quinta-feira, 17 de novembro de 2011

GUEST POST: A PM NA USP NÃO PROTEGE AS MULHERES

Alunas acompanham aula pública em 8 de novembro

Publico hoje, como guest post, a nota da Frente Feminista da USP sobre a segurança no campus. O texto vai além dos conflitos recentes na USP (para quem quiser ver uma recapitulação muito didática, o Diego, aluno de Letras, me enviou os vídeos que ele fez).

Nós, mulheres estudantes e trabalhadoras, sabemos as dificuldades e limitações a que somos subjugadas pela atual conformação do espaço urbano de forma geral, e do projeto urbanístico dos campi da USP de forma específica. Avaliamos, assim, a importância de discutir outro plano de segurança para a Universidade de São Paulo.
Grandes áreas vazias não são pensadas para pessoas sem automóveis e/ou que usam o espaço fora do horário comercial, pois dificultam a mobilidade e aumentam a insegurança, principalmente se essas pessoas são mulheres. Pensar em um espaço inclusivo e seguro é pensar em um projeto de segurança que não abra brechas para violência e/ou intimidação das mulheres. O convênio da USP com a secretaria de segurança pública, que coloca polícia militar nos campi, não é um projeto de segurança, e sim de intimidação e repressão.
As instituições militares, tais como o exército ou a Polícia Militar, que hoje ocupa o campus da USP Butantã, são instituições extremamente patriarcais, por sua extrema hierarquização do poder, culto ao chefe, violência física, dominação e ausência de espírito crítico. As instituições militares refletem uma estrutura patriarcal da sociedade na medida em que reproduzem valores ditos “masculinos”, como a agressividade e a violência.
Atuando junto ao Estado burguês e às elites econômicas, essa instituições corroboram para a manutenção das relações sociais que hoje imperam, aumentando a repressão com o reforço das forças policiais, políticas de intolerância, extrema criminalização da pobreza, dos movimentos sociais, e das mulheres.
Foi a polícia que, na penúltima terça-feira, 8 de novembro, chegou ao campus do Butantã com mais de 400 soldados da tropa de choque, cavalaria e helicópteros para desocupar a reitoria. Quebrando cadeiras e arrombando portas, entrou na reitoria a instituição que deveria manter a ordem. Lá, todas as mulheres presentes foram levadas para uma sala fechada, deixando-as totalmente intimidadas pelos policiais munidos de cassetetes. Uma das mulheres foi levada sozinha para outra sala; a estudante gritou por meia hora, gritos que não remetem a segurança e sim a tortura. A PM que temos é uma organização machista, violenta e que abusa do seu poder, não garante tranquilidade, nem mesmo os direitos à liberdade de pensamento, organização, ação e muito menos a segurança que queremos.
Pensar a segurança na USP não passa, portanto, pela adoção de medidas que existem somente para a manutenção de um determinado status quo, mas por pensar seus campi enquanto espaço público de aprendizado e também de convivência, ou seja, acessível à população que também pode movimentá-lo. Transformar o modelo urbanístico da USP, projetado na época da ditadura militar, em um espaço que permita a inclusão da população é, também, a superação desse modelo unifuncional.
Abrir a Universidade concretamente à sociedade não é apenas permitir a entrada de pedestres sem carteirinha à noite e aos fins de semana. É preciso rediscutir e construir atividades e espaços de convivência juntamente à acessibilidade aos campi. No caso específico do Butantã, essa pauta engloba a reivindicação por um maior número de ônibus, bem como de circulares, e que estes tenham seus horários à noite e aos finais de semana ampliados.
Manutenções paisagísticas no que diz respeito à poda de árvores e folhagens, bem como aumento da iluminação, são medidas que colaboram com a área de visão de tod@s que passam pelo espaço, diminuindo as chances de pessoas serem surpreendidas por alguém que apareça subitamente.
A guarda universitária que há na USP hoje tem treinamento essencialmente focado na defesa patrimonial. É preciso que seja aberto um concurso público que dê condições objetivas de que @s funcionári@s tenham outro treinamento, que seja baseado nos direitos humanos e englobe a prevenção dos problemas de segurança e com um efetivo feminino que tenha treinamento para tratar de casos de violência à mulher, além de ser gerido por uma comissão paritária de estudantes, funcionários e professores, para assim a guarda universitária servir aos interesses da comunidade.
Essas ideias não são suficientes para resolver o problema de segurança nos campi da USP, mas são o mínimo urgente e necessário para que a população em geral, e principalmente, as mulheres pobres e trabalhadoras, que dependem do transporte público e trabalham/estudam no período noturno, possam ser menos oprimidas e vulneráveis a abordagens, assédios, assaltos, estupros e mortes todos os dias.

156 comentários:

S. disse...

Excelente guest post. Fica muito claro que existem alternativas para garantir a segurança nos campi, e que a presença da PM implica uma postura autoritária e pouco democrática.Uma postura que implica também determinada visão política e comportamental.

aiaiai disse...

Beleza de texto.

Bruno S disse...

Colocar a PM no campus não me parece garantia automática de segurança (pelo menos não garante na maioria de nossas cidades) e ainda pode criar problemas pela inadequação do treinamento policial às situações encontradas num campus universitário.

Não acho que as forças policiais não possam ter papel complementar na segurança da área, mas sozinha não resolve.

E ainda fico com uma dúvida, os policiais deslocados para a cidade universitária não estrariam desguarnecendo áreas da cidade que precisam mais?

André disse...

Achei o texto confuso. Me parece que a proposta da estudante é (1) melhorar a iluminação, (2) aumentar as linhas de onibus, (3) melhorar a poda da vegetação e (4) aumentar e melhorar o treinamento da guarda universitária. Isso reduziria a exposição das estudantes reduzindo os casos de estupro(?). Os três primeiros itens não se discute, são obrigações decorrentes da escolha pelo tipo de campus. O quarto acho polêmico. Por que a segurança privada seria melhor que a pública? O fato da PM ser hierarquizada e patriarcal implica que a PM não protege as mulheres? O excesso de força na desocupação da reitoria implica necessariamente que a atuação da PM no campus é daninha?

Anônimo disse...

Lola e suas comunistinhas ortodoxas.

A USP é tomada não por pessoas pobres trabalhadoras blá bla bla bla.

Mas sim por maconheiros!

A policia não fez nada além do seu dever de que é dar um chute na bunda desses filhos da puta, que destroem patrimônio público!

É por isso que o governo de SP não investe co razão na educação, a USP é um dos 10 maiores gastos do Brasil e veja só o que dá de retorno?

Estudo? Pesquisas? Nada!

Vadiagem das puras!

O Alckmin está coberto de razão, bota a PM pra torturar esses maconheiros (aposto que a 'coitada' adora blasfemar contra os pais puxando uma erva para parecer cool, descolada, cult).

Parabéns a força policial que mais uma vez resolveu da forma necessária a situação que já estava envergonhando além do tolerável o povo Paulista.

Policia não tem que tratar com beiijinhos bandidos, tem que descer é a porrada mesmo!

Mas não se preocupem que sempre aparece pra passar a mão na cabeça de bandidos os "direitos dos manos" e as "Doutoras" donas de "Blogues" de esquerda.

Thiago Pinheiro disse...

Que as autoridades prezem pela segurança, mas essas "podas" que ocorrem nos campus me desagrada muito. Um dos raros espaços arborizadas de nossas cidades precisa ser melhor preservado. Na verdade, sou favorável a mais árvores por toda parte!

Lívia Pinheiro disse...

Eu não consigo desvencilhar essa idéia de que a usp - um espaço público - deveria terceirizar a segurança - com dinheiro público - "porque a PM é truculenta" e argumentos do gênero de uma coisa odiosa chamada privilégio.

Ainda não encontrei uma resposta plausível para a razão pela qual a PM no campus seja inadmissível por ser repressiva e truculenta, enquanto ao mesmo tempo isso não pareça ser problema tão urgente fora do campus (urgência do tema medida de acordo com a reação imediata e duplamente anti-democrática dos que invadiram os prédios da administração da FFLCH e depois da reitoria - primeiro por ignorarem o que a votação dos próprios alunos definiu, e depois por desrespeitarem a decisão judicial de reintegração de posse).

Só um idiota acha que a PM é ótima do jeito que é, que "tem que bater mesmo", e etc. Mas é muita síndrome de superioridade sim transferir o problema da truculência da PM para a presença da PM no campus.

E outra: falar que é tortura deixar a menina gritando numa sala separada é um ultraje às pessoas que foram e são de fato torturadas, que só serve para desqualificar o restante da argumentação de quem profere tal sandice.

Anônimo disse...

Lola

O comentário do brocolista me fez ocorrer uma indagação interessante:

Podas e desmatamentos são preconceitos contra árvores?

Pq ninguem aqui defende as árvores!!!

PRECONCEITO!!!

aiaiai disse...

andré,
talvez seja melhor vc ler o texto de novo. vc escreveu:

"Achei o texto confuso. Me parece que a proposta da estudante ... "

O texto não é proposta e nem feoi escrito por uma estudante.

É uma nota da Frente Feminista da USP.

Leia novamente, por favor.

Gêneros Textuais disse...

Só colocando que existem calçadas na USP intransitáveis - por conta de danos físicos e pela mata tomar grande parte do espaço.

Só quem tem que passar pela Rua do Matão de noite tem ciência da dificuldade trazida pelo combo escuro + mato.

A proposta não é podar a Cidade Universitária inteira, mas os locais de trânsito de pedestre onde ela adentrou e não permite que se passe por lá.

Caranguejo Excêntrico disse...

Oi, Lola.
Frequento seu blog há muito, acho que comentei uma vez ou outra, só.
Hoje resolvi me pronunciar, visto que sou aluna da USP, do curso de História. "Felfelechenta", como dizem. E gostaria de responder ao senhor André a partir do que venho observado aqui dentro do campus. Não espero que ele, ou qualquer um, concorde absolutamente comigo (não sou pastor evangélico nem padre jesuíta para crer que só a minha verdade é a absoluta), mas é sempre bom debater opiniões bem fundamentadas :)

Oi, André.
A polícia privada não seria melhor para a Universidade simplesmente porque a PM é patriarcal e machista, ou porque a primeira é privada e a segunda pública.

A Polícia Militar é uma instituição cheia de falhas que não foi reformulada com o fim da ditadura militar, que ainda guarda resquícios em seu próprio brasão de várias repressões a movimentações populares, cujos trabalhadores recebem um salário mísero para arriscar a vida todos os dias, que é pouco preparada para lidar com a própria criminalidade e menos preparada ainda para lidar com situações de abuso sexual ou de manifestações estudantis. (Veja bem, ela é tão falha que em bairros de casas de grande porte, de pessoas com alto poder aquisitivo, os moradores preferem contratar empresas privadas para fazer o policiamento a pedir mais PM nas ruas...)

Não estou dizendo que uma guarda universitária bem preparada não seria passível de falhas, mas só o fato de sua estrutura ser pensada em conjunto com a população e não apenas imposta de cima já poderia significar um avanço no que se refere a questão da segurança, não só dentro do campus. Uma reflexão neste sentido, utilizando-se a USP como um laboratório para este tipo de iniciativa, poderia inclusive melhorar a própria instituição policial pública.

Todos queremos nos sentir seguros em qualquer local por onde andarmos. Mas simplesmente colocar a PM dentro do campus da USP com o pretexto da segurança é esvaziar o debate sobre o assunto dentro e fora da universidade, permitindo que as coisas continuem como estão e propiciando uma falsa sensação de segurança.

Quanto mais falo deste assunto mais sinto como se estivéssemos fadados a viver em gaiolas, "para nossa própria segurança". E eu sinceramente acredito que um debate sobre a segurança como está acontecendo aqui na USP pode ser muito válido para a reformulação das forças de segurança pública.

:)

Eliane disse...

Só adendo aos que insistem em dizer que só tem rico na USP. Tem pobres, eu estou lá. Somos minoria, precisamos trabalhar para nos manter lá, mas existimos. Com relação à PM, o grande problema dela é focar sua atenção nos alunos. Revistar aluno para quê? Deveriam era estar focados em atitudes suspeitas de pessoas que não pertencem ao meio. Tenho tios policiais e eles dizem que, infelizmente, o tipo suspeito é: pardo/negro/moreno. Chega a ser ultrajante pensar que podemos ser parados diariamente, para perguntas, revistas, intimidação. E enquanto isso, quem foi lá roubar continuará a fazê-lo, porque a pm está muito ocupada revistando aluno.

Gêneros Textuais disse...

Outra coisa que deveria ser sugerido aos que bradam acerca da destruição do patrimônio público (que de fato houve e isso digo com conhecimento de causa uma vez que trabalho no prédio que foi ocupado), é que pensem o que vem a ser a transferência de obras raríssimas de Direito para uma sala sem condições nenhuma de mantê-la e alocação destas em caixas de papelão por meses - se não for destruição de patrimônio público (uma vez que os livros foram adquiridos com dinheiro de impostos) e de patrimônio cultural (gravíssimo, uma vez que os danos são irreparáveis), eu troco de nome. Pensem também se é correto comissionar afilhados políticos em cargos nos quais está explícito (não apenas no estatuto da Universidade) ou se é improbidade administrativa.

Então não exaltem um senhor que está sofrendo diversos processos por corrupção e afins. Dura lex em um caso e panos quentes no outro não tem faz mais cidadão por expressar a opinião, te faz um idiota por não buscar informações para fazê-lo.

Os alunos que entraram na Reitoria (embora ali não seja Reitoria há tempos e sim o prédio da CODAGE) estavam errados. O Reitor está errado. Ambos tomaram atitudes POLÍTICAS.

As nuances das situações vão bem além de dualidades estancadas. É hora de deixar de ser massa de manobra preguiçosa e mexer a bunda para saber o que está de fato acontecendo. Até 20h00 é permitido o acesso de qualquer pessoa no campus; sugiro que quem puder ir, em especial hoje na FAU às 18h, largue de ficar reverberando discurso e forme uma opinião para chamar de sua.

Anônimo disse...

EU não sei mais o que pensar sobre esse assunto.

Em princípio, eu não sou contra a permanência da PM na USP, mas fico um pouco insegura com a minha opinião vendo que pessoas que eu julgo serem as mais justas tem justamente a opinião contrária.

O que está muito claro pra mim é que as universidades não podem ficar sem segurança nos campi desse Brasil.

E está muito claro também que a universidade, embora seja sim um ambiente diferenciado, não goza de status de território livre ou seja lá que nome queiram dar, de modo que lá, tanto quanto aqui, usar maconha mesmo que para consumo próprio é crime (contravenção, que é um crime menor. no caso não é punido com prisão e sim com tratamento).

Eu não vou entar no mérito se é ou não certo liberar o uso da droga. Eu pessoalmente sou a favor, mas não estamos falando disso. O fato é que, se liberar, vai ser livre no brasil, e não na usp e nas universidades. Os PMs não estão lá para avaliar se é certo ou não. Eles precisam seguir a lei, não é um ato discricionário, gente.

Eu penso que a PM - no caso da USP (que é estadual... sendo federal, cabe a PF), deveria ter um grupo destacado e treinado de forma especializada para atuação em campus universitário.

Não, não é pra passar a mão na cabeça de estudante. É pra ter outro tipo de abordagem (se é que deve ter abordagem: pra mim, a PM - no campus - deveria interferir apenas ante a ocorrencia de crime, ou iminencia de ocorrer, mas divago). Falo isso porque todos dizem - e eu sei que é verdade - que a PM é despreparada. Não só em SP.

Iluminação, linhas de ônibus e concientização são sim importantes para a segurança dos alunos e alunas (e visitantes em geral), mas a presença policial para coibir crimes é decisiva, sem dúvida. Mas isso deve ser feito com adequações.

Anônimo disse...

motivo para preferirem segurança participar à pública: a PM pode e deve prender maconheiro. O segurança não.

Anônimo disse...

Li perguntou: revistar aluno pra quê?

também não sei se é tão necessário, mas fico com um pé atrás com o fato de tratarmos alunos de forma diferente da que os demais cidadãos são tratados.
E cidadãos comuns podem ser abordados livremente, por amostragem, não so pelos PMs, mas por todas as polícias que, indiscutivelmente, são mais preparadas que as estaduais.

Se o mocinho estiver com olhos vermelhos demais, ele pode estar só chorando, ou não. E o PM pode querer saber. Desde que não use violência pra isso, ele estará dentro da lei.

No mais, Livia falou tudo.

Sara disse...

Livia Pinheiro to contigo nessa, nada haver esse argumento.
A ´policia é o que a população tem, querer que ela melhore que seus integrantes tenham salarios mais justos todos nós queremos, querer algo especial para um grupo que ja é privilegiado é um pouco demais pra meu gosto.

Niemi Hyyrynen disse...

Meio over esse texto né?

Na boa, o problema não é a instituição PM em si, o problema é como ela é gerida, a cultura que há dentro dela, todo país precisa de uma força policial, pq em todo país haverá pessoas que precisam ser presas.

Vendo desse modo não vejo diferença em uma guarda "universitária" e a PM, a princípio as duas deveriam servir para a mesma função, proteger.

Se a PM é discriminatória e tals, ai sim se configura um problema, mas eliminar a sua presença? Acho estranho...

E me cansou um pouquinho tb esse papo de "resiquios" da ditadura, parece que esses alunos ficam evocando uma época de "ouro" do movimento estudantil, que só fará sentido se tiver ali presente o seu inimigo original.

É como vídeo da mocinha que foi postado numa outra caixa de comentários, ela fica gritando "Como nos tempos de ditadura!".

A comparação não tem qualquer sustentação, parece que é apenas uma massagem do ego.. do tipo "nossa que momento foda estou vivendo! e ninguem para me ajudar sou tr00".

Parece um saudosismo meio idiota essa coisa toda, qualquer ação da PM é um ato "como nos velhos tempos de ditadura". Over, muito over.

(Não estou defendendo a selvageria da PM, que foram brutos e usaram de força desleal para resolver a situação, porém, nem de longe se parece com o que foi feito durante o golpe militar).

O momento é outro, os problemas são outros a dimensão dos acontecimentos são totalmente divergentes, até a causa não tem relação alguma.

E a causa tb é bem confusa né?

Letícia Rodrigues disse...

Aconselho a todos a irem até o blog da Maria Fro assistirem ao vídeo do Boechat que ela linkou lá.

No vídeo ele fala que é um padrão internacional que polícias regulares não atuem em espaços universitários. Que no mundo inteiro a segurança em campus universitários é feita por polícias universitárias. E explica as razões para isso. Não tem nada a ver com privilégio ou liberdade para fumar maconha. Tem a ver com autonomia universitária.

Diz ainda que a USP tem dinheiro de sobra para montar a própria guarda - um orçamento bilionário - e que o efetivo da PM deslocado para lá faz falta para o resto da cidade.

E essa guarda universitária não seria privada ou terceirizada. Os integrantes da guarda seriam funcionários da USP, e teriam que fazer concurso público para ser contratados.

Lola, linka o vídeo do Boechat aqui. Não concordo com tudo o que ele diz, mas acho que contribui para o debate.

Anônimo disse...

Eu tbm não sei mais o que pensar sobre esse assunto.Se eu for colocar o que penso aqui, serei taxada de mil coisas q eu não to com paciência pra ficar respondendo. Só fiquei pensando que ...ah, sei lá.

Anônimo disse...

mas QUAIS seriam as razões que justificam uma maior autonomia em territórios universitários?!

André disse...

Aiaiai,
De fato eu estava enganado, mas se é uma nota "institucional", e não um desabafo, deveria ser mais clara ainda. Mantenho todo o resto.

Fernanda disse...

Lola, sabia que aqui encontraria alento. Obrigada pela divulgação do que ocorre na USP, precisamos disso frente à reprodução de ideias estereotipadas propagadas pela grande mídia.

Bom, sou aluna da pós-graduação em História Social e moradora do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), local que a tropa de choque, de maneira abusiva, cercou e onde foram jogadas bombas de gás lacrimogênio durante a reintegração de posse com o intuito de intimidar uma possível adesão à ocupação da Reitoria (prédio próximo à moradia) sem que, nós alun@s, tenhamos feito nada.

O importante a ser dito é que a questão da polícia militar no campus e das constantes repressões políticas promovidas por vários setores da reitoria são sintomáticos de um problema maior: a falta de representatividade docente e estudantil nas instâncias deliberativas. Não temos instâncias democráticas para discutir os rumos de nossa Universidade. O Estatuto e o Conselho Universitário foram constituídos de forma que a presidência e a maioria das cadeiras sejam controladas pela reitoria, reitoria esta indicada pelo governo do Estado. A greve, os atos e as ocupações são os (únicos) meios legítimos pelos quais o movimento estudantil pode manifestar-se e determinar a conformação de espaços democráticos de discussão. A adesão ao movimento cresceu muito e o debate cada vez mais se torna qualitativo. Os únicos que continuam batendo na tecla da maconha são os grandes aparelhos midiáticos. A prisão dos três rapazes, como em qualquer movimento de grande mobilização na história, só serviu como um catalizador de toda a sensação de insegurança que estávamos vivendo.

Quando a reitoria institui o convênio, não debateu em nenhum momento com a comunidade. As demandas de mulheres, que estudam e vivem aqui, nunca foram ouvidas. Sabemos que polícia não inibe estupro (nosso campus é enorme) e que, na verdade, nos últimos anos vem omitindo os crimes contra a mulher que ocorrem no campus para não desmoralizar a imagem da USP (mas sabemos que eles acontecem).

Não é essa segurança que queremos. Ninguém apoia uma guarda terceirizada, sabemos como são despreparados e submetidos a uma lógica de trabalho sub-humana. O que queremos é uma guarda universitária concursada com efetivo feminino treinado para lidar com situações de violência contra mulher e que tenha uma formação em direitos humanos, que não abuse de seu poder e não reprima as manifestações políticas que são legítimas. Outras proposições foram tiradas em Assembleias gerais, de curso e da pós-graduação e um bom Plano de Segurança Alternativo são um dos eixos da greve.

Michelle Silva Toti disse...

A cracolândia comendo solta e a PM preocupada com a USP.

Starsmore disse...

O quê? A luta agora é contra a PM por ser "Patriarcal" (WTF?), valores masculinos (AHHH?!) agressividade e violência (jurava que a Lola tinha passado exatamente a ideia contrária em alguns posts passados, aqueles das frutinhas vermelhas).

Quer dizer que PM entrou na USP só pra oprimir as mulheres?

Quero saber como é que seria a policia com "valores femininos"? Juro que fiquei MUITO curioso agora!

Ahh tbm achei bonitinha a imagem "fora corrupção" é pra mais um dos ministros da Dilma?

A segunda parte do texto é interessante e apresenta de fato idéias de melhorias.

Pra mim ficou parecendo que ess@s estudantes querem mais um bando de serventes, que obedeçam a el@s. Deve que é o costume que muitos recebem de casa.

André disse...

Caranguejo Excêntrico,
A PM está cheia de falhas, não só na USP como no restante do estado. Creio que a melhor solução seria apontar as falhas e exigir soluções. Sei que esse é um processo demorado, mas contratar e treinar uma guarda universitária também é. Além disso, a visibilidade da USP poderia ajudar nas cobranças, e uma melhoria da conduta da PM poderia beneficiar o restante do estado também.
Já li que a PM abordava alunos dentro de bibliotecas, abordava casais gays (o Irã é aqui?), etc. Não sei se é verdade, mas todas essas seriam atitudes concretas reprováveis. Mas criticar a PM por causa do escudo ou por ser patriarcal é besteira.

Starsmore disse...

Interessante esse argumento Haddadiano, de que pode jogar a polícia na cracolândia, mas os estudantes da USP vão ter diploma especial, então, desde já, temos que separar "celas especias".

Mas aí é a PM que é elitista, então tá.

Michelle Silva Toti disse...

Starsmore, não disse nada disso. Disse que a situação de uso de drogas é muito pior na cracolândia. Ou vc acha que não? Acho que a população que está lá precisa muito mais de segurança tb e de tratamento. Pq não fazem esse circo todo lá? Pq não insistem em manter a PM lá?

M disse...

A PM vai fazer a segurança ou funcionar como repressão ? É essa a questão... As nossas forças policiais ainda são filhotes da ditadura, o uso de 400 policiais da tropa de choque para retirar 70 alunos da reitoria é a maior prova disso. No próximo protesto é só a PM decidir que não é protesto, é baderna e pronto. Se acaba a uniiversidade como espaço de questionamento e protesto. Muita gente acha que universidade serve só para formar profissionais, mas elas têm historicamente outras funções. Grandes movimentos políticos e sociais surgiram em universidades pelo mundo. Não dá para contestar o estado ou o sistema com a policia que serve ao mesmo fiscalizando e regulando qualquer manifestação contrária.

Ana Clara Telles disse...

Mariana, a questão da autonomia universitária, para mim, é muito clara. Exatamente porque houve uma época em que os policiais se matriculavam em universidades à paisana para detectar possíveis "rebeldes", exatamente porque forças policiais do Estado invadiram centros acadêmicos diversas vezes e destruíram unidades estudantis (como a UNE no Rio), que existem regras sociais que separam uma entidade da outra. No Brasil, lembramos da interferência do Estado no ensino somente na ditadura; mas nos EUA, por exemplo, isso ocorreu em plena democracia, a partir de 1968 e durante os protestos contra a Guerra do Vietnã. O fato de não estarmos mais em um regime autoritário não impede que isso continue assim ou, pior, que atos autoritários ocorram a despeito do regime "democrático" em que vivemos. A universidade é tradicionalmente um centro de formação social crítica (deveria ser, pelo menos), e não é raro ver surgir da academia insurgência intelectual contra um status quo hegemônico. A polícia, por outro lado, é uma das peças fundamentais de preservação dessa hegemonia (são poucos os levantes vindos de forças armadas e policiais, por exemplo, e os que conhecemos foram sufocados e não terminaram nem um pouco bem); por isso, me parece lógico que universidade e polícia se desentendem vez ou outra. Por fim, acho que, nessa discussão, a questão da memória é fundamental: é característico, com o passar dos anos e das gerações, esquecermos do que nos foi feito, e por isso muitas das atrocidades tendem a se repetir. Marcos normativos para a eternização da memória, como a questão da autonomia universitária, são fundamentais para evitar que esses eventos voltem a ocorrer depois de um tempo.

Patrick disse...

mas QUAIS seriam as razões que justificam uma maior autonomia em territórios universitários?!

Mariana, essa é uma ótima questão que a Professora Raquel Rolnik faz em seu blogue:

"o campus faz parte ou não da cidade? queremos ou não que o campus faça parte da cidade? Em parte, a resposta dada hoje pela gestão da USP é que a universidade não faz parte da cidade: aqui há poucos serviços para a população, poucas moradias, não pode haver estação de metrô, exige-se carteirinha para entrar à noite e durante o fim de semana. Tudo isso combina com a lógica de que a polícia não deve entrar aqui. Mas a questão é maior: se a entrada da PM no campus significa uma restrição à liberdade de pensamento, de comportamento, de organização e de ação política, nós não deveríamos discutir isso pro conjunto da cidade? Então na USP não pode, mas na cidade toda pode? Que PM é essa?"

A PM deve fazer a segurança dentro de um shopping center, dentro da sede de uma empresa, dentro do campus de uma universidade privada? Sim ou não? Dentro da minha casa? Então, a USP faz parte da cidade (é um espaço público, portanto) ou é um ente à parte? E, no espaço público, essa PM tem feito um bom trabalho? Tem trazido mais segurança? Já resolveram o problema dos estupros na Unicamp? Ou continuam ridicularizando as vítimas de violência sexual?

Starsmore disse...

E eu jurava que a PM estava cumprindo (que é o dever) ordem judicial (3 poderes, Oi?), mas agora que eu percebi que a USP é o nosso Vaticano!!

Parei por hoje. Abraços.

André disse...

Não deveria ser função da PM reprimir manifestações, seja na USP ou na Avenida Paulista. Se ela o faz é a mando do executivo ou do judiciário, não estamos batendo na instituição errada?

Patrick disse...

Mais um pouco da excelente Professora Raquel Rolnik:

"Um segundo aspecto diz respeito ao tema da segurança no campus em si. É uma enorme falácia, dentro ou fora da universidade, dizer que presença de polícia é sinônimo de segurança e vice-versa. O modelo urbanístico do campus, segregado, unifuncional, com densidade de ocupação baixíssima e com mobilidade baseada no automóvel é o mais inseguro dos modelos urbanísticos, porque tem enormes espaços vazios, sem circulação de pessoas, mal iluminados e abandonados durante várias horas do dia e da noite. Esse modelo, como o de muitos outros campi do Brasil, foi desenhado na época da ditadura militar e até hoje não foi devidamente debatido e superado. É evidente, portanto, que a questão da segurança tem muito a ver com a equação urbanística."

Eu também não entendia muito bem quando falavam que urbanismo é mais importante do que a polícia na questão da segurança pública. Aí, conversando com um aluno de Pedagogia da UERN em Mossoró no ano passado, ele me falou de um estudo feito por um grupo de sociólogos numa cidade americana. Trocaram toda a estrutura policial (policiais, viaturas, equipamentos) de um bairro tranquilo pela de um bairro barra pesada. O resultado? Nenhum, ambos continuaram com as mesmas estatísticas de crimes.

Nesse mesmo período me deparei com Morte e vida de grandes cidades, escrito há 50 anos, mas atualíssimo sobre as razões da (in)segurança nas grandes cidades! E a conclusão é a mesma: a solução é urbanismo. Sugiro fortemente a leitura da obra por quem se interessa pelo tema segurança pública.

Patrick disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Reforço o que a Letícia Rodrigues disse: vejam o post na Maria Fro sobre esse assunto. O link tá aqui: http://mariafro.com.br/wordpress/2011/11/16/ricardo-boechat-responde-a-seus-ouvintes-conservadores-sobre-a-questao-usp/
O argumento central não é que a PM não presta, pererê parará. O fato é que a USP tem um orçamento bilionário, dinheiro suficiente para bancar sua guarda universitária.
No mundo todo, com raras exceções, a polícia pública não faz a segurança de universidades e isso é uma convenção.

Oliveira disse...

Arnold:

Onde eu assino?

Annah disse...

Excelente post. Tenho acompanhado as discussões que estão sendo feitas na História e as pessoas tem levantado muitas boas ideas que podem começar a abrir caminho para projetos de um plano de segurança mais eficiente para o campus. Também ressalta-se muito que o campus é público e, portanto, deve servir à comunidade.
Acho engraçado como as pessoas que são simplesmente contra o ME rejeitam a priori qualquer argumento e proposta sem ao menos tentar refletir sobre a questão, seus motivos, etc.

[Legal ver vários colegas de curso aqui nos comentários. :)]

Não sei se já foi postado aqui, mas segue mais um relato de pessoas que estavam no CRUSP no momento em que a PM foi reintegrar a posse da Reitoria: link

Aliás, como uma das comentaristas ressaltou, não é verdade que tod@s estudantes da USP são "riquinhos". O CRUSP - que é a moradia gratuita oferecida pela universidade - seleciona os moradores por condição sócio-econômica, favorecendo os que não teriam condições de pagar moradia privada nos arredores do campus. (e a administração do Crusp investiga o máximo possível para saber se você falou a verdade no questionário sócio-econômico. Ou seja, não é lá que estão os alunos mais ricos da universidade.

Relicário disse...

Difícil chegar a uma solução que agrade a todos, não sei se discordo da presença da PM em si, mas discordo a forma equivocada que o GOVERNO tratou a questão, a PM um órgão institucional e obedece ordens diretas do secretário de segurança pública.

Falando nisso, em polícia, sou casada com um policial há 12 anos...ele era policial civil, hoje é PRF.

E posso afirmar com certeza que Policial também sofre preconceito gente, e muito, policial é violento e truculento ainda que não faça nada, é dito como corrupto ainda que não se deixe corromper e vagabundo ainda que dê duro...

Por incrível que isso possa parecer, dos policiais que conheci, uma grande maioria, muito grande mesmo, uns 80% pelo menos são boas pessoas, politizadas, instruídas (inclusive com curso superior e pós graduações), e sabem bem o que podem ou não fazer, até onde vão seus direitos e onde há excesso.

Não posso falar da polícia como um todo, em aspecto nacional, moro em SC e não conheço a realidade de outros estados a não ser pelos noticiários, mas não consigo digerir essa idéia generalizada de violência e truculência de TODOS os policiais.

Muitos são despreparados no sentido de não saber lidar com situações extremas e pior ganham mal demais para isso, os cursos de aperfeiçoamento são poucos e ruins, além de que os concursos são raros e trabalho é muito.

Mas existem aos milhares policiais centrados e conscientes, no entanto viram notícia os maus exemplos.

Meu esposo NUNCA aceitou propina, mas recebe propostas quase diariamente, já deu voz de prisão por tentativa de suborno (corrupção ativa).

Portanto, acredito na concientização, EDUCAÇÃO e POLITIZAÇÃO desde crianças, para que possamos ter bons policiais, pois obviamente vamos precisar deles invariavelmente.

Anônimo disse...

ana clara,
desculpa, mas conforme dito pela Niemi, parece que estes estudantes estão um pouco atrasados. Existem outras lutas hoje, sim, mas justificar a não presença da PM na USP com base em policiais que se matricularam pra detectar subversivos na ditadura é demais né?

esses argumentos estão fora de contexto, fora de época, fora da realidade atual. essa gente é nostálgica demais!

Eu também acho que devamos ficar muito atentos para que uma ditadura não volte a vigorar nesse país, mas a luta dos estudantes não tem NADA com isso. Não há nada que indique que os militares estão tramando contra o governo Dilma.

É muito comum esse uso de argumentos obviamente corretos: "é pra combater a ditadura", "isso parece nazismo" só porque, óbvio, qqr um que tenha bom senso é contra a ditadura e o nazismo. Mas nesse caso não tá colando mesmo. Não tem nexo causal.

Anônimo disse...

agora é bom copiar o mundo todo. vamos copiar os países ricos, mas só quando convém.

quando o outro lado copia, é um bando de gente culturalmente imperializada.

Anônimo disse...

Relicário, também namoro um PRF recém formado e posso dizer que há sim bons policiais, especialmente nas polícias mais bem remuneradas, mas não só por isso: porque estas tem mais recursos de preparaçao. Não é o caso da PM, mas também não dá pra generalizar: há policiais legais lá tbm.

Escarlate disse...

Engraçado que a PM tava fazendo ronda no dia que aquele garoto da FEA foi assassinado. Pouca gente fala nisso, mas ok.

Em pouquíssimas universidades no mundo inteiro tem efetivo policial do Estado, e por favor LEIAM OS LINKS! Galere vem aqui falar "mas tem policial que é legal" ou "mas droga não pode na universidade" e quer discutir?

No meu bairro eu nunca vejo policial nenhum. A USP é melhor que o meu bairro? E meu bairro vai bem, obrigado. É como falaram: a palavra importante aqui é urbanismo.

"Só tem medo da polícia quem já se manifestou contra o Estado".

Relicário disse...

Oi Mariana, vc tem o mesmo nome da minha filha rs:)

Interessante saber que seu namorado é PRF...

Só não fico à vontade com generalizações...

Unknown disse...

"agora é bom copiar o mundo todo. vamos copiar os países ricos, mas só quando convém.

quando o outro lado copia, é um bando de gente culturalmente imperializada."

A questão não é copiar países ricos. No mundo todo e no Brasil a polícia pública não faz a segurança de universidades. Isso não é uma inovação. Estamos copiando de nós mesmos e do mundo todo uma coisa que sempre existiu?

André disse...

Escarlate,

Se a PM estava fazendo ronda no dia do assassinato do aluno da FEA então é melhor aumentar e melhorar as rondas.

André disse...

Carol,

Nos campi onde não entra polícia a universidade é pública ou privada? A estrutura é concentrada (tipo UNIP) ou espalhada (tipo USP)? Estão em países pacificados ou em países conflagrados? Não dá para copiar uma solução sem olhar o contexto.

Raquel disse...

Nostalgia é você querer voltar a um tempo que já passou.
Nenhum estudante quer voltar a época da ditadura, será que todos leram a parte do guest post em que a menina foi torturada?
Dizer que ela só levou uns tapinhas, e que isso ofende os torurados da ditadura, ou que isso não é tortura foi a maior barbárie que eu já li por aqui.
Não se mede tortura, ela pode ser psicológica, física e de milhares de formas, mas não se culpa a vítima.
Enfim, acho que muitos dos comentaristas dessa caixa hoje estão se mostrando ótimos defensores de um estado militarizado e autoritário...

Raquel disse...

Apenas esclarecendo, a PM sempre fez ronda na USP, já viram a base na PCO? ou enorme ACADEPOL?
A diferença, e por isso o levante do movimento estudantil, é a quebra da autonomia universitária...
Cada vez mais percebo que muitos não estão pesquisando e simplesmente reproduzindo conceitos sobre política e urbanidade que já tinham...

Escarlate disse...

"Dizer que ela só levou uns tapinhas, e que isso ofende os torurados da ditadura, ou que isso não é tortura foi a maior barbárie que eu já li por aqui.
Não se mede tortura, ela pode ser psicológica, física e de milhares de formas, mas não se culpa a vítima.
Enfim, acho que muitos dos comentaristas dessa caixa hoje estão se mostrando ótimos defensores de um estado militarizado e autoritário..."

Voltei pra ler e fiquei aterrorizada. A menina não estava só numa sala sozinha cheia de homens. Ela foi espancada e humilhada, SE ISSO NÃO É TORTURA PODE TIRAR A MINHA CARTEIRINHA DE FEMINISTA.

Raquel disse...

Já que estamos falando em cópia de culturas, se é pra ser autêntico nem deveríamos ter universidades né? Afinal não é criação brasileira...
Ai já deu isso aqui...

Priscilla disse...

Dizem que estes movimentos (como a ocupação da USP) não são propositivos, que são filhinhos de papai sem causa e blá, blá, blá, Contido, neste guest post são apontadas alternativas moderníssimas (e sustentáveis) no que se refere ao direito humano à cidade e à segurança. Medidas simples, baratas e equânimes surtem efeitos mais eficazes do que a forma estúpida de garantir a ordem (com policiais truculentos). As meninas apresentam situações concretas que atingem às estudantes, mas que são invivilizadas pela lógica machista que rege as instituições como a USP. Parabéns às mulheres da USP, autoras deste guest post a Lola que é uma militante valorosa no meio virtual reacionário que é a internet.

Raquel disse...

Sim Escarlate, li isso em um dos comentários e fiquei horrorizada....

Anônimo disse...

escarlete,

se a PM estava fazendo ronda lá no dia que o estudante morreu, como bem disse o andré, deve-se melhorar a ronda.

Quem disse que tirando a PM de lá resolve?!

e outra, falei de "policiais legais" por pura preguiça de desenvolver, pq afinal, não estava argumentando, estava falando com a relicário. ;)

e qual o problema de falar de droga, gente? ou vão dizer que maconha não tem nada a ver com essa polemica?!

Escarlate disse...

Ansiosa por uma discussão sobre USP e segurança pública que seja mais do que "argumentos de facebook" de um lado.

Raquel disse...

É isso aqui tá a defesa do estado-militarizado-neoliberal ....

Ana Clara Telles disse...

Oi, Mariana.

Eu discordo de você. Acho que o fato de haver novas lutas estudantis (ou de qualquer outro tipo) não invalida o fato de que
a demanda deles é justa (para mim). A autonomia universitária, a meu ver, deve ser preservada sempre que outras opções que não o policiamento ostensivo do Estado forem viáveis.

Mas, como eu sou do Rio, é difícil que eu mencione corretamente a situação. Tudo o que chega a mim ou é absolutamente contra (no caso da grande mídia) ou incondicionalmente a favor (no caso das fontes alternativas, quase todas de esquerda).

Sobre algo que você falou: "não há nada que indique que os militares estão tramando contra o governo Dilma". É bom lembrar que, lá pela metade dos anos da ditadura, grande parte da população brasileira sequer acreditava que um governo autoritário existia. Não estou defendendo que exista uma ditadura política e/ou militar no Brasil hoje, porque isso seria uma completa idiotice, mas o poder autoritário se dá de formas muito mais sutis do que ter ou não ter eleições, ter ou não ter parlamento, ter ou não ter golpe de Estado. Além disso, medidas autoritárias não necessariamente vêm sempre dos militares; os Estados Unidos são um exemplo recorrente nesse sentido.
Se houver um reitor que não tolere manifestações políticas contrárias a sua gestão e um governador que seja conivente com a postura do reitor e empreste o poder repressor do Estado para que ele faça valer sua vontade política, isso, para mim, já se configuraria autoritarismo (não acho que o caso da USP chegue a tanto, mas é plausível que isso possa acontecer em qualquer universidade do mundo).

Por último, sou filha e irmã de policiais militares, e não tenho dúvida de que há muitos policiais bons (o meu pai, inclusive, depois de aposentado, defende a revisão das leis de drogas no Brasil). Mas eu vivi 20 anos da minha vida em instituições militares e acredito que o vão que existe entre polícia e universidade vai além de questões como corrupção, uso desproporcional da força etc. É de mentalidade. A instituição da polícia militar, no Rio pelo menos, é avessa a reivindicações, a críticas e, especialmente, a mudanças. Elas são treinadas para reforçar o status quo.

Unknown disse...

André, eu estou falando de universidades públicas.
Acho que segurança é primordial e concordo quando você diz que pra cada contexto existe uma solução. Mas, será que a presença da PM é necessária? A USP tem um orçamento bilionário, e tem condições de manter uma guarda universitária capacitada e bem treinada para agir com as ocorrências que acontecem por lá.
Além disso, não preciso repetir o que muita gente já falou sobre as outras tantas ações que precisam ser feitas em relação ao urbanismo e humanização dos espaços.

Escarlate disse...

"e qual o problema de falar de droga, gente? ou vão dizer que maconha não tem nada a ver com essa polemica?!"

Foi só o estopim de uma discussão que perdura há anos, desde a fatídica "eleição" do mano Rodas. Falar de maconha nessa discussão é o típico "argumento de facebook" que a galere tá usando pq foi o que foi explorado pela mídia exaustivamente e apagou as verdadeiras questões dessa problemática.

PM não é solução, não do jeito que tá, não empurrando pra uma universidade do jeito que está sendo. O que fizeram na ocupação, todo aquele circo, toda aquela violência e histerismo, parece ser um bom prenúncio do que pode vir a ser.
É a favor da PM na USP? Então vamos conversar, vamos debater, vamos aprofundar isso aqui. Vamos trazer textos, videos, estatísticas. Falar que PM traz segurança até minha vó faz, e ela não sabia ler.

Ana Clara Telles disse...

Escarlate, eu concordo com você em sua ideia geral, mas acho que estamos perdendo, também, uma ótima oportunidade para falarmos de drogas, especialmente a maconha.

O uso de drogas ilícitas no ocidente é recorrentemente associado a desvio de caráter, a imoralidade, isso desde os discursos mais senso comum até as Convenções da ONU sobre o tema. Portanto, se tem uma coisa há 50 anos que invalida qualquer tipo de atividade é a droga. Não é à toa que as guerrilhas de esquerda não são só guerrilhas, são narcoguerrilhas, e os grupos terroristas não são só terroristas, são narcoterroristas. Não me admiraria se daqui a pouco inventassem o termo 'narcoestudantes'.

Junior disse...

"blablabla mimimi, mulheres sofrem, mulheres são estupradas, oprimidas, frageis, mal-tratadas, e fazemos tudo que os homens fazem de salto!"

ah dá um tempo..

Unknown disse...

Pelo que tenho lido nos últimos dias, o modelo de processo decisório na USP tem muito mais relação com todas essas manifestações do que o tal episódio da maconha.

Junior disse...

☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭

mandou bem lola!!! viva stalin!! viva fidel castro!! viva mulheres!! viva bandidos!! viva minorias!! viva tudo que não tiver um penis, pele clara e bons costumes!!

vamos resgatar o que perdemos no leste europeu!!!

☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭☭

Junior disse...

hahaha, pronto, fiz comentarios representando os 2 lados da moeda para ser imparcial

Escarlate disse...

"Escarlate, eu concordo com você em sua ideia geral, mas acho que estamos perdendo, também, uma ótima oportunidade para falarmos de drogas, especialmente a maconha."

É que eu já fico de pé atrás mesmo quando misturam USP + maconha. Os assuntos se confundem e fica parecendo que o q aconteceu na USP foi só por causa da maconha, q foi só o estopim.

Mas com certeza o assunto merece atenção. Ainda mais nessa geração "odeio maconheiro mas tomo vodka com energético"

M disse...

Eu moro a 3 quadras de um quartel da PM, junto a esse quartel há um colégio militar e um clube da policia (do qual sou sócia). Há muitos oficiais morando e trabalhando no meu bairro, na hora do almoço a avenida principal é praticamente tomada por policiais. Mesmo assim a casa do meu vizinho já foi invadida 3 vezes, o carro do meu irmão foi roubado na porta da minha casa, o pai da minha dentista teve os dedos quebrados por assaltantes e há uns 4 anos a mãe de duas conhecidas foi estuprada, assassinada e jogada em uma caçamba de lixo em um domingo de manhã. Apenas a presença da policia não é sinônimo de segurança.
Não sou contra a policia , muito melhor com ela do que sem... Mas sou contra essa presença efetiva dentro das universidades. Se eles estivessem lá dentro para assegurar que ninguém seja assaltado, assassinado ou agredido é válido. Mas não é o que está acontecendo... Minha impressão é que o governo de SP está usando a PM para finalizar os conflitos, sem precisar negociar. O ambiente dentro de uma universidade é de contestação, é politico.A partir do momento que o governo começa a decidir como as manifestações devem ser feitas, qual sua duração e por quais coisas é certo se manifestar a democracia está ameaçada.

Relicário disse...

Bom, eu entendo que a PM reforce o "estatus quo" e etc... e que nesta caso veio a servir o governo de São Paulo e o reitor por ele indicado.

Mas o que eu quis dizer com meu comentário é que a segurança pública também é assunto para ser debatido em universidade, ou seja, ainda que hoje não seja a solução para a USP ter PMs dentro do campus, nada impede de se discutir uma adequação da segurança pública ao invés de colocar todos os policiais em um saco e dizer que são todos iguais e que defendem a instituição, que por sinal não tem solução, porque isso não é verdade.

Oras, não basta perceber que a policia está despreparada e contratar segurança privada, a minha pergunta é: De que forma isso ajuda o país???

Eu acredito no aperfeiçoamento da própria policia e pode ser feito inclusive com a PM, ainda que originariamente ela seja militar.

Ao meu ver isso não impede que ela venha a servir a sociedade com um todo, de forma preparada para lidar com todas as situações.

Annah disse...

Escarlate e Ana Clara: Em geral, associar um grupo de oposição ao status-quo ao tráfico/uso de drogas é uma das primeiras estratégias da mídia reacionária.

Sim, a questão sobre drogas têm que ser discutida e acho que nós não deveríamos fazer o jogo daqueles que estão contra nós e moderar nosso discurso por princípios morais de quem já está partindo de pressupostos equivocados sobre o movimento estudantil, a USP, os estudantes, etc.
Por outro lado, acho importante mostrar que os motivos da atuação estudantil - e de vários outros grupos radicais - não são aqueles que a mídia diz que são. (Pelo menos essa parte muita gente está fazendo, principalmente quem ficou indignado de ver conhecidos falarem absurdos sobre nossa faculdade)

Acredito que é um momento para realmente levantarmos o máximo de informação possível, procurar desenvolver maneiras de nos comunicarmos melhor com o resto da comunidade USP e incentivar mais gente a aderir às causas estudantis. - Algo que vem acontecendo, aliás. Eu mesma costumava ter uma atitude mais distante da participação política na universidade.
Acredito que muitos estudantes tenha queixas quanto à administração universitária e seria bom ver mais gente indo às assembléias e participando de ativismo estudantil.

Ah, Escarlate, tinha pensado isso que você falou esses dias. Rola uma hipocrisia muito grande, principalmente de universitários que usam termos como "maconheiros da FFLCH", mas adoram "beber até cair" nas festas das Atléticas dos seus respectivos cursos.

Anônimo disse...

Resumo da ópera:

Os maconheiros da USP querem fundar um pais chamado "libertinagemlândia" no meio da Republica das Bananas, digo, Brasil.

Mas o governo malvado não permite que os comunistinhas marquem seu territorio de amor livre, então a policia é chamada de "forças da ditadura".

(mas quem bota apelido é a direita, esses reaças!!!)

Então eles alegam que o problema é de urbanização.

Ora, não tem curso de urbanismo lá? De arquitetura? Manda os porra dos alunos destes cursos remodelarem a USP!!!!

Querem segurança mas não querem policia, não querem regras tb?

Estranho, só querem uma força representativa que nada faria de efetivo, tipo a guarda da Rainha.

E a dona do "blogue" apoiando tudo isso! Ela quer é que o circo pegue fogo mesmo!

Anônimo disse...

M

Essa "mãe de família" estava usando que roupa? que horas ela tava na rua? e o que ela fez para chamar a atenção dos meliantes vagabundos?

Bruno S disse...

Relicário,

tudo que não parece ter sido feito quando se colocou a PM para fazer a "segurança" na USP foi debate.

Foram noticiados alguns crimes dentro do campus. Cobrada pela sociedade a reitoria "convidou" a PM para "resolver" o problema.

Ana Clara,

discutir a questão das drogas junto acaba criando confusão e desinformação. Nem todo mundo que é a favor de liberar drogas é contra polícia no campus, nem todo mundo que acha que maconha deve ser proibida concorda com polícia no campus.

Nessa hora é melhor fazer como Jack e ir por partes. São vários debates.

1 - drogas?

2 - polícia no campus?

3 - legitimidade do grupo de estudantes que ocupou a reitoria?

4 - desproporcionalidade da ação policial na desocupação?

Devemos ter outros pontos a serem debatidos. Mas discutir vários juntos só serve a quem quer interditar o debate.

Letícia Rodrigues disse...

É verdade que a PM é despreparada tanto na USP quanto em qualquer outro lugar, e que é papel das universidades pensar e discutir soluções para esse problema.

Mas a questão é que, mesmo que a PM fosse a polícia mais preparada e civilizada do mundo, sua presença no campus ainda feriria o principio da autonomia universitária, pelo simples fato dela ser uma polícia subordinada ao governo.

A verdade é que a sociedade precisa de polícias subordinadas a governos garantindo a segurança da população. Mas, em um campus universitário, a administração da instituição tem condições de gerir uma guarda própria, o que garante uma maior independência da instituição em relação ao governo. Isso é necessário para que a universidade faça o seu papel dentro da sociedade, que é pensar (livremente) e discutir a sociedade, questionar e criticar os governos, ser o epicentro de mobilizações politicas.

Mas essa autonomia não significa, de forma nenhuma, que o campus não faça parte da cidade. O campus pode ter uma guarda própria e, ao mesmo tempo, estar aberto a toda a população e prestar serviços a essa.

Mariana, na sua resposta a Ana Clara Telles, com quem eu concordo, vc ignorou o que ela disse sobre a polícia ter reprimido manifestações contra a guerra do Vietnã em universidades americanas, em pleno estado democrático de direito. Não é só em ditaduras que esse tipo de problema pode ocorrer.

Relicário, guardas universitárias não são segurança privada. Seus integrantes são funcionários da faculdade, e fazem concurso público para ser contratados.

Unknown disse...

O problema é que a grande mídia extrapola sua função de formadora de opinião, diz meias verdades como se fossem absolutas; mostra suspeitas como se fossem certezas.
Foi assim que aconteceu nesse caso da USP: nada foi dito sobre a forma de administração do reitor; nada foi dito sobre a falta de participação da sociedade acadêmica nas decisões; nada foi dito sobre como é aplicado o dinheiro da USP (que se fosse uma cidade teria o quarto maior orçamento brasileiro), e como poderia ser aplicado para melhorar a segurança do campus.
A imprensa provoca o ódio e a intolerância nas pessoas. Daí a gente vê um monte de gente subindo em caixas de fósforo pra reproduzir o que ela diz.
Falta-nos uma mídia honesta, mas também falta gente pra criticar e olhar o outro lado.

Letícia Rodrigues disse...

Ah, além do vídeo do Boechat no blog da Maria Frô, tem também os textos do Marcelo Rubens Paiva sobre o tema, no blog dele. Duas vozes dissonantes do discurso da maior parte da mídia que merecem ser ouvidas.

Raquel disse...

Pra complementar o guest post: depoimento de uma menina que foi assaltada na saída da usp ontem: http://www.facebook.com/notes/fr%C3%A4ulein-peter/seguran%C3%A7a-na-defesa-do-patrim%C3%B4nio-da-usp-j%C3%A1/290993910933615

Unknown disse...

Raquel, o link que você mandou só pode ser lido por quem tem facebook.
:(

M disse...

Arnold

sei que é 'trollagem", mas mesmo assim vou responder... a mulher tinha ido na missa , ajudava a abrir e preparar a igreja ou algo assim, (então acho não devia estar de minissaia, ou decotão, não que isso signifique qualquer coisa).terminou a missa e ela foi a pé para casa (pq não tem ônibus que liga meu bairro ao vizinho.

Raquel disse...

Não sei se vai dar certo...

Parte (1)

Ontem fui assaltada. Voltando da faculdade às 22:30 da noite, dois 'caras' em uma moto pararam atrás de mim, já próximo à minha casa. Como eles pararam e eu ouvi vozes, achei que fossem entrar numa das casas e, como estava na rua em que geralmente fica o vigia do bairro, uns 200 metros à frente, comecei a procurar por ele. De repente, senti um tranco: era um dos rapazes puxando minha mochila. Minha primeira reação foi gritar, gritar o mais rápido que eu pudesse e torcer para quem alguém próximo pudesse vir me ajudar. Me lembro vagamente (nem sei se foi delírio) de um carro passando e eu olhei pra dentro, suplicando pra que a pessoa pudesse me ajudar; dirigindo, só uma menina e ela fez o que qualquer menina sozinha à noite, de carro, faria diante de um assalto: acelerou e foi embora. Eu continue gritando, pra que ele não fizesse aquilo porque não tinha nada na mochila, só livros. E era verdade. Diante do meu desespero, muitos vizinhos começaram a aparecer nas garagens e nas janelas. Em algum momento eu caí no chão e o bandido, sem conseguir tirar a mochila da minha mão e perante os meus gritos insistentes, começou a dar chutes na minha boca; para me calar ou fazer soltar a mochila ou os dois. A alça da mochila arrebentou e eu acabei soltando-a; ele levou embora cinco livros da biblioteca que eu tinha acabado de alugar, algumas anotações de meu trabalho de Literatura Brasileira, meu estojo, minha carteira com $12, CNH vencida, carteira do convênio, da USP e cartão do banco, além do meu celular - provavelmente a única coisa lá dentro que poderia valer um papelote de qualquer coisa. Eu não havia mentido e, indignada, chorando, sangrando e desnorteada, eu fiquei no chão da rua falando "pra que isso, eu não sou um bicho, pra que me chutar? não tinha nada lá".
Uma das pessoas que saiu na rua me levou pra casa dela, deu água com açucar, ligou para minha mãe ao meu pedido e tentou me acalmar. Chegou um PM e veio falar comigo. Perguntou sobre os assaltantes mas eu não tinha nada à dizer além de saber que eram dois caras numa moto. Não vi nada porque o cara veio por trás - sem piadinhas maldosas, ok!? - e eu logo comecei a gritar e foi tudo muito rápido. O policial perguntou sobre a aparência da mochila e ele disse que provavelmente vieram pra cima de mim porque eu estava sozinha, era mulher e pequena, e a mochila parecia mochila de gente que carrega notebook (o meu, por sinal, queimou há dois meses). Falou que esse tipo de assalto tem sido comum, haviam roubado ao menos seis notebooks dessa forma nas últimas semanas ou nos últimos dias, não sei. E falou por fim, que naquele momento havia TRÊS VIATURAS DISPONÍVEIS PARA COBRIR A REGIÃO DO JAGUARÉ E RIO PEQUENO. Ali, concentram-se cinco favelas e, quem conhece a região, sabe o quanto esse número de PMs é irrelevante. Uma amiga que estagia na reitoria e viu minha situação ontem ficou ainda mais indignada porque, segundo ela, ontem ficaram em frente à reitoria, o dia inteiro, pelo menos 8 policiais fazendo... Nada. Maaas, para Jaguaré e região tínhamos 6, apenas.

Raquel disse...

Parte (2)

A partir daí, temos alguns pontos interessantes para se pensar à respeito:
1) Fora do campus vê-se uma polícia tão sucateada quanto a minha própria universidade, despreparada, no mínimo, materialmente. Dentro do campus tem-se uma polícia repressora, que dispõe de 400 policiais para prenderem (o certo seria intimidar, mas deixemos tal questão de lado) 70 ESTUDANTES que ocuparam um prédio público - e, para os que não sabem, não o depredaram e muito menos fizeram coquetel molotov -, enquanto 200 policiais foram usados na invasão da Rocinha para a captura do chefe do tráfico da região (diante disso, achar que tudo é por causa de maconha é uma ingenuidade). Isso mostra o desprepado da PM em atuar em um ambiente onde o pensamento deveria ser livre, as discussões e reflexões deviam ser as atividades centrais e o DIÁLOGO deveria ser o pilar de todas as ações.
2) A produção científica da Universidade de São Paulo entre 1998-2002 responde, sozinha, por 25,6% da produção científica nacional e 49,3% da produção estadual (FONTES: [http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2005/jusp726/pag03.htm] e [http://guiadoestudante.abril.com.br/vestibular-enem/usp-unicamp-lideram-ranking-producao-cientifica-universidades-paises-ibericos-569670.shtml]). E entre os 200 melhores cursos do mundo, 9 são da USP e, desses, 6 são da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FONTE: http://fflch.usp.br/node/1762), sim a mesma faculdade que a grande mídia aponta como reduto dos maconheiro-baderneiros-sem-vergonhas da USP.
3) O orçamento anual da USP é de cerca de 3 BILHÕES DE REAIS (FONTE: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1337469-5604,00-USP+PRECISA+DE+UMA+COORDENADORIA+JURIDICA+PARA+A+GESTAO+NAO+EMPERRAR.html). No entanto, o estado da maioria de nossos prédios é deplorável (a FOFITO parece uma caixa jogada no meio da mato, a FFLCH tem goteiras e salas interditadas por risco de desabamento, a FAU tem goteiras e salas interditadas também; e esses são só alguns exemplos), falta vagas no Conjunto Residencial da USP (CRUSP), bem como manutenção adequada do mesmo. Nossas bibliotecas fornecem poucos exemplares de livros muito requisitados e carece de MUITOS títulos que necessitamos. Temos salas lotados e professores de menos, e, por último mas não menos importante, não temos segurança apropriada.

Daí, concluímos - eu concluo, principalmente depois de ontem, e todas as vezes em que me olho no espelo - que PM não é sinônimo de segurança e, principalmente, QUE O PRINCIPAL PATRIMÔNIO DA USP SOMOS NÓS, ESTUDANTES, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS; nós que apanhamos; nós que continuamos focados mesmo que as condições físicas ao nosso redor sejam dignas de pena; nós que temos que nos sujeitar à sermos assaltados e vítimas de violência dentro e fora do campus, indo e voltando da faculdade, ainda que a universidade disponha de recursos para nos garantir condições melhores.

Eu tenho um projeto de iniciação científica, minha média ponderada é 8.1 e tudo o que eu quero são as condições necessárias para que eu possa continuar produzindo, e isso inclui o meu bem estar e de todo o corpo docente e de funcionários, e a minha vontade de não se chutada no caminho de casa, voltando da biblioteca.

Eu e todos os outros estudantes, professores e funcionários não queremos nada a não ser o que MERECEMOS por conferir à nossa universidade todo o reconhecimento e excelência que ela possui.
Independente da faculdade em cada um estuda, duas coisas unem os estudantes da USP: em primeiro lugar, somos estudantes. Em segundo, queremos segurança; e que ela seja adequada.

Essa ferida na minha boca vai sarar rápido. O trauma de toda a situação, não sei. O ponto é que eu não quero ter que olhar no espelho e ter que pensar "ainda bem que fizeram só isso!" e pensar que podia ser pior ainda se tivessem quebrado o meu óculos na minha cara enquanto me chutavam.

Raquel disse...

Pra não me estender muito, tem esse outro link:

http://www.facebook.com/notes/caroline-gabriel-pedro/relato-sobre-a-grande-seguran%C3%A7a-fora-do-campus/309672149042927

Depoimento da irmã dela, formada pela FAU...

Raquel disse...

Tudo em "aspas", não conheço as meninas, embora esteja muito emocionada com o relato...

Desculpem não sei utilizar muito bem a caixa de comentários, acabou indo tudo sem aspas e não em itálico...

Anônimo disse...

"Isso é necessário para que a universidade faça o seu papel dentro da sociedade, que é pensar (livremente) e discutir a sociedade, questionar e criticar os governos, ser o epicentro de mobilizações politicas".


Bóra avisar os estudantes do brasil do seu papel fundamental, pq a galera que leva isso a sério dentro das universidades, mesmo as públicas, é minoria (e essas pessoas agiriam assim - combativamente - onde quer que estivessem).

Sério, gente, estudante é um ser muito idealizado. A maioria só mata aula pra ficar bêbado, enquanto a populaçao banca sua educação.

Unknown disse...

Bom, depois do seu comentário (conselho), Mariana, vou voltar a estudar porque esse blog da Lola tá me embriagando e desse jeito eu não passo em concurso.

Anônimo disse...

Mas nem puxar o saco pode mais!!!

Thuany disse...

Como esse texto foi bem escrito! Acho que é porque estou acostumada a ler muita porcaria por aí, haha!

Que o problema da USP é tenso, é e nem quero comparar com as instituições que eu estudei. Mas as faculdades que eu frequentei possuem enormes áreas vazias, com várias árvores e pouca iluminação. Sempre morri e ainda morro de medo de sair sozinha e acabar semdo assaltada ou até estuprada, porque não há policiamento nos estacionamentos. Isso só mostra que as universidades brasileiras carecem de infra-estrutura e segurança. E quando algo acontece, nós não temos a quem recorrer.

Ramon Melo disse...

Resumo do guest post: falou, falou, mas não disse nada.

Enquanto isso, os alunos que precisam estudar para ser alguém na vida continuam tendo suas vidas arriscadas pelo bem maior: a "autonomia universitária".

E o melhor de tudo: se você é a favor da presença da PM no campus, você é automaticamente um "direitista reacionário conservador manipulado pela mídia golpista", porque, obviamente, nenhum brasileiro tem o direito de ser autônomo e pensar por si mesmo.

Ou seja, se você quer ter autonomia, transforme-se numa universidade.

Escarlate disse...

"Enquanto isso, os alunos que precisam estudar para ser alguém na vida continuam tendo suas vidas arriscadas pelo bem maior: a "autonomia universitária"."

Enquanto isso, as pessoas que precisam viver na cidade para ser alguém na vida continuam tendo suas vidas arriscadas pelo bem maior: "deslocar pms para a universidade pública".

Anônimo disse...

Governador incompetente pra lidar com conflitos, como de praxe! Descaso ao ensino em todos os níveis.

Se a USP fosse federal, 1-2-3 e isso seria resolvido ouvindo todas as partes -alunos, professores, PM- pois o Brasil tem uma Presidente que passou por poucas e boas no seu tempo de estudante universitária. Ninguém melhor do que ela pra lidar com a atual situação da USP. O governador de SP ganharia muito buscando orientação com quem sabe melhor.

Sara disse...

To assustada com tanta gente jovem criticando a imprensa, falando que ela é parcial, ou até pior como essa frase aqui “A imprensa provoca o ódio e a intolerância nas pessoas”
Só pra constar esse era o mesmo discurso da ditadura, usado para amordaçar a imprensa, caso vcs não saibam aqui, como era proibido dar noticias consideradas intolerantes ou que gerassem ódio, a imprensa pautava receitas culinárias, em vez de falar dos fatos que interessavam a todos, porque havia censura, será que é isso que essa galerinha quer???
Afinal aqui mesmo já foi provado que muita gente é favorável a essa malfadada invasão até na imprensa, o problema parece ser quem não concordou e noticiou, esse tipo de reação é fascista em minha opinião.
IMPRENSA LIVRE SEMPRE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Letícia Rodrigues disse...

Ramon Melo,

Ser contra a PM no campus não é ser contra a segurança no campus. A nota que a Lola divulgou hoje trata justamente de uma outra proposta de segurança.

Mariana,

Fica difícil argumentar com generalizações como essa que vc postou em seu ultimo comentário.
Devemos acabar com a autonomia universitária pq, com base em nada, vc afirma que a maioria dos estudantes prefere beber a assistir aulas?
Ainda que os estudantes que se mobilizam sejam minoria, em muitos momentos essa mobilização já foi decisiva.
E autonomia universitária não beneficia só alunos, mas também professores e pesquisadores que precisam de independência, liberdade e autonomia para realizar o seu trabalho.

Lívia Pinheiro disse...

O texto diz que a garota ficou meia hora presa em uma sala, não que ela foi amordaçada e espancada por um monte de policiais homens. É no estranho, para não dizer suspeito, que estes importantes "detalhes" não tenham sido mencionados no texto, enquanto a palavra tortura o foi, em um contexto que mencionava apenas o fato de ela ter sido presa numa sala. Junte esta estranheza com o fato de alguns também terem dito que ficar no ônibus esperando o depoimento foi tortura, e com o vídeo da menina querendo forçar a barra comparando o cumprimento de ordem judicial à ditadura, tem-se o descrédito que mencionei. Agora, é óbvio ululante que se houver evidências de que ela foi espancada e amordaçada como vcs estão dizendo eu pago a minha boca.

No mais, realmente não entendo no que a presença da PM influencia no "pensar (livremente) e discutir a sociedade, questionar e criticar os governos, ser o epicentro de mobilizações politicas" simplesmente pelo fato de ser subordinada ao governo. Isto não é auto-explicativo. E tampouco o que ela estar oficialmente ali ou não pode influenciar em operações nas quais policiais se fingem de alunos; isto pode ocorrer de qualquer maneira, então não tem NADA a ver com a questão.

Letícia Rodrigues disse...

Denise, quem aqui se manifestou contra a liberdade de imprensa?

O que todos criticaram aqui foi justamente o fato da imprensa não ter sido democrática nesse episódio, não ter dado espaço a todas as versões dos fatos, e ter omitido informações.

A maior parte da população não está informada sobre as reais reivindicações dos estudantes, os reais problemas que provocaram todas as manifestações.

Uma boa parte da imprensa censurou a si mesma nesse episódio, escolheu as informações que ia e as que não ia divulgar, foi unilateral. É isso que se está criticando.

Lívia Pinheiro disse...

Estou sem tempo de ler os links, mas finalmente apareceu um potencial argumento plausível para favorecer a guarda universitária - deslocar contingente da PM que poderia ser usado em outros lugares para um lugar que tem condições de pagar pela sua própria segurança.

Letícia Rodrigues disse...

Uma polícia subordinada ao governo pode ser usada de forma repressora por este contra todos aqueles que o contestam, em qualquer lugar.

Na universidade isso é mais grave, já que um dos papéis sociais desta é, justamente, ser o espaço onde estas mobilizações costumam nascer. Fora isso, a universidade, que tem verba e administração própria, tem condições de ser independente do governo nessas questões.

A PM não é necessária na USP e faz falta no resto da cidade.

Sara disse...

Essa é sua opinião Leticia, eu não acho que a imprensa foi parcial, nem deixou de ser democratica, e acho q a minha opinião vale tanto quanto a sua, eu acho q a imprensa não deve sofrer nunca mais com a censura, não importa o quanto ela venha a contrariar interesses.
No caso aqui foi o interesse desse grupo que como o Boechat bem lembrou são jovens cheios de testosterona e empolgação.

EriCab disse...

Uma polícia subordinada ao governo pode ser usada de forma repressora por este contra todos aqueles que o contestam, em qualquer lugar.

"Na universidade isso é mais grave, já que um dos papéis sociais desta é, justamente, ser o espaço onde estas mobilizações costumam nascer. Fora isso, a universidade, que tem verba e administração própria, tem condições de ser independente do governo nessas questões.

A PM não é necessária na USP e faz falta no resto da cidade."

Perfeito!

Estou surpresa com alguns depoimentos que li aqui. Principalmente de pessoas que pensava que tinham mais senso crítico, como a Mariana.

Conselho: assistam ao vídeo que a Lola postou no post, é muito esclarecedor, inclusive em relação ao caso da menina que foi levada para outra sala e foi torturada.

Annah disse...

denise: não, você está distorcendo o que aconteceu. A mídia não reportou a realidade dos acontecimentos e incentivou a população a ter uma atitude negativa para com os estudantes.
É inocência achar que órgãos da imprensa são "parciais" e "neutros", quando claramente possuem interesses ligados aos seus patrocinadores e partidos políticos.
Sair gritando que o pessoal da USP quer que a imprensa seja censurada é realmente não estar entendo as críticas que as pessoas, inclusive a própria Lola, têm feito à forma que a mídia reporta as coisas.
Eu estava decidida a não discutir mais com você, até porque você já comparou citação de literatura feminista com "livro do pato donald", mas você se esforça para falar cada coisa absurda!
Parece até que você tem alguma picuinha pessoal com os alunos da FFLCH, para estar se esforçando tanto em distorcer os comentários.

Sara disse...

Impressão sua AHB, não estou me esforçando para nada, mas acho que também tenho meu direito à opinião, ou será que vc acha que não???
Quanto a eu ter citado o MANUAL DOS ESCOTEIROS DO PATO DONALD, foi apenas para tornar minhas conversas com vc mais agradáveis, e divertidas, já que, quando vc começa a citar a bibliografia das suas leituras me da um sonoooooo.

Annah disse...

Porque você é anti-intelectual admitida, como está comprovando aqui.

Você tem sim direito a dar opinião, e a partir do momento em que deu sua opinião em um lugar público, tem que saber que tem gente que vai discordar.
Além disso, presta atenção no que você acabou de falar. De onde você tirou que alguém aqui quer censura? Isso é sim distorcer o que as pessoas aqui estão esforçando-se para esclarecer.
Dar opinião é uma coisa diferente de sair vomitando bobagem que lembra em muito o tipo de coisa que um troll falaria.

Ramon Melo disse...

Letícia

"Outra proposta de segurança"? Podar árvores e aumentar o número de ônibus???

Vamos fazer o seguinte: vamos todos banir os policiais de todas as ruas do Brasil e podar as árvores, tenho certeza que ninguém vai ser assaltado ou atacado! Afinal, a culpa é das árvores, e não dos bandidos que querem dinheiro fácil extorquindo os estudantes (que geralmente são alvos fáceis e certeiros)!

Inclusive, vou agora mesmo levar esta sugestão para a reitoria da UFRJ, para ver se eles dão um jeito nos sequestros-relâmpago, nos assaltos e nos roubos de automóveis! Os alunos querem a presença da PM no campus, mas claramente o problema não é falta de policiamento, é a poda das árvores que não foi bem feita!

Marilia disse...

Temos visto mais e mais alunos, pesquisadores, professores virem a público dizer que o caso não é querer pouco policiamento, é querer algo diferente, mas o assunto sempre volta para "maconheiros", "estão mais preocupados com a vagabundagem que com o estudo".
Pois é...argumentos estão aparecendo, mas ninguém quer saber deles.

Sinceramente, não querer autonomia da universidade é um absurdo. Ela precisa ser autônoma para ser livre. O que não implica não seguir regras. Afinal, a universidade está conectada ao poder público, apesar de ser autônoma (pelo menos em teoria).

Tenho evitado comentar aqui porque, principalmente neste assunto, os comentários estão em um nível reaça inimaginável (não estou dizendo que as pessoas são reaças, disse que os comentários foram de nível de reaças).
Infelizmente, essa reação é comum em todas as redes sociais e no contato diário também.

Sara disse...

É AHB, ainda bem que vc deixa eu dar minha opinião, mesmo eu estando longe de ser tão intelectual como vc, fico imensamente grata, mas acho que alguém que escreve que “A imprensa provoca o ódio e a intolerância nas pessoas” não é exatamente quem aprecia e valoriza a imprensa certo???
Agora se vc considera meus comentários como vômitos, me desculpe mas a recíproca é verdadeira.

Annah disse...

Olha, não sou eu que estou escrevendo bobagens aqui. Não sou eu que falo que sou preconceituosa. Não sou eu que que, com frequência, concordo com os trolls.

"alguém que escreve que “A imprensa provoca o ódio e a intolerância nas pessoas” não é exatamente quem aprecia e valoriza a imprensa certo???"
Olha, tenta pensar um pouco mais longe. De que imprensa essa pessoa está falando?
Não é a mesma imprensa que promove francamente racismo e misoginia?
Não é essa a imprensa que não trabalha em um sistema democrático e atende apenas os interesses de seus empresários?
Tem milhares de posts nesse blog mesmo sobre o tema. Você certamente os leu e aparentemente não absorveu nada.
Não faltam provas de que a imprensa atual é extremamente parcial e atua a favor do status-quo. Você sabe que do que falta te revistas feministas, temos de sobra revistas sobre dietas e roupas, não sabe?
Por que seria diferente para outros posicionamentos críticos?
Não, a imprensa não pode deixar de ser criticada quando faz algo errado. Isso não quer dizer que as pessoas aqui querem censura, apenas querem mais democracia e representatividade no processo de divulgação de informação.

Mas como você só acha que estou "vomitando", não deveria nem perder tempo tentando explicar.

S. disse...

Há várias coisas nessa caixa de comentários que entristecem, como alguém já escreveu anteriormente. Entretanto, um ponto em especial me deixa perplexa: o quanto a educação é desvalorizada nesses depoimentos. Pessoas que pensam que os estudantes são vagabundos, maconheiros, mimados, que só querem matar aulas e beber, e tantos outros qualificativos depreciativos foram usados aqui; de que maneira essas pessoas encaram a educação brasileira como um todo? Então os professores da USP são uns idiotas que estão a dar aulas para as paredes??? (pois segundo as afirmações aqui, os alunos estão chapados, ou bêbados ou matando aula) O conhecimento que se constroi ali é nulo, não vale nada, o que se estuda não vale nada, para que não se fecham logo as portas das universidades de uma vez??? Fico perplexa, estarrecida e verdadeirament triste em constatar que um número tão grande de pessoas tenham em tão baixa conta a educação brasileira.

Clarisse disse...

Oi, leio esse blog faz um tempo, porém sempre evitei comentar, por conta de coisas como a "meia água" falou.
Agora, dessa vez, estou impressionada que tem vári@s alun@s da fflch aqui, dispostos a mostrar uma outra versão do que aconteceu no campus. Ainda assim, as pessoas, mulheres que se consideram feministas e em um blog dito de esquerda, tampam os ouvidos aos apelos dessas jovens que, querendo ou não, estão mais informadas sobre o que está acontecendo do que nós que vemos de fora.
Como que, sendo feministas, não podemos ao menos mostrar solidariedade por essa garota que foi assaltada e espancada ou por aquela que sofreu violência policial? Será que aí não é um começo para ouvirmos o que essas pessoas da usp tem a dizer? Vamos invalidar toda as demandas e fingir que não estamos ouvindo só por que não gostamos de uma pessoa de lá? Que vergonha, gente!!!
Vejam o vídeo que a Lola postou. Ele mostra uma visão bastante imparcial.

João Suado disse...

Faz o seguinte então, deixa o campus durante um ano sem PM e sem guarda universitária e vamos contar os números de estupros.Daí a gente comprova se a polícia protege as mulheres ou não.

Anônimo disse...

Lobomal

Pq não fazer melhor?

Mandar a USP lá para o meio do deserto, assim as árvores não atrapalham!

E é so apontar pro Sol que seu Beck já ascende!

Sara disse...

Assisti aos vídeos.
É evidente que a mídia tomou partido contrário ao dos estudantes e abusou da temática dos maconheiros desocupados, mas é muito estranho o silêncio contra essa dita violência ocorrida contra uma estudante que foi isolada das demais e que teria gritado durante 1/2 hora por ser vítima de "tortura".
Sou integrante de uma força policial nacional e acho muito estranha essa história de violência/tortura contra ela. Da mesma forma que o autor do vídeo fala que os estudantes não seriam tolos para ter em sua posse os famosos "cocktail molotov" (quando vi as imagens na TV logo pensei na boa possibilidade de ser "velas"), os PMs também não seria idiotas de praticar excessos desse tipo com a imprensa babando do lado de fora do prédio.
Vcs podem ter certeza de uma coisa: não são só os estudante que detestam a polícia, a imprensa detesta muito mais.
Se essa tortura fosse realidade, a mídia já teria crucificado a PM. Eles nunca perdoariam esse tipo de coisa - óbvios traumas da ditadura - por mais apoio que devam ao governo do estado de SP.
Houve denúncia formal à Polícia Civil (aqui estão outros que odeiam a PM e adorariam divulgar tais abusos) ou ao Ministério Público? Essa estudante fez exame de corpo de delito?

disse...

Lolinha, sinceramente lendo os comentários por aqui, nesse blog que leio há tantos anos me faz ficar com raiva-triste e com medo do rumo da sociedade como disse no outro post.
Pode ser uma, duas ou três pessoas, mas sei que os argumentos daqui representam as ideias de muitos brasileiros, e infelizmente creio que os argumentos tais como desqualificar a atitude do Movimeto Estudantil é argumento da maioria.

Parece que os movimentos sociais, como no estudantil neste caso, como aconteceu nessa caixa de comentários tem que ficar se explicando, mostrando que somos pessoas "do bem", estudiosas (mas não poder parecer metidas intelectualmente tb), não bardeneira, que "não houve depedração do patrimônio público", que não é sobre maconha, que a reportagem do Fantástico foi totalmente editada para desqualificar o movimento, etcetcetc...
Parece um interrogatório, onde as opiniões contrárias ao movimento esperam a todo momento encontrar "algo podre" para desaprovar o movimento estudantil, algo em que não somos perfeitos pra desqualficar todo o movimento.
Sem tentar parar um pouco, refleir honestamente sobre o que está acontecendo com o seu país.

Entendo perfeitamente que fomos martelados para achar que "isso é do passado" "esse tipo de luta já era", "têm outros meios para lutar" etctetetc..
Mas quem repete isso, como nos foi martelado pela mídia há décadas não nos diz então qual seria "melhor forma de lutar" diferente e eficaz?
Historicamente todas as conquistas dos trabalhadores e que vai contra a ordem não foram feitas de maneira pacífica, eleitoral etctec...
Não dá p pedir "por favor reitor, governador, tira a PM do campus, ela fere a autonomia universitária sabe, por favor.."
Parece que tem certas pessoas que não dá para dialogar mesmo sabe, querem a qualquer custo desqualificar porque não adianta, já são contra e não tem jeito.
Sabe, vejo uma galera da USP aqui tentando debater com toda paciência, e não vejo como querer convencer, mas é que esta questão da PM da USp diz rspeito a tantas outras coisas do ponto de vista simbólico, que pode atingir todos nó, mas não, as pessoas querem a qualquer custo desqualificar qualquer moviento encontrano "falhas" para voltar no seu mundinho sem peso na conciência.

Realmente para alguns não tem jeito, você pode dar uma aula sbre "democracia", dar depoimentos dos que estudam lá, de tentar comprender, do ponto de vista histórico o que significa isso tudo.
Sempre vão encontrar algo, por mais pequeno que seja para desqualificar TODO movimento, e voltar a concordar com a opinião única que toda a grande mídia nos mostra.Muito mas cômodo.

Me desculpe ficar longo, mas não é nada pessoal.Só um desabafo e admiração pela paciência dos colegas da Usp nesse interrogatório.

Abraços Lola.

disse...

Lola, escrevi um monte, num teclado duro e ruim desculpe os eros e falhas na escrita..

ana gabardo disse...

No relato da menina que foi assaltada voltando pra casa, não acredito que faria diferença se fosse um homem voltando pra casa. Segurança é um problema da sociedade como um todo, independente do gênero, do local ou de qualquer outro fator.
Fica difícil opinar no post sobre a PM na USP já que a minha realidade, estudando em um universidade que possuí espaço físico pequeno, é diferente. Mas se existe verba do governo direcionada pra segurança, não vejo motivos retirar PMs que deveriam cobrir a cidade e colocá-los em um instituição que tem como bancar sua própria segurança. Mas como disse, minhas opiniões são apenas "achismos".

Anônimo disse...

OLha, não deu pra ler todos os comentários, são muitos, mas esse texto me fez pensar o seguinte: Pq essa coisa de querer uma segurança diferenciada, especilaits em direitos humanos e mais "feminina" só para a USP? Pq eles se sentem no direito de terem algo mais "humanizado"? Quando é verdade o que li, A Crocolândia tá pegando fogo, as escolas Públicas são abandonadas, favela rola de tudo e o que a gente mais se questiona é aonde está a plícia quando precisamos dela! Eu acho que a pM está sendo abusiva sim, que há repressão por parte dela, que deveria haver todas essas melhorias que citaram de poda de árvores e espaço iluminados, mas daí a querer um tratamento especial pq é lugar de estudantes, sendo um lugar público, assim cm a rua é pública, o parque do Ibiraúera é público, os hospitais são públicos e tds neles há PMS, é um pouco de presunção de mais! Bem, foi o que achei na hora, pode ateh ser q eu esteja errada.
WEu sou contra a repressão da Pm, mas tbm, sou contra esse "tratamento especial" que querem. Caramba, a gente tá no Brasil!Já acho absurdo escolas públicas não terem um policial se quer para fazer segurança enquanto socam todos na Usp.

Anônimo disse...

Ah sim! Agora que li!: Se a Universidade tem verba para essa segurança que querem (e que seria ótimo se tivesse em todo o EStado, em toda rua, em toda a escola, para qualquer cidadão) então eu até apoio,.

Anônimo disse...

Gêneros Textuais,

Sobre o Patrimônio público que vc falou, citando livros que estão mofando em caixas e td: é agressão ao patrimônio público? É! E depedrar o prédio? IDEM! Uma coisa não dimunui a gravidade da outra!

Anônimo disse...

Interessantíssimo: http://noticias.br.msn.com/mundo/sedu%c3%a7%c3%a3o-e-poder-as-mulheres-dos-ditadores

Fernanda disse...

Gente, tem muito comentário e eu não li todos. Só gostaria de pontuar algumas questões:

1. No debate, não se está exigindo privilégios em relação ao resto da sociedade. Ao contrário, entende-se que esse nosso modelo de polícia (racista e truculenta) não deve ser empregada nem na USP e nem em lugar algum. Mas, enquanto Movimento Estudantil, temos que partir de algum ponto. E o nosso espaço de discussão e ação é a USP. Será que as pessoas não entendem que a partir disso se engendram várias discussões sobre que política de segurança queremos para a nossa sociedade? Em nenhum momento o Movimento se eximiu desse debate e a saída da polícia violenta da sociedade é uma das bandeiras aprovadas em Assembleia Geral.

2. Ninguém está personalizando a discussão. O problema não está no seu Pedro que é policial. O problema está na forma que a polícia age, enquanto instituição repressora (pq ela é em essência um aparelho coercitivo do Estado), a mando dos diversos órgãos administrativos. Na USP, enquanto áreas super perigosas e desérticas não tem uma ronda policial (como a rua do Matão), a FFLCH (um importante espaço de mobilização estudantil) é constantemente vigiada e são vários os casos de repressão política perpetrados nesse espaço.

3. Todos esses problema enfrentamos porque as instâncias democráticas nessa Universidade inexistem, fazendo com que o Movimento Estudantil se apoie em manifestações POLÍTICAS legítimas que forcem a abertura do diálogo (greve, atos, ocupação...). A depredação do patrimônio público foi praticamente inexistente. Quer dizer, foi forjada em grande parte pelos policiais no momento da reintegração de posse que ficaram lá das 5:20h às 7:30 atuando longe de qualquer câmera. O que fizeram nessas duas horas se não houve resistência dos alunos? Eu estava acompanhando do lado de fora e vários são os colegas que viram o interior da reitoria na noite anterior durante a Assembleia e dizem que a única coisa que existia eram "pichações".

4. Sou de um Estado em que a polícia manteve uma criança de 12 anos por 30 dias na mesma sela com 27 homens, sofrendo estupros e torturas diárias. Esse caso se tornou um grande escândalo na mídia e a juíza, a única que foi penalizada (aposentadoria compulsória) e que sabia da situação da menina, alegou em entrevista que no mesmo momento várias outras meninas estavam na mesma situação no interior do Estado do Pará e que só o caso dela (tadinha! ironic) foi publicizado. O machismo está na nossa sociedade e, em consequência, reflete na postura da polícia frente aos conflitos sociais. Levar os debates de gênero para dentro da nossa política de segurança pública é um grande avanço em si! Não construí o texto com as companheiras, mas creio que o apoio dos estudantes mobilizados foi unânime.

Francisca disse...

A segurança privada pode funcionar. Aqui, na minha faculdade, é assim e, apesar de estarmos no meio da floresta, a violência não está ainda tão terrível.

Entretanto, quando ocorrem crimes tão graves dentro da Universidade, como homicídios e estupros, a guarda privada não resolve. Esses crimes tornam a presença da polícia necessária, porque a USP é pública e o governo tem que pensar na melhor forma de garantir a integridade daqueles que frequentam o local.

Imagino o medo que muitos estudantes estão sentindo depois daquele homicídio na FEA. Já tive uma arma apontada pra minha cabeça, foi horrível, e nunca mais quero passar por isso de novo.

Felizmente, não sofri isso na faculdade, mas se um estudante fosse assassinado por lá, eu faria ocupação pela presença da polícia no campus!

Não que a polícia resolva, mas sem ela a coisa poderia ficar ainda pior!

Sara disse...

Alguns aqui estão criticando a falta de empatia, principalmente com a garota que teria sido vitima de violência, eu jamais vou compactuar com violência contra a mulher, jamais.
Só que eu infelizmente assisti ao vídeo que foi postado aqui da invasão da CRUSP, onde uma garota numa atitude totalmente desrespeitosa petulante ficava provocando os policiais que estavam de serviço e cumprindo suas ordens.
Essa é a mesma garota que se referiu aos “tempos áureos da ditadura”, sinceramente nunca ouvi tolice maior que essa, porque quem viveu a ditadura sabe muito bem que não houve tempos áureos, e sim uma total falta de liberdade, jamais naquele tempo uma jovem faria o que aquela garota fez com o infeliz daquele policial, eu pelo menos não gostaria de estar na pele dele.
A PM tem mil problemas, que todos nós já sabemos de cor, mas é uma instituição composta por trabalhadores, passiveis de todos os defeitos e virtudes inerentes ao ser humano, acho absurdo desqualificá-los todos, como alguns estão fazendo aqui.
É claro e de praxe que vão me chamar de reaça de extrema mega ultra direita, só por eu ter essa opinião.
Mas já num to nem ligando pros títulos conferidos aqui.
Mas o que quero dizer é que fica difícil sentir empatia, por quem aje dessa maneira.
A garota não sei se notaram depois de muito provocar o policial ao ser finalmente abordada por ele, ela se diz violentada, realmente não da pra sentir empatia.
E sinceramente se houve violência pelo menos naquele episódio mostrado no vídeo, foi por parte dessa garota contra o policial.

Raquel disse...

nossa... era pior do que eu pensava...
empatia por polícia...
Denise, não sei se vimos o mesmo vídeo mas a menina gritando (sim incomoda mas e daí?) apanha pelas costas de um policial...
sério que a empatia foi pro policial?

Letícia Rodrigues disse...

Ramon Melo e lobo mal,

A proposta do DCE não pede para que não haja policiamento, mas para que esse seja feito por uma guarda universitária.

Daiane Ok,

Os estudantes da USP não querem uma guarda humanizada só lá, querem policiamento melhor em todo lugar.

Mas ainda que a PM fosse a melhor polícia do mundo, os estudantes ainda seriam contra a presença dela na universidade. A questão não é a qualidade da segurança oferecida, mas a autonomia universitária.

Com a autonomia universitária toda a sociedade ganha. Ainda que vc nunca vá a universidade, pode ser uma pesquisa realizada lá que vai desenvolver o tratamento médico para a doença do seu filho. E é melhor que todo tipo de trabalho realizado lá seja feito com independencia em relação a governos.

Francisca,

O DCE, e também professores e funcionários, não estão fazendo essa proposta de segurança com base em nada. Foi feita toda uma pesquisa para se chegar até ela, essas propostas tem eficiencia comprovada. Pq vc acredita que elas não funcionariam?

P.S: Não sou contra chamar a PM no campus para resolver problemas específicos. Sou contra esta fazer ronda lá.
Aliás, a PM não é a polícia mais indicada para fazer ronda em lugar nenhum. PMs são treinados para o confronto armado, não para lidar com a população. O ideal seria que
a segurança nas ruas fosse feita por uma guarda municipal, e a PM fosse acionada para conter a ação de exercitos de traficantes, assaltos a banco, e coisas do tipo.

Unknown disse...

Denise, a AHB foi muito clara. Só quero esclarecer o que eu disse e responder ao que você disse.
Eu não desejo, em hipótese alguma, restrição da liberdade de imprensa, a gente sabe que a democracia precisa da imprensa livre.
O problema que eu vejo é que muitas vezes alguns setores da imprensa trabalham, notoriamente, com interesses próprios e até desinformam ao invés de informar.
A imprensa é uma concessão pública e seu papel tem de ser o de informar a sociedade (que precisa dela), e não de desinformar.
Como você citou as receitas de bolos publicadas na época da ditadura, eu me lembrei, e coloco para reflexão, do jornalista Carlos Lacerda, apelidado de O Corvo. Todo mundo sabe como ele manipulava informações e notícias em prol de interesses políticos. O bando de corvos ainda é grande.

Sara disse...

Desculpe-me Carol, mas quando a imprensa faz qualquer tipo de denuncia sempre vai haver um grupo que se sinta prejudicado, e não há nenhuma variação sobre os denunciados quanto ao papel da imprensa, é sempre uma variação em torno do mesmo tema.
Que a imprensa é parcial que ela desinforma, que ela esta a serviço de grupos misteriosos e por ai vai.
Alguns da imprensa apoiaram a invasão da reitoria como ficou claro aqui nos comentários, apenas para citar um o Boechat, o que se pode dizer desses?? Só quem é favorável a causa que vc defende faz a imprensa que vc considera correta??
Volto a dizer a imprensa nunca deve sofrer censura, não importa a que grupo ela venha contrariar.
É bem verdade que as matérias que eu tive acesso nos jornais e TV , mostravam que esse movimento foi injustificado, até infantil eu diria, as imagens dos coquetéis Molotv assustaram também, e deram a idéia de que os manifestantes podem ser bem perigosos .
Vcs aqui tentaram convencer de que a imprensa foi manipuladora, que a policia armou tudo, que as pessoas, ai incluindo boa parte dos estudantes, professores e funcionários, todos num enorme conluio se voltaram contra vcs.
Carol por melhores que sejam suas intenções entenda que é bem difícil acreditar no que vc esta querendo passar.

Lívia Pinheiro disse...

Letícia, eu preciso da definição de "repressão" que vc está usando para poder entender seu ponto de vista. Porque não vejo como rondas policiais focadas na FFLCH - onde ao que me consta o tráfico rola solto, como atestei pessoalmente em uma ocasião - e revistas de quem quer que seja possam reprimir as atividades que vc apontou como de importância para a universidade.

Vejo, sim, o problema que é deixar a rua do Matão sem ninguém e a PM se concentrar só na questão do tráfico na FFLCH (que, por sinal, NÃO é uma questão menor, quando se sai do lero-lero do "é só um baseadinho que não faz mal a ninguém" e se pensa em tudo o que envolve o tráfico de drogas), mas são duas questões separadas.

E a história da suposta tortura? Alguém tem algo a acrescentar nisso além do disse-que-disse e das notas de repúdio a quem tem o tão aclamado senso crítico de não acreditar em tudo o que se ouve? Ou senso crítico só serve para automaticamente não escutar o que a "mídia burguesa" diz?

Letícia Rodrigues disse...

Lívia,

A Ana Clara Telles já citou o exemplo de manifestações contra a guerra do Vietnã em universidades americanas que foram reprimidas pela polícia. Isso aconteceu em pleno estado democrático de direito.

Não se pode pensar a autonomia universitária levando em consideração só o aqui e agora. A autonomia universitária é um princípio. Deve ser defendida em toda e qualquer circunstância. Se for relativizada, uma simples mudança de governo pode vir a ameaça-la, dependendo da situação.

Denise,

Ninguém aqui defendeu a censura. Ninguém queria que a imprensa falasse menos. Queríamos que falasse mais. Era papel da imprensa mostrar as pichações feitas pelos que ocuparam reitoria. E também era papel da imprensa dizer que os que se opõe ao reitor o acusam de desvio de verba, e de perseguir politicamente os que se opõe a ele. A maior parte da imprensa só contou metade da história.

O Boechat e o Marcelo Rubens Paiva são raras exceções. Pegar a exeção como parâmetro é distorcer os fatos.

Ana Clara Telles disse...

Por favor, só não entrem na argumentação do Capitão Nascimento de que 'quem financia essa p* é você'.

Paola disse...

Parabéns para essa galera da USP que está vindo aqui trazer informações sobre a presença da PM no campus. Vcs merecem verdadeiramente um troféu paciência por repetirem inúmeras vezes respostas para comentários reaças feitos de forma incansável.

O que acho mais uó é ver a galeire super defendendo "as midia tudo" na base do raciocínio de que assim a gente automaticamente defenderia a liberdade de expressão. E pra que a bendita liberdade? pra vir aqui e MIMETIZAR o que tá lendo na Folha de SP da família Frias ou no Estadão da família Mesquita. Quer liberdade, então, pelo menos podia usá-la pra pensar por si mesmo... que tal começar a fazer isso ouvindo o outro lado da história? Mas ouvindo de verdade, tipo lendo os textos, matérias e outras informações produzidas por quem tá vivendo o episódio de dentro. Mas a preguicinha-miguxa não deixa, daí chega aqui e diz: "ai, muito comentário, não li não, mas queria entender pq vcs falam tanto que querem automonia?! ah, vcs querem ser privilegiados?!". Oi? tem tipo umas duzentas referências citadas aqui e que debatem essa questão, por exemplo.

Mas o comentário era mesmo um salve pra galera da USP e pra frente feminista da universidade que escreveu o guest post. Força aí porque se aqui no blog democrático da Lola as pessoas tão se manifestando de forma tão reacionária, imagino o que tá rolando nos outros espaços de debate.

Unknown disse...

Ô Denise, não sou tão reducionista pra pensar só em denúncias e prejudicados. O problema é mais amplo que isso, é mais amplo que o assunto da USP. Se fosse só sentimentalismo do tipo: "ai, eu gosto tanto do Fulano e a revista está falando mal dele." Porra, não tô falando de revista Caras. E também não tô falando de pessoas serem prejudicadas, simplesmente, porque a verdade foi dita. Estou falando de gente que mente em benefício próprio ou de terceiros. Estou falando também de gente que mente para prejudicar outros.
Você realmente acha que quando há manipulação de informações, omissão de dados e personagens inventados (já vimos isso, testemunhas que surgem do nada e somem no vácuo) que a imprensa está exercendo liberdade? Não Denise, ela está restringindo nossa liberdade de nos informarmos melhor.
Você disse que é difícil acreditar no que estou querendo passar; na verdade, Denise, é difícil pra você, pois já tem um opinião sobre o assunto e não quer refletir ou se questionar sobre isso.
A coisa tá tão descarada que nem precisa ter muita sensibilidade pra perceber.
Acho até mediocridade minha ficar citando exemplos do que a gente vê ou lê. Ou melhor, é uma falta de tempo ficarmos discutindo sobre isso, já vi que esse assunto é um núcleo duro pra você.

Ana Clara Telles disse...

Só um exemplo sobre liberdade de imprensa:

Aqui na minha terra (Rio), todos os grandes jornais recebem verbas do governo do estado para publicarem anúncios de jornal e TV, tudo isso
de forma lícita e conhecida, como fazem, por exemplo, as grandes empresas. Só que essas verbas, hoje, chegam à casa dos milhões por ano.

Assim como é difícil ver o jornal noticiar casos ruins sobre seus grandes anunciantes (imobiliárias, então, nem se fala), eles também não o fazem com o governo do estado, para não perderem suas verbas.

Desse modo, não noticiam despejos ilegais, não fazem análise crítica dos dados que o governo solta sobre os mais diversos assuntos, dão um espaço sem igual para que o governo fale de seus projetos e políticas na TV e, principalmente e mais grave, não dão atenção aos escândalos de corrupção.

A pergunta é: estamos em uma democracia, mas isso é liberdade de imprensa?

Gêneros Textuais disse...

Dayane, desculpa a demora por responder.

Como eu coloquei, AMBOS foram destruição de patrimônio - o agravante do caso dos livros é que foram dois tipos de destruição, sendo um irremediável. E esse mesmo pessoal que brada para um deixou o outro passar em vão. Um não anula o outro, pelo contrário, exalta.

A punição deve(ria) ir para os dois lados.

Unknown disse...

hehehe... é meio que por aí Ana Clara. Você já viu o blog da NaMaria? Ela é especialista em vasculhar o Diário Oficial de São Paulo. A cada contratação são milhões de reais enviados pra Folha, Estadão e Veja. Tudo sem licitação.
Eu nunca entendi como eles conseguem comprovar os pressupostos da inexigibilidade de licitação (empresa ou representante comercial exclusivo; serviço técnico de natureza singular, com profissionais ou empresa de notória especialização; e profissional do setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica ou pela opinião pública).

Daniel disse...

Lenda Urbana: Uma menina foi espancada por 20 policiais na USP. Fotos do fato, inquérito, nome da tal moça...NADA ! Ou seria ''Alice no País das Maravilhas'' ?...

Raquel disse...

Talvez já tenham colocado aqui, mas é melhor reforçar...

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=PX3_c4KgNgQ


Aliás, uma pergunta, quantas denúncias de violência doméstica, estupro ou mesmo agressão vcs acham que são feitas? É fácil fazer uma denúncia, muito mais contra um policial? Onde uma menina iria fazer essa denúncia, se nem apoio da "esquerda" ou da mídia ela está conseguindo?

Raquel disse...

Ah, tem esse relato aqui também:

http://pt.scribd.com/doc/72149643/Relato-de-uma-aluna-da-USP-sobre-a-reintegracao-de-posse-da-reitoria

Patrick disse...

Francisca disse...

Entretanto, quando ocorrem crimes tão graves dentro da Universidade, como homicídios e estupros, a guarda privada não resolve. Esses crimes tornam a presença da polícia necessária, porque a USP é pública e o governo tem que pensar na melhor forma de garantir a integridade daqueles que frequentam o local.


Esse crime mais grave (estupro) ocorreu na Unicamp e contou com a indiferença da PM e o desinteresse da Polícia Civil em registrar a ocorrência (que dirá investigar o crime). Isso já foi denunciado aqui no blogue. Também não foi notícia no Jornal Nacional, não mobilizou tropa de choque nem a "indignação" de tantos comentaristas.

Daniel disse...

O video apenas relata a acusação...a pm nega, e ai? Qual a prova que tal acusação é verdadeira ?
Muito vitimismo pro meu gosto.
Segue a Lenda Urbana: estudantes espcandos pela pm...

Tigra disse...

Impecável!
Senti isso na pele. Uma vez tive minha bolsa roubada. Era uma sexta feira, dia de festa, mas eu saía da aula e me diriga até o ponto de ônibus. Tentei pedi auxílio a uma dupla de policiais que faziam a 'segurança' da festa. Ouvi que "Aquela não era hora de mulher estar na rua!" PM NÃO É SEGURANÇA PARA PESSOAS, É SEGURANÇA PARA PATRIMÔNIO.

Lívia Pinheiro disse...

Letícia, esse caso da guerra do Vietnã foi como exatamente? Pergunto porque se foi no modelo de policiais infiltrados, isto não tem a ver com a questão. O que está em jogo é a presença oficial da polícia, não tem como misturar as duas coisas. Porque mesmo para mim, que rejeito todos os argumentos que ouvi sobre o porquê da PM não dever permanecer no campus, exceto o do contingente que poderia ser mais bem utilizado em outros locais, a idéia de haver policiais infiltrados é odiosa.

Ana Clara, e quem é que financia, então? É muito fácil tascar rótulos de "argumento de facebook" e "argumento Capitão Nascimento" em uma tentativa de depreciá-los e assim fugir de algumas verdades que eles podem trazer. O que importa é O QUE os desqualifica. Eu não sei o que seria, sou toda ouvidos.

Ah, e essa dicotomia "galera da usp" X "reaças" é ótema. Isso me faz lembrar um comentário da Lola que não pude comentar no dia, a respeito da esquerda que tem orgulho de ser esquerda e direita que acha que não existe mais direita e esquerda. Pelos padrões de muitos aqui, eu sou uma das reaças, e, numa aparente contradição à lógica da Paola, também sou uspiana. Em fóruns auto-intitulados de esquerda eu sou "reaça". Não frequento fóruns de direita, mas estou certa de que seria considerada uma esquerdista - que parece ser um "xingamento" que tem a intenção de ser tão forte quando reaça.

Eu me divido entre achar isso engraçado, ridículo, e pensar se esse troca-troca de "ofensas" e acusações não tem um papel importante no desinteresse geral por assuntos que deveriam interessar a todos. Até porque isso acaba levando ao fim da discussão de uma maneira bem imbecil: "eu acho x, e se vc acha y, então vc é um reaça/esquerdista manipulado que não tem senso crítico". A gente consegue algo melhor do que isso, vai...

estela_ disse...

Fazendo uma parágrafe - mas nem tanto - mais acima o troll "Arnold" disse que deviam levar a USP para um deserto. Engraçado, aconte que já fizeram isso.

Alguém já viu a história da fundação do campus Butantã? Lá era um grande nada - um brejo - nos anos 60. O Regime Militar levou a USP pra lá para excluí-la dos grandes centros [é só pensar nas tretas na Rua Maria Antonia].

Agora, o campus não mudou muito desde aquela época, o lugar em volta, sim. Não dá mais pra excluir estudante geograficamente, então a gente usa força física e imprensa golpista.
Mas investir na estrutura que é bom nada!

Patrick disse...

Tem outro exemplo de presença de polícia em campus universitário nos Estados Unidos. Na Universidade do Alabama. Vocês podem ver clicando aqui (é um artigo da wikipédia sobre a história da universidade). O motivo também era muito "edificante": evitar que negros entrassem na universidade.

Unknown disse...

A lola agora deu para apagar descaradamente?

E ninguém comenta o caso da Raquel?

Letícia Rodrigues disse...

Lívia,

A polícia não reprimia manifestações contra a guerra do Vietnã em universidades americanas com policiais infiltrados, e sim invadindo os campi e entrando em confronto com os estudantes. Em 1970, a guarda nacional de Ohio invadiu o campus da universidade de Kent e matou quatro estudantes.

Mas a questão não é a situação específica dos protestos contra a guerra do Vietnã, nem a questão específica da violência urbana em São Paulo. Como eu já disse antes: a autonomia universitária é um princípio. A universidade precisa ser independente em relação ao governo. Uma polícia subordinada ao governo presente nos campus vai contra esse principio.

Letícia Rodrigues disse...

Quanto a discussão sobre se o usuário financia ou não financia o tráfico, acho uma perda de tempo. As pessoas usam drogas desde que o mundo é mundo, e vão continuar a usar. Esse problema não vai ser resolvido colocando todos os usuários na cadeia, conscientizando-os a parar de usar drogas pelo bem da sociedade, ou demonizando-os perante toda a sociedade com a acusação de que eles financiam o crime.

As pessoas sempre usaram drogas e vão continuar a usar. Diante desse fato, discutir a legalização é preciso. O que o Boechat diz sobre o tema no vídeo sobre a USP é muito pertinente.

Pra mim o X da questão não é financia ou não financia, legaliza ou não legaliza, mas como legalizar.

No mais, toda sociedade brasileira financia a violência quando mantem boa parte de sua população marginalizada e na miséria. No Rio o tráfico já está sendo substituído por outro tipo de poder paralelo criminoso - as milícias. As milícias não vendem drogas e são mais perigosas que o trafico, pq estão infiltradas em partidos políticos e no poder oficial. A causa da violência não é o consumo de drogas, mas a exclusão social, o abandono das comunidades pobres.

Lívia Pinheiro disse...

Letícia, obrigada pela informação. Então não foi nos moldes que imaginei, mas também não vejo paralelo entre a polícia invadir as universidades e prender os revoltosos e o argumento da autonomia universitária. Se em uma situação hipotética o governo mandasse invadir a usp porque não está contente com as idéias que andam circulando por ali, não precisa de convênio nenhum com a PM para isso acontecer, e não vai ser a guarda universitária que vai impedir a entrada deles. Aliás, não precisa de convênio com a PM para nenhum tipo de maracutaia/vigilância envolvendo esta instituição e a(s) universidade(s) ocorrer. É este o ponto que pega nesta linha de argumentação sobre a PM no campus.

Embora continue não concordando com este argumento, estou curiosa sobre este conceito de autonomia universitária. Vc pode me indicar alguma leitura sobre?

Sobre o financiamento do tráfico, eu tendo a pensar que nenhuma das soluções que já foram pensadas seja suficiente. Porque uma vez legalizas, as drogas recreativas que hoje são ilegais receberão a mesma carga de impostos das legais, se não maiores. Se hoje os usuários as consomem sem qualquer preocupação com o que isto acarreta (muito embora muitos, no auge da hipocrisia, se auto-proclamem defensores do povo sem voz), duvide-o-dó que mercado ilegal - livre de impostos, e portanto, mais barato - não se manterá sem grandes esforços. Para mim parece ser mais um problema de (ir)responsabilidade das consequências sociais dos atos individuais do que de legalização ou não (embora eu particularmente ache o fim da picada o Estado querer me dizer o que posso ou não colocar na minha boca, nariz, etc.).

Sobre os links da Raquel, li/assisti e eles só fizeram reforçar as idéias que já tinha a respeito do assunto: o simples fato de cogitar a hipótese da PM não aparecer para cumprir o mandado de reintegração de posse é sintoma máximo do mimo (mimadice?) e síndrome de privilégio desse povo. Ou que outro motivo os levou a achar que o prédio que eles invadiram seria "deixado para lá"? Se mais alguém resolver manifestar seu choque com "como estou sendo manipulada pela mídia burguesa", faça o favor de antes me dar UM motivo para eles acharem que a PM não iria/não deveria cumprir a ordem judicial.

E outra: reintegração de posse não é uma coisa bonita e light por definição. São pessoas que invadiram um local e não estão dispostas a sair. Diante deste FATO, que sentido faz exigir que a polícia peça por favor que os invasores façam fila indiana e sem tumulto para entrar nos ônibus e serem levados à delegacia? Tinham ainda que distribuir um sanduichinho para cada um, para o tempo de espera para o depoimento?
Ora, se alguém não quer sair e a função do policial é tirar essa pessoa de lá, ele vai TER QUE empurrar, imobilizar, carregar a pessoa para fora. Do jeito que a menina do vídeo fala, parece que o que eles queriam era que os policiais se entreolhassem e pensassem "poxa, eles não vão sair, então vamos embora que a reintegração de posse não vai rolar, fazer o quê. né?".

A polícia tem muitos problemas sim, boa parte deles indecentes, e que têm que ser resolvidos o quanto antes. E eu não estava lá, pode ser que tenha havido excesso de força, e isto também não era para ter acontecido (como nunca é; não confundir excesso de força com o número de policiais presentes. Embora pareça um exagero, suponho que tenha sido uma tática de amedrontamento utilizada justamente para EVITAR uso de força). Mas se é papel também da universidade abrir o diálogo para que isto possa acontecer, sugerir mudanças, avaliar modelos que funcionem melhor, etc., isto foi um papelão sem precedentes.

Lívia Pinheiro disse...

Ainda to esperando notícias verificáveis da menina que supostamente foi amordaçada e espancada. Mas sinceramente duvido que haverá, porque um grupo que acha que esperar três horas num ônibus é tortura e tem aversão tal à polícia por terem a ilusão de viverem na década de 60, não duvido nadinha que alguma mais bitolada tenha inventado isso em uma tentativa de acabar com a imagem da PM.

Quem tem o papel de "pensar (livremente) e discutir a sociedade, questionar e criticar os governos, ser o epicentro de mobilizações politicas" (no que concordo) não pode fazer uma coisa dessas, sob o risco de cair no ridículo e perder a voz.

Letícia Rodrigues disse...

Lívia,

O fato do governo poder usar a polícia para reprimir manifestações políticas contra ele, mesmo em uma democracia, é um exemplo como a polícia pode ser um instrumento de repressão da liberdade de expressão e de manifestações políticas.

Se nosso princípio for "polícia não pode entrar no campus", quando um governo desrespeitar esse princípio podemos reagir a esse abuso. Se nosso princípio for "não tem nada de mais a polícia no campus", isso já fica mais difícil, por que a entrada da polícia no campus não será vista como abuso.

Os governantes desviam verba mesmo sendo crime, mas não é por isso que vamos abrir mão do princípio que desviar verba é inaceitável.

Depois, com a polícia fora do campus, tudo o que essa pode fazer é invadir para reprimir uma manifestação que já tomou corpo e, muitas vezes, já deu seu recado. Com esta constantemente no campus, as manifestações podem nem começar, se essa for a vontade do governante no comando.

No mais, a segurança em um campus pode ser feita de outra maneira, ou seja, a presença da polícia lá não é indispensável.

Conversava com colegas e professores sobre autonomia universitária quando estava na faculdade, e tenho lido sobre o tema na internet por causa dos acontecimentos na USP. Mas não conheço nenhum livro sobre o tema.
Sei que a constituição de 1988 declara os campi autônomos. É claro que cabe discussão sobre se a presença da polícia fere essa autonomia. Eu acredito que sim.

Quanto ao trafico de drogas, nem legalizar as drogas, nem considerar usuários inimigos públicos número um resolve o problema. O que resolve e sanar nossos problemas sociais. Mas, na minha opinião, ficar discutindo a culpa do usuário é perda de tempo.

Maria Júlia disse...

" O fato da PM ser hierarquizada e patriarcal implica que a PM não protege as mulheres?"

Ela é PATRIARCAL, será que é por isso que ela não protege as mulheres? Aha, adoro gente que sabe interpretar texto.

Sobre "terceirizar a segurança". JÁ EXISTE Guarda Universitária, alguns guardas são, de fato, TERCEIRIZADOS (empresas contratadas pela universidade), outros são CONCURSADOS, funcionários públicos.

A idéia da Frente Feminista da USP (da qual faço parte) não é, tampouco, simplesmente continuar com a Guarda Universitária tal qual ela está, pois serve, muitas vezes, para reprimir estudantes do CRUSP, por exemplo. A idéia é mudar a guarda universitária, e usar a USP como um EXEMPLO para o resto da sociedade (e não deixá-la com mais privilégios, sem PM e com uma guarda melhor, e dane-se o resto).

Agora, só pra reforçar: NÃO QUEREMOS UMA GUARDA UNIVERSITÁRIA NÃO É TERCEIRIZADA/PRIVATIZADA.

É isso.

Maria Júlia disse...

correção: NÃO QUEREMOS UMA GUARDA UNIVERSITÁRIA TERCEIRIZADA/PRIVATIZADA

rs

Maria Júlia disse...

Ai ai, gosto assim, de gente mal informada que acha que sabe de tudo.

Vamos lá, por pontos:


"Ainda não encontrei uma resposta plausível para a razão pela qual a PM no campus seja inadmissível por ser repressiva e truculenta, enquanto ao mesmo tempo isso não pareça ser problema tão urgente fora do campus "

Lívia, talvez você não esteja acompanhando a discussão, talvez não tenha lido nenhum texto de nenhum estudante... mas em momento algum somos somente contra a PM dentro do campus. Inclusive, fazemos questão de frisar isso, juntando nossa luta, ainda que de maneira simbólica, à luta do pessoal da Frente de Luta por Moradia. "É moradia, educação, a nossa luta é contra a repressão!". No mesmo dia do nosso ato no centro de são paulo, se não me engano, uma das ocupações da Frente havia sofrido Reintegração de posse pela polícia.

Não somos umbiguistas, somos contra a Polícia Militar em São Paulo toda, mas tirá-la da USP é que está ao nosso alcance agora. A USP, enquanto um lugar de criação de conhecimento, deve dar o EXEMPLO para o resto da sociedade, e botar a PM pra FORA. O que não significa aceitá-la nas favelas. Estamos, por exemplo, realizando debates sobre o genocídio da juventude negra etc, para mostrar que o problema da PM é muito maior, que ela, enquanto instituição, é um problema.

Agora, vamos à pérola:

"E outra: falar que é tortura deixar a menina gritando numa sala separada é um ultraje às pessoas que foram e são de fato torturadas, que só serve para desqualificar o restante da argumentação de quem profere tal sandice."

Lívia, acredito que você deva sofrer do mesmo problemas que algumas outras pessoas que acham, por exemplo, que violência psicológica não é violência porque não desfigurou a cara da mulher de tanta porrada. A menina, na reitoria, pode não ter sido colocada no pau de arara, isso não significa que 1) não tenha sido machucada fisicamente; 2) não tenha ficado abalada psicologicamente. O que aconteceu é sim TORTURA, e você tentar amenizar isso dizendo que "outros sofreram mais" só mostra uma pequenez de pensamento que eu teria vergonha de ter.

Agora, outra pérola, que me impressionou (só não tanto quanto a acima):

"Que as autoridades prezem pela segurança, mas essas "podas" que ocorrem nos campus me desagrada muito. Um dos raros espaços arborizadas de nossas cidades precisa ser melhor preservado. Na verdade, sou favorável a mais árvores por toda parte!"

Acredito que exista uma diferença clara entre CORTAR as árvores e PODAR as árvores. Além do mais, não falamos das ÁRVORES, falamos do MATAGAL que fica na USP, que deixa o ambiente propício para ataques durante à noite. Ninguém quer tirar as árvores da USP, por favor.

Maria Júlia disse...

"Ora, se alguém não quer sair e a função do policial é tirar essa pessoa de lá, ele vai TER QUE empurrar, imobilizar, carregar a pessoa para fora. "

Ah, coitado do policial, tava só fazendo o trabalho, né? Reclamar da violência policial é impedir o trabalho alheio... ah, era só o que me faltava.

Thiago Pinheiro disse...

Maria Júlia,

O meu comentário sobre as "podas" classificado por ti como "pérola" não se dirigia diretamente a uma orientação do manifesto. Ele comunicava meu mal-estar sobre o que observo no campus a qual transito (não precisamente a USP) quanto ao corte de árvores. Fiz questão de por a palavra entre aspas por esse motivo. Não há apenas mato sendo aparados, isto para mim é claro.

Lívia Pinheiro disse...

Eu não tenho a menor dúvida que a polícia pode ser um instrumento de repressão. É justamente para isso que ela existe e deve existir! O ponto é O QUE ela reprime. Pelo visto vamos continuar discordando a respeito do principal argumento contra a PM no campus, porque penso que existe uma linha muito clara entre o que são atribuições corriqueiras da PM e o que não são - e reprimir manifestações pacíficas que não involvam descumprimento de ordem judicial definitivamente não são. E, por não serem, são automaticamente consideradas abuso, quer a PM circule pra lá e pra cá, quer não.

Mas isto era só para tentar entender o ponto de vista oposto, já que o argumento do contingente policial já me convenceu faz tempo. Quanto ao tráfico, eu definitivamente não acho que discutir culpa do usuário é perda de tempo. Difícil é achar um usuário que esteja disposto a fazê-lo, o que só me dá mais certeza ainda do importante papel que têm (muito embora não sozinhos) nisso tudo.

Maria Júlia, e eu gosto de gente que sabe debater sem ad hominem e não sai especulando aleatoriamente sobre o pensamento de quem não conhece. Se tivesse tido o bom senso de não aplicar em quem não conhece a lógica TOSCA de "reaça/esquerdista é tudo igual", teria me poupado o trabalho de dizer que pequenez de pensamento é colocar todo mundo em caixinhas rotuladas a partir de generalizações de botequim e atribuir a alguém que nem conhece um pensamento vil como o que descreveu.

Porque se te interessa saber - o que eu duvido, já que se apressou de tal maneira em julgar quem não conhece (mas que síndrome de superioridade moral, hein?)-, na minha opinião quem acha que violência psicológica é algo menor é, na melhor das hipóteses, um simplório que já sofreu muita e acha que é normal (=aceitável), e na pior, um psicopata. Preciso desenhar o que acho de quem acha que "uns tapinhas não doem" ou INDEFENSÁVEL é claro e objetivo o suficiente?

Acontece que a impressão que dá é que esses meninos não entendem o que significa mandado de reintegração de posse, ou acham que não se aplica a quando eles invadem. A cena é: um grupo de pessoas invadiu um prédio, a justica mandou desocupar, a polícia tem que fazê-lo. As pessoas não querem sair, e por definição quem não quer sair tem que ser carregado para fora, senão não sai mesmo.

Mas se eu não quero sair de algum lugar e tem alguém que foi enviado para lá para me tirar de lá e estará cometendo prevaricação se não o fizer, eu não vou ficar parada num canto de braços cruzados dizendo "não, não vou sair". Eu vou espernear, sair chutando, mexendo os braços, gritando, correndo, pulando, etc. De que maneira é possível retirar uma pessoa do prédio nesta situação? Pedindo que por favor se encaminhem ao ônibus que os levará para a delegacia? Exigindo diálogo da outra parte, quando o que eles praticam é recusa ao diálogo até que suas exigências sejam atendidas? O que esse povo pensa que a PM e o resto do mundo deveria ter feito? Se curvado às suas exigências sem a possibilidade de diálogo - já que a única definição de diálogo deles é "nós ditamos e vcs cumprem" e sem qualquer punição pelos atos infracionais que cometeram.

Mas veja, estar ciente do que é uma desocupação NÃO É necessariamente concordar com uso de força desnecessária. Segurar alguém que está esperneando, socando e chutando e levá-la para fora pode trazer hematomas porque pode ser necessário usar força para conter a pessoa, e certamente não vai ser uma experiência agradável. Mas quem acha que isso é excesso de força é um/a mimado/a que tem plena certeza de poder fazer o que quer porque ninguém pode encostar a mão nele/a! Porque chave de braço com a força necessária para conter um descontrolado que não quer deixar um mandado judicial ser cumprido é muitíssimo diferente de sair chutando, amordaçando e estabefando quem quer que seja por sadismo puro, porque neste caso os ocupantes não deixam outra saída.

Lívia Pinheiro disse...

É ÓBVIO que pode ter havido excessos, e é óbvio que se houve eles DEVEM ser denunciados, investigados e, se confirmados, punidos. Eu não duvido que pelo menos alguns dos ocupantes tenham ficado machucados fisicamente, e tampouco abalados emocionalmente. O primeiro item já foi discutido, e quanto ao segundo, eu acharia estranho se NÃO tivesse ficado nenhuma marca psicológica. Afinal, trata-se de uma rebelião, e rebeliões não são brincadeirinha, nunca. Se eu acredito em alguma coisa que mereça uma rebelião, vou entrar sabendo o que pode acontecer, e não achando que sou intocável e que vai ser como no romance que criei na minha cabeça. O que NÃO quer dizer que excessos de qualquer natureza devem ser tolerados.

E aqui entra a noção de excesso. A polícia não deve NUNCA cometer atos de violência gratuita (e enche a porra do saco ter que ficar dizendo esta obviedade toda hora sob o risco da dicotomia cerebral alheia entre reaça e esquerdista entrar em ação e "esquecer" que este é um "detalhe" que eu, pelo menos, não abro mão), mas por outro lado é função desta mesma polícia conter desordem pública e outras ações que por vezes EXIGEM o uso de algum tipo de força.

E se a polícia filma as ações para poder se eximir de falsas acusações, ela está "fichando" as pessoas; se não filma, surgem alegações que dificilmente algum dia sairão do status de inverificadas e continuarão assombrando a instituição. Se faz um cordão de isolamento para evitar uma confusão generalizada e um possível confronto, é "cárcere privado"; se não faz e a confusão se instaura, a culpa é deles que não evitaram o que seria evitável.

A polícia comete sim muitos erros, alguns deles imperdoáveis, mas há que se ver o outro lado da moeda, sem relativizar erros de qualquer dos lados. É por acreditar nisso que estou aqui perguntando sobre o ponto de vista diferente do meu e tolerando insinuações vazias a meu respeito.

Estou saindo em expedição de coleta hoje de madrugada, o que significa nada de internet pelos próximos dias. Se resolver responder, espero que tenha a decência de conter a sua ignorância a meu respeito e discutir o que digo, e não o que vc acha (com base em que mesmo?), que sou ou deixo de ser.

Luiz disse...

A algum tempo queria discutir aqui esse post sobre a ação da PM na USP, mas problemas de saúde me impediram de fazer isto. Pude perceber que a Srta. Lívia Pinheiro escreveu alguns textos impecaveis sobre o tema. Tanto é verdade que uma das suas contendoras, a Srta. Maria Júlia, recorreu a agressões verbais para te contrapor, Srta. Livia. Isso quer dizer que ela ficou sem argumentos para te rebater de forma plausível. Um texto opinativo que tem mais adjetivos que substantivos é um texto fraco no aspecto argumentativo (Uma boa dica de leiura para entender essa estrategia dos debatedores que recorrem aos adjetivos está no livro "Como ganhar um discurso sem precisar de ter razão" de Schopenhauer).

Srta.Letícia, essa associação que você faz entre exclusão social e violência é no mínimo temerária. Vi um estudo do IPEA sobre violência X renda que traz conclusões diametralmente opostas as suas. Segundo o IPEA a região brasileira que teve a maior redução das desigualdades sociais nos últimos anos foi o Nordeste, no entanto foi a região que mais houve aumento da violência. Ou seja, no passado o Nordeste do Brasil era socialmente mais desigual e menos violento do que é hoje. Acho que o motor principal da violência não é a pobreza (Isso é um baita preconceito contra pobres). Conheço comunidades pobres que são extremamente pacíficas. Não tem um homicidios e nem roubos há anos. É preciso entender melhor as causas da violênica.

Quanto as comparações entre a ação da PM neste caso com as ações dos tempos do Regime Militar, só posso dizer que são completamente descabidas. Neste caso a PM só atuou para cumprir uma decisão judicial e os advogados dos amotinados tinha todo o suporte do aparato constirucional com pleno direito de defesa. Dinheiro para contratar bons advogados também não faltava. Pagaram 50 mil de fiança. Aqui cabe uma pergunta aos amotinados. Vocês respeitam e aceitam os princípios da Constituição Brasileira? Porque me parece que a idéia de invasão foi derrotada duas vezes em Assembleias Estudantis.

Luiz disse...

Quanto a prisão de três alunos com uma razoável quantidade de drogas dentro do Campus, ela só foi possível porque a polícia cumpriu a lei. Usar drogas ilícitas no Brasil é crime e a polícia tem que agir contra quem desrespeita a lei. Inclusive na USP. Se a PM não fizer isto ou ela é negligente ou corrupta. Todo o problema só começou porque os PMs envolvidos no caso foram honestos. Pasmem!!! Há mas a humanidade não vai parar de usar drogas nunca. Hora! Que se mudem as leis! O caminho para isso é eleger deputados simpaticos a a essa causa e não criar um estado paralelo dentro dos Campus Universitários. Outro argumento fantoche é dizer que a Universidade é um espaço para rebeldia. Ora alguém me explique onde está a rebeldia inserida no uso e comércio de maconha, cocaina e afins no espaço universitário. Por essa lógica não se tem que reprimir outros crimes cometidos dentro do Campus. Daqui a pouco vai seremos obrigados a aceitar argumentos para explicar os pendores revolucionários do estrupador que ataca na UNICAMP. A pergunta é simples. Quais os crimes definidos pelo código penal brasileiro poderão ser cometidos dentro dos campus universitários dessa terras de Palmeiras e Sabiás? Outra coisa, Por que a presença da PM no campus fere a autonomia universitária? A universidade está contida dentro do aparato legal brasileiro. É uma autarquia autônoma mas não é independente.

Essa idéia de ter uma Polícia Universitária própria me parece uma tentativa de por panos quente nesse debate. Aí me aparecem duas dúvidas. Quem vai mandar nessa Polícia e a que leis essa Polícia vai obedecer? O primeiro ponto é menos complicado, pois seria natural que uma Polícia Universitária obedecesse às autoridades universitárias. Mas, e o segundo? A Polícia Universitária seguiria as leis criminais do país ou haveria leis próprias? As Universidades teriam um código penal próprio? Parece bizarro. Mas, se as Polícias Universitárias seguiriam e aplicariam as mesmas leis “de fora”, ora bolas, para que uma polícia separada?

No fim das contas é só isso. Um segmento da sociedade (Os alunos amotinados) que se considera acima das leis, que se julga no direito de decidir quais leis vai seguir e quais não, e pede para si um tratamento à parte. Um elitismo e tanto. Claro que não faz sentido. Ainda que debates sem sentido não sejam vedados na esfera intelectual. Mas além da polêmica político-ideológica há o problema prático. Simplesmente, é inaceitável que as Universidades Brasileiras se transformem em território livre para o tráfico de drogas, transformem-se em áreas onde o tráfico poderá abrigar-se para operar com mais segurança, inclusive do lado de fora. É inaceitável transformar as Universidades em regiões capturadas pelo crime, onde a Polícia (a regular) precisará pedir licença ao “poder local” para agir.

Recentemente a Polícia regular subiu a Rocinha sob aplausos dos moradores de lá que viveram durante 20 anos sob tutela de uma Polícia particular comandada pelo "poder local" sob tutela dos tráficantes de drogas. Parece que a maioria dos brasileiros, sejam eles frequntadores da Rocinha ou da USP, preferem estar sob a tutela da Polícia convencional, com todos os seus problemas e defeitos mas submetidos a nossa Constituição, do que sob a batuta de uma polícia particular e com leis próprias definidas pelos seus comandantes, seja essa Polícia comandada pelo Nem da Rocinha ou pelso amotinados da USP.

Letícia Rodrigues disse...

Lívia,

Exatamente, o ponto é O QUE a polícia reprime. Quem decide o que a PM reprime é o governo do estado. Quem decide o que a guarda universitária reprime é a comunidade acadêmica. Por isso a segunda é mais adequada a primeira - a comunidade acadêmica conhece melhor suas próprias necessidades do que o governo do estado. É por isso que, por lei, os campi são autônomos. (Obviamente, tanto PM quanto guarda universitária devem agir de acordo com a constituição brasileira.)

Você já admitiu que a PM deveria se fazer mais presente em locais mais perigosos do campus, ao invés de ficar fazendo ronda no FFLCH. Fica mais difícil conseguir isso se a PM não é subordinada a reitoria. Com uma guarda universitária seria mais fácil fazer ajustes desse tipo.

Eu estudei no campus da praia vermelha da UFRJ, que é vizinho do campus da Uni-Rio. Quando eu estava na faculdade, aconteceu da polícia invadir ilegalmente o campus da Uni-Rio para prender uma aluna de artes cênicas que ficou nua para fazer uma performance. Chamaram o reitor, e ele disse aos policiais que eles não tinham autoridade para prender ninguém dentro do campus. Um dos policiais respondeu:"Até dentro da sua casa eu sou autoridade". Das duas uma, ou esse policial não conhecia a lei, ou se considerava acima dela. Ele não tinha poder para efetuar prisões dentro do campus, e também não pode entrar na casa de ninguém sem mandado judicial.
No fim a polícia acabou indo embora, dizendo que só não ia prender a aluna pq ela não foi pega em flagrante - quando avisaram que a polícia estava vindo, ela correu e se vestiu.

Em outros países ficar nu em público para realizar manifestações artíticas ou políticas não é visto como atentado ao pudor. Aqui, no país do carnaval, é. Mas ainda que não seja permitido na rua, tem que ser permitido em um campus universitário onde artistas estão sendo formados. Acho que esse episódio ilustra bem como pode ser problemático uma polícia sem treinamento para lidar com situações específicas de um campus se manter permanentemente neste.
E a forma como o policial bateu de frente com o reitor é um bom exemplo de como essa situação de uma polícia que não é subordinada a reitoria constantemente presente no campus pode gerar uma crise de autoridade.

Letícia Rodrigues disse...

Luiz,

Você com certeza não leu todos os meus comentários anteriores para dizer que a relação que eu estabeleci entre violência e problemas sociais revela um preconceito contra os pobres.

O que eu disse foi exatamnete isso:

"No mais, toda sociedade brasileira financia a violência quando mantem boa parte de sua população marginalizada e na miséria. No Rio o tráfico já está sendo substituído por outro tipo de poder paralelo criminoso - as milícias. As milícias não vendem drogas e são mais perigosas que o trafico, pq estão infiltradas em partidos políticos e no poder oficial. A causa da violência não é o consumo de drogas, mas a exclusão social, o abandono das comunidades pobres."

Com isso não quis dizer que as pessoas entram para o crime pq são pobres, mas que, quando o estado não se faz presente em comunidades marginalizadas, o poder paralelo o faz.

Vc citou o exemplo da rocinha. Pq é que a situação lá está começando a melhorar? Pq as pessoas estão usando menos drogas? Ou pq o estado está, finalmente, fazendo seu papel?

Mesmo que todo mundo pare de usar drogas, se essas comunidades continuarem abandonadas pelo estado, vai ter sempre um poder paralelo instalado lá - já citei o exemplo das milícias. Era nesse ponto que eu queria chegar.