segunda-feira, 5 de novembro de 2012

SE OS HOMENS MENSTRUASSEM

Traduzi e adaptei um pouquinho este texto antigo (que peguei daqui, mas você pode ler o ensaio em inglês na íntegra) da ícone feminista Gloria Steinem, fundadora da revista Ms.
Steinem é uma feminista da segunda onda, quando assuntos trans* não entravam em nenhuma pauta. Hoje entendemos que homens trans menstruam. Portanto, o ensaio de Steinem se refere a homens cis (um homem que sempre se identificou e foi identificado com seu gênero).

“O que aconteceria se, de repente, magicamente, os homens pudessem menstruar, e as mulheres não?
A resposta é clara -– a menstruação se tornaria um evento masculino invejável e digno de bajulação:
Os homens iriam se gabar sobre quantidade e por quanto tempo.
Os meninos marcariam o início da menarca, aquela esperada prova da masculinidade, com rituais religiosos e festas.
O Congresso fundaria um Instituto Nacional para ajudar a evitar desconfortos mensais.
Absorventes sanitários seriam subsidiados pelo Estado e distribuídos gratuitamente. (Lógico, alguns homens ainda pagariam pelo status de marcas comerciais como Obs John Wayne, Absorventes Muhammad Ali, Absorventes Charlie Sheen para os dias mais leves de solteiro, e Maxi-Abs Anderson Silva).
Estudos estatísticos provariam que os homens têm desempenho superior nos esportes e ganham mais medalhas olímpicas durante a menstruação.
Homens militares, políticos de direita e fundamentalistas religiosos citariam menstruação ('men-struação') como prova que só homens deveriam servir o exército ('você tem que dar seu sangue para receber sangue'), ocupar postos políticos ('as mulheres podem ser agressivas sem TPM?'), e ser padres e pastores ('como uma mulher poderia dar seu sangue pra pagar por nossos pecados?') e rabinas ('sem a perda mensal das impurezas, as mulheres permanecem sujas').” 

vários vídeos no YouTube sobre o que aconteceria se homens menstruassem, e a imagem que abre o post foi tirada de um deles. O problema é que eles são bem sem graça.

domingo, 4 de novembro de 2012

OS SONHOS EXCITANTES DO MARIDÃO

Enquanto eu tenho pesadelos emocionantes com arrombamentos de portas (não precisa explicar, Freud), subir e descer escadas, perseguições implacáveis, a maior correria, nos sonhos do maridão quase nada acontece. Tanto que sempre pergunto pra ele: “E aí, jogou muito xadrez com a morte?” 
É uma referência ao Sétimo Selo, do Bergman, um filme brilhante de um diretor brilhante, mas que não é exatamente conhecido pelo seu ritmo rápido. Digamos que você precisa ter dormido beeem antes de decidir assisti-lo.
Só que, pra quem tem sonhos monótonos, a movimentação do maridão na cama durante o sono é intensa. Não é raro ele chutar (felizmente nunca acertou ninguém, nem eu nem o Calvin), fazer embaixadinhas, mexer os braços e, inclusive -– tadinho -– gritar. 
Eu fico pensando se é por isso que ele não pode ver séries de terror como American Horror Story. Vocês viram? Acabei de assistir à primeira temporada ontem, e gostei bastante. Quer dizer, o roteiro tem mais buracos que queijo suíço de fantasma (pessoas mortas envelhecem? Não, né, elas ficam do jeito que morreram pra toda a eternidade -- exceto a governanta), mas o clima é bom. E é um prazer ver a magnífica Jessica Lange roubando todas as cenas depois de tanto tempo (outro que brilha nas poucas vezes que aparece é o Zachary Quinto).
Voltando aos sonhos do maridão. Aconteceu uma noite dessas d'ele gritar enquanto dormia. Eu tava lendo ao seu lado, e o pobre gritou. Eu e o Calvin ficamos atentos, olhando pra ele, esperando o próximo grito, que não veio. Mas não gosto de vê-lo sofrer, então o acordei.
- Tá tudo bem, amor.
- Hum.
- Você teve um pesadelo muito terrível?
- Tinha um cara num bar que devia dinheiro pra você.
- Pra mim?
- É. Aí ele se transformou num gato e subiu na mesa pra comer nossa comida.
Eu, rindo e pensando no que o Calvin faz com a gente com certa frequência: - Já vi esse filme antes. Só isso? Era por isso que você tava gritando e se debatendo?
- Não tem nada que comer nossa comida!

Mais diálogos do casal romântico velhinho: desejo, beijos, apelidos, exercício, loteria, herança, cheiros, educação, sensualidade, mais sensualidade, engano, canela, energia, nova fonte de energia, dominó, romantismo, mini-kabongs, autoestima, reflexos, fidelidade, comunicação, efeito isidoro, dar razão, amolação, bebida alcoólica, enrolação.
Calvin em 2000, quando era bebê e 50% de seu corpo era composto por orelhas

sábado, 3 de novembro de 2012

GUEST POST: POR QUE DEVEMOS LER ARTIGOS DE REVISTAS FEMININAS

Camila, 25 anos, professora de Filosofia e Sociologia, enviou uma mensagem prum amigo sobre a reportagem do portal Terra, "Dez Coisas que Eles não querem saber de uma mulher" (a Terra já tirou do ar, mas ela foi reproduzida em vários blogs). Eu sei, eu sei. Achou a matéria um nojo? Talvez fique pior se vc souber que ela tem mais de cinco anos. É o tipo de asneira que os sites regurgitam quando não têm mais o que publicar.
Victor, o querido amigo de Camila, respondeu: "Vc tem que parar de ler esses lixos. Se vc conhece um cara que não tem colhões pra falar e demonstrar o que ele gosta, troque de cara".
Só que Camila pensou: será que devemos mesmo parar de ler essas matérias ridículas? Ela enviou o seguinte email pro amigo:

Ok, vamos começar do começo.
Por que eu tenho que ler esse tipo de coisa quando cai na minha mão? Porque minhas alunas leem isso. E elas acreditam.
Por exemplo, a Capricho. É inegável que ela tem um papel importante para a construção da sexualidade das meninas, tanto para o bem quanto para o mal. Para o bem pq lá vc encontra perguntas e respostas sobre sexo que vc, enquanto menina, simplesmente não tem com quem conversar, pois meninas simplesmente não conversam sobre este assunto. Elas conversam sobre tudo o que tem na revista: Justin Bieber, Taylor Swift, Crepúsculo, esmalte, roupa, balada, testes (ah, esses testes!). Elas conversam até sobre meninos, mas dificilmente chegam a ponto de se perguntarem a diferença entre clítoris e vagina. Mesmo que esteja escrito lá. 
Os assuntos sobre sexo em revista adolescente geralmente giram em torno de temas como DST, preservativos -- sim, coisas importantes que meninas também não perguntam para família ou amigas. A parte deturpada deste assunto nas revistas: transar com o cara que vc gosta/ame/esteja apaixonada (transar casualmente com um cara que vc não tenha nenhum sentimento próximo a um desses, jamais). A responsabilidade é da menina, sempre, se um cara simplesmente sumiu (e todos os caras são pintados como príncipes encantados). Motivos: talvez ela esteja gorda, talvez ela tenha dito algo que ele não gostou, talvez ela tenha exagerado ao provocar ciúme nele, ela foi atirada demais. É sério. O conteúdo é este. Percebe que a semente para aquelas reportagens adultas idiotas está todo aqui?
Semana retrasada eu estava no oitavo ano, na escola, e eles reunidos em grupo pra fazerem trabalho. Faltando 20 minutos pra acabar a aula, eles já tinham terminado a tarefa e começaram a conversar. Aí assunto vai, assunto vem, e eles lá praticamente cochichando sobre sexo (afinal é um assunto proibido.) Mandei todo mundo sentar no lugar e eles foram achando que iam levar a maior bronca do mundo. Falei pra eles pegarem uma folha avulsa do caderno e escreverem todas as dúvidas que eles tinham, até as que eles consideravam "erradas", porque eu ia responder. E eles também podiam escrever do jeito que quisessem. Eles me olharam com cara de "Oi?". 
Aí tive que falar pra eles que dificilmente teriam a oportunidade na vida de perguntar isso pra mais alguém que estivesse disposto a responder. Demorou uns 3 minutos até eles se convencerem de que não era uma bronca e de que eu não ia chamar o pai ou mãe de ninguém. Alguns meninos começaram a escrever. As meninas ainda ficaram me olhando com cara de vergonha por uns segundos, mas também começaram. Teve uma menina que simplesmente não escreveu nada, ela só começou a rir de vergonha e disse que não sabia o que perguntar. A outra também disse que não sabia o que escrever e a amiga respondeu pra ela: "escreve aí o que vc me pergunta às vezes". As dúvidas masculinas enquanto eles escreviam eram "pode escrever cu?", "pode escrever punheta?" Ou seja, enquanto elas não sabiam nem como começar, eles já estavam indo pro vocabulário técnico da coisa.
Os tipos de perguntas dos meninos: "se o cara goza no cu, o cu engole o gozo ou ele sai?", "Se a mulher não tem pinto, como ela goza?". Perguntas femininas "O que é gozar?", "Primeira vez dói e sangra muito?". Teve uma pergunta feminina que eu achei interessante: "qual é a graça de bater punheta com um pinto de borracha?". Entendeu, amor, a gravidade da coisa?
No sétimo ano, as meninas estavam falando mal de uma garota de outra classe que estava com a bermuda curta, e ontem uma menina do 2º ensino médio me diz: "Por que a Fulana não compra uma camiseta maior pra não saltarem as banhas?" Nas duas minha resposta teve que ser a mesma: Porque é o século XXI e ela pode se vestir do jeito que quiser, porque o corpo é dela e você é machista. É o tipo de pensamento que levado ao extremo acha que na verdade uma menina estuprada, na verdade, é culpada pq estava vestida de forma "inapropriada" (Marcha das Vadias já!). 
No 1º ano do ensino médio os meninos estavam falando de meninas que eles pegaram, e aí começa a parte do "dedada em Fulana", "comi Beltrana", e teve um lá que nunca comeu ninguém e tava em dúvida se um dia ia conseguir comer alguém. Na mesma sala tem uma menina que namora há dois anos e não lembro como o assunto chegou nela. Ela ficou constrangida pq falaram que ela não era mais virgem. Foi o momento de dar um puxão de orelha: "Pô, Fulana, os meninos aqui falando de dedada em não sei quem, comeram não sei quantas, o outro ali falando abertamente que quer comer alguém, e vc com vergonha de falar que dá pro seu namorado? Se vc gosta, tem que falar que vc dá mesmo, ué, qual o problema? Joga na cara deles que vc também gosta de ir lá sentar gostoso e pronto. E mesmo que você desse pra dez caras em uma semana não tem problema. Por que eles podem e vc não?". 
É bizarro. Não é que elas têm 80 anos, mas virgindade ainda é tabu e transar é proibido (se vc conseguiu laçar seu macho até que pode, mas caso contrário, nem fala). 
Claro que este tipo de pensamento se perpetua e atinge pessoas da nossa idade. Aí vamos para o 50 Tons de Cinza. Libertador-da-sexualidade-feminina-e-do-sexo-selvagem. Oi? Me explica como esta teoria se explica de acordo com a história a seguir:
1) a protagonista do livro, lá pelos seus 25 anos, está desiludida com a vida pq sofreu uma decepção amorosa (afinal só dá pra ser feliz se tiver um macho do seu lado).
2) ela conhece um cara que tem os 3+: + velho, + bem sucedido, + experiente (Sério  que ainda nos vendem a ideia de que a redenção feminina tem que se dar, necessariamente, achando um cara que é +? Sério que ela não poderia simplesmente se tornar bem sucedida ou + experiente por si mesma? Voltamos na história do príncipe encantado, dez anos depois da faixa etária da Capricho).
3) ela entra numa relação sadomasoquista. Até aí OK. Tem gente que topa porque gosta. Mas ela topa por medo de perder o cara (as mulheres que leem isso não percebem q a protagonista tá numa relação abusiva?).
4) ele exige um contrato para transar. Tipo uma escritura?
5) um cara na balada passa a mão na nela. Ela fica brava não pq o cara foi abusado, mas porque ela sabe que o tal do Grey (o namorado perturbado) ficará bravo com ela (ri alto).
6) ele compra a empresa que ela trabalha pra que ela não viaje com o chefe. (WTF?).
Realmente, é um livro muito libertador! Saudade de quando ainda estávamos apenas em Bridget Jones (mentira). Assim: mulheres podem ser solteiras hoje.
Obviamente eu to escrevendo com conhecimento de causa, não nasci tão liberal assim e acho que ainda falta muito pra que eu chegue a um nível satisfatoriamente feminista e igualitário. Mas as coisas melhoram bastante depois que se percebe que o problema do cara ser machista ou gostar de ser parte dos mascus não é necessariamente um problema meu ou das mulheres no geral. Não é todo mundo que lê aqueles absurdos da reportagem do Terra e fica indignado. Tem todo tipo de imbecil neste mundo. 
Há pouco tempo saiu um post falando que o feminismo diminuiu o tamanho do pinto dos homens. É isso mesmo, vc não leu errado. Ou ainda que ginecologista é médico de puta. Olha o facebook, amor, o que tem de posts com mensagens do tipo "mulher tem que se dar o respeito". Tem caras que tatuam uma mulher peituda no braço. Posso tatuar um cara pintudo também? Mulheres não podem abordar um cara. Muito menos se o intuito é de apenas dar uma boa trepada. O que leva ao outro lado: meninos também acreditam nessa porra de príncipe encantado, mas do jeito que mais os beneficiam: chama-se "síndrome do pau-único". Não é uma síndrome exclusiva dos mascus, afeta a maioria em maior ou menor grau. 
O raciocínio é: se eu beijei/transei com um menina, ela é legal comigo, ou continua falando comigo (ela não se dá o respeito), então é melhor eu cair fora, porque é claro que ela me achou muito legal e gostoso, e como eu sou o único cara no mundo que tem um pau, então é obvio que ela quer namorar comigo.  
Problemas: a) eles não consideram que tem outros paus no mundo; b) eles não consideram que ela só queria transar mesmo, e é gentil por um sentimento de fraternidade universal para com qualquer ser humano que cruze seu caminho.
Resumindo, amor, é isso. Entendeu por que eu preciso ler essas coisas? As meninas acreditam, as adolescentes e as adultas também. Pra vc é óbvio que o cara tem que ter bolas pra falar o que quer e gosta, assim como as mulheres, mas é mais complicado do que isso pra grande maioria. Não quero que seja mais assim com minhas alunas, parentes, amigas e filhas (caso eu venha a tê-las), então eu tenho que saber o nível de bizarrice do inimigo. Gostei muito de ver a maioria dos comentários feitos àquela reportagem absurda do Terra, pois eram contra aquela idiotice toda.
Estávamos indo bem até 1980: anticoncepcional, camisinha, liberdade sexual, remédios que controlam até as DSTs mais bizonhas. Mas nós nascemos numa época relativemente ingrata com o sexo, porque com o surgimento da AIDS acharam outro motivo para mostrar como transar, de um modo geral, é errado, e aí esses paradigmas de gênero, que estavam se rompendo, ganharam mais força.
Mas vai dar tudo certo, amor.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

EM HOMENAGEM AO DIA DOS MORTOS, VAMOS FALAR DE NESSAHAN

O principal nome do masculinismo no Brasil é Nessahan Alita, sem dúvida alguma. Claro que os mascus estão tão por baixo hoje em dia (se é que já estiveram por cima) que praticamente todos negam ser mascus. As primeiras pessoas com vergonha do masculinismo são os próprios mascus.
Não quero me gabar, mas tenho participação direta na total desmoralização desse “movimento”, se é que se pode chamá-lo assim. Afinal, poucxs que não sejam mascus teriam ouvido falar de Nessahan se não fosse este humilde bloguinho feminista que vos fala. Eu já expus o Walita ao ridículo. E foi fácil. Só usei suas palavras.
O masculinismo no Brasil surgiu no orkut, mais ou menos em 2005, com os “estudos” de livros misóginos do guru. Havia duas comunidades, O Lado Obscuro da Mulher (porque, segundo eles, toda mulher é vadia e tem um lado obscuro que deve ser domado), e Mulher Gosta de Homem Babaca (pra justificar porque nenhuma mulher que se preze gosta de mascu, esses homens honrados). Vários dos mascus em atividade hoje surgiram nessas comunidades, incluindo os mascus sanctos, co-responsáveis pelo massacre de Realengo.
Mas mesmo Nessahan, que hoje é deus absoluto dos mascus, foi insultado e expulso de comunidades. Isso porque feministas (não eu, que só ouvi falar de masculinismo um pouco depois de começar o blog, em 2008) denunciaram aquela misoginia toda, e ele incluiu várias notas confusas e mudou alguns discursos. Os outros mascus, que haviam sido seduzidos justamente pela misoginia da obra, sentiram-se traídos. Hoje tudo foi perdoado e Nessahan foi restaurado a ídolo tão magnífico que é injusto que ele nunca tenha ganhado um prêmio Nobel (é sério, mascus falam isso).
Esses dias li num blog mascu o depoimento de um sujeito perturbado (ok, todos os mascus são; tá tudo SIC, então talvez não seja tão fácil entender a linguagem):
Eu vejo o 'masculinismo' em três momentos o primeiro momento é o pré-Real [Real é como os Guerreiros da Real, chamam seu movimento misógino] quando muitos homens já conheciam a Real através dos conhecimentos da bíblia ( meu caso ) Tudo que a nossa Real fala a Bíblia já dizia e demostrava a 5000 anos o homem que leu a bíblia e estudou ela sabia lidar com o lado obscuro da mulher antes da existência de N.A [Nessahan Alita]. O segundo momento é um período paralelo no tempo onde muitos homens saiam e saem da matrix sem conhecer a 'nossa Real' ( tem muitos homens que compreendem tudo que sabemos sobre mulheres e a real sem nunca ter conhecido a real da nossa maneira ) e terceiro momento é onde veio as obras de NA e as comunidades onde fez vários homens conhecerem a real e darem este nome de real a este conhecimento .
Eu como fui Pastor protestante dava muitos conselhos como lidar com a natureza da mulher e seu lado obscuro muito antes de ouvir falar de N.A falar sobre a natureza decaída do homem e principalmente da mulher era algo natural na minha igreja ,tanto é que quando li N.A vi que ele escrevia em seus livros algo que a bíblia já dizia porém com outra linguagem uma linguagem mais mística e psicológica. Toda vez que eu gostava muito de uma namorada ,eu lembrava de Adão que por dar seu coração a Eva( colocar a mulher em um pedestal ) e portanto ser matrixmiano ( na nossa linguagem ) perdeu a graça divina e por causa disto para não me f*der como ele , conseguia controlar meu sentimentos .Mas é claro que a a nossa Real e tudo que veio depois só agregou valores a estes conhecimentos milenares e fez muitos saírem da Matrix .é o Elo moderno da corrente.

Qualquer pessoa que veja o masculinismo como elo moderno de qualquer coisa só pode ser perturbada. Se dependesse dos mascus, voltaríamos aos tempos do Velho Testamento, época em que, segundo eles, as mulheres ainda não eram vadias.
Uma leitora que conhece Nessahan me enviou uma foto dele (acima) e algumas informações:  
“Associando o nome e os ideais dele, eu percebi que o conheço pessoalmente. Ele dá aula de geografia no EJA (Educação de Jovens e Adultos) durante o período noturno em uma escola na Grande SP. O nome verdadeiro dele é Cléber mesmo, e ele não chegou a concluir o curso da PUC porque foi expulso por causa de uns pontos de vista não convencionais sobre religião.
Não sei ao certo porque ele foi expulso da PUC durante o mestrado, só sei que envolve motivos religiosos e que ele é adepto do cristianismo primitivo, e mais alguma coisa que envolve aquelas coisas todas de átomos e ligações cármicas (oi?) através do sexo, meditação e Santo Daime. Pelo que sei, ele acredita que Jesus Cristo ressuscitou porque os átomos dele mudaram de velocidade e o levaram para outra dimensão. A PUC não aceitou muito bem esses princípios religiosos.
Atualmente, ele mora numa cidade no interior de SP, e está, de fato, afastado da internet para entender a espiritualidade dos índios, porém não mudou de ideia sobre seus conceitos de gênero, que infelizmente, são reais e não só uma piadinha que exagera ridiculamente todos os pensamentos masculinistas. Na minha humildíssima opinião, ele não passa de um lunático babaca que acredita piamente que o mundo vai acabar no final desse ano, na existência de Saci Pererê e em um monte de outras embromações religiosas que envolvem átomos e soam realistas, porém não precisa pensar mais de meia hora sobre o assunto pra perceber as falácias gritantes.
Antes mesmo de eu conhecer o feminismo, e consequentemente, todo o mundinho mascu, eu já sabia que ele tinha escrito esses livros. Ele fala sobre os livros só com pessoas próximas, e já enviou alguns e-mails para seus contatos pedindo que o ajudassem a preservar sua identidade virtual porque 'as feministas o querem morto'. Ele acredita também que algum grupo feminista vai literalmente matá-lo, caso descubram sua identidade. Ele não se arrepende de ter seguido uma seita mascu e não a largou. Ele se afastou da internet para fins espirituais, realmente, porém continua com os mesmos conceitos de gênero que tinha antes. E põe em prática a maioria dos absurdos que constam no livro dele sobre ser o homem ideal.
Vale lembrar que, como qualquer pessoa, ele tem vários lados. É um bom professor e atencioso com as pessoas de modo geral (ainda assim não nutro por ele a mínima simpatia), então não acho que ele mereça ser demonizado por inteiro.”
 
Eu não tenho a menor intenção de perseguir Nessahan ou seja lá quem for, e muito menos matar quem pra mim já parece bastante morto. Mas considero importante entender o nível de loucura que guia o guru dos mascus.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"MEU IRMÃO ME BATE"

A. me enviou este pedido de ajuda:

"Hoje eu queria te pedir um ajuda, são sei se um conselho ou se um texto que você possa me indicar... Meu nome é A, tenho 18 anos e moro com meus pais e meu irmão dois anos mais velho. Desde que eu era criança e brigava mais com meu irmão, ele usava a força pra decidir as brigas. Acontece que —  e isso tem me incomodado muito —  ele continua fazendo isso. Se nós começamos a discutir e de algum modo ele se sente ofendido, ou se algo o deixa nervoso, logo parte para ameaças físicas e não aceita argumentações. Não sei se por meio de defesa ou se por covardia, eu não consigo responder. E fico quieta, ouvindo as ameaças e absurdos que ele diz.
Ele exige de mim um respeito submisso. Sim, ele faz isso na frente da família. Minha avó já tentou ficar no meio, minha mãe dá broncas nele e meu pai raramente presencia essas situações. Ao final desses episódios, sempre saio nervosa, lacrimejante (e logo começo a chorar), com uma dor na garganta de vontade de desabafar e responder a ele. Sei que se fizer isso, apanho. Tá ficando cada vez mais difícil aguentar isso. Me sinto fraca, covarde por não me impor. Nem que eu tenha que ficar com um olho roxo. Eu, que apoio totalmente o feminismo e o fim da violência às mulheres, me submeto a isso. Alguma dica, conselho, indicação?"

Minha resposta: A., pra começo de conversa, fale claramente com seus pais sobre isso. Diga que não vai mais tolerar esse tipo de comportamento. Quando a gente é criança, alguma violência física entre irmãos pode acontecer -- não que seja aceitável! E cabe aos pais educar os filhos para que não resolvam conflitos através da violência. Claro que quando os pais são os primeiros a fazer isso, com aquelas famosas "palmadinhas pedagógicas", fica mais difícil eles se posicionarem contra agressões. Mas não é possível que isso persista até a idade adulta. 
Nem seu irmão nem ninguém da sua família ou fora dela é seu dono. Só que, por causa da sociedade machista e partriarcal em que vivemos, é bem comum que irmãos tenham poder sobre suas irmãs, apenas por serem homens. No modelo mais patriarcal de família, o irmão mais velho, assim que atinge a adolescência, passa a ter mais poder que a mãe. Por isso, talvez, as broncas da sua mãe e da sua avó no seu irmão não surtem efeito.
Muitas vezes esse sentimento de posse do irmão pela irmã é estimulado pelos pais. O velho "Cuide da sua irmã" pode ser interpretado de várias formas. O irmão vê a diferença de tratamento que os pais dão a ele e à irmã. Ele percebe quem tem mais liberdade, quem é incentivado a namorar, quem pode voltar pra casa tarde, quem pode dirigir, quem tem que lavar os pratos, quem precisa tomar cuidado com a forma que se veste. E ele incorpora tudo isso no seu tratamento à irmã.
Este mês, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que a Lei Maria da Penha também vale para irmão agressor, mesmo que o irmão não more na mesma casa. Não sei se você precisa chegar ao ponto de ir até uma delegacia exigir seu direito de não ser ameaçada ou agredida, mas é uma lei que você tem a seu favor. 
Acho que você deve conversar primeiro com seus pais, pedir uma conversa mediada entre você e meu irmão, e dizer como essas ameaças te fazem sentir. E avisar que você vai responder os absurdos que ele diz daqui pra frente. E que, se ele não aguenta argumentações contrárias aos seus pensamentos retrógrados, ele precisa urgentemente de terapia.
Um dia, e vamos torcer para que seja em breve, você não terá mais que viver com seu irmão. E, quando esse dia chegar, você vai decidir se quer perdoá-lo ou se prefere cortar qualquer tipo de contato com ele. E será a sua decisão, e de mais ninguém.
O que vocês sugerem?