quinta-feira, 18 de agosto de 2011

GUEST POST: MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS

A Silvia me enviou um email contando sobre a situação num bairro de Campinas: “Os estupros já acontecem há muitos anos na Unicamp e em Barão Geraldo, afetando muitas estudantes que circulam a pé ou de bicicleta pela região. Nunca houve um destaque para os casos e no próprio posto de saúde daqui o assunto sempre foi tratado na surdina. O ximo que acontecia era que as informações circulavam boca a boca: aquele ponto é perigoso, tem um estuprador atacando em tal rua, e referências deste tipo, passadas pelas frequentadoras do postinho. As coisas começaram a ficar cada vez mais sérias no bairro. Neste mês de julho, somando-se essa situação às férias da universidade e ao número menor de pessoas circulando, os casos começaram a se tornar mais frequentes. Chamou a atenção o caso onde duas mulheres foram sequestradas, tiveram seus pertences roubados, e em seguida foram estupradas. E logo seguiram-se outros. Rapidamente formou-se um grupo no Facebook, organizado por vários membros da comunidade local, entre moradores do bairro, membros do coletivo feminista da universidade, estudantes e acadêmicos que estão se organizando e debatendo o assunto violência no distrito e bem especificamente violência contra a mulher”. A primeira ação dessa mobilização foi uma passeata em Campinas na quinta passada (várias das fotos postadas aqui eu tirei deste vídeo).
Na região metropolitana de Campinas ocorre um estupro a cada treze horas. E a polícia ainda ins
iste que este é um número dentro da média! Ano passado discutimos a possibilidade de autodefesa contra esses ataques. Eis um relato anônimo de uma das vítimas, que relata não apenas o horror do estupro, mas também o descaso da polícia.

Sou uma vítima de estupro. Sou filha de uma mulher que quase foi estuprada. Irmã de um homossexual que poderia ser agredido a qualquer momento. O que existe de comum? A incapacidade da sociedade aceitar que o respeito não é algo que se constrói, mas um direito fundamental. De que nosso corpo e nossa sexualidade dizem respeito somente a nós.
Fui a terceira estuprada em menos de uma semana em Barão Geraldo. No dia, a blusa de lã, sapatos fechados e calça jeans contradisseram o velho discurso da "vadia" que pede por seu assédio. Para ser estuprada, basta ser mulher, independente do juízo de valor.
Assalto seguido de estupro. Fui obrigada a fazer sexo oral, o que me valeu alguns comentários dizendo que podia ser pior. Não há nada pior do que o domínio atroz de seu corpo.
Assim que saí de lá e cheguei ao meu destino inicial, havia um carro da polícia querendo impedir a festa de uma república acontecer. Carro este que chegou a passar na rua enquanto meu orgulho de ser mulher era destruído por um desconhecido. A ronda policial em Barão tem apenas um objetivo: estabelecer o toque de recolher aos estudantes para que juízes, delegados, professores universitários e empresários sintam o distrito como uma grande fazenda, sem barulho, sem nada. A segurança das pessoas está e sempre esteve em segundo plano, já não é uma novidade.
A delegacia que funciona em horário comercial (porque crimes só acontecem neste período), não pôde fazer meu B.O. Já a escrivã do quarto DP quase me convenceu de que era eu a culpada, teve de ligar no celular do delegado para confirmar se registrava estupro ou não. E a delegacia da mulher torceu para que eu arquivasse o caso.
No CAISM, mais de quinze injeções e remédios contra a AIDS que me deram efeitos colaterais por 28 dias...
A militante que eu era estava enterrada na culpa de existir, na vontade de abandonar tudo, no medo da ameaças, no "podia ser pior".
Em casa, depois de muito tentar entender meu total desânimo, fui lembrando de todos os fatos históricos que incluíram mulheres, de todas as revoluções que foram conquistadas pela participação ativa feminina. Pude alimentar ainda mais o ódio por ouvir absurdos como o do bispo Bergonzini de que o estupro só ocorre pela permissão da mulher.
Conversei com pessoas estratégicas, quem poderia me ajudar de fato e logo fiquei sabendo das mobilizações que rolavam em Barão. Soube também das discussões sobre o "coloca ou não o telefone da delegacia no panfleto", "se queremos ou não punição dos agressores". Recebi a carta da ANEL (que aliás nunca se deu ao trabalho de saber as informações verdadeiras, inventou o dia, a situação e a descreveu como bem quis, deixando claro para mim que o que importava era "fingir" que algo era feito.)
Apesar de todo o descaso da polícia, ainda são eles que possuem as condições materiais necessárias para garantir as investigações e, no mínimo impedir que determinado estuprador continue agindo.
A punição tem que ser dada, não se trata apenas de um oprimido que rouba como forma de existir num sistema capitalista, mas de um agressor ao corpo da mulher, que as coloca em risco de vida, que as oprime pelo autoritarismo independente da classe. Defender que não tenham punição é estar ao lado dos estupradores.
Só me senti verdadeiramente segura quando vi o cartaz "Mexeu com uma Mexeu com todas", porque acredito que a única forma das mulheres se defenderem da opressão e lutar por sua liberdade é se auto-organizando. E foi pela conscientização e ação política que pude me fortalecer, me reerguer, cerrar os pulsos e ter a certeza de que NINGUÉM TIRA MEU ORGULHO DE SER MULHER.
Façamos outras passeatas, nossa luta apenas começou!
Se usar a roupa que eu escolhi, andar no horário em que decidi, ou ser mulher me faz vadia, vadia sou e exijo respeito!
Agradeço a todas as vadias que saíram nas ruas no dia 11.
Assinado: Vítima número 3 do mês de julho.

60 comentários:

Escarlate disse...

Eu nem sei o que dizer. Sim, mexeu com uma, mexeu com todas. Tenha certeza que você não está sozinha, quando uma mulher é estuprada, todas somos estupradas. Quando agridem uma, agridem todas nós.

Eu quase chorei ao ler esse guest post pois me sinto impotente, queria poder acabar com esses lixos, com esse machismo doentio, com essa maldita sociedade hipócrita. Mas isso só me dá mais combustível pra continuar a lutar.

Ed Diniz - ed_h80@yahoo.com.br disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ed Diniz - ed_h80@yahoo.com.br disse...

Oi Lola!!!!!

Tomo a liberdade de vir aqui no seu blog para recomendar que você veja a conversa com a Profa. Dra. Maíra Nunes sobre diversidade sexual, postada hoje no blog "Gente Como a Gente", de minha autoria.

O endereço é http://comoagente.blogspot.com

Acho que a discussão tem muito a ver com os temas que você traz aqui, principalmente com o seu post de ontem ("Eu não preciso mas eu queeeeero").

Inclusive, te convido a acompanhar o "Gente Como a Gente", e se você gostar, também te peço para divulgá-lo =) Se você não gostar, pelo menos fica a sugestão para seus leitores.

Um grande abraço e parabéns pelo seu trabalho,

Ed Diniz

Gabriele disse...

O descaso das pessoas com a questão do estupro me revolta tanto, tanto... Aff... Como podem existir pessoas com tanta indiferença e falta de empatia? E ainda tem gente com a cara de pau de fazer piada com isso...
E o pior é ver mulheres que acabam tendo esse mesmo tipo de visão. É muita lavagem cerebral pra se chegar a esse nível...
Me emocionei muito com o relato. Realmente, não pode ser visto como uma violência isolada. É uma violência contra todas nós.

Aoi Ito disse...

Poxa :/ Não sei se gosto da reapropriação da palavra vadia.

Acho que é um projeto interessante: A sociedade automaticamente pensa que uma pessoa que usa roupas "provocantes" é uma vadia, AKA, uma mulher que faz sexo com várias pessoas. Uma mulher "promíscua".

Só que:

Eu sou completamente contra o victim-blaming, uso a roupa que quero na hora que quero, mas não sou uma vadia. Não sou promíscua, não tenho várias parceiras sexuais (Só meu namorado :3). Não é slut-shaming, é que simplesmente não sou uma vadia pelo sentido literal da palavra. Um estilo de vida com muitos parceiros sexuais não é o que me agradaria.

Nem todas as mulheres anti-vitcim-blaming são "promíscuas" (Gente, tem algum termo que seja "faça sexo com muita gente" que não implique "pecado e mimimi da igreja"?). Slut-shaming e victim-blaming são coisas diferentes. Nem toda vítima é uma vadia (Urrrgh, não gosto desse terrrmo), por exemplo, então acho que chamar de slut-shaming o que é victim-blaming (Rima) nem sempre é bom.

Por que temos que escolher entre um dos dois termos da dicotomia feminina, que é a coisa mais machista ever? Santas ou putas - Por que não podemos ser só mulheres? Por que precisamos ceder a um dos dois lados tipo "ah, eu faço coisas que não são de santa, então eu TENHO QUE SER PUTA"? :/ Acho legal a idéia de subverter o que é considerado bom e ruim, mas acho que temos que ter cuidado com isso. Ser santa não é 100% bom, ser puta não é 100% bom.

Ni putas, ni santas, solo mujeres.

Rogério Santos disse...

O que é "slut-shaming" e "victim-blaming"? Alguém explica aí para mim, por favor.

(Esse uso contumaz de expressões em inglês atrapalha mais do que ajuda.)

Débora disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Aoi Ito disse...

Desculpe, Rogério. Não sei a tradução de 93274324 termos em português porque passo a maior parte do tempo em blogs feministas em inglês D:

Slut-shaming é o ato de fazer uma mulher se envergonhar de si mesma por ter muitos parceiros sexuais e/ou ser sexualmente livre, não há bem uma definição quanto a isso.

Victim-blaming é jogar a culpa de alguma coisa (Geralmente estupro) na vítima, tirando assim a culpa do agressor.

Liana hc disse...

"Mexeu com uma Mexeu com todas"

Concordo e assino em baixo. Comentei lá pro final do outro post "Padrões que se repetem sempre" algo sobre isso.

Esses casos de desrespeito vão se somando e de tão comuns vem alguém para dizer "é um número dentro da média!". Claro que é, este é um país machista que julga a estuprada, e não o estuprador, pela roupa que estava vestindo ou pelo número de parceiros que teve, e que põe a violência sexual contra mulheres como algo inevitável e natural. O fato de estar "na média" não significa que isto seja aceitável ou sirva de justificativa. Tremenda inversão de valores.

Não podemos categorizar mulheres para determinar seu grau de 'culpa' no ocorrido, nem desviar o foco de que a agressão é de responsabilidade do agressor. Chega de fingir que isso não acontece ou que é uma situação como outra qualquer. E acima de tudo, precisamos nos unir e agir. É preciso muito força para se reeguer depois de passar por algo assim e receber apoio e carinho é fundamental.

Débora disse...

Triste, muito triste.
Sou universitária e já conheci casos parecidos. Uma coisa que também me incomoda é fato deste depoimento ser anônimo, o fato das vitimas não poderem gritar para todos o que aconteceu por puro preconceito. Afinal,depois de um estupro a mulher fica suja pra sempre, não é? O que será que vão pensar dela?
Sei que não deve ser fácil nesse mundo machista em que vivemos, mas sempre pensei que se um dia acontecesse comigo eu não tentaria esconder, iria a luta por justiça.
E quanto as pessoas que pensariam mal de mim? E quanto aos caras (ou namorado para quem tem)que tivessem nojo de mim depois disso? Sinceramente, de gente machista e preconceituosa eu quero distância.

Pessoa anônima, esses momentos horríveis (que eu só posso imaginar) já passaram. Agora a vida segue em frente, lutando para que crimes como esse não se repitam.

Escarlate disse...

Eu acho incrível a reapropriação da palavra vadia, e desde que fui na Marcha das Vadias em SP, acho que uso com frequência. Eu sempre me lembro da reapropriação do termo "queer" e como deu certo.

Eu sou vadia, pq pra mim vadia é toda mulher que se solta das amarras sociais machistas. Se alguém me chamar de puta, vagabunda, vadia? OBRIGADA! É isso que eu sou, uma mulher que não se sujeita a ninguém, e q não se importa com a opinião de quem não importa.

E nem sei o que é "promíscua". É ficar com mais de um macho? Dois talvez? Quatro? Cem? Qual é quilometragem sexual limite pra não ser vadia? Não existe.

TODAS AS MULHERES SÃO VADIAS. Ou nenhuma. Sempre vão nos julgar pela nossa vagina. Pela roupa, por namorar, por não namorar, por ficar, por casar, por não casar, pela fala, por...

aiaiai disse...

excelente post, tem tempo q essa situação em campinas só piora e ninguem faz nada.

aiaiai disse...

quanto aos comentários:

porra, gente, nem é muito revolucionário associar vadia à mulher livre. Grande Clementina já fazia isso com arte, estilo e verdade:
http://www.vagalume.com.br/clementina-de-jesus/nao-vadeia.html

Flávio Brito™ disse...

Não concordo quando dizem que as pessoas são coniventes ou tratam com descaso esse tipo de crime.

O fato é que esse crime é repudiado por quase todos, nem mesmo os piores assassinos, traficantes, ladrões aceitam esse tipo de crime.

Existe sim descaso com as vitimas por parte do Legislativo que não trabalha em uma punição exemplar aos criminosos, se não me engano são apenas dez anos de prisão, algo risível para tamanha barbaridade.

Ai o estuprador comete essa atrocidade contra uma cidadã pega dez anos cumpre um terço da pena, tem uma série de benefícios, sai da cadeia no dia das mães, natal, festa junina, dias das bruxas...

Estou cansado de ver na TV caso de estupradores reincidentes (Como aqui perto de casa com o maniaco de Luziania)que estupram seis, sete mulheres ao longo da vida.

Sou a favor de legislações similares a de muitos países da Europa pena mais severas, acompanhamento psiquiátrico para o criminoso pelo resto da vida e castração química!

Ai vem pessoal dos direitos humanos!
Os Humanistas e revolucionários (O tipo de gente que “xinga” de reaça) dizendo:

Ai tadinho do estuprador castração é contra os direitos humanos... BLZ pessoal deixa ele continuar tendo ereção para estuprar outras mulheres e crianças afinal o direito dele está acima do direito ao próprio corpo das mulheres!

aiaiai disse...

fora do assunto, mas ainda sobre machismo...q acho q está por trás de toda violência contra a mulher:

1. o tal do crítico de cinema q fez as pazes com a lola, postou ontem o seguinte tuíte:

http://t.co/0AYtehv

Mas, por favor, não chamem ele de machista por causa desse deslize...não, ele é defensor das mulheres, essas vítimas da exploração da industria do cinema.
(modo ironia ON)

2. na mesma linha do não sou machista "veja bem eu sou até contra o malafaia ". Vereador de são luiz disse isso, após dizer isso:

"Mulher é como Facebook: você curte, cutuca e compartilha"

Vcs entenderam a relação entre "não sou machista" e "sou contra malafaia" ? ME EXPLIQUEM, please (por favor).
p/saber mais, leio o link:
http://t.co/pGcqnny

aiaiai disse...

até esqueci da boa notícia:

um amigo meu, q sempre me disse q eu era feminista demais, comprou um carro, velho, mas anda.

O que importa é q ele disse:

"Sabe, aiaiai, vc tem razão. Nós homens nos acostumamos a pensar do jeito q mandam a gente pensar e não percebemos o monte de besteira q falam".

e eu:
é? o que aconteceu?

Qd comecei a sair de carro, achei q as mulheres tavam dando mais mole pra mim. Depois percebi q nao era nada disso. As mulheres sempre estiveram ali, do mesmo jeito, algumas querendo algo, outras não. Eu é que, depois de comprar o carro, passei a me achar mais interessante...melhorou minha auto-estima e daí, passei a olhar as meninas de outra forma. E até a achar q elas poderiam estar a fim de mim. Afinal, eu tenho carro. Como a gente é babaca".

e eu:

É!

Anônimo disse...

Eu sou jovem e vivo em uma cidadezinha do interior de SP. Tudo o que sei de estupro não tem o mínimo de experiência própria, não conheço nenhuma vítima de estupro, jamais ouvi falar de um caso de estupro perto da minha vida, estupro - na minha realidade - é coisa de filme, de gente má de novela. E eu já acho horrível.
Eu me sensibilizo com cada caso de estupro que conheço, através do blog da Lola, através no noticiário na Tv; é incrível que vivamos em uma sociedade onde até mesmo as barreiras do seu corpo um criminoso consegue ruir.
Tirar pertences, tirar a vida, tirar familiares, isso são tudo clichês, são todos males previstos. Uma vítima de roubo/assalto jamais será condenada por "estar dando sopa com um Rolex no pulso", tampouco uma vítima de assassinato será julgada como culpada por "convidar o criminoso a matar-lhe" e jamais um desses casos de pessoas que tem familiares mortos por agiotas ou vingança de dívidas de drogas, jamais são pessoas ditas merecedoras "por que é que foi se envolver com esse tipo de gente?". O tempo todo, as vítimas são vitimizadas e sua posição é de sofrimento, mas vítimas de estupro - que tem igual, senão mais motivos para serem respeitadas em seu mártir - recebem doses diárias de crítica, ironia babaca, piadinhas negras. Por que? Porque somos MULHERES. Uma criança, vítima de pedofilia não é culpada por despertar desejo sexual em um homem, o homem é que é o louco; mas no caso da mulher, o homem não é igualmente louco, ele é apenas um fraco rendido aos seus instintos, incitado pela víbora, a mulher-símbolo da traição, retratada na Bíblia. Alguém 'temos que colocar um ponto final nisso. Basta! "Please, respect my vagina / just a special place insiiiide" ;D

Lord Anderson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andréa disse...

Chorei ao ler esse post.

É terrível a sensação de impotência que nos atinge!

Impotência diante do agressor, impotência diante da polícia, impotência diante da sociedade...

A mulher estuprada continua sendo violentada... Pela polícia, que muitas vezes questiona se não deu causa, pela sociedade, que se pergunta se não houve "provocação"... Enfim... Somos tratadas como vilãs mesmo quando somos vítimas!

Por isso esse número absurdo de estupros ainda é irreal! Muitas mulheres deixam de denunciar pq sabem que vão continuar sofrendo julgamentos e preferem tentar esquecer.

Até quando mulheres vão continuar sendo violentadas com o aval da sociedade?

Precisamos mesmo nos unir!

Lord Anderson disse...

Flavio, se existe esse repudio pq a primeira reação de tantas pessoas é culpar a mulher quando ocorre o estupro.

Veja qualquer noticia de violencia sexual em qualquer jornal, na parte dos comentarios sempre tem alguem para dizer que a moça provocou ou que deu mole, ou ela está inventando...

de uma olhada nesse link

http://t.co/hqKmH7n


a vitima é uma menina de 14 anos,

e olhe os comentarios, dizendo que era mentira e jogando a culpa nela.

todos feitos por homens.

e esse é apenas um exemplo de varios.

lola aronovich disse...

Flavio, vc acha que a sociedade não é conivente com o estupro? Que tem empatia pela vítima? Eu nunca vou me esquecer deste post. Lembro quando o publiquei. Pensei que só haveria empatia com a vítima, e revolta com a agressão, com a situação. Ahn, certo. Leia os comentários. Depois volte pra me dizer que todo mundo é contra o estupro e a violência contra a mulher.


Aiaiai, não espalha essa descoberta do seu amigo, que isso pode ferir a autoestima de muitos caras. O que tem de carinha por aí que põe toda culpa por não fazer sucesso com as mulheres no carro, ou na falta de carro...

Flávio Brito™ disse...

Lord Anderson Acompanhei essa reportagem pelo programa do Datena.
Não estranho que pessoas façam trolagem com isso.
Duvido quem façam isso em público.
Mas mantenho o que disse: a maioria das pessoas não aceita isso.
Posso colar vários links de estupradores esquartejados por presidiários.
Estupradores ficam separados no “seguro” para não serem mortos por outros criminosos.
Até mesmo é comum populares espancarem às vezes até a morte estupradores pegos em flagrante.
E você tem razão há idiotas que culpam a vitima, o que é tão idiota quanto culpar alguém por ter sido assaltado.
A grande culpa mesmo pelos casos principalmente os reincidentes é do legislativo.

Bruno S disse...

Flavio,

assino embaixo do que o Lord Anderson disse.

Em estupro sempre dão um jeito de culpar a vítima. Boa parte dos comentaristas deve acabar se identificando com o estuprador.

Rogério Santos disse...

Obrigadíssimo, Aoi Ito. Eu até sei um pouco de inglês por ter morado quatro meses nos Estados Unidos. Entretanto, por ter voltado há quase seis anos, estou bastante destreinado. Valeu pelos esclarecimentos.

Gre disse...

Já ouvi um jornalista escrever em um post sobre um estupro seguido de assassinato: "Sem considerar que meia noite não é hora de menina de família estar na rua".

Perdemos nosso direito de ir e vir há muito tempo. Temos que viver com seguranças ou não viver! Os monstros estão à solta! Affff.

Concordo com o Flávio Britto em um ponto, não conseguiremos de imediato mudar a visão machista que a sociedade fixou, então a castração química seria sim uma saída.

Flávio Brito™ disse...

Lola me lembro deste post.
Você melhor que ninguém sabe que existe muita trolagem.
Não duvido que haja idiotas que levem essas opiniões a sério.
Vocês mulheres são maioria no mundo e quero muito acreditar que uma mulher não mantenha esse tipo de opinião para com outra mulher que foi violentada.
Dentre os homens com os quais convivi todos tem opinião parecida com a minha e repudiam esse crime.
Cansei de ver relatos de estupradores mortos pela população.
Nada neste mundo assusta mais um estuprador cumprindo pena que um motim no presidio, porque ele sabe que sua morte é certa.
Por esses fatos acredito que a maioria esmagadora das pessoas não são coniventes com isso.
Fica minha revolta com o legislativo que não cria penas mais severas para o estupro, que não legisla leis para monitorar estupradores reincidentes a fim de proteger as mulheres.

André disse...

A coitada não conseguiu amparo nem na delegacia da mulher. Nenhuma surpresa, pintar um "da mulher" na plaquinha não vai diminuir o descaso da polícia com as vítimas.

Luiza Prestes Karam disse...

Até a Delegacia da Mulher fazendo pouco caso, um absurdo. Por incrível que pareça, enquanto a polícia faz pouco caso, os presidiários tentam fazer com os estupradores a própria justiça. Que ironia...

Queria saber a reação desses que deveriam tomar alguma atitude, se imaginassem as esposas, filhas, irmãs ou mães violentadas.

Liana hc disse...

Até em casos de pedofilia é comum a família culpar a criança e isentar o pedófilo. Tem um bocado de estudos de psicologia sobre isso por aí.

Este tipo de coisa não acontece porque as pessoas acham estupro uma coisa bonita, é o contrário. Sexo é tabu, se juntar com violência e uma cultura de recalque, hipocrisia e machismo vai resultar nestas reações estranhas. Culpabilizar a vítima é uma maneira de tirar o peso moral e ético da questão, é dizer 'ah, o problema não é assim tão grave, o cara errou mas ela também deu motivo'. Fica uma coisa 'ladrão que rouba ladrão..'

Tudo isso porque do contrário, admitir que a culpa do estupro é unicamento do estuprador implica em algo muitíssimo grave para se deixar passar. Minimizar livra a pessoa de ter de se posicionar sobre assunto tão espinhoso, de ter que agir quando se sabe que vai enfrentar muitos olhares enviesados por comprar briga, livra de ter que lidar com a dor alheia afinal se ela também teve culpa entende-se que também não tem o direito de reclamar.

Enfim.. os 'benefícios' de jogar a culpa na vítima de estupro são grandes do ponto de vista da preservação do ego e do sossego de quem observa de longe. É enterrar a cabeça na areia e esperar o perigo passar. Muito mais fácil.

De vez em quando um estuprador é pego pra cristo mas isso é só para desencargo de consciência. A maioria dos casos é solenemente ignorada.

Vamos lembrar que dependendo da existência do machismo e do seu grau, o conceito de estupro varia bastante. Tem homem que acha que fazer sexo com uma mulher bêbada nem é estupro. Tenho quase certeza que um bocado desses presidiários compartilham desta mesma opinião então não haveria nenhuma perseguição ao sujeito que só 'se deu bem'.

Gre disse...

Liana, compartilho da sua opinião sobre a questão do estupro em situações encaradas como "normais". Sem a aceitação seja verbal ou corporal, eu penso ser abuso sim.

Antecipo para os possíveis engraçadinhos. O corpo fala sim, se não sabem ler isso é uma deficiência séria.

Sério também são as pessoas que por conveniência aceitam a condição por acharem ser obrigação da esposa, namorada ceder sempre que o marido, namorado quiser.

Relação sexual só é relação saudável quando ambos querem, sem jogos nem pressões.

Estupro não é relação, é ABUSO e VIOLÊNCIA!

Anônimo disse...

Eu consigo ver duas coisas muito distintas:
- Ódio do estuprador, e
- Falta de empatia com a vítima

Não são a mesma coisa! NÃO SÃO A MESMA COISA!!

Posso odiar o estuprador, achá-lo um desgraçado, que ele deveria morrer e sei lá o que, ao mesmo tempo que eu acho que a culpa foi da vítima.

É o famoso "esse estuprador merece morrer... MAS a mulher procurou!"

Acho que era isso que estávamos querendo dizer ao Flávio, que sabemos que estupradores são vítimas preferenciais em cadeias;

mas que à este fato não se soma empatia, solidariedade, compaixão com a vítima.

[.ingrid.]

Anônimo disse...

O artigo penal referente ao estupro foi modificado em 2009.

Antes era:
Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça

Ou seja, apenas penetração vaginal era estupro. Os demais tipos de abuso eram enquadrados como "atentado violento ao pudor".

O novo artigo é:
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso

[.ingrid.] - desculpem postar anônima, não estou conseguindo fazer loggin

Lord Anderson disse...

Luiza, Lina

As vezes desconfio que alem de toda cultura machista há tb uma busca por "segurança" nesses esteriotipos

se vc acredita que estupradores são só malucos que atacam em becos escuros e apenas a mulheres vestidas de "vadias"

acaba tendo uma sensação de segurança de que isso não vai acontecer com sua esposa/mãe/filha/irmã afinal elas são mulheres "direitas" e não vão a lugares "errados".

Anônimo disse...

Prometo que é a última que posto.

Antes o código era chamado de "Crimes contra os costumes", agora é chamado de "Crimes Contra a Dignidade Sexual"

Ainda bem que mudou!

[.ingrid.]

Liana hc disse...

Gre, pensei o mesmo sobre a situação das esposas e namoradas diante da violência sexual praticada pelo companheiro.

Concordo com você Lord Anderson. Dá uma falsa sensação de que é possível controlar o estupro, bastaria cumprir com determinados critérios que a mulher estaria imune a isto. São pessoas que reagem partindo da premissa de que é obrigação da mulher 'evitar' ser estuprada. Portanto, quando não funciona ela teria que dividir a culpa com o agressor. Absurdo total.

Mayara Zucheli disse...

Temos que nos organizar mesmo, encher as ruas de passeatas. Isso vai mudar, como ela disse: é só o começo!

Anônimo disse...

'não se trata apenas de um oprimido que rouba como forma de existir num sistema capitalista, mas de um agressor ao corpo da mulher...'

Pois é, pena que tenha que chegar num exemplo extremo desses pra certas pessoas verem o óbvio, que culpar o capitalismo por tudo é uma besteira, algumas pessoas só são ruins mesmo.

Su disse...

Caramba, realmente se nós, mulheres, não nos juntarmos, o estupro sempre vai ser relegado a segundo plano. A culpa vai seguir sendo de quem sofreu a violência. E a vítima seguirá sendo a culpada.

Achei interessante ver a mudança no meu pensamento. Qdo era mais nova e lia alguma notícia sobre algum caso de estupro, pensava que se acontecesse comigo, acabaria me escondendo. E até me afastando das atividades cotidianas.

Hoje em dia, acredito que lutaria pelos direitos, sem vergonha. Como alguém comentou, as vítimas desse tipo sempre são anônimas.

E tudo isso lembra a única vez que fui assaltada. Voltava de madrugada pra casa com uma amiga. O assaltante fugiu e liguei pra polícia. Liguei 3 vezes pra polícia. E quando ela chegou, o policial me culpou. Que eu não podia andar sozinha (eu estava com uma amiga, logo o sozinha significa sem a cia de um homem). Discuti com ele. No fim, os dois pediram desculpas. Mas a sensaçaõ de impotência, de não poder mudar a situação durou algum tempo.

Sigo com a minha vida normal. Que para muitos poderia ser um absurdo. Discuto com amigos próximos sobre o machismo deles. Pelo menos acredito que uma vitória parcial já consegui. Eles me aceitam como sou e não tentam mais me mudar. Mas sigo na luta, questionando eles, contando como é ser mulher e compartilhando o que sentimos perante certas atitudes.

E é isso, mexeu com uma, mexeu com todas!

Pili disse...

eu também recorri à delegacia especializada da mulher em campinas e fui mal atendida. Por uma mulher :(

benzadeus, meu caso não passou nem perto do horror de um estupro. Foi a assédio em local de trabalho.
Mas ainda assim eu saí de lá mais injuriada do que quando cheguei.

Primeiro nem quiseram me atender alegando ser uma lide trabalhista. Eu expliquei ter procurado a delegacia mais próxima (direito de qualquer vítima)e contei a situação (clara violência de gênero).
Então me aconselharam a não prestar queixa para não iniciar uma perseguição no trabalho.
Expliquei que eu sabia a briga que estava por vir, mas o problema tinha durado por mais de um mês e culminou em agressão física, registrada em uma das cameras de segurança. E eu confiava naquela prova pra dar queixa.
Disse ainda ter tomado cuidados pessoais, como mudar de endereço, e tive de agüentar o seguinte deboche: "Sossega que ele não vai te matar"
Eu ia responder que o sujeito andava armado, mas pra me poupar preferi assinar logo e sair logo dali.
Não deu pra assinar e sair porque redigiram o documento com erros na narração dos fatos!
Eu pedi a correção e dessa vez tive que ouvir "É, eu já to gastando mais tempo do que devia com esse caso"

Eu bem que podia ter ido pra casa sem aquela, né?
Bom, no trabalho não tive apoio nenhum e passei por encrenqueira. Tava pouco me lixando. Juntei meu dinheirinho e fui embora da cidade.
Mas fico muito, muito triste de saber que dois anos depois o despreparo dos profissionais continua assim.

Anônimo disse...

Dê uma olhada nesse link (http://itsnosecretatall.blogspot.com/2011/08/um-pouco-sobre-mim.html), recebi de uma amiga minha que conhece a Zivit, acho que você deveria dar uma lida. Adoro o modo como você escreve, tu fala o que todas nós pensamos, mas acho horrível que ainda seja necessário estar batendo nessa tecla.

Fefa disse...

Ingrid,

Perfeita a lembrança da mudança de tipificação no CP, talvez seja esse o motivo da dúvida da escrivã...

Mas quando a "culpa da vítima", não concordo. Não há como dizer que a pessoa "tenha procurado" ser estuprada.

Eu entendo, que mesmo com o namorado, marido, ficante, em um quarto, na cama, sem roupas, e se naquele momento a mulher diz NÃO QUERO - isso é não, e o ato não deve proseguir. Estamos falando da intimidade de alguém, isso não tem relativização: não = não, não existe instigação no mundo que possa relevar o fato de alguém obrigar outra pesssoa a violar a sua dignidade sexual.

É o que eu penso...

Sara disse...

O nome desse post deveria ser um lema pra nós mulheres, porque somos muitas, unidas venceremos todas as lutas, e conquistaremos tudo o que nos é negado pela nossa condição.
Eu me coloco a disposição de todas as manifestações, passeatas, abaixo assinados, e o que mais for, pela defesa do feminismo, participei da Slut Walk aqui em São Paulo junto com minha filha.
Temos amigos que estudaram na UNICAMP, e realmente esse lugar já esta criando até fama, pelo numero de estupros acontecidos, e o que foi relatado deve acontecer em todos os outros casos ou (DESCASOS) como é o que parece.
Todas nós individualmente devemos lutar por nossos direitos, e acho que quando aparece a oportunidade de nos manifestarmos não devemos perdê-la, por ser uma forma legitima de pressionar as autoridades, portanto "MEXEU COM UMA,MEXEU COM TODAS"

Dois amigos-primos, que pensam muita coisa sobre quase tudo disse...

OI Lola!
Sbe se tem uma coisa boa(pelo menos pra mim né) com a "ameaça" do Marcelo Tas do processo, foi que conheci seu blog, leio há algum tempo e não costumo comentar (´prefiro apenas ler as discussões nos posts). Mas esse guest post me causou no minimo arrepios, não consigo deixar de pensar no descaso, inclusive de mulheres como a escrivã, que insistem em culpar que é ofendido pela ofensa
Realmente abusrdo
Obs: Adoro seu blog.

Blanca disse...

É foda ler essas coisas. Relutei em ler esse post, sabia que tava por vir informações contando que as delegacias não se importam.

Me revolta demais. Sensação de impotência total, como já disseram.

Ághata disse...

Ainda vai demorar muito até que a violência contra a mulher comece a ser levada a sério.

Anônimo disse...

Morei por quase 20 anos na Cidade Universitária em Barão Geraldo. Durante minha adolescência, por várias vezes tive que enfrentar homens da pior classe que existe, que me seguia na rua, outro que descia do carro e se masturbava assim que me via, etc. Era sair na rua que acontecia alguma coisa assim... Incrível como esse lugar tem "tarados". O pior nunca aconteceu, mas sofri por muito tempo com isso, até o dia que resolvi não andar mais na rua, talvez por que eu não precisei mais. Antes, necessariamente ia ao trabalho e a escola a pé.
Se engana quem pensa num esteriótipo desses homens. Um deles, e o mais nogento de todos que já vi, tinha carro novo, uma pick-up roupas sociais, cabelo arrumado, barba feita, visivelmente era alguém que tinha um bom trabalho e usava o horário de almoço para procurar meninas pelas ruas. Nojento. Fico imaginando que ele devia ter namorada, mulher ou filhos, que não deviam imaginar como ele podia ser tão nojento.
Mas sabe o que era pior de tudo? Chegar em casa assustada, chorando e ouvir do pai e irmãos que eu era a culpada por me vestir da forma que me vestia. Fui a cada dia me fechando mais, achando que eu era a culpada realmente. Colocava roupas mais folgadas e feias, cabelo preso, camiseta, tênis, quase me vestindo como um homem. Cada dia que passava achava pior alguém me falar que eu estava bonita, eu queria mesmo era ficar feia, ser bonita não era bom. Uma confusão de pensamentos total. Mas com o tempo percebi que me esconder atrás de quase uma "burca" não me afastava desse tipo de homem. Apenas não sair mais sozinha na rua sim. Foi o que eu fiz.
Nunca procurei uma delegacia, mesmo com a placa do carro anotada. Tanta injustiça e falta de apoio até da família que eu nunca imaginei que acionar a polícia seria a solução (infelizmente!!!)

Anônimo disse...

Eu sei o que dizer sobre isso...e concordo que quando uma e estrupada,todas sao...passei por isso em Porto Alegre,e nao entendo porque no minimo seis homens arregaram quando dois apareceram e me salvaram ...ate na delegacia de mulheres questionaram: `Porque eu estava la??Todos me perguntavam porque aconteceu isso comigo...inclusive e principalmente mulheres!

Letícia disse...

sou estudante da Unicamp e tenho apoiado totalmente as ações d@s estudantes contra a violência sexual em Barão Geraldo. um comentário meu sobre o assunto, no ano passado, virou guest post... na época, o problema já estava vindo a público (apesar de diversos órgãos administrativos fazerem de tudo pra abafar os casos) e o que me chamou atenção, na época, foi receber emails de academias de artes marciais oferecendo aulas pras estudantes da Unicamp. hoje, a minha opinião sobre o assunto mudou: acho, sim, fundamental para uma mulher aprender defesa pessoal. mas esperar que a gente consiga se defender sozinha, apenas, é absurdo.

"vítima nº 3", toda a solidariedade a vc... talvez a gente já tenha se cruzado pelo campus. e é isso mesmo, sinta-se acolhida: mexeu com uma, mexeu com todas! eu já tive uma amiga muito próxima chorando no meu ombro depois de ter sido estuprada. acompanhei o conflito dela pra denunciar ou não, os problemas psicológicos, o enorme impacto que o estupro causou sobre a carreira dela, uma moça brilhante, sem igual. é o amor por ela, por vc, por todas as mulheres do mundo que me move hj pra lutar contra o machismo - pq eu já tenho provas mais do que suficientes de que ele mata, faz adoecer, aprisiona!!

eu concordo com vc: sem lançar mão da força policial, isso é, das rondas preventivas e principalmente da punição dos culpados, acho difícil que consigamos resolver o problema. sempre discordo qdo o pessoal que organiza esses movimentos como o de Barão Geraldo insiste em deixar apenas o cunho ideológico da coisa, a luta "abstrata" contra o machismo, como aquela que a gente vê nas marchas das vadias. só isso não resolve qdo a gente vive em um lugar onde simplesmente não há polícia pra temer, pq ela está sempre no lugar errado, na hora errada. por outro lado, existem os casos de estupro que não se limitam a desconhecidos agindo em ruas escuras (e acredito que seja a maioria): são as moças abusadas em festas, dentro de casa, ameaçadas por colegas. minha amiga, por exemplo, foi violentada por um conhecido, um colega de curso... pra esses casos, segurança basta? sabemos que não. é a longa batalha contra a mentalidade machista que está tão impregnada na sociedade que às vezes a gente realmente acha que não vai conseguir vencer.

Conceição Lima disse...

q história tocante. quase chorei. n sei como essa garota se reergueu. eu teria grande dificuldade.

feminismo mais forte dentro de mim.

Aline disse...

Oie, moro em Campinas, mas sou do interior, na cidade onde eu morava era tudo calmo, mas infelizmente a cidade é conhecida pelo caso do "andarilho", o que sequestrava, estuprava e matava crianças. Que diz ter matado mais de 100.
Minha cidade só aparece na TV por essas coisas. A discovery fez um documentário: "O monstro de Rio Claro" falando desse cara.
Mesmo assim a cidade é calma, no geral. Quando me mudei pra Campinas achei que era tranquilo aqui tbm, mas fui assaltada várias vezes, ando na rua com medo de ser abordada, mesmo no centro da cidade, Campinas me dá medo.

Denise disse...

Isso é assustador. Considerando que Campinas é uma cidade meio que universitária, será que isso também tem a ver com a universidade em si? Morei em uma cidade que tem os índices de estupro altíssimos por causa da universidade. Será que em Campinas estão contando os "date rapes" também? Eu fui quase vítima de um quando nova. Ainda bem que não aconteceu (o cara caiu na real antes de ir mais além) mas apesar disso me senti humilhada e impotente. Nem contar eu pude por que senão acabou a pouca liberdade que eu tinha em casa. E iriam (meus pais) me culpar. Pelo menos foi como eu pensei na época. E o problema ali não era sexo, assim como em qualquer estupro, era de poder. De fazer o que ele queria, quando ele queria.
Agora, eu não sou vadia. Sou mulher. Estou com a Aoi Ito nessa. Não vejo sentido na "reapropriação" de um termo que foi sempre usado para nos oprimir. Detesto o termo e ele não me define. Concordo com ela ao dizer que esse termo polariza a mulher e ainda adiciono que ele nos divide em vez de nos unir em uma só bandeira. Sou mulher. Gosto de sexo com meu homem, choro, trabalho, gosto de vídeo game, sou mãe apaixonada, amo a cozinha, respondo na lata quem tenta me desrespeitar, gosto de filmes românticos, de ficção científica, etc etc. Sou mulher e não preciso me definir nem como santa nem como puta.
O que mais me assusta hoje em dia são as mulheres que culpam quem sofre um estupro. Eu não consigo entender isso. Para mim essas mulheres cometem um crime quase tão violento quanto o estuprador.

Anônimo disse...

sobre o assunto: eu tenho HORROR de estupro, morro de medo, até ler sobre o assunto me causa náuseas. acho q estuprador tinha que ser castrado mesmo, to nem aí, seja o marido q estupra a mulher, seja o maníaco do parque. nojo. nojo. nojo.

[off topic] concordo totalmente com a Aoi Ito e a Denise: não sou vadia, sou mulher e exijo respeito.

tentei apoiar a slutwalk, tentei divulgar o significado correto pra quem vinha com piadinha engraçaralha, mas me recusei a ir.

Anônimo disse...

Que país asqueroso é o Brasil, mais um incentivo pra mulherada ralar nas universidades públicas. Lamentável como a mulher não tem valor nenhum para os brasileiros.

hernesto disse...

Eu tive um prof. dr. em psicanálise que disse que a mulher nunca é estuprada à toa, tem sempre um olhar diferente nela, alguma forma de "sexualidade exacerbada", uma roupa com amostra de pele... Pobre coitado, estudou pra isso. Se você for ver como as mulheres se vestem no verão da Europa... e o índice de estupro lá é baixíssimo nada acontece a elas.

Unknown disse...

hernesto, a questão não é apenas roupa
local, horário, cia etc etc etc

Glaucia disse...

Esse é para Aoi; olha a idéia nem é impor um comportamento vadia para ninguém, muito menos obrigar as pessoas a usarem roupas curtas. A desconstrução de Vadias requer uma noção coletiva de mulher e de sociedade, é dizer coletivamente que se ser livre, usar a roupa que vc quer (calça, cacharrel, sainha, ou burka) legitima qualquer violência, então somos todas vadias. Se vc se pensa apenas como indivíduo, ela não funciona mesmo, mas aí é outra discussão. A violência contra mulher não se justifica sequer com uma prostituta, que trabalha com sexo. E nem com uma santa, que tem poucos ou nenhum parceiro. Mas as duas, são vítimas em potencial da violência com igual intensidade. Além disso, a apropriação do termo nem é novidade, o movimento negro fez isso com a palavra "preto", que antes queria dizer escravo, cativo, e hoje é utilizado para denotar afirmativamente a etnia.

Gabriela Galvão disse...

You go, girl!

(Todo o meu amor a você e à Lola, incansável. Lindas. Beijos.)

Defesa316 disse...

Não consigo entender esses esquerdistas.
Não gostam que a policia entre no Campus.
Mas reclamam da criminalidade no campus.

Lar Ternura disse...

Assinado: Vítima número 3 do mês de julho.

Senti vontade de chorar

Caos disse...

Comigo foi a mesma coisa.
Fui na delegacia, debocharam de mim. Fizeram pouco caso. Só não foi pior pois meu irmão me levou.

Pior que foi um colega.. então, semanas depois (quando consegui sair de casa), todo mundo que me conhecia vinha perguntar, porque ele saiu falando pra todo mundo que eu tinha surtado e isso e aquilo e eu fiquei taxada de louca.

Nem tentei me defender quando vi que as pessoas ainda falavam com ele numa boa e começaram a me evitar.

Mas, eu sobrevivi. Ainda tô aqui.
Com uma dor dentro de mim que nunca vai passar.

O mundo é uma grande merda mesmo.

Chorei lendo esse post.
Desejo toda força, carinho, compreensão, compaixão, amor, respeito, valor à todas as mulheres do mundo que já passaram por algo similar; e obviamente, aos homens também (não é só mulher que é estuprada).