segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A VICE QUE VEIO DO GELO, E OUTRAS NOTAS QUENTINHAS

Oi, pessoal! Voltei ontem, deu tempo de votar, aleluia (faltava uma hora pra fecharem as urnas), o maridão trabalhou como fiscal do PT pela primeira vez na vida, e o nosso candidato a prefeito fez mais de 100 mil votos e, com 37%, tá no segundo turno. É a quinta vez que Carlito Merss disputa a prefeitura de Joinville, e a primeira que ele vai pro segundo turno. Ele tem uma vantagem boa sobre o candidato da situação que ficou em segundo, com 24%, mas agora a direita se une, e vamos ver (eu não compreendo bem porque, nas notícias, o nome e a foto do Carlito vem em segundo. Seria pela ordem alfabética? Hmm, o candidato do DEM chama-se Darci de Matos. E eu pensava que Carlito viesse antes de Darci, ou que quem tivesse mais votos seria considerado o vencedor do primeiro turno. Eu sou tão ingênua!). Quem vai definir mesmo o pleito é o eleitor do terceiro colocado, que é do PP (partido do Maluf, eca), um radialista famoso por essas bandas. Ele fez quase 19%. Isso vai ser interessante porque, ao mesmo tempo que o eleitor joinvilense do PP é de direita, ele também é oposição ao governo estadual e municipal. Então agora ele vota na esquerda, ou vota na direita, que é também a situação que o eleitor abomina? Vou acompanhar de olhos bem abertos.
Pra quem não viu o debate dos vices entre Sarah Palin e Joe Biden, ou pra quem viu e vai entender melhor ainda as referências (eu tô no time dos que não viram), minha dica é pra assistir logo a este ótimo esquete do Saturday Night Live (logo porque já já eles tiram do ar). Ainda não nasceu ninguém melhor que a Tina Fey pra imitar a Sarah. Infelizmente tá tudo em inglês, sem legendas, mas tenha paciência que acho que dá pra entender. Adoro como a Sarah diz no final que, se você quiser votar em alguém que não pronuncia o g no final das sílabas, ou que não fica analisando por que uma pessoa diz algumas coisas ou a ordem em que as palavras são colocadas, ela é a sua candidata ideal. A “resposta inequívoca” do Joe sobre casamento gay também é hilária. Não sei, só sei que ri pacas. Fica um pouco menos engraçado quando a gente lembra que esse cenário de terror tem chance de se tornar realidade daqui a um mês. Mas vamos ver se o Obama ganha, graças à crise econômica. Lembre-se: crise econômica (daquelas que nos salvam, de acordo à histórica capa da Veja - aliás, folheei a revista da semana passada e, após a barriga inesquecível, não havia um só “Oops, erramos feio”, ou “Desculpe, leitor, nos empolgamos com o poderio americano”, ou “É, nossa força jornalística imparcial está mesmo na cobertura da política brasileira” - nada! É como se a Veja jamais tivesse publicado aquela capa) é boa pros democratas; guerra é boa pros republicanos. Se alguém estourar uma bombinha de São João em solo americano até 4 de novembro, o McCain e sua fantástica vice que veio do gelo ganham.
Ah, aproveitando, bem rapidinho, pra falar do resultado da enquete sobre o partido do seu candidato(a) a prefeito. 74 pessoas votaram, e o PT ficou em primeiro, com 40%. Em segundo, outro partido que não fosse dos seis maiores, com 32% (isso é tudo pro Gabeira e pro PSTU?). Em terceiro, com 12%, PSDB. E em quarto, empatados com 6%, DEM e "não sei o partido", o que realmente é parecido. Afinal, como alguém pode votar no DEM sabendo que tá votando no partido que foi ex-Arena, ex-PDS, ex-PFL?
Depois eu falo mais sobre a viagem à Argentina, que foi uma delícia. Agora vou responder às dezenas de comentários... Meu bloguinho foi meio abandonado esses dias, o número de visitas caiu bastante, mas fico feliz que os comentaristas continuaram comentando. Podem voltar todos que eu já tô aqui!

27 comentários:

Leo Cordeiro disse...

Entro de vez em quando no teu blog e entrei agora pra ler o que você havia postado sobre "Ensaio sobre a cegueira". Eu vi, tive um pouco de enjôo, mas gostei. Queria saber a reação do povo dos EUA, não sabia que você já tinha voltado e que nem publicou nada a respeito do filme, ainda. Ah, vendo tua foto agora entendo porque você é contra a gordofobia (rsrsrs). Tudo bem, eu sou contra a homofobia e você deve entender o porque. Aliás, por isso, sou contra todo tipo de preconceito, embora ainda tenha alguns.

lola aronovich disse...

Pois é, pontinho (seu nome é Leo?), vi Ensaio sobre a Cegueira na terça, mas ainda não escrevi sobre ele. Vou publicar a crítica na sexta.
Já voltei dos EUA há 2 meses.
Não entendi o que vc quer dizer sobre entender por que eu sou contra a gordofobia. Me chamar de gorda tudo bem, eu sou mesmo, mas não é por isso que sou contra a gordofobia. Não preciso ser homossexual pra ser contra a homofobia, ou ser negra pra ser contra o racismo. Sou contra todos os preconceitos, inclusive aqueles que não me atingem diretamente.

L. Archilla disse...

Votei no PT na sua enquete, apesar de na verdade ter escolhido o PSOL. Pus PT pq "outros" era muito vago. E pq, se não existisse PSOL, eu votaria no PT.

Tb me pergunto como alguém pode apoiar o ex-Arena, atual DEMO. E o Maluf, então? Como votar num cara cujo nome já virou sinônimo de corrupção? Faz o teste: começa a contar qualquer coisa q comece com Maluf e as pessoas já vao esboçar um sorriso, achando q é piada de ladrão.

Anônimo disse...

Lola, eu assisti ao debate e confesso que a impáfica da Palin me dá ânsia de vômitos... principalmente quando lembro da caça aos lobos.
ô mulher "ruinha"!

Engraçado que logo que a ví pela primeira vez, antes mesmo do SNL, eu a achava muito parecida com a Tina Fey...

Beijos

Nita disse...

aqui em campinas o prefeito ganhou já no 1º turno, 67% dos votos. E vou assistir e tentar entender... faz tanto tempo que não treino meu inglês que ele deve estar meio precário.

Anônimo disse...

Ai, nem vi a enquete, não participei. :(

Vi que vc comentou em outro post que os americanos são bem alienados em relação à política.
Sério? Nossa, eu tinha uma idéia totalmente diferente, achava que eram muito mais preocupados que os brasileiros.
Lola, quantas pessoas votam lá, com o voto facultativo? Chega a 50% da população?

beijos

Serge Renine disse...

Como sou novato não sabia que você estava viajando, ainda por cima fui respostar e fiz no post do Bush, de novo. Bom, agora está certo. Desculpe eu ser um tanto atrapalhado! Em tempo: você está muito bonita na passeata do "fora collor".




Serge Renine disse...
Prezada Aronovich:

Há algum tempo, por conta de uma busca da crítica de um filme fui parar no seu blog.

Não gosto de fazer comentários porque cada um pensa uma coisa e não se chega a um ponto comum. Por costume comecei a ler todos os seus posts, os comentários dos seus leitores e sempre acabo me divertindo com as réplicas e, as vezes, até tréplicas, suas e dos comentaristas. Recentemente achei muito engraçado uma, quase, briga entre seus comentaristas um sujeito que você apelidou de troll, devido a truculência desenfreada de seus comentários anti-Lula e anti-politicamente correto. Você foi sempre muito educada, mas vi que a certa altura até você perdeu paciência com ele e com razão. Hoje lendo este post do Bush, e lembrando essa briga me animei a lhe escrever.
Sempre fui de esquerda, desde os tempos de ginásio e acompanho o Lula deste o começo da sua luta sindicalista e, neste aspecto em particular, o considero, literalmente, um herói, pois o risco de vida que ele correu neste período da ditadura militar foi inimaginável! Coisa de gente muito corajosa e até sem juízo eu diria. Digo isso porque, apesar de ter votado nele em todas as eleições, até para deputado, não estou nem perto de estar satisfeito com sua administração e com a dita distribuição de renda de R$ 15,00 do bolsa-escola. E mesmo agora, na atual crise americana, com sua atitude ufanista e delirante no diz respeito aos efeitos desta mega crise em nosso país. Acho que o fato de eu ser de esquerda estar ao lado dos mais fracos etc. não deve tirar minha capacidade crítica da realidade e o governo Lula não vai nada bem, a despeito dos altos índices de popularidade, mais calcados a sua figura altamente carismática do que em medidas efetivas para tirar o Brasil do atoleiro em que se encontrava e se encontra graças a direita irresponsável. Toda essa sensação de mehora de vida do momento é artificial e pode esfacelar com a simples contenção do crédito.
Com isso quero dizer que a ferocidade do seu "troll de estimação", como a vi clamá-lo, pode ser mal educada, mas muito do que ele falou está correto e, mesmo dentro do PT, há muitas pessoas que acham o mesmo. Ser de esquerda não pode ser fechar os olhos para os desmandos de um presidente que acoberta vários escândalos de parentes sendo estes, irmãos, genro, filho, amigos e outros, uma vez que isso causa o desmoronamento da esfinge de honestidade que ajudou a elegê-lo e a tantos do PT,. Não critica-lo porque é popular chega a ser perigoso. Todas as figurar totalitárias do mundo fizeram o que fizeram porque o povo estava cego para seus desmandos. Você e seus comentaristas podem reler as postagens anteriores e ver o que disseram. Não está certo. Temos que apoiar o governo Lula sim, porém, temos que ser mais severos na fiscalização dele que dos anteriores, até porque ele é melhor então não tem o direito de ser ruim. O fato dos anteriores terem feito coisa errada não o autoriza ao mesmo, pois ele foi eleito justamente porque era a face da honestidade, simplicidade e boa vontade para com os mais fracos. Como disse Julio Cesar: “à mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta" e esse governo não está parecendo honesto. Isso me preocupa.

Perdoe-me ter sido tão prolixo.

30 de Setembro de 2008 15:27

Raiza disse...

Ninguém me perguntou nada,mas eu quero falar como foi minha eleição do mesmo jeito.Bom,eu fui mesária,quando me chamaram eu não gostei muito,mas até que foi legal,meu candidato conseguiu ir para o segundo turno(EEEEEEEEEEEEEEEEEEE),e o Crivella vai ficar mais 4 anos longe da prefeitura!(eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee).Quando saí descobri que teve tiroteio num colégio próximo,e por isso meus pais querem dar um jeito de eu não ser mesária no segundo turno.Por um lado é bom,porque não vou ver mais gente bêbada indo votar,nem ficar sem comer(deram um vale-refeição,mas tava tudo fechado,e o que tava aberto não aceitava vale),nem ver a cara de enterro do povo,nem ouvir que vão votar em qualquer um,nem vê-los mais indo votar vestidos como se fossem pro baile funk,e nem ouvi-los dizer que vão votar no cara do último papelzinho que receberam.Por outro lado,eu gostei de votar e quero votar no Gabeira de novo.
E por último teve um conflito político aqui em casa entre eu e meu pai,ainda acho que tô certa,mas pedi desculpas pela forma como falei (segundo ele e minha mãe),mas o importante mesmo é a primeira parte.
Gabeira prefeito!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Lola estive ausente um tempo e agora li seus textos aqui no blog.
Te dou os parabéns por estares a comentar e refletir sobre questões tão influentes no dia a dia das pessoas quanto a política.
E o que considero importante:
Você está ligada no que ascontece nos EUA, em Brasília, e na sua cidade. Parabéns Lola! Abraço da Fatima de Laguna.

Helena disse...

sabe o que foi legal?
em uma cidade do interior de São Paulo, Nazaré Paulista, o prefeito foi eleito por sabe quantos votos de diferença? Dois.
Até conferi no site do TSE, e é verdade!

Anônimo disse...

Já achei a resposta para minha pergunta no outro post, então 40% da população americana vota.
Acho a leição deles uma bagunça, como demora pra siar resultado.
Me parece tão desorganizado, tão passível de fraudes.
Não sei se é só impressão, nunca fui lá, mas que parece, parece.

Acho que se o voto fosse facultativo na Brasil ficaria mais ou menos nesse índice, talvez um pouco mais.
Tava conversando com uns amigos esses dias e eles acham que não chegaria a 20%.
Discordo dessa opinião deles.
Pode ser um otimismo bobo, mas acho que se fosse facultativo a gente se surpreenderia, acho que chegava pelo menos nos 50% sim.
Sobres ua observação de que provavelmente a esquerda levasse vantagem, pois é mesmo engajada e muito mais organizada e politizada que a direita,não sei.
Talvez fosse o efeito inverso, talvez a direita, sem tradição em engajamento político, tomasse outro rumo e se engajasse também, justamente pra não deixar a esquerda papar tudo.
Engajamento e educação política é mesmo algo que população de direita tem que aprender com as esquerda. Fato.
E quem sairia ganhando seria o Brasil, com muito mais democracia consciente.

Sou otimista mesmo, Lola.
Ainda engatinhamos, mas eu me sinto muito orgulhosa por vivermos em um país democrático.
E a facultatividade do voto é o próximo passo para coroar essa democracia.

beijos

Leo disse...

Também não vi o debate. Peguei já bem no finzinho. Mas até escrevi um texto lá no blog (eu nao sei colocar os linkinhos em comentários como você! hehe) sobre o fato de existir um debate. Fiquei pensando em como no Brasil a gente nem sabe quem são os vices, e lá eles estão debatendo na TV e defendendo as propostas dos candidatos.
O Gabeira foi pro segundo turno por aqui, o que significa que as esperanças se renovam.
Adeus Crivela! Isso já valeu meu dia!

Anônimo disse...

Aqui deu Maria do Rosário no segundo turno, PT! Votei PT na tua enquete e torço pra que os meus conterrâneos votem PT nas eleições. Nã tenho certeza, mas diz meu pai que já foi pro saco e vamos ter que aguentar o Fogaça (PMDB) por mais quatro anos. Torce por nós, Lola.
Abraço, Bruna.

Leo disse...

Ah Lola! Outra coisa.
Há duas semanas saiu uma matéria no O Globo sobre um cara que tava se dedicando a controlar os gastos de prefeitura de sua cidade. A matéria me chamou a atenção, porque a cidade dele (Engenheiro Paulo de Frontin, com 12mil habitantes) é a mesma onde fica o Hotel da minha mãe, onde acabamos sempre de alguma forma envolvidos na política local, embora não votemos lá.
A cidade recebe royalties de petróleo (não sei bem a cifra, mas é astronômica), no entanto a população sofre com o desemprego, os hospitais são uma tristeza, bem como as escolas. Daí ele descobriu que você pode saber como as prefeitura vem gastando o dinheiro pela internet. Descobriu uma série de irregularidades, e quando colocou a boca no mundo, teve o seu título cancelado sob a alegação de que ele não vive mais na cidade, mas sim no Rio.
Ele tem um blog:
http://fiscalizabrasil.blogspot.com

Se você tiver um tempo, entra lá. É bem interessante.
Não preciso nem dizer que o tal prefeito corrupto foi reeleito no primeiro turno, né?

Anônimo disse...

Bom dia Lolinha! Pôxa adorei sua visita virtual no blog do meu conterrâneo. Quando vc e o maridão quiserem vir ao vivo, é só me avisar que serei, com muita alegria, a cicerone.
Abraço grande! Fatima.

lola aronovich disse...

Lauren, se não existisse o PT, eu votaria no PSOL. Quer dizer, depende. Já vi cada quadro despreparado no PSOL e PSTU... O Maluf pelo menos virou candidato de partido nanico. Acho que os taxistas e os fascistóides de plantão (que querem a Rota na rua) continuam votando nele. E pra esses eleitores o “rouba mas faz” é muito forte.


Chris, a Sarah e a Tina Fey são o focinho uma da outra. Assim que a Sarah surgiu começaram a falar isso. Afinal, a Tina era muito mais famosa que a Sarah. Aí disseram que essa comparação é machista, mas sinceramente eu não vejo como. Há alguns tipos físicos, tanto entre homens quanto entre mulheres, que realmente são parecidos. O tipo que eles chamam de “sexy librarian” é um deles. Obviamente eu não vejo absolutamente nada de sexy na Sarah, que mata e manda matar lobinhos.

lola aronovich disse...

Nita, 67% dos votos é muita coisa. Ele é de que partido? Depois conta o que achou da sátira da Tina.


Então, Cris, só uns 40% que votam. Muita gente faz uma imagem errada dos americanos. Em geral, eles são alienados e passivos. Não são contestadores, antenados, nada disso. Não é só sobre o resto do mundo que eles não sabem nada. Eles não sabem nada sobre o próprio país. Nem se preocupam em saber o que está acontecendo. A mídia não passa notícias, passa factóides e fofocas sobre celebridades. Claro que há muitas exceções, mas o americano médio é realmente tão bem informado quanto o Homer Simpson.

lola aronovich disse...

Oi, Serge, bem-vindo! Obrigada pelo elogio. Nessa época (92), eu tomava remédio pra emagrecer e estava 25 quilos mais magra. Só assim que consegui emagrecer em toda a minha vida: tomando remédio que agia no cérebro e me fazia ficar sem fome o tempo todo, mas essa é outra história.
Entendo sua decepção (e a de outras pessoas de esquerda) com o governo Lula. A decepção apareceu pouco depois da posse. Eu lembro de estar conversando com alguns amigos de esquerda poucos meses depois, em 2003, e eles já estavam decepcionados porque queriam um governo mais à esquerda. E o governo Lula tá bem moderado, bem centro-esquerda mesmo. Essa decepção veio muito antes de qualquer escândalo. Foi quase imediata. E eu dizia pra eles, que já estavam prontos pra votar no PSTU nas próximas eleições (ainda nem havia PSOL): “Olha, eu esperei vinte anos pro PT chegar ao poder. A gente nem achava que iria chegar, que um dia isso seria possível. Mas chegou, e é óbvio que o programa do PT mudou muito nessas duas décadas. Em 2002 as propostas foram radicalmente diferentes das de 89. Nada de chegar e romper com o FMI, de estatizar tudo. Mas eu confio no governo, acho que as propostas são boas, mesmo que muito menos à esquerda do que eu gostaria, e não quero ter que esperar mais 20 anos pra que um outro partido de esquerda chegue ao poder, pra só aí descobrir que não poderá ser tão radical quanto queria”. Pô, 20 anos é muito tempo! Imagina que eu viva 80. É um quarto da minha vida esperando, votando, fazendo boca de urna, fazendo campanha, conversando, discutindo, pra que o PT assumisse a presidência. E aí quando ele chega ao poder eu vou me decepcionar num prazo de três meses?
Não é o governo com que eu sonhava, mas é o governo possível. E o país está melhorando bem. Eu vejo montes de pessoas cursando faculdade, gente que é a primeira da família a frequentar um curso superior. Isso se traduz depois em empregos melhores. Todo esse meio universitário eu acompanho bastante, porque estou dentro dele. E é incomparável o que o PT vem fazendo com os 8 anos de total abandono do PSDB: novos campi universitários, muitas contratações de professores através de concursos, aumento de salário, aumento no valor das bolsas, ampliação de vagas pra alunos, abertura de campi fora das capitais, etc. Sem falar no Pró-Uni. Quando o governo instituiu o programa, teve gente que disse que estavam privatizando o ensino. Mas o governo fez isso, possibilitando que gente que não tem condições pra se mudar pruma capital pra fazer um curso superior gratuito pudesse ter a chance de continuar os estudos. E continuou investindo pesado no ensino público. Agora, claro, pra quem é de direita e pensa que tudo deveria ser pago e privado, o governo está “na contramão da história”, essas coisas. Pra mim e pra maioria dos meus colegas, que estamos cursando mestrado e doutorado, bom, basta dizer que morremos de medo que o PSDB volte ao poder. Porque a gente sabe o que o FHC fez durante 8 anos. No meu caso, sinceramente, na minha idade, se o PSDB voltar, eu posso dizer adeus a qualquer projeto meu de algum dia me tornar professora universitária. Sério, seria final de carreira MESMO (uma carreira finalizada antes mesmo de começada).
Essa é a parte que me toca. O bolsa-família é bem mais de 15 reais, Serge, e beneficia mais de 11 milhões de famílias. Isso é muita gente. Pra gente que é classe média receber 50 reais a mais ou a menos por mês não faz grande diferença, mas esse programa não é pra gente. É pra quem realmente precisa. Essa distribuição de renda tá fazendo com que famílias inteiras saiam da pobreza. Esse número de que, pela primeira vez na história, 52% da população brasileira é classe média, me enche de esperança. Porque eu venho de um tempo em que a maior parte da população, disparado, era de pobres. E essa porcentagem só se dividia entre pobres e miseráveis. E classe média era minoria. Tendo uma classe média que cresce, o Brasil pode crescer. O consumo interno cresce. E, por isso, com o consumo interno aquecido, a gente sobrevive melhor às crises externas. Não acho que o Lula esteja sendo ufanista ao dizer que a crise mundial pode não afetar tanto o Brasil. A gente realmente está muito mais forte hoje que há 6 anos. Todos os países ricos estão de olho na gente. A opinião deles é que agora o gigante desperta.
Claro que eu acho que temos que ser críticos e fiscalizar o governo, sempre. Qualquer governo. Mas, já nas eleições de 2002, com toda aquela campanha do medo contra a esperança, eu achava que iria acontecer no Brasil o que aconteceu na Venezuela (e depois na Bolívia) - que a elite não iria aceitar um governo de esquerda, ainda que democraticamente eleito, e iria fazer de tudo pra derrubá-lo. E ela bem que tentou. Se o Lula não fosse um sujeito com sua carisma, o governo já teria caído faz tempo, três anos atrás. A mídia bateu forte, e fez o que fez na Venezuela, e mesmo assim não houve um golpe militar como houve lá. Pior ainda: a mídia fez campanha sistemática contra, e o povo a ignorou totalmente e reelegeu o Lula. E, se o Lula fosse um tirano como vc sugere, ele estaria armando sua re-reeleição, um terceiro mandato, porque existe vontade popular pra isso. Mas, ao contrário do seu antecessor, ele não vai mudar a Constituição pra se perpetuar no poder. Vai, sim, tratar de fazer sua sucessora (espero que seja a Dilma), o que faz parte do processo democrático.
Oh my God, escrevi demais, e não tenho nem tempo pra isso! Mas espero que vc entenda a minha posição.

lola aronovich disse...

Que legal, Princesa, que vc foi mesária! Eu queria muito ser algum dia, mas não sei se, na minha condição de naturalizada brasileira, seria chamada. Puxa, teve tudo isso? Gente bêbada indo votar e tal? Ó, se quiser escrever um breve guest post contando suas experiências como mesária, contando o que viu, eu acharia muito interessante. E conflitos políticos entre membros da família são comuns. Eu acabei de ter um agorinha mesmo com a minha mãe, que veio babar por um super chef da alta culinária, e eu disse que pra mim a alta culinária tem a mesma importância que a alta costura: nenhuma. Não são coisas feitas ou sequer pensadas pra mim, apenas pra uma ínfima elite. E, assim como eles me ignoram, faço questão de ignorá-los.


Fátima, querida, obrigada pelos elogios.

lola aronovich disse...

Helena, eu vi que houve até um caso de empate numa outra cidade. E que ganhou o mais velho (que era de um partido de direita, lógico).


Cris, o processo eleitoral americano é bem caótico mesmo. Se aconteceu aquele escândalo todo uma vez, em 2000, quando a Fox News deu a vitória pro Bush na Flórida, estado governado pelo irmão, pode muito bem acontecer de novo. E não é um voto direto! Dá pra ganhar no voto e perder a eleição. Sobre quantos brasileiros votariam se o voto fosse facultativo por aqui, realmente não sei. Até gostaria de ler alguma pesquisa sobre isso. Ô, é uma boa dica pra uma enquete, se bem que meus leitores não são padrão, são mais politizados. Eu acho que se o voto não fosse obrigatório, o comparecimento ficaria próximo ao dos americanos, uns 40%. E talvez não seria instantaneamente esse número, talvez o número aumentasse a cada eleição. A Globo faria campanhas suspeitas instigando o povo a votar, mas ao mesmo tempo passaria mensagens subliminares (alguma dúvida que a Regina Duarte encabeçaria a campanha?).
Eu também fico muito feliz em viver num país democrático. Toda santa eleição alguém evoca um golpe militar. Alguém diz “Não vão deixar tal candidato de esquerda governar. Os tanques tomarão as ruas”, e esse argumento é usado como justificativa pra NÃO votar na esquerda. Mas a gente tá aqui, vivinha!

lola aronovich disse...

Leo, por favor, não fale dos EUA como se eles fossem um modelo de democracia! Tem muito americano que também não sabe quem é o vice deles. Lembre-se que só 40% votam. Os outros 60% ficam bem à margem do processo político, e certamente acompanham mais a vida da celebridade do momento que de qualquer candidato. Mas o debate dos vices é uma boa idéia deles que deveríamos copiar.
Que legal isso que vc contou do cara que fiscaliza! É, eu não entendo como cidades (e países) ricos em petróleo possam ter uma população pobre. Ou é corrupção pura e grossa ou é um sistema que favorece apenas os donos do petróleo - que, curiosamente, a meu ver, não é a população que mora lá. De qualquer jeito, os habitantes desses lugares têm que votar em alguém que compartilhe as riquezas. Por esses motivos eu gosto do Evo e do Chavez.

lola aronovich disse...

Bruna, tô torcendo. Mas vai ser muito difícil a Maria do Rosário vencer o Fogaça. Ele tem quase o dobro dos votos. Só espero que as mulheres candidatas agora se unam em torno da candidatura dela. Porque é fogo, né? Quatro mulheres capazes concorrendo numa mesma cidade e o mesmo homem sem sal se reelege?


Ai, que bom, Fátima! Agora já temos um bom motivo pra passar por Laguna! Já passamos por aí algumas vezes, nas nossas visitas de carro ao sul do Sul, mas nunca entramos. Agora Laguna não nos escapa mais!

Masegui disse...

Lola,

Boa sua resposta ao Serge.

Gostaria de esclarecer uma coisa: quando eu disse que o seu troll preferido tinha "bons argumentos" eu não disse que concordava com eles. Bons argumentos são aqueles que mantém uma boa discussão. Só isso. E eu adoraria derrubar todos os "bons argumentos", desde que a discussão ficasse num nível educado e saudável.
Welcome back!

Serge Renine disse...

Cara Aronovich:

Obrigado pela longa resposta. Observo que: quando falei em R$ 15,00 do bolsa escola, foi uma licença poética pra expressar meu descontentamento com esse sistema de distribuição de renda, apesar de concordar que é melhor esse que nenhum. No que tange a economia, infelizmente o Lula está tateando, mas, todos estão, senão, os americanos não estariam nesta enrascada. Só acho que o Lula não deveria ficar nessa de “esse é um país que vai pra frente, oooooo!” Isso já passou e ele pode fazer melhor que isso. Isso era recurso da pior direita para ter apoio do povo. O Lula não precisa desse subterfúgio.

Li em outro post seu que você se naturalizou brasileira. A sua ascendência é polonesa? Digo pelo sobrenome.

Anônimo disse...

Lola querida, ahahah, pelo visto vc tbém acha a Regina Duarte uma mala!
Eu não gosto daquele jeito de boazinha chocha e aquelas caras todas iguais que ela faz.
beijos

lola aronovich disse...

Serge, sobre o Lula estar tateando nesta crise, bom, concordo que todos estejam. Mas acho que ele tá bem realista. Um governante não pode se render à histeria da mídia e dizer “Salve-se quem puder!”. Ele disse que a crise é séria, e os ministros estão tentando lidar com ela da melhor forma possível. Ainda acho (espero!) que o Brasil será menos afetado que muitos outros países, principalmente por depender menos dos países ricos do que dependia antes. E não é só o Lula que diz “este é um país que vai pra frente”. Isso tava em todas as matérias de publicações econômicas dos países ricos. Agora, com a crise mundial, o Brasil saiu da pauta, lógico. Mas o oba-oba que vem de fora pra cima da gente é grande.
Minha ascendência? Bom, eu nasci na Argentina, meus pais também. Mas os pais do meu pai foram pra Argentina durante a Primeira Guerra, acho que em 1915, por aí. Eles eram ucranianos. E acho que judeus também. Só que eles eram comunistas e ateus, então não sei bem até que ponto podiam ser judeus. Eles eram até stalinistas!

lola aronovich disse...

Mario Sergio, não é que o Santiago era o meu troll preferido. Ele era o único! Por isso o chamava de troll de estimação. Tenho dado muita sorte com o blog. Sei de gente que se incomoda um monte com trolls, mas eu, até agora, só tive o Santiago e um outro no começo que discordava de tudo que eu escrevia. Mas não era mal educado nem nada. Enfim, discordo que o troll tivesse bons argumentos. A menos que vc considere bons argumentos esses clichês todos que Veja e cia. disparam o tempo todo contra o governo.


Cris, eu gostava da Regina Duarte nos anos 80. Ela fez papéis importantes, Malu Mulher, essas coisas. Sempre a considerei uma atriz limitada, pra poucos tipos de papéis. Só fiquei com raiva dela quando ela embarcou na onda da campanha contra o Lula e o PT, na base do “eu tenho muito medo”. Eu não perdôo esses astros e estrelas que se aliam a candidatos de direita. Lembro até hoje das celebridades que apoiaram o Collor contra o Lula em 89: Claudia Raia, Marilia Pera, Dercy Gonçalvez, Senna, etc. A Hebe sempre foi malufista, então ela ser anti-PT nunca foi nenhuma surpresa.