domingo, 19 de outubro de 2008

SER SOLTEIRO TEM SUAS VANTAGENS?

Meu amigo Mucinho, cineasta que atualmente dirige, com o Mau-mau, o longa-metragem de animação Procura-me, fez um ponto muito relevante no post sobre a homofobia na campanha da Marta contra o Kassab. Muça disse que vai votar na Marta com ressalvas, e que - pro meu enorme desgosto - votaria no Kassab se ele assumisse ser gay. Vamos ao ponto:

Por incrível que pareça, atualmente, é imprescindível que um político assuma sua orientação sexual [...] para que seja possível identificar o nepotismo. No caso de Kassab, ele nomeou secretário seu "companheiro" Rodrigo Garcia. E aí? esposa não pode, mas amante pode?

Pois é, eu não tinha pensado nisso. Vamos deixar de fora o lado da homossexualidade, e perguntar o seguinte: como fica nomear amante? No caso de um prefeito/governador casado, se a imprensa descobre que a pessoa nomeou a(o) amante, o escândalo pode ser grande, então talvez isso esfrie um pouco a vontade de fazê-lo. Mas, se a pessoa não é casada, não seria um privilégio se declarar solteira e poder nomear amantes? Vamos falar no caso do Aécio Neves, que é solteiro e hétero, ou do Itamar antes dele. Dizendo-se desimpedido, o cara não fica livre pra praticar nepotismo?
O maridão acha que esse argumento não tem lógica alguma, e que nomear amante é o mesmo que nomear amigos. “Não pode nomear amigos?”, ele perguntou. Pois é, eu não sei.

16 comentários:

Anônimo disse...

LOla..utilizando um bordão humoristico bem conhecido "isso pode!!".Deixando de lado a brincadeira se a pessoa for competente,ter as habilitações necessárias para o cargo não vejo problema em nomear "amigos(as) e/ou amantes.Agora encarando a realidade nem sempre podemos verificar as credenciais dessas pessoas então segue tudo na mesma so muda o nome.

Anônimo disse...

Lola, gosto muito de seus posts e de seus pontos de vista, mas nesse texto há um erro grave. O correto é homossexualidade. Conforme a OMS o sufixo "ismo" é usado para doenças. E a OMS em 1990 retirou a homossexualidade do rol de doenças (pois é, demorou muito para fazer isso). Por exemplo, alcoolismo é doença, homossexualidade não.
Sobre a relação homoafetiva, ainda não é reconhecida em lei, mas já é na jurisprudência, eu a comparo com a união estável, entre homem e mulher, que já é reconhecida em lei. Um casal em união estável não é composto de amantes, mas sim de companheiros, o que bem é diferente. Para mim, o termo amante deveria ser reservado para aqueles que têm uma relação extraconjugal. Por isso, na minha opinião nomear-se companheiro, seja hetero ou homossexual é nepotismo sim. E já decisão de tribunais respaldando minha opinião.

lola aronovich disse...

Lúcia, é, sei que esse assunto é complicado. Às vezes a pessoa é competente e tem credenciais, e aí não pode ser contratada por ser amiga ou mulher ou marido do/a político/a tal... Mas vamos admitir que o que mais acontece não é isso. É gente sem preparo nenhum ser contratada apenas porque tem ligações com o político. Portanto, acho que devemos proibir mesmo. Sempre vai ter gente com credenciais que não seja amiga do homem (ou da mulher).


Lila, já corrigi. Eu sempre me confundo com esses termos. A Renata já havia me dito que deve evitar-se usar “homossexualismo”. É que pra mim “homossexualidade” tem mais pinta de doença que “ismo”. Todos nós concordamos (espero) que homossexualidade não é doença.
Concordo contigo também que o termo “amante” deveria ser usado apenas pra casos extraconjugais. Mas e quem sai com alguém sem morar junto? É tudo “namorado/a”? E é tudo complicado, porque a pessoa pode ter união estável com alguém que mora em outra casa. E amigos? Nomear amigos também é nepotismo?

Anônimo disse...

Bom, não que eu vote no Kassab, no entanto já acho que essa questão... assim como outras da politica, não apenas são como serão inevitáveis por um bom tempo!
Esse meu pensamento é um pensamento pessimista? Não sei... Acho que realista!
Nepotismo é errado, mas qualquer um em qualquer lugar está predisposto a praticá-lo!
É isso...

Beijos! ^^

Anônimo disse...

Então, a 1ª lei que tratou da união estável exigia o "morar junto". Essa lei já foi revogada, agora o que se exige é que os companheiros tem a intenção de viver como se casados fossem, ou seja, mas conforme suas regras, já não é preciso que convivam debaixo do mesmo teto. E hoje em dia tá tudo muito misturado, já não há limites definidos quando um namoro deixa passa a ser união estável. Para mim, que sou monogâmica, quem tem uma relação "extra", seja no namoro, união estável, união estável, homoafetiva ou no casamento é que deveria receber o nome de amante. Embora, por lei, a fidelidade só exigível no casamento. Na união estável, tem-se a lealdade, porque como disse, os companheiros estabelecem suas próprias regras, inclusive morar junto ou ser monogâmicos.

Anônimo disse...

Bem, em trato essa questão do ponto de vista legal e jurisprudência, então nomear amigos pode, já que amigo não é cônjuge, companheiro ou parente.

Anônimo disse...

Obs.: leia-se eu trato, e não em trato.

Anônimo disse...

Lola, eu sempre uso os termos namorado/a ou companheiro/a. Amante é muito ligado a uma lógica monogâmica, e tem conotação pejorativa.

Particularmente, sonho com o dia em que todo mundo vai poder sair do armário sem sofrer retaliações,e aí todas as relações vão ficar mais transparentes. Enquanto isso, já vi um professor participando da banca para ingresso no mestrado e aprovando o namorado dele; já vi namorado participando de defesa de doutorado do companheiro; já vi homem que não cedeu às cantadas de um professor perdendo vaga em mestrado, e por aí vai. Em um mundo menos preconceituoso, qualquer uma dessas situações seria caso de impedimento de participação na banca, como já acontece com relações heterossexuais.

Leo disse...

O problema é que as pessoas abusam da liberdade. Eu acho comum a nomeação de amigos. É normal que voc[e se cerque de pessoas em quem confia e conhece a competencia.
O problema é que na maioria dos casos ser amigo ou parente é a única qualidade. Não tem nada a ver com competencia. E aí é criado todo o problema.
Se o amante dele for um cara competente, porque não?
Mas quem é que vai conseguir julgar isso eu não sei... então melhor seria não correr o risco de ser mal compreendido.

Anônimo disse...

Não creio que haja problema algum em nomear parentes para cargos de confiança, o problema é que, no Brasil, há um excesso de cargos ditos de confiança que deveriam ser meritocráticos, como direção de escolas, coordenação de areas especificas em municipios e etc.

Se o numero de cargos se retringisse ao necessário o nepotismo deixaria de existir, uma vez que, o unico prejudicado nessa prática, seria o próprio candidato, que não teria uma equipe de acessoria qualificada.

Quanto ao sufixo ismo, a denotação de doença é uma das possibilidades de uso, mas não a mais recorrente, que é : conjunto de idéias, doutrina ou teoria.
Como Homosexualidade não é uma doutrina, nem algo do tipo, creio que seja incorreto o uso do termo hosexualismo, mas não pelas razões apontadas por muitos militantes.

Acho que a lingua portuguesa perde uma palavra muito bonita, se nos atermos somente ao sentido pejorativo da palavra amantes. Para mim, pessoas que se amam são amantes, é uma linda palavra.

Enfim, gosto muito do seu blog, leio quase que diariamente, porém nunca comento. Continue sempre escrevendo : D

Anônimo disse...

Se Marta ganha e elege seu namorado para um cargo de confiança eu acho errado...se ela tivesse uma namorada seria errado na mesma. Se ela tivesse um namorado e uma namorada ao mesmo tempo o caso seria ainda pior...Por isso também acho errado se o Kassab fizesse isso com o namorado (Mas afinal, ele é mesmo gay?). Ele não precisa se assumir, se não o fizer não sei isso pode ser evitado, no mais ele é uma pessoa pública. Particularmente não vejo problema se ele se assumisse, mostrasse para as pessoas que sua sexualidade e vida amorosa não faz dele um politico pior. E que ninguém tem nada a ver com isso.
Mas uma pessoa nessa situação deve ter medo dos ataques. Da população gritando viadinho nas manifestações. Do abandono dos apoios partidários.
O Brasil é curioso,parece aceitar bem personagens como Clodovil e Gabeira na politica. Mas um que está no armário já é outra história.

lola aronovich disse...

Bobby, acho que vc tem razão, sim: o ser humano tem uma grande tendência pra praticar nepotismo.


Lila, então, mas se um político quiser fingir que não tem companheiro/a fixo, ele pode. É só não casar e morar em outra casa, fingindo não ter nada com aquela pessoa. E aí pode contratar o companheiro/a. Vc falou uma coisa curiosa: que a fidelidade é exigível no casamento. É? É assim mesmo, por lei?
Bom, se nomear amigos pode, e o Kassab não vai se assumir gay, ninguém vai poder provar que seu companheiro é companheiro. E Rogério vai poder continuar na secretaria numa boa.

lola aronovich disse...

Cynthia, pessoalmente, eu não vejo conotação negativa pra amante. Mas acho que é uma palavra que SEMPRE implica sexo, e, por isso, numa sociedade moralista, tem um caráter pejorativo.
Puxa, isso que vc conta eu já vi também, pelo menos namorado participando de defesa de doutorado. E é... estranho. Muito estranho. Fica uma hipocrisia no ar, todo mundo fingindo que tal cara não é namorado do outro. Mas acho que isso também ocorre em relações heterossexuais. É só o casal não ser casado ou ser um casal fixo. Sinceramente, nos sei lá quantos anos que eu vivi com o maridão antes de casar legalmente (que foi só no ano passado), se a gente quisesse fingir que não tem nada um com o outro, seria bem fácil. Mesmo morando junto! Não é fácil comprovar união estável...


Leo, o amante/companheiro/sei lá pode ser uma pessoa competente e de confiança, mas não é a única pessoa competente e de confiança no mundo. Portanto, se houvesse ética, o prefeito (qualquer um) não deveria nomear pessoas muito próximas pra um cargo. Porque a primeira coisa que todo mundo vai ver é o nepotismo. Só depois vem a competência (se houver).

lola aronovich disse...

Louis, eu não acho que parentes deveriam ser nomeados pra cargos de confiança. Claro que, se há um concurso, e a pessoa passar como qualquer outra, é diferente. Mas concordo com o que vc diz sobre haver um excesso de cargos de confiança no Brasil. Isso é um convite ao nepotismo.
Eu gosto da palavra amantes também, Louis.
Bom, continue aparecendo sempre no meu blog. E agora que começou a comentar, espero que não pare mais.


Cavaca, pois é, concordo com seu raciocínio: nepotismo é nepotismo, independente da orientação sexual. Por isso pode ser uma vantagem prum candidato não se declarar gay (ou mesmo casado). Sim, o Kassab é mesmo gay. Não sei se há muita gente em SP que não saiba disso (por isso, inclusive, é que foi ridícula a campanha da Marta: por que martelar um ponto que todo mundo já conhece... e aceita?). Acho que todo mundo aqui no blog concorda que, se ele se assumisse, a gente gostaria mais dele (mas nunca votaria nele, argh). Acho que o Brasil aceita bem gente no armário, também. Pelo menos está aceitando o Kassab. Não sei se ele perderia muitos votos se se assumisse (alguns, claro. Tem muita gente preconceituosa. Mas não sei se o bastante pra mudar a eleição. E também há bastante gente que VOTARIA nele se ele se assumisse).
Agora, o Clodovil é detestável. Ele é apenas um personagem folclórico, tipo Enéas. E é homofóbico que só ele. E o Gabeira não é gay. É casado, tem dois filhos...

Christina Frenzel disse...

Lola, para mim nepotismo é nepotimso... não há diferença entre preferência sexual, idade, cor, genero.

Não tem como argumentar, tem?

Beijos

lola aronovich disse...

Concordo, Chris. O negócio é como identificar nepotismo num relacionamento que envolve um gay não assumido, como no caso do Kassab (ou de solteiros héteros, como o Aécio Neves em MG).