quinta-feira, 19 de março de 2009

FREEGANS COMEM SOBRAS PRA ESNOBAR O CAPITALISMO

Existe um movimento que surgiu nos EUA desde meados dos anos 90, mas que eu nunca tinha ouvido falar até viver lá: o freeganism. São pessoas que tentam aproveitar tudo que podem, inclusive comendo alimentos que outras não querem mais. A maior parte dos freegans é vegan (não comem nada que tenha origem animal), daí o nome semelhante. Seu lema é não contribuir com as grandes corporações, com o consumo desenfreado, e minimizar seu impacto ambiental como indivíduos - em suma, elas não aceitam colaborar com o capitalismo. Um site diz (minha tradução): “Freeganismo é um boicote total a um sistema econômico onde o lucro eclipsou considerações éticas. Portanto, ao invés de evitar comprar produtos de apenas uma empresa errada, evitamos comprar qualquer coisa, dentro do possível”. Eles defendem trabalhar menos - pois costumamos labutar em empregos que odiamos para comprar coisas que não precisamos -, minimizar o desperdício, usar transporte ecológico, e reutilizar o lixo. A sociedade nos ensina que lixo é algo terrível, sujo e perigoso. Mas, nos países ricos, lixo muitas vezes é encontrar um par de sapatos novinhos apenas porque a coleção saiu de moda.
Como a gente sabe, os americanos são recordistas mundiais em desperdício, e só com a comida que eles jogam fora, daria pra alimentar toda a África. Portanto, um movimento desses chega pra lutar contra essa cultura. Meu orientador nos EUA ficou chocado quando lhe contei isso. Ele disse que a vigilância sanitária jamais permitiria algo assim, até porque tem gente doente, que poderia envenenar a comida só pra sacanear alguém. Mas os freegans, que em geral são também jovens anarquistas, não querem nem saber. E logicamente eles não se restringem a valorizar apenas a comida. Encontram no lixo móveis, livros, eletros, tudo (na universidade em Detroit sempre tinha livros pra doar. Era só pegar e levar pra casa). É tentar viver com o mínimo possível mesmo.
Antes de eu saber que isso existia, já fui uma freegan, versão carnívora. Eu e o maridão fomos a uma feira em Detroit e, no meio, a céu aberto, uma barraca vendia um monte de carne assada. Era cara, mas parecia muito gostosa. Compramos um cachorro-quente com linguiça caprichada pra cada um e, na hora de sentar, havia na mesa um prato inteiro de costelinhas de porco, intocadas. Alguém havia dado dez dólares por aquele prato suculento e simplesmente desistido de comer. O maridão olhou horrorizado enquanto eu saboreava uns pedacinhos. Eu tava era mais horrorizada com aquele desperdício descabido.
Quando fomos a Washigton DC almoçávamos quase todo dia no mesmo lugar, uma enorme praça de alimentação no Union Station (uma estação de metrô). E lá vimos homens pobres comer sobras. Ao invés de mendigar grana, eles iam a algumas mesas onde o pessoal já tinha acabado de comer e perguntavam: você já acabou? Posso pegar? E era muita, muita, muita comida. Imagino que esses pobres não eram freegans. Provavelmente nem sabiam que isso existe. Aqui e em outros países pobres não daria pra fazer uma afirmação política pegando comida do lixo. Quem pega, pega porque precisa mesmo, não porque está lutando contra o desperdício. Ainda assim, freegans no Brasil. A diferença é que eles coletam verduras de fim de feira, enquanto os colegas americanos costumam pegar alimentos mais industrializaodos.
Uma crítica dos americanos que têm orgulho de desperdiçar (sério, é orgulho mesmo, porque esse é o seu estilo de vida) e acham que isso de aproveitar comida é coisa de comunista, é: “Se os freegans tivessem boas intenções, eles levariam toda essa comida pra gente que realmente precisa dela, como creches”. Ahn, sim. Por que os freegans têm que fazer algo que a pessoa que está criticando não faz? Mas muitos freegans compartilham sua comida. Um dos grupos, o Food, Not Bombs (Comida, Não Bombas), distribui pros pobres pratos quentes feitos com sobras. Há também alguns vídeos do Freegan Kitchen, em que dois chefs preparam um prato com o que pegaram do lixo. Só que pô, olha a cozinha deles: Não sei, mas me parece uma cozinha ultra sofisticada, não condizente com quem quer viver com o mínimo possível.
Aproveitando a onda freegan, duas perguntinhas básicas: imagine que você sem querer passe nos fundos de algum supermercado (não me pergunte como), e vê uma caixa fechada de barras de chocolate no chão, perto de uma lata de lixo. Você examina a caixa e vê que a data de validade está vencida. Você pega a caixa e a leva pra casa? Ok, essa é a primeira pergunta. Assumindo que todos os meus leitores são pessoas sãs e responderiam como eu (“Dããã... Claro que sim! Onde eu pego a minha caixa?”), aqui vai a segunda: você já viu isso acontecer? Nem nos meus sonhos mais selvagens! Pelo jeito, é duro ser freegan no Brasil. Eu fiz a pergunta pro maridão, e ele respondeu tão rápido que sim que tive que fazer outra: “Então qualquer coisa que estivesse inteira você pegava, é isso?”. E ele: “Desde que não fosse verde e não se mexesse, sim”.

49 comentários:

Alfredo disse...

Se o chocolate estiver vencido há uns 2 meses nao faz mal nao.... eu pegava sim...

Poxa Lola.. amei o seux texto... quando eu vou no shopping e vejo na praca de alimentação um monte de gente sequer tocou na comida... somente umas tre garfadas e fim....
Se eu fosse pobre com certeza eu comeria o resto do cara....
realmente tem gente q acha lindo deixar comida sobrando no prato...
Eu so compro aquilo que vou comer. E sempre tento ao maximo comer as cascas das frutas... ate pq sao fontes de fibra.

Bjos!

Leila Silva disse...

Eu tinha ouvido falar de algo parecido com esse movimento, mas na Inglaterra.
É interessante que as pessoas reajam ao consumismo desenfreado, finalmente parece que algo está mudando. No meu círculo tem muita gente que vive com o mínimo (que muitas vezes já é muito, depende do referencial).
Quanto aos americanos, muitos são assim mesmo (felizmente há exceções)acham bonito jogar fora ou, pior ainda, nem se dão conta do desperdício. Quando fui viver lá tive que tirar minha carteira de motorista, fazia muito tempo que eu não dirigia e peguei umas aulas na auto escola. Confesso que, como nã gosto de dirigir, eu adorava os carros automáticos (uma tarefa a menos). Um dia comentei com o instrutor que no Brasil não tínhamos muitos destes,que era legal, por outro lado eles gastavam mais combustível...O panaca respondeu: "Here we don´t care about that". Respondeu com orgulho, não em tom crítico como você pode estar imaginando, como se as reservas fossem eternas. Isso foi no Sul, em Atlanta, no norte dos EUA tem gente bem mais consciente, não gosto de generalizar.
Abraço

L. Archilla disse...

eu já tinha lido a respeito desse movimento, mas de um grupo daqui do Brasil, acho q da grande SP. o termo q eles usavam era o de "pobreza voluntária". eles simplesmente NÃO consomem, e nem trabalham, pq nao precisam! vivem pegando tudo do lixo, e pasmem, ninguém tinha morrido de infecção até a data da reportagem. eu acho demais, mas precisa ter culhões. confesso q teria nojo de muita coisa q eles fazem.

entretanto, não precisa aderir totalmente ao movimento pra ajudar. se a gente parar pra pensar, tem muuuuuito hábito q poderíamos mudar. ontem, mesmo, estava com minha mãe no consultório, quando ela bebeu um copo de água e avisou q o guardaria na gaveta pra qd voltasse lá. na hora eu ri, depois lembrei da minha ex-escola de teatro, onde a dona fundou o projeto "adote um copo": cada aluno/professor/funcionário escrevia seu nome no copo plástico e sempre q tomasse água, usava o mesmo. pense na economia de dinheiro e de lixo q ela fez! naquele momento me senti culpada por ter descartado um copo q usei pra regar uma planta, e decidi q farei o mesmo no consultório, nem q seja só entre os mais chegados.

Anônimo disse...

Dependendo do chocolate, se fosse Green & Black's, pricipalmente o Maya Gold, com laranja, eu pegava sem pensar nem meia vez! Se fosse qquer mistura de chocolate de gordura com 000,1% de cacau da Nestle eu passava.

Aqui em casa nós dificilmente colocamos coisa fora (móveis, eletrodomésticos, roupas) geralmente nós doamos ou vendemos. Também compramos muita coisa usada, como eu já escrevi no meu blog.

Aqui na Suécia nao dá para jogar uma geladeira ou um fogao fora tem que levar para estacoes de reciclagem. Mas na Iglaterra se achava de tudo na rua, eu achei uma TV que funcionava perfeitamente, usei ela por dois anos quando mudei para cá dei para uma amiga. Uma amiga minha achou um aspirador de po Dyson, que é uma marca caríssima, perfeito há uns 3 anos. Funciona até hoje. Muitas vezes as pessoas deixam um bilhetinho nas coisas tipo "estou funcionando, me leve para casa".

Mas as vezes me parece que no Brasil é uma vergonha para as pessoas comprar ou vender coisas usadas. Tudo tem que ser novo e trocado com frequencia.Isso me cansa sabe!

Anônimo disse...

Se fosse qquer mistura de chocolate de gordura com 000,1% de cacau da Nestle eu passava.

na verdade eu quis dizer:
se fosse qualquer mistura de açúcar e gordura com 000,1% de cacau

Paola disse...

Há anos vi alguma coisa sobre pessoas que se diziam minimalistas, era um movimento no Estados Unidos, claro.
Essa de pegar coisas no lixo eu conheço bem, minha máquina de macarrão foi resgatada do lixo, quase me quebrou o pé para me dizer que estava lá.
Já fiz experiências do tipo, não quero mais coisa x, é só colocar na lixeira do prédio, em cinco minutos a coisa some.
No GNT tem um programa de combate ao desperdício, o caso é sério nos EUA e Inglaterra, aqui, apesar da pobreza estamos caminhando para isso, o problema é que perdemos a noção da necessidade, quer um exemplo? Custava as escolas incentivarem os alunos a continuarem com os cadernos pouco usados do ano anterior? Custava incentivar o uso dos mesmos lápis? Precisa mesmo de toda aquela lista de material?
Ih! Lola eu sou isso ai, faz tempo, tenhos post sobre essas coisas lá no Blog!
Eu entendo as pessoas que tomam essas atitudes, até a Ophra, no programa dela fez uma campanha para incentivar o consumo consciente, é sério!

Beijo

PAola

Paola disse...

Ah!
O chocolate? Ah eu pegaria sim!

Srta.T disse...

Eu acho que não pegaria o chocolate, porque não sou chegada... mas se estivesse com alguém que quisesse, incentivaria!

Lola, já viu esse site aqui? http://www.bancodealimentos.org.br/
É uma ONG de combate ao desperdício de alimentos. O projeto parece muito bacana; a pena é que pelo que vi, atua somente em grandes cidades. Mas é uma iniciativa a se copiar, né?

Eu moro sozinha, tenho horror de desperdício. Acho que é porque meus pais nunca admitiram isso em casa. Já até comi comida estragada (e passei MUITO) porque fiquei com dó de jogar fora. Como fora só de final de semana, e olhe lá. No supermecado até riem se eu peço 10 fatias de presunto, 10 de mussarela... é meu consumo semanal, pô. Fora o que preparo e congelo, um monte. Ainda assim, peço pra diarista levar o que quiser e deixar pra almoçar em casa, distribuo pros amigos... eu gosto de cozinhar, e acabo sempre fazendo mais do que eu como.

Fora o que dá pra fazer de gostoso com o que se joga fora: o avô de uma amiga me ensinou a fazer um refresco de casca de abacaxi que é muito gostoso, e rende horrores!

Srta.T disse...

Completando: passei MUITO mal.

Ah, muitos blogs na internet estimulam a troca de roupas, sapatos e maquiagens usados e em bom estado. Tem coiosa bem mais bacana que muita loja de marca!

Experiência Diluída disse...

Lola eu já tinha ouvido falar desse movimento em algum jornal...Acho bem legal né. Uma vez fizemos a mesma coisa que vc num restaurante, eu, meu namorado e um amigo. Tinha uma cesta de batata fritas ali nos convidando a comê-las! E pq não? Nem paramos para pensar, comemos tudo!!! Seria um gande desperdicio deixar aquelas delicias irem p lixo!! hahaha! No mais, tem certas coisas, sei lá que acho nojento no lixo, tpo, aquele caldinho fedorento. N daria p comer nada c aquele cheiro. Agora, se tivessem coisas assim, fechadas, ou q pelos menos tivessem uma aparência legal no lixo, eu pegaria sim!!!Esse chocolate eu não pensaria 2 vezes!! hahaha

Anônimo disse...

Gracas aos deuses aqui na Inglaterra nao existe essa cultura do desperdicio!

O que eu mais vejo sao coisas colocadas nas calcadas com avisos de "por favor, leve." Um dia tinha uma caixa cheia de garrafas de bebida em cima de um murinho (que provavelmente fizeram a alegria de alguns adolescentes durangos), ja vi eletrodomestico, movel...

Outro dia ate tirei foto de um patinete novinho com um aviso "please take." Olha so! http://twitpic.com/24fap

Anônimo disse...

Oi Lola,
hahaha dei uma de frreegans essa semana, e foi otimo. mudei para meu novo apartamento depois de quase 6 meses de vida cigana. E aqui onde moro vassouras, rodos e coisas para limpar a casa são muito caras...fui na parte onde devemos colocar o lixo no prédio e achei tudinho que eu precisava, as pessoas mudam de casa aqui e jogam tudo fora (ano passado achei uma raquete de tênis novinha com o plastico e uma tv).
Acho q o negocio é reciclar e consumir o minimo. Aqui na França varias pessoas começam a agir assim, mais ainda são muito poucas e o consumo aqui é alto, muito alto.
So pra terminar: disse ao meu namorado que meus pais tem a mesma tv desde a Copa de 94 (a antiga da época do casamento dos meus pais tinha pifado) e ele ficou horrorizado e perguntou se não tinhamos dinheiro para comrpar outra, hahaha, eu fiquei tão horrorizada com a pergunta dele que demorei alguns minutos pra entender e explicar que não era falta de dinheiro e sim pq a tv funciona...nosso primeiro choque cultural.
Otimo seu blog. Adoro.
Bjs

Anônimo disse...

Lola,

Sou vegana e não pretendo virar freegan, mas se eu visse uma caixa de chocolate vegano dando sopa por aí, eu pegava hehehehe.
Depois dá uma olhada no meu Orkut, eu faço um mousse de chocolate com chantilly e raspas que fica excelente.
Comida vegana é muito boa *_*

O que acontece geralmente é que eu cozinho muito, porque quando vou para algumas casas não tem muitas coisas pra mim, aí eu tenho que sair comprar umas coisas e cozinhar. Mas não fica caro não, batatas recheadas são um ótimo exemplo disso, ou ainda tabule e hamburguer ^^
Eu ouço muito frases do tipo: "Mas e as crianças? E os moradores de rua?..."
Escrevi sobre isso:

http://aqueladeborah.wordpress.com/2008/09/22/eu-radical/

Ana Cristina Powell disse...

Oi Lola,
Adorei seu texto. Eu moro nos Estados Unidos ha 8 anos mas moro num estado muito pobre (New Mexico) e trabalho numa ONG que presta servicos aos "sem-teto" entao estou em contato com outra realidade. Toddo mundo que trabalha comigo eh super consciente de desperdicio. Nos temos um abrigo diurno e tem refeicoes gratuitas todo dia pra umas 300 pessoas. Toda semana a gente recebe caminhoes cheios de coisa do Whole Foods, por exemplo. Os produtos sao usados no preparo das refeicoes diarias mas tambem dados pros clientes (ou funcionarios) levarem pra casa (se eles tiverem casa). Eh um monte de produto organico, nada de errado com eles (ja comi MUITA coisa doada pelo Whole Foods), o problema eh que com a data de validade no pacote o supermercado tem que tirar das prateleiras. Imagina se isso fosse pro lixo!!
Tem gente lutando contra o consumismo exacerbado nos Estados Unidos, mas, infelizmente, eh mesmo uma minoria.
Mas tem uma figura aqui em Albuquerque que todo mundo conhece porque ele eh o extremo do freeganismo. Ele so anda a pe e nao usa quase roupa nenhuma. Anda de short (uma calca cortada) e coloca uma camiseta regata pra entrar em lugares publicos onde eh obrigatorio o uso. Ele toma banho muito raramente pra nao gastar agua e, alem de ser vegan, considera cozinhar comida desperdicio de energia. Enfim, a historia eh longa. Eu ja o vi em mesa redonda na TV publica falando sobre conservacao de agua e outros assuntos. Eele anda pela cidade toda, todo mundo conhece, ele conversa com pessoas na rua, e acho legal a propaganda que ele faz do combate ao desperdicio.

Anônimo disse...

Lolinha, tbém evito desperdício.
mas não tinha ouvido falar desse movimento não.
Sei do pessoal aqui no Brasil que vai no fim da feira, mas é bem diferente desse caráter político que tem o movimento freegan..
Obrigada , seus posts sempre são tão interessantes, sempre trazem alguma reflexão.
Esse foi um dos que mais gostei nos últimos tempos.
Bjos

Anônimo disse...

Aqui no Brasil restaurantes e lanchonetes não costumam doar as sobras por causa de uma lei federal que proíbe a doação de alimentos. Quem doa tem que assumir os riscos caso venha a fazer mal a alguém.
Dá até 5 anos de prisão mesmo que a comida doada esteja em boas condições e venha a estragar por deficiência no armazenamento ou manipulação de quem a recebe.

Ju Ribeiro disse...

bom, eu parei de comer carnes (só carnes, porque não vivo sem ovo, muito menos leite e seus derivados) bem no iniciozinho do ano. não foi tarefa difícil pra mim não. mas assim....faço questão que meus alimentos estejam fresquinhos.

eu tento não desperdiçar comida, uso alimentos com casca quando faço sopa e tal. mas vocês já perceberam que às vezes as porções de comida são exageradas? cansei de perguntar aos garçons se determinada porção servia bem 2 pessoas. na maioria das vezes respondem que não. daí sobra comida suficiente pra alimentar duas pessoas famintas.
fico com pena de deixar comida, mas se não aguento mais comer...

(ok, quando permitem levo o resto pra casa)

b disse...

Há.... longe do centro da capital de SP, e longe dos grande supermercados ultra-fiscalizados vivem pessoas em pequenos bairros.. esse bairros são chamados de periféricos, favela entreoutros adjetivos não tão bonitinhos...

Todos os mercadinhos desse lugares, ao invés de jogar qualquer alimento vencido (ou proximo do vencimento) fora, vendem a preço de custo...Esvaziam as prateleiras, evitam prejuizo e desperdicio...e nós ainda acabamos comendo coisas que nem sempre podemos comprar...

Ju Ribeiro disse...

explicando: quando vou ao restaurante com meu namorado.

Serge Renine disse...

Aronovich:

Ser Freegan parece certo porem há um problema lógico. Sem compradores as empresas não têm outra opção a não ser fechar as portas. As pessoas que trabalham nestas empresas serão demitidas, ou seja, serão Freegans por necessidade, mas como não vai haver mais desperdício por falta de recursos, essas pessoas que foram demitidas morrerão de fome.

Será que é por isso que de boa intenção o inferno está cheio?

Anônimo disse...

O texto me leva a pensar nas pessoas que catam algo para comer ali na lixeira do prédio. Há um pensamento da Mercedes Sosa que acho perfeito:"A paz é comermos todos juntos".
Lola eu não pegaria a caixa de chocolate. Nem com data nova.Felizmente eu ADORAVA chocolate na infância mas hoje em dia enfeito a casa com ovos na páscoa e depois dou a quem precisa.
Até porque tenho diabetes, hipertensão e sobrepeso.
Amiga brasileira veio dos Estados Unidos e nos convidou para almoçar num restaurante. Ao final ela pediu que o garçon acondicionasse o restante do alimento do qual não nos servíramos e levou para a minha empregada. Achei muito bonito da parte dela. Ela é profa. universitária lá e diz que sempre leva para casa o que lhe sobra no restaurante.Lola esta é mais uma das excelentes matérias que vc nos traz. Parabéns! Bj da Fatima/Laguna

L. Archilla disse...

Serge, tb penso q se todo mundo fosse freegan, não haveria de onde tirar estes restos que são o meio de sobrevivência deles. acontece q estamos muuuuuuuuuuito longe disso. e é bem mais fácil aderir ao freeganismo do q convencer 100% da população mundial a consumir só o que precisa.

Unknown disse...

Muito bom saber sobre esse movimento, nunca tinha ouvido falar.
Me fez pensar um pouquinho sobre a comida que despediçamos à toa.
E sim, claro que eu pegaria os chocolates. Já tive um momento meio freegan em outros tempos. rsrs

lola aronovich disse...

Asn, só 2 meses vencido? Pra mim pode ser mais. Se estiver embalado... Fico feliz em saber que vc também se revolta com o desperdício. Aqui em casa a gente tb tenta aproveitar casca...


Leila, ah, isso que vc falou do professor de autoescola me lembrou o diálogo que travei com um guia do zoológico de Chicago. É bem isso: “não ligamos pra isso”. Não ligavam, né? O bom da crise é que vai fazer os americanos mudarem.

lola aronovich disse...

Lauren, concordo: a ideia não é que a gente vire freegan e pare de consumir totalmente. É só reduzir os gastos e evitar o desperdício. E isso do copo de plástico sempre foi uma obsessão pra mim. Eu bebo muita, muita água. Mais de 6 litros por dia. Quando trabalhava na escola de inglês, pra não gastar copinho plástico, levei um copão vermelho. Ficava lá na cozinha da escola, e eu pegava e levava pro bebedouro. Hoje eu levaria minha garrafinha. Não vou a lugar nenhum sem uma garrafinha com água.


Paola da Suécia, o chocolate sueco é bom? Eu gosto de Nestlé, não posso reclamar. Na realidade, gosto de todos. Só Hershey's que eu acho bastante ruim e evito comprar. Nos últimos anos meu gosto por chocolate tem mudado. Antes eu até gostava mais do amargo. Hoje prefiro o ao leite mesmo. Que legal que aí não dá pra jogar fora fogão e geladeira. Pô, ONDE jogar fora mostrengos assim? Eu moro num bairro de classe média baixa em Joinville, então há muitas lojas de móveis usados por aqui. Mas os donos da loja não pagam nada pelo móvel, e sobe o preço do móvel usado lá pra cima. Assim não vale a pena comprar usado. Eu lembro que nos States gastei um total de 120 dólares pra comprar todos os móveis usados do meu pequeno apê. Incluindo aí uma TV de 20 polegadas que compramos no Salvation Army por 20 dólares!

lola aronovich disse...

Samantha, é, depende do lixo, sem dúvida. Ah, quando eu vou a um rodízio eu como muito mesmo, muito mais do que preciso. Ë pra que valha a pena... Mas raramente vou a rodízio, então... Mas realmente, é preciso consumir menos. A gente vê muito exagero por aí. Eu tb doo bastante, principalmente roupas. Quer dizer, eu compro muito pouco, então acabo nem tendo muito pra doar. Mas eu “limpo” o armário com frequência e me livro de coisas que não uso mais. Ish, se vc visse o estado das cadeiras aqui de casa... Não permitiria que alguém te chamasse de pão dura!


Paola, vc tem uma máquina de macarrão? Puxa, eu nunca fiz macarrão em casa. Acho que já fiz nhoque, gnocchi, sei lá como se escreve. É verdade, o combate ao desperdício precisa ser incentivado já na escola. No mundo acadêmico a gente gasta papel demais. Só se imprime de um lado, e tem espaçamento duplo entre as linhas. Se dependesse de mim, eu escreveria em corpo 8 dos dois lados da folha. E pra que essas margens tão grandes, né? Melhor não falar nada antes que me intenem. Pessoas que viram minha economia de papel já me falaram que tenho sérios problemas mentais.

lola aronovich disse...

Então ficamos assim, Srta T: se algum dia vc encontrar montes de chocolate na rua, lembre-se de mim! Muito boa essa ONG. Ah, vc fala da dificuldade de comprar alimentos pra pessoas sozinhas. É realmente difícil. Às vezes até pra casal é complicado. Ainda falta muito pro mercado atender o consumidor que mora sozinho. As porções andam encolhendo, mas não é pela preocupação com o consumidor. É só pra aumentar o lucro mesmo. Antes uma barra de chocolate tinha 200 g. Agora já tem de 140... É ridículo. O preço continua o mesmo, claro. Ô, ensina a fazer refresco com casca de abacaxi?


Exp.Diluida, claro! Pega a cesta de batata frita! É, eu não chegaria de um lixo com caldinho fedorento. Não sei se pegaria sozinha algo do lixo. Precisaria estar num grupo de pessoas com os mesmos objetivos.

lola aronovich disse...

Barbara, ah é? Na Inglaterra não tem tanto desperdício? Que bom! Bonita a foto do patinete! Mas sabe, bebida é algo que eu fico meio assim de doar. Eu tô com uma garrafa de vodka aqui que deve ter uns 8 anos, sem brincadeira. Nem sei por que comprei. Acho que foi pra usar em alguma receita, mas acabei nem abrindo. E tá aqui, fechadona. Eu não quero contribuir com o alcoolismo de ninguém.


Caroline, o pessoal deix vassouras e rodos pra trás aí na França? Isso é ótimo pra quem precisa! Eu pegaria numa boa. Olha que maravilha a TV dos seus pais! De qual marca é? A minha LG não durou 5 anos direito... As cores não funcionam bem por causa da umidade, eu acho. Obrigada pelo elogio ao blog!

lola aronovich disse...

Deborah, chocolate é um dos motivos pelos quais eu não viraria vegana. Queijo é outro. E pra falar a verdade eu adoro carne. (mas evito comer). Vc faz mousse com leite de soja? Ah, batata recheada é tudo de bom! Mas o que vc põe de recheio?


Ana, eu nem sabia que New Mexico tinha muito sem teto (quer dizer, sei que tem em todo lugar, mas...)! Pensei que era um estado mais rico. Quando eu morei aí eu comprava pão de forma integral direto do Whole Foods. Era uma marca bem boa. Eu ia a alguns supermercados mais pobres numa cidade pobre como Detroit, então as coisas não eram tiradas das prateleiras só por causa desse “detalhe” da data de validade vencida... Acho interessante que haja um freegan radical por aí conhecido de todos. É bom pra mostrar que existem alternativas.

lola aronovich disse...

Cris, obrigada pelo carinho. Que bom que vc gostou! Eu só ouvi falar nisso pela primeira vez no ano passado!


Débora, cinco anos de prisão?! Puxa, assim nem eu arriscaria...

lola aronovich disse...

Ju R, então vc virou vegetariana há dois meses? Eu queria ser vegetariana tb, mas não consigo. É, muitas vezes, quando eu e o maridão saímos, perguntamos se a porção dá pra duas pessoas. Em geral o pessoal é honesto com a gente. Responde que “Dá, se ninguém estiver com muita fome”, ou que não dá mesmo, ou que dá sim.


Thiago, eu vivo num bairro bastante periférico de Joinville. Mas raramente compro nos mercadinhos locais. Eu sei que eu deveria, mas como só fazemos compras uma vez por semana, preferimos supermercados. Que são mais baratos. E também tem umas coisas que não têm grande saída em mercadinhos que não dá pra comprar: chocolate e queijo, por exemplo. Já compramos choc.e queijo estragado. Dentro da data de validade!

lola aronovich disse...

Serge, pelos meus cálculos, nesse ritmo, demoraria uns 100,000 anos pra que todo mundo virasse freegan. A ideia não é essa. Já notou que sempre que se fala numa minoria ou num método alternativo as pessoas falam “OPA! Mas se todo mundo fosse assim, o mundo acabaria”? “Se todo mundo fosse gay, as pessoas parariam de se reproduzir e o planeta acabaria” etc. Ninguém quer que todo mundo vire freegan (ou gay). Só quer apontar que um outro modo de vida é possível. E lembre-se que, mesmo mantendo o atual sistema capitalista de exploração dos recursos, existem boas chances do planeta acabar... Não serão seis gatos pingados freegans os culpados!


Fátima, concordo com “a paz é comermos todos juntos”. Fá, vou te passar meu endereço pra, caso alguém te presentear com ovos de Páscoa (ou barras de chocolate), vc mande pra cá, onde existem pessoas muito necessitadas. Gordas, porém devoradoras de chocolate.

lola aronovich disse...

Lauren, pois é. Descartar uma ideia só porque “se todo mundo fosse assim não daria certo” não é um bom argumento. Até porque nunca é todo mundo de um só jeito.


Alana, eu só ouvi falar no ano passado mesmo, quando li uma reportagem num jornalzinho alternativo (nos EUA). Acho importante a gente saber que há gente que resiste ao sistema.

Maikon K disse...

Lola,

o ato de pegar por conta da necessidade, mesmo sem manter um discurso político, não seria uma prática política ?

O Food Not Bombs é um projeto interessante, se to enganado já tá na casa dos 29 anos de existência. Numa cidade próxima de NY tinha uns punks q organizaram um coletivo local do FND, porém a prefeitura e sua vigilância sanitária mandou fechar, já que existia a "possibilidade de práticas anti-higienicas". Os tais punks desobedeceram e continuaram com o projeto, o que levou a crimizalicação dos participantes. Além da comida, o que poderia se encaixar como assistencialismo, o FND tbm promovia eventos educacionais libertários. Aí fica a dúvida, seria o problema a possivel "falta de higiene" ou a educação fora dos espaços formais de educação, buscando a emancipação de alguma maneira ?

a idéia do freeganismo é mto ligado a cultura punk (o que não é um problema), as idéias do John Zerzan e do primistivismo que é um problemão), mas que caí no vale sem futuro, por não encaixar as pessoas como um todo num projeto político coeso e social. máximo da radicalidade política é a volta a idade da pedra.
Bem, essa é a minha visão.
maikon k

Maikon K disse...

O doc Surplus que discute determinados aspectos citados no texto pode ser visto aqui : http://www.youtube.com/watch?v=5AEiwOM4fAY
está em dez partes.

O link do FDs é http://www.foodnotbombs.net/
sem contar que o logotipo e o desenho da entrada do site são lindões.

maikon k

Anônimo disse...

Oi Lola e pessoal!

Esse teu texto não é bom... é ótimoooo. O assunto do desperdício sempre me incomodou bastante. Hj mesmo no almoço tinha uma comida de nome não identificável de tantas sobras que eu misturei lá dentro (e desta vez ficou bom, as vezes nem tanto, hehe).
Uma realidade que sempre me incomoda bastante, por exemplo, é ir a uma sorveteria com as minhas filhas e ver o número enorme de artigos descartáveis que se usa só por uns instantes para já irem pro lixo. Tb sempre me chama atenção a carinha de "num tô intendenduu" dos garçons quando pedimos uma garrafinha de água e 1 copo só para tomar a citada água (copo obviamente descartável, pois na teoria assim se tem menos despesa do que pagando funcionários para lavar copos de vidro)
E sem querer discutir o mérito das homenagens ou da fé religiosa de ninguém, para mim o simples fato de existir um aumento de consumismo em datas como a páscoa já parece uma afronta ao conteúdo das datas em si. Isso vale tb para o natal, dia das mães, dia do engenheiro, dia da barata amarela da patagônia... Se as datas comemorativas tem algum valor simbólico para as pessoas envolvidas, então pq tanto consumo e tão pouca avaliação de conteúdo? Pq os ovos da páscoa de 200 gramas custam o equivalente a umas 800 gramas de chocolate em barras? Para mais gente ter emprego nessa época e poder comprar ovos de páscoa? São muitas perguntas que podemos fazer... e que bom que existem cada vez mais pessoas procurando respontas e alternativas, mas a caminhada ainda é longaaaa.
Bjsss
Taia

S. disse...

Respondendo `a pergunta sobre o chocolate, depende de quanto tempo passou da data de validade! Brincadeira, me conhecendo eu provavelmente nao ia levar sabendo que alguem ia pegar depois. Se eu nao preciso, nao levo.

Uma coisa que eu tive que me acostumar aqui no Canada' foi com a quantidade de coisas descartaveis sao vendidas... Assim que consegui alugar um apartamento la' fui eu pro supermercado, procurando artigos de limpeza. E cade^ que eu consegui achar pano de chao? Acabei achando uns paninhos na sessao pra automoveis, daqueles de encerar carro. Espanador e' outra coisa, o que mais se vende e' aquele swiffer que em teoria e' pra usar uma vez e jogar fora o refil... Tem muitos exemplos disso, da' pra ficar listando o dia inteiro.

Eu entendo que esse mundo descartavel tem la' as suas origens tanto no "excesso" de dinheiro e no fato de homens e mulheres trabalharem fora sem ter empregada, entao o que for mais pratico ganha a disputa toda a vez. Mas tem limite, nao? Em uma das minhas aulas de historia politica aqui no Canada' a professora comentou conosco que um canadense de um ano e meio de idade ja' consumiu o que o cidadao medio mundial consome durante toda a sua vida. Pelo que eu tenho visto, nao e' muito dificil acreditar nesse numero.

Ao mesmo tempo as pessoas estao tentando gerar menos lixo, nao usar sacolas de plastico etc... E' so' esperar pra ver se o coletivo vai ligar os pontinhos e perceber que consumir menos e reaproveitar mais tambem ajuda e muito a diminuir o desperdicio. E parar de usar carro pra tudo!

Anônimo disse...

Lola o chocolate daqui é igual ao que tem no Brasil, acho eu.Tem umas marcas diferentes, mas nao vejo muita diferenca no gosto. So que aqui as pessoas preferem chocolate com teor mais alto de cacau.

O processo comigo foi o contrário, eu gostava de tudo muito doce, comia leite condensado puro. Agora eu acho meio enjoativo. Inclusive troco qualquer chocolate por um bolinho com café. Aqui na Suécia tem bolos, paes e biscoitos deliciosos!

Sobre o lixo, aqui tem umas estacoes de reciclagem com uns conteiners enooooormes. Dai da para levar moveis, eletrodomesticos, eletronicos e coisas que nao podem ser colocadas nas estacoes de reciclagem locais, que sao geralmente so para lixo doméstico: plastico, latas, papel, papelao e vidro.

Outra coisa muito legal aqui é que o aquecimento das casas nao é a gas e sim algo que traduzido pode ser chamado de calor remoto. Eles queimam o lixo e o calor produzido esquenta uma água que é pumpada (ai desculpe, nao lembro de outra palavra) para as casas das pessoas. Nos temos heaters em cada peca, como em outros paises da Europa, so que dentro deles corre agua quente. Isso também é super barato, o aquecimento é incluido na taxa de condomínio. Eu lembro que quando morava na Inlgaterra a conta de gas ia para o ceu nos meses de inverno. E uma vez eu estava conversando com uma senhora portuguesa no aeroporto em Sao Paulo e ela disse que pelo mesmo valor que gastaria para aquecer a casa durante o inverno, ela passava os 3 meses de inverno europeu (verao aí) com o irmao dela no Brasil.

Anônimo disse...

É! É de pensar realmente. Note como nos países de primeiro mundo existe uma tendência a surgirem inúmeros grupos que protestam de forma extravagante. Sendo que no Brasil, por exemplo, parecemos mais conformados. Será que não estamos apenas esperando que o nosso capitalismo se aperfeiçõe, para que possamos protestar?

lola aronovich disse...

Não sei, Maikon. Tudo é político, se a gente pensar bem, mas eu estava pensando mais numa causa mesmo. Acho algumas ideias do freeganismo interessantes, mas o que mais me atrai é a resistência. E algo como o Food Not Bombs, bem, só pelo nome já apoio totalmente.


Oi, Tainha! Voltou agora? Eu queria ter talento pra improvisar um almoço com sobras, mas a verdade é que raramente sobra alguma coisa. Essas datas comemorativas são feitas pra vender. Não duvido que gente mais religiosa as vejam como algo mais profundo, mas pra maior parte da população vira uma obrigação de consumo. E isso dos ovos de páscoa custarem 4 vezes mais que uma barra normal me revolta. Estava pensando nisso semana passada no super. Vou escrever sobre isso.

lola aronovich disse...

Paola, bom, brasileiro deve ser o povo mais viciado em açúcar no mundo! Como o pessoal gosta de coisas doces por aqui. É muito enjoativo. Não, eu ainda adoro bolo de chocolate amargo. Mas tem umas barras (caras, importadas) com 70 e 80% de cacau que pra mim nem parecem chocolate! Não tem consistência de chocolate (muito duro), não desmancha na boca, não é doce... Enfim, essas eu dispenso. Porque pra mim choc não é apenas o sabor, é a textura. Eu gosto muito mais de choc mais pra mole que durão. Prefiro choc no verão que no inverno!
Que legal isso do aquecimento a “calor remoto”. Parece uma alternativa bem ecológica a esse problemão que é a necessidade de aquecer uma casa 5 ou 6 meses por ano. Que eu me lembre, em Detroit o aquecimento teve que funcionar de novembro a abril. Por isso que eu acho um privilégio muito grande viver num país tropical, onde a gente sobrevive ao clima sem morrer congelado. A desvantagem é que as baratas também sobrevivem...

lola aronovich disse...

Cereja, aí no Canadá tb é assim? Pensei que descartar coisas fosse coisa de americano. Mas, pelo que vc conta, as duas nacionalidades têm muito em comum. Um canadense de 1,5 ano já consumiu o que o cidadão médio do mundo consome a vida toda? Puxa, essa estatística é chocante! Eu pensei que a consciência ecológica aí fosse muito maior que nos EUA.


Leo, não é só no Brasil, é em todos os países pobres. É uma questão de prioridades. A necessidade imediata pra muita gente é garantir teto e comida. Daí não sobra tempo ou energia pra pensar em outras causas. Quem faz esses movimentos nos países ricos é a classe média.

Suzana Elvas disse...

Srta T, o Sesc também tem banco de alimentos. E alguns restaurantes a quilo no Rio guardam verduras que sobram de um dia para o outro usando uma técnica especial de lavagem e secagem para que as folhas não amarelem.

Estou tentando implantar na escola das meninas um banco de alimentos - é impressionante a quantidade de comida que as crianças jogam fora. E uma propaganda legal que eu tenho visto na TV é de uma ONG cujo slogan é "Um terço de tudo que você compra vai direto para o lixo." Por isso minha geladeira deixaria horrorizada uma assistente social: só tem ADES e um pouco de frutas e iogurtes. Como nem eu nem as meninas ficamos em casa, só tem o básico para o café da manhã e a ceia. Compra mais substanciosa só no fim de semana em que as meninas ficam comigo.

Bjs

Srta.T disse...

Ah, não sabia que o Sesc fazia isso, Suzana! Na cidade onde moro não tem unidade do Sesc (pense em um lugar longe). Mas vou até dar uma perguntada pra saber o que o pessoal aqui da empresa faz com a comida que sobra do refeitório. E minha geladeira normalmente parece um coco: só tem água dentro. Na semana passada fiz feira e tem um monte de coisas saudáveis, que tô preparando e congelando pra não estragar.

Lola, façamos um combinado: se eu achar chocolates, remeto pra você; e se você achar batatinhas Pringles de Páprica ou Barbecue, manda pra mim!

(aliás, no ano passado meu namorado me deu um coração lindo de chocolate, da Kopenhagen... a gente tava no começo de namoro, ele não sabia que eu não era chegada em chocolate. Meu pai que comeu. INTEIRO.)

Anônimo disse...

Dias desses fui com alguns amigos numa dessas lanchonetes à la McDonald's, chamada Kanguroos, que tem aqui onde moro. Quando a gente sentou na mesa tinha um pacotinho de batata frita que aparentemente estava intacto. Tipo, novinho, ainda quente, como se alguém tivesse acabado de comprar.
Minha amiga comeu tudinho, sozinha - e economizou a grana da batata.

Não tive coragem de comer, pq pensei 'se alguém deixou isso assim, novinho, deve estar sujo, com algum problema, não é possível'. Então fiquei receoso e não resolvi arriscar.

Por isso, respondendo a sua pergunta, eu não pegaria a caixa fechada de barras de chocolate, pq ficaria, novamente, receoso. Achando que alguém colocou lá de zueira, que aquilo só pode estar com algum problema.

Tayná Tavares disse...

Nossa, eu li semana passada uma matéria sobre fregans no Jornal do Brasil.

Sei lá, eu gostei da idéia deles de não desperdiçar, mas ainda assim, tem alguma coisa neles que não cheira bem (sem piadinhas), e isso me fez não gostar do movimento.

E isso me lembrou meus amigos lá em Búzios, que gastavam todo o dinheiro comprando bebida, e como bebiamos na pracinha atras do McDonalds, quando o mesmo fechava, eles iam lá e comiam McLixoFeliz, como a gente chamava. Comiam felizes da vida.

Outros já usavam outro método, quando o Mac tava muito cheio, pegavam uma nota fiscal no chão, faziam uma cara de "to puto porque sei que vou demorar a ser atendido" e mostravam lá, e tcharam, saiam com um lanche novinho, quentinho, e de graça. Dessa técnica eu não posso falar nad, que já pratiquei muito.

Anônimo disse...

saiu uma materia na Marie Claire tb!
http://www.marieclaire.com/world-reports/news/latest/freegan-lifestyle-trash

Urso Cabeça disse...

Muito interessante o post. Realmente, ostentar o desperdício é ridículo. Também já peguei comida que sobrou da mesa ao lado por ver que ninguém tocou nas batatinhas. Lamentável.
Fiz um post sobre desperdício e fome no nosso blog, hoje. Nosso grupo também promove ações em prol da conscientização das pessoas sobre consumo consciente. Aí vai um vídeo de uma das ações: http://www.youtube.com/watch?v=rLUML2OOTZI

Gostei muito do post. Parabéns pelo relato.

Anônimo disse...

Eu sou contra o consumo exagerado. Sou capitalista e os verdadeiros capitalistas não saem consumindo sem necessidade, pois o capitalismo consiste em acumular capital. Para acumularmos capital não podemos sair consumindo coisas que não precisamos. Deve haver um equilíbrio e não extremismo como esses freegans. Acho que capitalismo não tem nada a ver com a cultura freegan, isso tem a ver com o consumo desenfreado que poderia ocorrer de outras formas e não somente no capitalismo.