terça-feira, 17 de março de 2009

DIVAGAÇÕES CONFUSAS SOBRE O COMERCIAL DO DORITOS

A Mary W e a Ludimila reclamaram do comercial do Doritos, e a Marjorie resolveu comentar também. Várias pessoas entraram com representação no Conar (órgão regulamentador da propaganda no Brasil) contra o comercial, o que fez a PepsiCo, fabricante do Doritos, responder que não teve a intenção de ofender os gays. Uma parte da resposta diz: “Os filmes YMCA e Hélio mostram como todos já passamos por situações em que achávamos que estávamos sendo engraçados, mas na verdade estávamos pagando um grande mito”. Opa! Alguém achou que estava sendo engraçado e pagou mico? Parece familiar, né, agência do comercial do Doritos?
Mas posso ser só um tiquinho do contra e dar a minha opinião? Considero o comercial uma porcaria, mas não necessariamente homofóbico. Pra mim não há nada que sugira que o menino dançando seja gay. E nem vejo nada relacionado com homossexualidade. Nada, quero dizer, além da música. YMCA é praticamente um hino gay. O Village People (que eu adoro) foi super gay. Foi criado pro público gay dos anos 70 que amava discoteca. Então um dos integrantes do grupo se vestia de policial, outro de índio, outro de cowboy, outro de operário de construção... Tudo fantasia sexual de filme pornô. O V.P. foi puramente mercadológico, tanto quanto o Menudo. Claro, não vou comparar. Não lembro de uma só música do Menudo, enquanto do V.P. há várias, como “Macho Man”, “In the Navy”, e o supra-sumo “YMCA”, que trata de como é gostoso “hang out with all the boys” (confraternizar com todos os rapazes) lá na Associação Cristã de Moços.
Só alguém muito bobinho pra ver uma foto do Village People ou ouvir alguma de suas músicas e não pensar que é algo gay. O que não quer dizer que essas músicas não tenham sido adotadas (appropriated?) por um público maior, hétero, mainstream. Lembro de amigos meus, na minha adolescência, fingindo ser gays ao som de "Macho Man". Eles tiravam sarro do teor gay da música (que já tirava sarro da exigência de ser "mucho macho"). E ninguém jogava um saco de Doritos na cara deles.
E olha que eu sou a pessoa mais sem gaydar (radar pra detectar pessoas e coisas gays) do universo. Eu nunca sei se alguém é ou não é gay, talvez porque não seja importante pra mim. E eu certamente nunca sei se uma música tem como público-alvo a comunidade GLBT. Por exemplo, andam reclamando agora do outro comercial do Doritos, que usa um rapaz cantando “Like a Virgin”. Juro que não sabia que essa canção da Madonna tinha sido embarcada pelos gays (sou mais a interpretação do Tarantino no começo de Cães de Aluguel).
Lembro de uma vez, há uns oito anos, em que organizei um evento na escola de inglês onde era coordenadora acadêmica. Convidei um americano muito badalado para dar um workshop para professores de inglês. Ele foi lá e deu ótimas dicas pra se trabalhar com música em sala de aula. E ele era bonitão, o que fez todas as professoras participantes suspirarem. Os poucos professores homens presentes ficaram com inveja e saíram dizendo que ele era gay. Por quê? Ah, porque uma das canções que ele havia usado era “It's Raining Men” - segundo eles, um hino gay. Eu fiquei abismada. Nunca havia imaginado que “It's Raining Men” era um hino gay. Pra mim, era uma música feminista, ou pelo menos uma celebração das mulheres. Não tinha policial musculoso cantando. Tinha as Weather Girls e falava de ficar ensopada, pô.
Olha, sei que sou ingênua. Antes de começar o mestrado, pensei em fazer projeto de pesquisa sobre, ahn, tenho vergonha de
contar, lá vai o que restava da minha reputação - o subtexto gay de algumas músicas da época da discoteca, tipo “I Will Survive”, sabe? Subtexto, Lolinha?!
Mas vamos reconhecer que em relação ao Village People não há discussão. Portanto, o comercial, ao escolher “YMCA”, foi mexer num vespeiro. No entanto, eu acho que o filmeco, péssimo, é mais uma repressão aos homens, gays e héteros, do que homofóbico propriamente dito. Ele indica que homens não podem cantar, dançar, se divertir. Eles só podem se sentar com cara de tacho enquanto alguém dirige e comer um salgadinho horrível. E que a única coisa que podem compartilhar é um produto industrializado. Triste, né? O comercial ensina que homens devem se conter o tempo todo, até quando ouvem uma música hiper dançante e contagiante como “YMCA”. Alguém lembra da comédia com o Kevin Kline, Será que Ele É, em que ele tinha que provar sua masculinidade resistindo cair na dança ao ouvir “I Will Survive”? Lá diziam que “homens de verdade não dançam. Eles bebem. Eles trabalham. Eles não dançam. Schwarzenegger não dança. Ele mal consegue andar”.
Mas não senti que o rapaz do comercial é gay só porque “YMCA” faz com que ele balance seu esqueletinho. Se não fosse essa a música, e se ele fizesse essa mesma dancinha, o comercial seria visto como homofóbico? Suponho que não. Ao mesmo tempo, fiquei tentando imaginar uma música pra substituir a “YMCA”, e não consegui pensar em nenhuma. Tipo, se fosse um rap, qual dança o carinha teria que fazer pra que seus amigos o olhassem estranho? E se fosse um heavy metal, e o carinha ficasse batendo a cabeça no vidro? Não daria certo, porque, no meu inconsciente coletivo, eu esperaria que todos os amigos no carro fizessem o mesmo gesto, até em sincronia (foto). E se fosse “Like a Virgin” nesse comercial, e “YMCA” no outro do Doritos (do rapaz cantando numa festa)? Seria homofóbico?
Claro que estou usando “e se fosse” demais. Porque os publicitários escolheram “YMCA”, e sabiam muito bem do que tratava a canção. Mas, recapitulando (sei que o texto tá confuso): o comercial mostra um rapaz se rendendo a um hino gay, seus amigos (um bando de reprimidos) o condenam por isso, e o comercial toma o partido dos amigos - o pacote de Doritos no rosto do rapaz é um selo de reprovação. Só não tenho certeza se um homem dançar ao som de Village People represente que ele esteja se assumindo. Não me convenci.
E a outra pergunta, claro, é: e se o comercial for mesmo homofóbico? Deve ser proibido? Ou tem o lado positivo de indignar tanta gente a ponto de nos fazer discutir o que é preconceito contra gays?

91 comentários:

Alfredo disse...

Adoro Doritos.... nao vou deixar de comer so por causa desse comercial...
Ah proposito... eu tb tenho um gaydar..... afina sou gay ne..

Juliana disse...

eu também não achei o comercial necessariamente homofóbico não, até porque já passei por várias situações em festas e até em sala de aula onde homens hetero dançavam YMCA sem problema algum, porque é uma música muito boa de fazer a dancinha, vamos combinar...
Na época da escola, a gente teve uma época YMCA. começou com um amigo hetero e eu. Nos olhávamos no meio da aula e fazíamos o Y-M-C-A com as mãos. Pegou e a maior parte da turma começou a fazer junto com a gente, isso era tipo, no meio da aula, cada um sentado na sua, e nunca teve nada demais.

E os homens terem chamado o professor bonito de gay não deve ter tido a ver com ele ter usado "It's raining men" não. Isso é bem comum quando os homens se sentem ameaçados (as mulheres também, mas chamam a outra de piranha). Deve ter algum estudo em antropologia sobre isso, porque é tão comum. Pode ver como todo cara bonito já foi vítima de alguma fofoca acerca de sua sexualidade. E eu percebi como isso acontece também na escola. Tinha um guri lindo na escola, por quem pelo menos metade da população feminina já foi apaixonada. No fim da oitava série, eu acho, ele se mudou pra Minas e acabou fazendo uns trabalhos de modelo uns 2 anos depois. Um dia ele saiu na Capricho, num "colírio" de duas páginas. As meninas e meninos que conheceram ele, ficaram super felizes de ver aquela revista. As meninas que não o conheciam, se apaixonaram e ficaram encantadíssimas. Os meninos que não o conheceram, TODOS, começaram a falar que ele era gay. Sentiu o padrão?

Anônimo disse...

Lola. Até entendo sua leitura, embora não concorde com ela, mas sua última frase ficou estranha:

"E a outra pergunta, claro, é: e se o comercial for mesmo homofóbico? Deve ser proibido? Ou tem o lado positivo de indignar tanta gente a ponto de nos fazer discutir o que é preconceito contra gays?"

Troca o homofóbico por misógino e tenta imaginar algum ponto positivo.

Ana P.

lola aronovich disse...

Asn, eu não gosto de Doritos não. Já gostei, em outra encarnação. Será que existe gay sem gaydar? Acho que sim.


Ju, a professora devia adorar a coreografia de YMCA que a classe toda fazia durante a aula dela! Tadinha... Mas tem música melhor pra se dançar que discoteca? E o Village People emplacou muitas músicas boas. Sobre homens héteros considerarem tudo que é homem bonito gay, é, sei que é um mecanismo de defesa. É uma forma de dizer pras mulheres: "Não se entusiasmem, porque ele não vai querer nada". E é muita imaturidade, lógico. Mas no caso do professor bonitão, o que os outros alegaram (porque eles geralmente inventam alguma coisa pra justificar essa "intuição" deles) é que, se usou "It's Raining Men", só podia ser gay. Aí a gente cai naquilo mostrado em "Será que Ele É": homens de verdade não dançam, não se divertem, não cantam... Deve ser um saco ser um "homem de verdade", né? Depois de mortos eles devem todos ir pro céu. O que reforça minha tese que o paraíso é um tédio só.

Anônimo disse...

Estou de saída, então o comentário tem de ser bem rapidinho. O comercial de Doritos é homofóbico, sim. Usaram uma música que é ícone gay pra dizer que as pessoas não podem "pagar mico", e que devem esconder sua orientação sexual dos amigos. Queriam ridicularizar uma "dancinha ultrapassada"? Que usassem a macarena, a aeróbica de jesus ou coisas realmente datadas. Madonna não está ultrapassada, nem a luta pelos direitos dos homossexuais. Não deveriam ter usado uma música que está ligada a uma minoria política que sofre horrores com o preconceito.

E o comercial tem de ser tirado do ar, sim. Incentiva discriminação, o que é vedado pelo código de ética da publicidade. No mais, concordo com a Ana P.

Junior disse...

Oi Lola, tudo bem?

Acabei de ver os dois comerciais. O do YMCA é homofóbico sim. Porém, eles erraram duplamente, já que alguém que frequente festas de formatura sabe, que quando as bandas tocam Village People, todo mundo cai na dança com coreografia e tudo, inclusive os mais machões. E ninguém acha "estranho", ou "gay" ou nada disso, todo mundo se diverte. Então os caras que bolaram o comercial erraram por incitar o preconceito, e ainda erraram por escolher uma música que já foi abraçada por todo um público hetero. Concordo com quem sugeriu que deveriam ter usado outra música, como macarena, ou então a dança do quadrado por exemplo.

Já o de Like a Virgin, tem um forte subtexto homofóbico sim, mas apenas pela escolha da música. Deveriam ter usado qualquer outra música que não tenha associação nenhuma com minorias. Eu sugeriria por exemplo Smells like teen spirit do Nirvana, ficaria um contexto bem melhor pro comercial. Mas usar Madonna pegou mal mesmo.

Além disso, o que me chamou muito atenção foi o visual dos dois personagens nos dois comerciais. Eles estão caracterizados com um visual pré-gay, no estilo meninos novos que ainda não se aceitaram/assumiram, mas estão muito perto de fazer isso. Isso dá mais força ainda pro subtexto homofóbico da questão toda.

Lola, como o anônimo sugeriu, troque no seu texto homofóbico por misógino, e acho que a questão ficará mais clara para você.

Queria aproveitar o tópico para relatar uma experiência pessoal que talvez indique uma tendência de nosso mundo moderno. Sou homossexual assumido a pouco tempo, e no último fim de semana frequentei um evento da minha empresa com meu cônjuge, como um casal mesmo. É uma empresa grande aqui de Joinville, e sou o primeiro profissional a assumir e aparecer assim, sem ficar escondido num canto. O legal é que o fim de semana foi perfeito, não sofri qualquer tipo de tratamento diferenciado devido a minha opção sexual, nem olhares atravessados, nem nada. Meu cônjuge conheceu vários colegas de trabalho, foi super bem tratado e fez amizades que podem ser duradouras. Fiquei muito feliz que isso aconteceu dessa forma. Porém, meu lado cínico não me permite achar que nossa sociedade está tão mudada, mas sim que como tinha muita gente que aceitou a questão sem problemas, na verdade, nem ligou pra ela, os preconceituosos não quiseram pagar mico e passarem a ser vistos como preconceituosos. Ficaram com medo de mostrar quem realmente são. No fundo, apesar de achar que o caminho é longo, acho legal que isso aconteça, e espero que os outros tipos de preconceito também passem a não ser mais bem vistos pela sociedade e essas pessoas tenham que mudar sua postura, ao menos em público. Quem sabe um dia uma pessoa que fizer um comentário do tipo "ah, é mulher, não sabe dirigir" também receba olhares negativos e se sinta mal por ter falado isso.

lola aronovich disse...

Ana P, pois é, sei que é difícil ver um lado positivo. Mas abrir uma discussão, pra mim, é algo positivo (não que o comercial do Doritos quisesse abrir qualquer discussão). (continuo na resposta pra Cynthia).


Cynthia, concordo que deveriam ter usado outra música. Mas só a escolha da música, pra mim, não foi suficiente pra determinar que o protagonista é gay e que, por isso, ele deveria esconder sua orientação sexual dos amigos, ou que ser gay é pagar mico. E também não sei até que ponto um comercial desses pode incentivar a discriminação contra gays. Mas não sou a favor da censura, e tirar um comercial do ar é censura. Sou a favor da liberdade de expressão. Tanto pra quem produz comerciais/filmes/obras em geral homofóbicas, misóginas e racistas quanto pra quem quer reclamar e boicotar essas obras. Lógico que eu preferiria que tais obras não existissem. Mas elas existem, porque a homofobia/misoginia/racismo estão muito presentes no nosso mundo. Se a gente pode usar essas obras pra abrir os olhos das pessoas sobre os preconceitos, eu acho válido.

Anônimo disse...

Ah Lola, nao concordo.

"Quer dividir alguma coisa? Divide um Doritos!"

Nao dah para interpretar isso de outra forma! Dividir uma dancinha? Claro que ele nao ta dividindo uma dancinha, ele ta dividindo que eh gay, po! Sinceramente, eu nao consigo entender outra leitura disso.

Kaká disse...

Uma música para substituir YMCA seria a Macareña, também tem uma dancinha ridicula e não é hino gay.

Mas a mensagem continua a mesma, que o homem dançar é pagar mico.

Anônimo disse...

Por falar em propaganda porcaria, tem uma do Giraffas que é um nojo, nela as duas girafinhas tão olhando o menu e falando: essa é já peguei, está eu já comi, essa eu tô pegand... Nojento! Duplo sentido de terceira categoria. E o pior que eles tinham feito uma propaganda legal pra posse do Obama. Sobre a do Doritos, sofrível. Roberta

Anônimo disse...

Detalhe é que a maioria dos integrantes do Village People era hétero. Se não me engano, tal como no Queen, apenas um era gay. Ano passado saiu uma entrevista em que os integrantes falam sobre como tudo começou e como a música YmCA foi composta.

Eles estavam em Nova Iorque e um dos integrantes (o gay) viu o simbolo do YMCA -pintado em rosa - na fachada de um prédio.
"Que porra é isso?" Perguntou para os outros.
"É um lugar onde você pode ficar temporáriamente quando vir a N. York sem dinheiro e sem conhecer ninguém" _ Responderam
"Só para meninos?"
"É! Por isso, quando for tomar banho não deixe cair o sabonete..." _ E riram.
"Vou fazer uma musica sobre isso"_ prometeu o integrante gay.

E fez. Segundo eles a letra de YMCA foi composta em 20 minutos.

Quer dizer... Olha como tudo começou: com aquela velha provocação hétero da história do 'menino mais viadinho' deixando o sabonete cair durante o banho. Ou seja, foi uma origem preconceituosa para um hino gay.
(Se fosse hoje em dia, o mesmo pessoal que está pedindo a censura do comercial da Doritos, certamente acusariam o Village People de homofobia.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Ah, tá! Eu esqueci de dizer que não gosto de Doritos.
Nunca gostei.
Achei o comercial bobo e meio preconceituoso, machista, etc.
(mas daí a achar que o comercial é homofóbico é outra coisa)

S. disse...

Concordo com a Barbara, o comercial nao deixa outra leitura aberta depois que aparece a frase sobre dividir alguma coisa... ela so' faz sentido de um jeito! Nao da' pra dizer que e' so' a musica.

E o comercial esta' tirando sarro dos homossexuais sim, tentando levar o tipo da brincadeira que ocorre entre amigos pra propaganda sem se dar conta de que sao esferas muito diferentes. Se ja' nao e' a melhor coisa do mundo fazer piada de alguem por conta da sua opcao sexual no conforto dos nossos lares, o que dira' levar isso para a tv, endossado por uma empresa. E' um passo pra tras.

Anônimo disse...

Lola. A questao acho que nao é se o protagonista eh gay ou nao... a questao é: "PENSAR que o amigo é gay e criar um grande mal estar no carro é motivo de piada?". A Tenho pelna certeza que a vontade dos criadores dessa perola era mostrar esse mal estar e a vontade dos amigos de largarem ele na estrada. A intensão é tão clara pois eles colocaram essa musica que mesmo a mais anta das pessoas relaciona com "boiolice, frutinhas, gays, viados" ou qualquer outra coisa dessas que como loira burra, sogra chata e gostoso bebendo cerveja acaba sendo alvo da nossas tao maravilhosas campanhas publicitarias. Você, pelo pouco que conheço, não é de sair muito.. pelo menos grnades baladas, imagino. Essa musicas todas que você cita no post são sim hinos gays. Em qualquer festa, boite, ou encontro de amigos em casa, quando toca uma dessas musicas, quem é gay se mostra mais gay ainda e quem não é fica parecendo justamente porque vira uma grande brincadeira. Colocar essa musica no comercial mostra claramente a intensao dos publicitarios em fazer essa "piadinha" e, pra mim, isso sim é homofobia. Mostra preconceito, má vontade, erro de pensamento, insistencia em manter uma imagem negativa.. enfim, tudo de ruim que a gente nao precisa.
Eu nao como dUOritos... nao faço nem ideia do gosto que esse treco tem e nem pretendo experimentar. Inclusive acho que Doritos nem é o culpado disso tudo. Deixa eles lá quietos, causando ulcera e entupindo as pesosas de gordura saturada. O que me incomoda mesmo é pensar na reunição de criação desse comercial e imaginar aquele bando de publicitarios nojentos, mauricinhos e asquerosos rindo sem parar por causa dessa cena que eles criaram! Tipo: "ai a gente coloca YMCA e todo mundo olha sem graça pra ele pq vao sacar que o cara é viado!" "Isso mesmo!!! Grande ideia!!! Ele pode até fazer aquela coreografia que toda bichona faz pra deixar bem claro que os brothers sacaram tudo!!!"
Mais uma coisa, so pra encerrar: como eu trabalho nessa área e conheço bem o precisso das coisas, tenho certeza que pelo menos internamente esse filme era conhecido como "gay ymca", "bichina", "saindo do armário" ou simplemente "gay com amigos".

lola aronovich disse...

Oi, Vb. Acho que tem contradição no seu primeiro parágrafo: se todo mundo, gay ou hétero, dança ao som de YMCA numa festa de formatura e ninguém acha estranho, então o que os “amigos” do carro estão achando ruim não é que o jovem possa ser gay, e sim a música, dança? Sei lá. Mas por que todos estariam ouvindo a música no carro, se YMCA é “música de gay”?
E não vejo muita gente reclamando contra o comercial que usa Like a Virgin. Sinto muito, mas se o único argumento pra esse segundo comercial é que os gays adoram Madonna, esse não é um argumento válido. Os héteros tb adoram Madonna. Like a Virgin não é um ícone gay, ao contrário de YMCA. E no caso desse comercial, não há dúvida que o protagonista está pagando mico. Ele interrompe uma festa dizendo “Olha aqui, gente! Eu quero mostrar uma coisa”, e faz esse papelão. Totalmente diferente da situação do comercial do carro, em que uma música dançante toca, e a coisa natural a se fazer é dançar, ué. O carinha não tá atrapalhando ninguém com sua dança. Quem tá pagando mico são seus três amigos, que não se permitem dançar junto. Pena que o comercial fique do lado dos amigos.
Acho interessante a sua análise sobre o carinha do comercial (do outro eu não concordo) ter um visual “pré-gay”. Eu nem sabia que tal visual existia, mas chama a atenção que ele é bem mais jovem que os outros amigos.
Obrigada por relatar sua experiência! Fico super feliz que vc tenha comparecido com seu cônjuge num evento da empresa e todo mundo tenha tradado vcs bem. Acho que é um sinal, sim, que o mundo está mudando. Quando isso acontecer - da homobia / misoginia / racismo etc ser vista como algo muito mais condenável que os gays / as mulheres / os negros, que o pessoal olhe feio pra quem conta uma piadinha racista, não pra quem é negro - o mundo realmente estará melhor. Eu já ouvi muita gente dizer “O pior que pode acontecer é meu filho 'virar' gay”. Talvez um dia esse mesmo pessoal mude o discurso pra “O pior que pode acontecer é meu filho virar homofóbico”.

Srta.T disse...

Ponto 1: eu detesto Doritos. Gosto daquele Dipas, e com guacamole. No mais, aprecio todos os outros tipos de porcariada.

Ponto 2: Achei a propaganda de mau-gosto, com um viés homofóbico sim. Meu namorado (que é publicitário e, obviamente, hetero, dã), também achou homofóbica a situação. Como a Cynthia falou, se a intenção era mostrar o ridículo de uma dancinha, poderiam usar tantas outras coisas (música pra dancinha ridícula é o que não falta por aqui, hein). E além do mais, quando um amigo faz uma dancinha ridícula, os outros RIEM (sei por experiência própria). Agora, se assumem a homossexualidade, os outros amigos olham torto, morrendo de medo do cara querer comer o brioquinho deles. E a cara dos outros meninos da propaganda me pareceu de desconfiança.

Por fim, tenho pencas de amigos gays. Termos como "viado", "sapatão", "bicha", são terríveis mesmo. Mas entre amigos, viram brincadeira. É a tênue linha entre o carinho de brincar com uma pessoa, e o mau-gosto. Um amigo meu que é gay assumido, por exemplo: tava com um amigo hetero numa boate. O amigo hetero pediu um cosmopolitan. O gay: "Mas isso aí é bebida de bicha!". E o hetero (tonto): "Ué, mas vc também tá tomando!". E o gay: "MAS EU SOU BICHA!". Fora as "enta" vezes que saímos juntos e ele fica reclamando que só tem "viado" no lugar. É o senso de humor dele, pode não ser lá politicamente correto, mas ei, ele não ofende ninguém, fala isso entre amigos e só, pra dar risada. Não dá pra ser militante 24 horas por dia, cansa. Além do quê, esterótipos rendem ótimas piadas (pra quem entende que é piada, claro).

Suzana Elvas disse...

Lola;

Toda essa discussão me lembrou o lema adotado pelo exército americano quanto ao homossexualismo em suas fileiras: "Don't ask, don't tell". E para mim é isso que passa nesse comercial: se sabe de cor e salteado todas as coreografias dos principais hinos gays, guarde para si ou deixe para fazer entre a multidão de uma festa superlotada, porque aí todo mundo faz e aí é "curtição" e não "sinal de boiolice". Aqui no carro, brou, pára com isso.

E sim, acredito que há um equívoco quando se fala em "liberdade de expressão". As pessoas - principalmente os publicitários - confundem há tempos liberdade de expressão com liberalidade. Pode tudo. Ou quem esqueceu os anúncios da DuLoren em que uma mulher aparecia sendo violentada com os dizeres "Aprovem logo o aborto, não quero ficar esperando"? Ou a fila de jogadores de futebol na frente do gol se masturbando por conta de uma bandeirinha dita "gostosa" de sutiã meia-taça?

O Conar não censura; ele auto-regulamenta. São publicitários que formam um conselho que zela pela boa propaganda. E desculpe, que me conste ofender quem quer que seja não é boa propaganda - como fotografar um estupro para vender lingerie também não é.

Ontem, assistindo um episódio antigo de "Law & Order: SVU" vi como as posturas são tão diferentes. O caso girava em torno do estupro de um stripper por três mulheres. As três foram inocentadas das acusações de estupro e atentado ao pudor - condenadas apenas por lesão corporal. A advogada de defesa das três entrou com uma história de "só mulheres são violentadas". O policial que investigou fez piada desde que entrou no caso. Ninguém acreditou no cara. Porque ele era homem, mais forte, por que nçao se defendeu? Ele teve uma ereção - "ele estava excitado, então consentiu" foi uma das tiradas da defesa. O cara tinha quatro irmãs e foi criado por uma tia; aprendeu desde cedo que não se dá porrada em mulher, nunca. E por conta disso ele foi violentado. Ele tentou se defender, se afastar, gritou, mas as três o algemaram e fizeram a festa. Depois uma pagou - "era uma cliente satisfeita que pagou pelos bons serviços", disse a advogada de defesa. E não adiantou o cara dizer que era stripper, não prostituto.

Pergunto eu: por que é ofensiva uma propaganda que diminiu a mulher mas não o é a que diminui o homossexual? Por que as mulheres fizeram o maior alarde contra a DuLoren mas não contra o Doritos? O comercial É homofóbico, sim. O rapaz sendo ou não gay, não interessa: ao primeiro sinal de "gayzisse"(ele sabe letra/coreografia de hino gay) pacote de salgadinho na cara dele. Fala sério, mermão.

lola aronovich disse...

Barbara, e no outro comercial, o do Like a Virgin, o cara também tá dividindo que é gay? Sinceramente, eu não sei o que os protagonistas dos comerciais estão “dividindo”. O slogan faz o menor sentido em português. Entendo que em inglês seja “Share”, “compartilhar”. A gente não divide Doritos com os amigos! Também nem “divide” que é gay.


Kaká, pois é, a Macarena seria uma música mais adequada. Aí ninguém reclamaria de homofobia, suponho. Mas o slogan continuaria o mesmo “Divida Doritos com os amigos”. Continua sem fazer sentido. E continua com a mesma mensagem estúpida que homem não pode dançar ou se divertir.

lola aronovich disse...

Roberta, não conheço essa da Giraffas. Aliás, se dependesse de eu ver TV pra ver o comercial do Doritos, eu não teria visto até agora. Mas os publicitários devem achar tudo genial.


Ollie, é? Não sabia que os integrantes do V.P. eram héteros. Não tem nada a ver com Queen, né? Queen não foi feito pra atender um nicho de mercado, como foi o caso do V.P. E não sabia nada sobre como YMCA foi criada. Aliás, eu sempre pensei que YMCA fosse mais um tipo de academia só pra homens cristãos do que qualquer outra coisa. Quer dizer que foi feita em cima de uma piadinha homofóbica? Que coisa! Mas acho que ninguém acusaria o V.P. de homofóbico. Então, eu acho o comerical do Doritos anti-homem, mais que anti-gay. Ditar que os homens não podem se divertir é ser contra eles.

lola aronovich disse...

Cereja, desculpe, mas acho que há outras leituras pro comercial. Tanto que muita gente não o considera homofóbico. Sem falar que ele faz parte de uma campanha. O outro comercial tb seria homofóbico? Sempre há várias leituras pra tudo. Sem dúvida, é ridículo fazer piada de alguém por sua orientação sexual. Só não tenho certeza de que é isso que o comercial está fazendo...


Pablito, mas mesmo essa interpretação é discutível: os amigos estão pensando que o carinha é gay porque ele se rende ao YMCA? Não sei, pra mim, pra passar essa mensagem, teria que haver algo mais no comercial além da música. Mais trejeitos, um estilo pra dança, não sei. Os movimentos que o carinha faz são tão rápidos, tão sem graça, que não pude achar que os amigos vão pensar que ele é gay por causa disso. Gay tem mais estilo, pô! Todas essas músicas que eu citei são hinos gays? Like a Virgin, It's Raining Men? Village People eu sei, o grupo foi feito pra esse público, mas as outras... Só porque a comunidade gay gosta delas não faz delas “músicas gays”. V. P. é diferente, concordo. Que mesmo assim foi adotada pelos héteros, tanto que é usada em formaturas, casamentos (pelo que me contaram. Eu não saio pra baladas mesmo). Mas toda vez que YMCA ou Macho Man é tocada num evento social há homofobia? Se todo mundo começa a dançar junto? É o olhar de reprovação e o saco na cara do protagonista do comercial que é o ponto da homofobia no comercial, certo? Não a dança ou a música em si. Mas, numa festa, quando todo mundo dança ao som de YMCA, ninguém acha que o sujeito é gay só porque dança, né? Não sei, pra mim o comercial é estúpido por condenar algo que todo mundo faz - dançar. E é, posso pensar nas reuniões desses publicitários... Posso imaginar o que eles estão falando agora, depois da polêmica toda... Bem nojentos.
E o guest post que vc me ofereceu, Pabs? Vai rolar?

Anônimo disse...

Lola, me inspirei a escreve algo sobre o assunto e publiquei um post sobre essa história no meu blog. Se quiser e tiver curiosidade de ler sobre a matéria, o link da Revista está no post. ☺

bjim,

Anônimo disse...

O comercial é bobo, mas não vi nada de ofensivo ali. O que eu acho é que o mundo está ficando politicamente correto demais e daqui a pouco qualquer tentativa de humor um pouquinho mais ácido vai desaparecer. Já está um pouco assim. Tenho amigos redatores de programas que têm o maior trabalho porque estão sempre com receio de estar ofendendo um grupo ou outro. Monica

Claudinei disse...

desculpe, mas não entendi toda essa discussão sobre a música do village people. o problema não é, nem de longe, a música escolhida, seja ela ícone gay ou não. assistam o comercial de novo, por favor: começa direto tocando a música e estão todos tranquilos, sem problema algum. aos poucos, o rapaz vai se soltando e começa a se mexer ao ritmo da música e é Aí que os outros começam a ficar constrangidos. Não é com a música, é com o fato do cara estar dançando de modo 'afeminado'. A reação deles de surpresa e constrangimento e a mensagem final de não dividir 'micos' e sim doritos (e qual é o 'mico'? não é ouvir a música. é dançar como gay) é que caracteriza a homofobia aqui. Claro que posso estar enxergando de modo equivocado, mas eu achei isso tão óbvio e claro...

lola aronovich disse...

Srta T, concordo que o comercial poderia - e deveria - ter usado outra música. Mas não é fácil: até Like a Virgin é vista como hino gay! Tinha que ser uma canção “neutra” - “It's Raining Men” não caberia na boca de um homem -, uma macarena ou algo do gênero. E vc tem razão: quando há dancinha ridícula, as pessoas riem. Não olham feio. Agora, sobre o seu outro ponto: gays usarem os termos viado, sapatão, bicha é totalmente diferente de um hétero usar esses termos. É como negros usarem nigger entre si. Na boca de um branco é insulto. E é mesmo, tem todo um contexto. Ou como mulheres usarem o termo bitch entre si, como amigas. Diferente de um homem chamar uma mulher de bitch, né? Então acho que não tem a ver com ser politicamente correto. As minorias podem apropriar termos que são usados normalmente contra elas e transformá-los. Os gays pegaram uma palavra com sentido hiper pejorativo, QUEER, e a transformaram em algo positivo. Deu tão certo que hoje seria ridículo um homofóbico “xingar” um gay de queer. Não é mais insulto, é termo político. Não podemos dizer o mesmo de nigger e bitch. O carinha branco que fica revoltado porque ouve um negro chamando outro negro de nigger e reclama de ele mesmo não poder usar o termo está fingindo que não existe algo chamado contexto. Ou privilégio masculino (e branco, e hétero).

lola aronovich disse...

Su, boa interpretação. Então, se o carinha dançasse ao som de YMCA numa boate lotada, todo mundo dançaria junto e ninguém o olharia estranho? O problema é ele “contagiar” os amigos no conforto interno do carro? Quer dizer que homens dançam, eles só não dançam quando estão em pequeno número? Mas, se a música é tão representativa da homossexualidade, por que os quatro estão ouvindo-a no carro? Ou é um teste de masculinidade (como em Será que Ele É) ouvir uma música dançante e feita pro público gay e não poder dançar? (Ah, e o rapaz não sabe a letra do YMCA, ou, se sabe, não sabemos. Ele não canta a música, apenas a dança).
Pô, vc pegou um exemplo extremo nesse anúncio da DuLoren. Nem me lembrava dele. Desculpe, não acho que o comercial do Doritos seja homofóbico como o da DuLoren era homofóbico. Vamos pegar coisas mais light, machistas, não necessariamente misóginos, como 90% dos comerciais de cerveja, que mostram a mulher como peito e bunda. Eu os acho de péssimo gosto. Acho-os ofensivos às mulheres. Acho-os péssima propaganda. Mas nem por isso quero censurá-los. Gostaria que eles não existissem. Auto-regulamentação é muito parecido com censura, ainda mais quando a gente está exigindo que um comercial seja tirado do ar.
E não gosto desses episódios de TV que perguntam “e se fosse um homem estuprado por 3 mulheres?”. Porque isso é raríssimo de acontecer. Se acontecesse, quando acontecesse, obviamente o padrão de julgamento deveria ser o mesmo. Mas esses argumentos se aproximam muito daqueles clássicos de gente que não entende seu privilégio. Sabe, aquele dos carinhas brancos jurarem que usar camiseta escrito “100% Negro” é o mesmo que usar camiseta “100% Branco”... É ignorar a realidade, o contexto.

Suzana Elvas disse...

Monica, o problema não é ofender uns ou outros; o problema é que há tempos caiu-se na armadilha de usar o preconceito como forma de humor. Então o recurso mais usado é o fácil - é a piada sexista, racista; é o anúncio que põe mulher pelada e boazuda pra vender tudo; é a estratégia de usar cachorrinhos fofos e crianças idem. No blog da Marjorie Rodrigues, que falava da nova campanha da TIM ("Não adianta ter banda larga se a mente for estreita") sobre como os tempos estão mudando, disse que os anúncios são muito legais, mas um dos cartazes me chamou a atenção: "Os tempos estão mudando" e a foto de uma mulher negra e um rapaz branco. Casa Grande & Senzala rules. Se fosse um homem negro e uma mulher branca, aí sim: os tempos estão mudando.

O que esse comercial usou foi a idéia fácil e preconceituosa: gosta de disco e sabe a coreografia, é gay. Se é gay, favor ficar na tua, não envergonha o povo plizi. É o tal "Don't ask, don't talk". Por que não usar a dança do passarinho? A Macarena? Xuxa? Bee Gees? Jackson Five? Por que exatamente dois ícones gays?

Quem tem realmente talento para o humor não tem a menor necessidade de usar sexismo ou racismo a não ser como crítica social, o que é extremamente difícil de se fazer. E dá um trabalho danado.

Anônimo disse...

Eu acho que o comercial é sim homofóbico. Todas as vezes que vi homens dançando o YMCA, eles o fizeram como forma de deboche. Eles se enchem de trejeitos, afinam a voz, rebolam e no final dizem "ah, que horror, né? Imagina, eu sou homem". Acontece sempre em churrascos da minha família e já aconteceu no cursinho tb. O menino do comercial não dança desse jeito, ele é espontâneo. E se ele não está tirando sarro, só pode estar sendo sério. Pra mim, vendo o comercial e sem ter visto nenhum dos posts em blogs, ficou na cara que era um recado do tipo "fique no armário, por favor". É como aquelas conversas que "tudo bem ser gay, mas tem que sair mostrando por aí" muito comum em gente que não se admite homofóbica.
Como a Marjorie e a Mary W já disseram, só não associa essa música ao movimento gay quem viveu no vácuo até hoje. Eu não sabia que YMCA se referia à associação católica de moços e mal conheço duas músicas do Village People, mas sempre soube que eles eram parte grande do movimento de afirmação gay.

Espero que não tenha ficado confuso, estou escrevendo de improviso (queria escrever bonito como a Marjorie, sabe? hehe)

Beijão, Lola

Suzana Elvas disse...

Não é questçao de censurar, Lola. O Conar não censura, ele discute "a discussão". Por que esse comercial levantou tanta polêmica? E de tanta gente? Não é porque uma pessoa se sentiu ofendida; um grupo de pessoas enxergou ali sim preconceito.

Publicitários não acharam nada demais na campanha da DuLoren. Porque eles disseram que não estavam incitando o estupro nem fazendo pouco caso dele. Mas botando uma mulher vestida de DuLoren dizendo "Aprovem logo o aborto; não quero ficar esperando" é o quê?

Comercial raso: fez trejeito é gay. E se é gay a gente não quer saber. Vamos esquecer que a gente viu isso. Passa o salgadinho pra cá. "Don't ask, don't tell".

E só de ter uma representação no Conar é sim uma coisa boa; são publicitários discutindo por que o meio publicitário brasileiro deu pra embarcar nesse humor rasteiro, estúpido e sem o menor talento. E, para um segmento da população, ofensivo. E acredito que os homossexuais estão começando a sentir o que nós, mulheres, já sentimos há tempos: o uso de toda uma gama de preconceitos para vender qualquer coisa.

Anônimo disse...

Eu nao vi o outro comercial, ams nao preciso dizer que dancar Madonna eh coisa de "bicha" sim! Obvio! Voce ja viu aquele gordinho sem nocao do American Idol cantando like a virgin? Eu aposto que os publicitarios engracadinhos viram.

Voce ja viu homem hetero com poster da Madonna no quarto? Ser fa da Madonna eh, por default, coisa de gay, ainda que muitos homens hetero sejam tambem.

Ja sobre YMCA, quem conhece a historia dos movimentos homossexuais sabe que era o lugar onde se podia fazer o que quisesse nos Estados Unidos, numa certa epoca. Os gays sabiam que era "liberado" e iam para la para hang out with all the boys.

Me desculpe, mas citar madonna E YMCA em duas propagandas e querer me convencer que eles estao falando so de "dancinhas" e "musicas datadas" eh esculhambar com a minha inteligencia.

SE, e eh um grande SE, todos os publicitarios e marketeiros envolvidos na criacao e aprovacao das pecas queriam SO, inocentemente, falar de dancinhas e musicas datadas, entao eles chegaram no planeta diretamente de Marte na semana passada, e nao tem a menor condicao de trabalhar na area, por pura falta de conehcimento de referencias pop.

Como eu nao acredito que eles sejam TAO inocentes, so me resta a outra opcao.

Anônimo disse...

Os links para as referencias que mencionei:

Historia da YMCA:

http://www.glbtq.com/social-sciences/ymca.html

"In the decades when homosexuality remained underground, the YMCA provided a safe meeting place for gay men. It helped men to discover that they were not the only ones in the world with same-sex desires, and it gave them the opportunity to act upon these feelings without fear of arrest or public humiliation.

Video do gordinho:

http://www.youtube.com/watch?v=6ijx-oe0o64

lola aronovich disse...

Ollie, interessante seu post. Mas discordo de que o Village People pudesse ser considerado homofóbico. Ontem como hoje. Só porque o grupo “não começou pensado pra ser um grupo gay” não o faz um grupo menos gay quando ele se estabeleceu (e, convenhamos, ele durou pouquinho, né? Então o início e a fama estão bem próximos). Além disso, todo mundo achava que todos os integrantes do grupo eram gays (assim como era importante pra imagem do Menudo que as meninas - seu público-alvo - acreditassem que todos os membros do Menudo era héteros e solteiros, ou seja, disponíveis). Como o integrante do grupo diz, que todo mundo fosse gay foi “uma noção incorreta”. Mas ainda assim era A noção, né? É como eu escrevi pra Srta T, tem diferença um grupo gay brincar com estereótipos gays e um grupo hétero “brincar” com esses mesmos estereótipos.
E não compartilho dessa ideia de que é preciso priorizar pontos relevantes a serem combatidos. Imagino que nenhuma ONG em defesa dos direitos gays deixou de lutar por uma causa relevante só por ter escrito uma carta pro Conar.

lola aronovich disse...

Monica, esse é o argumento de quem acha que ser politicamente correto é chato. Que é a mesma gente que diz que feminista não tem senso de humor. Quando a gente faz piadinha com uma minoria, a gente reforça o preconceito com essa minoria. Vamos fazer graça dos privilegiados. Precisa recorrer a ofender minorias pra ser engraçado? Engraçado pra quem? Fico feliz que redatores de programas estejam pelo menos receosos em ofender. Tem que estar, sim. Vivemos numa sociedade.


Claudinei, vc tem um bom ponto: a questão não é a música. Quando o comercal começa, a música já está tocando, e todos estão como os homens devem ficar sempre: zumbis sem integração comendo salgadinho. E é só quando o carinha começa a dançar que eles olham feio. Só discordo da sua interpretação do jeito que ele dança. Pra mim não há nada de “afeminado” na coreografia. Ou todo homem que dança está sendo afeminado, porque homem não deve dançar? Então o mico não é ser gay, é dançar como gay? Mas e se alguém (eu) não interpreta aquela coreografia como “dança de gay” (whatever that is)?

Suzana Elvas disse...

Lola, é como um amigo meu (gay) me disse: todo mundo diz que ñão é preconceituoso, que tem "muitos amigos negros", mas vai o cara namorar com a irmã dele - pode não. Nem pensar. Meu sobrinho/neto não vai ter cabelo ruim, Deus me livre! Mulatinho na família nem pensar!

Ouvir Village People, ok. Dançar Village People, ok - mas TODO MUNDO TEM QUE DANÇAR, e exagerar no rebolado, e rir muito, e depois da dança pegar a mina e tacar um desentope-ralo bem másculo que é pra ninguém ter dúvida que ali tem espada. Fica lá se rebolando sozinho na pista de dança pra ver o que acontece depois.

Anônimo disse...

Também acho que o comercial é homofóbico, essas musicas, por mais que todas as pessoas hoje as curtem, surgiram como icones gays. Usá-las dessa maneira é ofensivo. O sujeito que teve essa idéia deve ter uma cabecinha hein...ainda se diz publicitário. Talvez tenha sido pior as outras cabecinhas que foram concordando até coloca-lo no ar. Isso mostra que tem muita gente homófobica que diz, mesmo que vc não demonstre ser gay, não o faça. O que é estupido porque o poder de compra dos gays é imenso. Aliás, aqui na tv há comercias de cervejas feito para gays, de carros feito para gays e uma infinidade de outras coisas. Não que isso seja necessáriamente bom, esses comercias também só estão moldando os gays para que ele comprem, mas pelo menos não ofendem e até ajuda a que sejam mais aceitos. Não entendo porque muitas pessoas ficam chocadas quando vêem dois homens se beijando. Não muda nada!

Anônimo disse...

Lola, na verdade existe um "e se", eu comentei lá no blog da Mary W. Tem uma propaganda do Palio que mostra alguns amigos homens viajando de carro e cantando "amigos para siempre", daí eles passam por vários lugares e, aí sim, vários pequenos "micos" que eles relevam alegremente, afinal estão entre amigos, e talz. Fui até procurar: http://www.youtube.com/watch?v=b1tDvY9CTvo
Aí eu lembrei disso e fiquei pensando - se fosse pela "cafonice" da música, essa aí tinha que causar a mesma reação, né? Achei homofóbica sim, e não é que a propaganda esteja afirmando que o garoto SEJA gay - ela parece dizer "não deixe seus amigos pensarem isso de você, é mico, controle-se". E dizer que é mico parecer gay, para mim, é homofobia - quer dizer, quem sabe, se você for um gay bem discretinho, a gente até anda com você, mas não venha parecer uma "bicha louca", assumindo seu apreço por produtos culturais que os gays abraçaram para se afirmar. Isso, para mim, é bem homofóbico. Mas mesmo que fosse outra música ainda seria uma propaganda bem idiota, aí só pelo lado de que "macho não se solta". Essa questão de tirar do ar, eu acho que, em um mundo ideal, o legal seria a agência ouvir as manifestações contrárias, entender que ofendeu as pessoas em um assunto delicado, ver que não é nenhuma maravilha mesmo e tirar do ar sem ficar tentando defender. Mas claro, como isso não acontece, precisa ter uma agência para dizer para eles quando a coisa foi longe demais. Eu acho que o ponto nem é se vai sair do ar ou não, é as pessoas dizerem o que pensam, debaterem e mostrarem para eles. Porque daqui a pouco eles enxergam que não é um bom negócio viver espelhando os preconceitos da sociedade.

lola aronovich disse...

Su, concordo com o que vc escreveu pra Monica sobre humor ser ofensivo. Mas não tenho certeza se eu acharia que os tempos estão mudando se o cartaz da TIM tivesse foto de um homem negro com mulher branca, e não de mulher negra com homem branco. A gente pode interpretar que é bom que estejam retratando uma minoria como a mulher negra... Não achei Casa Grande & Senzala rules.
E opa, Bee Gees não é gay?
Sobre o seu outro coment, sobre o Conar, acho que quem se sentiu ofendido tem pleno direito (dever, aliás) de reclamar com o Conar. Acho ótimo que isso force uma discussão entre os publicitários. Mas duvido que os homossexuais estejam “começando a sentir o que nós, mulheres, já sentimos há tempos: o uso de toda uma gama de preconceitos para vender qualquer coisa”. Eles já devem sentir isso faz tempo.
No caso do anúncio da DuLoren, tenho certeza absoluta que os publicitários queriam despertar polêmica e chamar a atenção. Ninguém coloca a palavra “aborto” num anúncio num país católico em vão. Eles podem até não ter reparado como o anúncio era misógino, já que normatiza o estupro, mas queriam a polêmica, sim. No caso desse do Doritos, não acho que a agência esperava essa repercussão.


Bá, aí eu já não concordo: quer dizer que se o rapaz do comercial exagerasse nos trejeitos, rebolasse no carro, etc etc, aí os amigos não olhariam feio pra ele, porque aí sim seria deboche? Mas é aí que pra mim talvez constituísse homofobia. Porque aí estariam desprezando o rapaz por ser gay ou por estar imitando um gay. No caso, ele só dança, de “forma espontânea”, como vc disse, uma música gay. Outros leitores acharam que o jeito que ele dança é uma típica coreografia gay. Como vc pode ver, não existe uma só leitura. (e acho que não há debate entre nós aqui que YMCA e Village People em geral É gay).

Alfredo disse...

Nossa... todo mundo que participa aqui na Lola tem amigo gay?
uhahuahuauhua

Anônimo disse...

Tem razão, Lola - o pior dessa propaganda é que passa aquela velha mensagem do 'normal padronizante': a gente tem que ter um dado comportamento que é diretamente associado a consumir algo.

Nesse caso, é deixar de celebrar a vida com os amigos e compr... digo, 'compartilhar' Doritos.

Anônimo disse...

Oi Lola,

o que acha desse comercial? http://www.youtube.com/watch?v=5WCvmiJ8Xms


E o do Giraffas que citaram aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=yW_zv76v9FE

Anônimo disse...

Lola, me desculpa qualquer coisa, mas vou ter que discordar. Quando vc diz: "Pra mim não há nada que sugira que o menino dançando seja gay."; isso pra mim quer dizer várias coisas, dentre elas: 1) que para você, e para a maioria das pessoas, não se culpe, existe um "jeito" gay de ser. 2) que um gaydar é realmente para ser levado a sério, já que o seu está quebrado e me pareceu ser um problema. Não se preocupe, o meu também está, e percebo isso todas as vezes que levo cantadas, olhadas de homens que não sugeriam nada além de... Conheço gays socialmente masculinos, e dentro deste grupo, gays assumidos travestidos de macho, é um esforço que só pra se tornarem uns toscos... conseguem! esses reféns da modelo masculino dominante. E por que eles fazem isso? De alguma forma para não serem marcados, comprometendo gaydares e identidades fixas condicionadas pela orientação sexual.
Lola, por que vc acha que o grupo de rapazes não reprovaria o garoto se estivessem escutando rap, heavy metal? por que são coisas que marcam a identidade masculina mais legitimada, pois há várias é bom lembrar, nos dias de hoje. E por que reprovam o garoto por estar dançando ao som de VP? Eu nem acho que seja por conta do grupo musical em si, mas o garoto tá se soltando, sem amarras, vergonhas, sem se conter. E isso homem não faz. Está claro aí o jogo de gênero e de adequação, o que pode ser feito por um homem de verdade (dançar com a cara fechada ao som de qualquer música que se pareça antissocial, pois assim é a "natureza" do homem e da música popular)e o que não pode.
Talvez se colocassem um casal dançando e sendo retaliados pelos amigos, mudasse algum coisa. Mas lendo os subtextos, textos e contextos, não dá. Homofóbico? ok, pode não ser, mas foi uma brincadeira de péssimo gosto.

Anônimo disse...

Antes de pensar na questão homossexual, não gostei do comercial porque, resumindo, pra mim ele fala: "não seja burro e compre Doritos". Odeio propagandas que assumem um tom tão imperativo.

Anônimo disse...

Ah, e é sempre bom lembrar que uma obra, livro, música, etc e tal, até mesmo comerciais infames, não existem por conta própria. Então essa de dizer que: nós não estávamos querendo dizer isso... furadíssima!

Srta.T disse...

Sim, extamente isso que eu quis dizer. Eu não me sinto à vontade chamando meus amigos gays assim, de verdade. Eu os vejo se chamando de "bicha" e acho graça (em tempo: eu e minhas amigAs nos chamamos de bicha, entre meninas só. Nunca fomos de chamar de "biscate", por ex), mas se vejo alguém os chamando de "bicha" pra ofender, eu subo nas tamancas. Dá pra reconhecer, né?

Anônimo disse...

Lola, achei o comercial simplesmente tosco e mal-feito, como vários comerciais da PepsiCo por aí.

Claudinei, concordo totalmente com você, a minha 'leitura' do comercial é essa mesma.

Bjs

Srta.T disse...

Ah, o comercial que tem "Like a Virgin" eu não vi. E nem sabia que era hino gay!

Claudinei disse...

Lola, eu ia lhe responder sobre a questão da dança, mas achei os comentários da Ariadne e do Luiz tão pertinentes e completos que eu estaria somente me repetindo. eu os endosso plenamente. Só queria acrescentar que concordo totalmente contigo na questão da censura. Aos que se sentiram ofendidos com a propaganda é válido qualquer forma de repúdio; usar de censura, porém, é sempre um passo muito complicado. não acredito que uma forma de restrição de expressão tão fechada possa ser realmente eficiente para combater preconceitos em geral.

Suzana Elvas disse...

Lola, eles queriam chocar, não provocar polêmica. Esse anúncio do aborto fez parte da campanha da freira seminua, de cinta-liga; da mulher dizendo para o homem gordo "Não como comida a quilo" e da linha de frente do gol se masturbando. Era chocar por chocar. Tanto que foi banido por várias revistas femininas, entre elas a Claudia, que na época tinha uma coluna em que, entre outras coisas, contava quantas deputadas e senadoras havia no Congresso e a quantas andava os projetos de lei que favoreciam mulheres, como a própria lei do aborto. Carmen Silva havia morrido há pouco, e acredito que aquela época foi a que a revista mais vestiu a camisa do feminismo, antes de virar - nas palavras sábias de um ex-professor de jornalismo, Nilson Lage - "revista espera-marido".

Eu chamei a atenção da mulher negra + homem branco porque é sempre esse o casal que aparece quando se quer falar de miscigenação, novos tempos, nova era etc. Como no anúncio do Nescafé, "Finalmente um café à altura do nosso leite" - uma mulher negra com um homem branco. No meu entender, esse casal já existe - numa preconceituosa leitura de "mulata + estrangeiro". Mas a relação ainda continua equilibrada, porque o branco é o homem (daí eu citar "Casa Grande & Senzala"). Mas eu nunca vi o contrário - um negro com uma branca. Nunca vi em anúncio de banco, cartaz de sorvete, revista de moda - uma branca e um negro. Quando vejo é sempre no contexto "estupro" - a famosa cena de "Bonitinha, mas ordinária".

André Gonçalves disse...

pitaco, já há alguns dias, no www.farinhada.blogspot.com
é homofóbico, sim.

Leo Cordeiro disse...

O fime é ruim, o doritos também e o comercial é homofóbico. E a sensibilidade dos produtores é zero. Outro dia os vegetarianos surtaram (eu dei apoio, pois sou vegetariano) e cancelaram o cartão master card porque no comercial diziam: Não ter um amigo vegetariano não tem preço. Ou seja, passavam a idéia de que ter um amigo vegetariano é desagradável. Agora isso do doritos... Não me senti agredido, mas não achei graça nenhuma também.

Alfredo disse...

Poxa... a única pessoa daqui que come doritos sou eu mesmo?? to chocado!!!

Dai disse...

Lola!

Cheguei tarde mas quero ainda comentar. E vai ser um pouco mais do mesmo porque não tive chance de ler todos os comentários anteriores.

Mas, vamos: Eu achei o comercial homofóbico, não tenho dúvida alguma disso. E talvez a sua avaliação de pouca vivência do mundo gay e de um gaydar pouco aguçado tenham a ver com você não ter identificado isso também, sim.

Eu acho que 80% dos meus amigos são gays. Algumas das pessoas mais próximas, que mais sabem da minha vida e vice-versa. Já estou acostumada a ser chamada por eles de "entendida". Pela minha vivência, pelo que compreendo do mundo gay, o comercial é inteiro sobre a não aceitação da homossexualidade entre um grupo de homens jovens (fase em que as coisas costumam se definir, despontar efetivamente em suas vidas. E ao mesmo tempo em que a discriminação e a dificuldade de auto-aceitação são super intensas e praticamente não existe aceitação por parte dos grupos sociais hegemônicos, um homem jovem que se admitir gay entre o seu grupo hetero será exilado e execrado).

O fato de um rapaz - sem qualquer evidência do estereótipo gay, o que o permite transitar num grupo hetero sem maiores complicações) dançar ao som de YMCA é simbólico, sim. E ainda mais a forma como ele o faz, no comercial.

Porque ele está curtindo o momento e a letra da canção, numa alegria verdadeira e inconsciente. Como um corintiano vestido de verde que não se contem diante de um gol do seu time do coração em plena arquibancada do Palmeiras. Ele não está zoando do jeito
que as "bichas" dançam - pois este era o comportamento esperado.

E não é porque a dancinha dele é ridícula que é olhado de soslaio, mas, sim, por que os parceiros de farra e aventuras estão identificando nele o elemento estranho e transgressor, aquilo que costuma ser o alvo dos seus deboches e da opressão bully.

Vale lembrar, que é muito comum observar que homens heteros em seus pequenos grupos se chamarem mutuamente de "viado", com tapinha nas costas e tal, se apropriam do estigma gay, invertendo a sua conotação pejorativa, porque podem, porque estão seguros uns com os outros, conhecem e demarcam o seu lugar e o seu status na sociedade.

Um hetero chama ao outro hetero de "viado" para demonstrar o quanto são socialmente superiores por sua identidade sexual heteronormativa.

Não é uma atitude consciente. Mas eles, no fundo, sabem bem disso. Portanto, é evidente que ao flagrarem a atitude inconsciente do amigo desfrutando autenticamente daquilo que deveria menosprezar, ou seja, sendo, se identificando com aquilo, eles o rejeitam. E é exatamente assim que acontece com os jovens gays "descobertos" em grupos heterossexuais, tem um filme lindo e triste sobre esse tema "The Mudge boy", que analisa muito bem essa questão. Recomendo.
Não é à toa que, no final do comercial, recomendam que o rapaz divida com seus colegas um "doritos" e não os seus prazeres inconfessos. Estes devem ser mantidos guardados dentro do armário. A sete chaves. Quer homofobia mais evidente?

Anônimo disse...

Nossa, achei muita preocupação e discussão para um simples comercial.
Na minha visão, um comercial é simples como um texto, mas passível de "n" e complexas interpretações, tudo depende de quem está recebendo a mensagem, por mais que a publicidade tenha uma finalidade universal, claro.
Não achei o comercial homofóbico, apenas entendi dele que os meninos recriminam o outro que está dançando porque homens são durões. Só isso.
Bjitos!

Masegui disse...

Lolinha, minha filha,

Hoje é terça-feira... não tá faltando nada, não?

S. disse...

Lola, concordo que tem sempre mais de uma interpretacao possivel, mas pra mim a intencao do comercial com a musica YMCA era bem clara. O da musica da Madonna eu provavelmente deixaria passar em branco se nao tivesse visto o outro antes, da' pra dizer que o sujeito ta' so' pagando mico por cantar uma musica breguete com a voz alterada. Vou concordo com o que alguns ja' mencionaram, e' o tipo da brincadeirinha que serve pra mostrar o preconceito. Tambem sou publicitaria, nao acho que tenha me identificado como uma aqui antes, e pra mim o pior da historia e' uma empresa se deixar representar dessa forma. Tanto a agencia quanto o cliente sabiam o que estavam fazendo, nao engulo essa historia de que a maldade ta' na mente de quem esta' reclamando neste caso.

Ana Rute disse...

concordo com o que várias pessoas já falaram principalmente a barbara e a dai.
desde a primeira vez que vi, e agora analisando melhor, achei super homofóbico! e também não vejo outra interpretação!
mesmo que fosse outra música (YMCA só evidencia mais), passaria a mensagem de que homem não pode dançar, e porque não? é coisa de "mulherzinha", ou seja, pareceria gay, então não pode, guarde pra si!

asnalfa, também gosto de doritos haha vicia

Anônimo disse...

Lola, comecei a responder mas ficou meio grandão aí fiz um post.
http://paullinhazinha.multiply.com/journal/item/38/38
V lá e me diz qq c acha!

PS:[OFF-TOPIC] Lola, fiz um post tb sobre um polêmica que surgiu com um filme da Disney que vai pro ar no fim do ano. Dá uma olhada lá se puder! BJo

http://paullinhazinha.multiply.com/journal/item/37/PM200915A_princesa_negra_da_Disney.

Anônimo disse...

Quanto comentário hoje!!

lola aronovich disse...

Barbara (e outros que não viram o outro comercial, o com Like a Virgin), o outro comercial tá embaixo do outro, no mesmo link do primeiro. Eu não vi a carta que as pessoas que reclamaram enviaram ao Conar, mas, pelo que entendi, a bronca é com o comercial do YMCA. A Madonna certamente tem uma grande legião de fãs gays, mas por favor, né? Ela não é um Village People. Aposto como tá cheia de fãs héteros tb. E no comercial com Like a Virgin, como respondi num outro coment, o carinha tá pagando mico sim. Porque ele interrompe a festa, chama a atenção pra si e canta com voz alterada (usando um balão). Duvido muito que se fosse apenas esse o comercial alguém estaria reclamando de homofobia. Mas, no caso de YMCA, a referência aos gays é clara. Pra mim, por causa da música, não da dança.
Obrigada pelos links, Barb.


Su, é verdade: todo mundo diz que não é racista. Eu já tive uma agência de casamento, e ouvia direto: “Não sou racista, mas não me apresente um negro”. E puxa, acho que faz muito tempo que não vou à uma festa. Nem sei a última vez que ouvi Village People em grupo.

lola aronovich disse...

Cavaca, concordo: tá na hora dos publicitários brasileiros descobrirem o enorme poder de compra dos gays e começarem a fazer propaganda direcionada pra eles. Nos EUA, pra ser franca, eu vi pouquíssima coisa direcionada aos gays, mas imagino que na Europa seja comum. Tb não entendo como um beijo entre dois homens (ou duas mulheres) pode chocar alguém.

Ah é, Ariadne, obrigada por passar o link desse comercial da Palio. Realmente, muito melhor que o do Doritos. Mas o tema é completamente diferente, né? O da Palio diz que amigos superam todos os micos. O do Doritos faz crer que amigos não existem. Que é uma propaganda idiota, não tenho dúvidas. Então, eu acho bom que haja uma discussão, e que as pessoas não tenham deixado o comercial passar batido.

lola aronovich disse...

Ué, Asnalfa, por que? Não pode ter amigo gay? Acho que todo mundo tem amigo gay. Até o Santiago deve ter um.


Luis, é, não tem outra explicação: esses comerciais são anti-vida. Só é feliz quem consome. E, pelo jeito, nem assim.

lola aronovich disse...

Anônimo, ah, esse comercial de cerveja? Mais um pra se juntar à coleção dos péssimos. Parece que só homem bebe cerveja. Mulher prefere discutir a relação que beber com as amigas. Olha, se eu bebesse cerveja, acho que pararia de beber só por conta de como os comerciais veem as mulheres. O do Giraffas é horrível tb. É pra ser engraçado?


Luiz, imagina, pode discordar, e nem precisa pedir desculpas. É verdade, a gente assume que gays se comportam de uma certa forma, ou pelo menos alguns gays, ou pelo menos gays de comercial. Mas, seja lá qual era o estereótipo do gay que dança YMCA, o do rapaz do comercial não se encaixou nesse clichê. Sobre o meu gaydar, não, não é um problema não ter um. Se meus amigos gays não ligam que eu só “descubra” que eles são gays quando me apresentam o namorado, eu é que não vou ligar. Acho o comercial podre por reforçar uma questão de gênero: a de que homem não se solta, não curte, não dança. Mas não me pareceu uma questão de orientação sexual. Concordo que é de péssimo gosto.

lola aronovich disse...

Gustavo, não sei se o comercial fala “não seja burro e compre Doritos”. Acho que tá mais pra “Não faça nada com seus amigos além de comer Doritos”.


Srta T, ah, entendi. Na realidade, eu acho que faço careta toda vez que ouço a palavra “bicha”. E “veado” também. Pra mim é uma palavra ofensiva, com uma sonoridade feia. Pessoalmente não gosto nem quando os gays se referem a outros gays assim. A mesma coisa com “vadia”, “piranha” e afins. E somos duas que não sabiam que Like a Virgin era hino gay!

lola aronovich disse...

Chris, muito mal-feito e muito tosco. A Pepsico só faz comercial assim, é?


Claudinei, é, eu não concordo com censura. Por exemplo, não gosto de pornografia, acho a maior parte da pornografia altamente misógina, mas nem por isso eu quero proibir a sua existência. Claro que, num mundo real, esse tipo de indústria que vive da exploração do outro não existiria. Mas não existiria porque não haveria interesse nisso, não porque alguém proibiu.

lola aronovich disse...

Su, puxa, eu nem me lembro desses comerciais. Esse do estupro/aborto eu me lembro vagamente, mas esses outros que vc citou... Interessante que várias revistas femininas boicotaram os anúncios. “Revista espera-marido” é uma ótima definição...


André, eu li o seu post. Desculpe ter esquecido de te linkar!

lola aronovich disse...

Leo, o Mastercard fez comercial contra os vegetarianos? Que bom que vcs boicotaram! O Mastercard pediu desculpas, fez alguma retratação?


Asn, acho que é só vc que come Doritos. Assim nem tem graça promover um boicote ao produto...

lola aronovich disse...

Dai, pode ser que minha falta de gaydar tenha influenciado minha leitura do comercial como anti-homem, não anti-gay. Mas lembre-se que muitos gays também não viram homofobia no comercial. E muitos viram. Concordo que o rapaz do comercial dança sem ligar pros outros integrantes do carro. Ele nem olha pra eles. Se o pacote de Doritos não fosse estampado em seu rosto, talvez o garoto ainda estivesse olhando pro outro lado, sem notar a reação dos “amigos”. Mas não existe a menor chance de um cara hétero ter a mesma reação? De começar a dançar YMCA discretamente, sem perceber, simplesmente porque a música é envolvente? Sei que a homofobia corre solta em grupos de amigos héteros. Porque o medo dessa amizade fantástica se transformar em “algo mais” é muito grande. Eles se chamarem de “viado” e tal é bem consciente, eu acho. Entendo a sua leitura do comercial, mas não foi a que eu tive.

lola aronovich disse...

Lusinha, mas eu acho muito válida a discussão. Todo mundo tá levantando pontos pertinentes. Espero que os publicitários pensem duas vezes antes de fazerem comerciais que podem ser considerados ofensivos por muita gente.


Mario, ih, só reclama! Minha nova leva de Google Searches não tá pronta! Amanhã (ih, já é hoje) vou publicar um post mais ou menos sobre isso, mas não é engraçado. E como vão suas capivaras de estimação?

lola aronovich disse...

Cereja, concordo contigo: pior ainda que publicitários fazerem esse comercial é a Doritos tê-lo aprovado.


Ana Rute, finalmente outra alma que gosta de Doritos! Já são duas pra gente organizar um boicote. Eu nem sei a diferença entre Doritos e Elma Chips...

lola aronovich disse...

Paula, que legal que vc fez um post. Está muito bom. Gostei que vc deu vários enfoques pra discussão. Desculpe não comentar mais, mas estou morrendo de sono.
Sobre o post da princesa negra no filme da Disney, pois é, eu já tinha visto essa polêmica. Não entendi até agora: o filme seria racista porque o príncipe é branco? Ué? É que nos EUA as coisas são muito segregadas mesmo. É raro ver casais interraciais. Não são apenas os brancos que são contra – os negros são também. E isso não vai mudar com a eleição do Obama.


Milla, montes de comentários, né? Eu fiquei HORAS respondendo! Agora vou dormir. Boa noite, principescas.

L. disse...

Lola que blog animado! Tomada pela repercussão, comentei a peça que tem a música da Madonna! Depois da uma olhadinha: http://luscofusco-loreley.blogspot.com/2009/03/jornada-de-apontamentos-para-o.html
Ludimila

Anônimo disse...

Lola,

Respeito a sua opinião, mas não concordo com ela. Não entendi quando você afirma:

"No entanto, eu acho que o filmeco, péssimo, é mais uma repressão aos homens, gays e héteros, do que homofóbico propriamente dito."

Ué, se o filmeco, “é mais uma repressão aos homens, gays e héteros” como vc afirma nesse trecho, essa repressão no caso do homem hétero é fruto do seu machismo, no caso da repressão ao homem gay isso é homofobia ou não?

Quero destacar o solgan dos dois comerciais que diz: “quer dividir algo com os amigos?Divide um Doritos”. Nem me aterei ao português errado dele, mas qual problema alguém teria em dividir as “dancinhas micos” com seus próprios “amigos”? Por que seus “amigos” recriminariam e olhariam de soslaio para você se resolvesse dançar a coreografia do YMCA, Its Rainning men ,Vogue ou Macho Man? Só mesmo por homofobia eles (os supostos amigos do rapaz) fariam tal censura. Não é entre amigos que compartilhamos nossas vivências e nossos micos por tabela? Ou costumamos compartilhar nossas vivências com estranhos? Então, por que o estranhamento dos amigos com o rapaz no comercial? É homofobia sim.
A desculpa fajuta do comunicado da Pepsico afirma que era para ser um comercial engraçado. Veja a integra o comunicado da pepsico sobre os comerciais : http://celsodossi.blogspot.com/2009/03/doritos-resposta-da-pepsico.html , mas que piada é essa que eu não achei graça? Deve ser porque o meu senso de humor não inclui um riso fácil e acrítico.

Não entendi e nem concordo com sua posição quando diz:

“ e se o comercial for mesmo homofóbico? Deve ser proibido? Ou tem o lado positivo de indignar tanta gente a ponto de nos fazer discutir o que é preconceito contra gays?”

Os comerciais homofóbicos agora têm um lado positivo? Comerciais homofóbicos agora são educativos e por isso devem ser permitidos e aceitos?

Para mim o comercial é homofóbico sim. A mensagem nem tão subliminar dele é essa : Você pode dividir “Doritos” com seus amigos, mas o que você é ( a sua essência), deve ser mantida no ARMÁRIO, pois assim você será mais bem aceito. Isso é homofobia.

Agora, se YMCA, Village People, Like a Virgin e Madonna não tem nada a ver com os gays e que o machismo não está relacionado com a homofobia, então eu , muitos amigos juntos com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais ABGLT somos todos loucos mesmo. Afinal denunciamos o homofóbico comercial junto a Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - CONAR e também no telefone da Elma Chips 08007034444. Mas se for constatado que é loucura mesmo, então, prefiro dividi-la com meus AMIGOS do que dividir um “Dolixos” com eles. rsrsrs


Achei muito interessante esse trecho no Blog “Raspas & restos me interessam” que retrata a falta de criticidade dos brasileiros e a sua contemporização em tudo.

*“Diante disso, me pergunto: por que todo gay que usa mais de sua criticidade é visto como bicha amarga ou rançosa? Nós brasileiros contemporizamos tudo. Não gostamos de discussão, de confronto de ideias, de debate com fair play – e até por falta de treino, começamos a falar mais alto pra ver quem ganha ou a depreciar a visão alheia como inferior a nossa, quando não partimos para a ignorância mesmo. Esta nossa alma de povo cordato nos faz pensar que isso é coisa que destroi e desagrega. Jogamos sempre um pano quente encima de tudo. Por isso, o apelo ao “senso comum” e à “convergência” do "gente, cadê o senso de humor", "ai, esse bate-boca é viadagem" e "não vi nada demais". Quem acha este comercial engraçado - e não é, é muito chato! -, o debate irrelevante e sinal de frescura e não vê nada senão o que se vê na tela plana - provavelmente na chiquééééééérrima Samsung Armani de R$ 30 mil -, está ajudando a passar mais uma camada de verniz na cara hipócrita que ostentamos cotidianamente, que tampa o mofo do preconceito, intolerância, desrespeito e discriminação. Já não fazemos isso com o racismo, de uma maneira quase que profissional? E da mesma maneira não dissimulamos o ódio e rejeição aos homossexuais? Reconheço que já avançamos muito em pouco mais de uma década, mas seguimos sendo um país homofóbico, que mata gays como se fossem patos em estação de caça e que vê de forma natural achincalhar o adolescente ou o jovem "diferente", "estranho"ou "esquisito". Nós bem sabemos o dano que isso nos causou. Vamos contemporizar uma vez mais e fazer de conta que o comercial é divertido, inocente e inofensivo, tal qual as caricaturas de bichinhas com foulards da atual A praça é nossa e d’Os trapalhões de antanho? Quantos adolescentes e jovens ainda terão de passar por situações de rechaço e exclusão pelo fato de serem tidos como “esquisitos”? Last but not least, não se trata de um só comercial de Doritos. Há também o Doritos Hélio, que também tem o mesmo “conceito” e um outro rapaz numa festinha "mauri-patty" cantando Like a Virgin, de Madonna, com voz de pato Donald. A "ideia" é simples: você não pode dividir que é gay ou simplesmente “diferente”, algo que demonstre algo que intregra sua identidade pessoal. Não fuja dos padrões. Seus amigos vão estranhar. Se você quiser dividir algo, que seja Doritos. Ele lhe cobre a cara, mascara o que você é e faz com que seja aceito no seu grupo social. Seja o que os outros querem que você seja e não o que você é. E entre nesta verdadeira linha de produção com o seu rosto moldado por um salgadinho que vale menos do que realmente pesa em sua vida. Chega de “abafa o caso”. "Por um amanhã melhor que hoje"? Debata, proteste e boicote. E viva a coxinha!!!”


http://raspaserestosmeinteressam.blogspot.com/

Anônimo disse...

Ah sim, eu como Doritos tambem! E gosto, o que eh uma vergonha, eu sei! Principalmente aquele sabor queijo, que eh tudo de artificial.

Mas um boicote da minha parte nao vai fazer a menor diferenca, porque eu so como doritos uma vez a cada, digamos, dois meses.

Nao porque eles aprovam anuncios homofobicos, mas porque aumenta o colesterol, da celulite, eh cheio de glutamato monossodico, ou seja, faz um mal danado.

lola aronovich disse...

Que bom que vc escreveu outro post, Ludimila. Já já dou uma olhada. (antes tenho que publicar um post meu).


Barbara, eu comi bastante Doritos, ou Elma Chips, sei lá, mas faz uns 20 anos. Eu até gostava. É aquele tipo de coisa que vc não pensa ao comer. Mas é ruim pra saúde, né?

lola aronovich disse...

Jadilson, é que eu vejo o comercial como uma repressão em relação ao homem, como gênero, não como orientação sexual. Apesar da música, tocada no carro, eu não identifico orientação sexual sendo exposta no comercial. Obviamente não existe nenhum problema em “dividir” dancinhas e micos com os amigos. Por isso o comercial é tão ruim (além de ser muito mal-feito, não ser engraçado etc) - porque mostra que amigos existem só pra comer salgadinho e nos criticar. Não consigo imaginar alguém ficando com vontade de comprar Doritos depois de ver o comercial. Ahn, eu disse que o comercial deveria ser aceito? Não, né? Tá cheio de gente discutindo. Isso não é aceitação. “Permitido” é outra coisa. Eu particularmente sou contra a censura. Eu acho que os preconceitos têm um lado bom, sim. Um comercial como esse mobiliza muita gente. Vc não acha positivo que se discuta a homofobia? Isso faz com que pessoas héteros, não engajadas, e mesmo gays não engajados, se mobilizem contra a homofobia.
E quanto ao trecho do blog que vc colocou aqui, é bem interessante mesmo. Mas não concordo que o brasileiro contemporize tudo. Se não houvesse criticidade, a gente não estaria falando do comercial, estaria? E o pessoal do “é só um comercial, é só um filme, é só um livro, relaxa, pare de ser tão politicamente correto, isso é chato” existe em todo lugar, não só no Brasil. Não vejo esse discurso como falta de criticidade, e sim como vontade de calar os protestos das minorias. Ou seja, tal discurso não tem nada de contemporizador e é político.

Anônimo disse...

Não vi o comercial. Li todas as opiniões e acho que o comercial por não ser pessoa física facilitou/resultou no grande benefício de ser o objeto de estudo deste forum que aconteceu neste post. Debate que achei da maior importância pela riqueza de opiniões, onde todos que tem interesse em aprender, aprendemos.
Fatima/Laguna

Anônimo disse...

Jadilson, concordo com a Lolinha, ela sempre correta nas análises. Adoro. Mas vc tb está coberto de razão. Tem q haver um bom-senso ( com hífen? sem hífen? nunca o saberei)em todos os q usam a mídia, qqer q seja e para qqer fim. Mas...o comercial expressa pensamento comum. Com os jovens funciona para o fim a q se destina q é fazê-los consumir aquele produto. O comercial faz sucesso entre os jovens pq eles se comportam assim no dia a dia. Se identificam.Falo por experiência própria q a divulgação de notícias sobre esses protestos reforça e muito o preconceito. É triste Jadilson mas as crianças, os adolescentes, adultos jovens, estão sendo cooptados para o lado negro da força. Trabalho com adolescentes e travo uma luta diária para conscientizar ou pelo menos arejar um pouco as idéias mas é difícil. A disputa é acirrada. Todos querem os corações e as mentes das nossas crianças.E a publicidade há muito tempo descobriu q criança e adolescente digere qqer coisa. Todos já se deram conta q naquelas massinhas cinzentas dá pra se moldar qqer forma e influir no consumo do q quer q seja. A indústria de cigarros sabe disso. Os religiosos já perceberam q com elas o rebanho nunca diminui (já reparou na Igreja católica só tem idoso? o rebanho envelheceu e as novas ovelhas estão se alimentando em outro pasto e ingerem preconceitos em doses absurdas), temos os políticos (de direita, muito eficazes como se deduz pelos eleitos), já q os da esquerda ñ atraem a maioria dos jovens (Heloísa Helena e aqueles caras do PSTU de camisa fora de moda? NOT) e os gays, se quiserem pelo menos andar sossegados nas ruas (de verdade, fora dos guetos) foquem nesse público. Nada de ficar rosnando. É estilo Lulinha paz e amor. Ele entendeu. E 80% do povo gostou. Vai ser um trabalho de anos e anos pq uma geração vai educando a outra. É atrair para o lado bom. A idéia é: Gay tb é gente normal. Nem santos nem diabos. Normal. Tem q mostrar sempre isso. Aí ficam os ativistas querendo passar a imagem q gay ñ tem defeito e q travesti ñ é gay. Gay só os bonitos, jovens, bem sucedidos, estudiosos, etc. Aí se criou um estereotipo. Até ser educado passou a ser visto como "coisa de viado". É sério. Ser identificado como gay é o terror de qqer homem, tenha a idade q tiver. E ainda mais q hoje tudo é motivo para alguém ser taxado de gay. Demonstrar carinho por alguém, respeito, falar baixo, ceder o lugar a um idoso, tirar boas notas, ter um comportamento digno e educado: "Viado"! Conheço garotos q no seio da família são um exemplo de educação, carinhosos com os pais, amorosos, apontados como exemplo. Põem o pé na rua viram o bicho, tem q firmar a virilidade a qqer custo e pra isso esquecem o cidadão em casa. Tem muito gay na minha escola e sabe como os meninos os identificam? Os q só andam com meninas. Então no recreio vc vê aquele bando de moleques de um lado e aquele monte de meninas de outro com um ou outro menino junto ( só os q ñ conseguem disfarçar, pq se conseguissem com certeza estariam engrossando a fileira dos enrustidos do outro lado pra serem aceitos pelos colegas). Se for visto com menina mais de uma vez e ñ for namoro ou cola:"Viado". Os dois grupos ñ se misturam. Quem tem amiga mulher é "bicha" e mulher só se for pra "comer". E são grosseiros, esquecem q têm mãe, irmãs, ñ respeitam ninguém...É triste pq serão os pais da geração futura e vão incutir os mesmos preconceitos por mais q se criem leis contra isso. Lei ñ impede o ódio. Pune, mas ñ impede. E alcança menor de 18? Tem q por o gay no comercial, na novela, no jornal, mas misturado com o resto da população, sem enfatizar, sem coloca-lo como alguém sem defeito, mártir, sem cruz rosa. Gay q vai ao supermercado, q faz cirurgia, q trabalha na obra, q é cobrador de ônibus, q vende bala no sinal, q é garçon, q dá porrada, q xinga na hora da raiva, q sabe se defender e q pode ter amigos homens sim, sem assediá-los, q é o q todo hétero pensa. Gente normal. Comum. Para demonstratar q são homens e ñ "viados" os garotos passam o dia exercitando os mais cruéis preconceitos. E ñ só contra os gays. Mulheres, negros, idosos, feios, pobres, nordestinos. Protestar é um direito e um dever, ñ se omitir, exigir direitos é uma obrigação mas proibir é nefasto.O comercial tinha q passar batido, nem olha. Cada vez q se chama atenção para o produto focando no preconceito (claro q nesse caso específico, cada caso um caso) se reverte a situação e o público conservador se posiciona a favor da empresa e ela ganha espaço gratuito. Eu adoraria q um concorrente (coca-cola?) colocasse num comercial pra jovens um monte de garotos, misturados, na paz, sem nenhuma alusão a sexo ou a namoro, de todo tipo, dos machões às mais pintosas, fazendo algo comum aos jovens, sei lá, grafite, skate, surf e o foco seria o produto e ñ a sexualidade da pessoa. Mostrar q há convivência social entre quem interesse comum ñ importa a orientação sexual. E nem todo gay tem a aparência de um Bruno Gagliasso, colocasse gente normal. Fica a dica. A ABGLT e outras associações tem q pressionar para q todos sejam mostrados como iguais, com defeitos,qualidades,necessidades. Nem melhor nem pior. Gay tb pode ter defeito. E ser Jacira ou Isabelita, pq ñ pode? E uma campanha feroz entre TODOS os gays para q se unam pq povo dividido é povo dominado e lutem numa só trincheira (uma central única, uma única voz) pq discriminar travesti, drags, trans, etc é dar munição ao inimigo, já disse a grande filósofa Nani People. E acabem com essa micareta gay, virou carnaval fora de época e plataforma eleitoral. Boicotem isso. Não vai ser por aí. Espero q vc entenda meu pitaco. Beijão.

Anônimo disse...

" pq discriminar travesti, drags, trans, etc é dar munição ao inimigo" Adorei isto prof.Carolina!
Fatima/Laguna

Anônimo disse...

Não vi esse comercial, mas não concordo com a idéia de que tal música seja gay, músicas são obras de arte(ou deveriam ser), sem sexo, cor, raça...acho um preconceito às avessas afirmar que determinadas músicas são de gays, como se um homem hétero não pudesse gostar de madonna.

Junior disse...

Sensacional o comentário da Carolina, deveria virar um guest-post Lola :)

Concordo com cada linha. As minorias não precisam ser mostradas como perfeitos, como exemplos, mas sim como gente normal, que erra e acerta, que faz coisas boas e coisas ruins. Um dos problemas dos movimentos de afirmação é que eles acabam criando um preconceito reverso, ou preconceitos com outras minorias.
Dentro do mundinho gay, vejo muitos gays que são extremamente misóginos, o que acho terrível, e também, muito preconceito entre os tipos de gays. Por exemplo, gays não gostam muito de travestis ou transex, os muito afeminados também sofrem preconceito. Eu sou um tipo de homossexual que não carrego minha "opção" (não gosto deste termo) estampada na cara, então passo por hetero tranquilamente. Mas eu sou assim, não estou disfarçando nem nada, é o meu jeito mesmo. Isso facilita a minha aceitação pelos meus amigos/sociedade que me rodeia, mas tenho certeza que se eu fosse uma caricatura afeminada, teria mais dificuldade de ser aceito. É triste ver as minorias com esse preconceito interno, entre suas próprias linhas ou entre outras minorias.

Para ver como isso hoje está bem forte, basta ver que tipos de gays são mostrados nas novelas: homens bonitos, sarados, bem sucedidos em suas carreiras, sem trejeitos, quase machões, BRANCOS. Quando não é assim, geralmente é um cariactura afeminada com o objetivo de fazer humor.
Existe gay pobre, rico, bom carater, mal carater, e é isso que precisa ser mostrado pra todos, que o fato da "opção" sexual não ser hetero, não define uma pessoa. É apenas mais uma das muitas características que criam a personalidade de cada um de nós.

Sobre a palavra "opção", acho muito mal usada. Eu não escolhi ser gay, assim como não escolhi ter cabelo preto, ou ter menos de 1.75 de altura. Minha natureza é ser assim, e assim eu sou, não existe escolha nesse caso. Isso é outra coisa que eu gostaria de fazer a sociedade aprender.

Gabriela Galvão disse...

Eu lembro uma música dos Menudos: "Ñ se reprima, ñ se reprima... Canta Dança Ñ sei mais o q..."

Eu achei pelo menos de mal gosto. Mas sou contra tirarem do ar.

Agora seguinte: pessoas hofóbicas e preconceituosas...

Armários nelas!!!

P.S.: Fui ver a tal música dos Menudos. (!!!):

Canta, dança, sem parar
Sobe, desce, como quiser
Sonha, vive, como eu
Pula, grita, ô ô ô ô ô ô...

Não segure muito teus instintos
Porque isso não é natural
Sai do sério, fala Alto, dá um grito forte,
Quando queira evitar
É saudável, relaxante, recupera
E faz bem pra cabeça
Por isso
canta, dança, grita ô ô ô ô ô ô ô

Vá em frente, entra numa boa
Porque a vida é uma festa
Não console, não domine, não modere
Tudo isso faz muito mal
Deixe que a mente se relaxe
Faça o que mandar o coração
Por isso
canta, dança, grita ô ô ô ô ô ô ô

Não se reprima
Não se reprima
Não se reprima

Não se reprima
Não se reprima
Pode gritar

Não se reprima
Não se reprima
Não se reprima

Dança, canta, sobe, desce, vive, corre e pula como eu!

Canta, dança, sem parar
Sobe, desce, como quiser
Sonha, vive, como eu
Pula, grita, ô ô ô ô

Chega de fugir, de se esconder
E de deixar a vida pra depois
Não persiste mais, se o mundo gira,
O tempo corre, nada vai te esperar
Entra de cabeça nos seus sonhos
Só assim você vai ser feliz
Por isso canta, dança, grita, ô ô ô ô ô

lola aronovich disse...

Fatima, ainda não viu o comercial? Bom, eu certamente fiquei em desvantagem aqui nesse debate. A maior parte do pessoal que comentou achou o comercial claramente homofóbico. Mas gostei das discussões.


Carol, excelente comentário. Eu quero transformar num guest post, posso?

lola aronovich disse...

Anônimo, obras de arte não são “puras”. Elas têm sexo, cor, raça, ideologia. Porque elas mostram muito de quem as criou, e da época e do local em que foram criadas. Homem hétero pode gostar de Madonna, lógico. É só que o público gay a adora tb. Anyway, eu nunca pensei em Like a Virgin como hino gay...


Gabriela, ah é, tinha o “não se reprima, não se reprima”. Imagina se o comercial do Doritos tivesse usado essa música. Não seria homofóbico? Ótima sua conclusão: quem tem que ficar dentro de um armário bem fechado é o homofóbico, não o gay. E vc é tão boazinha por colocar a letra inteira do Menudo aqui no blog... Agora vou ter que procurar um vídeo no youtube.

lola aronovich disse...

Vb, pois é, assim que eu o li, horas atrás, pensei: quero transformar em guest post.
Eu vejo sim esse problema que vc aponta: as minorias acabam se achando superiores aos outros (e inclusive às outras minorias). É preciso se policiar. E isso de gay ter preconceito contra gay? Eu nem sabia que isso acontecia até ler a revista The Advocate. Porque as cartas dos leitores eram assustadoras. Muito preconceito. Contra gay mais afeminado, contra travesti, contra bissexual, contra mulher em geral... Fiquei de cara. Mas aí é que tá: só porque é gay, isso não o torna um ser especial. Ainda tem preconceito como qualquer outra pessoa “normal”. É só que eu espero que tenha mais cuidado, porque sofre o preconceito na pele. Bom, depois no guest post a gente fala mais nisso.
É, hoje em dia não se usa mais “opção sexual”, não é? Tá mais pra “orientação sexual” e pronto. Não é opção.

Anônimo disse...

Carolina,

Após as suas colocações onde vc se apropria de todo o discurso homofóbico vc diz:

“Espero q vc entenda meu pitaco.”

É claro que eu não entendo, nem nunca entenderei pitacos homofóbicos como o seu. Acredito que as pessoas só deveriam dar pitaco naquilo que elas conhecem minimamente e não naquilo que elas pensam que conhecem como é o seu caso para falar dos LGBT. Como vc demonstrou total desconhecimento sobre o assunto eu vou escrever o que significa cada letra dessa sigla. A sigla LGBT agrega: Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transsexuais, e Transgêneros. A letra L mudou para o início da sigla (a antiga era GLBT) em concordância com a luta feminista dentro do movimento, no caso da luta LGBT, esse L é o das mulheres lésbicas. Quem não conhece sobre um assunto deve no mínimo se informar antes de se atrever a emitir opiniões pessoais equivocadas. E não me venha falar que 80% dos seus amigos são gays, nós militantes já conhecemos os tipos homofóbicos que usam desse pseudo-argumento para achar que conhece alguma coisa do universo LGBT ou que faz uso dele para passar a idéia de que é alguém respeitoso quando na verdade não passam de homofóbicos disfarçados de “simpatizantes”. Carolina, todo o seu texto prega a manutenção do “status quo” do preconceito e da invisibilidade em relação aos homossexuais. De onde vc tirou essa idéia absurda quando diz:

“Aí ficam os ativistas querendo passar a imagem q gay ñ tem defeito e q travesti ñ é gay. Gay só os bonitos, jovens, bem sucedidos, estudiosos, etc.”

Nesse trecho fica claro que vc desconhece totalmente sobre ativismo e militância LGBT. Onde vc ouviu ou viu escrito que os ativistas/militantes LGBT querem passar essa idéia? Isso não tem nada a ver com discurso de nenhum ativista/militante. Mostre-nos qualquer texto, frase ou vídeo de algum militante em que eles queiram “passar essa imagem”. De onde vem esse tamanho absurdo que não da sua própria cabeça? Prove- nos que isso não passa de uma idéia absurda arquitetada na sua própria cabeça. O que vc disse é o que a mídia quer mostrar sobre os LGBT e não a realidade dos LGBT. Realidade essa que com certeza vc também não conhece, e pelo seu comentário fica obvio que nem quer conhecer.

“e os gays, se quiserem pelo menos andar sossegados nas ruas (de verdade, fora dos guetos) foquem nesse público. Nada de ficar rosnando.”

Nesse trecho outra vez vc demonstra seu total desconhecimento sobre a temática da Educação Sem Homofobia e prega que permaneçamos passivos diante da homofobia quando pede para que os ativistas/militantes não fiquem “rosnando”. Vc desrespeitosamente chama a luta e a indignação dos militantes LGBT diante dos preconceitos e dos crimes homofóbicos praticados contra os LGBT de rosnado. Seguindo a mesma linha desse seu discurso de “cale a boca ativistas/militantes”, vc também deve ter aceitado calada o machismo dos funkeiros desvalorizando o gênero feminino chamando as mulheres de “cachorras” em suas músicas. Vc devia conhecer um pouco mais das idéias feministas, da luta feminista e das suas conquistas para perceber que muito dos pilares que sustentam a homofobia está no machismo.

É claro que para vc dizer isso, desconhece o projeto do governo Federal “Brasil sem Homofobia” e também o “Educação sem Homofobia”, se quiser se informar aí estão as fontes:
BSH: http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/brasilsem/

ESH: http://www.fafich.ufmg.br/nuh/index.php/homofobia/educacao

ESH: http://www.ciranda.net/spip/article94.html


“É triste pq serão os pais da geração futura e vão incutir os mesmos preconceitos por mais q se criem leis contra isso. Lei ñ impede o ódio. Pune, mas ñ impede.”

“Protestar é um direito e um dever, ñ se omitir, exigir direitos é uma obrigação mas proibir é nefasto.”

Nesses dois trechos vc se mostra contra as leis que criminalizam os preconceitos incluso o PLC 122/2006 que pede a criminalização da homofobia. Com certeza vc desconhece a estatística de que no Brasil a cada dois dias um LGBT é morto vitima da Homofobia, Lesbofobia e Transfobia. Vc fala de não se proibir nada e como vc diz:

“concordo com a Lolinha, ela sempre correta nas análises. Adoro.”

Então vc também concorda quando a Lola diz: “Eu particularmente sou contra a censura. Eu acho que os preconceitos têm um lado bom, sim.”?

Desde quando exigir que sejamos respeitados é proibir alguma coisa. Vc mostra uma inocência pueril quando diz:

“por mais q se criem leis contra isso. Lei ñ impede o ódio. Pune, mas ñ impede.”

Vc acha que algum negro achou que depois da lei que puniu o racismo que o Brasil passou a não ser racista? Com certeza isso não aconteceu. Não somos inocentes em pensar que o Brasil ainda não seja racista. Também não somos ingênuos em pensar que depois da aprovação do PLC 122/2006 ele passará a ser menos preconceituoso em relação à homossexualidade, claro que não, mas a lei serve para que as pessoas sejam responsabilizadas pelos seus atos. A lei não evitará que as pessoas sejam racistas e homofóbicas, mas fará que vc sofra as penalidades pelos seus atos. A lei Maria da Penha não teve o intuito de educar os homens para não serem violentos, mas agora eles sabem que se assim agirem com as mulheres serão punidos pelos seus atos. Seguindo esse seu raciocínio vc também é contra a criminalização do racismo e contra a lei Maria da Penha. Afinal essas duas leis possuem apenas o caráter punitivo e não educativo.

“O comercial tinha q passar batido, nem olha. Cada vez q se chama atenção para o produto focando no preconceito (claro q nesse caso específico, cada caso um caso) se reverte a situação e o público conservador se posiciona a favor da empresa e ela ganha espaço gratuito.”

Nesse trecho acima vc só redunda o seu discurso do “fiquem calados”, deixem passar batido. Se calar? Isso vc não encontrará em nenhum movimento que lute por igualdade de direitos, nunca! Vc acha que as mulheres conseguiram o direito ao voto, a licença maternidade, a lei Maria da Penha e outras conquistas sobre aspectos da sua saúde deixando “passar batido”? Acorde minha querida. Ninguém consegue nada sem luta, e com os LGBT isso não é diferente. Não venha repetir hoje em pleno séc. XXI o discurso das Igrejas que silenciaram as mulheres por tantos séculos.

“Falo por experiência própria q a divulgação de notícias sobre esses protestos reforça e muito o preconceito”

Sobre o trecho acima, desculpe-me, mas a experiência de uma única pessoa não serve como parâmetro nem estatística para nada. É apenas uma opinião, nada mais do que isso. O protesto não cria a homofobia, ele a revela.

Quando vc diz:

“Tem q por o gay no comercial, na novela, no jornal, mas misturado com o resto da população, sem enfatizar, sem coloca-lo como alguém sem defeito, mártir, sem cruz rosa.”

O que vc quer com isso é manter a INVISIBLIDADE dos LGBT. Mais uma vez usarei o exemplo da luta das mulheres. Vc acha que as mulheres teriam conquistado avanços em suas conquistas se tivessem escondido os crimes de terem sido presas e queimadas naquela fábrica nos EUA porque protestavam em favor de melhores condições de trabalho? Vc acha que existiria a Lei Maria da Penha se a própria Maria da Penha não tivesse tornado público o seu caso ao denunciar a agressão do seu marido? Claro que não. Mesmo com a lei, muitas apanham caladas e deixam a situação escondida até hoje. Coitadas, muitas se acostumaram a deixarem “passar batido” as agressões. Então, não venha pregar a INVISILIDADE para com os LGBT. Vc quer ver um mundo sem cruz rosa, vc quer pintar um mundo cor de rosa. Mas a realidade dos LGBT tem outros tons.


“Fica a dica.A ABGLT e outras associações tem q pressionar para q todos sejam mostrados como iguais, com defeitos,qualidades,necessidades.”

Carolina, a ABGLT é uma instituição muito séria, muito bem dirigida e sabe muito bem defender os direitos dos LGBT. A importância da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais pode ser vista por ter sido aceita para participar em julho desse ano, de uma sessão da ONU que poderá lhe conceder o status consultivo no Conselho Econômico e Social da ONU. Acredito que pela sua desinformação a respeito do que defende a ABGLT e outras associações que defendem os direitos LGBT, as suas dicas não passem apenas de “chover no molhado”, mas se quiser enviar as suas dicas é só entrar nesse site e clicar no link Fale Conosco: http://www.abglt.org.br/port/index.php

Ainda deixo o pensamento do Sociólogo Boaventura Souza Santos para que vc possa refletir sobre diferenças e igualdades:

“Falar do direito à diferença nunca é o mesmo que reivindicar direitos iguais para todos. O direito à diferença exige a especificidade sem desvalorização, a alternativa sem culpabilização, a aplicação rigorosa de um imperativo categórico assim enunciado por Boaventura Souza Santos: “temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza (1999 : 45)”


“E acabem com essa micareta gay, virou carnaval fora de época e plataforma eleitoral. Boicotem isso. Não vai ser por aí.”

Para finalizar, não é de se estranhar a finalização do seu comentário onde vc queira reforçar sua luta cega pela manutenção do “status quo” do preconceito homofóbico e manutenção da INVISIBILIDADE LGBT. Por isso vc termina seu comentário imperativamente ordenando que os LGBT boicotem um dos eventos de visibilidade deles. Não foi através da invisibilidade que nenhum movimento social conquistou seus direitos, nem o Movimento Feminista, nem o Movimento Negro e nem o será com o Movimento Homossexual Brasileiro. E além disso é muita hipocrisia heteronormativa querer difamar apenas as “micaretas gays”, quando centenas de micaretas acontecem país afora e o carnaval é a maior delas. Questionar de forma acéfala apenas a Parada LGBT é uma forma de demonstrar preconceito e homofobia. Ordenando que “acabem com essa micareta gay” vc quer condenar os LGBT à invisibilidade, mas o que nos alivia é que vc não possui autoridade nem propriedade para fazer isso. Em atitudes como essa não da para ignorar também um alto grau de puritanismo e recalque. Carnavais e micaretas hétero são permitidos e lindos, mas Parada LGBT deve acabar e ser boicotada. Isso não passa de discurso heteronormativo e homofóbico.

No caso das Paradas de Orgulho LGBT, como os homossexuais estão em desigualdades de direitos, eles se unem e tomam o espaço público para reivindicá-los. Esses eventos representam formas de VISIBILIDADE não só numérica, mas também afetiva. Mesmo algumas pessoas considerando esse evento uma grande festa e, ainda que ela aconteça de forma festiva, o mais importante nesse evento é a VISIBILIDADE. São recorrentes os casos de expulsões de LGBT de lugares "apropriados" pelos héteros, expulsões motivadas única e exclusivamente pela demonstração de afeto entre dois homens ou duas mulheres. Tentativas de castração é uma das mais típicas ações homofóbicas. Toda mulher deveria saber o que isso significa, visto que a castração da sexualidade feminina é milenar. Além de tentarem reprimir homossexuais em lugares "apropriados" pelos heterossexuais, ainda têm a petulância de querer cercear a liberdade dos LGBT nas Paradas pregando o discurso da INVISIBILIDADE? No Way! Ou no bom português: De jeito nenhum!


*“Aqui nessa casa
Ninguém quer a sua boa educação
Nos dias que tem comida
Comemos comida com a mão
E quando a polícia, a doença, a distância, ou alguma discussão
Nos separam de um irmão
Sentimos que nunca acaba
De caber mais dor no coração
Mas não choramos à toa
Não choramos à toa

Aqui nessa tribo
Ninguém quer a sua catequização
Falamos a sua língua,
Mas não entendemos o seu sermão
Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão
Mas não sorrimos à toa
Não sorrimos à toa

Aqui nesse barco
Ninguém quer a sua orientação
Não temos perspectivas
Mas o vento nos dá a direção
A vida que vai à deriva
É a nossa condução
Mas não seguimos à toa
Não seguimos à toa

Volte para o seu lar
Volte para lá.”

*Composição Arnaldo Antunes

Anônimo disse...

Lola,

É claro que discordo da sua opinião, o comercial é homofóbico sim, mas infelizmente para quem teima em não querer enxergar é melhor ficar mesmo separando o gênero masculino da sua orientação sexual para sustentar o seu fraco argumento:

“é que eu vejo o comercial como uma repressão em relação ao homem, como gênero, não como orientação sexual.”

É engraçado vc querer enxergar no comercial apenas a repressão ao gênero masculino - coisa que não vi e a maioria das pessoas também não - e não a homofobia. Essa sua fala parece até um discurso de alguém do gênero masculino, heterossexual e machista. Nas diferenças de gênero o masculino é o que mais sofreu e sofre repressão? E as mulheres vítimas seculares da sociedade patriarcal e do machismo deve ser balela de feministas loucas não é? Daqui aqui a pouco vc vai demonstrar peninha dos pobres coitados que nascem do gênero masculino e que sofrem algum tipo de repressão advindas do próprio machismo deles. Se já não demonstrou isso ao tentar a todo custo desviar-se da homofobia separando o homem no caso o rapaz do comercial da sua orientação sexual. No comercial está claro que não é para a dancinha do rapaz que estão olhando com reprovação, mas como vc não quer enxergar, fazer o que né?

“Apesar da música, tocada no carro, eu não identifico orientação sexual sendo exposta no comercial.”

O que vc entende por repressão em relação ao homem como gênero? Não é machismo para ou vc tem outro nome para isso? Quando vc diz que não identifica orientação sexual, para que vc visse a orientação sexual do rapaz do comercial vc queria que ele se encaixasse no estereótipo que vc tem dos gays? Olha o que vc diz em um de seus comentários:

“os amigos estão pensando que o carinha é gay porque ele se rende ao YMCA? Não sei, pra mim, pra passar essa mensagem, teria que haver algo mais no comercial além da música. Mais trejeitos, um estilo pra dança, não sei. Os movimentos que o carinha faz são tão rápidos, tão sem graça, que não pude achar que os amigos vão pensar que ele é gay por causa disso. Gay tem mais estilo, pô!”


Vc só acharia que o comercial seria homofóbico se vc visse o estereótipo de gays que vc internalizou? Ou vc queria que mostrassem o rapaz trepando com outro homem e os amigos caindo de porrada encima dele para que vc o considerasse homofóbico? Lola, a homofobia não se apresenta apenas nas piadas homofóbicas diretas e nas agressões físicas, ela se apresenta também de muitas outras formas como o caso da censura dos rapazes ao amigo no comercial. E claro que não era a dancinha dele que os rapazes estavam querendo reprimir, mas sim a sua possível orientação sexual gay. Vc fez inúmeras outras leituras do comercial para fugir da mais clara e óbvia: a homofobia. Nessa sua tentativa chegou até fazer outras leituras que considero absurdas e infundadas do comercial para tentar justificar que ele não é homofóbico. Olha o que vc disse em uma de suas leituras:

“Por isso o comercial é tão ruim (além de ser muito mal-feito, não ser engraçado etc) - porque mostra que amigos existem só pra comer salgadinho e nos criticar.”

Quanto a esse trecho acima também discordo totalmente que o comercial seja ruim porque “mostra que amigos existem só pra comer salgadinho e nos criticar.” O comercial é ruim porque ele é preconceituoso e o preconceito é a homofobia. Isso está claro para quem queira enxergar. Essa sua leitura para mim é mais uma tentativa sua para se desviar da homofobia gritante no comercial e falar do que não existe. Qualquer pessoa com o mínimo de pensamento crítico não faria essa leitura que vc fez dizendo que o comercial quer passar a idéia de “que amigos existem só pra comer salgadinho e nos criticar.”. Porque os publicitários tentariam passar essa imagem se ela não condiz em nada com a realidade das amizades?

“Ahn, eu disse que o comercial deveria ser aceito? Não, né?”

Não. foi pior, vc disse que ele tem o lado positivo e que acha que os preconceitos têm um lado bom.

“e se o comercial for mesmo homofóbico? Deve ser proibido? Ou tem o lado positivo”

“Eu particularmente sou contra a censura. Eu acho que os preconceitos têm um lado bom, sim.”

Ver algo positivo em qualquer tipo de preconceito é querer justificá-lo.

Vc me pergunta:

“Vc não acha positivo que se discuta a homofobia?”

Claro que discutir não só a homofobia, mas todas as formas de preconceitos como os de classe, os étnico-raciais, o machismo, o racismo é salutar, mas não querer justificá-los como vc fez dizendo que “Eu acho que os preconceitos têm um lado bom, sim.”. Não é preciso que se queimem índios para que se discuta o preconceito contra eles, não é preciso que playboys espanquem domésticas para que se discuta os preconceitos de classe. Não é preciso que se morra mais homossexuais vítimas de crimes homofóbicos para que se discuta a homofobia. Então, de forma alguma concordo com vc quando diz que os preconceitos têm um lado bom. Para mim não existe lado bom em nenhum tipo de preconceito e em nenhuma atitude preconceituosa.

Vc diz:

“não concordo que o brasileiro contemporize tudo. Se não houvesse criticidade, a gente não estaria falando do comercial, estaria?”

A crítica feita ao comercial não partiu dos brasileiros em geral, mas foi imposta pelo segmento que ele agride. E a resposta que a comunidade LGBT está tendo da crítica que fez é a tentativa obsessiva de se camuflar o preconceito existente na ânsia de manter o “status quo”. Em relação ao seu post e a todos os comentários que vc fez a respeito do comercial Doritos, considero que seja sim algo contemporizador e conivente com o preconceito homofóbico. Isso fica claro na postura que vc adota ao admitir a possibilidade de que o comercial possa ser homofóbico e vc diz ao finalizar o seu post:

“e se o comercial for mesmo homofóbico? Deve ser proibido? Ou tem o lado positivo de indignar tanta gente a ponto de nos fazer discutir o que é preconceito contra gays?”

Será que vc já não considera o comercial homofóbico e está apenas querendo defendê-lo? Pelas suas posições aqui com certeza vc não mudaria sua posição caso vc considerasse que o comercial fosse realmente homofóbico, se é que já não considera.

E também quando diz:

“e se o comercial for mesmo homofóbico? Deve ser proibido? Ou tem o lado positivo”

“Eu particularmente sou contra a censura. Eu acho que os preconceitos têm um lado bom, sim.”

Essas suas falas nada mais é do que a tentativa da manutenção do “status quo” dos preconceitos e da homofobia. É usar do discurso de ser contra a censura para legitimar a liberdade para que as pessoas sejam preconceituosas. Nas sociedades democráticas não existe liberdade absoluta. Se todos tivessem mais conhecimento da Constituição Federal saberiam disso. NÃO EXISTE AGRESSÃO OU DESRESPEITO QUE DEVA SER PERMITIDO. Já ouviu a expressão “meu direito termina onde começa o do outro”? Seu discurso é contemporizador na medida em que vc não quer enxergar o que está claro. Vc tenta com suas “outras leituras” dos comerciais desviar a atenção do preconceito homofóbico, além de tentar também justificá-lo com as posições que vc adotou para negar a homofobia que é gritante neles.

Afinal, contemporizar como na definição nos dicionários nada mais é do que : Acomodar-se às circunstâncias; Condescender; Tolerar; Transigir; Entreter para ganhar tempo.


VOTEM NA CAMPANHA PELA CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA
https://www.naohomofobia.com.br/home/index.php

lola aronovich disse...

Jadilson, não consigo pensar em vc sem lembrar de um cachorro rosnando pra alguém que a gente gosta - aquele cão que a gente passa a mão na cabeça e diz: “Amiga, amiga...”. Não é bem um insulto, porque amo cachorros, mas, sinceramente, acho que vc está rosnando pras pessoas erradas. Eu não acho que vc entendeu muito bem o que a Carolina quis dizer. Eu certamente não achei o discurso dela homofóbico. Mas pra vc qualquer um que discorda de vc é homofóbico, é isso? Eu sou homofóbica porque não fiz a mesma leitura do comercial do Doritos que vc e porque não sou a favor da criminalização da homofobia, certo? Essa é uma postura bastante intransigente sua, e não muito inteligente. Porque emperra o diálogo. Eu (e a Carolina também, pelo que ela escreveu) sou pró-direitos dos gays. Já escrevi vários posts aqui no blog atacando preconceitos contra homossexuais. Já realizei uma enquete perguntando as minhas leitoras(es) sobre o que acham em relação ao casamento gay. Acho que 80% são a favor. Eu me considero uma aliada. E acho que o movimento gay precisa de aliados. Quer dizer, acho que todo movimento que quer transformar a sociedade precisa de aliados. Assim como não descarto homens feministas no movimento feminista, eu não acho que só os gays deveriam ser pró-gays. Muito pelo contrário. Mas os gays, por serem uma minoria muito pequena da população, menor que os negros, muito menor que as mulheres, precisam de mais aliados ainda. Mas vc, pelo jeito, acha que só gays militantes podem falar de homossexualidade. Como se o movimento gay (ou qualquer movimento) fosse algo coeso, com uma só linha de pensamento! Eu espero que não. Sei que no movimento gay tem gente muito mais aberta ao diálogo do que vc. Sua argumentação contra a Carolina é uma só: “Cale a boca e não fale sobre o que não conhece, sua ignorante!”. Contra mim é parecida: eu sou ignorante e “não quero enxergar” porque não vi o que vc acha tão óbvio no comercial. Acho que minha postura foi a do diálogo, de discutir o comercial, e sinto, pelos quase 90 comentários aqui, que consegui cumprir esse objetivo. Eu fico um pouco impressionada que, na sua resposta, vc não consiga separar gênero de orientação sexual. Eu recomendo que vc corra e faça um curso de Queer Studies 101 (aqui no Brasil, Estudos de Gênero).
E aproveite e aprenda que nem todo mundo que discorda de vc quer a manutenção do status quo e dos preconceitos. Aprenda a dialogar ao invés de morder as amigas.

Anônimo disse...

Eu não tenho muito a acrescentar do que já disseram Suzana, Bárbara, Daí e Jadilson, mas acho que por uma questão participativa acho importante que todos dêem suas opiniões.

O comercial é necessariamente homofóbico. O que caracteriza a homofobia não é a vítima, mas sim os perpetradores. Se alguém é homofóbico e por isso discrimina alguém, não deixa de ser homofobia se a vítima for heterossexual. O vídeo é apontado como homofóbico não por que o menino dançante seja gay, mas porque seus “amigos” são homofóbicos e a campanha se assenta na aprovação dessa homofobia. E falar que o vídeo é uma repressão a homens nada mais é que reafirmar que o vídeo é realmente homofobico, pois ideologicamente o que reprime os homens é justamente o machismo e a homofobia. Porque homem não poderia cantar, dançar, etc? Simples, porque isso não é viril, não é macho o suficiente. E piora muito se o cara resolver, do nada dançar uma música que é um hino gay. Pronto! Homofobia clara! Não vejo como relativizar isso. Se o cara que dança é ou não gay, não importa. Os “amigos” gays olharam com desprezo para ele por acharem que ele poderia ser gay, já que, sem motivo algum se entregava a um hino gay sabendo até a coreografia.

Também evidencia o teor anti-homossexuais, a frase final sugerindo que tudo que não agrada aos amigos deve ser ocultado. E sabe-se que o ocultamento da homossexualidade é uma constante em homossexuais, dado que estes conhecem o grande nível de discriminação e preconceito contra LGBT´s no mundo, ficando então temerosos de que sofrerão algum tipo de agressão ao se assumirem.

E não existe aspecto positivo em ser permissivo com a homofobia. Por que seria positivo permitir a veiculação de um vídeo homofóbico? Isso não traz nada positivo. Ter uma discussão tão primária quanto essa sobre o que é ou não homofobia, isso só mostra o quanto somos primitivos no tocante à respeitabilidade. Esse tipo de discussão não deveria ser pertinente ainda. Todos deveriam saber quando algo é respeitoso ou não. E não acho que em países mais evoluídos essa propaganda iria ser aceita como foi no Brasil. Somos um país atrasado em tudo, e a questão LGBT não é exceção. A homofobia deve ser criminalizada o mais rápido possível. A comunidade LGBT não pode ficar por conta da “boa vontade” de homofóbicos para que eles respeitem só quando convier. Todo desrespeito deve ser proibido. Querem chamar isso de censura? Whatever! Todo homofóbico usa essa mesma ladainha de “cerceamento da liberdade de expressão” para pleitearem um tipo de “direito de desrespeitar”. Isso é insanidade.

E na boa, Lola. Você dizer que é contra a criminalização da homofobia, com disse em um dos seus últimos comentários, é a maior bola fora que poderia dar aqui. Isso soa péssimo e não posso ver com bons olhos. Só é contra a criminalização da homofobia quem é homofóbico. Se você é contra a lei, então creio que é homofóbica também.

Outra bola fora foi a dessa Carolina ao afirmar que travesti é gay:

“Aí ficam os ativistas querendo passar a imagem q gay ñ tem defeito e q travesti ñ é gay.”.

Essa aí está precisando estudar. Não sabe diferenciar orientação sexual de identidade de gênero. Enfim... esse tipo de ignorância é bem comum...

Anônimo disse...

ERRATA:

Onde está escrito

"Os “amigos” gays olharam com desprezo para ele por acharem que ele poderia ser gay, já que, sem motivo algum se entregava a um hino gay sabendo até a coreografia."

Leia-se


"Os “amigos” HÉTEROS olharam com desprezo para ele por acharem que ele poderia ser gay, já que, sem motivo algum se entregava a um hino gay sabendo até a coreografia."

Anônimo disse...

Jadilson,
me desculpe. Muito mesmo. Vc tem razão em todos os seus argumentos e eu ñ soube me expressar, me perdoe. Ñ tenho amigos gays, nenhum, infelizmente. Me referia a crianças e adolescentes, alunos da escola publica onde trabalho e de outras q visito periodicamente, duas ou tres vezes no mês e o q escrevi é o q vejo, ouço e sinto. A escola vai da 5ª série do fundamental ao 3º ano do ensino médio. Sem falar do quadro de funcionários q beira 500 pessoas. Tem gente de todas as classes socias, de comunidades carentes ( favelas, mas agora é politicamente incorreto dizer isso)até filhos de um juiz, de uma desembargadora, de dono de supermercado. E é muito, muito preconceito. Os gays aos quais me referi no post são os alunos, todos adolescentes, q sofrem entre os colegas homfóbicos machinhos, os homfóbicos evangélicos ( são O TERROR), os homfóbicos piedosos ( ah tadinho, tão novinho e já assim...). Eles se dividem em muitas categorias, tem até os q aceitam o gay com aparência hétero (aceitam=toleram no mesmo ambiente) mas seriam capazes de exterminar uma operada. Nenhum deles jamais se dará ao trabalho de ler qqer texto q vise um mínimo de esclarecimento sobre diferenças. Acho q nem os gays (daqui onde moro, q fique claro). Os mais pobres, de comunidade ou de classe média baixa são os q mais tem preconceito. Explícito. Eu ando de ônibus, de trem, frequento meu bairro pobre e médicos do SUS. Acredite, o negócio é feio. Expressei uma opinião advinda de um sentimento d q vivemos em guetos e q jamais nos misturaremos. Um país multicultural? Multiétnico? Onde? Acho q nos estatutos, nas leis, nos discursos, pq no meu dia a dia o q vejo é gente sendo excluída. Sutilmente empurradas pruma zona de sombra onde se finge q pretos, gays, pobres, deficientes, idosos, feios (sim amigo, feios!) têm alguma proteção. Qdo digo para fazerem campanhas ininterruptas focando nos jovens é pq eles são muito, muito preconceituosos. E às vêzes por ñ conviver, não conhecer o outro e o outro, esse outro q ameaça e amedronta, pode ser um bom amigo. Apelidam o coleguinha de "feijão" por ser negro e o garoto aceita como normal. Atende ao chamado como algo normal. Até o dia em q cheguei pra ele e disse:" Na tua certidão de nascimento consta o q? Feijão ou M*A*?" E lhe pedi q ñ aceitasse apelidos ou chacotas alusivas à cor da pele ou ao lugar onde morava (outro apelido q ele tinha),q ñ tivesse medo e fosse firme. Qdo chamado de feijão ou nescau ou toddynho, dissesse educadamente: Amigo, me chamo fulano, me chame de fulano. E claro q o apelido se espalhou feito erva daninha (quer q uma criança faça algo? Peça o contrário) e o q era feito entre 5 ou 6 meninos agora era praticado por toda a turma (crianças entre 11 e 12 anos)e o q fazer? Prender? Chamar os pais? Fazer campanha? (crianças ODEIAM campanhas educativas). Usei as mesmas armas. Coloquei os nomes de todos numa lista e inventei um apelido para cada um (tinham outros negros tb mas por serem mais clarinhos se achavam "brancos", tem isso tb)focando numa particularidade. O guri q mais debochou qdo tentei falar com ele sobre o assunto ganhou o nick de arroz, um outro meio amarelado virou fubá, e assim por diante. O menino só deveria se referir aos colegas assim qdo se referissem a ele pelo apelido. Ninguém mais teria nome. Funcionou tão bem q a mãe de uma menina ("magali", sabe pq né?) veio se queixar e a diretora me chamou e eu expus a ela o pq da situação e outros pais incomodados tb vieram e acabamos numa reunião onde demonstramos como o preconceito-formiguinha, passado de um por um, era mais destruidor do q chamar alguém de crioulo na TV. Foi o q fiz, pode ser errado, mas funcionou um pouco. Mas se fosse pra falar dos gays... Os pais ensinam aos filhos regras de convivência mas se a retórica for uma e a prática outra, o q eles vão absorver? A ladainha sobre boas maneiras ou o pai ñ dando descarga? Ou mãe discursando sobre os direitos da mulher e apoiando o tal lá q sequestrou a namorada? Ou um avô branco dizendo na frente do neto mulatinho q o genro é preto mas trabalhador? Imagine o q eles aprendem soibre os "viados". Preconceito q se aprende em casa, na escola, na convivência diária, na sociedade. Para mim Jadilson, q vejo os ataques de preconceito explícito é difícil acreditar numa mudança e meu medo é os gays, por mais leis q se façam (são importantes, pelo amor de Deus, pq só conscientização ñ basta. P.ex., matar é errado e neguinho mata q é uma beleza) continuem sem a solidariedade de gerações inteiras. As pessoas vão parar de vomitar idéias preconceituosas mas por dentro o ódio vai só crescendo. E se multiplicando. E o q é a parada gay hoje? Uma festa cheia de políticos, artistas, mídia, famílias inteiras. Isso é tolerância? É aceitar a diversidade? Tirem os trios elétricos, a farra, o carnaval e o q resta? Vão milhões de almas mas cada qual no seu quadrado. E depois? É q nem o bloco das piranhas aqui da minha cidade, onde homens vestidos de mulher acompanhados das famílias vão brincar de gays por um dia no carnaval mas na 4ªfeira não tem coragem de cumprimentar um colega de trabalho "tremenda" (é o novo "bicha"). É isso q as crianças estão aprendendo. Depois da festa, porta da rua. O moço q corta o meu cabelo é gay, tem uma clientela enorme de mulheres de todas as idades q o adoram e contam a ele seus piores segredos mas nunca foi convidado a nenhuma festa delas. É legal enquanto naquele ambiente mas se o encontram no supermercado nem apresentam o marido ou o filho. Será q pq ele usa vestidos q nos matam de inveja? Os adolescentes precisam interagir, conviver, brigar até, se estranhar qdo for o caso mas ñ devido à orientação sexual do colega, q muitas vezes nem entende muito bem o q está se passando com seu corpo, sua mente, afinal com quem conversar sobre isso? Com os pais? operários de estaleiro, feirantes, pqs comerciantes, motoristas de ônibus, seguranças, PMs, etc? Com religiosos? ("sodomitas queimam no inferno?"), com os educadores? ("mas q borboleta hein?"-ouvi de uma orientadora ao ver um menino dando pinta), psicólogos?(do SUS?).Eu creio q pros adultos funciona a força da lei mas pros "dimenor"...E depois ñ vai ter cadeia q chegue. Eu faço o q posso. Mas de boas intenções o inferno tá cheio e eu nem sabia q tb era preconceituosa veja vc! De qualquer forma foi bom essa nossa "conversa". Vou me policiar pra ñ confundir mais as coisas. E tb ñ quero transformar o blog da Lola (use e abuse Lolinha!) num fórum de discussões intermináveis numa vibe samba de uma nota só. Irei com certeza visitar os sites q vc indicou para pelo menos ñ cometer a gafe de chamar travesti de gay (li isso num outro post,nem sabia disso, agora sei). Beijão, me desculpe mais uma vez e q a Força esteja com você!

Anônimo disse...

Lola,

Em relação ao seu comentário sobre as minhas explanações não se preocupe, nós militantes LGBT já estamos vacinados contra a raiva e o discurso dos homofóbicos fanáticos religiosos etc. Também estamos vacinados para não sair acreditando em qualquer discurso de pseudo- simpatizantes da causa LGBT, mas que na verdade lutam mesmo é para a manutenção da inferiorização e subalternidade dos LGBT. E nessa parte do seu comentário que destaco abaixo fica claro esse discurso da tentativa de inferiorização e subalternização dos LGBT:

"Mas os gays, por serem uma minoria muito pequena da população, menor que os negros, muito menor que as mulheres"

O movimento LGBT não luta apenas contra a homofobia, mas contra todo tipo de preconceito, seja ele de gênero, de classe e étnico-racial. Afinal o universo LGBT é composto de lésbicas, de LGBT menos favorecidos, de LGBT negros, índios, pardos ou de qualquer raça. Por isso nossa luta engloba também as lutas contra o machismo, a homofobia: incluso a lesbofobia, a transfobia, e também contra o preconceito de classe e o racismo.

Quanto ao cachorro que rosna para quem agente gosta, dever ser porque os cães farejam longe quem finge que gosta deles, mas na verdade odeiam cachorros e lhes maltratam com vassouradas, chutes e todo tipo de maus tratos. Aí eles rosnam e mordem mesmo.
Sobre a “Queer Theory” pelo que andei lendo em seus posts e comentários sobre “assuntos gays” no seu blog, ou vc também não a entendeu ou só a conhece superficialmente.

Quanto a “morder” as amigas, isso não se aplica a nós dois. Não somos amigos. Não faço amizade com pessoas preconceituosas. Pior do que enfrentar os homofóbicos declarados é ter que enfrentar os pseudo-simpatizantes da causa LGBT que acha que conhecem o universo por frenquentá-lo ou por dizer que possuem amigos LGBT.

O movimento LGBT ou Movimento Homossexual Brasileiro (MHB) não tem como lema “transformar a sociedade” como vc afirma nesse trecho:

“todo movimento que quer transformar a sociedade precisa de aliados.”

Queremos apenas igualdade de direitos, nem mais nem menos, apenas IGUALDADE. Por enquanto o que nos iguala aos heterossexuais são os deveres e os impostos. Nossa luta não fará com que os heterossexuais percam direitos, mas sim reclamamos os que nos são negados. E os direitos que são negados aos LGBT são em torno de 37. Por isso vou citar também pra vc o sociólogo Boaventura Souza Santos que é categórico ao afirmar
“temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza ”

Pra mim não existem pessoas “meio” preconceituosas. Ou são preconceituosos ou não são.