Continuo nossa saga de duas semanas por três estados do Nordeste. De Touros para Natal são só 90 km, e a viagem foi rápida e tranquila. O problema foi só entrar em Natal numa sexta à tarde -- era carro que não acabava mais. A cidade parecia lotadíssima, e estava mesmo. Como não tínhamos a menor ideia onde ficaríamos, fomos pro litoral (mas na parte mais central de Natal, nada de Ponta Negra que a gente sabe que é cara mesmo), e paramos o carro num beco com linda vista para parte da praia de Areia Preta. Nesse bequinho havia quatro (eu disse quatro!) pousadinhas improvisadas muito, muito chinfrins. Quer dizer, a gente nem chegou a ver algum quarto, porque todas estavam lotadas. E o preço cobrado pela diária era de R$ 120! Uma senhora atenciosa que morava em algum lugar do beco nos levou a outros hotéis e pousadas. Todos lotados também. Acabamos ficando, a dois quarteirões de lá, numa pousada de dois irmãos espanhóis. Era bem simples e os quartos não tinham nada (nem frigobar nem TV, só ventilador), mas era limpo e o preço era justo -– R$ 78 a diária pro casal. Chama-se Pousada Ibérica, caso alguém queira pagar pouquinho em Natal. Mas saiba que foi o pior café da manhã de toda a viagem. Olha, já vi muitos quartos sem TV. Mas café da manhã sem queijo e presunto, foi a primeira vez! Vista da praia de Areia Preta, em Natal
À noite fomos a um rodízio de pizza lá perto e caminhamos até um shopping que é uma feira de artesanato (parece que recebe 80 mil visitantes por ano). No caminho, passamos por um posto de atendimento ao turista. Entramos. Muitos mapinhas e folhetos, lugar pra sentar, e uma vista privilegiada pro mar. O senhor lá, que já trabalha nisso há 35 anos, foi muito atencioso. Aliás, em todo lugar que passamos, fomos super bem recebidos, sem exceção. Mas é o que eu havia notado desde a primeira vez que pisei no nordeste, em 1990: não tem povo igual. Ô gente boa, viu? (se bem que nas nossas viagens no Sul também fomos bem tratados).
Seu Francisco estava indo muitíssimo bem até que disse ser evangélico e passou a falar como o mundo está perdido por tanta criminalidade, drogas, prostituição, pedofilia e... homossexualismo. E isso veio assim, do nada. O assunto não foi adiante porque as nossas caras devem ter passado um atestado de reprovação. Porém, tirando esse “lapso” (ele era extremamente conservador. À certa altura, disse pro maridão, “Sua senhora é muito simpática”, porque tudo era dito pro homem da casa), ele nos ajudou a encontrar um outro hotel e até a efetuar uma reserva. Quando estávamos saindo, seu Francisco disse que foi uma sorte incrível a gente ter encontrado o posto, e ele, pra nos ajudar: “E ainda tem gente que não acredita em Deus!”. Como tem, seu Chico! Tem gente pra tudo! Tem até quem acredita que o Estado deve ser laico e que um posto de atendimento ao turista deve ser útil em atender o turista, sem interferências externas tipo deus! Êta gente incrédula!
No dia seguinte, nos mudamos pra Marina Travel, em frente à Praia dos Artistas. Ficava na mesma avenida do posto, mas mais adiante. Foi o hotel mais caro que ficamos em toda a viagem (e também o mais chique): R$ 235 a diária. Lolinha em pose de femme fatale em Natal
Por algum motivo que Freud explica, o maridão pão-duro miserável que não queria ficar num hotel tão caro e que costuma tirar dezenas de fotos de tudo que é pedra e conchinha que esbarra pelo caminho não tirou nem uma fotinho do hotel, nem da Praia dos Artistas. Portanto, essas fotos vem do Google. Mas adorei a praia. Tem uns grandes recifes que separam o mar em dois, e as ondas só chegam do outro lado fraquinhas. À tarde fica com uma boa profundidade. Só sei que a gente ia à praia, ficava no mar, atravessava a rua, passava no chuveirinho, entrava na piscina do hotel. E, à noite, nosso jantar foi no calçadão à beira-mar: churrasquinho! Tava delicioso, e custou inacreditáveis 2 reais cada. Comemos um monte, e jogamos gamão (jogamos muito gamão nessa viagem, e nos primeiros dias eu só perdia pro maridão, que tem uma sorte imbatível. Mas depois a ordem natural da minha vasta superioridade no jogo foi reestabelecida). Quando já era tarde da noite, vimos uma manchete no jornal local no saguão do hotel: uma pesquisa dizia que a aprovação a Dilma tinha subido no Rio Grande do Norte, mas a da governadora do estado, Rosalba – DEM, e principalmente a da prefeita Micarla, do PV, estavam despencando. Micarla só tem 13% de aprovação. Deve ser uma das prefeitas mais mal-avaliadas no país). Conversei com o pessoal da recepção e eles deram vários exemplos da péssima gestão da governadora e prefeita. Um deles disse que era uma pena, porque já há poucas mulheres na política, e “essas duas vêm fazer um papelão desses”.
No dia seguinte fomos pra famosa Pipa. Semana que vem eu conto mais. Só pra constar que Natal é divina e maravilhosa e eu moraria lá numa boa (mas adoro Fortaleza e me apaixonei por João Pessoa).
À noite fomos a um rodízio de pizza lá perto e caminhamos até um shopping que é uma feira de artesanato (parece que recebe 80 mil visitantes por ano). No caminho, passamos por um posto de atendimento ao turista. Entramos. Muitos mapinhas e folhetos, lugar pra sentar, e uma vista privilegiada pro mar. O senhor lá, que já trabalha nisso há 35 anos, foi muito atencioso. Aliás, em todo lugar que passamos, fomos super bem recebidos, sem exceção. Mas é o que eu havia notado desde a primeira vez que pisei no nordeste, em 1990: não tem povo igual. Ô gente boa, viu? (se bem que nas nossas viagens no Sul também fomos bem tratados).
Seu Francisco estava indo muitíssimo bem até que disse ser evangélico e passou a falar como o mundo está perdido por tanta criminalidade, drogas, prostituição, pedofilia e... homossexualismo. E isso veio assim, do nada. O assunto não foi adiante porque as nossas caras devem ter passado um atestado de reprovação. Porém, tirando esse “lapso” (ele era extremamente conservador. À certa altura, disse pro maridão, “Sua senhora é muito simpática”, porque tudo era dito pro homem da casa), ele nos ajudou a encontrar um outro hotel e até a efetuar uma reserva. Quando estávamos saindo, seu Francisco disse que foi uma sorte incrível a gente ter encontrado o posto, e ele, pra nos ajudar: “E ainda tem gente que não acredita em Deus!”. Como tem, seu Chico! Tem gente pra tudo! Tem até quem acredita que o Estado deve ser laico e que um posto de atendimento ao turista deve ser útil em atender o turista, sem interferências externas tipo deus! Êta gente incrédula!
No dia seguinte, nos mudamos pra Marina Travel, em frente à Praia dos Artistas. Ficava na mesma avenida do posto, mas mais adiante. Foi o hotel mais caro que ficamos em toda a viagem (e também o mais chique): R$ 235 a diária. Lolinha em pose de femme fatale em Natal
Por algum motivo que Freud explica, o maridão pão-duro miserável que não queria ficar num hotel tão caro e que costuma tirar dezenas de fotos de tudo que é pedra e conchinha que esbarra pelo caminho não tirou nem uma fotinho do hotel, nem da Praia dos Artistas. Portanto, essas fotos vem do Google. Mas adorei a praia. Tem uns grandes recifes que separam o mar em dois, e as ondas só chegam do outro lado fraquinhas. À tarde fica com uma boa profundidade. Só sei que a gente ia à praia, ficava no mar, atravessava a rua, passava no chuveirinho, entrava na piscina do hotel. E, à noite, nosso jantar foi no calçadão à beira-mar: churrasquinho! Tava delicioso, e custou inacreditáveis 2 reais cada. Comemos um monte, e jogamos gamão (jogamos muito gamão nessa viagem, e nos primeiros dias eu só perdia pro maridão, que tem uma sorte imbatível. Mas depois a ordem natural da minha vasta superioridade no jogo foi reestabelecida). Quando já era tarde da noite, vimos uma manchete no jornal local no saguão do hotel: uma pesquisa dizia que a aprovação a Dilma tinha subido no Rio Grande do Norte, mas a da governadora do estado, Rosalba – DEM, e principalmente a da prefeita Micarla, do PV, estavam despencando. Micarla só tem 13% de aprovação. Deve ser uma das prefeitas mais mal-avaliadas no país). Conversei com o pessoal da recepção e eles deram vários exemplos da péssima gestão da governadora e prefeita. Um deles disse que era uma pena, porque já há poucas mulheres na política, e “essas duas vêm fazer um papelão desses”.
No dia seguinte fomos pra famosa Pipa. Semana que vem eu conto mais. Só pra constar que Natal é divina e maravilhosa e eu moraria lá numa boa (mas adoro Fortaleza e me apaixonei por João Pessoa).
16 comentários:
Que delicia Lola to viajando junto com vc ouvindo seus relatos, dia 25 vou ai pro nordeste de navio, até Maceio, embora eu ja tenha viajado muito por outros lugares nunca tive o privilégio de conhecer o Nordeste, só pelo que vc tem mostrado deve ser lindo, sou apaixonada por praias, mas infelizmente vou tão pouco, acho que não vai dar pra ver muitas coisas nessa viajem, por isso já estou programando fazer outra mas pra Fernando de Noronha que é meu sonho conhecer.
Espero que vc curta muito essa viajem maravilhosa que esta fazendo.
Vivendo a vida a doidado, né Lolinha? Faz muito bem. É uma delícia viajar. Adorei a foto de femme fatale!
Lindas as fotos e o relato. Já faz um tempo que estou louca pra conhecer Natal, mas prefiro viajar em épocas de baixa temporada. Além da viagem ficar bem mais em conta, acho que a gente acaba aproveitando mais o lugar, conhecendo melhor os pontos que em outras épocas ficam lotados.
Mesmo assim dá vontade, rs...
Bjus e bom fim de férias pra vc.
Lola,vc ainda ta de ferias?Que good.Aproveite bastante(poxa parece até uma ameaça de morte XD,foi mal).
Um dia vou pra esse lugares tbm,não sou fã de praia,na real não sou fã de sol,mas pelo que vc conta deve ser ótimo.
Bjs
Pois é, fazer o quê? Nós natalenses somos mesmo muito simpáticos (rs!) e hospitaleiros. E sim, acho que a maioria das pessoas é muito conservadora, mas boa gente, creio. =) Você tem de visitar o maior cajueiro do mundo, comer ginga com tapioca e passar no Bosque dos Namorados. Fica a dica.
Nossa, esse cajueiro é famoso mesmo. Tem até selo.
Natal tá no meu coração :)
Tive o privilégio de viver lá um tempo, cidade super querida
Isso de serem hospitaleiros é bem forte. Quando cheguei lá, na escola, fui muito bem tratada, vários colegas cuidaram para que eu me enturmasse (eu que era meio travadona hauhahauh no começo até estranhei, mas foi legal). Depos quando vim para o sul, senti falta dessa parte quando comecei a escola nova. (me mudei bastante nessa vidinha)
E acreditem, eu morei em Natal e nunca vi o cajueiro e nem andei de dromedário. Que fail.
Né por nada não, mas minha cidade é LINDA!!!!! =D
Ultimamente to numa fase concurseira que topo ir pra qualquer lugar, mas certamente no dia que tiver que deixar isso aqui vai ser com uma dorzinha no peito =**
Que bom que gostou daqui Lola, e dos natalenses também. Vem numa próxima visita mais programada, que tem uma penca de gnt aqui pra procurar hospedagem pra vc.
Ahh, agora de fato é difícil achar hoteis baratos, principalmente nesta época do ano que é mais turística... tudo é caro, tudo é cheio.
Beijos
Ah, eu sou apaixonada por Natal! Fui em 2010, num Congresso da minha área, fiquei hospedada na Ponta Negra, mas num hotel não muito caro, viu, Lola?? Qndo quiser voltar a Natal, me avisa que te dou indicações desse hotel e de outras hospedagens lá na Ponta Negra que não sejam muito caras.
Uma tia minha é tão apaixonada por Natal, que há mais de 15 anos ela e o marido fazem um passeio para lá, todos os anos, religiosamente. É uma cidade tão linda, um povo tão encantador, alegre, simpático, que não tem como não voltar, mesmo. :) Eu gostaria mto de ir de novo esse ano, acompanhada da minha digníssima dessa vez. Vamos ver como vão ser as coisas, se sobra algum dindim pra viagem. Eu só espero não topar com o seu Francisco, ou, se topar, que ele deixe essa besteira de achar que a gente é a perdição do mundo e nos dê boas dicas de turismo, como fez com vocês!
Tô aqui, no aguardo dos outros posts de férias!
Absurdo um crente funcionario publico.
Namorar professor(a) ou ser casado(a) com um(a) tem a desvantagem de só se poder viajar na alta estação, quando é tudo mais caro e lotado. Pra quem odeia excesso de gente, como eu, é péssimo. As diárias dos hoteis ficam mais caras e os preços nos cardápios também. Viajar na baixa estação é bem melhor. Os/as professores(as) deveriam receber um auxílio-férias, pra poder compensar essa desvantagem de só poder viajar quando os/as alunos(as) estão de férias :-). Não conheço Natal, mas conheço João pessoa e gosto bastante de lá. Engraçado é que alguns propagandas locais são meio sem noção, como a da famosa Luísa que estava no Canadá. Tinha a propaganda de uma loja, de cujo nome me esqueci, que dizia: "Seja egoísta, compre na loja fulana de tal" (rs). Se bem que aqui em Fortaleza tem a propaganda da Gerardo Bastos, onde um pneu é um pneu (rs). E o narrador nem dá uma ênfase especial no último pneu, falando "onde um pneu é um PNEU", ou "onde um pneu é O PNEU". A propaganda é assim insossa mesmo, "onde um pneu é um pneu". E seria o quê, um assento de balanço improvisado? Mas João Pessoa é muito agradável. Gosto muito daquela lagoa redonda, a Solon de Lucena. Gosto bastante também da orla, com suas casas bonitas de terrenos amplos. E lá tem uma virtude que Fortaleza não tem: é limpa. Em Fortaleza muita gente confunde rua ou calça com lata de lixo. Terrível. Na orla há vários quiosques com comida boa e barata. E tem aquele sorveteria que eu adoro, a Delícias do Serrado, com picolés com os sabores de tudo quanto é fruta Quando vou lá saio com os lábios dormentes e com a glicose na ionosfera. Por falar em comida boa e barata, uma marchinha de Carnaval, que tocou ontem no Fantástico, me lembrou muito a Lola. Chama-se Papagaio no Arame e é lá de Recife. Foi até eleita a melhor marchinha do concurso (rs). É a cara da Lola. Procurem no Youtube a marchinha Papagaio no Arame, que venceu o concurso nacional em votação feita ontem no Fantástico. Lembra a Lola demais (rs).
Ê vidão, hein dona Lola!
Viajar é uma das melhores coisas da vida!
Que viagem e tanto! domingo qdo vi seu post fiquei de retornar pra ler todinho e daí, já na sala, resolvi tirar um domingão pra filmes (TV) e estava assistindo um deles pensando como seria sua crítica... não é filme pra Oscar, mas assim mesmo, merecia sua crítica fosse lá qual fosse "Reservation Road" -- daí entrou outro filme e a fotografia era páreo pras sua fotos, pros locais das suas férias (praia), mas o enredo um insulto à mais naïve inteligência, nem consegui assistir até o final, mas toma lá: "Long Lost Son".
"Natal é divina e maravilhosa e eu moraria lá numa boa (mas adoro Fortaleza e me apaixonei por João Pessoa)." --do post
divina e maravilhosa
adoro
me apaixonei
you are so fickle... lol...
Natal,sempre maravilhosa,amo minha cidade.
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