sexta-feira, 18 de novembro de 2011

COMO SOBREVIVER AOS PRESS JUNKETS

Com o Hugh Grant de Notting Hill a gente sobrevive a qualquer coisa
Desculpe, não anotei o nome da leitora querida (ou pode ter sido um leitor querido) que me enviou o link pra um discurso de agradecimento do Joss Whedon, criador de Buffy. Pode ser que o vídeo já tenha algum tempo de estrada (anos até), mas eu nunca tinha visto. Nem sabia quem era Joss. Sei quem é Buffy, a Caça-Vampiros. Vi alguns episódios e gostei bastante, depois cansei, principalmente dos efeitos especiais. De todo modo, Joss recebeu um prêmio e fez um discurso muito interessante, baseado nas respostas que fornece ao ser entrevistado. Você já ouviu falar dos press junkets, certo? São as famosas entrevistas pra imprensa, aquelas em que os pobres astros precisam responder às mesmas perguntas por horas e dias a fio, quase sempre durante a época de lançamento de um filme. Faz parte do contrato -– e obviamente faz parte do contrato que o entrevistado não possa falar nada negativo sobre o filme, independente da bomba que seja. Eu lembro bem quando Marlon Brando, já bem no fim de sua carreira e precisando desesperadamente de dinheiro, quis ser sincero nas entrevistas referentes a Um Novato na Máfia (que, por sinal, nem era tão ruim assim). Ele basicamente disse que o filme era uma porcaria. E teve que se retratar depois que os produtores ameaçaram processá-lo por, digamos assim, difamar o filme. Foi humilhante pro deus de Um Bonde Chamado Desejo, só que tudo isso consta no contrato. Não tenho pena de astros milionários, mas convenhamos: deve ser um tédio as perguntas não variarem nunca! Eu adoro aquela cena de Notting Hill (aliás, um amor de comédia romântica) em que o Hugh Grant finge ser um jornalista de uma publicação de animais para poder se encontrar com a Julia Roberts. E ele não tem a menor ideia do que perguntar, porque o personagem é um carinha que provavelmente nunca entrou numa sala de cinema na vida. A primeira besteira que ele pergunta a Julia é se ela gostaria que houvesse mais cavalos no filme que ela está divulgando, e ela responde que não, porque o filme se passa no espaço (esta é a primeira parte da cena; se alguém encontrar a segunda, em que ele segue se humilhando nas entrevistas a outros membros do elenco, me avise. E se você encontrar a cena com legendas em português, eu declaro meu amor eterno por você). Alguns dos diálogos impagáveis que se seguem entre o Hugh fingindo ser um jornalista e os outros membros do elenco entrevistados no press junket: William (Hugh Grant): Você gostou de ter feito o filme? Ator: Sim, gostei. William: Ótimo. Alguma cena em particular? Ator: Você me diz a cena que você mais gostou, e eu te digo se gostei de ter feito essa cena. William: Uh. Eu... Eu gostei da cena no espaço. Muitão. Agora William entrevista outro ator, que não fala inglês, então uma tradutora-intérprete fala pelo ator. William: Você se identificou com o personagem que fez? Tradutora: Não. William: Oh. Por que não? Tradutora: Porque ele é um robô psicopata e canibal. E, por último, William entrevista uma jovem atriz. Acho que uma pré-adolescente (aqui). William: E aí, este é o seu primeiro filme? Atriz: Não, é o meu vigésimo-segundo. William: Claro que é. Você tem algum favorito entre os 22? Atriz: Ter trabalhado com Leonardo. William: Da Vinci? Atriz: Di Caprio. William: Lógico. E ele é o seu diretor italiano favorito? Ha ha, esta é uma sequência hilária de diálogos que praticamente presta uma homenagem aos press junkets. Aposto que todo jornalista e todo astro lembra de Notting Hill. Mas, na verdade, tem que ser um astro muito poderoso pra poder se livrar dos press junkets. Eu pensava que George Clooney tinha conseguido porque, se não me engano, faz pouco tempo ele anunciou sua aposentadoria da divulgação de filmes. Mas em setembro ele teve que participar de uma coletiva pra imprensa e meio que humilhou um repórter que lhe perguntou o que é mais difícil, dirigir um filme ou namorar sendo tão famoso. Sua resposta? (veja o vídeo). “Bem, isso é engraçado. Eu sabia que alguém iria perguntar. Estou um pouco desapontado que seja você. Quero dizer, todo mundo está um pouquinho envergonhado por você no momento. Olha, acho ótimo que você tenha feito a pergunta. Agora vá pro seu editor e diga que você fez a pergunta. Parabéns”. Ok, George pegou pesado, mas deve ser chato que todo mundo queira saber da sua vida amorosa. E nem é tão humilhante assim quando se é humilhado por alguém tão charmoso, vai. Aham. Bom, voltando ao assunto principal, que é o discurso do Joss Whedon, sabe, aquele de parágrafos atrás, do comecinho do post? Joss lembra que, nas entrevistas pra imprensa sempre lhe perguntam: “Por que você cria essas personagens femininas fortes?” E ele tenta dar respostas diversas, até pra que não seja tão monótono. Diz Joss: por causa da mãe dele, que foi uma mulher forte, incrível, inteligente, sexy, e ele gosta de estar perto de pessoas desse naipe. Também por causa da mulher dele que, além de ser mais esperta que ele, é até mais alta. Por causa do pai dele, que nunca teve problemas ou se sentiu diminuído por estar com uma mulher forte. Porque criando personagens femininas fortes, Joss manda uma mensagem pra sociedade. E lá pela quinquagésima entrevista, ele diz: “Por que você está me perguntando isso? Por que você não pergunta pros cem outros caras por que eles não criam personagens femininas fortes?” Continua ele: porque igualdade não é um conceito, é uma necessidade. É como gravidade, a gente precisa pra ficar de pé. E porque a misoginia não é parte integral da essência humana. Pelo contrário, a misoginia nos tira o equilíbrio e suga algo da alma de todo homem e mulher. E finaliza: ele cria personagens femininas fortes porque você ainda está me fazendo essa mesma pergunta. Ah, tem que gostar de um sujeito desses! [onze anos depois, ele se revelou não ser um cara muito legal]. Já dos press junkets... Como gostar de um ritual em que jornalistas repetem as mesmas perguntas pra astros obrigados a mentir?

46 comentários:

Anônimo disse...

Fazer o que.Era de se esperar que num sistema capitalista tudo vire produto uai.A arte tbm virou então precisa-se dessas coisas toscas,dessas entrevistas padronizadas e maçantes para divulgar o produto.

Bruno S disse...

Essas press junkets devem ser mais chatas que entrevistas de jogadores de futebol antes/durante/depois do jogo.

Já o discurso do cara é muito bom.

Anônimo disse...

Vou ensinar uma coisa pra dona do "blogue" (eu adoro sempre colocar blogue com muitas aspas)

Arte é um produto do sistema capitalista se fosse numa sociedade comunista, seria como um banheiro químico, acessível à todos, mas seria uma merda!

Dito isso, é o que o Ro-chan disse, precisa-se dessas coisas toscas, isso se chama marketing

Até o Lula aprendeu que precisa botar um monte de mulher grávida e feliz andando pelos campos verdejantes para ganhar eleições.

Aliás isso foi exploração da imagem da mulher e a SENHORA não diz uma palavra a respeito né?

E Buffy é arte subersiva, Xena e essas coisas só ensinam lesbiandade misândrica por sorte ninguém da minha família assiste essas coisas tenebrosas do capeta.

Satoshi disse...

Fui eu! Fui eu!

Eu quem te mandou o link do discurso pelo twitter. Faz tanto tempo que achei que nem tivesse visto.


O Joss Whedon é muito bom, sou um fã enorme dele. Tudo que ele faz sai bem (aconselho o independente Dr. Horrible's Sing-a-long Blog, feito em formato de webseries caseira durante a greve da Writer's Guild of America. É muito bom)

Buffy é perfeito. Que pena que você se cansou da série, pois ela é uma série muito boa, subvertendo clichês e com witty dialogue galore. Além de ser uma das primeiras séries a mostrar um beijo lésbico e a ter um casal lésbico no elenco principal.

Tem até um vídeo muito legal que eu vi uma vez de uma comparação entre cenas de stalking da personagem principal por um vampiro apaixonado em Crepúsculo e Buffy. É muito bom para pensar o feminismo (não, eu não acho que a pequena qualidade de mostrar uma mulher que sabe o que quer é suficiente para redimir o machismo transbordante de crepúsculo).

Dária disse...

“Por que você está me perguntando isso? Por que você não pergunta pros cem outros caras por que eles não criam personagens femininas fortes?”

- Adorei isso! Nossas perguntas definem muito do que pensamos, do que a sociedade como um todo nos ensina.

Não conheço o diretor, e nem gosto de filmes estilo Buffy, mas fiquei com vontade de assistir tudo do cara agora, como uma homenagem! =)

Anônimo disse...

Só pra constar,Ro-chan é menina XD

Satoshi disse...

Só para que fique claro, o FILME Buffy, apesar de assinado por Joss Whedon, é uma abominação que deve ser completamente ignorada. O próprio Whedon não gosta do que saiu (algo como uma comédia pastelão ridícula).

A SÉRIE Buffy é a que devem ver. Ela acontece depois dos eventos do script original do filme, não do script deturpado que virou o filme.

aiaiai disse...

é compreensivel que a indústria tenha criado esse mecanismo para divulgar filmes. Mas vergonhoso q a imprensa se submeta a ele e, ainda, não saiba utilizá-lo para informar.

Anônimo disse...

joss whedon é um lindo. adoro buffy desde criança, então é meio que uma necessidade de fã comentar praticamente emocionada de ver os dois por aqui haha

Thiago Pinheiro disse...

O Joss Whedon é demais. É por essas e outras que ele é admirado por tantos. Quanto as entrevistas em questão, elas não conseguem despertar qualquer interesse genuíno sobre as obras.

Pili disse...

Arnold pensou que fosse ensinar alguma coisa a alguém e veio com a pérola:
arte é produto do capitalismo.
=D

Eu não ria desse jeito desde que era adolescente e assistia Buffy.
(e adivinha só, nem aprendi a ser lésbica por isso)

Y.M.S. disse...

Fantástico o discurso dele! É algo para o qual todas as pessoas deviam abrir os olhos.

Mayara Arend disse...

Eu li essa pergunta uam vez "por que você cria personagens femininas fortes" e a resposta era "porque vocês ainda fazem essa pergunta."

alice disse...

que foda a resposta dele! nunca tive saco pra ver buffy, pq não me ligo muito nesse tipo de história, mas deu até vontade de conhecer depois dessa :D

Carol M disse...

Nunca curti muito Buffy, por implicância com a atriz principal mesmo. Mas a resposta do diretor foi perfeita! Personagens femininas fortes deveriam ser norma e não exceção.

Dois navegantes disse...

Lola, como sugestao, assista a (vai sem crase mesmo) coletiva de bob dylan em 1965. O bardo com apenas 24 anos já nao tinha paciência com esssa turma. Assista e divirta-se
Jair

mesinha disse...

Aqui tem a cena da entrevista com a garotinha:
http://www.youtube.com/watch?v=OHmMxU2xt1o

blackstar disse...

Joss Whedom é ótimo. Vale a pena conferir Firefly, série cancelada na primeira temporada, acho que são uns 15 episódios. Trata-se de uma ficção científica com clima de faroeste, os personagens se deslocam entre naves numa espaçonave para realizar trabalhos meio ilegais, e para passar credibilidade, o "capitão" da nave aluga o espaço a uma prostituta. Tem outra personagem que faz sexo casual e não é criticada. A série tem sua base de fãs, mas não foi bem de audiência, e foi cancelada. Porque será, né...

lola aronovich disse...

Arnold, melhor mudar seu pseudônimo e voltar mansinho pra poder comentar aqui, ou sumir de vez. A partir de agora, seus comentários serão sumariamente deletados. Todos eles, independente do que vc disser. Eu já faço isso com alguns outros trolls aqui. Nem leio os coment.,só vejo o nome e deleto. Infelizmente, o Blogspot não tem um sistema automático que manda coment. de troll pra lixeira, se não seu nome já estaria lá. Tenho deletado a maior parte dos seus coment.,porque vc tem ficado cada vez mais agressivo, e ultimamente vc incluía algum insulto em cada coment. E ninguém precisa disso.
Agora, seu último coment.só confirmou a sua psicopatia. Dizer “não ria tanto desde que coloquei um gato pra explodir no forno microondas” é típico de psicopatas. Mesmo que vc esteja brincando, não é engraçado. Crueldade contra animais não é engraçado em contexto nenhum. Eu fico com muita raiva ao ler algo assim. Fico desejando que vc morra, sabe? E esse não é um pensamento saudável nem condizente com a minha personalidade.
E, pra terminar, vc é tão louco que cismou que eu escrevo “blogue” no meu blog. Nunca escrevi “blogue”. Tem um sistema de buscas aqui no blog. Procura lá. E mesmo que eu tivesse usado uma palavra como blogue (que nunca usei), o que teria de mais? Agora desapareça.
Peço às leitoras e leitores para que não alimentem o troll. Tenho certeza que Arnold, que como outros trolls não saem daqui, ainda vai tentar deixar vários comentários antes de perceber que tudo que ele fala será deletado. Como eu não estou aqui o tempo todo, e posso passar horas sem chegar perto de um computador, às vezes posso demorar pra deletar o coment (que obviamente será virulento). Ignorem, por favor, que assim que eu ler eu deleto.

Mari Lee disse...

Adorei a fala do Joss Whedon!
E Buffy é muito legal! Eu assistia quando a série estava no começo, na minha pré-adolescência, depois também cansei e parei de assistir... e agora estou baixando da internet e vendo de novo.

O filme, eu prefiro esquecer que um dia existiu. Acho que o Joss também.

Caso alguém queira ver a brilhante montagem "Buffy x Edward Cullen" (o vampirinho besta de Crepúsculo): http://raizasas.blogspot.com/2011/02/buffy-vs-edward-cullen.html

Agora, essas entrevistas de divulgação de filmes são sempre iguais... não sei nem por que ainda existem.
"Como foi trabalhar com ______?" "Ah, foi ótimo, ele é muito bom, eu aprendi muito..." :-P
Chega a ser engraçado. Dá pra falar junto com o entrevistado.

Lulis Ibelli disse...

Ah, Lola, já amo seu blog, falar de um ídolo nerd só faz subir mais no meu conceito hehe
Apesar de não ter vista sua obra mais conhecida, Buffy, sou fã de Firefly, e tb gostei muito de Dr. Horrible's Sing Along Blog. Recomendo.

Alice disse...

sobre o ótimo video que a Mari Lee postou do edward x buffy vejam o relato do cara que fez o video e a explicação! É muito bom! (é em inglês)

http://www.wimnonline.org/WIMNsVoicesBlog/2009/07/01/what-would-buffy-do-notes-on-dusting-edward-cullen/

Fer Tiberio disse...

Ah, adorei! É isso que nos anima e nos mantém acreditando nas pessoas. Existem sim pessoas com opiniões equilibradas no mundo. Ainda bem!
Beijo!

Maria Caú disse...

Interessante apontar, Lola, que Buffy foi um dos primeiros seriados a mostrar personagens importantes num relacionamento lésbico, retratando beijos e até sexo implícito.

fabi disse...

Nossa a Lola citando joss whedon! Minha alegria nerd foi lá em cima!:D
Tanto Buffy, quanto firefly são ótimas séries com mulheres fodas!:D

Marilia disse...

Paixão pelo Joss...vi Buffy, Firefly e o filme que saiu da série Firefly (com o lindo do Nathan Fillion, de Castle).

Saber que o Joss tem esses pensamentos deixa tudo mais legal ainda.

Les temps sont durs pour les rêveurs. disse...

Aproveitando que estamos falando de cinema(algo relacionado) alguém viu a crítica de uma editora de um blog(não conheço ela,pelo que eu pesquisei achei isso) sobre o filminho de vampiro-adolescente Breaking Dawn(ou Amanhecer se eu não me engano em port): “But when a saga popular with pre-adolescent girls peaks romantically on a night that leaves the heroine to wake up covered with bruises in the shape of her husband’s hands — and when that heroine then spends the morning explaining to her husband that she’s incredibly happy even though he injured her, and that it’s not his fault because she understands he couldn’t help it in light of the depth of his passion — that’s profoundly irresponsible.….And romanticizing an intimate relationship that leaves bruises and scars is a particularly terrible idea in a film aimed at girls. From depicting the loss of virginity as a naturally violent, frightening, physically dangerous experience to making Bella a woman with no life at all outside of her literally all-consuming pregnancy, the narrative sledgehammers are all as distasteful as they are inelegant….This is a descent into madness, of a particularly gruesome kind.” Traduzindo (tradução minha literal): (...) Mas quando uma saga popular entre pré-adolescentes coloca como romântica uma noite que deixa a heroína coberta de machucados no formato das mãos do marido ao acordar- E essa mesma passa a manhã seguinte inteira explicando para o marido o quão feliz ela está,mesmo que ele a tenha machucado,e como ela entende que ele não pode se controlar a luz de ''tão instensa paixão''- Isso é profundamente irresponsável,e romantizar uma relação íntima que deixa machucados e cicatrizes é particularmente uma terrível idéia em um filme voltado a garotas.Ao retratar a perda da virgindade como naturalmente violenta,apavorante,mentalmente abusiva/perigosa experiência ao fazer Bella uma mulher sem vida nenhuma,fora a de sua consumada gravidez.A péssima narrativa,tanto desagradavel quanto deselegante,faz com que esse filme seja um mergulho na loucura,de um tipo particularmente abominável.

Naomi disse...

Joss Whedon é Joss Whedon, né. Quem não viu as séries desse cara, não sabe o que tá perdendo. Buffy é bom, mas não é a minha preferida dele... gosto mais de Firefly e de Dollhouse. Quem puder ver, veja!

Anônimo disse...

Eu adoro Buffy! Tudo nesse seriado é ótimo, a trilha sonora então!
Gosto muito de personagens femininas fortes, sem serem estereotipadas, claro.

Elaine Cris disse...

Estou adorando essa "série" sobre homens inteligentes e não machistas.
Quero mais!
Abçs

P@h disse...

"E nem é tão humilhante assim quando se é humilhado por alguém tão charmoso, vai."

Haushauhsuahsuahs! Disse tuuuuuudo!

Arlequina disse...

Eu tenho TANTOS problemas com Twilight. Eu acho essa série profundamente irresponsável - acredito que ela possa influenciar demais garotas que estão saindo da esfera de influência "princesas Disney" e ela é muito mais 'realista' do que Disney. Fantasiar com encontrar um cara 'como o Edward' no colegial é muito mais próximo que fantasiar com, sei lá, a Fera e o Castelo.

A Bella, de pessoa completamente inútil nos três primeiros livros, passa pra mulher heroína quando ela se casa, perde a virgindade e, mais importante, vira mãe - seu 'super-poder-vampiro' é um escudo gigante de proteção à todos que ela ama. E é assim que ela derrota os vampiros mais velhos do mundo.

Ou seja, você só vale algo quando está casada e é mãe. Acho perigosíssimo colocar esse discurso vindo da boca de uma adolescente - parece que é 'inovador' e dá a impressão de que a Bella é "uma mulher moderna, que toma suas decisões - e a decisão que ela escolhe é de ser totalmente conservadora e casar logo depois do colegial (mesmo que ela só esteja casando pra obter a imortalidade do Edward, porque, na verdade, quem quer casar mesmo é o Edward, a Bella só queria ser imortal e ficar do lado dele pra sempre. Ele é quem é careta, ela não. Ela inclusive quer transar - como toda mulher pecadora! - mas deu a sorte de encontrar um homem que a ama e se preocupa com sua alma) - porque, na nossa sociedade, ser puta é que é legal, então a Bella virginal casar logo depois da escola, ela sim é a VERDADEIRA REBELDE!!!". - fora o que já foi dito: normatização de violência

Eu li os quatro livros. Eu lembro como eu fiquei quando eu terminei de ler o primeiro livro - foi uma escrita tão leve, e é um livro tão fácil de você se encaixar como protagonista - é tão 'gostoso' acreditar que aquelas promessas poderiam ser verdade e que você poderia ser feliz assim, sem nem questionar se é isso o que você quer, mas só porque é mais fácil...

Eu já tinha 17 anos quando li os livros e foi só ao ler o quarto livro que eu parei, raciocinei e percebi o quão doente é a história. Eu imagino que os estragos em crianças de 11 anos sejam bem mais nocivos.

Por isso que eu sou Team Guy Who Almost Hit Bella With a Van e torço pra que a Buffy mate o Edward. ASAP.

Anônimo disse...

Eu nunca gostei de Crepúsculo, e até por não gostar, nunca vi nd sobre.
Fiquei triste ao ler isso de que a menina acorda toda machucada e "feliz, pois isso mostra o quanto seu amor não se contém ao fogo da paixão!". Que péssimo exemplo!

M disse...

Existe uma série de livros bem semelhante a Crepúsculo chamada Vampire Academy . É voltada para adolescentes, escrita em primeira pessoa, é sobre vampiros e há um triângulo amoroso. Em vez de Bella, a protagonista (que também tem uns 16 anos) se chama Rose e as semelhanças param por aí. A personagem não é uma mocinha indefesa, é segura forte, corajosa e a história é sobre ela arriscando tudo para ajudar a melhor amiga com quem tem uma forte ligação. Há umas partes bem interessantes , principalmente no ultimo livro, quando ela resolve seu o tal triângulo amoroso. Em uma passagem o cara que diz que não podem ficar juntos porque ele não quer ser o tipo de homem que rouba a namorada de outro, ela responde que não pertence a ninguém e que é capaz de fazer suas próprias escolhas.

Em Crepúsculo depois de levar um pé na bunda Bella entra em depressão e ganha impulsos suicidas. Quando Rose leva o mesmo pé na bunda, se sente mal mas não pensa em morrer,simplesmente começa a namorar outra pessoa...

As séries têm a mesma temática e a mesma falta de valor literário, mas passam mensagens completamente diferentes. É interessante ver que nem toda "mocinha" da atual moda de vampiros é pura, frágil e incapaz de ver outra coisa na frente além do vampirão amado.

Gabriele disse...

Curtia Buffy no início da minha adolescência, não lembro muito mas achava bem bacana, com personagens bem construídos. Fui enjoando também depois de um tempo, mas respeito a série.

Sobre Twilight, lembrei do videozinho da Feminist Frequency sobre o motivo errado e o motivo certo pra se odiar Twilight: http://www.youtube.com/watch?v=zQwqepW97zs&list=UU7Edgk9RxP7Fm7vjQ1d-cDA&feature=plcp
"I HATE TWILIGHT BECAUSE EDWARD IS A CREEPY MANIPULATING CONTROLLING OVERPROTECTIVE STALKER"

Liana hc disse...

Eu, como era fã de "Buffy", vi algumas entrevistas do Joss Whedon e achava muito bacana o modo como ele defendia as personagens femininas. Coisa que eu nunca tinha visto antes. Acho que em termos de ficção, este foi o primeiro que eu realmente prestei atenção no que se refere ao modo preconceituoso como as mulheres são retratadas. Nessa mesma linha, eu também gostava muito de "Charmed", com 3 irmãs de estilos diferentes e bem independentes.

Essa série Twilight, eu acho uma coisa absurda. Esse Edward reúne tantos defeitos num único persogem que dá medo de ver que ele é o sonho de consumo de tanta menininha por aí. Até de adultas. Muita falta de autoestima para achar que aquilo ali é amor, quando não passa de um comportamento doentio. Lembra também o personagem Bill da série True Blood, só que numa versão mais "adulta".

Daní Montper disse...

Lola, tenho lidos os posts, mas não tenho tido tempo de comentar...

Dessa vez queria só dizer que ultimamente você tem abordado o feminismo pelo viés masculino, e acho muito bacana ver homens que se preocupam com as questões de gênero, portanto, obrigada.

=*

Les temps sont durs pour les rêveurs. disse...

É Twilight é uma vergonha.Eu não entendo como tanta bosta junta pode formar um livro,e como isso foi permitido!Eu li,se não me engano 3 livros?ou 4?E assisti somente o primeiro filme e depois nunca mais.Dei todos os livros para doação.A mídia,tem uma influência enorme,e a mensagem inteira que esse livro passa é um perigo(da Bella não ter perspectiva,de como é lindo o Edward ser um stalker controlador,até essa história de lobisomem se apaixonar por bebês é repugnante) E ainda isso fazer sucesso.O que eu acho muito engraçado é o ator Robert Pattison(que faz o Edward) odiar o filme tanto quanto qualquer pessoa razoavel.Vc vê nas entrevistas,eles destila o nojo pelo filme,é até engraçado.Mas é,essa saga é um perigo.Me preocupa o quanta menininha lê,assiste e ama. :/

Ana Clara Telles disse...

Eu li uma vez uma entrevista com o Pattinson em que ele dizia algo como 'me sinto constrangido em fazer Crepúsculo porque parece que estou entrando nos desejos mais perturbadores da autora'. Eu vi o primeiro filme e me senti exatamente assim.

Antigamente, eu achava que a história de Crepúsculo tinha sido apenas uma grande sacada de vendas com um enredo típico para atrair menininhas: o cara perfeito da escola que te ama incondicionalmente e que morre de ciúmes do seu melhor amigo gostosinho, que também te ama incondicionalmente. Acontece que, a cada livro/filme, a coisa fica mais doentia.

Eu realmente acho que a autora teve e ainda tem sérias peturbações de autoestima, autoaceitação, de cunho amoroso etc. E as leitoras que se viciam nesse livro também. Tenho receio do que elas devem esperar da vida.

Les temps sont durs pour les rêveurs. disse...

Ana Clara: totalmente!Ele obviamente fez pelo dinheiro e não recusou trabalho,mas ele é extremamente irônico e cínico ao falar do filme.Uma das últimas entrevistas,uma das perguntas era ''Se vc não estivesse estrelando no filme,vc seria um fã dos livros/filmes,enfim..'' e os outros atorzinhos todos respondem que claro,sim.ele vira e fala: NÃO.hahaha Eu acho engraçado como ele não é reprimido ao colocar suas opniões. http://www.smosh.com/smosh-pit/articles/even-robert-pattinson-hates-twilight No mais,acho que os pais não tem noção do perigo de Twilight e suas mensagens.E faltando totalmente com o respeito mas eu sinceramente acho que essa autora é retardada.

Annah disse...

Também sempre achei Crepúsculo constrangedor.
Costumava escrever no site "nyah! fanfiction" e teve esse momento em que as fanfics (histórias escritas por fãs) de Crepúsculo começaram a superar em número as de Harry Potter e as de animes.
Dei uma olhada em algumas e achei que o fato que as fics mais lidas são adaptações do filme "Uma Linda Mulher", nas quais o Edward é o empresário e a Bella é a prostituta, deixou muito evidente o tipo de mensagem passada pelos livros.
Acho lamentável que as leitoras possam estar desenvolvendo fetiches por estupro e violência.

Lord Anderson disse...

Sou fã de Whendon, não só nas series, mas tb nas hqs que ele escreve.

Sempre gostei do tratamento que ele dá aos personagens e do humor meio cinico que ele coloca, e sim em suas obras, personagens femininas nunca estão em desvantagem ou retratadas como idiotas inutes.

Alias, sabiam que ele a tempos quer dirigir um filme da Mulher-Maravilha?

Mas a Wanner não tem colaborado por não acreditar no potencial da heroina.

Ridiculo.

Espero que depois do filme dos Vingadores, ele tenha credito o suficiente para passar por cima do preconceito.
Agora que ele esta cuidando do

Lord Anderson disse...

A.H.B.

que coisa.

Eu lia muito o Nyah! Fanfiction, tempos atraz.

Mas não cheguei a pegar essa fase.

Carol M disse...

Dizem que "melhor ler crepusculo do que não ler nada". Eu acho que tem muita literatura adolescente porcaria por aí que faça menos mal pra uma jovem em formação do que crepúsculo. Melhor que leiam turma da mônica jovem.

A.H.B., eu também escrevia no Nyah! Só que eu fazia fics de jrock e o que mais bombava na época eram fics de anime e mangá. Eu vi as fics de Harry Potter crescerem bastante lá, bem antes de crepúsculo.
As vezes penso em voltar pra escrever fics de Dr.Who..

Anônimo disse...

George Clooney é um chato sem-sal. Sou mais o Leonardo (O Di Caprio), tem cara de felino e tem personalidade.

claudiamay disse...

Joss Whedon é demais! A minha série preferida dele é Firefly. Em primeiro lugar, porque é com o Nathan Fillion (http://www.zerooitocentos.org/image/uploads/2009/10/MalcolmReynoldsFirefly.JPG hahahaha ) mas, principalmente, no meu caso, pelas personagens femininas. Firefly é diversão garantida, e uma diversão que não pede para você desligar o senso crítico para aproveitar. Recomendo a todos que gostam de ficção científica e humor. Outra série que me surpreendeu muito no tratamento que dá às oportunidades e possibilidades das mulheres é Battlestar Galactica. Não sei se minhas recomendações estão aqui no lugar certo, nos seus comentários, mas esses dois shows agradam muito a muita gente que conheço, por diversos motivos, e também a muitas pessoas conscientes. Eu acredito que essas duas séries passam pelo "Bechdel Test" e valem muito a pena.