quarta-feira, 2 de março de 2022

DEPUTADA BOLSONARISTA DESTINA R$ 250 MIL À FEDERAÇÃO PRESIDIDA PELO SEU ADVOGADO

Só ontem o país ficou sabendo de um negócio bastante duvidoso que aconteceu faz um ano.

A deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC), olavete de coração e bolsonarista de carteirinha, destinou uma emenda parlamentar de R$ 250 mil para a Fundação Catarinense de Hipismo. Já é um pouco bizarro que um esporte tão elitista (perde pra qual? Golfe e automobilismo?) precise de dinheiro público, mas fica pior.

O presidente da Fundação é Cláudio Gastão da Rosa Filho, mais conhecido como Gastãozinho. Ele é advogado de Ana. Nas redes sociais, esse bastião da moral e dos bons costumes que é a deputada afirma orgulhosamente que Gastãozinho a defende pro-bono (sem cobrar). 

O nome Gastãozinho talvez te lembre alguma coisa. Foi ele o advogado que, na defesa do seu cliente André de Camargo Aranha, acusado de estupro, humilhou Mari Ferrer numa audiência online. Seu comportamento causou tanta indignação que gerou a lei 14.245, a Lei Mariana Ferrer, que prevê punição para quem age contra a dignidade de vítimas de violência sexual e das testemunhas durante julgamentos. Ou seja, o óbvio: a lei, sancionada no final do ano passado, procura coibir que vítimas sejam tradadas como criminosas. É uma conquista de todas as mulheres e um marco contra a violência institucional. 

Campagnolo, que é militantemente antifeminista, certamente é contra a lei. Ela se elegeu perseguindo professores e fazendo propaganda pró-armas. Em 2018, antes mesmo de assumir, pediu a crianças e adolescentes que filmassem e "denunciassem" professores "doutrinadores". Curiosamente, ela, que é grande defensora da Escola sem Partido, costumava dar aula vestindo camiseta de apoio a Bolso. 

Contradição e hipocrisia fazem parte da rotina da deputada. Ela já disse várias vezes que a mulher deve ficar em casa cuidando dos filhos, e que ela mesma só estava trabalhando enquanto não cumprisse sua missão maior na Terra (ter filhos). Mas agora que tem (ela, que é contra o divórcio, está no seu segundo casamento), segue sendo deputada. Quase todas as antifeministas tropeçam nessa contradição: pregam que mulheres devem ser submissas aos maridos e não trabalhar fora, ao mesmo tempo que fazem carreira e ganham dinheiro com essas pregações.

Um dos processos em que Gastãozinho -- um dos advogados mais ricos de SC, que já defendeu Olavo de Carvalho e Sara Winter, e foi investigado por se envolver com um procurador exonerado -- atuou "de graça" para Campagnolo foi contra a professora de História Marlene de Fáveri. Marlene, ao saber que tinha uma orientanda reacionária e antifeminista numa área ligada a estudos de gênero, preferiu deixar de orientá-la (o que é seu direito). Campagnolo a processou -- e perdeu.

Atualmente, a deputada está sendo processada por Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan, e pelas famílias de Augusto Boal e Mario Lago, por usar músicas e textos dos artistas num curso antifeminista do Brasil Paralelo que Ana dá (e cobra por ele). É uma ação conjunta, mas cada um pede indenização de R$ 50 mil e a remoção imediata do material. Imagino que Gastãozinho esteja defendendo Campagnolo "de graça" nesta ação também.  

Procurado pelo Metrópoles para explicar os R$ 250 mil dados por sua cliente e amiga à federação que preside, Gastãozinho não respondeu. E o gabinete da deputada disse que ela não conversava com jornalistas, "pois costumam distorcer ou alterar o sentido dos depoimentos". Mas ela imediatamente escreveu no seu Instagram (numa página pessoal que obviamente não distorce ou altera nada) que "o recurso veio a pedido do meu amigo Dr. Gastão que é presidente da Federação e foi usado no fomento do esporte conforme prestação de contas". No post, ela mencionava outras emendas oferecidas a "amigos".

Por exemplo, um repasse de R$ 300 mil ao hospital infantil Joana de Gusmão. O pedido foi da também amiga Dra. Melina Moré Bertotti, que é irmã da advogada Nicoli Moré Menegotto, que trabalha na firma de Gastãozinho. Santa Catarina parece ser um estado muito pequeno, onde todos se conhecem.

Eu me lembro vagamente de um país em que políticos não podiam presentear "amigos" com dinheiro público. Hoje no Brasil de Bolsonaro, aquele que acabou com a corrupção e a mamata, tudo pode. 

4 comentários:

Luise Mior disse...

PQP, como a hipocrisia dos reaças dá nojo. Como catarinense não-praticante, desprezo esta deputada e esse advogado. Na torcida para que a minoria do MPSC cumpra seu dever em relação à esta canalha fascista. Obrigada Lola por postar. Abraços.

Anônimo disse...

Não entendo. O Lula roubava 1000x mais e vcs votam nele. Qual é o requisito pra ganhar seu voto? Roubar muitão? Se roubar pouco é amador?

titia disse...

Os minions nem podem mais fingir que acreditam na honestidade dessa corja. É afinidade por mau caratismo mesmo. O bovino das 07:53 é a prova disso, sabem que não tem mais como defender o micto deles e só ficam correndo por aí feito gado com doença da vaca louca mugindo "E O PATÊÊÊÊ?! E O LULAAAAA?!".

07:53 não sei, cadê as provas do roubo de Lula?

Anônimo disse...

Ansiosíssima pra ver a Lola destruindo o canalha Mamãe Falei no próximo post
https://www.youtube.com/watch?v=xVFIaEXI_XE