terça-feira, 9 de agosto de 2011

PEREGRINAÇÃO POR UMA CIDADE SEM CALÇADAS

Eu e maridão num lindo parque em Roma

Como comecei a contar, o maridão e eu passamos metade do mês de julho em férias pela Europa. Foi divino: conhecemos (ou no mínimo caminhamos rapidinho por) várias cidades, como Roma, Pisa, Genebra, Tours, Bordeaux, Paris, San Sebastian, Toledo, Madrid, Cáceres, Évora e Lisboa. Foi quase tudo perfeito, se não considerarmos o dia em que tentamos ir andando do nosso hotel pro museu do Vaticano. Como a gente podia saber? Tinham dito pra gente em Roma que nosso hotel ficava a 8 quilômetros do centro e a 4 do Vaticano. Ou seja, que havia um vaticano no meio do caminho. Quatro quilômetros a pé nem pareceu tanta coisa. E eu, toda sábia-zen, dizia pro maridão que mais importante que chegar ao lugar desejado era a jornada até lá, pequeno gafanhoto. Mas no meio do caminho a gente percebeu que nunca chegava lá, que não havia absolutamente nada aproveitável naquele percurso puramente residencial, e que as calçadas estavam minguando. Sério mesmo, a impressão que tivemos é que Roma é um lugar sem calçadas, só ruas. E, como todos sabem, é perigoso andar na rua, porque disputa-se o lugar com bichos muito mais poderosos que você (chama-se carro). É verdade que vimos em Roma muitos mais carrinhos Smart (que o maridão chamou de carro de brinquedo, mas é uma graça, e basicamente virou meu sonho de consumo, se eu ainda tivesse a menor vontade de dirigir, e se ele não custasse no Brasil a absurda quantia de 60 mil reais!) que no resto da Europa, o que no mínimo denota alguma preocupação ambiental, mas essa cidade bonita e antiga ― dois mil anos de história! ― não me pareceu ter sido feita pra pedestres. E uma das minhas maiores obsessões no momento se refere a espaços públicos. Quando uma cidade é feita só de ruas, e só de ruas pra carros, sem um transporte coletivo decente (no caso de Roma até existe uma desculpa para o metrô ser tão restrito: cada vez que começam a cavar para fazer mais quilômetros de metrô, encontram alguma relíquia. E como a cidade é patrimônio da Humanidade, e tombada ― como deve ser ―, há de fato esse obstáculo para não ter mais linhas), estamos privatizando o espaço público. A cidade, que deveria ser de todos que a habitam ou a visitam, passa a ser daquele carro particular, geralmente levando apenas um passageiro (o próprio motorista). Quantas pessoas, bichos de estimação e árvores poderiam harmonizar o espaço ocupado pelos carros?
E isso não é só com os carros não. Roma é uma cidade cheia de bares e restaurantes com mesinhas nas calçadas. Lindo e fofo, né? Hum, não exatamente. Porque aquela calçada em frente ao bar, que deveria ser pública, agora pertence ao bar. E se você quiser sentar-se lá não vai encontrar um magnífico banco público (que, em todo o mundo, cada vez mais são extintos ou repletos de tranqueiras para que mendigos e outra “gente diferenciada” não os ocupem para dormir lá), e sim uma cadeira com mesinha. E, pra sentar lá, só consumindo alguma coisa. Ou seja, você vai ter que pagar pra usar um espaço que deveria ser público, e pelo qual você já paga, através dos impostos (inclusive, em vários lugares custa mais caro pro consumidor comer ao ar livre que dentro do bar/restaurante). Isso sem falar que é muito mais difícil caminhar por uma calçada já estreita repleta de mesinhas, tendo que se desviar delas. Como faz um cadeirante, por exemplo, pra transitar por ali? Não faz.
Ando acompanhando a revolta de algumas pessoas de Belo Horizonte com novas leis que vão afetar o funcionamento de bares com mesinhas na calçada em um dos bairros mais boêmios da cidade, Santa Tereza. Li a reclamação do dono de um tradicional bar na “capital dos botecos”. O interior de seu bar é minúsculo, tem apenas lugar pra três mesas. Todo o resto fica ao ar livre, na calçada. E a prefeitura de BH quer mudar isso (também pra diminuir o barulho à noite numa zona que, até a década de 70, era apenas residencial). A gritaria dos frequentadores dos botecos contra essas mudanças é grande e até compreensível: tradição e tal (em cidades com pouco mais de cem anos, algo que dure três décadas vira tradição). Mas não é meio cômodo abrir um bar nessas condições? A gente aluga ou compra um cubículo, instala lá uma microcozinha e três mesas, e usa o espaço público ― a calçada ― para acomodar os clientes. Que, aliás, não são cidadãos, mas consumidores? É a tônica do capitalismo: o cidadão que se dane, viva o cliente. Sorry, mas, pra mim, isso soa como privatização do espaço público. E observamos essa dinâmica em Roma direto (ao contrário de Paris, que tá cheio de calçadões).
Mas, voltando, estávamos indo andando pro Vaticano e de repente não havia mais calçadas, placas, previsão de quando e como chegar lá, nada. Paramos no único ponto de ônibus que vimos em não sei quantos metros e perguntamos pra uma moça italiana muito prestativa e com um excelente inglês se o Vaticano ainda estava muito longe. Ela disse que sim, e que seria melhor pegar o ônibus, mas aí se lembrou que não dá pra comprar passagem de ônibus dentro do ônibus (cujas empresas já acabaram com a função do cobrador, pra cortar despesas, e até parece que a economia gerada foi passada pro passageiro), e obviamente o lugar mais próximo pra comprar a passagem era... em frente ao museu do Vaticano! Aquele não foi um dia muito produtivo, viu? Comecei a querer saber com o maridão porque nós, dois ateus (pelo menos uma delas assumida), tínhamos que fazer esse sacrifício da peregrinação até o Vaticano por ruas sem calçadas, ainda mais se no dia seguinte um ônibus da excursão passaria por lá. Quando finalmente chegamos ao museu (ou ao menos à saída do museu), o ingresso custava quinze euros cada. Hum, o Vaticano é um dos Estados mais ricos do mundo. Eles é que deviam nos dar uma graninha pra entrar lá. E esse é só o museu, em que há pinturas e obras de tapeçaria. Não é lá que fica a Capela Sistina. Pra ter o pacote completo sem precisar enfrentar uma fila de três horas no sol (pior que a Disneylândia), guias e excursões cobram 45 euros por pessoa. Não entramos. Mas tiramos fotos da fonte que aparece em O Código da Vinci (quer dizer, acho que não é a mesma fonte porque o Vaticano não deixou aqueles hereges filmarem lá).

40 comentários:

Lucas disse...

Um amigo voltou recentemente da Europa e fez a mesma reclamação sobre Roma.
Depois de visitar museus em Berlin e Viena, ficou beeeeem decepcionado com o Vaticano, que parece atração de parque de diversões mesmo.
Já a Catedral de Roma é lindíssima e bem pouco visitada, valeria a pena uma olhada.

Milady Carol disse...

Nossa Lola, eu aaaaaaaamo Roma! Morei 2 anos e meio la, e até hoje é um dos meus lugares preferidos. Essas indicações de endereço de hotel são meio enganosas, quatro quilômetros é algo muito relativo :D Pergunta indiscreta: você ficou pelos lados da Boccea, ou da Pineta Sacchetti? Porque lembro que fiquei hospedadada um tempo num hotel la (tem muitos hotéis por la e é uma zona residencial) e apesar da pseudo-proximidade com o Vaticano, não tinha como ir a pé, um descidão quase sem calçadas que dava muito medo, principalmente quando algum carro tirava algum fino da gente...

Lord Anderson disse...

Aqui na minha cidade ao menos, a prefeitura tá sendo rigorosa com isso.

Nada de bares ou comercio invadindo as calçadas.

Anônimo disse...

hhaahha sua cara, lola! sua viagem com o maridão pela europa custou muito mais caro que a média gastaria (foi realmente caro, dá pra fazer uma viagem "de casal" confortável - sem precisar viajar como estudante, com mochila nas costas, por beeeeeeeeeem menos do que vocÊs gastaram), e vocês miguelam a entrada pra visita do vaticano. rs

Bruno S disse...

Fiquei cansado só de ver a lista de cidades percorridas. Pessoalmente não me empolgo muito com esse ritmo de viagem. Gosto mais de ter tempo para curtir cada lugar.

Já sobre a distância, 4 km não é uma caminhadinha à toa. Sem conhecer o caminho tem boa chance de ser uma furada.

marthacomth disse...

Lola, a entrada no Museu inclui a Capela Sistina sim!! Os caras que ficam là fora querendo convencer as pessoas a contratà-los como guias é que devem ter te dado a informaçao errada... Mas enfim, eu achei um absurdo que, em Roma (nos museus e monumentos), eles nao dao NENHUMA indicaçao ou mapa do que vc està visitando... Soh pra te fazer comprar um audioguia ou pagar um guia, obvio... Nem um mapinha mixuruca, nem uma notazinha explicativa ao lado do monumento neca...
Enfim, acho controverso essa historia de bares usarem lugares publicos... Ok, é porque eu sou de BH e adepta incondicional de botecos, e acho que nao é completamente sem sentido colocar mesas na rua - desde que respeitem um espaço minimo entre a calçada e a rua, pras pessoas passarem e etc.. Mas eu nao tenho nenhum argumento pra derrubar o seu, é soh coisa de belorizontina mesmo =) E pq eu odeio a administraçao do atual prefeito e tendo a ver as decisoes dele como uma manifestaçao do desejo de esterilizar a cidade, e mesmo que exista essa questao do uso do espaço publico, os tradicionais botecos também podem ser lugar de discussao e troca de idéias - pràtica que o prefeito quer eliminar da cidade.
E por falar em espaço publico, nao sei se vc ficou sabendo mas o dignissimo prefeito de BH chegou a querer vender uma rua pra fazer um Hotel!! Medida tomada pensando na Copa, obviamente.. Mas eu nao sei como isso terminou..
Enfim esse comentàrio jah ficou grande e desvirgulado demais! Beijo, Lola =)

Daní Montper disse...

Também gosto de caminhar até um local para aproveitar o caminho! Mas acho que não faria isso por um museu hehehe

Pena que acabou tão rápido, né, não? Toda vez que viajo sinto uma tristeza quando volto, mas isso é porque amo demais viajar, conhecer lugares, histórias etc

paulinha barreto disse...

Lola! tive em Roma há poucos meses, meu padrasto é romano e me guiou por lá. sobre os carrinhos pequenos, os smarts, o que ouvi dizer é que Roma tem um problema muito sério de estacionamento - não só Roma, tivemos perrengues com isso tb em Floreça. estávamos passeando num doblò que não cabia em muitos lugares! aliás, eles têm até umas regras "protecionistas", tipo assim: só pode estacionar em tal rua se for morador. junte a isso aquelas ruazinhas mega estreitas e vc entende o pq da necessidade de micro-carros, rs. eu, pelo menos, não escutei nenhum discurso sobre preocupação ambiental... mas que os smarts são lindinhos, são mesmo. eles tb povoam meus sonhos mais consumistas, hehe :)

Kaká disse...

Lola, os italianos tem Smart não por preocupação ecológica, mas porque é o único carro que cabe naquelas ruas estreitas do centro. Ou é um Smart ou é uma scooter. Os italianos adoram seus carros e não gostam de andar, então, calçada pra que né? (falo isso baseado nos vários amigos italianos que tenho e quando digo que uma coisa que fica a 2km é perto eles sempre reclamam).
O transporte público em Roma é até eficiente, usei bastante os ônibus da última vez que estive lá, mas no centro só a pé mesmo. (os tickets do ônibus podem ser comprados em qualquer banca de jornal.)
Acho Roma linda, mas as vezes sinto falta de sombra, que não seja num parque, não tem árvores no centro histórico (só nas coberturas dos prédios).

O Museu do Vaticano é bacana, mas eu prefiro o British Museum (que é grátis) e todos de Berlim.

Liz disse...

Sabe o que eu mais gosto em seus textos? Sempre há um meio de nos levar a refletir. AMO SEU SENSO CRÍTICO!
Realmente, há várias cidades com estes problemas. Aqui em SP estamos vivendo isso cada vez mais.
Eu achei engraçado você se referir a ser ateia e ter que fazer a tal peregrinação ao Vaticano. Agora veja só, eu, judia ( não tão praticante assim, vai), cuja companheira é Metodista, filha de pastor metodista e TODOS, eu disse Todos, os familiares super engajados nas religiões judaica e protestante, fomos ao Vaticano e ficamos horas em uma fila absurda, com direito a ouvir uma senhora rezando em alto e bom som na nossa frente ( ah, ah, ah, ha). Mas ficamos felizes de conhecer o dito Vaticano! Não há como entender tanta contradição. Mas a força de desejar muito conhecer outras culturas, faz-nos romper barreiras ideológicas. E o maior barato das viagens é exatamente isso, a gente quebra preconceitos. Meu sonho é conhecer uma mesquita em algum país islâmico. Ahhh, Liz, você quer demais, né?

Luma Perrete disse...

Sou louca pra conhecer a Europa. Adoro viajar!

Acho que não aparece nada do Vaticano no Código da Vinci. O filme e o livro se passam na França, na Inglaterra e na Escócia. O que se passa na Itália é Anjos e Demônios.

Bruno S disse...

Liz,

sou ateu e tenho para mim que visitar templos religiosos são parte importante para o turismo.

Primeiro porque na maior parte das Igrejas não se paga entrada. E tem a parte interessante do contraste entre épocas, pois tem construções de mais de mil anos, com decoração bem posterior e ainda em uso.

Sobre mesquitas, a Mesquita Azul em Istanbul vale a visita e a cidade não te colocorá em situações complicadas devido à sua origem.

Niemi Hyyrynen disse...

Suas férias foram bem agitadas em Lola? Passou por tantas cidades! Mas eu acho que vou mais na linha do Bruno, prefiro visitar uma cidade de cada vez, com calma, para não só admirar o lugar mas tb aprender mais sobre a cultura. (acho que não dá tempo de caminhar 8km e ainda conversar com os nativos e aprender sobre suas histórias).

Sobre as calçadas, tb acho um insulto esses bares se apropriarem das calçadas e cobrarem por um espaço público, ali na avenida Paulista no cruzamento com a Brigadeiro no final de semana aquelas calçadas que são largas são invadidas por mesinhas de bar, fica dificil de andar por ali...está critico.

Não sei, sou ignorante nesse assunto, não há uma lei que regulamenta isso?

Alex disse...

Niemi,

com certeza existem leis contra apropriação de espaço público. Não sei se existe uma específica para bares e restaurantes. Que eu saiba se uma pessoa quiser abrir seu estabelecimento para a rua, tem que fazer dentro do seu lote.

E pela norma de acessibilidade e segurança, é obrigatória uma faixa livre para a circulação de pedestres de no mínimo 1,2m (sem postes ou outros obstáculos). Para ruas mais movimentadas a largura mínima é de 25 pedestres por minuto por metro.

Alex disse...

nesse site da prefeitura de sp tem umas informações:

http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/duvidas.asp

"3) Faixa de acesso (sem largura mínima): existente apenas em calçadas com largura maior que 2 metros, localiza-se exatamente em frente ao imóvel e pode conter mesas de bar, vegetaçã, toldos, rampas ou propaganda, desde que não impeçam o acesso ao imóvel. Para mais informações, consulte a cartilha Passeio Livre, clicando aqui."

Escarlate disse...

O foda é andar na Rua Augusta depois das 20h: Impossível. Quase fui atropelada várias vezes pq aqueles butecos minúsculos ocupam toda a calçada, vc acaba tendo que andar na rua, e ainda disputar lugar com outras pessoas e carros estacionados.

samya disse...

Jesus!! Cidade demais em muito pouco tempo, você nao deve ter aproveitado muito o que é uma pena. Eu morei três anos em Roma e tem mais area verde e espaço pra pedestres do que pode se imaginar nessas excursoes corridas. Valeria mais a pena ter escolhido um so pais.

Liana hc disse...

Viajar é bom demais, ainda vou conhecer a Europa, conheço algumas passoas que foram e ouvi muitos elogios.
Acho que visitar as igrejas é válido pelo simbolismo e valor cultural que carregam afinal foram peças importantes na construção daquelas sociedades. De qualquer forma muitas daquelas construções são lindas.

Calçadas e bares, gosto delas quando estou andando, gosto deles quando estou bebendo. Brincadeira, eu não bebo, fico só na água e petisco.
Acho que o bom senso deve prevalecer, a segurança do pedestre vem em primeiro lugar. Se também há espaço para as mesas, ótimo. O lucro do bar não pode ficar acima de um direito básico que é o ir e vir em segurança.

Aqui onde eu moro isso nem chega a ser um grande problema, as calçadas já são muito ruins, para pedestres e para os bares.

Niemi Hyyrynen disse...

Alex

Grata pelas informações!

Escarlate

Verdade, não citei Augusta e nem Villa Madallena por ser óbvio demais...a situação lá nesses dois lugares é drástica...

Jéssica disse...

[Off-topic]

Queria compartilhar uma tirinha do Laerte, em que ele pisou na bola.

http://murieltotal.zip.net/arch2011-07-24_2011-07-30.html

Já deixei um comentário lá. Está confundindo "piada" e "liberdade de expressão" do Rafinha Bastos com incitação ao crime de estupro =/

Somnia Carvalho disse...

Lolissima, so conheci Roma em 2009 e foi na Pascoa... pegamos uma aviao e pronto! mas na Pascoa ce sabe ne... entao tive uma impressao ruim de ter mesmo que me esgueirar para nao ser atropelada em muitas ruas... eu gostei muito de Roma, mas uma das coisas que segurou minha empolgacao foi a mesma comentada por voce... com angelo a gente ia de pescoco doendo olhando pra tras ver se ninguem nos pegava... de quebra vi uma missa com a santidade na praca... a santidade do mal... rs... foi uma viagem boa! mas nao das mais inesqueciveis.

eu to louca e pra saber sua visao de parrrrri mon cherrieeee!

Milla Gebara disse...

Lola, você fez viagem "CVC". Vai ter que abrir a munheca e voltar tudo de novo. Fiquei 18 dias em UK, sendo 2 em Liverpool, 2 em Edimburgo e o resto do tempo em Londres e ficou faltando coisa para ver!

Letícia disse...

hmmm, não entendo como uma cidade tão procurada dificulta tanto a vida dos turistas! pq, ãhn, turista costuma mesmo andar a pé, né? ou eles esperam que todo mundo alugue um carro? mas vc vai viajar pra ficar dirigindo e/ou preso no trânsito? coisa chata, hein!

Anônimo disse...

lola, ruas sem calçadas, construções que abocanham as vias públicas, calçadas esburacadas, com muitos sacos de lixo esperando horas a fio o caminhão passar. nas calçadas de recife tem de tudo, de TUDO mesmo! só não existe um lugar para se caminhar de um jeito seguro. fico me perguntando até quando o bem público vai ser encarado como de ninguém, sem dono. não é meu, então jogo lixo, não é meu, então pode ser feio, pode até não existir. tem bares lá em recife que vão além das calçadas, colocam mesas na rua mesmo. o hábito de não viver num lugar limpo, seguro, de não se locomover com tranquilidade e sem acrobacias, nos cega para questões de acessibilidade, de direitos básicos, de beleza... será que conseguimos pensar no patrimônio público antes de termos um patrimônio particular digno? fica a pergunta. bjs

Arlequina disse...

Lola, a visita ao Vaticano vale mesmo à pena pelo sorvete que tem perto de lá - é o MELHOR DA EUROPA.

Além disso, a desgraça do museu do vaticano é um labirinto feito pra você precisar pagar pra poder ver a Capela Sistina, que, na minha opinião, foi meio frustrante. Especialmente com os guardinhas gritando SILÊNCIO, TURISTAS VÃO EMBORA, ESSE É UM LUGAR DE PRECE! em pelo menos 3 línguas diferentes.

O Vaticano eu só volto quando ele for engolido pelo inferno e cuspido de volta. Daí quem sabe, tenha passado por umas reformas interessantes.

Daniela Avila disse...

Concordo totalmente que a via pública deve ser pública! As mesinhas para fora deveriam ser permitidas apenas naqueles calçadões onde carros não circulam, ou então se o bar tiver um recuo e as mesinhas não ocupem o lugar destinado aos pedestres!

Sara disse...

Ai Lola viajar é uma delicia, mesmo quando a gente se mete em roubadas kkkkkk, faz parte né, se desse tudo certinho nem tinha graça.

MegMarques disse...

Estive em Roma em maio passado e achei maravilhoso.

Passagem de ônibus e metrô em Roma se compra em qualquer banca de jornal ou tabacaria e há milhares espalhadas pela cidade.

Comprando um RomaPass por 25 euros, vc teria entrada gratuita em mais de 70 museus de Roma (os principais) e bons descontos em outros tantos.

Não existe isso de entrar só em um ou dois museus do Vaticano. Uma vez lá dentro, vc circula à vontade, ou quase, por todos os locais. O único que tem ingresso à parte são os Jardins. Lá dentro, vc pode escolher entre o circuito completo (demora quase um dia inteiro), o roteiro das obras mais importantes, ou um roteiro curto, para pessoas mais idosas, mais cansadas ou menos interessadas. Pelo mesmo preço.

As maioria das ruas da Roma atual datam do Renascimento, época em que só se andava a pé, ou de cavalo ou carruagem. Não se vai desfigurar bairros inteiros construindo calçadas modernas, onde aliás, se elas existissem, não haveria como circular nenhum veiculo de tão estreitas são as ruas antigas. Pedestres tem todo o direito de circular, mas e o abastecimento de mercadorias e alimentos? e mudanças? e ambulância? e carro de polícia? e carro de bombeiros? como faz?

Acho que faltou tempo e pesquisa na sua viagem.

Vanessa A. disse...

Lola, comento bem pouco no blog, por falta de tempo e um pouco de preguiça mesmo, mas adoro todas as suas postagens e sempre recomendo. Por causa dele consegui me assumir feminista. =)

Sobre a viagem, quero muito fazer uma parecida, mas com mais tempo pra ver os lugares, já que estudei (e tranquei) arquitetura e quase toda a parte de História da Arte e da Arquitetura é de lá.

Sobre Roma não ter calçadas, fiz um trabalho sobre o Império Romano e, nas pesquisas, fiquei sabendo que o traçado da parte antiga é o mesmo desde o auge do Império.

Já Paris passou pela reforma coordenada pelo Barão de Haussmann e Napoleão III no século XVIII que derrubou a maior parte da área medival e construiu 95km de vias novas, em padrão barroco, com linhas retas, ruas amplas para sanitização da cidade e, consequentemente, calçadas largas.

Não estou defendendo o uso do automóvel, longe de mim, mas só explicando o porquê da diferença tão gritante.

Sobre calçadas, o que o Alex falou está corretíssimo, mas as prefeituras simplesmente ignoram a acessibilidade já que isso não dá voto. Engraçado é notar que rua não tem degrau, mas calçada tem, né? E pro carro. Como diz a arquiteta Thaís Frota, se o lugar não está pronto para receber todas as pessoas, então o lugar é deficiente.

Carol disse...

É difícil mesmo ficar sabendo desses detalhes quando se fica tão pouco tempo numa cidade... Eu fiquei 3 dias em Roma em 2009 com meu namorado e comprei um guia turístico pra aproveitar melhor a cidade (recomendo muito comprar guias turísticos, eles sempre tem dicas e informações que vc não consegue em outro lugar e acaba economizando bastante com ele). Bem, deixamos pra ir pro Vaticano no domingo e fiquei sabendo só ao chegar lá que ele não abre aos domingos (um ponto a menos pro guia) MAS no último dia do mês abre e o acesso é gratuito!! E tivemos muita sorte de esse ser o nosso caso.
Sobre o Vaticano em si não achei nenhuma maravilha. Me pareceu um depósito de coisas bonitas e caras, não um museu. Era como se eles falassem pros turistas o tempo todo: "estão vendo como somos ricos?". Isso me deu uma certa revolta na época e rendeu alguns posts no blog que eu mantinha. Mas no fim das contas foi bom. Espero que tenha sido bom pra você também, apesar dos pesares :-)

ana gabardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ana gabardo disse...

Lola, você viu?

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/956347-rafinha-bastos-depoe-em-delegacia-de-sao-paulo.shtml

Ju Haghverdian disse...

Looola, eu nao sabia que estavas indo de ferias pra la, tambem decidi pelo mesmo caminho, so que eu fiz Londres, Paris, Veneza, Florenca, Roma e Barcelona. Voltei ha 3 semanas.
Fiquei impressionada com a quantidade de brasileiros batendo perna por la, onde parava escutava portugues daqui, portugues de la, marido aproveitou pra praticar o dele hahaha.
Outra coisa que me deixou de queixo caido eh que tem que pagar pra usar o banheiro publico, gente do ceu, o unico lugar que nao cobraram foi o banheiro do Vaticano... eu batendo perna na Champs Elisee a procura de um banheiro publico, quando achei tinha que colocar moedinha, como assim moedinha se eu ainda nem consegui usar meus Euros?? Como trocar notas por moeda pra poder usar o peepee house?

Sobre os meios de transporte, de todas as cidades que passei, Roma e Barcelona foram as unicas que vi com acesso a deficientes fisicos, em Paris algumas das estacoes tem mas a maioria nao tem acesso algum, e com todas as escadas e sobe e desce, como que eles fazem? Vai saber...

Bom saber das tuas aventuras, conta mais

Factorama Mundo disse...

vc vai até Roma pra reclamar das calçadas???Tu realmente tem algum problema pois é muito amargor para uma pessoa só.

P. P. P. disse...

RECOMENDO A TODOS.... NÃO DEIXEM DE LER

Transcrição integral da entrevista da “euronews” com o Presidente iraniano
Mahmoud Ahmadinejad

http://www.odiario.info/?p=2168

Giovana disse...

Lola, mandei um email pro lolaescreva@gmail.com. É sobre o guest post que me sugeriu. Acho que não recebeu. Pode conferir, por favor? Super abraço.

lola aronovich disse...

Giovana, verdade, não recebi seu email. Vi quando vc me mandou um tweet (anteontem?) dizendo que havia mandado um email, mas não o recebi. Vc pode mandá-lo novamente? Está mandando pro email certo? É lolaescreva@gmail.com
Estou numa semana hiper corrida, mas sempre checo os emails.

Giovana disse...

Mandei de novo.

Patrick disse...

Ah, Lola, um troll comenta que você foi a Roma só pra falar das calçadas... E se eu disser que estou quase completando meu terceiro mês em Londres admirando as calçadas da cidade :)

Ao contrário do que o troll poderia pensar, não fiquei sentado no meio fio admirando os paralelepípedos ou o cimento :) ... e sim a vida urbana. Os casais, pais ou mães levando os seus filhos em carrinhos para passear, fazendo compras, levando-os às creches ou escolas... Tudo isso à pé, porque as calçadas - não em todos os bairros, é verdade - geralmente são amplas e planas. É tão bonito ver crianças de 3 anos andando de patinete, sem medo de cair num desnível ou sem ter que apelar pra perigosa rua...

Cumprir todas as necessidades do dia-a-dia sem ter que babar por uma Toyota Hilux, como a nossa classe média faz! O resultado são cidades e pessoas mais saudáveis :)

Anônimo disse...

O princípio da legitimidade diz que o governo não tem nada que condenar o que o povo acha certo.Se ele faz isso está agindo pros interesses dele governo, e não do povo.
Então se nem o povo nem o governo acham errado a cidade do jeito que ela está,e tu não gosta disso, o problema é teu.