"Retratos de uma Obsessão" traz um personagem bem aterrorizante. Um sujeito labuta num supermercado faz um tempão, cuidando da revelação de fotos. Ele decide se concentrar numa família, copiar os rolos e sonhar que faz parte dela. Inclusive, o carinha monta um painel em sua casa pra poder ver seus "parentes". E, de vez em quando, vai até a mansão deles pra observá-los in loco. Passa a ler os mesmos livros, aparece nos treinos de futebol do menininho, e fica uma fera ao descobrir que aquela família idílica, o puro retrato da felicidade, não é tão perfeita quanto ele pensava. De perto ninguém é normal.
Sabe quando a gente sabe que um ator está ideal? Quando se esquece dele e se concentra no personagem. Pois é, me esqueci do Robin Williams rapidinho. Parece que este é seu terceiro trabalho como vilão este ano. "Retratos" marca, sem dúvida, seu melhor papel desde "O Mundo Segundo Garp" (que é de vinte anos atrás!). Com cabelo raso e corpo rechonchudo, Robin dá um show – e olha que estou longe de ser fã dele. Se houver justiça, será indicado ao Oscar.
"Retratos" é incomum. Pra começar, o vilão não morre da forma mais asquerosa e cruel possível, como manda a tradição americana. Aliás, nem morrer ele morre. Opa, não estou contando o final! A produção já tem início com o Robin preso, narrando sua saga pra um investigador. A gente ainda não sabe o que ele fez de errado, mas sabe que alguma ele aprontou. E o pior é que o Robin desperta mais lástima que medo. Aliás, se você viu o trailer, esqueça. Aquilo é propaganda enganosa. Pintam o drama como um suspense amedrontador, e acho que tá mais pra um retrato psicológico de alguém seriamente perturbado. O filme é denso, com longas seqüências e ritmo peculiar. A ironia do destino é que foi dirigido por um ex-adepto do videoclip – é a estréia promissora de um tal de Mark Romanek, que antes fazia vídeos pra Madonna. Tomara que permaneça longe do esquemão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário