domingo, 29 de junho de 2008

VELHARIAS PRA SE DIVERTIR NO DOMINGÃO, ANTES QUE A VIDA ACABE

Sabe quem é esse menino? Dica: ele fez ponta em Apocalyse Now

Se você tá achando o domingo meio paradão, ou tá jogado em frente ao sofá assistindo às atrocidades do pior dia da semana da televisão brasileira, deixe-me recomendar alguns textos meus e vídeos alheios que vão tomar muito do seu tempo. Encontrei mais crônicas antigas, que eu não via há quase uma década, perdidas na internet. Em muitos casos, nem me lembrava de tê-las escrito. Por exemplo, tem esta de 1999 comemorando os vinte anos do grande clássico que é Apocalypse Now, do Coppola (inclusive, no post sobre o resultado da enquete do melhor diretor americano vivo, esqueci de apontar mais um bom motivo pra votar no homem – ele nasceu em Detroit). O artigo prova que tem vezes que vale a pena perder as coisas (não é que perdi meus textos pré-2000 por ser totalmente desorganizada, mas por um vírus no meu computador). Quando escrevi sobre Apocalypse Now Redux, três anos depois, eu já não me lembrava de lhufas que havia falado no texto anterior. Agora, relendo os dois artigos, vejo que há pouquíssima repetição entre um e outro. Se eu tivesse lido o artigo de 99 antes de escrever a crítica de 2002, imagino que teria sido diferente. Se bem que, em 99, eu ainda não havia lido o livro do Joseph Conrad, Coração das Trevas, nem visto o documentário sobre as filmagens apocalíticas do clássico, dirigido pela mulher do Coppola, Eleanor (veja um trecho onde o Martin Sheen, pai do Charlie e do Emilio Estevez, mostra como estava tão bêbado que quebrou um espelho de verdade, sem querer).

Naquela época, não sei porquê, eu redigia vários textos “comemorativos”. Quer dizer, eu sei porquê: porque o jornal os publicava. Hoje só querem saber de lançamentos fresquinhos. Então, em 99, redigi um artigo sobre o centenário do nascimento do Hitchcock. Lá você pode conferir quais filmes eu considero os melhores do mestre do suspense. Tá na ordem e, de lambuja, ainda acrescentei fotos legais. Pena que não haja foto tão boa, com tanto movimento, quanto a que peguei de Pacto Sinistro. Daquela magnífica cena do carrossel, sabe? (e, se não sabe, tá aqui. Mas veja a obra inteira).

Em 99 também escrevi sobre o Monty Python, mais especificamente sobre o que considero o filme mais consistente deles, A Vida de Brian. Só que é com profundo pesar no coração que confesso que, uma década atrás, eu tinha memórias muito mais felizes tanto do Monty Python como do TV Pirata. Faz uns dois ou três anos, peguei os dvds do TV Pirata pra ver... e ri de pouca coisa. Tive que usar o fast-forward pra conseguir assistir tudo. E olha que na década de 80 eu era a maior fã deles. Não sei se o humor do grupo ficou datado ou quem ficou datada fui eu. E o mesmo aconteceu com Monty Python em Busca do Cálice Sagrado. Não que eu já tenha considerado essa comédia um supra-sumo, mas certamente gostava muito mais. Recentemente comprei o dvd por uns 15 reais, e tudo que eu e o maridão podemos dizer é: doa-se um dvd usado apenas uma vez. O filme não se sustenta. Somente duas gags funcionam bem, e dá pra vê-las no YouTube. Uma é um esquete clássico do humor inglês, a do cavaleiro negro. O Rei Artur vê um bravo guerreiro vencer uma luta e o convida para ser parte de sua corte em Camelot. O cavaleiro não apenas recusa como não deixa que Artur passe. Eles lutam, Artur lhe corta um braço, mas o cavaleiro não se dá por vencido: “É só um arranhãozinho”. Eu adoro os diálogos: “O que você vai fazer, sangrar em cima de mim?” e “Tudo bem, vamos considerar isso um empate”. Veja a cena aqui (sem legendas). Outra é a do coelho assassino, bem humor negro mesmo. Aqui.

E este clipe é do Sentido da Vida e chama-se “Todo Esperma é Sagrado”. Ele dificilmente poderia ser feito hoje sem causar uma cruzada religiosa da direita cristã americana. Não tanto por gozar dos católicos (e de todas as religiões), que têm muitos filhos por acreditarem que “every sperm is sacred”, e que Deus não perdoa um espermatozóide desperdiçado, mas principalmente por fazer crianças cantarem a palavra “esperma”. Impensável atualmente.

Sempre achei A Vida de Brian a melhor comédia do Monty Python. Ela não se faz só de esquetes colocados juntos; tem uma história mais inteligente, e 100% sacrilégica, claro. Não vou repetir porque já tá tudo no meu artigo de 99. Só queria indicar o vídeo do final do filme, em que vários carinhas prestes a morrer crucificados começam a cantar “Olhe Sempre pro Lado Bom da Vida”. É irônico e meigo ao mesmo tempo (aviso: a melodia vai se instalar na sua mente pelas próximas semanas). E é um dos meus hinos pessoais do otimismo, junto com a música “We Can Work it Out” dos meus amados Beatles. As duas canções dizem que dá pra vencer as adversidades ou, pelo menos, ver o lado bom de toda situação, a metade do copo cheio. Sei que sou uma Polyanna, mas acredito nisso. E as músicas dizem, acima de tudo, que a gente não vai viver pra sempre, então por que não se divertir começando agorinha mesmo?Não sei quem faz o cavaleiro negro do Monty Python. Só sei que não é o Harrison Ford...

17 comentários:

Chaves disse...

Lola,
O que você acha da comédia "O Incrível Exército de Brancaleone"? Pra mim consegue ser mais besta do que Monty Python, e eu me acabo de rir. Esse também é um programão pra fim de domingo...
Aliás, o diretor Mario Monicelli, tem outros filmes - com[edias - que fui descobrindo e amando. Só lembro aos incautos que cinema italiano é de outro universo, tem que entrar no clima e se abrir pra outros códigos de humor. Abraços!

Unknown disse...

pois eu ainda me divirto com o Cálice Sagrado e a Vida de Brian....tem um site nerd (thinkgeek) que vende pantufas do killer rabbit e um cavaleiro negro com membros destacáveis ....

nunca mais revi TVPirata, nem faço idéia do que eu acharia hoje!

mas em compensação Brancaleone hoje eu gosto mais do que quando eu vi pela primeira vez!

Unknown disse...

olha, meu critério é quando todo mundo para tudo o que estava fazendo e começa a assistir o filme e não para mais , se atrasa pro jantar, esquece o telefonema....
pude verificar ultimamente esse fenômeno com Brancaleone, Cálice Sagrado, Vida de Brian, Quanto Mais Quente Melhor, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos e Fargo, em salas que tinha velho, adolescente , meia-idade , tudo, mas silenciou pra ver o filme!

Anônimo disse...

Lola, é natural que isso aconteça, sabe? A gente vai mudando com o tempo, e nossos gostos vão se diversificando. É claro que alguns gostos sobrevivem para sempre, ou pelo menos, por muito tempo, mas outros vão perdendo o encanto. Até porque, nem tudo mantém seu apelo com o passar dos anos. Por exemplo, Beatles (minha banda favorita de todos os tempos) sempre (ou pelo menos, por muito tempo ainda) vai manter seu verniz, mas vamos dizer que, Monkees, uma cópia do mesmo período não vai muito além dos anos 60 (apesar de ter uns filmes até bonitinhos). Ou Jefferson Airplane e Yardbirds (que eu gosto, apesar da idade), que são ótimas bandas, mas extremamente datadas. Dei uma olhada nos links do seu texto e amei sua lista de Hitchcock. Para ficar igual à minha, só faltou Rebecca, que é o meu favorito (é que eu "a" fã do Laurence Olivier, e acho que seu Maxim foi um dos seus melhores desempenhos) e Interlúdio. Não tem como negar que o verdadeiro homem hitchcockiano era o Cary Grant. Bem mais que o James Stewart, que eu sempre achei meio "picolé de chuchu", sem gracinha mesmo. Algumas perguntas: você gosta do Steve McQueen? E qual o seu filme favorito dos Beatles?

fatimapombophotos disse...

quando eu leio voce, sinto vontade de sair correndo e ficar colada num
aparelho de tv com todos os dvds que voce coemnte,
pena que eu nao tenha uma tv em casa!

Liris Tribuzzi disse...

Eu queria ter ficado em casa vendo filmes, mas estava gastanto meus neurônios no vestibular da FATEC pra um curso que eu nem quero.

lola aronovich disse...

Camomila, eu nunca assisti Brancaleone inteiro, nem sei porquê. Não me interessou muito. Em geral não sou muito fã de comédia italiana. Aliás, devo dizer, de cinema italiano em geral. Sorry.


Mari, pantufas do killer rabbit e cavaleiro negro com membros descartáveis é bem coisa de nerd mesmo! Parece bem legal.
Até foi bom rever TV Pirata, porque o que me lembrava era bem diferente. Na verdade, teve um episódio do TV Pirata que gravei em vídeo e assisti durante anos. Esse eu gostava de quase todos os esquetes. Tinha jogo de xadrez com narração de jogo de futebol ("indivíduo competente, esse peão!") e paródia de filmes sobre a guerra do Vietnã ("malditos vietcongues!"). Isso faz parte da minha cultura pop até hoje.
É um bom critério, Mari, esse de todo mundo parar pra ver. Mas vc não acha que um aparelho de TV faz isso de maneira geral? Qualquer coisa que estiver passando todo mundo pára pra ver? É difícil competir com uma TV ligada...

lola aronovich disse...

É, sem dúvida, Sadie, os nossos gostos mudam. E também, um tipo de comédia altamente paródica como TV Pirata, que depende demais das referências, fica datado mais rápido. Eu lembro quando via TV Pirata que até os comerciais no meio do programa ficavam divertidos!
Meu gosto pra música não muda. Esse estacionou nos anos 70 mesmo. Beatles eu vou amar pra sempre. Eu amo o grupo com a mesma intensidade dos meus, sei lá, nove anos?
Filme preferido dos Beatles? Eu revi A Hard Day's Night outro dia e realmente é um clássico. Um filme perfeito. Maravilhoso, divertido. E a gente acaba de assistir e fica mais apaixonada ainda por eles, principalmente pelo Ringo. Mas adoro Help também. Por algum motivo, quem sempre se sai melhor nos filmes é o Ringo, né? Lembro de um esquete ótimo do TV Pirata sobre os Beatles. O Paul, feito pelo Diogo Vilela, descobre Yoko e John na cama, naquelas campanhas give peace a chance deles. E pergunta: "O que vamos dizer às crianças? A George e Ringo?". Muito fofo.
É, Rebecca eu só vi uma vez, e não achei grande coisa mesmo. Mas adoro o Laurence Olivier. Interlúdio é Notorious? Sei que é até heresia dizer isso, mas não gosto dele. Claro, há imagens marcantes, mas sempre fico revoltada com o filme, porque acho machista demais. A Ingrid Bergman não é bem tratada nesse filme, tadinha. E um que revi outro dia foi O Homem que Sabia Demais (a refilmagem, de 1956). Fiquei tão decepcionada! Achei francamente ruim.
Concordo que o Cary Grant era o homem perfeito pros filmes do Hitch. Mas gosto do James Stewart, claro, apesar d'ele não ser bonitão como o Grant.
Steve McQueen? Nunca foi um dos meus atores favoritos, de jeito nenhum. Mas acho que ele está muito bem em Papillon e Os Implacáveis. E acho legal que ele tenha fisgado a Ali McGraw e tirado-a do Robert Evans... Por quê? Pra vc perguntar é porque deve ser fãzona dele.

lola aronovich disse...

Oi, Fátima, tudo bem? Olha, eu posso viver tranquilamente sem TV, mas sem ver dvds é impossível. Faz quase um semestre que a gente tá sem TV aqui em casa (não temos antena). Vemos tudo nos laptops.
Mas comigo é assim tb: toda vez que leio algo interessante sobre um filme, dá a maior vontade de rever o filme.
Ah, pensei que vc já estivesse em Israel! Quando sai a viagem?


Li, quando é o vestibular pra FATEC e que curso é esse que vc nem quer? Tadinha, não gaste todos seus neurônios!

Anônimo disse...

O Ringo é uma figura mesmo e era o melhor ator entre os quatro. Aprendi a gostar dele com o tempo. No início, tinha aquela opinião besta de que ele não era tão importante para a banda como os outros três. Mas adoro o senso de humor dele, totalmente nonsense e hoje, na minha predileção, só fica atrás do John e de George. O filme dos Beatles que eu mais gosto é Yellow Submarine, seguido de A Hard Day's Night e Let It Be (eu gosto porque te dá aquele sentimento de estar lá mesmo, observando a tensão do rompimento da banda). Em relação a Rebecca, ele é meu favorito do Hitch por causa do Laurence e também, porque ele tem uma estética um pouco diferente dos seus filmes seguintes, como os que fez com o Cary e o James. E gosto sim do McQueen. Não pelos seus dotes artísticos, mas porque acho que faz totalmente jus a seu apelido de "King of Cool", gosto do estilo dele. Adoro The Thomas Crown Affair (e achei um desaforo aquele remake com o Pierce Brosnan), Bullitt, Inferno na Torre (com o Paul Newman, na minha opinião, o ator mais bonito de todos os tempos, seguido de perto pelo Brando), tem um bem interessante que ele fez com a Natalie Wood chamado Love With The Proper Stranger que é bem engraçado, apesar de ser um pouco datado. Os dois tinham uma química legal, etc. Acho até que ele poderia feito uma versão "casca grossa" do James Bond. Brincadeirinha. O Interlúdio é meio machista sim, mas fazer o que, é um produto dos tempos em foi feito. Pior mesmo é a gente assistir TV em 2008 e dar de cara com o clipe do Snoop Dogg, com seus 50 carros e 30 mulheres de biquini balançando a bunda. Ou aqueles comerciais de cerveja. Lolinha, agora que estou de férias da faculdade até agosto, vou ter um tempinho para participar bastante das discussões por aqui. Beijos

Liris Tribuzzi disse...

Tarde demais, Lola. Foram-se todos hoja a tarde na prova. Eu não quero fazer logística aeroportuária!

ilha do desenho disse...

oi lola...tudo bem!? muito frio aí!? ei ja que vc é uma perita em filmes da uma ajudinha para mim... tem um filme que mostra uma familia em que o pai é machao e quer que todos os filhos sejam ai tem o filho que é jogador de basebol o que é motoqueiro e tem um que ganha presente mais sempre gosta de se vestir de menina e levar o carrinho de nenem com a mae... no final o cara vira tipo um gotico e tem uma namorada mais é apaixonado pelo namorado da prima... sabe que filme é esse??
valeu pela ajuda... lembramças para vc e o maridao...

Anônimo disse...

Oi, querida!!!
Putz, adorei ler e conhecer seus textos antigos. Engraçado como provavelmente, àquela época eu provavelmente teria batido palmas para cada linha.
Eu entrei numa de não rever alguns dos filmes que achei muuuito bons/d'outro mundo há muito tempo atrás, desde que quase morri de decepção ao assistir alguns clássicos dos anos 80 e não achar lá grande coisa.
Enfim, adorei os textos e Harrison Ford com cara de bebêzão!

Beijos

lola aronovich disse...

Sadie, agora vc adora o Ringo e acha que ele só fica atrás do John e do George?! Não sobrou muita gente! Ele pegou um honroso terceiro lugar... out of four?! Tadinho! E tadinho também do Paul. Ah, eu não gosto de escolher o meu Beatle favorito. TODOS são melhores quando estão juntos. E realmente amo os quatro. Mas, nos filmes, pra mim o mais fofo é o Ringo, sem dúvida.
Adoro Yellow Submarine, é tão psicodélico, tão colorido! Mas não tem muito a ver com os Beatles. Quer dizer, nem as vozes são as deles, ou são?
Pois é, o Paul Newman... Às vezes eu me pego pensando que ele foi o ator mais lindo de todos os tempos. Mas é muito difícil escolher. Só que ele realmente ficou mais bonito depois dos 35, 40 anos. Antes tinha cara de menino. Só depois virou um estouro.
Que legal, Sadie, participe bastante do blog!

lola aronovich disse...

Li, Logística Aeroportuária é dose, hein? Agora fiquei com pena. Não que eu saiba exatamente o que é isso de logística, mas... E aí, vc foi bem? Espero que alguns neurônios tenham sobrevivido.


Puxa, Ilha do Desenho, não tenho a menor idéia de que filme é esse que vc tá falando. Se alguém souber, help! Eu sou péssima nisso de descobrir o nome do filme através do resumo. Vc sabe algum ator, diretor, data, alguma coisa assim que ajude?


Chris, obrigada pelos elogios! Entendo perfeitamente quando vc diz que prefere não rever os filmes. Porque é claro que nosso gosto muda! Sabe quem mais não revia filmes? Minha ídola Pauline Kael! Viu como vc tá em boa companhia?

Liris Tribuzzi disse...

Pior é que fui bem. E agora fico dependendo da prefeitura de guarulhos convocar para trabalhar, se não, danou-se!

lola aronovich disse...

Que legal, Li! Parabéns! Tomara que a prefeitura te chame logo.