sexta-feira, 11 de março de 2022

O ATAQUE E AS DEFESAS A ATAQUE DOS CÃES, INDICADO A 12 OSCARS


- Prometa que você não vai deixar o Claudemir vencer o bolão este ano.

Eu gostei muito de Ataque dos Cães. Pra mim é o melhor filme de todos que foram indicados ao Oscar. Não sei se ainda é o favorito. Certamente era, já que foi a produção com o maior número de indicações (doze). Mas muitas vezes quem sai na frente acaba se desgastando.

Acho que o ataque do velho ator Sam Elliott, um veterano de filmes de faroeste, a Ataque dos Cães ajuda o filme. No começo do mês, Sam disse a um podcast que detestou o western de Jane Campion, chamando-o de "piece of shit". Ele achou ofensivo que o filme foi rodado na Nova Zelândia (de onde é a diretora), lamentou a falta de cenas de Benedict Cumberbatch cavalgando (sem isso, não seria faroeste), criticou a "evisceração do mito americano", e reclamou que os cowboys pareciam dançarinos "correndo o tempo todo sem camisa". Enfim, detestou as "alusões à homossexualidade" (parece que Sam não teve nada contra Brokeback Mountain, achou bonito, mas tampouco o considera um western). 

A Netflix respondeu à polêmica com um print de Ataque dos Cães, em que um personagem diz "Ele é apenas um homem. Apenas mais um homem". 

Mas o ator britânico Benedict Cumberbatch, indicado ao Oscar por interpretar Phil, um cowboy gay que se recusa a sair do armário, teve muito mais a dizer. 

Ele lamentou que "esse tipo de negação de que ninguém poderia existir fora da heteronormatividade por causa da sua profissão ou de onde nasceram é ainda uma intolerância maciça do mundo no geral a respeito da homossexualidade e da aceitação de qualquer outro ser ou coisa que seja diferente". Encorajou a "olharmos para o que há debaixo da masculinidade tóxca" e terminou com "Devemos ensinar nossos filhos a serem feministas". Mais um motivo pra adorar o Benedict, né?

A diretora Campion também respondeu sobre as "alusões à homossexualidade" (que estão presentes no livro homônimo de 1967 de Thomas Savage que o filme adaptou): "O meu conforto foi saber que esta sempre foi uma história subversiva, escrita por um homem gay que vivia isolado em um rancho. Savage conhecia Phil intimamente, ele era capaz de domar cavalos selvagens mas também era um cara efeminado. Ele viveu com sua mãe em um rancho, e o tio dele era um homem parecido com Phil". 

Numa outra entrevista, ela emendou: "A corda é um objeto marcante. Você está fazendo uma corda das peles das bestas que você cria no seu rancho. É como uma prova da masculinidade porque você a usa para tornar os animais submissos".

E aí, o que você achou de Ataque dos Cães e dessa polêmica toda? 

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Não deixe pra última hora! É só até o dia 25 de março.

5 comentários:

Guidi disse...

Antiespecistas em diversas ocasiões têm criticado as cenas de maus tratos aos animais nesse filme. A castração do touro teria sido real, inclusive. É muita falta de noção.

Luise Mior disse...

Aê Lola,que bom que postasse sobre ataque dos cães. Quero pacas assistir esse filme devido às falas do Benedict e da diretora. Torço para que ganhe todos os prêmios, mas não estou com conhecimento para fazer chutes no Bolão. Abraços e bom fim de semana!

Anônimo disse...

a) Lola sou sua fã amo seu blog.

b) Amei este filme tomará que ganhe o Oscar.

c) Lola vc viu ? Foi aprovada a lei que determina que a mulher pode fazer laqueadura sem a autorização do narido

avasconsil disse...

Eu gostei de "Ataque dos Cães". Nem sabia que ele foi indicado a tanta coisa. Gosto de ver filmes e documentários, mas não me considero cinéfilo. Tenho dificuldade pra gravar os nomes dos diretores e todas as categorias técnicas do Oscar, que acho um programa tão chato quanto as escolas de samba (1h e 1/2 pra cada escola de samba. Haja paciência... Só consigo ver mesmo aquela versão compacta que dura menos de 1h e 1/2. Bem menos). Apesar de não ser cinéfilo, não classificaria "Ataque dos Cães" e "O Segredo de Brokeback Montain" como "Western". Na minha cabeça "Western" são aqueles filmes de "marcha pra o oeste", com tiroteio e índio, acho que os índios sempre se dando mal. Tem também que ter aquelas casas de madeiras em tons marrom e aquelas portas de duas bandas que abrem pra frente e pra trás, com molas na dobradiça (rs). E figurino do Século XIX. Quanto à homossexualidade, ainda é vigente o estereótipo de que a maioria dos gays é delicada. Segundo o famoso Relatório Kinsey, que não me lembro se é dos anos 1950 ou 1960, pelo menos 10% dos adultos é gay (é mais velho ainda, dos anos 1940. Acabei de ver no Google). Nem sei se Kinsey incluiu na pesquisa a homossexualidade feminina. Como a sigla atualmente aumentou (LGBTQ...), certamente esse percentual aumentou também. A maior parte dessa população tira boa nota no teste da "passabilidade". Se encaixa em algum lugar dessa sigla, mas ninguém vê, pois eles e elas parecem ou passam por "normais". Acho que os gays "passáveis" são revoltantes pra muito hétero homofóbico. Defender-se deles é impossível. Você pode convidá-los pra um happy hour sem nem desconfiar. Alguns deles casam com sua filha, por hipocrisia, e vão ter sua felicidade clandestina com outros homens, como em "O Segredo de Brokeback Mountain". Enfim. Os personagens viúvos de "Ataque dos Cães" e de "O Segredo..." pelo menos tiveram o consolo da morte física do seu par. A viuvez mais dolorosa não é essa considerada real. A viuvez mais dolorosa é quando acontece a morte do amor de alguém que você continua amando. Você sabe que com a separação o seu amor vai morrer também, porém, lentamente, de inanição. A morte agonizante de um amor não correspondido é a pior espécie de viuvez. Quando aconteceu comigo, o meu amor levou um pouco mais de 05 anos até eu finalmente senti-lo completamente extinto. Quando eu tive a percepção da morte completa do meu afeto, já havia passado tanto tempo, que a constatação aconteceu num momento bem banal. Eu me dei conta com o pensamento: "Nossa, finalmente aconteceu. Meu luto acabou. Estou livre afinal. Vejo e sinto agora, mas não sei exatamente quando a libertação aconteceu". O lado ruim da viuvez real é que é mais fácil ficar prisioneiro dela. O amor que você sente não se vê obrigado a morrer de fome. O passado pode alimentá-lo indefinidamente.

Maria Valéria disse...

Oi Lola .Faz séculos que não comento aqui .

Minha opinião ( sem ser expert em cinema):

Não gostei. Quer dizer , gostei mas não assistiria de novo.
O filme é perfeito: fotografia, atuações, etc mas me deixou angustiada. Talvez seja isso , RSS , é tão bom que me deixou apreensiva demais pra gostar dele .
Não há um momento de alívio , não há um momento de válvula de escape .
Mesmo o personagem central tendo atingido um certo objetivo ( não vou dar spoiler) , nem nesse momento não consegui respirar.
Mas enfim , sou eu , não consigo gostar de filmes que me deixam nessa aflição.
( Apesar de ter sido exatamente essa a intenção da diretora ...rsss)
Acho que a gente precisa de mais leveza ; têm sido feitos mtos filmes com temáticas fortes nos últimos anos . Parasita, Bacurau, O Poço , ... Vi todos e gostei ( tirando o fato que não tenho estômago pra rever o poço ...rsss ) ,... e acho que é importante fazermos filmes assim , mas tá faltando ver cinema pra diversão, entretenimento , não dá pra relaxar assim.
Ppte nos últimos 2 anos , e ainda mais pra mim que sou da área de saúde. .

Poderia resumir : excelente filme , mas não consigo assistir de novo.
Quem não é tão sensível como eu vai querer rever mil Xs . Rsss.
Abraço !