sábado, 14 de março de 2009

2) VIAGEM AO SUL DO SUL: GRAMADO

Continuando a saga da viagem que eu e o maridão fizemos em 2003. Leia a introdução aqui, pra entrar no clima.

MUITO ALÉM DO JARDIM

Um dos pontos paradisíacos da nossa viagem ao sul do Sul foi Gramado. Bom, Gramado e Canela, faça-se justiça, passando antes por Nova Petrópolis. Todas as cidadezinhas da Rota das Hortênsias são divinas. Pra mim foi a primeira vez, mas o maridão já as conhecia. Ele foi pra lá nos tempos em que os dinossauros dominavam a Terra – quando ele tinha 16 anos. Claro que as coisas mudaram de lá pra cá.
Em Gramado, visitamos o Parque Knorr, que aumentou seu potencial turístico ao se autodenominar Casa do Papai Noel. A gente entrou pra história como o único casal sem filhos a freqüentar aquele lugar lindo. Já na porta havia setas indicando a distância entre Gramado e Paris, Buenos Aires, SP e várias outras metrópoles. Uma media os quilômetros que dividiam Gramado e... Poa. A Poá que a gente conhece é uma cidadezinha paulista sem importância. O maridão ficou indignado, reclamando que o autor das placas não deveria pôr sua cidade de origem. Demoramos alguns dias pra descobrir que Poa queria dizer Porto Alegre. Esses gaúchos...
Tive que ouvir ainda muitas outras resmunguices do maridão. Um dos monólogos foi: "Eu me lembro de um jardim cheio de flores. Acho que eles detonaram tudo pra alojar o Papai Noel. Aquele velhinho nunca me enganou. Alguém já entrevistou algum anãozinho pra ver se eles trabalham feito escravos ou se têm férias e décimo-terceiro?". Ele só se aquietou ao chegarmos à Árvore dos Desejos. Os visitantes devem escrever o que querem numa plaquinha e pendurá-la na árvore. Alguns dos desejos que li: Quero uma bicicleta. Quero uma rena (homenagem natalina, imagino). Quero que minha dissertação seja aprovada. Que eu perca muitos quilos e fique bonita. Que Jesus volte logo. Quero uma caneta. Um marido empresário. Um marido que lave louça. Um marido, ponto. Quando li uma que pedia "Paz! Amor! Netos!", comentei com o maridão, "Acho que minha mãe escreveu isso", ao que ele refutou, "Nessa ordem?!". Meu desejo foi uma lista imensa. Algum dia eu conto.

O MONSTRO DO LAGO KNORR

Eu e o maridão caminhamos bastante no Parque Knorr, em Gramado. E como nós dois estamos fora de forma e velhinhos, andar nunca é uma experiência fácil. Andamos abraçados. De longe, parecemos um casal romântico, mas, no fundo, a gente se apóia um no outro e dá passinhos de tartaruga. Não foi à toa que o maridão me apelidou de Tartaruguinha Manca. Eu pensava que era em represália a como eu o chamo no volante – a Lesma Morta da Estrada –, mas, como ele diz que sou um pé de chumbo, acho que se refere a meus passos curtos mesmo. Eu não ligo. Até parece que ele tá em melhores condições (numa outra crônica eu conto o que os salva-vidas de São Lourenço do Sul falaram dele). E a verdade é que eu não consigo me esquecer do ótimo "Trainspotting". No filme escocês, um rapaz rompe com a namorada e decide mudar de vida. Pára de fumar, sente-se saudável, quer caminhar, explorar a natureza, e convida seus amigos viciados para ir com ele. Um dia, ele os leva para um campo e, cheio de entusiasmo, pede para que eles andem por lá. Os amigos se entreolham, confusos, e finalmente dizem: "Ó, só porque você brigou com a moça, não precisa descontar na gente!". É mais ou menos assim que me sinto quando me imploram pra passear.
Mas, voltando ao assunto, lá estávamos nós no Parque Maggi, digo, Knorr, e chegamos num belo lago, cheio de, hum, meu conhecimento das espécies vegetais é fantástico, vitórias régias (?). Ouvi alguém falar que em espanhol era Nenúfar, e antes que eu respondesse "é a sua!", parei pra ter mais um daqueles diálogos existenciais com o maridão.
Eu: "Você acha que aqui tem jacarés?".
Ele: "Tenho um amigo que certamente responderia que não, porque as piranhas devoraram todos".
Eu: "Mas o que você acha? Tem jacaré?".
Ele: "Não, porque não tem turistas suficientes".
É lógico que o parque tem muitos turistas, ao contrário do que acredita o maridão. Mas ainda acho que tem jacaré, pois isso explicaria a falta de patos no lago. Isso ou o monstro do Lago Knorr.

11 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, Lola, eu já morei em Gramado, na adolescência, e tenho um pouco de trauma de alguns pontos turísticos por lá. Vocês visitaram aqueles maravilhosos lagos bucólicos e convidativos para sentar e não fazer nada, o Joaquina Rita Bier e o Lago Negro? Pois é, eu tive de CORRER em volta deles, com o tempo sendo marcado e tudo! A educação física de lá é uma tortura, pois eles fazem jogos entre as escolas e levam muito a sério. Ah, não posso negar que isso até me fez bem, eu gostava de exercícios (abominava os esportes de quadra), mas as corridas eram de matar qualquer um de bofes pra fora.

lola aronovich disse...

Tadinha de vc! Eu também teria trauma, se fosse comigo. Não, felizmente eu só tenho ótimas lembranças de Gramado/Canela. Principalmente no que se refere a comer muito e bem. Na próxima crônica eu falo disso.
Obrigada por deixar um coment, Ariadne. Pô, pensei que ninguém iria escrever! Tá todo mundo hibernando hoje? Quer dizer, hibernando é pro frio, e hoje é outro daqueles dias de calor pavoroso...
Preciso publicar um texto em que eu comentava um coment seu, sobre morar junto e ser chamado de namorado. Foi vc, né?

Ju Ribeiro disse...

uhahauhauahuahuahauhauha!!!!

"pé de chumbo".

Anônimo disse...

Lola!!!
Dá uma olhada neste link! É uma notícia do site da globo, mas...

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI64032-15228-1,00-ESTOU+GRAVIDA+DA+MINHA+NAMORADA.html

Luma disse...

Eu tinha visto essa matéria que a Milla falou. Não li toda ainda.

E o Vaticano criticou o bispo lá por ter excomungado a mãe e os médicos da menina lá em Pernambuco: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1043334-5602,00-VATICANO+CRITICA+EXCOMUNHAO+NO+CASO+DE+ABORTO+DE+MENINA+DE+NOVE+ANOS.html

Anônimo disse...

Claro, Lola, a parte de comer muito e bem não pode ser ignorada de jeito nenhum, hehehe... Eu bem que tentei não comentar hoje, também tô num momento delicado, terminando dissertação, mas quando eu li sobre vocês caminhando em Gramado, precisei comentar sobre as minhas corridas. O comentário sobre morar junto foi meu, sim, legal que você vai falar disso!

L. disse...

Lola, obrigada pela dica de como colocar links nos meus textos.
Até,
Ludimila.

lola aronovich disse...

Ju R, não me diga que “pé de chumbo” não se usa mais!


Milla, que legal, né?


Luma, que bom que pelo menos alguém lá no vaticano não achou a atitude do arcebispo correta...

lola aronovich disse...

Ariadne, ai, só de lembrar o que (e o quanto) comi em Gramado/Canela já me dá fome e começo a salivar...


Ludmila, vc vai falar mais do comercial da Doritos?

Anônimo disse...

Nossa Lola, magoei!!! eu sou de Poa com acento... bjs

Anônimo disse...

Nossa, eu sou de São Paulo e não sabia que tem uma cidade aqui chamada Poá! Pra mim Poá é só Porto Alegre mesmo (isso que dá ter amigos gaúchos)

Morro de vontade ir para o Sul, conhecer Gramado e Poá, principalmente. Da Região Sul só conheço Curitiba, Floripa, Joinville e Pomerode, embora o modo como conheci Pomerode tenha sido um tanto quanto estranho e traumatizante.

Tô pra ver Trainspotting há um tempão. Sua mini descrição me deixou com mais vontade de ver (eu nem sabia sobre o que era, só tinha a recomendação de uma amiga). Vale mesmo a pena?

- Lívia F.