quarta-feira, 30 de novembro de 2011

GUEST POST: A CONFUSÃO DA ADOLESCÊNCIA

Recebi este email delicioso da Nicole, uma adolescente cheia de dúvidas que, vocês vão ver pela fluidez, escreve muito bem. E ela autorizou a publicação. Bom, creio que vocês vão poder falar mais coisas legais e encorajadoras pra ela. Pra mim, faz tanto tempo que fui adolescente que mal me lembro como foi. Tenho a impressão que foi tranquilo, mas, claro, eu tinha mil e uma dúvidas. E mil e uma certezas. Pensava que quando chegasse aos dezoito anos eu seria uma super adulta independente, morando sozinha e tal, ha ha. Nicole, querida, tudo que posso dizer é: 'guenta firme aí. Porque chega uma hora que a gente passa a depender pouco ou nada dos outros, e nessa hora pode fazer as próprias escolhas e não dar bola pro que pensam a respeito da nossa vida. Chatos, metidos, babacas sempre existirão. Mas você vai poder mais ou menos ignorá-los. Com 16 anos é muito mais difícil. Força aí, menina!

Tenho dezesseis anos, sou baixinha e... gordinha. E, no momento, estou de saco cheio.
Quando eu era criança (aí vem algum famoso comentário: "Era?") eu sempre fui.. esquisitinha. Sei lá. Eu sempre pensava diferente das outras crianças. Ah, por favor, não estou dizendo que eu era mais inteligente que elas. Eu era a que sempre sobrava, por agir diferente. Eu ficava muito triste no começo, sabe. Fui aprendendo a conviver com isso, mas estou saindo do foco.
Quando eu era criança, eu ia na igreja (ainda vou, mas não porque eu queira). Eu era a ÚNICA criança que diziam que deveria parar de ser infantil. Mas, peraí, gente: Eu tinha OITO ANOS quando isso começou. Eu fazia uma brincadeira, eram três repreensões. Enquanto isso, as outras crianças brincavam do jeito delas, e NADA acontecia. Incrível que eu era uma das únicas que nunca quebrou nada enquanto corria por aí!
Ah (vai ficar meio desviado do assunto, mas tenho que botar), e sem esquecer o comentário de um garoto/jovem/seilá, "Nossa comendo tanta bala. Foi assim que minha irmã (A irmã dele ERA bem gorda) começou."
E foi. 8 anos. 9 anos. 10 anos. 11 anos. 12 anos. 13 anos. (É, pra mim, infância termina nos treze). E, aos catorze, eu ainda era criança, claro. Eu sabia que um dia aquilo tudo ia acabar, sabe? Que as responsabilidades iam chegar. Não que eu nunca tivesse desejado crescer e ter minha própria casa o mais rápido possível, mas eu sabia que a infância nunca mais ia voltar.
Bom. Entre 14-16 anos, eu mudei, E MUITO. Passei por um monte de besteira adolescente, de "ninguém me ama ninguém me quer". E é a fase que muitas pessoas acham que você está só fazendo drama. De certo modo, está. Mas quando você passa por isso (SE você passa por isso), você se sente a escória do mundo. Enfim, enfim.
Nos meus quinze anos, quase dezesseis, foi que eu me tornei o que sou agora. Sou tímida, mas sempre fui. Às vezes, eu sinto que penso demais. Um pensamento leva ao outro, e subitamente, estou triste. Penso que minha vida está horrível, que eu nunca vou decidir o que quero ser na vida, que vou morrer antes de aprender tudo o que quero aprender. Aí, quando eu penso, eu fico sozinha no meu canto. Aí voltamos ao foco: igreja.
"Nossa, você é tão estranha, porque não usa um vestido?" "Nossa, seu cabelo tá tão curto, parece um menininho" "Nossa, você não conversa direito com ninguém". "Nossa, virou vegetariana? Tá revoltadinha?". Nossa, nossa, nossa, NOSSA.
Ah, e sem esquecer o comentário de um garoto/jovem/seilá, "Nossa comendo tanta bala. Foi assim que minha irmã (A irmã dele ERA bem gorda) começou."
Aí vem. "Você tá tão diferente, você era tão mais alegre quando era criança."
PÁ. Tapa na cara.
Não estou botando a culpa toda naquelas pessoas, até porque tive uns problemas com más influências que não vem ao caso, mas acho que nem preciso botar o que senti quando ouvi aquilo.
Mas o que me enche o saco é aquele monte de pessoas pregando o amor de jesus, o amor de deus, a compaixão, o espírito-santo, e que, no fundo (ou até na casca mesmo) são tão ruins ou às vezes piores do que as outras que vivem fora do “lugar sagrado”.
Uma vez eu ouvi "Já percebeu que os únicos amigos que param pra ouvir seus medos/aflições e não riem de você são da igreja e não do 'mundo carnal'? " Pera, pera. Pera aí. Comigo foi sempre ao contrário. Só porque eu sou diferente dos de lá, eles NUNCA quiseram saber como eu estava, se eu me sentia bem.
(e, desculpe, desculpe, se você está lendo isso até aqui, eu abrirei outra frente, mas prometo demorar menos)
Que história é essa de que adolescente é só uma massa de hormônios furiosa? Que tudo que sentimos são coisas frescas e somente uma paixão (ou seja, dura pouco tempo)?
Ouvi (ouço muitas coisas) na igreja (de lá sai muita coisa boa, como pode ver) que as únicas preocupações de um adolescente era que mamãe não deixa sair pra ir no cinema e que mamãe não comprou a calça jeans.
Eu sou adolescente e posso dizer que podemos ser tão racionais como adultos. Não, não a todo tempo, porque nem adultos conseguem ser racionais sempre (alguns são irracionais quase sempre). Há também outros adolescentes, que a meu ver podem chegar a ser muito fúteis, mas eu não os conheço por dentro.
Eu já amei, já perdi pessoas importantes na vida, já fui traída e humilhada. Claro que os hormônios influenciam. Mas as pessoas banalizam os "nossos", por exemplo aquela paixão platônica.
Às vezes eu me sinto perdida, Lola. Ouvir que aquele amor que você sente por alguém é nada mais que besteira, que tudo passa. "Não conhecem a dor de verdade". "Nem saiu das fraldas ainda”.
Dói, Lola, dói.
Obrigada se leu até aqui, peço desculpas se algo ficou confuso.
Abraços para você, da Nicole, uma adolescente na TPM que achou que talvez colocar algumas coisas pra você fosse ajudar a esfriar um pouco a cabeça.

86 comentários:

Anônimo disse...

hoje, aos 27, ainda me sinto tantas vezes como a Nicole aos 16... rs

se eu pudesse dar um conselho a ela, diria pra ter paciência e acreditar que tudo melhora. não que tudo se resolva, porque isso, eu acredito, nunca vai acontecer. acho que é basicamente uma questão de se fortalecer internamente e de se compreender. é um processo diário, mesmo pra quem é adulto. mas quando a gente consegue, os fatores externos (opiniões alheias, por exemplo) exercem menos influência na vida da gente. então que ela vá se observando, se analisando, e quando uma coisa fizer sentido pra ela, verdadeiramente, pouco vai importar que não faça pros outros.

Nicole, lindinha, procure se sentir a pessoa mais importante da sua vida, viu? porque é isso que você é. e lembre-se de que pode não parecer, mas vc tem tempo! nos 11 anos que separam sua idade da minha, eu sinto como se já tivesse vivido uma vida inteira... muitas reviravoltas ainda virão pra vc!

Anônimo disse...

Igreja? Fuja para as colinas! Faça o possivel para se afastar desse mal na sua vida, eles falam da irracionalidade adolescente mas irracional é quem tem amigo imaginário.

Macabéa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paola disse...

Eu tenho 29 e tb tenho mtas inquietações e questionamentos, assim como vc...
Ao menos no meu caso, o q melhorou foi q com o passar do tempo eu me senti mais segura e trabalhei a minha auto estima.
Vejo q vc é uma menina de opinião e cada vez mais dará menos ouvido às bobagens que os outros dizem, acredite...
Eu fui severamente criticada pela família na infância e adolescência, o q fez com q eu me tornasse uma pessoa mto tímida e com auto estima baixa...
Hoje em dia, entre os primos, faço parte de um grupo (de poucos) que se formaram, se sustentam e viajam.
E kd os meus primos q me criticavam??? A vida deles evoluiu quase nada nos últimos anos...
Fique tranquila, pois vc verá q o mundo dá mtas voltas!!!!

Isabela disse...

Os sofrimentos da adolescência, que não sou poucos, tendem a ser subestimados pelos adultos, que acho que muitas vezes esquecem que também foram adolescentes.

O aumento das responsabilidades, os hormônios que nos tiram do sério, a aproximação da escolha profissional, a sexualidade, o fortalecimento de si enquanto indivíduo e a necessidade de 'pertencer', encontrar um lugar no mundo.....

Acho que tudo acaba sendo mais doloroso pela dificuldade de encontrar com quem falar, alguém que não nos paternalize ou diga que "adolescência é assim mesmo, depois passa"

O índice de depressão e suicídio em adolescentes triplicou nos últimos 3 anos (não me recordo onde vi a estatística). A fase de transição não é fácil mas acho que a sociedade moderna traz uma carga maior de angústia do que verificaríamos há 30, 40 anos atrás.

Não saberia o que dizer pra autora do guest post. Eu, jovem adulta, com 24 anos, ainda tenho algunas fantasmas da adolescência que me perseguem até hoje. Acho que falar a respeito ajuda e muito. E ao menos no meu caso, uma ajuda profissional - psicólogo e psiquiatra - ajudaram e muito

Escarlate disse...

To com 19, então não faz muito tempo que eu tava na sua idade. E sim, o turbilhão passa. Mas nem por isso despreze aquilo que você passa, e não ouça muito esses adultos que ficam desprezando os seus sentimentos. Esses mesmos costumar menosprezar o problema de outros adultos.

Sobre igreja: Tive muitas experiências ruins, muita gente falsa, fofoqueira, intrometida e má. Aprendi que sexo era uma coisa suja, que o único objetivo de uma mulher era casar e parir, que eu teria que iobedecer meu marido (ai se eu não quisesse ter um!). Então acho que você tem que ir pq vc quer, pq de qualquer jeito a vida é sua. Eu fui de escolha própria (com uma pressão tb) mas quando vi que não era aquilo que eu queria, eu saí. Minha mãe ficou pressionando, chorava, mas eu aguentei firme e estou muito bem agora.
Não que você deva largar sua religião, mas você tem que ver o que é melhor pra vc, se vc acredita mesmo em tudo isso.

Te desejo muitas coisas boas e aproveite essa fase difícil, mas engraçada, que é a adolescência.

Jéssica Lane disse...

eu sempre achei que a diferença entre os adolescentes (leia-se eu) e os adultos era que eu sabia que não sabia de nada e os adultos fingiam que sabiam.

eu nem gosto de usar esses termos de idade, tipo adolescente, adulto.. pra mim isso é muito relativo.

high five, nicole. eu tbm penso demais. e gosto disso. pra mim, quer dizer que a gente não se conforma. que a gente sabe que nem tudo que existe como é necessariamente tinha que ser assim.

uma coisa que tem me ajudado muito é cuidar da minha vida. estudar o que eu quero (e trocar de faculdade algumas vezes), trabalhar onde eu quero (e recusar trabalho onde eu não quero trabalhar), usar o que eu quero, não ir pra igreja, essas coisas. afinal, eu só tenho uma chance aqui, né? não vou deixar ninguém duplicar as chances deles usando a minha única.

como disse a Lola, força! é chato mesmo não ser levado a sério. eu não sou levada a sério ainda, então...

Elisa Maia disse...

Nossa, me identifiquei horrores com algumas partes. Eu achava que tinha sido a unica criança na face da Terra que era chamada de infantil (desde os 8/9 anos). o_O Até hoje não entendo o que isso quer dizer. A parte engraçada é que eu cresci achando as pessoas tão imaturas, enquanto elas me achavam "criança" (o que eu de fato era).

Fazer o quê? Nada. Eu segui meu crescimento normal, mas, Nicole, saiba que algumas pessoas nunca crescem. Eu tinha essa ilusão de que quando você virava adulto, a partir de uma certa idade, você também adquiria maturidade. Isso não é necessariamente verdadeiro. Muita gente não evolui nunca, que nem o Pikachu.

Comunidade de igreja, pra mim, só serve pra vigiar sua vida e te fazer sentir mal pelos seus atos e pensamentos. Fuja. Abandone a convivência com esses seres "iluminados" que só querem saber de julgar o resto do mundo. Ninguém consegue conviver com gente assim e ser feliz, a não ser que seja um deles. Você não é. Não tem a vocação. Então, vá viver sua vida sem culpa.

Gabriele disse...

Entendo como você se sente, Nicole. Minha adolescência passou há poucos anos (ou não, tenho 22, nem sei se posso me chamar de adulta ainda) e enquanto você escrevia fui lembrando desse sentimento. Sempre fui também uma deslocada, uma tímida que gostava de ler e desenhar, não gostava da maioria das coisas que os outros gostavam, não me sentia bem na igreja (que minha mãe impôs ser minha religião - até hoje ainda tento enrolar ao máximo pra não ir, mas morando junto é difícil, e ela não entende nada dos meus sentimentos quanto a isso, pra ela, a verdade dela é a única possível no mundo). Frequentei um tempo de forma mais "fiel" na adolescência, mas não gosto de lembrar dessa fase... Eu não parava de me policiar, de me sentir mal comigo mesma... Tinha que ir num lugar escutar que tudo o que pensava era errado, que o homem era a cabeça da casa e a mulher tem que ser submissa, que homossexuais são pessoas movidas pelo demônio, que as pessoas de outra religião estão todas condenadas, que sexo é uma coisa suja... Aff...
E realmente sempre ODIEI a forma como as pessoas menosprezam o sentimento de quem é jovem. Sinto isso até desde criança. Opinião de criança não vale nada, opinião de adolescente não vale nada. As pessoas acham que só porque elas já passaram dessa fase os problemas são pequenos. E não são. Eles são tão intensos quanto qualquer problema. O sentimento é tão vivo e digno quanto o de qualquer adulto.

Anônimo disse...

Nicole, esqueça o que os outros falam e faça algo bom pra você, as pessoas sempre vão nos decepcionar não importa a nossa idade, se concentre nos amigos de verdade e nos seus desejos.

Carol M disse...

Nicole, adolescencia é uma fase hard mesmo, mas passa.

Curta bem esses momentos de pensar na vida, eles servem pra você descobrir quem você é e o que você quer pra sua vida. Vc vai ficar triste em alguns momentos, mas o importante é se descobrir no processo.

Sobre pessoas. Identifique aquelas com as quais vc se sente bem, não interessa se são da igreja ou não. Amigos que te escutam, gente que se importa com vc e com quem vc se importa. Eles são ótimos pra esses momentos tristes.

E acima de tudo, a sua vida quem faz é vc. Claro que a capacidade de realizar coisas aumenta com idade, mas só vc pode tomar as decisões que vão guiar sua vida. Nunca deixe ninguém tirar essas decisões de você.

Vc não é a primeira nem a última a se sentir deslocada e desajustada. Vc não deve se enquadrar a um contexto, vc deve achar ou criar o seu próprio, onde vc se sente bem.

Força e boa sorte.

Jackie Martins disse...

Parecia que a Nicole estava contado a minha historia aos 14 anos.. e ate hoje ao 23 (como a anonima ali falou) eu tbm as vezes me sinto assim. A gente nessa idade realmente sente que não tem tempo, que nao vai viver o sufienciente pra aprender tudo, eu cheguei nessa idade a tomar remedio pra ansiedades por medo de dormir e não acordar mais.

E nao vou dizer pra vc Nicole, meu bem, que essa sensação passa, nao passa, mas dominiu, conforme a gente vai crescendo.
O que eu gostaria de perguntar é, vc tem algum esporte ou atividade q vc goste? isso me ajudou mto. Eu fiz natação e handball, me ajudava a manter minha cabeça longe de pensar besteira, pq alem da ansiedade eu tinha pensamentos nao mto agradaveis com o meu corpo. E eu frenquentava a igreja tbm, inclusive tinha um affair la tbm que na epoca era meu melhor amigo, tipo paixao platonica. Por isso me identifiquei mto com seu post.

Aos 17 anso eu engravidei, dai eu parei de fazer meus esportes e ir a igreja, faço faculdade de pedagogia na unb, hj me considero agnostica, mas ai ja eh outra historia.

A adoslecencia é um confusão mesmo, eu estive lá a parece que foi ontem, e normalmente eu era tbm a excluida turma, pq? sei lá... eu gostava de coisas difernetes, seila, eu não sei ainda.

O que eu quero dizer é que a vida pode tomar rumos inimaginaveis ou não, basta a gente acreditar, aguentar firme, ocupar nossa cabeça e nosso corpo, que vai dar tudo certo! Hoje estou mto feliz apesar de todas as circunstâncias dificieis que tive que passar.

Nicole, ainda tem muita coisa pra acontecer com você, muitas escolhas, muitas decisões dificeis, a vida é cheia de altos e baixos e acredite: vc ainda não viveu nem a METADE dela.

Beijos e Tudo de bom em tudo!

Lucas disse...

De forma simples, ser adolescente é foda.

Mas um ponto positivo sobre a adolescência é que ela acaba.

A minha não foi tão mar de rosas também. Era esquisito, não tinha muitos amigos, gostos e idéias diferentes da maioria, uma Igreja que eu não aceitava (me afastei da religião, mas depois me voltei pra uma que eu podia entender, do meu próprio jeito e nos meus próprios termos), e aquele sentimento de não se encaixar.
É duro pra todo mundo, se você é meio ponto fora do gráfico, é mais difícil ainda.

Mas ela acaba. E você diz que dos 14 aos 16 mudou muito, e acredite que até os 17, 18, 19, 25 (onde estou agora) você vai olhar pra trás e nem vai se reconhecer mais.

Isso não quer dizer que as angústias e dúvidas vão sumir, não. Você só vai estar mais calejada pra lidar com elas, vai descobrir com o que importa ou não esquentar a cabeça e vai entender que muitas coisas que parecem problemas não são (peso, altura, forma de pensar, gostos), são apenas a forma como você é.

E você vai aprender a lidar com a pressão, que adolescente sofre muito (responsabilidade, sexualidade, futuro).

Espero que não leia isso como "ah, coisa de adolescente, logo passa."
Sabemos que não é assim, você enfrenta um mundo hostil com a carga que tem, e que aos 16 tem certas limitações. E é foda quando os adultos esquecem que já foram mais frágeis (embora ainda o sejam).

Mas você está indo pelo caminho certo. Essa ânsia de falar, pensar, questionar, é o que vai te fazer um adulto melhor do que a maioria que se esqueceu como é ter essa força da juventude, de ver um mundo que é uma merda e perceber que tem coisa errada nele. Eles se acostumaram, não faça isso você também.

Crescer é foda, mas tem suas recompensas. Eu tenho 25 hoje (idade que aos 16 pra mim era o topo da vida "adulta") e parece que foi ano passado que eu tinha 18, embora um universo de coisas tenha mudado.

Acho que falei demais, e não sei se tenho algo pra dizer que possa aliviar esse peso pra você, mas se conselhos são válidos, eu tenho esse:
Take it easy.
Viva suas experiências do momento, questione, pense, experimente, chore bor besteira, seja "infantil", ria de coisas ridículas e "morra" de amor. É o momento que você tá vivendo e vai ser extremamente importante pra ajudar na sua formação de indivíduo e adulto.

A vida é dura, mas é bela, a viagem é longa e você tá só no começo. =)

Beijos e boa sorte!

Bruna disse...

Nicole, como já comentaram em outros comentários, também posso dizer que - com quase dez anos a mais que você - as coisas não mudam tanto assim com o passar do tempo, viu? Mas não desanima com isso! Todos nós vamos morrer sem aprender tudo que queremos aprender. Parece um pouco angustiante, mas é ótimo no fundo. Imagina só, quanta coisa, quanta gente, quanta ideia a gente vai conhecendo com o passar do tempo. E isso vai mudando a nossa forma de enxergar a nós mesmos e tudo em volta. Acho que o importante é não negar o que temos de mais nosso, a nossa essência, sermos fieis a nós mesmas, mesmo que mudando o tempo todo: fugir do que faz mal sem sequer nos dar perspectivas de mudanças positivas depois, quando temos tantas outras coisas para aprender. Força, moça! Aposto que essa confusão toda é causada por uma monte de ideias boas juntas...

Anônimo disse...

Concordo plenamente com a Jéssica. Eu tenho uma teoria q com a idade não nos torna mais sábia - só mais soberba. E a situação que a sociedade humana passou e ainda passa demonstra isso muito bem. Aliás, Nicole, não se engane, não existe "adulto" de vdd pelo menos não essa ideia comercial e pronta que nos empurram goela abaixo pra que não questionarmos nada nem ninguem.
A adolescencia só dura dos 13 aos 19 anos, mas as inseguranças, medos, e por que não, burrices, vai a vida inteira - somos somente human@s.

Samantha disse...

Lendo esse post, eu me lembrei da minha adolescência. Dizem que é a melhor fase da vida, mas, ao menos para mim, não foi um momento feliz.

Minha mãe costumava dizer que a adolescência é o cúmulo da ignorância elevada ao cubo. A princípio parece ofensivo (talvez seja), mas entendo o que ela queria dizer. Adolescentes pensam demais (alguns de menos), sofrem demais, amam demais, brigam demais, relevam demais. Tudo pode ser demais, mas isso não invalida o sentimento ou a sua existência.

Basicamente, quem diz que adolescente merece ser desconsiderado por ser adolescente é babaca. Simples assim.

Eu sofria, e ainda sofro, de depressão. Na adolescência, o ato e tomar remédios e ter que ir ao psiquiatra era visto como uma vergonha e humilhação. Eu aumentava a minha depressão, a tornava em algo insuportável. Mas isso não quer dizer que eu não tinha depressão ou que ela não era ruim e me deixava mal. Acho que esse exemplo esclarece essas frases prontas a respeito de adolescentes.

Não sei se você Nicole, chegou a sofrer os extremos de ser excluída socialmente ou ser motivo de chacota em razão da aparência, (eu fui), mas te digo uma coisa: It gets better.

Conhecemos, ao longo da vida, pessoas que ficam. Nós mesmos nos tornamos pessoas melhores. Quando eu era adolescente, em razão do bully, eu me tornei agressiva, fechada e... preconceituosa.

Sim, é horroroso assumir isso, mas eu era a típica mulher machista e homofóbica porque não sabia como extravasar o sentimento de impotência ante as coisas que eu sofria. Com o passar do tempo, melhorei como pessoa, conheci pessoas legais e bem... continuo baixinha e gordinha, mas um ser humano melhor e bem mais feliz.

Aos 16 anos, achamos que nosso mundo se resume a escola e aos nossos colegas. Quando saímos da adolescência e nos tornamos adultos, começamos a ir para a faculdade, a trabalhar, vemos que há um mundo enorme pela frente e muitas pessoas legais para serem conhecidas.

Lhe desejo sorte. Você tem personalidade e força, creio que irá ficar bem. =)

Chingis Khan disse...

Pois é Nicole.

Mas se você estiver lendo isso veja pelo lado bom. Todas as pessoas que comentaram aqui, disseram ter tido uma infancia/adolescencia parecida com a sua e são pessoas inteligente e exclarecidas.

Conselho nunca é bom, se fosse ninguém dava. Mas vou dar mesmo assim, fica a seu critério acolhe-los ou não:

1º - Olhe para você e não para os outros. Os adultos julgam os adolescentes imaturos e fúteis porque aprenderam a dar menos importancia para o que os outros (Os outros são sempre o problema) pensam deles e mais sobre o que eles sabem sobre si mesmos. Todo adolescente quer fazer parte de um grupo, quer ser aceito e muitos anulam suas melhores qualidades para atingir esse fim. Tornam-se ocos e sem brilho. Melhor ser uma estrela solitária do que um monte de asteroides sem graça, certo?

2º - Diante de um problema: REFLITA e decida com base o que diz o seu coração.

É assim que adultos maduros fazem. Eles não tem respostas definitivas, mas aprenderam a responsabilizar-se por suas decisões sem escorar-se nos outros.

(Adultos maduros e responsáveis... coisa rara de se encontrar viu...)

Paola disse...

Eu acho q ser adolescente tem uma parte boa: nós vivemos intensamente e queremos mudar as coisas.
Nesse aspecto, aos 29 anos, ainda me considero adolescente. E assim pretendo continuar por bastante tempo.
A gente envelhece (negativamente) qdo começa a dizer, por exemplo: "Agradeço a minha mãe pelas surras que ela me deu..."
Nunca quero me tornar uma adulta "hipócrita", prefiro continuar com os meus pensamentos adolescentes.

rizk disse...

Olha, aí acho que tem que ter cuidado. Porque nós estamos aqui falando que as coisas MELHORAM.

Elas PODEM melhorar, se a gente for capaz de trabalhar a nossa resiliência. Pra nós comentaristas a vida mudou, nós revolucionamos, hoje as coisas andam bem e a gente nem lembra daqueles que nos fizeram sofrer e chorar.

Agora, tem gente que não se prioriza, que não entende que superar é preciso, e carrega o lixo pra sempre. Carrega trauma da família, d@ primeir@ namorad@, da escola, de animal de estimação, do primeiro acidente de carro, não sabe deixar pra trás.

Aí a vida continua dando errado, e as pessoas dizem "putz, não fui criado pra ser diferente disso, a culpa é da minha criação, da minha mãe, da tia do pré-primário" etc.

Penso que sim, a gente cresce, se autonomiza, cria os próprios laços de solidariedade, estabelece as próprias prioridades, mas desde que a gente ESCOLHA isso, desde que ESCOLHA não viver do passado.

E, a meu ver, isso não é só transição da adolescência pra idade adulta (que é uma coisa super ficcional), não, é uma prática cotidiana.

O que acham?

Anônimo disse...

Olá Nicole,

Todos nós, acredito, temos conflitos internos para resolver sempre, independentemente da idade (eu ainda tenho muitos). A adolescência é considerada como uma das fases mais conflituosas na vida de um ser humano, senão for considerada a pior. Mas acho que cada caso é um caso. Conheço gente que passou bem por ela e que tem maiores conflitos depois de adultos.
Também tive problemas de autoestima e minha criação foi muito dura. Eu tinha pouca liberdade e senti um super alívio quando fui estudar fora da minha cidade. Descobri uma parte de mim que eu desconhecia; vi que o mundo pode ser melhor do que a gente pensa (embora eu ainda seja um tanto revoltada com a humanidade) e que existem pessoas diferentes, pessoas que nos compreendem e que não julgam. Claro, são exceções, mas fui presenteada com amigos que me ensinaram muitas coisas. Que me ensinaram que certos comportamentos que eu achava errado não eram, que certas atitudes que eu considerava egosítas não eram. Aprendi a me amar um pouco mais, a me soltar um pouco mais. Minha autoestima está longe dos 100% hoje rs, mas quanto mais o tempo passa, mais a gente se depara com gente 'boa' (não vou negar que ruim tb) que, diferentemente daqueles que só sabem apontar nossas falhas, destacam nossas qualidades. Depois da faculdade, fui morar fora do país e lá, aprendi ainda mais sobre as diferenças, sobre aceitar melhor as pessoas. Minha autoestima melhorou ainda mais, pois naquele meio eu era considerada super bonita, atraente, interessante. Tudo o que eu não me considerava no Brasil. Não estou te estimulando a sair daqui rsrs, veja bem. É que minha experiência foi muito enriquecedora no exterior e me ajudou a me tornar uma mulher diferente. E hoje em dia ainda aprendo muito com as novas pessoas que conheço. Eu mesma já tive (e ainda tenho) meus preconceitos, já julguei muito (e às vezes ainda me pego julgando os outros), mas tento me policiar. (PS.: temos de ter cuidado ao julgar os religiosos tb. Vejo que muitos, por causa da maioria na igreja, também são julgados injustamente. Nunca podemos generalizar. Também falo isso com conhecimento de causa, por ter frequentado igreja. Há, sim, os hipócritas, mas tem gente que me ajudou MUITO). Outra coisa que aprendi é que, assim como posso abominar o ser humano às vezes, sou capaz de admirá-lo também. Porque existe muita gente boa sim e que vai, mesmo involuntariamente, ajudá-la a se aceitar, a se amar.
Antes da faculdade, dos 14 aos 16, tive meu período de contestação, revolta. Passei a me vestir um pouco diferente, criei um estilo, como uma 'marca'. Mas nada que tenha chocado ninguém rs! Me rebelei contra certas pessoas da família, resolvi ter 'atitude'. Não me arrependo, fez parte do meu crescimento e amadurecimento. Faria diferente hoje? Talvez, mas porque hoje sou diferente. Sei que essa 'rebeldia' também me trouxe consequencias irreversíveis; nada grave, só que hoje eu entendo que os 'outros' que me criticavam, muitas vezes (na verdade, na maioria delas) não sabiam a angústia e sofrimento que estavam causando em mim. Percebo hoje que eles (em alguns casos) faziam isso 'achando' que era para o meu bem. Não me faziam críticas tão diretas ou duras, mas eram coisas sutis que, no fim das contas, significavam para mim: 'você está errada, deveria agir de outra forma'. 'se vc não mudar, ninguém vai te querer, etc.'
(continua...) Talita

Anônimo disse...

E outra, o comentário da Paola - "Hoje em dia, entre os primos, faço parte de um grupo (de poucos) que se formaram, se sustentam e viajam.
E kd os meus primos q me criticavam??? A vida deles evoluiu quase nada nos últimos anos..." - me fez lembrar tb do meu caso. Hoje sou independente, admirada pelos amigos e família, viajo, tenho uma vida pessoal bacana e bem resolvida, PORÉM tive que enfrentar muita gente lá atrás me criticando: me chamando de nerd, de tímida demais, etc. E, como disse, tive uma criação muito dura, restrita, mas veja o lado positivo: coloquei na cabeça que enfrentaria os obstáculos e que minha vida seria melhor no futuro. E é viu? Digo, por experiência própria, que o sofrimento me fortaleceu, me fez evoluir muito. Tenho meus problemas internos ainda, claro. Alguns de outra natureza, outros são fruto do passado, sim; não posso negar. Mas enxergo-os de maneira mais tranquila hoje, sem me desesperar. Sei que o que passo não é diferente do que passam milhares de pessoas nesse mundão afora. Tento trabalhar e enfrentar meus 'complexos' da melhor maneira possível. E tem dado certo, porque hoje tenho mais força e maturidade. Mas também tenho pena dos que tanto criticam os outros. Eles, muitas vezes, não fizeram por mal (no meu caso específico). Eles tinham as 'verdades' deles. Hoje eu decidi me afastar de pessoas assim. Não os critico, que eles vivam com quem pensa da mesma forma que eles.
Boa sorte para você! Verá que seus problemas serão um gatilho para vc se tornar uma adulta excepcional, admirável e muitos ainda vão te dizer: "nossa, queria ser como você!" Força!
Talita

Anônimo disse...

Então, não faz muito tempo que saí dessa fase...mas o que eu posso te falar, que realmente ao 16 é tudo tão intenso, mas depois você descobre, se descobre que não era bem assim...Aproveita, todas as fases devem ser aproveitadas, gostaria tanto de ter a cabeça que tenho hj com 23, quando eu tinha 16,seria tão mais simples, me aceitar, aceitar os outros...pensando bem acho que seria revoltada, pq teria coragem de mandar muita gente p casa do c******.
Enfim, eu acho que as coisas melhoram, mas lembre-se essa idade, essa vida, tem seu lado positivo, nem que seja ainda poder assistir sessão da tarde.

Bruno S disse...

Nicole,

o pior da adolescência é que depois de um anos acabamos tendo saudades dessa época.

Acho que com o passar do tempo os problemas mudam (não se engane, sempre teremos problemas para resolver/temer/nos f...), mas os do passado, os quais já superamos ficam romantizados.

Sinceramente eu sinto falta do tempo livre e das responsabilidades limitadas da época. Assim como não sinto falta de um monte de problemas que tinha.

Hoje, aos 29 anos, alguns dos maiores prazeres ainda são os mesmos de então, ou momentos que me sinto como me sentia à época.

Resumindo. A adolescência é uma merda e o que vem depois também é ruim. Mas a adolescência parece melhor depois que já passou.

Val disse...

Nicole! Força na peruca!

A melhor coisa da adolescencia é que ela termina!(cedo ou tarde)

Funciona mais ou menos assim: tenha seu próprio dinheiro e faça o possível para ser coerente nas suas escolhas. Pronto.
Quando alguém vier meter o bedelho na sua vida vc vai poder simplesmente dizer: "Alooou? vc paga minhas contas?"

E não desanime,ainda tem muita agua pra rolar... o importante é estar bem consigo, com a sua verdade, mesmo que vc não saiba exatamente que verdade é essa.
O resto vem por consequencia.

Ah, e aproveita que todo mundo pensa que adolescente é tudo maluco mesmo e solta a franga menina! rsrsr

bjos e divirta-se!!!

Blanca disse...

Esse post parece ter sido escrito por uma amiga minho. E parece MUITO. Gente. Tô passada. Sabe. A idade. Altura e peso. Igreja. Vegetariana. Tímida. Cabelo curto.

COMO ASSIM? HAUAHAUAHUAH

Nicole, posso só compartilhar da sua "dor", tenho 15 anos e apesar de ser bastante diferente, por dentro é isso, não preciso dizer mais nada, preciso?

Boa sorte :**

Lord Anderson disse...

Adolescencia.

Tai um tema que possibilita um amplo aspecto de debate.

Até pq, a adolescencia é um conceito relativamente recente.

Antes do sec XX , vc ia da infancia pra idade adulta sem esse tempo "intermediario".


Infelizmente, a sociedade de consumo tornou essa fase em mais um alvo pra uma infinidade de produtos.

Ser adolescente para muitos é consumir certos itens, se comportar de determinadas maneiras.

Até o questionamento desse periodo fou incorporado no sentido de rebeldia sem causa.

Há, ou pelos havia, uma certa complacencia com o adolescente rebelde, enquanto ele é mais jovel, pq depois que "virar" adulto, vai ter que largar essas bobagens.

Enfim....divagando, mas o post da Nicole me faz lembrar daquele poema do Victor Hugo que dizia:

"Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós. "

Death Neko disse...

Me identifiquei muito com a Nicole... Agora estou com 17 anos. De fato, na nossa idade sempre temos que lidar com pessoas dizendo que o que sentimos é só passageiro, que estamos de frescura, nossas lutas ou gostos não são sérios, são só momentâneos, queremos só aparecer. Pessoalmente, considero isso ridículo. Afinal qualquer um de nós pode mudar subitamente. Em qualquer fase da vida. Bem como existem aqueles que mantém um padrão. Então por que os adolescentes são tidos como um monstro em mudança?
Eu também sempre pensei diferente das outras crianças, e levei muito na cara por isso. Ainda assim dizem "blabla você era tão melhor quando tinha tal idade", "vocÊ é uma fanática", "não quer ter filhos? daqui a pouco você muda de ideia, você é só uma adolescente" ~ e por aí vai.

Ginger disse...

Nicolle sei como vc se sente!!!

Estou ai na faixa etária dos 15-17 anos e sei como é horrível esse lance da perseguição!!!

Eu tb sou muito diferente, mas acho que minha timidez não é algo que venha de mim tb, sei lá, aprendi a me fechar no meu mundo, sozinha com meus pensamentos...

Mas eu aprendi que pensar é muito bom! Hoje pode parecer segregador, mas o fato da gente procurar levar a vida de uma maneira mais critica não nos separa, nos coloca juntas com o que realmente importa!

Sei lá, depois que eu passei a aceitar meu modo de ver as coisas, pude deixar de lado as amizades que me faziam mal, me perseguiam...(amizades entre aspas) e agora estou buscando estar ao lado de pessoas como eu.


Eu acho que a gente vai se adaptando!!! Vc vai perceber!

XD

Anônimo disse...

"Viva suas experiências do momento, questione, pense, experimente, chore bor besteira, seja "infantil", ria de coisas ridículas e "morra" de amor. É o momento que você tá vivendo e vai ser extremamente importante pra ajudar na sua formação de indivíduo e adulto."[2]
É exatamente isso, tudo o que acontece na adolescência É importante, é o primeiro contato real com o mundo externo, com os problemas da vida.
Os "adultos" tendem a menosprezar os dilemas da adolescência justamente porque já passaram por isso e já sabem como é, ou seja, pra eles, é coisa passada. O que esses adultos esquecem, é que você está passando por essas crises pela primeira vez, e que enfrentar problemas pela primeira vez é sempre mais difícil e assustador.
Mais empatia seria perfeito, o famoso "saber ouvir". Perdi a conta de vezes que ouvi essa frase na infância. O mais irônico é que o "saber ouvir" não é praticado por quem nos ensina, os adultos.
Isso de não levar crianças e adolescentes a sério é de uma babaquice tremenda. Fazem isso e depois reclamam da timidez, da baixa auto-estima, da revolta, etc.
Também fui muito criticada por familiares por ser "diferente" (leia-se: não me vestir como uma boneca, não gostar de usar brincos e colares, não alisar o cabelo, não ir a festas, não ser extrovertida, etc), mas faz parte de mim e eu não mudaria meu jeito por nada no mundo. Aprender a se gostar como é, sem se comparar com os outros, é o primeiro passo. Se impor ajuda também, traz respeito. Vá no seu ritmo, sem cobranças. Força, Nicole!

Anônimo disse...

Nicole, tanta coisa boa o pessoal aqui já escreveu se reportando ao seu texto que nem sei se vou conseguir acresce4ntar algo, mas vamos lá...

Descubra seus talentos e, entre eles, o maior. Desenvolva esse talento sem negligenciar seus talentos menores. Nos EUA adolescentes assim como vc deram por aprender tricô... isso mesmo! Você não imagina o efeito calmante que isso proporciona. Além do que a pessoa desenvolve o lado artístico. Eu sei, eu sei que parece banal, mas posso te garantir que ao terminar seu primeiro cachecol vc se sentirá tão animada que não vai mais parar. Homens prisioneiros em algumas cadeias americanas tb estão se submetendo à terapia do tricô e vi uma entrevista com vários deles e absolutamente todos se gabando da atividade. Na antiguidade, o tricô era uma atividade masculina... pescadores tricotavam suas redes.

Agora vou te dar outra dica... a leitura de um livro pouco conhecido... a autora? Simone de Beauvoir. O título do livro é "Memórias de Uma Filha Dedicada". Ela começa contando desde a infância até qdo ela entra para a Escola Normal (pra ser professora), onde ela conhece Sartre, seu eterno amante.

Simone de Beauvoir teve sérios problemax com a mãe, uma católica fervorosa e qdo a jovem Simone declarou-se ateia a mãe cortou relacionamento com a filha. E no livro vc vai ler sobre Simone, os pai dela, e a irmã dela. Depois de décadas afastada mãe, pq a mãe não aceitava o estilo de vida da filha, Simone tinha lá seus 60 anos, ela ajudou a cuidar da mãe que morria de câncer e o livro sobre esse experiência é "Uma Morte Suave".

entre "Memórias de Uma Filha Dedicada" e "Uma Morte Suave", Simone de Beauvoir escrevu muitos outros livros. Você tb poderá ler de Sartre (Jean-Paul Sartre), "Palavras". Ele fala da infância e adolescência do menino inadequado que ele se sentia e do relacionamento com o avô.

Faça-se forte. Ninguém o fará por vc. Você tem a força interior e basta acreditar-se.

Ah... mais um livro cuja personagem adolescente poderá te ajudar tb "A Elegância do Ouriço" e me esqueci o nome da autora que, como Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, é filósofa e... francesa.

Enqto vc estiver sob o teto dos seus pais, não vejo como vc vai conseguir deixar de frequentar igreja sem causar muito aborrecimento pra vc mesma. Deixando de lado o aspecto religioso, a Bíblia é uma leitura fantástica que pode nos proporcionar muito saber nas mais diversas áreas. Escritores e filósofos ateus todos sempre tiveram um profundo conhecimento dos textos bíblicos. Graciliano Ramos era ateu e tinha a Bíblia como livro de cabeceira pq admirava a semântica, a literatura.

Se vc se vê obrigada a frequentar igreja, ao menos tire algo de positivo em seu próprio benefício. E continue frequentado esse espaço sempre que possível. Uma abraço.

Flavio Moreira disse...

Nicole:
Mantenha a força, a calma e a cabeça fria. Você é muito inteligente e saca bem as pessoas ao seu redor - isso é um trunfo.
Adolescência é difícil, mesmo, mas, como já disseram e você pode ver pela quantidade de comentários, que não está sozinha. Cada um de nós teve uma adolescência difícil e as experiências não se comparam porque elas são únicas. Não deixei jamais que alguém despreze suas dores e angústias porque elas são só suas e ninguém, por mais compreensivo que seja, saberá exatamente o que você está sentindo.
Mas existem pessoas solidárias. Como os vários comentaristas de seu guest post. Anos atrás quase nenhum de nós teria acesso a esse mecanismo bárbaro que é o compartilhamento de experiências que, por exemplo, o blog da Lola proporciona.
Aqui há espaço para debates, críticas e reflexões. E também para encontrarmos pessoas que nos compreendem e, de uma forma ou de outra, acabam nos ajudando pelo exercício da reflexão e do pensamento crítico.
Quando conheci o blog meses atrás tinha uma série de (pré)conceitos sobre feminismo, por exemplo, que se modificaram a partir dos temas debatidos aqui.
A troca de experiências entre pessoas que passaram por situações similares ajuda-nos muito e eu espero que você faça uso desse espaço sempre que se sentir sozinha ou que não está sendo ouvida. Acho que posso falar pelos colegas de comentários: nós estaremos sempre dispostos a te ouvir e trocar ideias. Os sofrimentos e angústias mudam com o passar dos anos, mas o que nos faz seguir em frente (pelo menos para mim) é a certeza de que há outras pessoas como eu no mundo e que ao entrar em contato com elas sinto-me menos sozinho. A solidariedade é uma bênção! (rs)
Palavra de um adolescente de 46 anos!
Força para você.

Anônimo disse...

Eu, tive uma adolescência terrível, eu cresci rápido. Com 8/9 anos já conversava com minha mãe sobre coisas que eu acho que uma criança não deveria conversar tão seriamente. Falava com ela sobre problemas financeiros, como fazer para o $ render mais, como nós podíamos gastar menos. Como arrumar uma renda extra pra ajudar, eu queria trabalhar naquela época. Eu fazia bolo e coxinha e vendia na escola. Aprendi a fazer crochê e ponto cruz e vendia pras pessoas. Com 12 anos, entreguei panfleto na rua. Eu não lembro de ter sido criança depois dos 8 anos. Não lembro de brincadeiras ou outras coisas. Eu lia, lia e lia, o tempo todo.
Com 12 anos eu fui assediada/abusada por um parente. Não contei a ninguém. Estudava o dia todo(em uma escola de período integral), ia a igreja, era voluntária. Fui do grêmio estudantil. Tinha amigos nessa escola, pessoas que passavam o dia todo comigo. Pessoas que as vezes eu queria matar e que hoje eu sinto saudade.
Com 15 anos mudei de escola, pra uma escola particular, com uma bolsa de estudos. Nessa escola apenas 2 pessoas da minha turma falavam comigo, por que eu era "a bolsista".
Com 16 anos comecei a trabalhar, na parte da tarde/noite.
Eu não tinha nenhuma vida social.
Com 17 anos eu fui estuprada e não tinha ninguém, nenhum colega da escola era meu amigo. Meus amigos antigos estavam afastados. Eu estava sozinha, no auge na minha adolescência.
Depois disso, resolvi fazer o que dava na telha. Saia pra balada, ficava com os rapazes, da minha idade, mais velhos, ia pra cama com ele(com camisinha).
Tinham momentos em que eu queria morrer outros em que eu achava que podia qualquer coisa, já que eu tinha passado por coisas horríveis.
Me formei. Fiz curso técnico. Fiz amizades. Fiz 18 anos, 19 anos. Fui libertina.
Comecei a namorar, fazer faculdade, me mudei de cidade. Engordei.
Ouvi porcaria por ter engordado.

Tenho 26 anos e gostaria de ter menos de 17 ainda.
Gostaria que minha infância tivesse sido melhor. Que meu pai não fosse alcoólatra, que ele não pegasse o $ da comida pra comprar cerveja.
Que eu não tivesse tido que comer arroz e banana e só.
Que minha adolescência não tivesse acontecido.

Nicole, força.



Menina

Sara disse...

Nicole já faz muiiiiito tempo que passei pelas coisas que vc esta passando agora, mas bem diferente do que vc tem escutado não vou te dizer que as coisas que vc sente agora vão ser esquecidas mais para frente, muito pelo contrario, com exceção do nascimento de minhas filhas que ocorreu mais tarde, as coisas mais importantes na minha vida aconteceram justamente na idade em que vc esta, conheci o homem que eu mais amei com exatos 14 anos de idade, e quer saber, bem diferente do que até eu mesma acreditava, nunca consegui esquecê-lo, outras coisas muito importantes na minha vida aconteceram até meus 17 anos de idade, pra mim essa foi uma fase muito importante, que determinou muito do que sou até os dias de hoje, não falo isso com intenção de te assustar, queria apenas que vc tivesse consciência do que esta vivendo.
É claro que vc tem a vida inteira pela frente, e embora seja chato ter que esperar por coisas que agora devem ser importantes pra vc, como liberdade, independência, saiba que vc já começou a construir seu futuro.

Alana disse...

Nicole. Eu tive uma adolescência que, acredito, pela sua descrição, foi parecida com a sua. O que eu posso dizer é: brigue por você. Quando alguém te criticar e você não concordar, rebata. Não necessariamente brigue no sentido literal (embora algumas vezes brigar seja necessário), mas se defenda. Não deixe os outros falaram o que quiserem pra você (e isso inclui a família), quando, no final, só você sabe quem você é. Foi muito difícil ganhar o respeito da minha família e parar de ser tratada como criança, ou como uma adolescente com a cabeça nas nuvens, pra usar uma expressão que eles adoravam. Mas, no fim, eu consegui. E valeu a pena. No final do processo, a gente se ama mais, e acredita mais no que somos. É uma batalha (no meu caso, brigas homéricas com minha família, e muita choradeira pra todo lado...Rs) com todo mundo, o processo de ser adolescente e, então, se tornar adulto. A gente meio que precisa provar que cresceu. Além disso, a angústia e raiva que a gente guarda por ficar calado faz muito mal. Eu tenho depressão desde os 13 por causa disso, e logo eu faço 21, veja bem. Se você puder, procure fazer terapia. Ao contrário da crença popular, de que terapia é só pra quem tem problemas psicológicos, terapia serve também para a gente ganhar auto-conhecimento. Eu acho maravilhoso, talvez você vá gostar também :)

Anônimo disse...

Tenho 19 anos, mas achei esse post pura frescurite.

taty disse...

Nicole,

Como todos já falaram, a adolescência é uma fase difícil mesmo.
Eu gosto muito do conceito do Cotardo Calligaris sobre a adolescência: É uma espécide de moratória. "há um sujeito capaz, instruído e treinado por mil caminhos - pela escola, pelos pais, pela mídia - para adotar os ideais da comunidade. Ele se torna um adolescente quando, apesar de seu corpo e espírito estarem prontos para a competição, não é reconhecido como adulto. Aprende que por volta de mais de dez anos, ficará sob a tutela dos adultos, ..."

É uma fase em que a pessoa perdeu a graça de criança, mas ainda não é reconhecido como adulto. Deste modo, a insegurança e os questionamentos são inerentes à adolescência.

Anônimo disse...

@ Anônimo
"Tenho 19 anos, mas achei esse post pura frescurite." 13:30

Who cares? Ou tu achas que vamos levantar uma tremenda polêmica por conta do tal "achei . . . frescurite." Be happy/

aiaiai disse...

Nicole,

Neste momento, o seu texto me ajudou mais do que eu possa ajudar a você. Estou vivendo um período muito turbulento com o meu filho que, com 13 anos, está justamente começando a sentir tudo o que você descreve que sente. Principalmente a questão de sentir-se inadequado de alguma forma. Seu texto me fez pensar se estou sendo uma mãe que ouve ou que só quer dar palpites. Tento fazer a primeira coisa - ouvir. Mas, me pego muitas vezes apenas dando palpite. Valeu!

Como pessoa (não mais como mãe) só posso te dizer que a vida é difícil mesmo, sempre! Sofrimentos, problemas e desgastes fazem parte, assim como alegrias, soluções e tranquilidade. Nunca tem 100% de um lado ou outro, é sempre tudo junto e misturado. Força!

Marcello disse...

Nicole, conta pra gente que é seu ghost writer... E isso foi uma bricadeira, claro.

Sério, você escreve realmente muito bem, com clareza e fluidez. E se faço esse destaque, é porque o ato de escrever (e eventualmente publicar) talvez possa te ajudar a atravessar esse fase difícil... chamada vida.

Quanto à igreja, run to the hills!

Fefa disse...

Nicole, não sei se ajuda mas, eu com 33 anos me sinto assim, sou questionada assim, enfim, me vi em várias situações como a sua.
Sabe o que muda? a nossa forma de absorver o problema, isso é pessoal, vc vai aprender, mas não digo isso pq vc é nova e sim pq a gente só aprende de tanto que apanha, pode ser que seja daqui a um mês, um ano, vários anos, mas vc vai descobrir a sua maneira.

E no mais, eu penso assim: as pessoas sempre criticam o que acham estranho pelo simples fato de ser diferente. O diferente é alvo, eles não entendem vc, logo o problema é vc e não eles, sabe?

Um beijo, força e olha, não deixe de viajar nos seus pensamentos!! Nunca!!

Angélica disse...

Nicole, mulher.

Vish, nem te conto as minhas peripécias adolescentes. Sempre fui excêntrica e sentia que deveria pertencer a algum grupo, o dos excêntricos. Depois descobri que a vontade de pertencer tirava a minha melhor qualidade: ser excêntrica.

Aprender a me amar, a descobrir as coisas sem me forçar a entender tudo muito ao mesmo tempo agora vem sendo a minha revolução pessoal.

Tenho 26 anos.

Aprendi que "estamentar" essas fases, institucionalizar a idade é muito severo.
Prefiro me entender que, como uma pessoa comum, tenho as minhas crises.
E aprendi a "fazer do meu limão uma limonada (poxa, que clichê, né? mas é real)": se tenho crise, é porque reflito sobre a minha realidade e amadureço.

Sinta-se na metamorfose, amadurecendo no seu tempo!

Aprenda a tirar as lições, evite se vitimizar e, sobretudo, guarde sempre que a vida só tende a melhorar.

Tudo nosso, mulher! Desbrave o seu mundo, desbravando o mundão!

Se eu puder dar uma dica (pesada) de leitura, leia "a metamorfose" do Franz Kafka. É um livro complexo, mas é uma literatura para o resto da vida.

Seja feliz!

Kuro Honoo disse...

Eu tenho 14, e me sinto da mesma forma. Não admito que falem que eu sou uma criança. Eu passei por muito mais coisas que muitos adultos, e também sofri e amei muito mais do que muitos adultos. A idade não define absolutamente nada. Quando eu comecei a namorar (estou há 2 anos e um pouco mais com o mesmo cara), todo mundo dizia que era besteira. É, uma besteira beeeem longa... Enfim, não ligue. É realmente difícil acreditar em si mesmo nessas horas, mas é o melhor que você pode fazer. Depois de muito pensar, pesquisar, eu descobri que haviam pessoas que partilhavam dos meus pensamentos. Eu partilho dos seus, então, força! Você não está sozinha!

Frustração Diária disse...

Como muit@s eu tambem me identifiquei profundamente com você, Nicole. Principalmente com a parte da igreja.

Minha familia também é religiosa e sei muito bem o que é ter que lidar com as pessoas desse meio se interessando tanto pela nossa vida, mesmo sem darmos papo pra elas. Sei o que é ter que frequentar um culto com qual você discorda, e sei como é dificil ir contra a familia quando você não tem independencia financeira (ainda).

Mas acredite, a maioria das veses é melhor aguentar firme as exigencias da familia pra que você possa se formar e ter um bom futuro independente, do que simplismente ir contra tudo e acabar comprometendo seu futuro. É tudo uma questão de momento, momento CERTO.

Eu também fui/sou a que nunca aceitava qualquer coisa que me dissesem, a que não aceitava padrões e papeis pré-estabelecidos, enfim, a que pensava demais, criticava demais. Diferente demais. E como uma amiga me dizia, 'O diferente incomoda', e é verdade. Mas eu passei a gostar de ser o diferente, por que no dia que eu deixar de incomodar terei me encaixado num padrão que pra mim não faz sentido algum.

Entao amiga, se orgulhe de ser diferente, de pensar, criticar. Com respeito aos outros sempre, mas nunca deixe de ser quem você é.

Meus pais tambem sempre subestimaram meus problemas, minhas capacidades, meus sonhos e etc. Mas o que importa é o que eles significam pra você, seus problemas da adolescencia vão te fazer ficar muito mais forte, e seus sonhos e capacidades vão se multiplicar e se tornar cada vez mais reais, se você der valor a eles e a si mesma.

Isso é tudo que eu aprendi até agora, e é tudo que eu tenho pra te dizer. Aguenta firme, as coisas tendem a melhorar aos poucos.

Natasha disse...

Oi, Lola!
Não tem a ver com este post, mas sim com aquele sobre parto.
Saiu na Zero Hora um comentário sobre um estudo inglês que diz que o parto em casa aumenta em 3 vezes o risco de morte do bebê!

http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/donna/noticia/2011/11/parto-em-casa-aumenta-em-tres-vezes-risco-de-morte-de-bebes-diz-pesquisa-inglesa-3577264.html

Como eu vi algumas pessoas defendendo o parto em casa naquele post, achei interessante trazer.
Um beijo!

Arlequina disse...

Nicole,

Me sinto tão perdida quanto você, embora eu seja um pouco mais velha. Da minha parte, você tem o consolo de pelo menos, não estar sozinha em seus medos e aflições.

Se encontrar é difícil e é pior quando você vai às fronteiras do mundo perseguindo um sonho que você descobre que não te faz tão feliz quanto você imaginava.

Se eu posso te dar um conselho [e talvez você nem deva acatar] é: não projete as expectativas do agora pro futuro. Não pense que as coisas vão magicamente se resolver quando a 'adolescência acabar'. Aliás, não coloque um evento chave na sua vida que vai mudar tudo - tipo "quando eu chegar na faculdade" ou "quando eu sair da igreja". As coisas podem melhorar bastante, mas isso não será o fim de todos os seus problemas. Sei que parece besta dizer isso, mas enfim, é o que eu diria.

Desculpa não poder ajudar mais. Continue na luta, aguenta firme, estamos juntas nisso. E bola pra frente.

L. Archilla disse...

Super me identifiquei com alguns trechos do seu relato!

Eu frequentei a igreja com minha família até os 13 anos. Nunca tive nenhum problema sério com alguém de lá, mas tb nunca gostei de ir. Depois minha mãe mudou de religião, pra uma bem mais rigorosa, e eu não fui obrigada a ir, mas me sentia mega culpada pq absolutamente tudo q um adolescente comum faz era condenado pela igreja. Aí tocava eu fazer escondido... aí é aquela coisa, já q eu fazia escondido, mesmo, porque não ir um pouquinho além? E nessa eu despiroquei totalmente dos 14 aos 16... até minha mãe descobrir tudo e me obrigar a ir na igreja de novo, pq, segundo ela, eu tinha o diabo no corpo! Claro, né, onde já se viu um adolescente q transa, bebe e fala palavrão? ahahahhaha

Frequentei a igreja dela durante uns anos e fui largando aos poucos. Hj ainda moro com ela, mas nossa relação melhorou muito depois q ela fez anos de terapia.

Tb me identifiquei com o lance da cobrança sempre ter sido maior em relação a vc do q com as outras crianças! Bom, nunca me chamaram de infantil, muito pelo contrário, eu era a "pequena adulta" da turma, e minha família sempre me elogiava, como se isso fosse um dom natural. Mas me lembro bem de ser duramente reprimida a qualquer tentativa de descontração ou rebeldia. Tenho na memória uma cena ridícula... minha mãe estava com visita em casa (um moço de 20 e poucos anos), eu briguei com meu irmão e fui reclamar: "mãe, ele tá enchendo meu saco!" - NUNCA vou esquecer o fuzilamento visual q recebi naquele momento! E depois, longe da visita, o sermão, porque onde já se viu uma menina de uns 9 anos falar "enchendo meu saco"!

Se eu questionasse pq meu irmão podia um monte de coisa q eu não, a resposta era pelo gênero. Se eu falasse q todas as crianças da escola faziam tal coisa q minha mãe não permitia, o argumento era o básico "vc não é nenhuma delas, vc é minha filha e eu não deixo".

Nossa, dava um guest post tudo q eu já vivi e observei (e ainda observo) sobre a criação diferenciada de meninos e meninas!! Não é à toa q os relacionamentos não duram, a gente cria uma sociedade esquizofrênica!!

Mas voltando ao assunto, entendo super a sua revolta. Fui muito revoltada internamente, quando criança, e externamente, na adolescência, até iniciar a vida adulta como uma pessoa amarga e rancorosa... hj faço terapia e melhorei 1000%. Claro q a melhora não se deve SÓ à terapia, mas tb ao fato de ter amadurecido, o q naturalmente acontecerá com vc tb. Por enquanto, o jeito é respirar fundo, conversar e desabafar sempre que puder e acreditar q sim, essa fase passa!

Anônimo disse...

Nossa esse post me fez lembrar da minha adolescência, apesar de n fazer tanto temp assim, já que tnho 21 anos. Foi uma fase muito difícil, eu sofri d++, e tmb foi a época em q fui + feliz. Eu tmb n me encaixa muito, pnsava diferente da maioria dos outros adolescentes, (era e ainda sou)tímida, lia muuuuuuito, atéia. As vezes td era tão ruim q qria morrer, mas felizmente tinha amigas q pensavam cm eu, e felizmente td foi + fácil de suportar. A fase mais dificil foi dos 15-17, qnd mudei de estado e n tinha amigos. Me isolei totalmente, no colegio n falava c ngm, só lia,lia e lia. Depois fui me acostumando...as coisas mudaram msmo qnd entrei na facul e pude encontar pessoas maravilhosas!! Amei o poema do V. Hugo q o Lord A. colocou.

Anônimo disse...

Nicole,

Acho que tudo o que falarmos para você sobre "isso vai passar" não adiantará, pois comigo foi assim. Minha adolesência foi muito pesada e difícil, tive depressão e tudo mais, me sentia muito sozinha, humilhada...Mas bem, não que as coisas tenham passado, mas elas mudaram.Antes o que era visto como um grande problema hoje é visto cm um problema corriqueiro. O que me fazia chorar hoje me faz ficar meio chateada, mas não chorara. me tornei forte, as experiências me fizeram olhar mais pra mim mesma e perceber que não importa se não me consideram, se sou vista como fútil (cm vc se sente, por ser adolescnete), o importante é o que eu sei de mim e seguir acreditando nisso, pq se vc não se ouvir Nicola, ninguém mais ouvirá.
Te desejo toda a sorte do mundo, vc verá cm td um dia se tornará mais leve.Bjos da Day.

Anônimo disse...

Ah, e eu sou da igreja, sou cristã d euma igreja imensamente tradicional e te digo:Não se esplehe em ninguém de lá!Ninguém é o exemplo!Muitas coisas que dizem são idealizações que não se aplicam ao mundo real. O problema não é a igreja, são as pessoas que a frequentam. se vc quiser servir a Deus, saiba que ele te ama e é a ELE que vc deve agradr e se espelhar. Não dê ouvido aos outros, ninguém sabe da sua vida cm vc.

L. Archilla disse...

Putz, agora q li a mensagem da arlequina vi q minha última frase ficou estranha... dá impressão q passa magicamente, mas não! passou pra mim depois de muito autoconhecimento e de todo um trabalho de quebra da minha rigidez interna q eu pude desenvolver com o apoio da minha psicóloga (e q prossegue até hoje, mas de maneira bem mais tranquila). Pode ser q vc não precise de terapia (embora eu recomende fortemente). Eu tb melhorei canalizando minha revolta pra questões sociais, ingressei aos 14 anos no movimento estudantil, onde militei até os 16. Acho q meu pior período foram os anos em q eu não militei, no início da vida adulta. Pelo menos nos movimentos sociais a gente encontra gente inconformada como nós e não se sente tão só! Hoje devo a minha felicidade principalmente a 3 coisas: amadurecimento, terapia e militância. De repente ajuda vc tb... (e de quebra ajuda o mundo!)

Camila disse...

Olá, Nicole.

Eu sou pouca coisa mais velha do que você, recentemente fiz vinte anos. Percebi algumas coisas no seu texto com as quais me identifiquei. Então, vou tentar falar um pouco de mim e te dar alguns conselhos, tudo bem?

Sobre a Igreja: eu resolvi sair quando tinha doze anos. Embora tenha ficado alguns meses de castigo e aguentado um escândalo da minha mãe, foi muito bom seguir meu próprio caminho. Na época parecia revolta, mas fez eu conhecer outras religiões, diferentes filosofias de vida. Até que eu consegui montar os meus conceitos sobre ética, moral, espiritualidade e outros aspectos. Não deixe as pessoas te enfiarem uma doutrina goela abaixo! Procure algo que te faça sentir bem.

Ah, eu me tornei vegetariana aos quatorze. No começo, todo mundo achava um absurdo. Meu pai insistia em me fazer exame de sangue com uma regularidade exagerada, para ver se descobria alguma doença. Diziam que ia durar duas semanas. E, cá entre nós, isso é um porre, não é?
Só que o tempo foi passando e eles entenderam que eu não sou de outro mundo. Minha mãe aprendeu a fazer pratos sem carne e meu pai a comprar produtos de soja, na época que eu morava com eles. Cuidei da minha alimentação e minha saúde é ótima, hoje sou doadora de sangue. No meio de novembro, aniversário da minha melhor amiga, "carnívora" assumidíssima, a gente juntou um pessoal aqui em casa (entre vegetarianos e onívoros) e eu cozinhei um strogonoff de soja. Meus amigos aprovaram, foi um dia excelente.

Às vezes as pessoas precisam de um tempo para entender nossas opções, nossas posturas. Mas, pode apostar, isso melhora. Com o tempo, eles vão aprendendo a respeitar as suas escolhas.

Sempre fui um pouco diferente da maioria das pessoas, como você. Felizmente, nunca me senti excluída, porque todo mundo do meu círculo de amizades também era. Eu tinha uma turma boa no colégio, com ideais semelhantes às minhas. Por exemplo, das minhas quatro melhores amigas da época de escola (do começo do Ensino Fundamental até eu me formar no Ensino Médio), duas se tornaram vegetarianas depois de mim. Logo cedo eu comecei a fazer teatro, e uma galera da escola montou um grupo amador. É uma área em que o pessoal é muito cabeça aberta, sem preconceitos.
Como eu, meus amigos gostavam de literatura, de poesia, de teatro, de filosofia. Mesmo quando a gente tinha doze, treze anos.

Tem muita gente babaca no mundo, só que tem muita gente legal, também. Tenho certeza de que você ainda vai conhecer essas pessoas. Procure frequentar lugares assim, em que as pessoas estejam abertas, e te entendam. Conserve os amigos de verdade, e não ligue para o resto. Vai por mim, é o melhor que você faz!

Aceite-se, fique perto das coisas e das pessoas que te fazem sorrir, tenha um hobbie, acredite nos seus ideais. Se você não está satisfeita com a sua religião, não precisa continuar nela. E caso você queira alguém para conversar, ou trocar receitas vegetarianas, manda um e-mail para mim! Certo?

Camila
com_cafe@hotmail.com

Ariane disse...

Todo mundo dando conselhos, não vou fugir disso. Aliás, sinto que dando conselhos, estamos agindo como todos os adultos chatos dos quais ela fala. Mas assim, eu tenho só 22 anos, acabei de entrar na fase adulta e cheia de responsabilidades (e ainda não muito) da vida, e só tenho uma coisa a dizer: menina, sai dessa igreja. Percebi como ela não te faz bem. Bom, pra mim também não fazia, e minha mãe me obrigava a ir. Foi assim até os 20, 21 anos (viu, demorei). Eu tenho uma relação ótima com minha mãe (que por sinal, só foi ruim durante minha adolescência) e não queria magoá-la. Mas um dia, eu precisei, pra não ter mais que ir na igreja. Ela chorou bastante, mas, passou. Te aconselho a fazer o mesmo. Não adianta forçarem você a ir, se a coisa não te toca o coração. Pena que não enxergam isso.

Ariane disse...

PS.: também sou vegetariana. Mas comecei só aos 18. :)

Homem Cinza disse...

Flávio Brito, não precisava perder tempo vindo aqui dizer que seu próprio comentário é babaca.

Especialista disse...

Homem cinza, vai pegar uma cor vai querido.

Anônimo disse...

Bem, cm todos estão te aconselhando a sair da igreja, ireie repetir:O problema não é a igreja, são as pessoas que a frequentam e que se julgam superiores as outras pessoas. Em meu blog há vários textos onde falo sobre isso. E isso Nicole, está na sociedade, não só na igreja. Há pessoas boas e más, sinceras e hipócritas, éticas e maldosas onde quer que vc vá!Não pense que saindo da igreja tbm, vc só conhecerá pessoas de mente aberta, que aceitam as diferenças e tal, isso não é verdade. Pessoas são pessoas em toda a parte. Agora, se vc não se sente bem com a doutrina da igreja e cm a Ariane disse, é um lugar que não toca seu coração, pode sair, tentar conhecer outros lugares, ver o que vc quer e tal, isso é saudável, tbm fiz isso,mas resolvi voltar, hj sou até batizada. Bem é o conselho quete dou: Não confunda a voz de Deus com a voz dos homens, faça aquilo que seu coração pedir.

Anônimo disse...

Nicole meu anjo, não dê ouvidos a esses ateus!

A igreja é um lugar abençoadissimo, terei que concordar com umas duas feministas hj, uma coisa é a voz de Deus e a outra é a do homem, tá certo que a igreja é feita de seres humanos, mas isso não quer dizer que lá não seja um lugar bom, tem pessoas que estragam? Tem, mas a grande maioria está buscando conhecimento, não se afaste da igreja.

Pq vc não vai encontrar pessoas tão mais "esclarecidas" assim na realidade mundana! onde há tb muita hipocrisia!!!

Vá para a igreja procurando Deus, não a aprovação dessas pessoas que só querem jogar em vc toda a frustação que elas vivem, são umas coitadas de mente estreita.

Juba disse...

Nicole, o que posso dizer é que isso passa. Não é pequeno nem desprezível, é real e forte, mas passa.

Tive uma infância e adolescência parecidas com a sua, hoje tenho 30 anos e sou muito feliz. Continuo gordinha, tenho amigos, o amor da minha vida, minhas filhinhas, minha profissão... Me aceitei.

Minha mãe ainda critica, inferniza, mas vou ignorando. Todas as outras pessoas importantes da minha vida me aceitam como sou.

Beijocas

Anônimo disse...

"Vá para a igreja procurando Deus, não a aprovação dessas pessoas que só querem jogar em vc toda a frustação que elas vivem, são umas coitadas de mente estreita."

Arnold, espero que seu coraçãozinho continue amolecendo dia após dia =)!

Anônimo disse...

Obrigada a todos que postaram aqui, para dar conselhos, apoio. Até mesmo a de dezenove anos que disse que era frescura, deve ser porque você não tenha vivido as mesmas coisas que eu, né?
E ao.. Flávio, que mostrou parte da "ignorância" de certas pessoas.

E, sei que não é magicamente que tudo passa. Não é que quando eu acordar no meu aniversário de 18 anos que eu vou renascer das cinzas como uma fênix.
coração coração pra vocês, Nicole.

Blanca disse...

ARNOLD, É VOCÊ?

Relicário disse...

Olá Nicole, meu nome é Angélica e amanhã completo 34 anos.
Quando eu tinha 11 anos, não admitia que ousassem dizer que eu era pré-adolescente, eu queria ser criança até os 30 anos pelo menos rs
Tive dificuldades e questionamentos sobre igreja, religião etc...como a maioria dos adolescentes pensantes que conheço...
Mas ainda não cresci, me sinto muitas vezes como se tivesse 16 anos.
Hoje meu filho mais velho tem 11 anos, e eu digo frequentemente pra ele, “não se iluda filho, os anos passam mas esse Pedro de 11 anos vai permanecer em você por toda a sua vida.”
E é assim mesmo que acontece, ninguém é tão maduro que não sinta insegurança, ninguém é tão firme que não tenha vontade de desistir, e por fim, ninguém é tão adulto que não se sinta confuso como aos 16 anos.
Mas posso te afirmar, que sim as paixões na adolescência são grandes demais, as dores causadas por elas também, mas elas realmente passam, mas virão outras, e vc nunca estará escape de se decepcionar...
No entanto, a vida vai te oferecer pessoas maravilhosas também, oportunidades inesquecíveis e quantas paixões forem possíveis...
Então viva cada dia com toda a intensidade, mas guarde dentro de vc essa Nicole inquieta e interessante, porque isso faz de vc um ser muito especial.

Anônimo disse...

Nicole tenho 32 anos e as mesmas inquietações dos meus 15anos. Por exemplo o medo de não ser amada, de não ser aceita de nada dar certo! Enfim! Continuo questionando e muito as religiões.Os problemas não deixam de existir apenas pela passagem cronológica dos anos, eles sempre existiram! O que muda é a forma que passamos à encará-los! Um conselho: relaxe! E viva os seus 16 anos eles serão únicos.

Lilization disse...

Tenho 17 anos e também tô passando por essa porrada de coisas incrivelmente irritantes.
Quando as pessoas veem um comportamento divergente do q elas têm ou queriam q vc tivesse, dizem q é anormal. Se vc é adolescente, pelo menos os seus problemas têm uma explicação. Só lembro da minha mãe reclamando q eu não converso com ela. Mas poxa, ela não ouve uma palavra do q falo sem criticar, como conversar com alguém assim!? Aí a culpa cai sobre a minha suposta rebeldia adolescente, claro. Se eu fosse adulta estaria histérica, de TPM, depressiva ou o q?
Outra coisa absurda. Eu tinha 15 anos, me apaixonei por outra menina e fiquei mais de 1 ano com ela. MAIS DE 1 ANO! E ainda pude ouvir de alguém q isso era só uma fase, coisa dos hormônios, blablablablablá. Me pergunto pq estes tais hormônios são tão incontroláveis e tomam todas as decisões por nós, e mais ainda, pq eles nos deixam incapaz de responder lucidamente pelos nossos próprios atos. "Coincidentemente", o sistema capitalista se beneficia desses pequenos seres com desejos desenfreados e q por isso precisam consumir desenfreadamente, e ai dos pais se não atenderem a esses desejos. E se alguns desses não tão nem aí pra roupa ou o celular da moda e vestem o q querem ou se não estão no peso ideal pode ter certeza q só querem chamar a atenção da sociedade. Ô gente egocêntrica q nós somos.

É foda. Achar q o mundo é grande demais e as barreiras a serem quebradas são tão grandes quanto é tenso. Nicole, se eu tiver um conselho pra te dar, e esse é o q estou tentando seguir, é: vai procurar o seu caminho, aquilo q vc gosta de fazer e quem vc quer ser. Não vai dar certo, então tenta de novo, e de novo, e de novo até dar certo. Não se importe tanto com quem vc vai ser, não tenha preocupações excessivas com maturidade. Se tem uma coisa q os (sempre inflexíveis, aff, hahaha) adultos acertam ao falar é q maturidade vem com experiência, e experiência de certa forma vem com a idade. Acho q a única coisa q vc não pode fazer é ficar parada, seja física ou mentalmente. O resto a vida vai levando (assim espero, ou caso vc siga os meus conselhos seremos 2 fodidas no mundo).
Okays?

Thais disse...

Eu estou na fase "jovem adulto". Passei pelas mesmas coisas ou coisas parecidas. E por mais que seja triste é bom saber que não somos os unicos. E concordo totalmente com o fato de que adolescentes também podem ser racionais, afinal nem sempre os adultos são.
E quanto ao medo, a insegurança e outros conflitos estes nunca desaparecem. As vezes eles retornam, às vezes somem, mas novos surgem. A diferença é como vc lida com eles. Nao é facil falar sobre isso, principalmente com alguem que conhecemos. Nem sempre as pessoas se importam ou vao falar a coisa certa. Admiro vc por ter desabafado na internet. Sou apenas uma estranha, mas espero que possa ter ajudado pelo menos um pouco.
Quanto a aparencia, eu gosto muito desta frase: "Motivo de vergonha, em minha humilde opinião, seria não enxergar além das aparências e ficar preso(a) a padrões inatingíveis. Motivo de vergonha seria deixar de ser feliz e passar a vida perseguindo um ideal de perfeição que definitivamente não é humano." E acredite tem pessoas que nao estao em busca de um padrao. Claro que o ser humano é meio superficial e idealizamos alguem (seja fisicamente ou ate mesmo a personalidade), mas há aqueles(as) espertos que ao encontrarem alguem com quem se divirta, conquistou a sua confiança e, claro, rolou aquela quimica, nao deixam aquela pessoa especial escapar.

Les temps sont durs pour les rêveurs. disse...

Me senti meio confusa com seu depoimento Nicole.Quanto ao se sentir ''de lado'' isso é tãão comum.Muita gente passa,e vou te contar um segredo: são os melhores.Nunca fui ''da turma'' ''dos populares'' ''festas,bebidas,cabeça ocas'' e sempre me senti excluída por isso,mas uma hora vc encontra gente com a sua cabeça e ai é de boa.Tem muita gente babaca que a gente é meio que obrigado a conviver(estou pensando mais escola do que igreja,que foi a maior parte do seu relato,mas enfim) e nesse meio,o normal e aceitavel é fazer tudo pra se encaixar.Só os de personalidade forte não fazem isso,e no fim,vale muito a pena.guenta ai que já tá acabando!

Rosangela disse...

Nicole, eu tenho 42 anos e até hoje não encontrei uma "tribo" pra chamar de minha. Mesmo hoje - casada e com filhos - eu sinto falta de pertencer a um grupo que me aceite inteira, com minhas limitações e qualidades, e compartilhe comigo um jeito parecido de enxergar o mundo e a vida. Algumas pessoas pensam que a minha angústia é fruto de eu estar morando em outro país. E isso pode contribuir mesmo para a gente se sentir só. Mas eu posso assegurar que morar em outro país não é nem de longe a única explicação para o fato de eu não conseguir me "encaixar" perfeitamente em nenhum grupo. Eu falo inglês fluentemente e conheço bastante gente, inclusive brasileiros. Mas sabe o quê? Não tenho uma amiga sequer com quem eu me sinta segura de seu apoio incondicional naqueles momentos de fragilidade e tristeza. E eu não sou o tempo todo desagradável - eu acho! (rs) - e tenho uma vida confortável. Acho que o meu jeito de encarar o mundo, escancarando as minhas dúvidas ao invés de tentar parecer forte e convicta de tudo, afugenta as pessoas que, no final, podem até ser mais inseguras do que eu. E, como vc disse, não posso me culpar ou culpá-las por isso. As pessoas, inclusive eu, precisamos de certezas, ainda que absurdas, para seguir em frente.
Eu gostei do que disse a Angélica: "Depois descobri que a vontade de pertencer tirava a minha melhor qualidade: ser excêntrica". Isso mesmo! É sofrido mas também é libertador pensar para além dessas "verdades perfeitas" que tentam a vida toda nos empurrar goela abaixo.
O blog da Lola é um lugar maravilhoso para a gente descobrir o embuste que são essas verdades. Vc conhece o www.aqueladeborah.wordpress.com? Ela fala muito de sua relação com a igreja, que frequentou durante muito tempo, com a família religiosa e amigos. Ela narra muitas situações de intolerância no meio religioso, mas não só nele. Apesar de ela já ter mais de 20 anos, alguns de seus relatos me abrem os olhos para a minha relação com os meus filhos, que estão ficando adolescentes e começando a ver que viver não é mole não (rs).
Como mãe, digo que muitos pais não têm a menor ideia do quanto massacram os seus filhos, mesmo com boas intenções. E como a maioria desses pais e dessas mães está equivocada! O pior é que, quando jovem, a gente ainda não tem recursos emocionais para entender isso e sofre horrores. Mas vc já deu um passo muito importante, que é questionar e não se conformar com o pensamento de manada.
Pra finalizar essa ladainha (rs), reproduzo um trecho de um artigo que li:

"Saímos para a rua torcendo para que não nos descubram, mas a multidão está lá. No ponto de ônibus, no escritório, em toda parte. Morrendo de medo e farejando a fragilidade do outro para expô-la, na expectativa de que não descubram a sua. Apontando. Sempre apontando, enquanto em seus interiores o medo é uma sucuri que dá voltas" ('O mundo invisível de cada um', Eliane Brum).
Um abraço forte!
Rosangela

Novas Descobertas disse...

Nicole, o pior de tudo é quando a gente não consegue resolver nossos problemas de adolescência e infância, e depois fica ai dando cabeçada na vida, e tendo problemas de depressão e stress como é o meu caso e hoje já estou com 35 anos. O que eu te digo é que não guarde magoa nem raiva das pessoas, seja independente não só financeiramente como também nas suas idéias, não se prenda a sentimentos que vão te frustrar no futuro, se for preciso procure ajuda de um terapeuta, mas não guarde para si, arrume um jeito de desabafar. Respeite-se e aos outros também, que um dia irão te respeitar, e quem não te quer bem não te merece, um dia vc vai saber lidar com isso.
Abraços.

Anônimo disse...

É um efeito engraçado que acontece com os adultos.
Quero dizer, todos os adultos ja foram crianças e adolescentes, respectivamente, mas ao atingirem algum grau de maturidade parece que se esquecem completamente do passado, uma amnésia tão poderosa que os torna indiferentes ao sentimento de empatia pelas fases que antecedem a vida adulta.

Keli disse...

Nicole, seu texto é uma delicia de ler....suas dúvidas, dores e quereres muito se parece com os meus a algum tempo atrás. Hoje, embora bem menos, ainda me sinto assim...por muitas e muitas razões. Você (embora nem deva perceber) tem muita fibra e opinião, pode crê que as poucos vai conquistar auto confiança e mostrar suas belezas ao mundo.
beijão,

Keli

♪Sueli Alves♪ disse...

Owwwwwwww *.*

Vc poderia ser uma das minhas alunas, a quem, sempre que posso, tento ajudar, pois quando eu era adolescente, eu era nem parecida com você. E para piorar eu era chorona. E você sabe que pra muita gente, ser chorona é sinal de fraqueza. Houve quem pensasse que eu era louca, perturbada psicologicamente. (Um conceito muito relativo, vamos combinar).
E quem me acusava disso? O povo da igreja. Olha, realmente, eu por fazer parte dela, muitas vezes vi os piores seres humanos lá dentro, mas também muita gente que realmente conhece a essência do cristianismo. Preferi ficar com esses.
Se você se sente diferente, isso quer dizer que futuramente você FARÁ A DIFERENÇA.
Eu também muitas vezes me sinto incompreendida mesmo sendo "maiorzinha". Linda, seja você e faça o que o seu coração mandar.

Rachel disse...

Nicole,acho que pelos comentários (eu não li toooodos, mas pelos que eu li), vc percebeu que não está sozinha! =)

Eu também me sinto muito deslocada em diversos momentos!!! E eu também penso demais as vezes.... eu fico racionalizando tudo, sem conseguir desligar, sabe?? Me identifiquei muito com quase tudo que vc escreveu... =)

Quanto a igreja, bem, eu sou protestante. E sabe o que me machuca muito?? É ver o quanto as igrejas, de uma forma geral, subverteram uma mensagem de amor para uma de opressão. Eu sempre fico pensando que se Cristo viesse hoje (em 2011), as igrejas seriam duramente criticadas (como os fariseus naquela época), e os 12 apóstolos gays, negros(as), índios(as), sem terra, etc... todos os grupos que, hoje, são oprimidos de alguma forma.

Eu espero muito que vc se dê bem! E que vc possa encontrar a paz que excede todo o entendimento....
Muita luz pra vc! =)

Desculpa se eu viajei muito... eu acompanho o blog faz mais de um ano, nunca tinha comentado ;)

um beijo.

Barbie Furtado disse...

Sabe de uma coisa, Nicole, eu sempre fui completamente diferente das outras pessoas da minha idade. Desde muito pequena mesmo. No Jardim II, quando eu tinha 4 anos, eu já sabia ler e escrever, aí eu saia da minha sala na escolinha, e ia ficar no recreio do pessoal da 7ª série conversando com eles. Sempre fiz amizade com pessoas bem mais velhas que eu, e me sentia muito excluída.

Foi só quando eu fiquei adolescente -- e eu também era gordinha -- ainda sou, que eu comecei a me dar melhor com as pessoas da minha idade também. Eu nunca me encaixei propriamente em nenhuma faixa etária, mas eu me tornei o tipo de pessoa que acaba se dando bem com todo mundo, saca?

E, foi quando eu percebi que ser adolescente na verdade era bem divertido. Eu gostava, de verdade. EU AMAVA a escola, os professores e meus amigos de todos os grupos. Adorava minhas aulas de inglês, passar as tardes lendo, escrevendo e vendo televisão. E eu acho que essa confusão, essa coisa de não se encaixar faz parte do crescimento, e ao mesmo tempo que não necessariamente passa, você aprende a adaptar a sua vida, e as suas interações sociais de uma forma que isso funcione bem.

Eu estudei a minha adolescência toda em uma escola católica, e eu não tenho religião. Se eu fosse menos desenrolada, ia ter acabo sem amigos, sofrendo bullying, sei lá. Mas, pelo contrário, sempre fui bem conhecida, querida pela maioria, porque eu percebi, que pra gente ter amigos, e se aventurar por aí, as pessoas não tem que ser iguais a gente, ou a gente vai acabar sozinho. Sério mesmo. Eu vejo que hoje, aos 23 anos, eu guardo mais amigos da escola que a maioria das minhas amigas. Tenho um grupo grande de amigas, e vários outros amigos que eu fiz com o passar dos anos.

Mas acho que pra isso, a gente tem que tomar essa atitude nós mesmas, e não nos isolarmos pela confusão. Eu tive minha primeira crise de depressão severa aos 16 anos, e se eu não tivesse minhas amigas, eu não sei como eu teria sobrevivido. Meu ponto é, a escolha é sua, é você que escolhe se aventurar, conhecer pessoas, fazer amigos, diferentes de você, sem mudar a pessoa que você é, porque é possível que te aceitem do jeito que você é.

Eu costumava pensar que os outros adolescentes eram um bando de babacas, que não tinha a mínima noção de realidade, e, com o passar do tempo, fui percebendo que eu dava menos crédito que alguns deles mereciam (mas, acredite, ainda tenho minhas crises de "como minhas amigas são fúteis!").

Tem uma fala do filme Tudo Que Uma Garota Quer, com a Amanda Bynes, que diz assim, que eu adoro, porque me identifico com ela, então, deixo pra você "Why are you trying so hard to fit in when you were born to stand out? "

Gabriela disse...

Eu tenho 19 agora,e concordo bastante com a Nicole foi uma problema pelo qual eu sempre passei,não ter as minhas opiniões levadas à sério( e eram muitas e meio polêmicas,mas não vou desviar do assunto) pela minha idade,ou meus próprios sentimentos tb nunca foram levados mt a sério.E isso é muito construído na sociedade,o adolescente TEM QUE SER UM PROBLEMA,mesmo quando não é.
O que me preocupa na Niole é o mesmo que me preocupa em mim,ser vencida pelo cansaço,não só pelo que as pessoas falam (pq não sei se você,como eu,ao ouvir elogios esquece bem rápido,e ao ouvir critícas guarda aquilo sempre)mas pelo que nós mesmas falamos dentro da nossa cabeça,todo o esforço que fazemos é inválido,tudo que nós somos parece repulsivo.
Sinceramente Nicole,não vou mentir ainda penso assim,mas isso diminui,e diminui mesmo,se vc começa a fazer o que gosta,e a dar valor ao que gosta,entrei na faculdade esse ano,e acho que foi um dos anos em que tive poucos problemas com criticas ouvidas,(meu problema é mais com a pressão pq eu tenho vontade de ser a melhor aluna,pq amo meu curso)
Quanto à igreja,minha mãe frequenta muito,mas eu não,nunca me encaixei mt bem por lá,e nem senti que lá ouvem melhor os nossos problemas,mas acho que poucas pessoas dentro e fora da igreja estão dispostas a ouvir.
Não posso te dar grandes conselhos,tudo que você disse de certo modo eu ainda estou vivendo,em menor escala eu acho.
Então,primeiro,seja forte,acredite que por mais que as pessoas falem que vc é nova e "não viveu ainda" tudo que vc fez até agora é válido,mesmo os erros,e procure o que vc ama fazer,vc vai ver como o encanto daquilo que é interessante pra nós,melhora a nossa vida.E continue escrevendo,quem dera eu escrevesse como você.
:*

Fabiane Lima disse...

Comerciais sensuais deixam mulheres menos inteligentes

Pode parecer bizarro, mas a galera da Associação Americana de Psicologia fez um estudo sobre isso, para mostrar que as mulheres estão ficando mais burras ao estarem expostas a imagens de mulheres com cenas sexuais, vídeo clips de rap e comerciais.

Mulher cerveja Heineken

Conduzida pela Universidade da Coralina do Norte, a pesquisa consistiu em convidar estudantes universitárias e as dividiram em dois grupos, um vestindo moletom e outro de bikini. Depois submeteram os dois grupos a uma prova de álgebra, e acredite as de moletom tiraram notas mais altas. Os cientistas explicaram que a capacidade mental das mulheres fica obstruída quando são obrigadas a pensar sobre seus corpos.

Antes mesmo das mulheres reclamarem, a mesma pesquisa foi aplicada com homens, um grupo de sunga e outro de moletom. Acredite os resultados das provas foram parecidos entre os dois grupos. Diferente das mulheres os homens não ligam se estão semi-nus ou de roupa.

Parece que a mulherada vem sofrendo o mal da mulher-objeto, será que isso é insegurança, inveja ou algo do tipo?

Fonte SuperInteressante

Isso explica o caso Panicats!

Anônimo disse...

Fabiane,

Eu tenho um enorme preconceito com a Superinteressante, assim cm tenho um enorme preconceito com as mulheres objetos, então, nem irei falara nd =X!

Carol M disse...

A super é uma revista que faria a "tradução" de pesquisas científicas para leigos. E nesse meio de campo muita coisa se distorce.

Acho que no caso da prova, deve ser difícil se concentrar em questões qd vc está preocupada se tem alguém olhando suas imperfeições físicas. As mesmas imperfeições que a sociedade e mídia nos ensinam e rejeitar mortalmente embora elas sejam normais.
Não é uma questão de "burrice" mas de se concentrar em algo. No fim acaba sendo interessante. Mantendo mulheres preocupadas com aparência física e padrões de beleza irrealizáveis faz com que elas se concentrem menos em coisas realmente importantes, como as desigualdades sociais entre homens e mulheres.

Anônimo disse...

Eu li uma matéria a muito tempo sobre como nossas personalidades são formadas na Super, onde falava sobre "os bonitos burros" que tem na época da escola. Dizia que uma garota ou garoto por ter nascido bonito já receberia elogios, paparicos, adulações, regalias. Isso faria com que ele ou ela se sentissem merecedores de toda essa atenção apenas por serem belos, não desenvolvendo outras potencialidades para chamara a atenção, cuidando apenas da beleza. É, é até interessante, mas o que não gosto na Super é que ela pega coisas extremamente comuns, do sensão comum mesmo e dá uma roupagem de "científica".

Carol M disse...

Muitas pesquisas, especialmente no campo da psicologia, começam como testes para ver se o que o senso comum diz tem alguma procedência real.
O problema da Super é não contribuir quase nada para educar cientificamente as pessoas e vender aquilo como curiosidade.
Prefiro mil vezes a Scientific American Brazil como revista científica pra leigos.

Fernanda Somenauer disse...

Me identifiquei com a mocinha ai também.

Tenho 30 anos, mas ninguém parece acreditar nisso ainda. Mas no fim, depois de ouvir tanto tudo que ela ouve também, decidi que prefiro ser adolescente pra sempre, pq nem meus dentes do ciso nasceram ainda!
Se ser "adulta" é ser chata como todo mundo que me repreendia quando eu era criança e adolescente, prefiro ser pra sempre como sou.
O que faz a diferença entre adultos e adolescentes é a carga de experiências que se tem e que te fazem sentir cansada. Só.
Prefiro sempre ser uma adolescente, mas que sabe lidar com algumas coisinhas...

Boa sorte e não se perca, mocinha!

Anônimo disse...

"É um efeito engraçado que acontece com os adultos.
Quero dizer, todos os adultos ja foram crianças e adolescentes, respectivamente, mas ao atingirem algum grau de maturidade parece que se esquecem completamente do passado, uma amnésia tão poderosa que os torna indiferentes ao sentimento de empatia pelas fases que antecedem a vida adulta.

"

Ou então eles só notam que adolescência não é o fim do mundo como grande parte dos adolescentes pintam.

Anônimo disse...

ANônimo,

Eu acho que cada época tem seus problemas, seus questionamentos. É realmente um alívio quando ficamos adultos percebermos que tudo o que nos afligia não era tão grave assim. Mas temos que ter a empatia tbm de pensar que para quem está ainda na adolescência, os problemas são reais.

Lorena Campos disse...

Nicole,tenho 17 anos,ou seja,sou quase nada mais velha do que você,porém sempre fui metida a independente e a madura.Namoro um cara bem mais velho e decido as coisas por mim mesma( também sou vegetariana em uma família de onívoros e ateia em uma família de católicos).Além disso,tenho lá meus problemas,sou insegura,sofro de transtorno de ansiedade e também penso demaaaaaais.Mas calma,as coisas se acertam.Uma coisa que aprendi este ano,quando a vida deu uma rasteira em mim,é que AS PESSOAS SÓ VÃO ATÉ ONDE VOCÊ DEIXA ELAS IREM!Será que você não está dando poder demais a voz desses conhecidos ? Coloque as pessoas no lugar delas e assuma a liderança de você mesma e da sua vida,ok?No começo pode ser meio complicado,mas com o tempo você vai abraçar sua "esquisitice" e ter voz para defendê-la desses comentários negativos.Você não está sozinha,você tem a si mesmo(lembre sempre disso)! Beijos.

Anônimo disse...

"Mulheres Inteligentes e Homens Babacas"
vídeo e texto de Fernanda Mello
no post de 28 novembro 2011
http://fernandacmello.blogspot.com/

Anônimo disse...

OFF TOPIC
"Literatura
A escritora francesa Christine de Pizan (1364-1430), autora do livro A Cidade das Mulheres defende na obra que há igualdade por natureza entre os sexos, pode ser considerada uma das primeiras feministas por apresentar um discurso a favor da igualdade entre os sexos, defendendo, por exemplo, uma educação idêntica a meninas e meninos."
fonte http://pt.wikipedia.org/wiki/Mulher_na_hist%C3%B3ria

Anônimo disse...

Nicole, espero que você chegue a ler isso aqui.
Eu tenho 18 anos, recém completados, mas são 18... Nunca fui a baixinha gordinha da turma, mas fui o extremo oposto: a magrela alta. Comecei minha vida social com o pé direito, confesso, fazia amigos com facilidade, nunca fui a criança excluída, sempre tive habilidades para me enturmar; me perdi mesmo foi na puberdade. Com meus 13-14 anos, eu me fechei. Meu jeito de pensar não me deixava caber nas conversas das meninas, eu nunca quis falar dos meus "affairs", nunca quis compartilhar minhas emoções. Enquanto nossos papos eram pura e simplesmente as atividades do fim de semana, o pique-nique com meus pais, estava tudo certo; mas as outras crianças trocaram os seus planos de final de semana, as viagens pro sítio, o sábado de pesca com o pai ou o pique-nique no horto da cidade foram substituídos por baladas, pegação no cinema e "hang-outs" com a turma - sempre gerando casais e babados para a semana toda... Eu nunca entrei nessa, nunca gostei de sair com todo mundo, de ter aquele zumbido de todo mundo na cabeça.. Me tornei a esquisita.
"Por que você não põe um vestido? Mas você ia ficar tão linda de maquiagem..!" FODA-SE, galera! Vou falar, querem ouvir? Eu não coloco vestido porque vestido é roupa de mulher e mulher apenas, de mulheres espera-se que tenham SEIOS para sustentar o vestido. Eu NÃO tenho! Se eu coloco um vestido, simplesmente não cai bem, porra! Maquiagem? Eu não frequento locais que exijam uma maquiagem. Ora, eu vou de casa pra escola e vice-versa, saio de vez em quando com uns três amigos que me conhecem muito bem sem maquiagem e nem vamos pra uma festa de gala, vamos na casa de um deles fazer janta! Pra quê me pintar, se eu me sinto derretendo, desmontando? Foda-se! Quando eu for uma diretora de cinema famosa e ganhar meu Oscar, então vou ter o prazer de me enfiar num vestido de gala e de fazer minha maquiagem estontiante, até lá, terão que me aguentar como sou.
Enfim, sou a esquisita, já levei fama de lésbica inúmeras vezes - ainda levo, na verdade - e divido com você essa coisa do pensar demais.. É assim, mesmo, a gente começa a pensar, causa o efeito dominó e a última pecinha a tombar é o manto do mau-humor encobrindo nossas costas. E todo mundo tenta justificar "é a idade", "os hormônios atacados", "coisa de aborrescente..." O CARALHO! Ninguém nunca parou pra pensar que talvez alguma coisa ao redor (e não no nosso interior) pudesse ser a fonte de tanta raiva? Talvez a revolta não fosse um sentimento ao léu, mas uma interpretação dos fatos! Talvez o choro não fosse drama, mas a dor do não ser compreendido...
Sei perfeitamente como é ter esses sentimentos e ficar na dúvida, se perguntar se existem mesmo ou se são bomba hormonal da puberdade. E quer saber? Tenho más notícias, vai ser sempre assim. Todas as nossas emoções foram treinadas para permanecer ocultas sob um véu de qualquer coisa, nossa sociedade não sabe e não aceita o tocante, o íntimo, o profundo das emoções. Somos homens de lata à procura do Mágico de Oz, cheios de emoções, sem autorização - porém - para demonstrá-las. Pois o homem de lata não queria um coração? A ausência de um não o deixava triste? Assim somos nós, todos temos uma avalanche de emoções, mas ninguém mais sabe. E quando tomarem conhecimento hesitarão em aceitar, porque é algo incomum. Eu tenho me treinado para não dar continuidade a esse ciclo: me expresso como posso, digo o que sinto a quem interessa e não estou nem aí se vão me julgar nova demais pra usar tais ou quais palavras... Se quem sente sou eu, quem é alguém pra negar?

As dúvidas, Nicole, surgem porque a gente questiona. Não é questão da idade nem das circunstâncias, é questão da nossa mente, do nosso pensar, de sermos as ovelhas negras. Com o tempo a gente aprende a se encaixar mais ou menos, continue praticando. ;D