quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MEU SALÁRIO E A GREVE DAS FEDERAIS

Até agora no blog, não falei nada sobre a greve das federais, e falo agora com um pé atrás, porque é um assunto um tanto polêmico. Eu sou o que se pode chamar de uma recém-doutora. Terminei o doutorado em junho de 2009, passei no primeiro e único concurso da minha vida em agosto daquele ano, e tomei posse na UFC em março do ano passado (parece que foi ontem!). Estou em estágio probatório até março de 2013. Em março do ano que vem vou completar dois anos e, assim, estou apta a pedir progressão funcional, que se dá a cada dois anos. Parece que preciso reunir toda a papelada de tudo que fiz durante esse período (publicações, palestras, organização de eventos, comissões, coordenações, número de horas lecionadas, e inclusive a nota média que os alunos me dão nas avaliações semestrais) e submetê-la a um conselho, que emitirá um relatório. Este relatório é lido e posto em votação no meu departamento. Se tudo der certo, em abril estarei no nível Adjunto 2. A diferença é salarial: ganharei R$ 188 (brutos; líquidos, não sei) a mais por mês. É uma mixaria, mas, como disse um professor amigo, num ano dá R$ 2340, o que não é desprezível. E por aí vai — a cada dois anos, dá pra subir um nível e ganhar um tiquinho a mais. O grande salto mesmo é quando, depois de Adjunto 4, o professor vai pra Associado. Aí o salário já pula de R$ 7.913 (o salário bruto de um professor adjunto 4) para R$ 10.703. Uma diferença realmente considerável. É possível pra um doutor chegar lá, com progressões funcionais, em oito anos de carreira.
Hoje meu salário, assim como o de qualquer adjunto 1 numa universidade federal, é de R$ 7.333. Isso bruto. Líquido fica nuns R$ 5.640 por mês. Mas a folha de pagamento é toda esquisita. O vencimento básico mesmo é de apenas R$ 2.318. Aí tem a GEMAS (Gratificação por Exercício do Magistério Superior), que é de R$ 1.098, e o RT, que não é retweet, mas Retribuição por Titulação (R$ 3.916). E um auxílio-alimentação de R$ 304. Desse dinheiro todo desconta-se minha mensalidade pra Adufc (sindicato dos docentes), que é de 1% do salário total bruto (ou seja, R$ 73), contribuição social e imposto de renda, e sobra R$ 5.640 (isso é pra doutor; um mestre com 40 horas de dedicação exclusiva ganha cerca de R$ 4.140 líquidos). Que é o maior salário que já recebi na vida. É complicado pedir pra alguém que nunca ganhou um salário tão bom entrar em greve. Claro que, se meu sindicato tivesse optado pela greve, eu entraria.
E claro que, apesar de ser o maior salário que recebi na vida e de ser um salário altíssimo pra esmagadora maioria da população brasileira, ele é baixo se comparado a praticamente todas as outras carreiras do serviço público. Está muito defasado, depois de oito anos congelado pelo governo FHC. Lula fez reajustes, mas não houve aumentos reais. Esses dias circulou um estudo dizendo que os ganhos dos professores federais hoje está igual ao da era FHC, mas eu considero o troço tendencioso. Afinal, Lula, em 2006, criou a classe Associado (aquela que descrevo acima). Antes o professor chegava a Adjunto 4 e ficava lá pra sempre — porque é dificílimo chegar a titular (salário bruto de R$ 11.755, mas os concursos só acontecem a cada dez anos, por aí). Sei bem que, como professora, jamais ganharia o que ganho se não fosse numa universidade federal (as particulares nem contratam doutores!). Mas também sei que a proposta do governo foi péssima, e vai desvalorizar ainda mais salários já defasados.
Qual foi a proposta? Foi meio indecente: 4% de reajuste a partir de março do ano que vem. Nem um centavo de reajuste em 2011. Mais de duzentos Institutos Federais (IFs) estão em greve. Num momento em que quase todas as pessoas sensatas exigem que 10% do PIB seja dedicado à educação, um reajustezinho desses soa como provocação. Pra piorar, uma reunião na semana passada entre sindicatos e governo foi um vexame: o representante do Ministério do Planejamento inventou que o medíocre reajuste de 4% seria em cima apenas do Vencimento Básico (sabe os R$ 2.318?), não do salário total com suas gratificações. Pegou mal pacas. Mais tarde o governo confirmou que o reajuste seria em cima do salário total (como havia sido proposto), e os dois maiores sindicatos, Proifes e Andes, assinaram.
A Andes costuma ser muito mais dura. Ano passado, a UFC e outras universidades fizeram um plebiscito para ver se continuariam com a Andes. Decidimos migrar pra Proifes (e por isso esta semana no Twitter fui chamada de pelega por tabela!). A Proifes fez várias assembleias e plebiscitos pra consultar se os professores queriam ou não aceitar a proposta do governo (não aceitar equivaleria a entrar em greve). Os docentes daqui do Ceará foram os que menos deram apoio à proposta: 54% disseram sim, 46%, não. Em outros estados a adesão à proposta foi de 80%. Segundo o Proifes, dos 4246 professores ouvidos em todo o Brasil, 3309 aceitaram o que foi proposto pelo governo. Os docentes consultados pela Andes também toparam (ou o sindicato não teria assinado o acordo). O principal é que desde já comece um diálogo para equiparar nossos rendimentos com as carreiras de Ciência e Tecnologia. Aí a diferença é de 30%. Ganhamos 30% a menos, com a mesma titulação! Esperamos que, a partir de 2013, essa injustiça seja corrigida, e que haja toda uma reestruturação da carreira docente (e também incorporação das gratificações ao salário base).
De minha parte, acho que sempre vou ficar dividida. Por um lado, estou ciente dos meus privilégios e sei que ganho muito bem. Por outro, é óbvio que gente que faz mestrado e doutorado (de maneira geral, um mínimo de seis anos a mais de estudo) mereça ganhar muito mais. Por um lado, greve é um direito de todo trabalhador e uma ferramenta bem eficaz pra se conseguir avanços. Por outro, atrapalha o funcionamento do curso e a vida de alunos e professores. O ideal seria que um governo que ajudamos a eleger escolhesse melhor suas prioriedades e abrisse um diálogo de verdade com os sindicatos.

65 comentários:

Unknown disse...

Bom, é realmente indigesto constatar, mas vivemos num país cujas prioridades nunca foram a educação. O atual "vácuo" de engenheiros é um indício para isso, não? Essa cultura nossa de olhar com desdém para coisas relacionadas à educação, e mesmo o desrespeito cultural aos professores - há relatos de conhecidos meus que elogiaram os filhos que desrespeitaram seus professores - é outro indício de que o problema é mais sério do que poderíamos pensar. Me lembro bem que o anúncio do Pré-Sal trouxe consigo a promessa de mais investimento na educação. E é assim que eles começam? Praticamente zombando dos profissonais que mais estudaram no país e ilegalizando greves estaduais e federais?

Daní Montper disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daní Montper disse...

Ainda sonho com o PNE e com 10% do PIB para educação...

Um doutor ganhando 7 mil é pouco, aliás, todo profissional de educação é muito mal pago.

Também fico divida sobre a greve, pelos motivos citados, mas no caso dos professores de ensino fundamental e médio e bombeiros, não tenho dúvidas, tem que se fazer greve, como pode um bombeiro no Rio ganhar mil reais? E professores menos que isso!! Na empresa em que trabalho, um auxiliar de serviços gerais ou um office boy ganham o mesmo que esses profissionais...

Arlequina disse...

Ai, Lola, essa coisa da desvalorização da carreira de Humanas é realmente uma praga.

Compartilho a dor, porque, nesse momento, estou fazendo intercâmbio aqui na França (ó, classe média sofre, né?).

A maior parte dos intercambistas de pós-graduação (ainda estou na graduação) que eu conheço são de Exatas. E quando converso com professores franceses mesmo, eles me apontam que o gap de salário e de valorização está acontecendo aqui também.

Acho que tem a ver com uma cultura um tanto quanto utilitarista (afinal, pra que você vai estudar História? Pra que serve, além de dar aula? Perguntas que todo mundo que entrou na faculdade teve que ouvir, seja dos pais ou dos amigos preocupados...).

Esses dias andei pensando nisso como uma forma de segregação de gêneros também - afinal, empurram as meninas sempre pra longe das Exatas, né, porque meninas 'não são boas em matemática'. Uma forma de manter as diferenças ou você acha que é um exagero?

O indicador de "sucesso" se mede pelo seu salário, pelo seu nível de 'utilidade para a comunidade'. Acho que é interessante quando você conversa com o pessoal de Exatas que resolveu seguir carreira acadêmica. Até onde sei, enquanto na História você briga à tapa por uma iniciação científica (mesmo sem bolsa), em Exatas tá sobrando. Afinal, a maior parte dos estudantes está com uma carreira em empresas garantida, que vai dar muito mais dinheiro do que se tornar professor.

Não sei se estou simplificando muito a situação, estou apenas observando um pouco as coisas ao meu redor, na USP e, agora, no intercâmbio.

marthacomth disse...

Lola, sério que vc acha que quem faz mestrado e doutorado merece ganhar muito mais?
Eu nao concordo com vc de jeito nenhum... Aliàs talvez isso seja um bom tema de post e de debate.
Eu sou totalmente contra esse academicismo e acho que pensar que quem é "acadêmico" merece ganhar mais é recorrer à tal divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual (Marx explica). Que na verdade é uma divisão onde os privilégiados ascedem à um status simbolicamente superior (afinal, ELES sao os inteligentes) e a ralé vê sua situaçao (e seu salàrio) menores justificados por uma hierarquia ilusoria de inteligências.
Desculpe a fala um pouco desvirgulada e sem acentos (meu pc é gringo e eu tô comentando meio na pressa). Mas eu sou a favor de um sistema onde as pessoas ganhem a mesma coisa pelas horas trabalhadas, ora bolas!
Até pq ter mestrado e doutorado é coisa de quem pôde se dar ao trabalho de dedicar todos esses anos aos estudos - é uma escolha, nao um "sacrificio" que te faz continuar estudando.
Os paises onde a desigualdade é menor sao aqueles, exatamente, onde um salàrio de um operàrio é apenas ligeiramente diferente do salàrio de um super funcionàrio. Ok, "ligeiramente" pros padroes brasileiros. A diferença persiste, mas se um acadêmico ganha 5 mil (jogando pra cima!) e o salàrio minimo é 1 mil, ele ganha 5 vezes mais.... e no Brasil essa diferença é entre 500 de salàrio minimo é 5000 de um doutor recem-contratado...
Eu concordo que a verba tem que aumentar pra educaçao, sim, mas isso nao quer dizer que tenha que ir pro salàrio dos professores (sei que vc nao quis dizer isso, mas soh pra reiterar que eu nao sou contra verbas pra educaçao, ora bolas.. o que me incomodou foi o discurso sobre o salàrio...)

Anônimo disse...

É Lola, vida de professor é tenso, eu moro em goiânia e minha mãe dá aula para o ensino fundamental pelo munícipio, e você bem sabe, salário de professor de nível fundamental é uma droga.Ano passado os professores do munícipio fizeram uma greve homérica, ficaram meses sem dar aula porque a prefeitura estava contrariando o governo federal e não pagava nem o piso salarial, os professores tinham provas disso, mas o prefeito falava no rádio e no jornal que o piso estava sendo pago.O resultado da greve?Os deputados aprovaram rapidinho uma lei que por alguma razão tornava a greve em questão ilegal, quem não voltasse ao trabalho ia se ferrar, fim da greve.E fizeram isso meramente para "dar uma lição" nos grevistas, esse ano a prefeitura atendeu as revindicações da greve do ano passsado, mas quando a greve acabou chegaram a fazer uma certa perseguição como que para ensinar a não fazer aquilo de novo, como a greve acabou perto do final do ano, houve muita reposição de aula em dezembro, só que sem nenhum aluno,pois ninguem ia na aula, tipo, no dia 22 de dezembro, mas a prefeitura mandava fiscais as escolas para saber se todos os professores iam, quem não ia sofria alguma consequência, corte de ponto, essas coisas.

Lucas disse...

Arlequina

Essa diferenciação fica clara até no espaço físico. O prédio da História/Geografia da USP foi construído pra ser provisório, mas está lá mal se segurando há décadas. (só lembrar da inundação de 2006)

Enquanto as faculdades "úteis" conseguem muito mais projetos e financiamento, inclusive da própria reitoria.

Concordo com tudo que disse, só não com a questão de um pensamento de "meninas não são boas em matemática".
Não sei, mas usando exemplos pessoais, lembro que no colégio as meninas sempre eram vistas como as mais dedicadas e organizadas.
Mas talvez isso tenha a ver com a mentalidade de meninas "educadas e sob controle". Acho que é algo a explorar.

E também, relembrando, aquela coisa de "profissões de mulher". Normalmente meninas são empurradas para áreas ligadas à saúde ou magistério. Essa divisão de gênero é clara.

Fernanda disse...

Eu só fico um pouco impressionada porque os professores que dão aula para o ensino médio de MG ganham tipo R$ 800,00. Estão em greve e a mídia daqui (comprada) não divulga nada. Fica só uns classe média sem noção reclamando do trânsito e de os alunos estarem em casa (atrapalhando os pais... olha a mentalidade).

Eu não consigo me solidarizar muito com a greve dos professores universitários por isso, sabe? Eu entendo, mas me parece meio mimimi.

E... Sei lá... Eu acho que esforço (estudar 6 anos a mais e tal, ainda mais que tem gente que faz isso com bolsa) não deve ser o medidor para o valor do salário de um profissional.

Enfim... Muito a pensar...

Beijão, Lola!

Anônimo disse...

marthacomth: Eu acho o salário dos professores, em geral, uma vergonha! Dar aula é algo estressante que exige preparo e dedicação. Ganhar 1.000 reais na rede pública (se você for de uma prefeitura porque estado é uma coisa...) é covardia. Mesmo os professores federais ganham pouco pois a cobrança de publicações e produção é enorme!

Acho que mestres e doutores da área de educação devem ganhar mais sim. Até porque são no mínimo 6 anos a mais de estudo em que várias coisas são sacrificadas sim. Conheço muita gente que dava aula particular que nem doido pra se sustentar enquanto estudava, morava em lugares horríveis, não tinha dinheiro pra nada. Afinal, não dá pra trabalhar enquanto se faz mestrado e doutorado (não se você quiser levar a coisa a sério) e as bolsas de estudo são super concorridas. São anos de investimento que merecem sim ser recompensados.

julio cesar disse...

Lola muito legal esse seu post.

Anônimo disse...

Marthacomth
Eu não concordo muito com você não, vamos combinar que o ser humano é, no geral, bem preguiçoso, se não avistarmos nenhum tipo de vantagem alem do mero conhecer mais (não desvalorizando isso)a maioria não iria se interessar muito pelos estudos.Eu não acredito em nivelamento de salários com esse critério de horas trabalhadas.Se a pessoa que estuda sei lá, 10 anos para ter uma especialidade médica for ganhar o mesmo que a pessoa que é office boy, não vai ter muita gente querendo fazer medicina.Eu sei que na maioria dos casos o office boy teve uma vida muito pior que a do médico, com total disparidade de oportunidades, mas nos precisamos de médicos sabe, então acho que a solução está em diminuir essas diferenças de oportunidades, não em nivelar os salários, a diferença entre os salários tem que ser reduzida, obviamente, para mim o problema não é o médico ganhar mais que o office boy, é ganhar tanto mais que o office boy não tenha condições dignas de sobrevivência e o médico tenha dinheiro sobrando para inumeros luxos, e claro, o fato de que o office boy não teve muita chance de virar médico.
Ok, fugi muito do assunto do tópico e só percebi agora, poderia reescrever usando um professor com doutorado ao inves do médico mas estou com preguiça(maldito pecado!), então vai assim mesmo haha.

Liana hc disse...

Lola, eu também tenho minhas dúvidas sobre o que seria um salário "justo", considerando a dedicação da pessoa, a valorização de seu trabalho e o contexto socio-econômico do país.

Naturalmente que esse salário baixo que é praticado para a maioria dos profissionais não é aceitável mas não sei dizer em que ponto o aumento deixa de ser justo e passa a ser escandaloso no nosso país.

Vejo como mais útil um investimento geral na educação, incluindo é claro uma remuneração mais adequada, principalmente para as séries iniciais que são estratégicas para o desenvolvimento dos alunos.

Criar condições melhores de trabalhos podem ter um efeito melhor para todos, alunos, professores e sociedade. Sem dúvida que há muito o que se pensar e melhorar.

Ela, Clarissa disse...

Como estudante, vivo o drama dessa greve nesse momento. Estudo na UFPE e aqui a situação está difícil para os estudantes, pois todas bibilotecas estão fechadas, editais para bolsa de manutênção acadêmica só vão ser liberados após o término da greve e ninguém sabe se amanhã vai ter aula.

Entendo os profissionais e tento entender o Governo, mas de longe o maior prejudicado é o estudante.

E mais prejudicados ainda são os professores e os alunos de Humanas e de licenciatura. Estudo filosofia e o meu prédio é decadente, esta em obra há pelo menos 4 anos e é para reparar a fachada!

Bolsas de estudo chove para área de Exatas, enquanto para humanas...

O problema é muito mais complexo do que uma greve e é muitos mais ignorado.

miss m disse...

Lola, eu entendo o que quis dizer, mas mesmo assim ainda acho pouco.Uma criaturinha recém formada que fale inglês fluente e dê aula em colégio bilingue, sem mestrado, aganha 5 contos brutos aqui no RIo.E eu sei pq conheço gente q dá aula em colégio bilingue. Um Técnico de tribunal federal , qq um deles ganha 5.000 brutos também. Descontando imposto de renda, dá 3.500, ok, mas para cargo de segundo grau, voc~e com doutorado ganhar 1.500 a mais?E ainda a relevância da sua profissão?

E sinceramente, não acho que são os funcionarios públicos que estão ganhando muito não.Com o custo de vida que temos, é o resto todo que tá ganhando muito pouco!

Anônimo disse...

Olha só, o rafinha bastos chamou aquela mulher lá de cadela, vc não vai esculhambar com ele não?

Anônimo disse...

O raciocínio da Marthacomth é curioso: o salário do professor é muito maior do que o mínimo; o correto seria uma sociedade com menos diferenças salariais; logo, reduza-se o salário do professor. Aumentar o mínimo, nem pensar.

Estou fazendo blague, é claro, mas é mais ou menos isso.

Quanto aos 7 mil da Lola - é um salário baixo, para o nível de qualificação. Mas a carreira, ao que parece, não é de todo ruim - chega a cerca de 11 mil com oito anos.

O funcionalismo público foi sucateado nos anos de FHC. Veio o Lula e melhorou um pouquinho: reajustou salários, fez concursos. O pessoal quer mais, não sem razão. Mas não tem mágica - o Estado deve os tubos, paga juros altíssimos, precisa fazer superávit. É casa de pouco pão.

Muita calma nessa hora. Muita engenharia financeira. Muita disposição pra negociar. E uma ou outra greve, que ninguém é de ferro.

samya disse...

Lola, você as vezes me parece um poço de contradições. Não foi num post sobre o trabalho doméstico que você disse que deveria se valorizar o trabalho e não os titulos universitarios na hora de se pagar um salario?

Bruno S disse...

Na questão de carreira e remuneração não existe só o corte pelo nível de formação.

Eu vejo um corte pelo ramo de atividade. Carreiras que cuidam de pessoas (professores, profissionais de saúde) ganham mal. Carreiras que cuidam de dinheiro/patrimônio ganham bem (economistas, engenheiros, advogados) na média ganham melhor.

Claro que encontraremos muitas excessões, mas eu gosto de um exemplo da medicina. Os médicos mais ligados a atendimento ao paciente (clínicos, pediatras, geriatras) tendem a ter situação pior que especilistas (cirurgiões, radiologistas).

Blanca disse...

Não são só instutiuções federais que estão em greve. As estaduais também estavam.

Lola, porque quando você quer dizer "pública", diz "federal"? Existem faculdades federais e estaduais também. Nunca entendi isso nos seus textos.

lola aronovich disse...

Daqui a pouco saio (já atrasada) pra dar aula, mas não estou me contradizendo, eu acho. Eu quero que a desigualdade social seja reduzida no Brasil (acabei de escrever um post sobre o assunto, que será publicado na segunda). Quero que todo mundo ganhe mais. Não acho certo que eu receba 10 ou 11 vezes mais que uma empregada doméstica. Mas é o salário mínimo que está baixo, não o salário de um professor universitário que está alto. E minha comparação é com outros servidores públicos que não têm mestrado ou doutorado, e ainda assim ganham o dobro que um professor universitário (vejam a tabela com os salários de todos os servidores). Tem vários cargos que pedem apenas ensino médio, ou uma graduação, e vc faz o concurso, passa, e já sai ganhando 10 mil. No caso de um prof. universitário, vc não pode sequer fazer o concurso se não tiver doutorado. E o salário inicial será a metade de outros concursados. Não sei, não me parece justo não.

Blanca disse...

Sinceramente não sei como ainda tem petista tipo a Lola. 8 anos de FHC? 8 anos de Lula também, ué.

Blanca disse...

(3º comentário meu em menos de 10 minutos, nossa)

Lola, é verdade. Minha mãe fez cursinho pra concurso público há uns 2 anos. Tinha uma menina no 3º ano do ensino médio lá, que se passasse pro mesmo concurso da minha mãe, ganharia uns 4 mil.

Arlequina disse...

@Lucas

Não é que as meninas não tenham que ser organizadas e delicadas, não é isso. Aliás, é mandatório que meninas sejam organizadas e delicadas.

Mas menina delicada e organizada não entra numa profissão bruta como Engenharia Civil, né? Imagina, a coitada lá no meio dos pedreiros, que vão atacar quando virem uma fêmea!

ESTOU SENDO IRÔNICA, ANTES QUE ALGUÉM TROLLE.

O que eu quis dizer foi que, apesar das meninas serem organizadas e eficientes, é esperado que elas entrem na área de humanas - e se a menina é REALMENTE organizada e eficiente, ela deve ir pra uma área biológica.

Da minha classe, apenas uma entrou pra Engenharia Química e uma outra foi pra Estatística, enquanto todo o resto foi pra humanas. Entre os meninos foi o inverso. Mesmo quem não sabia nada de matemática entrou em Engenharia - um amigo meu, que tinha um dom pra Gastronomia, foi, inclusive, coagido pelo pai a entrar numa particular de engenharia.

Sei que são exemplos pessoais, mas noto alguma semelhança, especialmente se a gente pensar que as professoras de escola maternal são sempre as piores pagas, e são, na maior parte das vezes, professoras.

A coisa muda de figura no escalão universitário, onde você tem uma maior igualdade - de novo, dependendo da área. Em Humanas há uma certa igualdade, mas em Exatas, por tudo que eu ouvi das minhas ex-colegas, a maior parte são professores. Mesmo se você pensar no colegial, na minha escola eu tive mais professorAs de literatura e mais professores homens de Matemática, Física, etc.

Não sei se estou sendo muito clara, de novo, não sei se há um certo exagero ou uma amplificação de uma experiência pessoal, mas, ainda assim, acredito que seja um assunto interessante a ser debatido. ;)

Quéroul disse...

O que me deixa chateada é essa eterna postura do 'ah, você SÓ estuda???' (ou: 'você SÓ dá aulas? e não trabalha não?')... parece que, desde a base, querer estudar é demérito.
Reclama-se da educação do país, reclama-se do nível dos professores, reclama-se de tudo relacionado à educação.
Aí o cara que passou a vida se dedicando ao estudo e tenta por todos os meios tornar-se educador é um imbecil que só teve privilégios e só reclama de ter um salarinho baixo (porque, claro, 5.000 no papel é muito dinheiro, mesmo que com todos os encargos, e impostos e etc, o salário fique no mesmo nível de qualquer um que "SÓ trabalhe").

Desculpe o nível imbecil do meu comentário, mas me atinge pessoalmente ter SÓ estudado a vida inteira e não ver alguma perspectiva. Concursos públicos para minha área abrem a cada era geológica; quando abrem, tô eu e meus menos de 200 coleguinhas (é, saiu em uma pesquisa que existem mais ex-BBBs do que arqueólogos, não é inspirador?) se trucidando pra tentar passar e conseguir uma vaga. Nos entremeios, precisamos mendigar aulinhas em universidades particulares que não vão mesmo nos contratar se a gente tiver título demais.

Fico chocada com a visão de quem acha que se dedicar (quantos anos forem) ao estudo é privilégio e não sacrifício.

Sempre me lembro de uma professora que dizia que sonhava em ser operária, porque ela terminaria de apertar o parafuso, ia bater o cartão e podia ir pra casa ver novela. No caso dela, professora universitária, pesquisadora, educadora, além de todo o trabalho braçal que dar aulas envolve, ainda não dormia preocupada com resultados de pesquisa, prazos, publicações e ego de colega.

Fora a incompreensão de quem não tem tantos privilégios quanto nós, reclamadores-intelectuais-educadores.

:ó(

Babi disse...

A educação infelizmente não tem valor por parte dos governantes.
Como se isto não bastasse por ser mulher e estudante da area de informatica, alguns dos meus familiares julgam q isso não vai acresentar em nada na minha vida, que seria mais produtivo ficar em casa ajundando nas tarefas domesticas e ainda aguento piadinhas, inclusive de colegas, que mulher e informatica não combinam. É mole?

Niemi Hyyrynen disse...

Realmente aqui no Brasil tem uma lógica muito esquisita para se determinar o salário do funcionário público, tem cargos de nivel médio que ganham mais do que um de nível superior, é estranho, é estranho...

E a educação tb não é incentivada, quem quer seguir na área de pesquisa ou então lecionar é desestimulado sob todas as esferas.

E Lola, concordo com a Blanca, foram 8 anos de FHC mas tb foram 8 anos de Lula, 12 se contar agora a Dilma que até agora não mostrou a que veio. 16 se contar que o Lula tente voltar em 2014?

Sobre esse mito todo em volta da mulher na área de exatas, uns defendem que mulher não sabe fazer conta outros justamente defendem que são melhores pq são mais aplicadas, acho tudo isso uma bobagem sem tamanho!

Não é pq a pessoa é homem ou mulher que ela vai ser melhor ou pior (para qualquer área), vai da afinidade da pessoa e da dedicação!

Trabalho na área de TI e há pouquissimas mulheres atuando, mas já deu para conhecer mulheres dedicadas e outras relapsas, isso é normal, do ser humano.

Agora que há uma desvalorização da mulher isso há, eu mesma para ganhar o mesmo salário de um homem tenho que ter um número muito maior de cursos especializados e tenho que comprovar tb a realização de um número bem maior de projetos, a seleção fica muito mais rígida.

Fora que na área de TI não vejo tb muitos motivo$ para se trabalhar para o governo não, um técnico de BD para trabalhar no prodesp ganha o que? Uns 4mil Dilmas? rs

No setor privado, se vc focar a sua carreira para multnacionais, em pouco tempo vc ganha bem mais que isso..e tendo somente o que? Pós..

Giovana disse...

Nosso país não privilegia a educação. Fato. Não é só o governo; é toda a sociedade. Mães estimulam as filhas a serem manquim-modelo-atriz e pais empurram os filhos aos campos de futebol. No meu blog, crônica sobre Educação não rende nada. Ninguém lê ou comenta. Nem pra meter o pau.

Gabs disse...

Alguém nos comentários falou sobre igualdade entre o número de professores e professoras nas Universidades e me lembrou algo curioso: no terceiro ano do colegial acabei conseguindo bolsa para um dos melhores colégios da cidade e fiquei impressionada com o número de professores homens: acho que só tínhamos professora em gramática, literatura e inglês. Nem matérias que tradicionalmente associamos à professoras, como História ou geografia... todas as outras matérias eram homens. E como os mesmos professores davam aula em várias unidades da mesma rede de ensino, suponho que seja o padrão nas escolas mais caras.

Eu acho importante o professor universitário defender seus interesses. Acho que a solução não está, de maneira alguma, em sucatear o ensino superior. Manter o que já funciona em bom estado é essencial. E, claro, ainda há espaço para melhorias (especialmente na área de Humanas). Acho que todo mundo fica com um pé atrás na hora de apoiar o professor universitário, mas a realidade é que não apoiar os professores universitários não encoraja o governo a ajudar os professores do fundamental e ensino médio, muito pelo contrário. E chegar até o doutorado é um trabalho árduo, leva anos de dedicação.

Acho que o mais triste é que o governo só apóia o ensino universitário (muito mal e porcamente) porque tem interesse nas pesquisas que ele produz (que aumentam seus índices de educação, desenvolvimento, etc) e não por respeito genuíno. Por isso, o ensino fundamental e médio acaba abandonado - não dá "retorno" pro governo. É triste, mas é a realidade.

Bruno S disse...

Blanca e Niemi,

8 anos de congelamento não são iguais a 8 anos com reajustes que não conseguiram repor as perdas acumuladas.

A diferença é bastante grande. Por exemplo, no caso da empresa que trabalho foram 8 anos sem contratar e sem conseguir repor sequer a inflação. Em 2003, foi o primeiro acordo coletivo em muito tempo que conseguiu repor a inflação.

Por mais que a carreira de professor(e outras também) ainda seja muito pouco valorizada, não dá para dizer que os períodos são iguais.

Babi disse...

"Agora que há uma desvalorização da mulher isso há, eu mesma para ganhar o mesmo salário de um homem tenho que ter um número muito maior de cursos especializados e tenho que comprovar tb a realização de um número bem maior de projetos, a seleção fica muito mais rígida"
...
"No setor privado, se vc focar a sua carreira para multnacionais, em pouco tempo vc ganha bem mais que isso..e tendo somente o que? Pós.."

nossa Niemi falando deste jeito vc qse desanima esta pobre estudante :( rsrs.
Mas concordo qse 100% q vc disse, pois esta é (infelizmente) a nossa realidade. Só não acho mal negocio ganha 4 mil reais, considerando o meu atual padrao de vida e morando em Carandaí uma cidade qse perdida no interior de minas.(pelo menos é cortada pela BR-040).

Babi disse...

Minha turma tem um blog q tem a intenção de descontrair a galera, mas foi tomada por piadas machistas como estas:
http://tsifilosofando.blogspot.com/2011/08/tecnologia.html

Anônimo disse...

É um grande sinal da decadência de uma sociedade quando alguém acha que matemática é questão de 'organização'...

Edson disse...

Meu professor estava falando sobre o reajuste ontem, e sinceramente é muito rídiculo o aumento ser apenas de 8%.

E Acho justíssimo os professores que tem doutorado quererem um salário acima de 5.000. Porque muitas pessoas que tem apenas a graduação conseguem 5.000 e às vezes até mais.

Niemi Hyyrynen disse...

Bruno

Verdade, vou reconsiderar o que eu disse :)

Babi

Não desanime não menina! O desafio é grande mas é recompensador, creio que a situação está melhorando (devagar mas está), ser mulher na área de TI exige muita coragem, mas posso dizer que é gratificante.

Eu acho 4mil barão pouco para um especialista em BD sim, lembro que quando entrei na área como estagiária na IBM ganhava 1.800 R$.Definitivamente o setor privado exige mais, mas paga bem melhor em compensação. Também não se preocupe com a sua localização, vejo muitas empresas migrando dos grandes centros para cidades mais afastadas, e se vc trabalhar numa empresa que terceiriza a mão de obra para projetos, localização não será o maior dos problemas já que de qualquer maneira vc terá que se deslocar para o trabalho mesmo ...(contando que vc queira viajar).

Blanca disse...

Oi, Bruno. Eu pensei nisso quando disse. Mas caramba, lembra daquele negócio de aumentarem salário de deputados e políticos em geral? Ahn, tô falando do alto da minha ignorância, naquele ano/época eu não ligava pra política. Mas teve um povo aí que teve salário aumentado, e muito!

Me explica como pode.

Mirella Nogueira disse...

Oi Lola! Off Topic:

Hoje algo me deixou bem fula da vida. Alguém postou um texto que se diz autoria de Fernanda Montenegro, intitulado: "Fernanda Montenegro falando dos homens". No começo eu nem acreditei que fosse mesmo, pois o nível de machismo foi estarrecedor. Daí fui procurar no google e encontrei milhões de links de bogs que postaram esse texto.

Dá uma olhada: http://geraldoporcidearaujo.blogspot.com/2011/06/fernanda-montenegro-falando-dos-homens.html

O pior é que aqui no face book está rolando direto e o que está me deixando mais p. da vida, é ver a quantidade de mulheres que botam para "curtir" e adoraram o texto.
Será que estamos regredindo??? Ultimamente só ando me deparando com mulheres machistas... é o fim da picada!!!!

Rê_Ayla disse...

"Mas é o salário mínimo que está baixo, não o salário de um professor universitário que está alto. E minha comparação é com outros servidores públicos que não têm mestrado ou doutorado, e ainda assim ganham o dobro que um professor universitário" PERFEITO!

Sou mestre, pensei em tentar doutorado... e desisti. Pq? Pq a gente estuda pra caramba, se especializa pra caramba, se dedica pra caramba... daí vejo conhecidos que não fizeram nada disso ganhando mais, enquanto minha irmã, doutora, ganha ridicularmente enquanto espera algum concurso em federal. Levar mestrado e doutorado a sério não é moleza não! Alguém com no mínimo 6 anos a mais de estudo deveria ganhar mais SIM, não é o salário que está alto, é o mínimo que é muito baixo.

Calculem aí custo de vida numa capital: aluguel, transporte, compras, etc... R$ 7 mil é POUCO pra dedicação que uma pessoa teve em anos de estudo! O salário do pessoal menos qualificado então... de morrer né.
Aqui onde vivo o aluguel médio de uma kitnet (vejam, kitnet!) fica entre R$800 e R$ 1000 (só aluguel!). Sobra o que no fim do mês? Não acho que professores devam baixar salários ou nível de vida, sim que o resto deve aumentar.

E a crítica: não sei como existem petistas como Lola. Foram 8 anos de FHC? 8 anos de Lula tb! 16 anos seguidos dando de ombros pra educação... (bom, tem os séculos anteriores pra somar né...rs...)

Liana hc disse...

Mirella, este texto é mesmo ridículo. Isso não é novo, já vi a versão feminina que é atribuída ao Luis Fernando Verissimo. Parece que fizeram uma adaptação mais machista possível. Acho que a Fernanda Montenegro não teve nada a ver com isso, devem ter colocado o nome dela para chamar atenção mas isso aí só confirmando.

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/2934312

Mulheres machistas infelizmente são muitas. Esse sobre como tratar homens tem condições de virar uma espécie de texto sagrado para elas. Aquilo ali tá cheio de ofensas às mulheres e as machistas são tão destituídas de qualquer noção de valor próprio que vão achar que foi um elogio poético.

Babi disse...

Niemi

valeu pela força, como disse quase desanima, pois quando bate akele desanimo lembro q não posso dar "vitoria aos urubus" rsrsrs.

Eu não me preocupo muito com a localização, so quis dizer q trabalhando por lá é dificil chegar nesse salario. Sorte a minha q pelo menos adoro viajar (para o desespero da minha mãe)

Marcelo disse...

lola, isso aí é que todo mundo diz quando esta começando.

daqui a alguns anos voce ja vai estar na linha de frente da greve. pode apostar.

-lia- disse...

ah, professores, sempre sofrendo.

imaginem eu, que acabei de terminar a licenciatura.

ps.: obviamente que esse texto machista ridículo não foi escrito pela fernanda montenegro, né gente? ela é uma mulher inteligente,

Blanca disse...

"Já vi a versão feminina que é atribuída ao Luis Fernando Verissimo."

Qual, Lívia?

Blanca disse...

Poxa, gente, meu sonho atual é ser professora de Literatura Brasileira em faculdade. Isso me desanima.

Ághata disse...

Lolinha, mesmo ganhando um salário bom, a distorção é muito grande. Hoje, vale mais você estudar pra concurso ou investir na iniciativa do que estudar! Mestrado e doutorado daqui a pouco vira coisa só de professor de universidade!
É até uma questão de valorizar a educação e o ensino superior.

Ághata disse...

...sempre é bom lembrar também que a) os senadores e deputados tiveram um aumento de 60% no salário este ano b) isto porque já tinham recebido um aumento em 2008...

Aoi Ito disse...

Meu nome (?) é Aoi Ito, estudo História na UFF e quero ser professora de ensino médio.

Pera, quê?

É. É isso que eu quero. Pra mim, História é uma matéria que incita a mudança, a crítica e a reflexão, para que tenhamos mudança no futuro, afinal, a gente não saiu do nada, a história humana não começa no século XXI e carregamos muita coisa do nosso passado, seja costumes, crenças, idéias, qualquer coisa, que podem - E devem - Ser questionados e, se preciso, mudados. Acho História uma matéria super importante, tão importante e mágica que preferi isso a Astronomia na faculdade.

E minha idéia é que o aluno do ensino médio é aquele cuja curiosidade começa a ficar forte... Antes da creamsa escolher o que ela vai fazer da vida toda. Funcionou comigo e com alguns colegas. Acho que se a gente tivesse um ensino de História melhor, poderíamos ter mais alunos de mente aberta, que não soubessem só repetir tudo que ensinam. Por isso quero ser professora de ensino médio. Mamãe sempre fala (Também professora, ela) que magistrado não é de todo ruim, eu ainda posso ser professora de universidade e ter um bom salário!

Mas eu não QUERO ser professora de universidade, eu só quero ter um salário decente para eu viver. Acho que eu não teria muito o que fazer com 7 mil reais por mês, mas também, não moro sozinha e não sei como é. Acho que eu ia querer um salário mínimo humanamente decente, não essa piada que é hoje.

E, claro, na questão do salário, que nem no tratamento de ambos os sexos, nivelar para cima, né? Nunca pra baixo, pra nos deixar ainda mais miseráveis D:

Blanca disse...

Aoi Ito, admiro gente que quer dar aula em EM. Já eu não tenho essa paciência toda. É muito aluno dormindo, falando baixinho. Faculdade o cara tá lá porque quer, e se não quer, pe só sair da aula. Vai beber água e não volta.

Acho que vc seria uma ótima professora. Escola pública ou particular, você quer?

ana gabardo disse...

Pois é, os professores que irão ensinar, que estudam pra caramba pra isso tem um salário de miséria. Os mestres e doutores têm um salário melhor, mas tudo graças à dedicação que tiveram e as oportunidades também. É estranho saber que estamos tentando melhorar isso e o governo tapa os ouvidos. Esses dias vi uma declaração: GOVERNADOR DECLARA: “Quem quer dar aula faz isso por gosto e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado". Cid Gomes - Governador do Ceará. Isso procede? Se for verdade, é absurdo, no mínimo. Amor não paga as contas de ninguém. Já pensou que legal governar por amor? Isso eles não fazem, não é? Não abrem mão de seu salário gordo! Triste.

Blanca disse...

Vi isso do governador do Ceará. ABDIQUE DO SALÁRIO, CID! VENHA TRABALHAR POR AMOR! ^^

Milla Gebara disse...

Passar para adjunto e depois progredir para associado e depois progredir para titular? Que eu saiba teria que fazer outro concurso para titular,só tem como progredir de nível na mesma carreira eg. dentro de adjunto, dentro de associado e com o novo concurso dentro de titular, pois é cargo isolado L.11.344 de 2006.

Niemi Hyyrynen disse...

Aoi Ito

Puxa que bacana o seu projeto de vida! Super te apoio!

Acho que vc é uma pessoa super critica e inteligente, sabe explicar muito bem o seu ponto de vista acho que vc tem de tudo para ser uma excelente professora!

O ensino de base precisa de professor@s dedicad@s que desejem criar um senso critico nos seus alunos.

(PS: OFF-topic) Entendeu meu ponto de vista sobre a wikipedia?

Teresa Silva disse...

Lola, olha só que coisa horrível fizeram com a Letícia Fernandez

http://cynthiasemiramis.org/2011/08/31/o-globo-contra-leticia-fernandez-eu-e-voce/

Liana hc disse...

Blanca, tá nesse site que eu indiquei no meu comentário. Não sei se é mesmo do Verissimo mas em todo lugar que eu vejo está escrito isso. (Lívia?)

Aoi, que legal a sua opção. O EF e EM são as fases mais importantes e as mais desvalorizadas. A Blanca comentou dos alunos e lembrei da minha filha. Vejo muitos pais desautorizando os professores e falando mal deles. Nas reuniões da escola, os poucos que aparecem quase sempre falam o tempo todo e as professoras e coordenadoras precisam ficar o tempo todo naquele "sshhhh", eu também peço silêncio. Imagina, faltar trabalho, me aborrecer com chefe, fazer tudo correndo pra chegar na reunião e só escutar barulho de pais e mães sem educação, eu reclamo mesmo, tem gente que já vira a cara pra mim, tô nem aí. Ridículo. Aí a gente entende da onde que vem o mau comportamento dos alunos. Eu sempre dou apoio às professoras(es), salvo um ou outro episódio lamentável mas ninguém é de ferro, né. Elogio bastante o trabalho delas para minha filha, ela está naquela fase de encantamento com as professoras(es) e sempre chega em casa contando algo que aprendeu. Quando alguma pisa na bola ela fica inconsolável. Muito fofa esta fase, com alguns momentos de loucura e vontade louca de esganar alguém mas passa logo viu. Ou não :p

Mirella Nogueira disse...

Olá Liana!
OLha só, e pelo que parece essa versão "feminina" deve ter vindo antes (já que é mais extensa) e depois algum machista quis fazer a versão "masculina". Eu duvidei mesmo que fosse de autoria de Fernanda Montenegro... mas enfim, o que me revoltou é a quantidade de mulher machista que eu ando me deparando. Realmente a maioria realmente está vendo nesse texto grotesco, pura poesia e realidade. Afff....

Adriana Rodrigues disse...

Se pisos salariais fossem cumpridos à risca no Brasil, um químico em início de carreira deveria ganhar 5000 reais por mês. SEM PÓS-GRADUAÇÃO. Só com o bacharelado em Química.

Um doutor que ralou anos e anos dando aula ganhar 7000 é uma brincadeira de mau gosto.

alice disse...

eu acho q com 5mil uma pessoa vive muito bem. com 3mil dá pra duas pessoas viverem apertadas, 5mil dá pra essas 2 pessoas terem uma existencia digna. já 5mil pra UMA pessoa é um excelente salário.

acho imoral q um político, um juiz ou um figurão qualquer ganhem 20mil ou até mais. especialmente a galera do legislativo, que vota no próprio salário. me dá nojo.

tb acho ainda péssimo q uma pessoa graduada q dê aula em escola pública ganhe salário de fome e alguém, só pq tem mestrado e pode dar aula numa faculdade, ganhe tão mais. não acho q o salário do prof universitário seja absurdamente alto, não é. mas o do prof do ensino médio e fundamental é ridículo. convenhamos q seguir essa carreira acadêmica não é pra qualquer um. tem q ter uma dedicação de tempo q muita gente n pode dispor.

minha prima se formou em geografia, dá aula numa escola estadual, ganha salário de fome e não tem tempo nem pra estudar pra prova de mestrado (que dirá cursar). fora que, com oq ele ganha, ela ainda vive totalmente dependente da mãe.

agora me digam q concursos pra segundo grau são esses q pagam 10 mil? to querendo fazer e não acho. me formo em direito* agora no fim do ano e sei q vou ter q ralar pra passar em algum concurso bom (desses q pagam 5 mil, meu sonho de consumo).

*sim, escolhi o curso principalmente por causa de concursos, dinheiro é uma prioridade na minha vida, sou pobre e tenha uma mãe doente pra ajudar. podem me julgar, to nem aí

Caroline disse...

Vcs falam muito do ensino superior. Como é que vcs querem aumento de salário se os professores lá da creche, do Infantil e do Fundamental I ganham mal pra caramba?!? Como ter universidades boas, um ensino Superior de qualidade, se nesse país não se pensa lá no comecinho da vida escolar? Trabalho na Prefeitura de Santos (sou professora de Inglês lá, no estado de SP e lá professoras de Fundamental I ganham R$2000,00!!! Professores de Universidade estudam demais, professores de Fundamental ralam para alfabetizar crianças, jovens e adultos. É uma luta diária!!! Dou aulas de inglês em classes de 1º ao 5º ano (antiga 1ª a 4ª séries) e vejo o trabalho que todas nós temos no ensino as crianças!!
Eu acho que, independente de ter estudado mais ou menos, TODO professor merece ganhar bem, e muito bem!! Eu não vejo sentido em um professor de Universidade ganhar mais só pq estudou mais ( não quero dizer que a Lola disse isso, por favor). Professores de Fundamental e EM podem não ter estudado tanto, mas o trabalho diário que os professores tem, o fazem merecedores de serem recompensados com um salario digno.

E a questão não é nem só o salário. Escolas deterioradas, pais e alunos desrespeitam a figura do professor. professor hoje é pai, mão, psicólogo e etc. Aluno hoje em dia nem quer saber de estudar pq sabe que não importa o quanto ele faltar ou notas baixar tirar, a aprovação no fim do ano o espera e assim ele vai empurrando com a barriga até se formar não sabendo nada. E isso tudo e muito mais influenciam no trabalho do professor.
Tem que haver uma reforma geral na Educação do nosso país!! GERAL!!!

Desculpes erros de português, mas é q to morrendo de sono rs

Sibele disse...

Caroline tem toda razão!

O pilar da educação é o Ensino Fundamental e Médio, e são justamente os mais desvalorizados, não desconsiderando, claro, o demérito impingido ao Ensino Superior também.

O fulcro é essa desvalorização da EDUCAÇÃO como um todo, pela sociedade. Como alguém comentou acima, chega ao ponto de os pais incentivarem suas filhas a se tornarem modelos/atrizes/whatever, e seus filhos, jogadores de futebol.

O que esperar de uma sociedade onde atores globais ganham em média 40 mil? E onde em uma ilha da Fantasia chamada Brasília, há servidores que ganham até 46 mil (ilegalmente, pois ultrapassa o teto que é o salário de um ministro do STF)? Vejam aqui e revoltem-se: http://migre.me/5BfLc.

Voltando à questão sobre os salários de professores do Ensino Fundamental e Médio, o Prof. Naomar Almeida, ex-reitor da UFBA, propôs o seguinte: salários docentes equiparados no ensino superior e no ensino básico, implicando "uma equiparação salarial universal no ensino público e considerando diferencial de remuneração somente por titulação e desempenho". Para ele, isso é possível pois "a estrutura de incentivos remuneratórios à pesquisa/criação/extensão, DE e titulação (mestrado e doutorado) pode se aplicar ao ensino básico sem problemas". E argumenta que "não há diferencial de dificuldade entre os níveis; é tão complexo educar infantes, crianças e adolescentes quanto adultos jovens, carreiras profissionais e futuros acadêmicos". Argumenta ainda que essa proposta de salários iguais universidade-ensino básico "é factível e solucionadora de três problemas simultâneos e articulados:
a) desvalor docência pública;
b) má-qualidade educação básica;
c) alienação Universidade frente à problemática geral da educação brasileira". Mais aqui: http://migre.me/5yXbQ

Radical, sem dúvida. Ainda mais numa sociedade onde há tanta inversão de valores e em que a lógica piramidal de hierarquias de "importância" e valorização social repete-se, irracionalmente, na própria Educação, onde o topo é ocupado pelo Ensino Superior e seus professores, que por sua vez, está no último nível em relação à sociedade como todo...

Talvez só mesmo sendo radical para mudar tudo isso que está aí...

Anônimo disse...

Admiro muito quem tem real consciência do que é ser professor, e se propõem de fato a virar professor.Eu sempre gostei muito de História, chegou um momento da minha vida em que eu tive de escolher um curso superior, apos uma primeira decisão muito nada a ver, eu fiquei entre História e Direito, tinha um milhão de prós e contras para cada curso, mas no final, eu escolhi o dinheiro(a possibilidade de ganha-lo) ao invés do amor pelo curso.Estudo direito na UFG,não odeio meu curso, até gosto um pouco, mas sempre fica aquele "e se", e se eu tivesse escolhido História?Seria uma daquelas pessoas, que eu tanto invejo, que amam o que fazem?Não sei, mas acho que escolhi o certo, História era um curso no qual a minha liberdade me permitiria enriquecer muito profissionalmente, mas eu não sou mais livre, no final do ano passado meu pai teve um avc e isso tirou toda a minha liberdade de atuação, adeus qualquer chance de intercâmbio, adeus congressos fora dac cidade durante o período letivo, adeus qualquer emprego que eu pudesse arrumar por enquanto, meu pai não está mais andando e minha mãe trabalha(é professora inclusive), então eu que tenho de cuidar dele.Na conjuntura atual, Direito foi sem dúvidas o certo a escolher.

Rodrigo disse...

olá lola. grato pelo post, foi muito informativo. quem tá na graduação, correndo com leituras, trabalhos e afins acaba ficando sem tempo/disposição/fonte confiável pra consultar sobre esses assuntos. portanto, obrigado. mas discordo de você perto do final: não acho "óbvio" ou natural que quem tenha mestrado ou doutorado ganhe mais do que quem não tem. claro, pretendo chegar ao doutorado, assim como você. mas com o objetivo de ser melhor preparado como profissional, ter maior conhecimento etc. claro, o salário melhor é um atrativo, mas numa situação hipotética de haver distribuição de renda justa para uma população, acredito que ela só seria possível como tal se seguisse a máxima "a cada um de acordo com suas necessidades", sem excluir a valorização do produto do trabalho. sei que tudo isso é utópico e soa meio bobo, mas, enquanto houver a defesa do mérito e da qualificação em detrimento da energia gasta no trabalho ou na necessidade particular, não vejo como possa ser possível haver igualdade. acredito que você vá concordar, se não com o que eu disse, com a minha intenção

Débora disse...

Muito complicado mesmo Lola.
Sou aluna de uma universidade pública estadual, em que obviamente não aderiram a greve. Mas meu irmão é aluno da Utfpr em Curitiba, em que os professores ainda não se decidiram sobre fazer ou não greve.
Ele fará um intercâmbio no inicio do ano (pago com muito custo, visto que minha mãe é professora e nos sustenta morando fora de casa sozinha) e se houver greve, ele será obrigado a desistir das matérias e atrasar mais ainda o curso que já está atrasado, por motivos que mereceriam um ou vários posts exclusivos sobre educação em geral no Brasil, compromisso dos docentes, etc.
Agora me respondam: de quem é a culpa?
Acho que nessas ocasiões fica muito claro que a educação nunca foi prioridade no nosso país, como disse sabiamente a professora Amanda Gurgel.
Como muita gente já sabe, a educação é mais eficiente do que todos os programas sociais juntos.
Uma pessoa estudada conhece seus direitos e quando precisa de um serviço público sabe argumentar. E quando um coitado que mal sabe se expressar precisa de um atendimento e se depara com um troll? o que acontece todo mundo sabe..
Muitos professores perdem totalmente a razão nessas discussões, todo aluno de instituição pública tem professores que parecem não conhecer os seus deveres, a velha história de estabilidade do funcionário público (odeio!). Agora me diz: O que estes professores podem cobrar???
Vale ressaltar que na contramão desses docentes totalmente irresponsáveis, existem os dedicadissímos, que na maioria das vezes acabam não tendo vida fora da universidade, professores que acabam se contagiando com as atividades e necessidades dos alunos, que levam trabalho para casa (algumas vezes alunos e seus trabalhos para casa), que se virão nos 30 para dar conta do trabalho por causa da falta de professores.
Nenhum aumento furreba vai estar a altura do que esses lindos mereciam..

Janaina Capistrano disse...

Oi Lola, sou professora do IFRN e compactuo com sua análise e suas angústias a respeito da greve. Antes de ingressar no IF fui professora da rede estadual e municipal de ensino, não preciso nem dizer que meu salário, em comparação com o que recebo no IF, era ridículo. Só pra termos uma ideia, minha gratificação pelo título de mestre, no município, era de R$ 134,00, no estado nunca foi concedida, já no instituto é de R$ 1400 e uns quebrados. Esse fato mostra o abismo que separa o ensino público federal das demais instâncias. Porém, é tamanha a injustiça que rodeia os profissionais da educação, pois somos a categoria que tem o menor salário na instância federal. Se pararmos pra pensar, vamos ver como é insjusto um professor com mestrado ou doutorado ganhar bem menos que um engenheiro com essas mesmas titulações. Então, acho que a greve é válida, não só pela equiparação salarial, mas por mais investimentos na educação, para que os governos, todos eles, verdadeiramente olhem pra educação com respeito e vontade política de acertar.

Janaina - Natal/RN

M. Ulisses Adirt disse...

"Por outro, é óbvio que gente que faz mestrado e doutorado (de maneira geral, um mínimo de seis anos a mais de estudo) mereça ganhar muito mais.".

Lola, achei que suas posições sobre igualdade (social, salarial...) colocavam vc em outro grupo. Não achei mesmo que você defenderia que alguém deve ganhar mais que outro por tempo de estudo, título ou algo do tipo.

Flavia Vianna disse...

Lola, discussão sobre os salários dos docentes das instituições federais eu ouço desde... 1998. Explico: estudei em escola técnica federal (sim, eu vi de perto a política de sucateamento das instituições federais), fiz quatro períodos de Eng. Civil na UFRJ, desisti e fui fazer o que queria (História, na UFF). Não nego que houve mudanças importantes nos salários dos docentes federais, mas há ainda muita coisa para brigar.

O mais engraçado é que de uma adolescente que chiou muito com as greve me tornei alguém que passou a defendê-las. Salário, em alguns casos, é só uma das pautas de revindicação. Condições mais dignas de trabalho também entram nelas.

Na UFF, só estão em greve os servidores. Porém, nesse momento, a reitoria está ocupada pelos estudantes. Em linhas gerais, esta ocupação é uma resposta à falta total de diálogo do reitor com o conjunto da universidade.

@Aoi Ito, bom saber que não sou a única da História UFF que aparece por aqui. Já está em qual período? E parabéns pela escolha de vida!

Anônimo disse...

Alguém no início dos comentários disse que era totalmente contra que se pague mais a um profissional titulado (Mestrado e Doutorado), pois o que se deveria levar em consideração são as horas de trabalho.
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Bem, creio que outras coisas devem ser levadas em consideração também com um professor Doutor. Dizer que é privilégio, escolha e não sacrifício é balela. Escolha é esperar concurso para ascensorista do Senado Federal que com ensino médio ganha mais de 10 mil reais ou para Arquivista do mesmo Senado Federal que só com a graduação ganha 18 mil reais.
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Um professor Doutor, passou 6 anos da sua vida (2 de mestrado e 4 de doutorado com a cara enfiada em livros, laboratórios, arquivos, bibliotecas, pesquisa de campo), sem dormir, escrevendo na madrugada, abrindo mão de férias, de idas á baladas ou mesmo de curtir finais de semana com a família, para produzir um trabalho de qualidade. Muitos que não recebem bolsa ainda têm que coadunar tudo isso com a manutenção de trabalho em paralelo e sendo professor (terá aulas para preparar, ministrar, avaliações, orientações e projetos).
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Depois de doutor você é exigido a dar aulas em pós-graduação, orientar alunos de graduação, especialização, mestrado e doutorado, além de orientar alunos bolsistas de PIBIC, PIBITI ou PIBIX (corrigindo trabalhos para apresentações, relatórios, supervisionando pesquisas). Você trabalha coordenando pesquisa, extensão, inovação tecnológica, precisa publicar artigos com mais de 20 páginas em revistas Qualis A ou B (o pessoal das exatas publica 1 paper com 9 autores e tudo bem, nas Ciências Humanas são mais de 20 páginas!!!), elaborar artigos para eventos e publicações em Anais Eletrônicos, organizar eventos acadêmicos, elaborar projetos para concorrer à financiamentos que irão equipar as universidades públicas com computadores e demais acervos já que os governos só se preocupam muito mal com salas, mesas e carteiras. Ainda precisam escrever e publicar livros, muitas vezes com recursos do próprio bolso já que vivemos em uma época em que editoras e leitores preferem Paulo Coelho e congêneres. Ainda precisam ir para eventos nacionais e internacionais apresentar trabalhos em eventos (e na maioria só com 1/3 dos custos cobertos e o restante bancado pelo "cheque especial").
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Desculpe, mas trabalhamos em casa, no pc, muito mais que "operários de uma fábrica" que tem hora de bater o ponto na entrada e na saída. Nosso trabalho não termina no fim do dia, nosso trabalho em casa não é mensurado por nenhuma maquininha para nos pagar a hora/produção em casa. Nós somos cobrados por produtividade. Nosso Lattes só é contado de 3 anos para cá, logo, temos que produzir continuamente. Lutamos como loucos para conseguir uma bolsa de Pq do CNPq que só atribui a professores com no mínimo 5 orientandos de mestrado ou doutorado com trabalhos defendidos, 5 livros publicados, 10 artigos em Qualis A e B, patentes, etc.
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As pessoas precisam acabar com esse discurso de que não trabalhamos e que queremos ser elite intelectual. Nós somos operários intelectuais, isso sim, só que levamos trabalho para casa e somos desvalorizados pelos próprios alunos que formamos para ganhar muito mais que nós mesmos no mercado de trabalho.
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A greve é prejudicial sim, mas muito mais prejudicial são mais campi sendo criados às custas dos baixos salários dos professores. E em tempo 7 mil para mim é muito pouco, uma vez que um Juiz Federal ganha 23 mil, que um deputado federal ganha 26 mil (mais todos os benefícios), que um Arquiteto do Senado ganha 18 mil, que um pesquisador do IPEA ganha 12 mil e por aí vai.
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Estudei, sou doutora para ganhar no mínimo 20 mil e não me envergonho dessa reivindicação. Me envergonho dos Ministros terem um aumento de 149% e nós de 4%. Me envergonho de termos salários tão baixos quanto o salário mínimo, mas não é nivelando por baixo que iremos resolver a situação.
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JCM (UFS)