quinta-feira, 15 de setembro de 2011

GUEST POST: CONHEÇO O SISTEMA, MAS ME RENDI A ELE

Sempre que penso em cirurgia plástica, duas coisas me vêm à mente. A primeira é uma conversa com uma amigona querida, que perguntava como que nós, doutoras, estudiosas de gênero, sabedoras da manipulação da mídia, cientes das mentiras que nos contam, sucumbíamos ao padrão? Como é que, sabendo de tudo isso, continuamos sentindo nossos corpos feios e inadequados? É cruel constatar que conhecer um problema não nos torna imune a ele!
A segunda coisa é uma passagem do fantástico livro da Naomi Wolf, O Mito da Beleza (tem grátis em português aqui, gente! Mulheres e homens, leiam!). Ela diz que vivemos numa sociedade muito perversa se somos convencidas que partes perfeitamente saudáveis dos nossos corpos precisam ser removidas, cortadas, costuradas. Corremos risco de vida (porque toda cirurgia envolve risco) em nome da vaidade. A vaidade passa a ser mais importante que a própria vida.
Uma leitora querida, a Sandra, me enviou um email em que fala de tudo isso, e ainda de um outro assunto: a invisibilidade feminina. Como o mundo dita que a mulher deve ser decorativa, e para sê-lo devemos estar dentro de um padrão de beleza e juventude, ao envelhecermos, e sairmos deste padrão, nos tornamos menos importantes. Perdemos nosso valor. Paramos de ser notadas. Num episódio da minha série preferida, A Sete Palmos, uma mulher com mais de 50 anos fala pra outra que a invisibilidade tem vantagens. Ela pode entrar numa loja e furtar pequenos objetos, porque ninguém vai olhar pra ela mesmo. Não estou incentivando o crime organizado, só comprovando que a invisibilidade não é fantasia da Sandra. O chato, porém, é que detestamos o olhar masculino (male gaze) quando ele nos objetifica, mas sentimos sua falta quando não somos “apreciadas” por ele! Ou seja, de um jeito ou de outro, somos reféns do olhar masculino (quero dizer, suponho que isso afete mais as mulheres solteiras ou separadas que estejam à procura de um novo relacionamento do que as casadas; a mim, pessoalmente, não afeta. Creio que sou invisível faz bastante tempo por ser gorda, mas enquanto o maridão esbarrar em mim de vez em quando, não me sinto nem um pouco mal). Bom, já falei demais. Fiquem com o guest post da Sandra.

Mais uma vez um post seu me comove. Eu finalmente consegui entender minha própria linha de raciocínio através do que você escreve, porque você o faz com uma clareza admirável. Obrigada, sempre vou ser grata a você por doar seu tempo pra escrever o “bloguinho”!
Seu post sobre cirurgia vaginal mexeu comigo de uma maneira particular. Eu tenho 37 anos, sou divorciada e tenho um filhinho de quatro anos. Quando ele nasceu, eu já estava separada do meu então marido fazia cinco meses e o processo todo foi muito triste, porque tive que enfrentar, ainda durante a gravidez, a realidade de que teria que cuidar sozinha do meu bebê. Agora ele está crescidinho e eu consegui conciliar, muito bem, aliás, a maternidade e o mestrado, que concluirei este ano. Admito que me sinto orgulhosa!
Depois dessa digressão, volto ao assunto do post: fiquei tocada e ele me fez pensar sobre mim mesma. Explico: dois anos e meio depois que meu filho nasceu, tomei uma atitude drástica que jamais imaginei ser capaz de tomar: fiz uma cirurgia plástica. Na verdade, uma não, mas três ― fiz lipoaspiração nos “flancos” e nas costas, diminuí e levantei os seios, e fiz um procedimento chamado abdominoplastia, que se pensarmos bem, é um absurdo em nome da estética, porque o cirurgião corta e descola toda a pele da barriga para tirar a flacidez e juntar a musculatura estirada com pontos, e assim a barriga fica lisinha e reta como uma tábua. Mesmo que isso implique em ter seu umbigo deslocado e remodelado...
Esses três procedimentos juntos levam no mínimo seis horas de cirurgia e por isso é necessário anestesia peridural, com sedação. Nós frequentemente ouvimos notícias escabrosas sobre mulheres que morrem ou ficam vegetando depois de uma “simples” lipo! Então no dia em fui ser operada, fiquei com tanto medo de morrer e deixar meu filhinho sozinho, que minha pressão subiu até a estratosfera e a operação teve que ser adiada. Depois de meses de dolorosa recuperação ― dolorosa não, excruciante ― fiquei magérrima e minha forma corporal passou a se encaixar no padrão de mulher perfeita. Cintura fininha, barriga que fica incrível em qualquer blusa, calça que fecha sem apertar, camiseta tamanho “P”. Tudo lindo, né?
Não, não ficou não! Na verdade, as cicatrizes ficaram IMENSAS, porque eu tinha muita pele excedente na barriga e muito peito “pra tirar”, então o médico teve que cortar muito. E minha cicatrização, que sempre foi muito boa, nesse caso foi péssima: as cicatrizes não apenas se alargaram, ficando enormes no sentido vertical, como ficaram muito escuras. Ou seja, vestida fica tudo maravilhoso, mas se eu precisar tirar a roupa, ou fazer algo trivial, como ir à praia, eu não terei coragem. No único relacionamento que tive depois da plástica, fiquei semanas transando de luz quase apagada e sem tirar o sutiã, com vergonha das cicatrizes.
Enfim, contei tudo isso para no fim te contar o que me fez entrar nessa roubada da cirurgia plástica: não me sentir vista! Não penso que eu tinha um problema de baixa autoestima, mas uma sensação que beirava a não-existência, porque fosse saindo com amig@s, fosse no ambiente da universidade, tudo o que eu percebia é que eu não era vista. E isso não era fantasia minha, era uma percepção real, e a prova de que o não-olhar de fato ocorria é que depois da plástica, magra e dentro dos padrões, tudo mudou. Eu passei a ser olhada/vista/percebida e não apenas pelos homens. Afinal de contas, somos constituíd@s pelo olhar do Outro. Eu aprendi que não ser vista DÓI, e dói muito! É quase uma exclusão social.
Talvez tenha sido um problema de autoestima, mas causado por essa “não-visibilidade” e no fim, como você diz no seu post, meu problema era não me sentir dentro de uma norma, não imposta somente a mim, mas a todas as mulheres. Quando eu engordei e quando meus seios ficaram flácidos depois de amamentar por dois anos, foi como se eu já soubesse que não seria mais vista. Simplesmente porque eu sabia que meu corpo não correspondia mais àquela imagem de corpo perfeito que nos massacra diariamente. Eu procurei me manter bem arrumada, bonita, cabelo sempre lindo, mas nada disso parecia ser suficiente, porque a forma do meu corpo não “estava boa”.
O que eu queria te dizer é que a norma nos atinge diariamente, como você sempre nos diz no blog, especialmente nas coisas triviais, no dia a dia, naquilo que quase não percebemos, como gastar tempo precioso com maquiagem ou com manicure. Mas para mim, que sempre me considerei “esperta”, que achava que não me deixaria ser pega pelo sistema, leitora de Susan Faludi, eu fui fraca, e cedi a essa norma. Mesmo que isso implicasse em colocar minha vida e o futuro do meu filho em risco. E no fim, os resultados nem foram assim tão satisfatórios... Se foi assim comigo, que leio e procuro ter uma postura crítica, imagine a insatisfação constante da maioria das mulheres, que não podem sequer saber que beleza e padrões estéticos do corpo são construções simbólicas, culturais? Como não se sentir inadequada?

74 comentários:

Death disse...

Sou contra a qualquer tipo de corte, modificação essa em nosso corpo é invasiva e destrutiva.

Para entender como os homens(digo seres humanos do sexo masculino) tem medo do seu proprio corpo e para fazer um escapismo, dão a si a ligação da racionalidade, da mente e deixam para as mulheres, o legado do corpo, das "emoções e afetividade", recomendo a leitura das seguintes pensadoras:

Cynthia Freeland

Genevieve Lloyd

Susan Bordo

Giovana disse...

Embora acima do peso, me sinto super bem quando vestida. Mas não ando muito a fim de me olhar no espelho sem roupa.
Também não acredito em todas as mulheres que afirmam que não ligam pra isso.
Já a cirurgia plástica, isso sim, é um tanto radical. Só aceito em casos muito específicos. Uma amiga retirou volume e levantou os seios recentemente, mas foi mesmo necessário.
O resto é piração.

lola aronovich disse...

Atenção, pessoal! Descobri que este é o CENTÉSIMO guest post que publico no blog. É que nos primeiros anos eu não publicava guest posts a toda semana, como faço agora.
Ok, só um comentário nada a ver.
E tô com uma lista grande de guest posts pra publicar. E continuem mandando seus textos!

Escarlate disse...

Eu sei exatamente como é isso. Eu já li o Mito da Beleza, mas mesmo assim continuo com um medo enorme de engordar. Esse basicamente é o meu maior problema. Já tive distúrbios alimentares, e, ao mesmo tempo que eu tenho medo de engordar, tenho medo de ficar doente e ter q fazer tratamento todo de novo.

E olha que eu nem sou paranoica com maquiagem, depilação e etc. Sou até que privilegiada, tenho 1,76 e peso normal, peito 44, barriga qse inexistente, coxas grossas. Dependendo do dia, eu nem uso roupa que marca muito, pq eu chamo muita atenção e acabo tendo que xingar muita gente na rua (eu que não vou ficar ouvindo merda desses barangos).

Mas morro de medo de engordar. Quando eu como mais do que eu deveria, sinto azia, nervoso, fico super desconfortável. Fico achando que minha barriga ta enorme. Imagina uma garota que não é feminista, não tem a mesma informação que eu?

Juliana disse...

eu me vejo muito no comentário da Escarlate qdo ela diz que tem dias que não pode usar a roupa que quer para nao ter que bater boca com ngm na rua. o pior é q tem mta gente que acha esse tipo de agressao verbal é um elogio super normal. ou que reclamamos de "barriga cheia". nao é. esse medo de se mostrar, independentemente do motivo, é uma coisa muito desagradavel a qual nós, mulheres, estamos constantemente submetidas.
e nao é bem pq se fossemos realmente feministas fariamos oq bem entedessemos, é q com tamanha agressão nem sempre podemos.

Juliana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno S disse...

O recurso à cirurgia plástica é algo que me parece que dever ser visto com bastante cuidado.

Se alguma característica realmente incomoda muito a pessoa e a faz se sentir diminuída, não vejo mal na utilização do recurso(embora muitas vezes me pareça desnecessário).

O problema fica sério quando a pessoa vê na cirurgia a tábua de salvação para seus problemas de relacionamento, aceitação, auto-estima. Nesses casos me parece que em seguida a pessoa(com ajuda de conselheiros bem intencionados) vai encontrar ou "problema" a resolver e permanecer insatisfeita.

Flávio Brito™ disse...

Me lembro que ao ver esse post sobre cirurgia intima pensei: Qual o problema com os lábios grandes? (E gosto quando são grandes e daí?)

Mas há casos em que recorrer à cirurgia plástica é valido.
O problema é quando se escolhe a futilidade da vaidade em detrimento a própria saúde.

Bom meu gosto é fora dos padrões que existem...

1 – Gosto de mulheres baixinhas;
2 – Esse negócio de cabelo liso e escorrido não me agrada (Sempre gostei dos cacheados);
3 – Nunca gostei de mulher de peitão e de bundão enorme tipo aquelas panicats;
4 – Olhos verdes e azuis? Não obrigado, prefiro os castanhos ou negros...

Então acho besteira uma mulher se padronizar...
Hj em dia todo peito, bunda e nariz é igual...
A graça estética das mulheres esta justamente na diversidade da beleza feminina.

Mas para não ser hipócrita devo admitir que uma barriga lizinha é bem atraente.

Death disse...

Lola

já que tu disse que podemos continuar mandando textos.

Sou muito interessada nessa questão da modificação do corpo, posso te mandar um texto meu?

Escarlate disse...

Pois é Juliana, somos oprimidas o tempo todo, nem podemos usar a roupa que gostamos pq acabamos passando nervoso.

Imagina então uma garota que não sabe o que é feminismo, opressão, e que isso é assédio sexual? Eu saio de shorts, saia, vestidinho, pq eu acredito que ninguém tem o direito de cercar a minha liberdade. Mas tem dias que vc não ta a fim de xingar ninguém, que sair despercebida.

**Leny** disse...

Tenho 23 anos e há um tempo atrás vivia bitolada, deixava de almoçar e tomar uma sopinha na janta pra emagrecer. Com essa idade, emagrecer é facil e virei um palito em pouco tempo...mas me senti muito fraca também. Foi aí que caiu a ficha e decidi parar com essa besteira. Hoje como direito e aos finais de semana estrapolo sem peso na consciencia. O problema é que a satisfação total é uma utopia da maioria das pessoas e, se oferecessem ciurgia para eu reduzir meus seios aceitaria sem pestanejar! É como a autora do guest post falou, sabemos que são padrões impostos, que os olhares masculinos nos reduzem a um pedaço de carne mas nos rendemos a isso.

Juliana disse...

é, Escalate, eu não me visto sempre do jeito que eu quero, principalmente qdo tenho que fazer algo sozinha pq, além dessa irritação q vc já citou, eu tenho MEDO mesmo. é oq mais se usa pra justificar os casos de estupro, né?!
tenho plena consciencia de q nao pode ser assim, mas isso nao me tira o medo.

lola aronovich disse...

M4 (e todas as pessoas que tenham alguma coisa interessante pra contar), sim, por favor, pode mandar um texto pro meu email: lolaescreva@gmail.com
Adoro publicar guest posts, porque eles sempre trazem uma experiência que não é a minha, uma visão diferente. Claro que na maior parte das vezes concordo com o guest post, mas ainda assim não é a minha vivência. E acho que isso dá uma abrangência muito maior ao blog, porque não fico só falando de mim, ou dando a minha opinião, a minha visão das coisas.


Escarlate, é chocante ler vc falando uma coisa dessas. Pelos seus tweets e comentários aqui no blog, vc sempre me pareceu uma moça tão pé no chão... Mas é isso mesmo: só conhecer os discursos que nos cercam não nos torna imunes a eles. Saúde, querida!

Paola disse...

Olá Lola...
Quando eu tinha 16 anos fiz uma cirurgia redutora dos seios.
Eram muito grandes e estavam afetando a minha coluna.
No meu caso, que nem é puramente estético, já fiquei com medo da cirurgia e sei muito bem que a recuperação é barra, não é tão simples...
Não faria por estética pura.
Essa "indústria" de cirurgias plásticas deve fazer muito bem ao bolso dos médicos, não?

Cherry disse...

credo, cirurgia nem de graça! só qdo for absolutamente necessário!

cuidem de suas saúdes, meus queridos.

nati disse...

Me identifico muito com o post da Sandra porque, apesar de ser contra plástica, eu sempre tenho medo de ter muita celulite, ou ficar com muitas rugas, etc. E sou vaidosa, tento ser no limite pra não extrapolar o bom senso.
Porém, volta e meia me ´pego pensando que tô comendo muita porcaria, que vou ficar com celulite, enfim, essas paranóias sobre beleza. Tenho que viver me policiando para não deixar de fazer as coisas que me dão prazer por causa de besteiras estéticas.

S. disse...

Não acho nada de anormal que pessoas inteligentes, educadas e conscientes das pressões sociais ainda sim acabarem por ceder e fazerem cirurgias de alto risco (entre outros sacrifícios) para serem "aceitas". A gente pode até querer racionalizar o mundo em que vivemos, mas acho impossível não ser afetada e se sentir mal quando se está fora do padrão. É difícil escutar dos outros, de amigos, família, estranhos na rua que isso ou aquilo que você faz tá errado, que você tem que mudar. Ou de ter menos atenção e não ser levada tão a sério por causa da sua aparência... Dá pra ficar aqui o dia inteiro listando as conseqüências desagradáveis e muitas vezes cruéis de se estar fora dos padrões aceitáveis pela nossa cara sociedade.

Entendo quem recorre à cirurgia plástica, mesmo pessoalmente achando que não vale à pena. Não ser aceito é um sentimento horrível, por mais que você saiba que o problema está no outro e não em você mesma.

Escarlate disse...

Pois é Lola, e conversando com outras feministas, que eram lindíssimas (pelo menos pra mim), e elas falando que se achando feias, desengonçadas, gordas. Ainda mais pra nós que somos jovens, a pressão é grande demais. É como se estivéssemos lutando contra algo que não conseguiremos derrotar.

Ainda acho que o maior desafio de qualquer feminista é parar de se odiar. O mundo nos ensina que nossos corpos são errados, que nossa pele não é suave o bastante, não somos perfeitas. Somos monstros que devem deixar se moldar para sermos aceitas. E essa é a grande sacada do patriarcalismo: Como mulheres vão conseguir lutar por seus direitos se elas mesmos estão preocupadas em se odiar? Em odiar umas as outras?

Elaine Cris disse...

"É cruel constatar que conhecer um problema não nos torna imune a ele!"

Linda frase, Lola. Lindas palavras iniciais e ótimo guest post.
Desculpe a rasgação de seda, mas também quero te agradecer, se é que ainda não o fiz, por escrever esse blog e tocar em tantos assuntos importantes.
Mulheres não tiveram muita voz ao longo da história e atualmente podemos experimentar isso, ainda que incomode a tantos.
Nesse espaço você e outras mulheres inteligentes dizem coisas que estão dentro de todas nós, muitas vezes coisas que ainda estamos elaborando aos poucos e que nos ajudam demais.
Obrigada Lola. Esse não é um simples blog, é um espaço importante demais e que deve ser cada vez mais divulgado.

Roberto Lima disse...

O grande problema da cirurgia estética é : Não existe cirurgia sem cicatriz. Proncipalmente de seios e abdome. Sempre vai ficar uma cicatriz grande, que vai aparecer quando você estiver sem roupa. Na cirurgia de pálpebra, a cicatriz fica na dobra, mas vai aparecer se você estiver de olhos fechados. De face, vai ficar em algum cantinho...não pensem que vão fazer uma redução ( ou aumento) de seios ou abdome e não vai ficar marca nenhuma. Até lipoaspiração deixa cicatriz. Quem disser que não fica marca nenhuma esta mentindo, pura e simplesmente. A questão é escolher entre uma coisa ou outra: a forma imposta pela mídia ou a cicatriz por baixo das roupas.

Paola disse...

Sim, a cicatriz é um ponto importante.
Eu fiquei com cicatriz ao fazer a mamoplastia, mas eu sabia disso e preferi a cicatriz.
No meu caso, meus seios eram grandes demais e prejudicavam a minha coluna.
O q eu gosto de salientar é o pós-operatório, uma coisa q quase ninguém fala.
Dói demais!
Isso q a cirurgia q eu fiz ainda dizem q quase não dói...
Questionei o médico até dizer chega, e ele dizia q era tranquilo, q quase não doía...
A primeira semana foi terrível e não conseguia levantar os braços nem para pentear o cabelo!

Paola disse...

Médicos sérios não colocam uma prótese muito grande em uma pessoa q não tenha estrutura para isso, pois pode ocasionar problemas na coluna.
Eu mesma ainda tenho seios que não são pequenos (tamanho 44) e tirei 1,5 kg dos seios.
Pense isso para uma pessoa de 1,60m com 50kg.
Casos assim são indicados por ortopedistas e há exames que comprovam que a coluna pode estar sendo prejudicada.

Ari disse...

Acho que tão importante quanto ser feminista para não se deixar fazer de objeto, nesse caso é muito importante se gostar. E isso não é simplesmente forçar a aceitar determinada parte do seu corpo que vc não goste, mas tentar melhorá-lo de uma forma que não te agrida. Porque cirurgia plástica para mim é uma agressão. Se necessário ou não, já é outra conversa. Mas nenhuma agressão faz bem. De outro lado, fazer um curso de dança, algum esporte que te apeteça, no meu caso Ioga, e até mesmo alguns tratamentos estáticos não invasivos/agressivos acho que pode ajudar não só a melhorar a forma física, mas também ajuda a mudar a forma como nos enxergamos. Isso funciona pra mim. Pode funcionar pra você?

natalia disse...

Olha,
tenho 46 anos e já fiz blefaroplastia e no ano passado fiz uma lipo para tirar uns pneuzinhos. Mas eram pneuzinhos mesmo, porque não sou gorda e nunca fui. Antes de fazer a lipo, fiquei dois anos tentando perder os pneus através da corrida, pois corro quase 50 quilometros por semana. Como não deu, fiz a lipo. Olha, não tenho do que reclamar...tudo correu bem, não tive dor nem antes, nem durante, nem depois. Então, se tiver alguma coisa no seu corpo que você não acha bonito, porque não se submeter a uma plástica? Pelo menos, no meu caso, foi uma decisão minha, não havia olhares desaprovadores, pelo contrário, meu corpo sempre foi bonito. O rosto é normal ou seja, nem feio e nem bonito.
Portanto, encerrando, penso que se a pessoa não está sendo coagida a uma plástica, não há porque descartar essa ferramenta.

Leila Silva disse...

Muito interessante esse questionamento. Na verdade achei meio triste, mas admiro a coragem da pessoa que escreveu de se expor assim e de ter tido a coragem dessa análise. Digo triste por ver que realmente nem nós estamos livres dessa ditadura.
Eu tenho uma prima que tem dois filhos, ela mora em Londres, quando fui vê-la há uns dois anos ela me disse que viria ao Brasil fazer uma lipoescultura (a irmã dela tinha acabado de fazer uma), ainda me lembro de uma frase que ela me disse: "Ah, ainda tenho tantos vestidos aqui que gostaria de usar e no momento não posso".Olha a ideia, adequar o seu corpo à roupa e não a roupa ao seu corpo. É nesse ponto que chegamos.
Acho que a Natália não entendeu o questionamento aqui, na verdade você pode o que quiser o que o seu bolso puder pagar, você não está sendo coagida no sentido que foi decisão sua ir até a clínica, consultar, ser riscada, mapeada, anestesiada, cortada (?), mas alguém enfiou na cabeça das mulheres que aquele pneuzinho que antes ninguém notava tornou-se um problema a ponto de empregarmos o nosso dinheiro nele abrindo mão de outras coisas mais prazerosas e mais interessantes intelectualmente (viagens, por exemplo) e de ainda por cima ter a dor como recompensa, desculpe, eu sinto dor até quando faço as unhas, não tem como não sentir dor num caso desses, você pode ter tomado muitos remédios para não sentir dor, isso é outra história. Então, não leve a mal, mas a história da coação é mais longa do que você quer acreditar.
Ah, eu também li há pouco o Mito da beleza, reitero a sugestão.
Abraços a tod@s

Tamires Ilves disse...

Quanto aos seios grandes: tem um documentário que adorei da BBC chamado My Big Breats and Me. Ele mostra as vidas de três mulheres inglesas com seios naturais e bem grandes, especialmente os comentários que as pessoas fazem (nada agradáveis), as dores na coluna, os sutiãs que nunca são do tamanho certo, etc. Recomendo.

Eu mesma tenho uns problemas com isto. Tenho 1.70m e não achava, de jeito nenhum, um sutiã do meu tamamnho no Brasil (desisti no tam. 52). Depois que comprei uns dos EUA (fazer o quê?) minhas dores de cabeça diminuíram MUITO e minha eterna dor nos ombros sumiu.

A cirurgia de redução deve ser muito dolorosa e deixa muitas cicatrizes. Acho que uma opção a isto seria fisioterapia...

Lord Anderson disse...

Parabens pelo centisimo guest post, Lola.
É uma das melhores ideias do seu otimo blog.

Que vc sempre tenha espaço para os leitores com historias para contar.

Liana hc disse...

Eu acho que plástica deveria ser o último recurso considerado mas acho que é uma opção, afinal. Depois da gravidez, minha barriga levou uns 3 anos para voltar ao normal e eu fiquei com o corpo de antes (só por fora, né porque por dentro dá para sentir que o ritmo do organismo muda, ou somos nós que ficamos mais consciente dele). Até ali eu não me importei, se tivesse demorado mais não sei o que eu faria a respeito. Tenho uma abordagem mais natural e também sou bem relaxada com essas coisas, nunca me olhei no espelho com excesso de críticas então a idéia de operar me é estranha mas entendo que possa fazer todo sentido na vida de outra pessoa.

Sobre a dor da cirurgia, pra vê só como isso é abordado no consultório, os médicos minimizam, dizem que não dói, que a recuperação é rápida, fácil. Vai acreditando. Uma amiga minha fez redução dos seios que eram enormes e o pós operatório foi muito difícil. Imaginem uma cesariana. E tem mulheres que acham que operar é melhor do que sentir a dor do parto. Na maioria das vezes não é não.

Tem dia que eu também me visto para passar despercebida, quando estou sem paciência para lidar com as grosserias que costumo ouvir na rua.

bike disse...

Acho q a mulher se submeter a tratamentos estéticos ,seja qual for , clínico ou cirúrgico não está com nada .Nem tão pouco , ficar se matando em academias buscando um corpinho sarado .

Eu mesmo sinto a maior atração por mulheres bem gordas , descabeladas , se possível com a bunda bem cheia de furinhos ,daqueles tipo pudim de leite batido na batedeira , não no liquidificador sabe ? ahh tb sinto o maior prazer em peitos bem muxibinha pelancoso , daqueles que são bem alongados , de preferencia que cheguem até onde deveria ser uma cintura , mesmo que seja cintura de ovo .
Se a mulher tiver este perfil , ahhh apaixono no ato !!!

Anônimo disse...

Vamos fazer o seguinte.
Vamos todas pra Escandinávia torcendo para que não aja pedreiros por lá.
:)

Anônimo disse...

Bike
Vc esta apaixonado pela sua mãe?

Mia Sodré disse...

Lola, achei no meu Tumblr uma imagem da Barbie plus size. Não sei se realmente fizeram ou se é apenas obra do Photoshop, mas quando vi me lembrei de um post seu que mencionava que não fazem Barbies plus size. Olha só: http://miasodre.tumblr.com/post/10255835376

PS.: Sempre estou passando aqui no seu blog, acho que todos deveriam ler. Não comento mais por falta de tempo mesmo. Sucesso, Lola.

Mauricio disse...

Cirurgia envolve riscos. Sempre. Se até um corte banal envolve perigo à saúde, imagine ser cortada, retalhada e costurada em um centro cirúrgico (vai uma infecção hospitalar ou um choque anafilático aí?), em nome da barriguinha lisa ou do peito empinadinho?
E é aquela coisa, que o comentário da 'natalia' sugere: "eu fiz e comigo foi tudo bem". Ótimo! Parabéns!
Mas e para todas as outras pessoas para quem a coisa não foi bem assim? Cicatrizes e dor é o de menos. E as pessoas que perderam a vida por conta de vaidade? Essas ninguém mais ouve falar, né?
Será que o cirurgião lembra o paciente claramente disso, ou ele usa estatísticas do tipo: "só uma em mil", ou "é muito raro acontecer problemas".
Claro, estatística é muito bonito no papel. Duro é quando a estatística negativa é você!
Será que vale a pena o risco?

Cinthya disse...

Não entendo essa tal de invisibilidade e mulheres que querem pertencer a esse 'mundo vísivel'. Acho que sou vista e vou contar uma coisa: é um saco! Porque é uma total objetificação do ser humano. Mulher bonita não pode ser inteligente (no meu caso mesmo não me considerando bonita). É também uma escravidão para pessoas que nascem com um cérebro e uma carcaça 'vísivel'. A mulher bonita que tenha cérebro terá dificuldades em fazer cursos profissionais/universitários estritamente masculinos porque ninguém acreditará que ela tem um cérebro. E uma consequência disso é o assédio moral e até sexual que elas sofrem por quererem ser alguma coisa a mais que um mero abajur. Não vejo muita gente falando sobre isso. Deve ser muito triste para uma atriz competente mas bonita ter que fazer o teste do sofá para ganhar um bom papel. Assim como é degradante que um professor universitário sugira trocar nota por encontro.

Esse é o outro lado que eu vejo quando me falam sobre visibilidade.

Beijos

Anônimo disse...

Tem uma nova cirurgia que vi num documentário chamado TABU que passa no Nat Geo
Trata-se da pessoa submeter os ossos de suas pernas a uma fratura para assim o cirurgião(o mesmo que faz a fratura com um martelo)poder esticar a perna da vitima(digo,do paciente)para que assim ele(nós sabemos que é mais elA)possa crescer uns 4 centímetros no máximo.
O bizarro bem é a cirurgia em si (para mim)mas o pós operatório.
4 meses numa cama de hospital tendo suas pernas esticadas por um aparelho de metal.E isso para uma pessoa perfeitamente saudável fisicamente.

Ághata disse...

Não li todos os comentários, só alguns, por alto.

Acho ingenuidade acharem que feministas estão imunes a questão de pressão da beleza tanto quanto acharem que as mulheres que não são feministas estão numa situação pior.
Não é por aí.
Tem mulheres que não são feministas e lidam melhor com a questão que algumas feministas.
Aliás, não é só porque você é feminista que o fato de você ter cedido a pressão torna sua situação melhor que a de uma mulher sem este tipo de estudo ou engajamento.
Não, aliás, a situação é a mesma, não? A pressão te afetou tanto quanto aquela que não é feminista.

Ághata disse...

Sabe, conhecimento de causa é uma coisa.. Resistência é outra...
Ideologia e militância não é garantia de 'vida feliz' e sem problemas.
Auto satisfação é coisa pessoal, cada uma que encontre seu caminho...
...mas é sempre bom ter em mente que acreditar na mídia e nos comerciais é atalho seguro pra fracasso.
...mas parece que tem gente que gosta de carregar uma cruz...

Sara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sara disse...

Eu não consigo concordar plenamente com quem afirma que a beleza cria muitos problemas, é verdade que algumas vezes até cria mesmo, mas no geral, a beleza abre muitas portas, em vários aspectos da vida, empregabilidade, negócios, vida sentimental.
Eu não escondo de ninguém que persigo a beleza, procuro estar bem, porque colho benefícios disso.
Já fiz cirurgias, mas não gosto de recomendar, porque é um risco, e não é pequeno que se corre.
Por um acaso tive muita sorte nas que eu me submeti, e nem eu mesma esperei pelos resultados que obtive, que não foram só de ordem física, mudei radicalmente depois desses procedimentos, me senti mais segura, confiante, e por isso muita coisa mudou na minha vida.
Não creio que tenha sido só pela mudança física, mas acho que a idade e amadurecimento também contribuíram para isso.
Mas o que não concordo é com o que a Cinthia diz, porque em minha casa tenho um exemplo, nesse sentido, minha filha é radicalmente diferente de mim, eu até brinco que acho que a trocaram na maternidade, mas eu não vou devolvê-la porque a adoro.
Ela é hoje uma mulher em minha opinião” coruja “muito bonita, mas tem uma profissão muito masculina, ela é engenheira, e diferente de mim, não suporta cantadas, e ser tratada como objeto, chamar atenção, por isso principalmente no seu trabalho ela se veste de maneira muito austera, isso quando não tem que usar macacões de segurança enormes e capacetes, ela se queixa que nas áreas onde tem que trabalhar muitas vezes nem banheiro feminino tem, ela passa vários desconfortos quando menstrua, mas vai lutando contra todas as adversidades que encontra.
Um dia perguntei a ela se ela não é tratada com malicia e cantadas, porque esta sempre cercada de homens, pra minha surpresa ela me disse que isso jamais aconteceu.
O que eu quero explicar é que depende muito da postura da mulher, o tipo de tratamento que ela recebe, ela tanto como eu também sofre com atitudes machistas, mas tem uma postura diferente da minha pra se fazer respeitar.

fabiana jardim disse...

Lola, quase nunca comento, mas sempre leio. Você viu a reportagem que saiu na revista Fapesp desse mês? "A economia das aparências": http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4516&bd=1&pg=1&lg=
Fala de várias pesquisas que têm sido feitas sobre a relação que temos com o corpo, como isso muda conforme o sexo, a classe social ou a idade, e também sobre o impacto das cirurgias plásticas e de sua vulgarização. Vale a pena!

Jessica Machado disse...

os comentarios do Flasht são diretamente para a Lola? (no sentido de ir sempre contra). Eu leio mts posts e seus respectivos comentarios e ele sempre se opõe a idéia do texto. Mesmo ele sendo contra o feminismo (nao sei se é), mas o guest-post em questão nem trata disso, fala sobre vc fazer intervenções perigosas no corpo e ele ainda fala uma asneira dessa?

"Quanto a essa coisa de que peitão prejudica a coluna, não é melhor fortalecer a mesma com exercícios?"

De qlqer forma eu respondo: amigo, como homem, vc nunca vai saber o que é segurar 2 seios (como tb nao sei o que é segurar um badalo entre as pernas, antes q vc me responda), e quando são grandes e pesados incomondam sim, sobre as mulheres anencefalas que gostam de botar proteses e mais proteses de silicone pra ficar aquelas 'melancias', elas sofrem sim com o peso causado por eles, porém se sacrificam em nome de ranking no guinness book ou qualquer outro motivo fútil.

Paola disse...

"Quanto a essa coisa de que peitão prejudica a coluna, não é melhor fortalecer a mesma com exercícios?"

É, os ortopedistas e fisioterapeutas ainda não descobriram, infelizmente...

Pq eu preferiria mil vezes fazer exercícios do q ter q passar por uma cirurgia e pós-operatório doloroso.

Tanto que casos como a mamoplastia, orelha de abano e lábio leporino (por exemplo) são chamadas de cirurgias plásticas reparadoras, e eu acredito q esse nome não seja por mero acaso.

Ju Camargo disse...

O que a Escarlate disse faz todo o sentido... Até quem tá mais próximo do padrão se sente inibido pois se você demonstra, ainda que sem querer, que tem esse padrão valorizado, ouve baixarias, olhares tensos...
Lola, é absolutamente verdade que conhecer o problema não nos torna imune a ele...Se aplica a tudo que é tipo de situação, principalmente as que mexem com o emocional... Claro, informação é fundamental, crítica e consciência, mas o saber traz também muito mais angústia... É muito mais fácil seguir o fluxo e não pensar muito do que conhecer e saber as partes podres da sociedade que nos permeia o tempo todo sem saber exatamente como lidar/livrar disso...

Esse tema de cirurgia é muitíssimo complicado de opinar, pois eu pessoalmente AGORA sou totalmente contra, mas não to tão longe da "norma". O que me preocupa é quando eu me distanciar dela, terei a mesma opinião? O depoimento da leitora me tocou nesse sentido... A gente sabe que é errado, mas quando chega nesse ponto de se sentir invisível, nosso emocional e psicológico podem dar reviravoltas... A sociedade é cruel, e vejo isso pela minha mãe... Quando era jovem tinha um corpão, e até um tempo atrás era contra cirurgia também, mas de uns anos pra cá surgiram mais quilos, mais rugas, mais flacidez e a opinião dela é certeira: "Só não fiz cirurgia ainda por falta de dinheiro, mas um dia ainda faço!"
Mesmo sendo casada, e tendo menos impacto dessa "norma" por conta disso, ela deseja arduamente fazer uma cirurgia, o que é complicado julgar como certo/errado... Sabemos de todos os contras e riscos, mas vá dizer a uma mulher mais velha, descontente com o corpo que não consegue fazer regime nem tem o mesmo metabolismo de antes que é errado e pronto...Digo pela experiência com minha mãe, que apesar das soluções menos drásticas existirem, não é fácil ter esse debate...
Com certeza existem muitas pessoas insatisfeitas com cirurgias, já vi vários, é uma decisão que deve ser muito bem debatida com os mais próximos, profissionais, terapeuta, etc...

Ju Camargo disse...

Nossa ficou gigante meu comentário!! Desculpa Lola não me contive!! rsrs

Denise disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Denise disse...

Eu ainda resisto a cirurgias plásticas que considero exageradas. Só que exageradas é uma questão de opinião, não é? Eu acho muito difícil julgar...
Eu já passei por câncer e maternidade, com uma depressãozinha no meio quando disseram que não iria engravidar nunca. Resultado? Quilos a mais e flacidez durante e após a quimioterapia (e olhem que tentei continuar com a ginastica, careca e tudo mas o mal estar e as dores venceram e não deu). Depois vieram tantas dores que nem conseguia andar direito. Resultado: mais flacidez e quilos. Aí a depressãozinha e gravidez. Meus seios cresceram desiguais. Um o dobro do outro. Após amamentar como seio bom (que não sofreu radiação) o resultado continua sendo um o dobro do outro. É muito esquisito e por mais que eu tente adaptar as roupas ao meu corpo não dá, continua esquisito. Mesmo com a minha auto estima fortíssima, isso me afeta. E claro os quilos a mais decorridos do processo câncer também me afetam. Então estou considerando sim uma plástica. Não tenho intenção de voltar ao que eu era antes do câncer, afinal mesmo que possível é sacrificio demais e totalmente irreal. Mas um acerto para as coisas ficarem mais ou menos simétricas acho que vale a pena. É claro que terei que perder esse sobrepeso (por que está afetando a minha saúde, além de aumentar as chances de recidivas do câncer de mama), mas tentar voltar a ser o que eu era nos meus nos 20/30 é irreal. Aí só terapia resolve!
Quanto a se tornar invisível, isso é bem verdade, mas não me incomoda tanto. Tem vantagens. O que me perturba mais é a discriminação sofrida ao ser entravistada para um novo emprego. As gordinhas e gordas tem menos chances e ganham menos, independente de sua capacidade profissional. Mais um motivo para emagrecer, embora eu ache isso um absurdo! Se pelo menos fosse fácil como era... Mas depois do câncer tudo ficou mais difícil. O interessante é que eu estou super saudável nos exames, mesmo com esses 20 kg a mais...

Cinthya disse...

@Denise,

Vc assim como os machistas está culpando a vítima pelo comportamento do agressor. Sou física e o ambiente do eu trabalho tem poucas mulheres. Num país como o Brasil e num calor como o do NE, por exemplo, estudantes mulheres num curso de Física não podem usar roupas mais leves porque correm sempre o risco de serem importunadas. Em outros países é diferente. Ninguém deveria ser julgad@ pela roupa que usa. Sei o que é viver/trabalhar numa área dominada por homens, não precisa me informar. E também sei de várias histórias de mulheres que foram assediadas por estarem em uma área que supostamente não deveriam estar. De fato, a pesso@ tem que vestir macacão para ser respeitada?

Desculpe-me mas respeito não deveria ser atrelado a roupa ...

Adriana Riess Karnal disse...

lábio leporino é uma cirurgia reparadora, assim como a redução de mama o é. Não é uma questão "estética", é um problema sério que afeta a saúde.

saturnreturn disse...

Eu me identifico muito com esse post. Eu fui, durante toda a minha adolescência e início da idade adulta, completamente obcecada com a quantidade de pele extra que eu tinha nos seios que resultaram da perda de 17 kg. Era realmente muita pele, que eu tinha que fazer malabarismos para esconder e que não me permitia usar certos tipos de roupa. Imagine transar...

Decidi que se não fizesse uma cirurgia e me livrasse daquilo eu nunca teria energia mental e concentração para fazer outra coisa na vida a não ser pensar naquilo. Aquilo me consumia por completo.

Estava decidida que seria apenas um "lifting". Mas daí as pessoas começaram a me dar idéias..."Silicone, que tal?". O próprio médico recomendou silicone, afinal, eu não tinha nenhuma gordura nos seios...

Eu, que, muito antes de me tornar feminista, abominava a idéia de inserir um corpo estranho no meu próprio corpo e me tornar artificial, acatei as sugestões.

Sete anos depois, o silicone, passou a me incomodar. Não tem a ver com a minha opção pelo feminismo, não tem a ver com minha personalidade, é algo que destoa em mim. Quero desesperadamente tirá-lo, mas morro de medo de uma nova cirurgia.

Sara disse...

Poxa vida Cinthia desculpe se te ofendi, mas acho que não expressei o que penso com clareza, o que vc disse sobre as roupas é exatamente o que eu penso também, não foram suas roupas que eu critiquei apenas o modo como vc vê o assedio que sofre.
Eu trabalho num ambiente onde há muitos homens também, e embora sofra assedio, não deixo de me arrumar, porque é da minha natureza ser assim, sou meio perua mesmo, mas eu lido de outra maneira com esse assunto, não me sinto descriminada por isso, e acabo usando ao meu favor, e consigo ser respeitada, mesmo sem ter que mudar meu jeito de ser.
Já o exemplo da minha filha é uma outra postura de mulher que ela tem, ela não é vaidosa como eu, e embora seja muito bonita conseguiu do seu jeito se fazer respeitar também.
Ela enfrenta a competição com os homens de igual pra igual, e muitas vezes têm conseguido vencer, eu só quis te dizer que não desista de lutar pelo que vc quer, só porque vc é bonita e sofre assedio, encontre uma maneira só sua de se fazer respeitar, espero que vc me entenda dessa vez.

aiaiai disse...

muito bom o artigo da fapesp recomendado pela Fabiana. O link aqui de novo

http://migre.me/5HU1f

Cinthya disse...

Ok, Denise, entendi o que você quis dizer.

E acho que vc entendeu o que eu quis dizer. Consegui me fazer respeitar já na graduação quando denunciei um professor por assédio. Como ele tinha o 'poder' de colocar a nota, desisti da matéria em questão. Denunciei-o para a coordenação do curso e fiz 'uma campanha' contra esse sujeito. Aí troquei os vestidos que nem eram curtos/micros por calça. O que eu acho que não deveria existir é: tratamento diferenciado pela aparência das pesso@s.

Mas talvez isso seja uma espécie de aprendizado.

Se você reparar, brancos recebem um tratamento melhor que pessoas de outra cor. Pessoas consideradas bonitas também.
Se juntarmos cada ponto desse, trataremos bem no máximo 3% da população mundial. E, eu considero que pertencemos a uma só raça-a humana-mesmo não sendo o melhor exemplo de uma pesso@ razoavelmente simpática.
Espero ter esclarecido também meus pontos.

[]s

Paula disse...

Adorei a "Barbie plus size" que a @Mia linkou.

Eu nunca pensei em cirurgia plástica porque não me vejo fazendo nenhuma. Mas, ouvindo uma amiga falando sobre o que aconteceu com ela comecei a ficar muito preocupada com meninas que fazem procedimento nas mamas pensando que "não há maiores consequências além de me sentir melhor".

Fica aqui o link pra história dela que fala como a cirurgia de redução das mamas inviabilizou a amamentação exclusiva de seus 2 pequenos:

http://www.blogmamiferas.com.br/?s=Yes%2C+we+can%21

Paola disse...

Sobre amamentar após a mamoplastia...
Eu ainda não tenho filhos.
Na época da minha cirurgia, conversei bastante com o médico e pesquisei a respeito.
Os médicos tentam preservar as glândulas que produzem o leite, mas algumas vezes não conseguem.
Resultado: algumas mulheres conseguem amamentar após a cirurgia e outras não. Depende de cada caso.
Bom salientar que isso acontece na mamoplastia, o implante de silicone não prejudica a amamentação.

Paula disse...

@Paola, é usei um termo genérico mas estava me referindo a mamoplastia mesmo.

Esse é o caso da minha amiga dona do relato, que postei o link acima. Minha irmã tb fez mamoplastia está grávida. Espero que ela faça parte das que não terão a amamentação prejudicada por causa da cirurgia. Mas, confesso, ainda não tive a chance de ler um relato de alguma mulher que não teve problemas ao tentar dar de mamar depois de passar por uma redução das mamas. O que vejo mesmo são casos de mulheres com essa dificuldade.

Gostaria até de ler sobre mulheres com histórias de sucesso pra minha irmã poder se animar. Ela fica triste qd fala sobre amamentação pq imagina q vá ocorrer com ela o que ocorreu com as mulheres donas das histórias as quais temos tido acesso.

Paty Sampaio Carvalho disse...

Convivo com grupos de apoio a amamentacao, estudo muito a respeito, estou prestes a fundar um grupo de apoio a amamentacao aqui em Recife, e sou a autora do post que Paula citou no blog Mamiferas (http://www.blogmamiferas.com.br/?s=Yes%2C+we+can%21).
Se eu conhecesse so a minha historia de prejuizo na amamentacao por causa de cirurgia plastica, ate acharia que "cada caso eh um caso". Mas nao eh. No caso de reducao de mamas, se 10% conseguirem amamentar, esse numero ja eh alto. Entao isso nao pode ser considerado que 'cada caso eh um caso'. O corte da areola corta tb as ligacoes nervosas que avisam ao cerebro que ta na hora de produzir leite, entao, se esse aviso eh prejudicado, a producao vai ser afetada (mesmo que nao tenha sido retirada nenhuma glandula).
Infelizmente isso eh realidade.
Por isso, odeio dar conselhos, mas se REALMENTE vc quiser amamentar quando tiver um filho, deixe para fazer a plastica depois. O risco eh muuuuito grande. E nao acredite em medicos com tanta veemencia, eles querem vender o peixe deles, o numero de cesareas eletivas desnecessarias em mulheres que queria e tinha tudo para ter um parto normal (no Brasil) prova o quanto de desrespeito eles tem ao paciente.

Paty Sampaio Carvalho disse...

Convivo com grupos de apoio a amamentacao, estudo muito a respeito, estou prestes a fundar um grupo de apoio a amamentacao aqui em Recife, e sou a autora do post que Paula citou no blog Mamiferas (http://www.blogmamiferas.com.br/?s=Yes%2C+we+can%21).
Se eu conhecesse so a minha historia de prejuizo na amamentacao por causa de cirurgia plastica, ate acharia que "cada caso eh um caso". Mas nao eh. No caso de reducao de mamas, se 10% conseguirem amamentar, esse numero ja eh alto. Entao isso nao pode ser considerado que 'cada caso eh um caso'. O corte da areola corta tb as ligacoes nervosas que avisam ao cerebro que ta na hora de produzir leite, entao, se esse aviso eh prejudicado, a producao vai ser afetada (mesmo que nao tenha sido retirada nenhuma glandula).
Infelizmente isso eh realidade.
Por isso, odeio dar conselhos, mas se REALMENTE vc quiser amamentar quando tiver um filho, deixe para fazer a plastica depois. O risco eh muuuuito grande. E nao acredite em medicos com tanta veemencia, eles querem vender o peixe deles, o numero de cesareas eletivas desnecessarias em mulheres que queria e tinha tudo para ter um parto normal (no Brasil) prova o quanto de desrespeito eles tem ao paciente.

bike disse...

Roberta .
vc se sentiu atingida pelo meu comentário ?

porque será ?

Gabriela Galvão disse...

Minha prima tinha lindos peitinhos. peitinhos: bem, mas bem peqenininhos.
Lidos como ela toda: linda da cabeça aos pés, a torto a direito, 'dentro-fora', do avesso. Sim.
Mas qeria peitões, botou. Diz qe é só sucesso. Eu falei: 'Mas agora a peneira vai ser mais suada."
Porqe eu acho qe aumenta o número de gente qe repara, 'o.k.. Mas qe tipo de gente?

Aí é qe são elas...

Gabriela Galvão disse...

Lola, vc viu 'Um sonho de amor'? -Io sonno l'amore, título original qe deveras me agrada. Tem ares de mantra, achei bem poderoso e lindo.

Bom, eu o achei bem libertador e o viéz feminista fortíssimo mesmo qe talvez involuntário ou não primordial.

Recomendo fortíssimamente. E o qe se vê lá ñ é um conto da carochinha. É o qe mais tenho visto acontecer perto de mim. Só qe ainda está camuflado... Uma pena.

Beijos.

Paola disse...

Espero sim poder amamentar meu filho, quando o tiver.
Ficarei muito feliz se isso acontecer.
Mas, por outro lado, como outro dia estava conversando com uma amiga que também passou pela mamoplastia...
"Ia ser mais complicado namorar e fazer sexo sem a cirurgia..."
Complicado a falta de segurança, pois peitões muitas vezes são flácidos devido ao peso.
Isso sem comentar a coluna arrebentada que eles deixam "de presente".
Mamopolastia é corretiva, tal qual lábio leporino e orelhas de abano, como já foi citado.

Flávio Brito™ disse...

Só tem especialistas em medicina aqui em...
Tudo formado pela wikipédia.

Ághata disse...

D.,
não se sinta obrigada a entrar numa outra cirurgia por causa dos seus princípios ou personalidade.
Acho que feminismo, tentar ser autênticas no que possível e princípios são feitos para dar rumo e para nos tornamos livres - não para gerar mais culpa e cobranças particulares.

yulia disse...

essa é uma sociedade que exclui.. exclui o gordo,o baixinho, o negro, o careca, o velho....
se a gente entrar na pilha deles, enlouquece mesmo.

Denise disse...

Paula,

Eu tive câncer na mama esquerda e fiz a platica na direita para simetria. E consegui amamentar com o seio direito. Não foi tão bem sucedido como eu queria pois minha filha teve muitos problemas para pegar, mas não devido à plástica mas às circunstâncias do nascimento. Mas eu continuei a extrair o leite com a bomba até ela fazer 1 ano. Aí eu cansei e ela nem liga mais tanto para leite.
Acho que muito depende da habilidade do cirurgião e ao fato dele respeitar o desejo de amamentar e com isso ser bem cuidadoso.
Porém existe uma outra consideração. A amamentação muda a mama. E eu agora estou com a que eu amamentei o dobro do tamanho da que tive câncer pois essa não funcionou devido à radiação. Com a minha experiência agora eu teria esperado para fazer o acerto plástico. Acho.
Omfato é que pretendo fazer outra cirugia para acertar a simetria...

Paola disse...

Denise
Toda força e sorte do mundo pra vc.
Q linda a sua história para amamentar a sua filha.
Vá em frente!

Paula disse...

@Denise,

Obrigada! Realmente nunca tinha ouvido relatos assim. Agora posso dizer que já ouvi e incentivar a irmã que tá meio desiludida!

Que tudo continue dando certo pra vc! :))

Thata disse...

Esse post é incrível, a maioria dos comentários também, bem como as referências do artigo da Fapesp e do livro de Naomi Wolf.
Endosso o pensamento de que ter consciência da opressão não nos torna imunes a ela.
Respondendo a alguns posts, é evidente, para mim, a diferença entre se sentir desejada e se sentir desrespeitada.
Querer não ser invisível (isto é, querer ser um ser humano sexualmente desejável) não significa querer ser desrespeitada nas ruas. Não há contradição alguma nisso.
O problema são os critérios sociais atuais para a mulher ser um ser desejável.
Se as mulheres, mesmo as mais conscientes, não estão imunes a tal imposição avassaladora, igualmente os homens não estão.
É uma ingenuidade achar que os homens "legais", os namorados/ noivos/ maridos etc., não desejarão o corpão sarado mais que o corpo normal e real.
Desde que o menino (e a menina) nasce, esfregam bundas na cara dele, isso está 24h/dia na TV: aquela forma masculinizada de dar o close, filmando de cima a baixo e aproximando na bunda, por trás.
Interessantíssimo o capítulo sobre o sexo do livro de Wolf: como o desejo/erotismo que era formado por lembranças da vivência se transforma, com a indústria pornográfica, no desejo apenas estimulado pelas imagens produzidas por esta indústria. Interessantíssima (II) a diferença citada no artigo da Fapesp entre mulheres brasileiras e alemãs: quando aquelas vêem rebaixada sua auto-estima ao envelhecer por causa da aparência (mesmo estando mais bonitas), as alemãs valorizam conquistas concretas, realização e qualidade de vida.
É triste dizer, mas fiquei com vontade de me mudar do Brasil.

Dionysius M. disse...

É primeira vez que posto aqui um comentário. Porém, já li alguns outros posts, mas esse me interessa de maneira singular.

Fiquei pensativo com aquela parte do texto, "não ser vista dói", e fiquei me perguntando sobre isso.
Na minha condição de homem, com algum sobre peso e pardo( prefiro dizer negro), foi uma constante na minha vida perceber que quase nunca recebia um olhar de alguma mulher. Ao passar dos anos, depois de servir no exército e conhecer melhor noções sobre gênero, não dei "mais bola pra isso".
Notadamente, minha auto estima melhorou muito,mesmo às vezes tendo recaídas, e a vida seguiu até arranjar uma namorada, que foi uma guinada na auto estima.

Mas me pergunto, fosse eu reclamando de que eu não era visto por nenhuma mulher, estaria me queixando da falta de objetificação do meu eu?

obrigado. E parabéns pelo blog!

Claudia Freitas disse...

Sou a favor de cirurgia plástica corretiva, sou contra porém que meninas de 17 anos ganhem o primeiro silicone ou lipo de aniversário.
A cirurgia plástica corretiva é mais que simplesmente pra ficar bonita e aceitável, é pra ter vida mesmo. Pensem numa pessoa que já pesou muito mais que 150 kg, essa pessoa emagrece lá seus 70 kg e fica simplesmente insustentável manter uma vida normal carregando um tanto de pele flácida isso atrapalha até pra caminhar, pode haver problemas de feridas nas dobras da pele e tudo mais. Então, nesse caso, entre ficar limitado e deformado eu prefiro (como preferi) sim virar Frankstein, correr risco de vida e tirar meu umbigo e mamilo do lugar pra ter um corpo funcional. Abraços Lola, amo seus textos.

Fernanda Maria disse...

Isso me lembra um episódio de sex and the city onde a Samantha vai a um consultório de uma cirurgião plástico. Ela é super confiante, 40 e poucos anos, solteira, bem sucedida e bem resolvida. Mas resolve ir lá pra vê o que o tal médico fala pra ela. Se tem algo "fora do lugar". Lá chegando ele começa a usar aquela caneta marcadora no corpo dela pra marcar o que poderia ser modificado. Quando ele sai da sala por um instante ela se olha no espalho e repara na aberração que ele fez em seu corpo. Só com aqueles "desenhos", marcando as supostas "imperfeições". E ela que era super confiante estremesse.

Eu respeito as pessoas que, por exemplo, passam a vida inteira incomodadas com o nariz ou alguma outra parte do corpo. Tudo bem fazer uma cirurgia corretiva. Mas muitas vezes somos levadas a ver problemas onde nem existem. Simplesmente porque nos vendem a idéia de que se não for daquele jeito não está certo. E por mais informadas que sejamos, ainda somos humanas. Temos nossas fraquesas, e é impossível viver em uma bolha. Uma hora ou outra nos deparamos com as cobranças da sociedade.

Loja Moeggall disse...

Se pelo menos as mulheres fossem orientadas a não engordar 20-30kg durante a gravidez...Ah, mas aí (provocação pura mode on), né,
onde vai parar nosso feminismo,
nossa rejeição ao mito da beleza
(que nós mesmas criamos e sustentamos),
e nossa liberdade de nos empanturrarmos de comida porque não temos que dar satisfação prá ninguém, posto que não somos coisas, não somos objeto sexual nem estamos em vitrine alguma?

Não culpo a sociedade, nem o mito da beleza, nem a falta de visibilidade social para ter feito plástica, preenchimento facial, ter encolhido num manequim 38 e estar lutando ferozmente contra a AAG tardia.

Fiz e faço tudo por mim mesma, prá satisfazer MEU padrão de estética, prá manter a MINHA feminilidade e adquirir BEM-ESTAR com o MEU corpo.

Tenho lá meus sistema de pensamento prá seguir, mas não vou ser fiel a um sistema de pensamento em detrimento da minha própria paz de espírito. :))

Loja Moeggall disse...

Sim, a mentalidade judaica em que a cristandade está imersa bem como a indústria alimentícia à base de 'high fructose corn syrup' e gordura hidrogenada são as aliadas na condenação da mulher ao prazer e à culpa indefinidamente.

Mas o fato de D.Naomi Wolf verbalizar isso tão precisamente serviu prá quê? Prá jogar as americanas na fila da bariátrica (mais uma perna no tripé da desgraça) ou aguentar firme os efeitos da obesidade, ou rejeitar o Judaísmo e abraçar uma spiritualidade verdadeira?

D. Naomi foi estudar e praticar o budismo. E suas leitoras?
Fizeram o quê? Foram se esbaldar na comida, já que a razão para não comer por prazer (leia-se,em excesso) é tão injusta e machista quanto a repressão sexual? Aff...:X


"A predisposição contrária às mulheres na tradição judaico-cristã deixou um terreno fértil para o surgimento da nova religião. Sua misoginia fazia com que as mulheres, muito mais do que os homens, tivessem de abolir o pensamento crítico se quisessem ser fiéis.

(...)

O sexo dentro do casamento para a procriação era aceitável, enquanto
o sexo pelo prazer era pecaminoso. As mulheres hoje fazem a mesma distinção entre comer para sobreviver e comer por prazer. Os dois pesos, duas medidas, que permitiam ao homem maior liberdade sexual do que às mulheres
se transformou num critério em que os homens têm maior liberdade oral. Uma moça sexualmente impura era uma 'caída'; hoje as mulheres têm uma 'recaída' de seus regimes. As mulheres 'enganavam' os maridos; agora
'trapaceiam' nas suas dietas." Naomi Wolf em O Mito da Beleza (1991)

Unknown disse...

Engraçado ler esse texto essa semana,porque tenho pensado muito no assunto.Tenho pensado em fazer plástica nas mamas,pois são flácidas mesmo sem eu ter tido filhos.Mas fico pensando tbm nessa pressão social da beleza,se quero mesmo mudar as mamas ou se quero outra coisa e isso seja somente o reflexo,a ponta do iceberg.
Talvez seja só isso mesmo,a sensação de invisibilidade que eu penso que vai se resolver se eu entrar nos padrões.
Ainda tenho muito o que refletir...