O provável assassinato de Eloá (em coma, possivelmente já com morte cerebral) me enche de tristeza e revolta. É terrível que, mais uma vez, neste que foi o mais longo sequestro de São Paulo, a polícia tenha agido desastrosamente. Primeiro por permitir que Nayara, uma menina de 15 anos, retornasse ao local. Isso é uma piada e já está sendo criticado por especialistas do mundo inteiro. Mas depois porque a situação deu muito, muito errado. Ainda que a polícia não tenha atirado nas vítimas - o que não parece ter sido o caso -, tampouco fez muito para impedir que Lindembergue matasse a ex-namorada. E a declaração do coronel, “o que deu errado foi o tiro que ele deu na menina”, é absurda. Era justamente isso que a polícia deveria ter impedido. Se não conseguiu impedir, nem fez nada para tentar impedir, falhou feio.
Desde o começo do sequestro, na segunda-feira, eu não sentia nenhuma solidariedade por Lindembergue. Ouvia com espanto as pessoas dizerem que ele era trabalhador, um rapaz normal e querido, que só queria conversar com Eloá. Esse sujeito não é um só. Todos os dias, em inúmeros lugares do mundo, acontecem crimes passionais. E eles são sempre parecidíssimos: o homem mata a mulher, namorada, amante, ou ex-qualquer coisa, e geralmente se mata em seguida (não conheço casos de mulheres que matem o companheiro e se suicidam). Isso é rotina na sociedade patriarcal em que vivemos, que trata mulher como propriedade do homem, e ensina que homem não pode aceitar não como resposta, não pode levar desaforo pra casa, e que ser “corno” (mesmo que o relacionamento tenha terminado faz tempo) é a pior ofensa que um macho pode sofrer.
São homens ciumentos e possessivos, esses que matam “por amor”. Já dizia uma minissérie nos anos 80, época em que vários maridos matavam suas companheiras e não iam nem presos, porque o juiz os absolvia por “legítima defesa da honra” - pelo menos isso não existe mais -, que “quem ama não mata”. Mas homens matam, e não é por amor, é por possessividade e ciúmes doentios. E nunca é algo que acontece no vácuo. Eu já li a respeito pra tentar entender como funciona a cabeça desses caras. No início do relacionamento, eles até são boa gente. Tratam bem a mulher, mesmo que indícios de ciúmes já comecem a surgir. Muitas vezes eles conseguem fisgar a moça, levando-a ao altar. E aí, uma vez casados, “legalmente” senhor e mestre da mulher, o relacionamento muda. Ele faz com que a mulher se torne totalmente dependente dele. É comum proibi-la de trabalhar fora. Muitas vezes ele força uma mudança de cidade. O objetivo é que a mulher corte todos os laços com família e amigos e viva somente para ele, onde ele pode vigiá-la o tempo inteiro. Por qualquer frustração, qualquer desconfiança imaginária, ele começa a bater nela. E as ameaças são diárias: se ela procurar a polícia, se abandoná-lo, ele a mata. Fica realmente muito difícil uma mulher sair dessa situação. Mesmo quando consegue, é frequente que o cara a persiga e a mate (como aconteceu com o diretor de redação do Estadão que matou a jornalista). Isso é muito comum no mundo inteiro. Até um filme hollywoodiano, Dormindo com o Inimigo, com a Julia Roberts, já tratou disso (e a primeira parte do drama é bastante verdadeira).
Eloá tentou fugir. Terminou o relacionamento. Não retornava as dezenas de ligações que ele lhe fazia por dia. Tentava evitá-lo. Aí o sujeito aparece armado e exige que ela fale com ele. Que tipo de comunicação ele espera apontando uma arma pra cabeça de uma menina? Nenhuma. E esses são crimes pensados, não de momento. Ele tem que arranjar uma arma e procurar a moça, e isso tudo é planejado. Acho que a única dúvida dele era se ele se mataria ou não depois de atirar nela. Pelo jeito, gostou dos holofotes e decidiu poupar-se. Provavelmente a maior prova de que ela foi baleada por ele, e não pela polícia que invadiu o apartamento, é o tiro na virilha. Esses agressores muitas vezes atingem partes tipicamente femininas.
Não sei o que pode fazer uma mulher que tem o azar de se envolver com um cara desses. Mas sei que uma sociedade que cria monstros assim, que sentem-se como faraós, com poder de vida e morte sobre suas “posses”, tem que ser transformada urgentemente.
Leia sobre a atuação vergonhosa da mídia aqui.
Desde o começo do sequestro, na segunda-feira, eu não sentia nenhuma solidariedade por Lindembergue. Ouvia com espanto as pessoas dizerem que ele era trabalhador, um rapaz normal e querido, que só queria conversar com Eloá. Esse sujeito não é um só. Todos os dias, em inúmeros lugares do mundo, acontecem crimes passionais. E eles são sempre parecidíssimos: o homem mata a mulher, namorada, amante, ou ex-qualquer coisa, e geralmente se mata em seguida (não conheço casos de mulheres que matem o companheiro e se suicidam). Isso é rotina na sociedade patriarcal em que vivemos, que trata mulher como propriedade do homem, e ensina que homem não pode aceitar não como resposta, não pode levar desaforo pra casa, e que ser “corno” (mesmo que o relacionamento tenha terminado faz tempo) é a pior ofensa que um macho pode sofrer.
São homens ciumentos e possessivos, esses que matam “por amor”. Já dizia uma minissérie nos anos 80, época em que vários maridos matavam suas companheiras e não iam nem presos, porque o juiz os absolvia por “legítima defesa da honra” - pelo menos isso não existe mais -, que “quem ama não mata”. Mas homens matam, e não é por amor, é por possessividade e ciúmes doentios. E nunca é algo que acontece no vácuo. Eu já li a respeito pra tentar entender como funciona a cabeça desses caras. No início do relacionamento, eles até são boa gente. Tratam bem a mulher, mesmo que indícios de ciúmes já comecem a surgir. Muitas vezes eles conseguem fisgar a moça, levando-a ao altar. E aí, uma vez casados, “legalmente” senhor e mestre da mulher, o relacionamento muda. Ele faz com que a mulher se torne totalmente dependente dele. É comum proibi-la de trabalhar fora. Muitas vezes ele força uma mudança de cidade. O objetivo é que a mulher corte todos os laços com família e amigos e viva somente para ele, onde ele pode vigiá-la o tempo inteiro. Por qualquer frustração, qualquer desconfiança imaginária, ele começa a bater nela. E as ameaças são diárias: se ela procurar a polícia, se abandoná-lo, ele a mata. Fica realmente muito difícil uma mulher sair dessa situação. Mesmo quando consegue, é frequente que o cara a persiga e a mate (como aconteceu com o diretor de redação do Estadão que matou a jornalista). Isso é muito comum no mundo inteiro. Até um filme hollywoodiano, Dormindo com o Inimigo, com a Julia Roberts, já tratou disso (e a primeira parte do drama é bastante verdadeira).
Eloá tentou fugir. Terminou o relacionamento. Não retornava as dezenas de ligações que ele lhe fazia por dia. Tentava evitá-lo. Aí o sujeito aparece armado e exige que ela fale com ele. Que tipo de comunicação ele espera apontando uma arma pra cabeça de uma menina? Nenhuma. E esses são crimes pensados, não de momento. Ele tem que arranjar uma arma e procurar a moça, e isso tudo é planejado. Acho que a única dúvida dele era se ele se mataria ou não depois de atirar nela. Pelo jeito, gostou dos holofotes e decidiu poupar-se. Provavelmente a maior prova de que ela foi baleada por ele, e não pela polícia que invadiu o apartamento, é o tiro na virilha. Esses agressores muitas vezes atingem partes tipicamente femininas.
Não sei o que pode fazer uma mulher que tem o azar de se envolver com um cara desses. Mas sei que uma sociedade que cria monstros assim, que sentem-se como faraós, com poder de vida e morte sobre suas “posses”, tem que ser transformada urgentemente.
Leia sobre a atuação vergonhosa da mídia aqui.
36 comentários:
Eu vi no telejornal um amigo dele dizendo que tudo isso foi porque ela não quis conversar com ele. Veja só, na cabecinha machista deles a culpa foi toda dela. Vê se pode?
Lola, eu leio regularmente o "Consultor Jurídico" e foi muito comentada uma matéria sobre o Ministério Público poder levar adiante casos de agressão contra a mulher mesmo sem a queixa da vítima.
"Acusados de violência doméstica contra mulheres podem ser processados pelo Ministério Público, independentemente da autorização da vítima. A conclusão, por maioria, é da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao considerar que a ação penal contra o agressor deve ser pública incondicionada.
No Recurso Especial ajuizado no STJ, o Ministério Público do Distrito Federal protestava o trancamento da ação penal contra o agressor E.S.O., do Distrito Federal. Após a retratação da vítima em juízo, afirmando não querer mais perseguir criminalmente contra o agressor, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal trancou a ação, afirmando que não haveria justa causa para o seu prosseguimento."
Comentário de uma advogada:
"Esse tipo de fato, em muitas oportunidades, pode ser resolvido com mediaçao familiar, pois nem sempre sáo fatos graves, mas meras ameaças ou vias de fato no calor da discussão. É preciso separar o joio do trigo, mas simplesmente criminalizar esta situaçao pode é piorar."
Ou seja: ele defende que, se o homem dá um soco na cara da mulher no meio de um bate-boca, não foi nada. Foram "vias de fato no calor da discussão". Basta conversa daqui, conversa de lá e fica tudo bem. O que essa gente - desculpe; ESSA GENTE, mesmo - não entende é que, quando deu uma porrada, outras virão. Sabe criança que descobre que se chorar pra vovó ganha coisas gostosas? É isso; o marido que bateu uma vez vai bater SEMPRE. Pode fazer juras, promessas, o qu for. Vai bater. Se não na mulher, nos filhos.
Para mim, a Justiça é ainda extremamente leniente com que agride - seja homem (a imensa maioria) cou mulher. Bateu? Ameaçou? Perseguiu? Processo em cima. Insistiu? Cadeia. Não tem conversê, não tem nada. Acredito que assim outras Eloás não terminem como essa terminou.
Lola,
sou advogada, do interior de SP (Sorocaba, mais especificamente) e hoje, voltando da pós-graduação, nós estávamos comentando esse assunto. Eu tenho uma opinião sobre isso e digo a você o que eu acho: Os homens fazem isso com as mulheres, porque as mulheres acreditam que ele podem fazer isso com elas. E não estou tentando dizer que a culpa é dela, por favor. Tenho certeza que você e acho que todos os que te lêem são inteligente pra entender o que eu estou dizendo. A falta de educação, dos primórdios da educação, não estamos tratanto de escola, mas de educação no sentido mais profundo que tem é o que acaba permitindo esse tipo de acontecimento. ´Por exemplo, um dado que eu obtive pela imprensa, portanto, não é tão confiável, mas é verossível: ela começou a namorar esse rapaz quanto tinha 12 anos (?!) e ele 18. E não foi escondido da família. Gente, isso, em direito penal, se houver relação sexual, é estupro, independentemente do consentimento da vítima e em âmbito de Estatua do Criaça e do Adolescente, é pedofilia, o que nos remete, novamente ao Direito Penal. E com consentimento do pais? Ora, façam-me o favor... Em que mundo vivemos?
Desculpe o comentário tão longo, mas não consegui resumir mais e aproveito para dizer que você já está nos meus favoritos há muitos meses e eu costumo reservar um tempo para ler seus posts desde o começo. Gosto muito da sua escrita. Parabèns!
Oi Lola,
Gostei muito de você ter tratado o tema desta forma, justamente por ser o tema da minha monografia. A violenta emoção como excludente da ilicitude no crime passional, o problema é que além da violenta emoção não ser definida penalmente, ao meu ver, ao contrário do que o senso comum pensa, a maioria dos crimes passionais são planejados. Gosto muito da definição da autora do livro "a paixão no banco de réus", segundo ela, o criminoso passional assim como qualquer apaixonado, idealiza o ser amado, porém por ser uma pessoa extremamente narcisista, apaixonada por si mesma, essa idealização se dirige a si mesma. Assim, fica indignada quando alguém não o vê da mesma forma, repelindo-o, precisando mata-la para restaurar a ordem em seu mundinho. Assim, concordo com seu comentário, não há como a vítima escapar facilmente e é ridículo procurar formas de culpa-la.
Lola, seu blog é vista obrigatória mesmo!
E esse assunto é nojento, não resisti e voltei a escrever no meu blog, e citei o seu, e até um comentário do seu, com as devidas referências.
Abraço!
Ps. Obrigada por escrever todo dia, sei que é complicado, nem sempre temos tempo, mas ler seu blog é um prazer. Sem falsa "puxadinha"...
E mais, não sabem dizer se o tiro que ele deu na virilha doi de noite ou pela manha, ou seja, ela pode ter agonizado com o tiro o dia inteiro...
Lola, essa Moça aqui (http://blog.mafaldacrescida.com.br) escreveu um artigo tão bom quanto o seu, só que numa outra linha (ela é psicóloga).
Nesse drama, tantas coisas, mas tantas coisas foram feitas (e não, saíram)de maneira errada erradas, que a tragédia era anunciada, não no inicio da semana, mas de muito antes.
Concordo com a Paula, como permitir um namoro entre uma criança de 12 anos e um jovem de 18 anos? Como a menina pode ficar sendo perseguida e ninguém, ninguém, denunciar o caso? Como a policia vai na casa da menina recém libertada e pede para ela negociar com o sequestrador?
E a mídia, que durante a semana toda, ficou lá, falando do bom moço, que ele só queria falar com ela - a parte que ela disse: não, eu não quero falar com você! é completamente ignorada, talvez por que nós mulheres falamos ao contrário, a negativa na verdade, é uma aceitação, não é mesmo?
(por favor, percebam a ironia.)
E, como se não bastasse, leio hoje que o assassino de Sandra Gomide, (julgado e condenado) Antonio Pimenta Neves, está livre - aguardando novo julgamento!
Paula, me chamou a atenção esse trecho seu: "Os homens fazem isso com as mulheres, porque as mulheres acreditam que ele podem fazer isso com elas."
Eu sofri violência doméstica por anos. Tenho duas faculdades, me casei depois dos 30. Mas a sensação que temos é aquela mesma descrita vezes sem conta: "vai passar", "ele vai voltar a ser como antes". Depois vem a fase do "como vou sobreviver sozinha". E, afinal, o clique que nos dá força para a libertação. Mas jamais pensei que ele podia fazer isso comigo. Nunca. Nem por um momento. Para mim, era uma fase ruim dele em depois, um labirinto de pesadelo que eu teria que sair com cuidado, com planejamento, para garantir a sobrevivência minha e de minhas filhas.
Acredito que o Judiciário brasileiro ainda tem muito o que aprender e apreender sobre violência contra a mulher - inclusive deixar de pensar que a mulher é vítima porque quer (ou porque aceita e/ou porque se recusa a denunciar). Quando pedi o divórcio, em nenhum momento nem a juíza nem a representante do Ministério Público sequer leram o processo iniciado pelo BO que fiz na delegacia da mulher - nem o laudo do IML descrevendo todos os ferimentos - na hora de decidir visitação e outros direitos do pai. O processo terminou arquivado. Mesmo com o laudo do IML feito às 8h da manhã do mesmo dia da agressão e o testemunho de um amigo, ele disse que eu tinha forjado os machucados. E ficou por isso mesmo. E ele continua me ameaçando. Palavras da juíza da Vara de Família: "Sinto muito, é a sua palavra contra a dele." É preciso eu levar um tiro no meio da sala da minha casa para alguém acreditar?
E a mulher ainda tem muito o que aprender (de que classe social for) para não cair nessa armadilha e saber reconhecer os primeiros sinais de que ela está ali, bem à frente.
eu sou tão a favor da pena de morte e da humiliação pública. esse caso é horrendo.
se todos os homens que usam de violência contra a mulher tivessem suas "fuças" expostas em praça pública, isso poderia um dia mudar.
dá uma olhada nesse site:
http://www.lambeth.gov.uk/Services/CommunityLiving/CrimePrevention/AntisocialBehaviour/AntisocialBehaviourOrderOffenders.htm
o dia que se implantar uma idéia dessas em relação à violência contra a mulher, ao invés de humiliá-las mais ainda publicando as fotos delas quando agredidas, aí eu acredito que alguma coisa possa mudar.
o link saiu truncado. use esse:
http://www.lambeth.gov.uk/saferlambeth
e clique depois em
"Visit the anti-social behaviour offenders page"
Débora, é muito triste ouvir uma coisa dessas. Se a Eloá não quisesse conversar problema dela. Ele tinha é que aceitar e pronto. Ela tem todo o direito.
Su, que absurdo. Tá claríssimo pra mim que homem que bate uma vez vai bater de novo. Quantas vezes são suficientes? É horrível. Muitas vezes fica parecendo que a vítima precisa morrer antes do agressor ser punido. Mas nesses casos é pior ainda, porque o cara não tem nada a perder. Ele só quer matar a namorada/mulher/ex e se matar em seguida. Por que ele iria cumprir alguma lei? Acho que tem casos em que a mulher (com a família) precisa fugir mesmo, se mudar de cidade sem dizer pra onde...
Paula, isso é muito complicado. Primeiro que casos assim realmente acontecem inclusive com mulheres que não acreditam que o homem pode fazer isso com elas. E mesmo o negócio de proibir a menina de namorar é difícil. Uma menina de 12 anos namorar um rapaz de 19... Vi vários lugares chamando o cara de pedófilo, mas calma lá. É uma diferença de apenas 7 anos. Claro, eu acho que uma menina não deveria namorar antes dos, sei lá, 15 anos? Mas tô chutando. Algumas meninas se desenvolvem antes de outras. Às vezes um rapaz de 19 é um meninão, e a diferença de idade nem é tão visível. E é difícil pros pais proibirem. Se a menina gosta do cara, e o cara gosta da menina... Eu conheço alguns outros casos de meninas muito novinhas que passam a namorar rapazes mais velhos, e não há grandes problemas. E também, um cara desses iria fazer isso com uma menina de 20. Era só uma questão de tempo, d'ele se apaixonar por alguém e receber um não. Por que ele iria reagir de outra forma?
Obrigada pelos elogios. Venha sempre!
Danda, pois é, o pessoal fala de crime passional como se fosse algo de momento. Pode até ser, se a pessoa andar armada (o que sou terminantemente contra), mas raramente é. O homem tem tempo pra pensar e planejar sim, e o faz depois de repassar o cenário em sua cabeça várias vezes. Interessante isso que vc diz sobre o narcisista. Sem dúvida, o narcisista tem problemas pra lidar com a rejeição. Não dá pra culpar a vítima de forma alguma. O que ela podia ter feito? Terminar de vez uma das dez vezes que eles terminaram? Quem diz que ele não teria cometido o mesmo crime? Talvez ela não devia ter começado a namorar. Mas é muito difícil dizer isso. Ele certamente não era um psicopata no começo.
Babs, o caso é nojento mesmo, e comentários tentando justificar o cara são indignos! É a banalização da violência mesmo. Mas acho que todo mundo está revoltado com o caso, mesmo os que tentam justificar o comportamento do rapaz. E isso que vc diz sobre ele ter atirado nela horas antes... que horror, não posso nem pensar!
Obrigada pelo carinho, Babs. É um prazer escrever aqui e ler (e responder) os comentários inteligentes de todas vcs.
Valeu pelo link, Patricia. É verdade, dizer sempre sim pode criar monstros. As pessoas precisam conhecer limites.
Então, isso de proibir o namoro eu acho muito polêmico. Se eu fosse mãe, certamente odiaria se minha filha de 12 namorasse. Aliás, acho que namorasse, PONTO. Mesmo que fosse um menino de 13. E certamente não gostaria que ela namorasse um cara 7 anos mais velho. Mas a verdade é que as meninas de 12 já não são mais crianças como a gente imagina. É difícil pros pais proibirem algumas coisas. Se a menina se encontra com o rapaz no conjunto habitacional, na escola, eles vão fazer o quê?
A mídia fez um papelão. Não consigo entender como toda rede de TV conseguiu entrevistar o criminoso durante o sequestro! Como assim? E se ele se zangasse com algo que algum repórter dissesse? A mídia ajudou pra que ele gostasse da coisa. Eu realmente acho que ele foi lá com o objetivo de matar a menina e se suicidar em seguida. No final, quis viver.
Esse caso do Pimenta Neves é revoltante! Como que um cara assim não tá preso?
Su, pois é, acontece com muitas mulheres, independente de classe social, nível educacional, tudo. Eu acho que é azar mesmo. A maior parte dos homens é boa e não vai cometer violência ou ser obsessivamente ciumenta, eu acho. Mas sempre vai ter alguns. E obviamente se eles viessem com um AVISO: PERIGOSO, poucas mulheres se aproximariam deles (existem masoquistas, mas são raríssimas). Há alguns sintomas que as mulheres deveriam ficar atentas. Isso do cara querer monitorar amizades, emails, fotos, pode ser um sinal. Se ele quiser que ela se torne dependente dele, idem. Mas geralmente é tudo muito sutil. É uma teia de aranha. Quando a mulher percebe, ela já está envolta nela. E aí fica dificílimo sair. Anyway, de modo geral, eu terminaria rapidinho com qualquer homem muito ciumento ou possessivo.
Que triste essa história pessoal que vc conta, Su. O pior é que é SEMPRE igual. Tanto os agressores como as mulheres dos agressores se comportam de forma muito parecida. É como se houvesse um roteiro a ser seguido. As mulheres se sentem culpadas, inicialmente acham que fizeram algo errado, depois pensam que foi só aquela vez, que ele ficou alterado mas não é assim, e, claro, que vai passar.
E que horror isso de vc ter um BO e laudo do IML e isso ser totalmente ignorado, considerado “a palavra dele contra a sua”. Como assim, forjar os machucados?! Será que o judiciário não tem alguma experiência pra saber que não é isso que acontece?
O que vc acha, Su? Pra vc, quais são os primeiros sinais que uma mulher deveria perceber?
Aninha, sou contra a pena de morte em todos os casos, inclusive este. Estou com muita raiva, mas não desejo que o rapaz morra.
E isso de humilhar em praça pública é muito polêmico. Ter fotos na internet e tal... Vai acabar tendo muita injustiça. Gente que não fez algo tão grave acaba indo parar em páginas de homens realmente perigosos.
Oi Lola, tem tempo q não apereço. Tentei acompanhar esse caso já que a globo.com tem essa matéria no site como destaque mas não sabia desses detalhes todos. Que horror! Por que meninas tão jovens se envolvem em relacionamnetos como esses? Será a eterna pressão de que meninas TEM que ter namorados? Isso é TÃO antigo e demodê...
Muito triste o fim da tragédia...
lola...moro fora do brasil e passei alguns dias sem entrar na net...quando entro...este choque...
estou sem palavras. a acao da policia foi realmente desastrosa. sem plavras...muita forca para mae e toda a familia de eloa. a dor nao deve ter tamanho.
Lola,
obrigada pelo seu blog.
Sempre pensei: pra que ser feminista se tem gente que faz isso pra mim, isso não é minha briga! (a ignorância é msmo uma "bençao'). Leio seu blog diariamene e daí acendeu um luz na minha cabeça de Alice no país das maravilhas.
Mudei,(ou pelo estou tentando ) adoro seu blog e suas consideraçoes.
Esse caso me deu um nó na boca do estomago.
Moro fora do Brasil e nem sabia direito do caso. Uma tragédia vergonhosa, e obviamente culpa da menina Eloá (ahã!???).
Obrigada e parabéns.
Ana
Mas, Lola, o que fazer então? O que você esperaria? Que o cara se arrependa e daqui a um tempo a família dela apareça dizendo que o perdoa, como se vê acontecendo quinhentas vezes? É por isso que esse tipo de comportamento se repete.
Mostrar a cara de quem errou, nesse caso alguém tem alguma dúvida de que ele teve um comportamento criminoso?
Um exemplo, no Egito ninguém rouba porque se for pego roubando, nego corta a mão do ladrão.
Direitos humanos têm sido sempre aplicados pro lado errado, o bandido é sempre poupado e vítima, se fue. Babau. Isso quando não se joga a culpa sobre a vítima.
Na minha humilde opinião as pessoas são agressivas e cometem crimes porque há impunidade. Pronto.
Oi, Lola.
Obrigada por escrever sobre este assunto.
Sinto-me, como tantos, chocada como pessoa, como advogada, como mulher.
Quando um cara não quer mais nada com uma mulher, se ela insiste um pouco, fica no pé, logo é tachada de grudenta, louca, não se manca.
Toda a sociedade condena a mulher que vai atrás de homem que não a quer mais. Mas quando é o inverso, puxa, quanta condescência!!! O homem, coitadinho, não pode ouvir um não, a mulher tem que valorizar o fato de ser tããããõ amada (?!?!) e ao menos ouvi-lo. Mas ai da mulher quando é ela que ainda ama quem já não a quer...ela que tenha um pingo de dignidade para não insistir, que esqueça e parta para outra. DEve ser por isso que tem muita mulher que tenta ou mesmo chega a se matar por amor não correspondido, mas não as mulheres não saem matando os ex por aí...
Fiquei com nojo dessa história, com nojo, não tem outra palavra...
Pelo menos hoje em dia os crimes passionais não são menos apenados que outros...já não há justificativas e escapes legais para tais atrocidades.
Quem comete um crime passional não é um psicopata, já estudei bastante sobre essas diferenças, sou criminalista. Os crimes passionais são cometidos por pessoas que sabem muito bem a dor que pode advir de sua conduta. Já o psicopata tem uma mente diferente, amoral, digamos.
Em relação a atuação da polícia, invasão é sempre um risco, e quem está conduzindo a negociação é que pode saber se realmente a invasão é a melhor opção e parece que nesse caso existiu uma demora injustificada.
O que ficou óbvio, mesmo para quem não é da área, é que a polícia errou quando deixou a amiga da Eloah retornar ao cativeiro.
E as explicações que a polícia deu estão todas furadas, a mãe, em uma situação dessa, não tinha poder de decisão nenhum em relação a filha, quem não podia deixar a menina voltar era a polícia. O ECA é muito claro. Aliás, essa desculpa de que a mãe deixou ela voltar...nossa, dá até vergonha alheia!!! A polícia sabe muito bem que não poderia ter deixado ela voltar.
Não sei se vc viu ontem na TV, que uns 20 minutos antes da invasão do apto, tinha um policial conversando com o criminoso. Estava conversando, tentando acalmá-lo e ele já deva mostras de que ia matar as meninas. mas a conversa foi interrompida, adivinhe o motivo?!?!?! PQ ACABOU A BATERIA OU O CREDITO DO CELULAR!! E daí, vinte minutos
Veja só, numa operação dessa gravidade, a polícia usa um aparato podre!!! SEmpre ficará a dúvida se, não houvesse sido interrompida a ligação, talvez o marginal não tivesse desistido da idéia.
Nojo de tudo, Lola.
Mas o que dá mais nojo são os comentários que ainda iremos ouvir sobre "coitado, louco dé amor, perdeu a cabeça".
Criminoso, apenas. Criminoso e cruel. Espero que receba a pena máxima prevista para crimes dessa espécie.
beijos
lola infelizmente casos como esse continuarão a existir.A questão do ciume e possessividade vivencie como filha e sei como isso é complicado para a mulher,ela sempre pensa que ele vai mudar,foi apenas uma fase um dia ruim,mas quando os dias se tornam uma rotina é muito dificil de aguentar,admiro as corajosas que arranjaram forças para sair dessa situação.Uma lástima que essa menina tão jovem tenha sido mais uma vitima da violência sofrida pelas mulheres.
Oi, Isabella. Não sei se meninas se envolvem com relacionamentos como esse por pressão. E o relacionamento deles não era “como esse” o tempo todo. Foi ficando. Ela também podia ter vontade de namorar, né? Mas é muito triste tudo isso mesmo.
Jamine, no momento só se fala nisso. Odeio essas notícias “evento”, que ocupam todo o espaço dos noticiários. Nos EUA também é assim. Mas esse caso toca fundo a todas nós, mulheres. E realmente, a ação da polícia foi um desastre após o outro.
Ana Lucia, fico feliz em ouvir isso, que o meu blog faz algumas pessoas refletirem. Ser feminista é briga de todo mundo, inclusive dos homens. Todos nós nos beneficiariamos em viver num mundo com mais tolerância e menos padrões. Talvez, num mundo em que as mulheres não fossem vistas como posse, um caso como o Lindemberg não aconteceria com tanta frequência. Abração, e apareça sempre.
Aninha, não concordo que “é por isso que esse tipo de comportamento se repete”. A família perdoar ou não o assassino daqui a alguns anos não significa nada pra justiça. É só um tipo de conforto que funciona pra muitas famílias. Pro assassino pode servir de conforto também, mas isso não deveria mudar nada - ele ainda deveria ficar 35 anos preso. E vc quer mostrar a cara do Lindemberg mais ainda? Quem no Brasil ainda não viu a cara dele? Ele vai ser associado sempre a este caso.
Parece que vc (e tantas outras pessoas) defende a barbárie, Aninha. Cortar mão de ladrão, pena de morte... Na Suécia ninguém corta mão de ninguém e não há pena de morte, e os crimes são bem pouco frequentes. E desde quando bandido é poupado no Brasil? Primeiro que não são “as pessoas” que são agressivas e cometem crimes. São só algumas pessoas, e em geral de um só sexo. Depois que elas são ensinadas a agir de uma certa forma. Ninguém falou pro Lindemberg matar a Eloá, mas certamente ele foi educado sem saber aceitar um “Não” como resposta. Foi chamado de corno. Cresceu ouvindo que esse é o pior insulto possível, e que mulher é posse. Também aprendeu que as coisas se resolvem com violência. Desde criança, por ser menino, foi motivado a ser competitivo e agressivo. Será que tudo isso não o afetou mais que “a certeza da impunidade”?
Cris, exatamente, quando um homem não quer mais uma mulher, geralmente a gente se recolhe. Não é incomum mulher se matar, mas é raríssimo ela matar o companheiro. Olha a diferença: ela se mata, não mata o companheiro. Em muitos casos em que o homem é “abandonado”, ele mata a companheira e só depois se mata. O principal é matar a ex, pra que ela não possa ser de mais ninguém. Suicidar-se é apenas uma consequência, pra não ser punido, pra não ter que viver num mundo sem a “amada”. Isso acontece tanto em tantos lugares do mundo que só pode ser uma grave falha de educação. O que a gente ensina pros meninos, como mães e professoras? Não tô falando que a culpa é nossa, mas é também nossa.
É verdade, ele não é um psicopata. Só usei a palavra no sentido mais geral do termo. Sei que um psicopata tem uma mente diferente.
Quanto à ação da polícia, eu vi TV ontem pela primeira vez em mais de um mês. E quando foi dito bem en passant que acabou a bateria do celular do negociador eu só pude gritar! Como que pode uma coisa dessas? E a devolução da refém é inédita no mundo dos sequestros. Tipo, parece que algo assim nunca aconteceu no mundo! E depois a gente ri dos portugueses...
Eu também espero que ele receba a pena máxima.
Exatamente, Lúcia, é assim que esse crime deve ser visto: violência contra as mulheres. Não crime passional, não um genérico “assassinato”. Vamos pôr os pingos nos is, pô! É (mais uma) violência contra mulheres. Há tanta violência contra mulheres tolerada pela sociedade que, pra alguns agressores, fica difícil perceber os limites. Vivemos numa sociedade misógina.
Tem vezes em que as próprias mulheres aprendem a ser tolerantes com a violência contra elas: “ele é homem, é assim mesmo”. E a gente fica na torcida de uma mudança que não vem.
nossa.
o que eu tentei dizer usando o exemplo do site que publica fotos de pessoas que infringem a lei foi aplicado a homens que usam de violência contra a mulher. uma idéia que vi a pouco e achei interessante.
hoje em dia, parece-me que esses homens pagam no máximo uma sexta básica e pronto. acho que qualquer um pensaria duas vezes antes de bater se soubesse que teria sua foto num site.
óbvio que esse que matou a menina não precisa ter seu rosto exposto, eu quis dizer usar essa idéia como exemplo preventivo.
o ideal seria educação, lógico, mas fica romântico demais acreditar que uma sociedade toda deformada possa imediatamente mudar apenas com educação. vai levar muito tempo e muitas Eloás ainda vão sofrer e morrer sem que a justiça seja feita.
meus exemplos foram extremos? pode ser, mas eles existem e surtem efeito. que é o que mais se precisa quando o que concerne é o respeito à mulher, normalmente colocada abaixo de qualquer direito humano.
no meu mundinho, promover barbárie é deixar que um cara de 22 invada a casa de uma menina de 15 armado, não fazer nada e ainda deixá-lo sair da estória sem um arranhão depois de matá-la e de atirar na amiga, também de 15, com o país todo acompanhando a estória. mas eu devo viver num mundo paralelo, é possível.
desculpa qualquer coisa.
Esse caso é um belo exemplo da falta de respeito que existe contra a mulher na nossa cultura.
Tive uma experiência dessas, que não chegou às vias de fato, mas sofri muita violência psicológica que causou prejuizos permanentes para mim e para minha família.
Essa falta de respeito pelas escolhas da mulher é tão arraigada que poucas pessoas percebem - na verdade aqui é a primeira vez que vejo gente falando sobre isso.
Nesse ponto me solidarizo com suzana e com todas as que passaram por situações assim. Tudo é tão complexo, quando envolve afeto o terreno fica muito pantanoso. Quando é o momento de se ir a uma delegacia? Quando é o momento de pedir ajuda aos pais? As agressões acontecem, mas você nunca consegue impor um limite definitivo, sempre a coisa vai se elastecendo, empurrando um pouco mais a linha do aceitável.
Quando é o momento de dar o basta? Normalmente, quando damos conta já é tarde demais, e o estrago já está feito.
Lamento profundamente por Eloá, tão jovem e inexperiente.
muita raiva desse caso, muita. eu fico puta e ao mesmo tempo chocada com todas essas reações que dizem que é "prova de amor" ou que ligam um crime a uma demonstração de amor.
quando a Lorena Bobbit ou sei lá se o nome dela era esse mesmo cortou o pau do marido fora, não teve ninguém pra dizer que era uma prova de amor! quero ver a gente incentivar esse tipo de crime da Lorena atenuando sua gravidade com esse tipo de afirmação. Ah, é o AMOR!
Acabei de escrever um post sobre esse caso, enfatizando o papel da imprensa nisso tudo.
http://universonosdois.wordpress.com/
A justificativa do comandante para a demora da invasão foi ridícula: "Ele era um trabalhador, transtornado por um caso de amor"...E continua: "Não queríamos invadir pra evitar a vitimização das reféns"(...) "A menina reotrnou por vontade própria, com consentimento da mãe"
Permita-me o baixo calão, Lola, mas amor um car@#$%, isso é sentimento de possessão, e como tal não tinha previsão de solução pacífica.
A polícia foi desastrosa, esperou 100, CEM HORAS pra invadir, com explosão. Nessas CEM HORAS ele não dormiu? Não deu nem um cochilinho?
Já que a menina, contra tudo, inclusive a lei, retornou, por que na hora do retorno não houve nenhuma ação?
Uma pergunta não me sai da cabeça:
Se a refém fosse de classe social mais abastada que a de um bairro popular a ação teria tido a mesma morosidade?
Talvez na cabeça de Serra essa também tenha sido "mais uma ação do PT, da CUT, da oposição paulista..."
Aninha, pelo seu “Nossa” e “desculpa qualquer coisa”, acho que vc leu a minha resposta ao seu comentário como agressiva. Não foi essa a minha intenção! Eu estou revoltada com a situação toda, não com vc. Então desculpe se eu pareci agressiva.
Eu não sei se essa história das fotos em site funciona. Será que um homem pensaria duas vezes se sua foto fosse exposta? Talvez servisse pra que outras mulheres não se aproximassem dele. Porque quem bate em uma mulher vai bater em outra. É um padrão que se recebe.
Acho que uma coisa não inviabiliza a outra: a justiça precisa ser feita, neste caso e em todos os outros. Mas a educação precisa ser melhorada. Nós, como mulheres, temos grande responsabilidade nisso. Somos mães e professoras, e permitimos que muitos homens virem monstros. A gente ainda está muito envolvida com essas coisas ridículas de “homem é assim, mulher é assado”. Isso não ajuda em nada.
Como eu disse, sou contra a pena de morte. Mas que a polícia foi de uma incompetência atroz, não resta dúvida.
Lu, interessante você lembrar da Lorena Bobbit. Esse caso mexeu demais com os homens, porque pra eles a castração é muito pior que a morte. Num mundo falocêntrico como o nosso, não poderia ser diferente. Mas é verdade, ninguém disse que a Lorena cortou o pênis do marido por amor. E sabe que ele fez filme pornô depois disso? Virou ídolo pra muitos homens!
Camomila, violência psicológica é muito parecida com violência física. Ficam sequelas, marcas. Que bom que vc conseguiu dar a volta por cima. O problema é exatamente esse: não se considera a mulher um ser autônomo, capaz de tomar decisões sozinha. A própria instituição do casamento, em que um homem “pede a mão” da moça ao pai (algo mais patriarcal, impossível!), já denota uma total dependência dessa mulher. Ela é posse de dois homens. Eles é que vão fazer as escolhas por ela. Em muitos países e religiões, isso é literal, levado ao pé da letra mesmo. No Brasil isso é mais disfarçado, mas ainda é o que acontece. A gente finge que mulher tem independência.
Certamente, pra uma mulher que sofre violência do companheiro, é muito difícil saber a hora de sair. O meu maridão fica nervoso às vezes. Fica bem histérico, levanta a voz, bate na parede, bate a porta, essas coisas melodramáticas. EU nunca fiz isso na vida. Eu discuto sempre no mesmo tom de voz, inclusive porque acho que vizinho algum tem que ouvir nossas brigas. Mas há um entendimento bem explícito entre a gente: se ele, numa dessas brigas, encostar a mão em mim, não tem segunda vez, não tem perdão, nada. É rua. NA HORA. Mas pra mim é fácil estabelecer isso. Sou independente, não tenho filhos. E, claro, o maridão tem boa índole.
Lila, obrigada, ótimo o seu post.
Gio, não dá pra apontar uma só coisa certa que a polícia fez nesse caso. Talvez esperar um pouco. Mas cem horas é exagero, é ridículo. E como não desligar água, luz, e, principalmente, TELEFONE? Como que todo mundo podia ligar pro sequestrador? O único falando com o criminoso deveria ser o negociador! E é ridículo que o criminoso possa acompanhar seu caso pela TV. Tem que cortar energia elétrica, sim. Pode ter certeza que, se a refém fosse rica, isso não se arrastaria tanto. Lembra quando a filha do Silvio Santos foi sequestrada? E o então governador Alckmin foi pessoalmente negociar com o sequestrador?
Bom, se as pessoas podem culpar o Lula pelo acidente do avião da TAM, acho que a gente também pode culpar o Serra pela ação desastrada de sua polícia. A polícia de SP mais uma vez prova que não tem preparo algum.
Oi lola, acabei de escrever, inspirada por esse post e um outro que li recentemente, sobre questões feministas (ou femininas).
Minha vida anda meio caótica ultimamente e não tenho conseguido vir aqui com frequencia. Comentar menos ainda. Além do que, sua produção de posts é frenética, não consigo mesmo acompanhar, fico sempre meio atrasada...
beijo
Renata
Lola,
só vou repetir o que você e tod@s já comentaram - o caso é repugnante, o tratamento da mídia, idem; e este ponto de vista androcêntrico assumido pela polícia foi, em minha humílima opinião, o que fez tudo dar errado.
Pronto, falei.
Beijo grande, belo blog.
Ana
Renata, que legal, vou ler (se é que vc está se referindo ao seu blog abandonado, tadinho). Ah, sei que minha produção (no blog, não na tese!) é frenética, mas tenta vir aqui e comentar, vai. E a Ju, como vai? Vc já foi promovida no trabalho? Abração!
Ana, obrigada. Às vezes eu me pergunto se dá pra polícia (uma instituição hiper masculina, como o exército) ser menos androcêntrica? É possível isso?
Lola, acho que vc á confundindo as Renatas...será que tem tanto tempo assim que eu não comento por aqui? rs
Eu sou a Renata do Rio, mãe d euma meninha de 3 anos cujo blog oscila basicamente entre os temas maternidade e fotografia: www.acontecedentro.blogspot.com. Nõa anda totalmente abandonado, embora eu esteja numa fase de pouca (ou quase nenhuma) inspiração.
beijo
Renata
Desculpa, Renata, confundi mesmo vc com a Renata do Oráculo de Lesbos, que mora em Floripa! Também, quem manda vcs terem o mesmo nome? Vou dar um pulinho no seu blog e já volto. Ok, fui lá e comentei. Muito bom o seu texto.
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