam, não. Quero ver o dia em que nenhuma mulher ou criança precise ter medo de homens, da violência.

Mulheres fazem isso? Com certeza algumas fazem. Mas quer comparar? Amigo, Oi?, sai dessa, né?! Vir todo galudinho falar coisas assim, achar que pode contabilizar a dor de alguém? Me erra, oquei?!

Patrick disse...

Anos e anos de lavagem cerebral assistindo filmes de Holywood e o resultado tá aí: gente aqui comentando que, ao invés de um estado mais presente (solução coletiva), uma criança de 11 anos deveria ter agido como Dirty Harry para resolver seus problemas pessoais (solução individual).

... como se eu fosse a única. disse...

nós tbm temos de fazer nossa parte.
Acho impossível que nenhum vizinho, nenhuma pessoa tenha percebido nada. As pessoas estão muito confortáveis com suas tevês grandes pra se envolverem.

Já denunciamos vizinhos que maltratavam seus filhos. Já fomos a juizados. Já avisamos os pais. Aqui por perto, qualquer violência contra quem quer que seja (inclusive contra animais) é denunciado. Mas muitas pessoas acham que não é importante, ou pior, que não é problema deles.

Ju Farias disse...

Que legal teu blog, adorei.
Achei por acaso, mas voltarei por querer!

O meu é www.400porhora.blogspot.com

Passa lá, vai que gosta tbem!

Beijão!

Paola disse...

Ainda estou pensando nessa história.
Por estar envolvida num trabalho de prevensão e fortalecimento, fico sempre pensando em soluções práticas, claro que a vítima, que é uma criança,que está sendo ameaçada não vai denunciar nada...
Por isso penso no papel dos professores, dos médicos, dos vizinhos, das pessoas que convivem e conhecem as crianças.
Em graus diferentes estamos todos rodeados de atitudes de crueldade contra crianças, outro dia vi, pela janela da casa de minha irmã uma mulher batendo numa criança ( 4 anos no máximo) e depois trancando o menino para o lado de fora da sacada, o menino batia na porta e chorava, minha irmã e minha mãe se desesperaram e chamaram uma mulher que estava limpando a sacada de outro andar, a mulher ligou para a portaria, surpresa, a mulher apareceu na sacada, deu outro safanão na criança e ainda falou para ele não gritar mais!
Por isso eu penso que temos que transformar o entorno, falar muito, denunciar... nunca calar!

Violinha disse...

Uma coisa que admiro nos EUA é que eles não falam em vítima de estupro depois de um tempo, mas em 'survivor', em sobrevivente da agressão sexual. Esta é uma imagem que é preciso se criar no Brasil, para que as mulheres consigam fazer esta transição, pois nomear-se vítima para sempre não ajuda em nada.
O relato apenas mostra uma realidade que não se encara no Brasil [e no mundo] que a esmagadora maioria dos estupros são praticados por conhecidos e parentes num exercício de poder contra a mulher.

Chicória disse...

É uma história horrível, e quantas semelhantes já ouvi...
Acho sim que existe a questão social do machismo que não deve ser ignorada e que oprime as mulheres em várias partes do mundo, mas nesse caso em particular salta aos olhos mesmo a frieza dos indivíduos ao redor da vítima, fossem eles homens ou mulheres. Não acho que as mulheres neste caso sejam mais inocentes do que os homens pois ambos abusaram, cada qual ao seu modo, da mais fraca. Ou batendo, ou explorando, ou abusando sexualmente, ou se omitindo a proteger uma criança da própria família.

Aqui, eu não acho que seja uma questão de machismo, não. É uma questão de falta de humanidade, de de dignidade e de respeito mesmo. E isso não escolhe sexo.

Michelle Silva Toti disse...

Que chocante. Mesmo conhecendo vários relatos parecidos não consigo deixar de ficar chocada, esmagada, com medo.
Sobre o ódio pelo gênero masculino, acho que todas as mulheres sabem que existem homens bons, éticos, que respeitam mulheres e crianças. Mas, infelizmente, o grande número de abusos nos deixa com medo. Na minha família não temos casos de abuso (não que eu saiba), mas como mães e pais (homens) temos muito receio de deixar nossos filhos irem na casa de amigos em que haverá um homem presente, isso só acontece se convivermos um tempo com a família, e mesmo assim estamos sempre muito atentos. Isso já era prática da minha mãe, e nós, filhas, filhos e genros, seguimos a regra. Não odiamos essas pessoas, mas sabemos que um molestador pode se esconder sob a aparência de um homem bom, de família, trabalhador, etc.
Outra coisa importante é instruir as crianças. Falo sempre com o meu filho e com meus alunos. Usando a linguagem adequada podemos instruir as crianças desde muito pequena, ensinando-as que ninguém tem direito sobre o seu corpo, nem mesmo os pais.

Koppe disse...

Não defendo que uma criança deva matar o agressor, acredito simplesmente que depois de adulta essa ex-criança tem o direito moral (direito, não dever ou obrigação) de tomar alguma atitude, mesmo que não tenha o direito legal - de que vale a lei num caso desses, se quando ela mais precisou não tinha lei nenhuma, órgão nenhum, estado nenhum pra ajudar? Se agora o estado for eficiente em prender quem elimina ou manda eliminar um agressor do qual foi vítima, mas não foi eficiente pra prevenir ou impedir o abuso, então realmente não seria solução ele estar mais presente. Se nos EUA, onde o povo confia nas instituições, essas coisas acontecem, o que dizer do Brasil, onde temos larga experiência em saber que as instituições são falhas e pouco confiáveis? O resultado é que enquanto a adulta está sofrendo com os traumas, o agressor já deve estar abusando da terceira, quarta ou vigésima vítima.

Lembro de ter visto, uns 10 anos atrás, um daqueles programas da MTV onde eles falavam sobre sexo e as pessoas telefonavam pra fazer perguntas. Uma mulher ligou, dizendo que tinha sido abusada por um tio quando era criança, e perguntando o que poderia fazer. A resposta dos apresentadores e convidados? Que ela procurasse ajuda psicológica, tentasse superar, mas que não adiantaria tentar punir o agressor na justiça porque depois de tantos anos não teria mais como provar o que aconteceu, e baseado apenas na palavra não teria como acusar alguém pela lei.

L. Archilla disse...

Koppe, sinceramente, eu acho justo matar estuprador. Sério mesmo. Aliás, nem precisava ser estuprador. Minha vontade quando eu escuto uma dessas cantadas educadíssimas tipo "vou te chupar todinha" de um estranho na rua, é de tirar um revólver da bolsa e atirar na cabeça dele. Juro. E podíamos até discutir aqui o quanto isso é justo ou não. Só que não vem ao caso. O fato é que, se uma mulher assassinar um cara que a estuprou, ainda mais na infância, a chance dela ir pra cadeia é imensa. Então, tipo, ela estaria vingada, muitas outras estariam a salvo, só que ela ia simplesmente se foder. Por isso que acho ridículo cobrar esse tipo de reação da vítima, como se fosse uma obrigação pessoal dela fazer justiça.

L. Archilla disse...

Ah, tá, agora que li que vc escreve que ela tem o direito moral, não a obrigação. Então retiro minha última frase. Mas o que eu quis dizer é que o direito moral aqui não vem ao caso... porque temos que nos submeter a uma Constituição enquanto estivermos no País, né...

Cassia Matos. disse...

IMPOTENTE,IMPOTENTE É COMO ME SINTO APÓS LER M RELATO COMO ESTE,COMO GOSTARIA DE TER PASSADO PELA VIDA DESSA CRIANÇA E PODER TER LEVADO AUXILIO PARA O SEU SOFRIMENTO,E NA MINHA VIDA EU PRESTO ATÊNÇÃO A SITUAÇÕES QUE POSSAM LEVAR A ESTA SITUAÇÃO DE EXPLORAÇÃO,PARA QUE SE PRECISO EU POSSA SER A MÃO ESTENDIDA NA HORA DA NESCESSIDADE.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Recado à quem excluiu meu post.

A censura de informações é triste. A não aceitação da opinião alheia é um dos caratéres da dominação. É uma pena que um blog que fala tanto da violência da dominação, ele própio se ultilize disso. Na hora de falar que é liberal é tudo muito bonito, mas se não concordam... Se mostra mais um Fidel enrustido.


Por favor, se vc não concorda, fundamente o contrário. Ou você vai estar apenas copiando aqueles que tanto crítica.

lola aronovich disse...

Pacas, quem excluiu seu comentário fui eu, a dona do blog. Não costumo censusar com., mas achei que vc não foi nada educado ao se referir a uma menina que sofreu tanto. Eu conheço essa moça através de emails, e não gostaria que ela lesse sua mensagem. Se vc não tem sensibilidade para falar de/com uma pessoa com esse passado, não se venha fazer vítima de censura. Não chegue aqui trollando que vc já começa com o pé direito - e neste blog "direita" não é um elogio.

Larissa disse...

Eu li tudo, achei tudo um horror, e tenho a noção de que não faço nem ideia do que essa menina (na época, né?) passou. Mas sabem o que me chamou a atenção? No final, quando ela fala que as pessoas perguntam como ela pode viver sozinha. É incrível como as pessoas se sentem no direito de avaliar a vida das outras, né? Se uma pessoa é solteira ou não é, ninguém tem nada a ver com isso! Ela não quer, não pode, não consegue, sei lá. Mas é um assunto que diz respeito totalmente a ela, e só interfere na vida dela. Por que as pessoas são tão preocupadas com a vida alheia? Isso porque a maioria não vive a própria (clichê, mas eu acho que é bem verdade), ficam vivendo a dos outros. Aiii, como isso me irrita!!!

Anônimo disse...

É por causa de casos como esse q, às vezes, eu não vejo futuro para a humanidade. Fala sério, será q são tão poucas assim as pessoas decentes nesse mundo...

Menina disse...

Eu juro que tentei não chorar quando li essa história.
A única semelhança com a minha é o estupro. E um primo idiota. Do resto, sempre tive apoio e carinho da minha familia.
Eu sinto muito que isso tenha lhe acontecido.
beijos.
Menina.