sexta-feira, 30 de setembro de 2011

INVEJA DA GISELE? VERGONHA DE QUEM SE RECUSA A PENSAR

Na luta entre a ministra e a modelo, Globo deixa claro quem está certa

Acredite: eu gosto da Gisele Bundchen. Semanas atrás eu já planejava escrever um postzinho sobre ela referente a uma reportagem que li. Acho interessante sua trajetória. Aos 13 anos, ela era tão magra e alta que era chamada na escola de Oli (por causa de Olivia Palito) e Saracura, um pássaro com pernas longas e finas. Quando estreou nas passarelas, seus olhos eram considerados pequenos, seu nariz grande demais, e ela era constantemente recusada para as fotos. Em 1995 ela ainda se chateava com as recusas e contava suas desventuras ao pai, que lhe disse: “Gisele, ignore. Pessoas com narizes grandes têm grandes personalidades. Narizes pequenos levam a personalidades pequenas”. Ela decidiu não se importar mais: “Não vou ouvir pessoas que me fazem sentir mal”. Hoje, sua autoestima é uma de suas marcas registradas.
Tenho inúmeras críticas à indústria da moda e à ditadura da beleza, mas não responsabilizo Gisele por perpetuar um padrão irreal que frustra tantas mulheres. Se não fosse ela a top model do momento, seria outra (se bem que a reportagem da Vogue diz que o fenômeno Gisele fez aumentar o número de implantes de silicone no Brasil; nunca tinha ouvido falar nisso). Enfim, prefiro mil vezes o look Gisele que o heroin look dos anos 90.
Ela tem 150 milhões de dólares, é super profissional, já foi fotografada para mais de quinhentas capas de revista — só perde pra Lady Di. A revista Forbes aposta que ela será a primeira modelo a alcançar um bilhão. E ela pode se tornar a primeira bilionária brasileira a se fazer sozinha, sem herança. Por mais que eu seja contra bilionários (acredito que deve haver limite para riqueza: quem precisa ter um bilhão? Pra quê?) e a celebração a eles, admiro a energia da moça. Na sua vida pessoal, ela sempre foi bem discreta, e sempre adotou uma persona não arrogante, o que não deve ser fácil pra uma hiper celebridade. Ela participou do lançamento do Fome Zero, doou 1,5 milhão de dólares pro Haiti depois do terremoto, apóia várias causas ambientais, e foi uma influência muito positiva ela ter feito um parto humanista. Infelizmente, veste casacos de pele e aceita fazer comerciais machistas. Acho que celebridades deveriam ter responsabilidade social. Esta, imagino, deve ser a grande vantagem de ser tão rica: você pode recusar inúmeros trabalhos e convites. Então por que se juntar a projetos que não acrescentam nada de bom ao mundo, muito pelo contrário? Porque se auto-estereotipar como Amélia? Por exemplo: em 2008 Gisele posou para a Vogue com o jogador de basquete James LeBron. Foi o primeiro homem negro a ser capa da revista. O problema é que a foto de Annie Leibovitz é incrivelmente racista, ainda mais se colocada lado a lado da sua inspiração, um cartaz de alistamento do exército americano, de 1917, que ainda vem com as palavras “Destrua este bruto maluco” (que está invadindo a América e estuprando a democracia). É tudo muito parecido: o grito de LeBron, o jeito em que a clava do gorila está posicionada, em forma de bola, bem na altura da perna de LeBron, o vestido de Gisele, seus ombros desnudos. Será que LeBron e Gisele sabiam que estavam imitando um cartaz racista? Será que não sabiam, e se irritaram com a “homenagem”? Ela nunca disse nada.
Gisele é um sucesso em tudo que faz. Ela é uma Midas que dá certo — as marcas que a contratam aumentam em muito suas vendas. Vale o investimento. A Hope lhe pagou apenas 5 milhões. Olha só quanta propaganda gratuita está recebendo (com outra modelo a campanha também seria polêmica, mas não tanto). Se eu tivesse uma marca e 5 milhões sobrando, eu contrataria a Gisele correndo.
Isso posto, eu não gostaria de ser a Gisele, porque, permita-me, estou bem contente em ser a Lolinha. Meu sonho nunca foi ser uma modelo ou uma miss (lamento, mas esse não é o sonho de todas as mulheres), e eu não poderia nem que quisesse, porque não possuo dois quilômetros de perna. Logo, não tenho a mais remota inveja da Gisele. Dizer que eu tenho inveja da Gi porque estou criticando-a é tão ofensivo quanto dizer que critico algo pra ganhar fama. Isso cheira à censura, sabe? Porque parece que não posso criticar nada ou ninguém de jeito nenhum. Então quem pode criticar? Marcelo Tas, colega do Rafinha e cada vez mais parecido com ele, pode? A gente também não poderia dizer que Tas tá com inveja das mulheres no governo? Afinal, ele as critica! Ou que ele está implorando por atenção ao criticá-las? Tas já criticou outras pessoas também: será que ele tem inveja do Rogerio Ceni por não ter um corpão como o do goleiro? Ou Tas quer tomar os holofotes do Bolsonaro? E quando Tas me ameaçou de processo e me criticou, ele estava com inveja dos meus lindos olhos verdes? Não? Então com licença que posso criticar o que a Gisele representa sem lamentar que eu não seja casada com o Tom Brady (é futebol americano o que ele joga? Argh).
Não fico surpresa que Tas e demais representantes da mídia tradicional estejam defendendo uma marca de lingerie como se fosse a fábrica pessoal deles. Hay gobierno? Soy contra! E viva a iniciativa privada, que só quer o bem da sociedade e patrocina os nossos programas! Dizer que a propaganda não é sexista porque “é só uma brincadeira” é a escapatória mais antiga que existe. Em nome da piada pode tudo! Eu poderia xingar todo mundo e acrescenta um rs ou um hehehe no final e zuzo bem. Tudo liberado, inclusive contar piada de estupro e declarar que comeria uma cantora grávida e seu bebê. No humor e na guerra vale tudo!
A campanha da Hope é sexista? Lógico que é, como já discuti aqui. Ela diz que mulher não sabe dirigir, bate o carro do marido, gasta demais, e que precisa contar pro cara com jeitinho (tem medo de quê?) sobre as besteiras que faz. Também há o subtexto de que esse seria o subterfúgio da mulher brasileira — usar seu “charme”. Sinceramente, não vi muita gente negando o machismo explícito dos comerciais. Discutem-se apenas outros pontos.
Tipo: a campanha é engraçada? Depende do humor de cada um. Humor é algo muito pessoal. Pra mim essas mensagens são tão clichê que não dá pra rir. Tem alguma novidade nesses estereótipos todos?
O que mais vi foi gente dizendo se gostou ou não. Ahn, dica: melhorem a argumentação. Só gostar ou não gostar de uma coisa não é exatamente uma análise. Dê a sua opinião, mas procure falar de como a campanha representa a mulher em geral e a mulher brasileira em particular, se pode tudo em nome do humor, se não é ofensivo o comunicado da assessoria da Hope, falando da “sensualidade natural da mulher brasileira, reconhecida mundialmente” (natural? A gente quer ser reconhecida mundialmente pela nossa sensualidade? Isso ajuda em quê, além de aumentar os números do nosso turismo sexual?), se a contratação de uma mulher poderosa como Gisele “evidencia”, como diz a nota, que a propaganda é uma brincadeira, ou se a mensagem é que até uma mulher poderosa como Gisele precisa usar uma “arma eficaz” como posar de lingerie para ser validada como ser humano, e se marcas que vivem “da preferência das mulheres” costumam tomar atitudes que desvalorizam seu público consumidor (novelas? Revistas femininas? Grifes de moda? Cremes de beleza? Nah, tudo produto que só valoriza seu público consumidor!).
Aproveite também e reflita se você ficou chatead@ com o comercial da Caixa Econômica Federal, que cometeu a barbaridade de usar um ator branco para representar Machado de Assis num país racista e sem heróis negros como o nosso. Se quem tivesse feito isso fosse uma empresa privada, não estatal, qual seria sua reação? E se Gisele tivesse sido contratada não por uma empresa privada, mas por uma estatal, para promover a “sensualidade natural da mulher brasileira” e ensinar a usar charminho para passar más notícias, também estaria tudo belê?
Eu repudio idiotices machistas como a capa do Globo (que colocou Gisele e seu "certo" ao lado da ministra Iriny Lopes, a errada, porque dane-se que uma mulher seja ministra do quinto maior país do mundo -- se ela não for bonita, ela nem tem razão de existir). E concordo com a nota da Secretaria de Políticas para as Mulheres, que pediu a suspensão da campanha. Sim, a campanha é discriminatória e presta um desserviço à mulher. Mas não concordo com o pedido de suspensão. A campanha da Hope é apenas uma num oceano de propagandas e programas machistas. O que é preciso é uma ampla campanha institucional contra o machismo. Insisto: quero uma campanha como a do Equador. Quero que toda ação (machismo) seja acompanhada de uma reação (educação). E não quero que isso custe um só tostão aos cofres públicos. Pensamento único é o que temos na mídia, ou quantos programas de TV você conhece que discutem o sexismo? Nossa liberdade de escolha é tremenda: somos livres para escolher entre CQC ou Pânico. Ora, TV é concessão pública. Que se exija das TVs, que exibem sem piscar comerciais e programas machistas, homofóbicos, racistas, a veiculação de campanhas educativas. Que míseros quinze minutinhos por dia, espalhados por toda a programação, sejam usados pelo governo e ONGs para reagir contra os preconceitos. Talvez demore muito para que uma campanha educativa contra o machismo consiga superar a misoginia que reina na nossa sociedade. Mas é preciso começar já.
Então. Tem um montão de coisa pra você discutir sobre o tópico “campanha da Gisele e pedido de suspensão”. Mas claro que você pode continuar fechando os olhos pra tudo e ficar apenas chamando quem critica o machismo na mídia de feminazi invejosa mal amada. Fica a seu critério.

176 comentários:

Gre disse...

Lola, quando crescer quero ser como vc!

CLAP CLAP CLAP.

Bjs

Marianna Portela disse...

Lola... SUA LINDA!

aiaiai disse...

Valeu, Lolinha. Nem tenho o que comentar já que concordo com tudo. Acho q o pedido de suspensão foi exagerado, melhor seria demonstrar o repúdio e cobrar das empresas e das mídias que se engajem na luta pela igualdade entre mulheres e homens. Realmente, se fosse para suspender, a gente teria que suspender quase tudo.

Relicário disse...

To ficando repetitiva...vc é demais, escreve como ninguém!

Lembrei ao ler teu post sobre as propagandas divulgadas pela DULOREN, nem me lembro o ano, que utilizaram fotos nojentas que lembravam "estupro", foi um bafafá danado,e até hoje eu não compro DULOREN...

Beijo grande!

Angélica

disse...

É um perigo quando vou ler um post seu Lola, sempre vou abrindo todos os links e leio os posts relacionados e fico no blog o dia inteiro hahahahha
Gostei muito, e concordo em tudo!
To cansada de não poder criticar nada porque é inveja e também de em nome da piada poder tudo, não não pode não!

Sara disse...

Lola eu nem comentei o outro post, porque com sinceridade eu não vi o que parece que muitas mulheres enxergaram nesse comercial, e até nos outros que vc citou no post anterior, eu já trabalhei com publicidade há muito tempo atrás, e sei que é muito difícil fazer uma campanha sem receber criticas.
No facebook algumas amigas minhas me questionaram sobre o que achei do fato da campanha correr o risco de parar de ser veiculada.
Todas essas amigas ali assim como vc também acharam a campanha machista, eu não achei e disse a elas que temos tantos problemas que o machismo acarreta, com conseqüências tão mais graves, que gostaria muito que as autoridades dessem uma resposta tão rápida como deram no caso dessa campanha.
Agora o que sou integralmente a favor é de campanhas contra o machismo, e até gostaria de saber mais a respeito dessas que vc citou no Equador, achei que as campanhas em que a Maria da Penha dava testemunhos estavam ótimas, só achei que foram muito pouco veiculadas.

Serge Renine disse...

Eu não sei se a propaganda deve ser proibida pelo governo. Isso é coisa de fascista e acredito que temos inteligência para separar o que é bom do que é ruim. O governo, composto por esses acéfalos corruptos, é o pior instrumento para isso.

Sobre a propaganda eu acho que ela insulta a mulheres sim. A Gisele deveria ter desconfiado e não se meter num furada dessas.

Isso que ela fez só alimenta o preconceito, já enorme, sobre as mulheres. A agência que criou a campanha deveria fechar por seu um alto nível de estupidez em não ver isso, ou achar que não era importante.

A Propaganda brasileira agoniza a muito tempo mas sempre acham um jeito de fazer algo pior.

PaBlO disse...

vc pergunta em quê ajuda a “sensualidade natural da mulher brasileira, reconhecida mundialmente". com grande certeza, para isto: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/prostituta-brasileira-e-sucesso-na-tv-portuguesa
e http://youtu.be/0It0BIeuuWQ [não sei se já tinha visto...].
todos falam, eu repito: muito bom o texto. eu digo tb, NECESSÁRIO!

Mari Lee disse...

Ótimo post, Lola!

Em todo lugar que vi na internet falando do caso, as pessoas (maioria garotos) não entenderam MESMO por que o comercial é machista (muita gente acha que é só porque ela está de lingerie, pode?? - assim como o comentário do Tas no twitter dá a entender).
E só sabem dizer que quem critica é mulher feia. Buuu... vou chorar... me chamaram de feia!

E pensando mais sobre o assunto ontem, comecei a pensar que essa questão do "tem medo de quê" é muito relevante. Infelizmente, violência doméstica é muito comum!
Faltou o comercial falar o que acontece se a moça contar "do jeito errado". Será que ela apanha?

letícia disse...

Quando eu vi essa propaganda eu achei tão idiota, deu até uma raivinha, de passar algo tão ridículo, de achar que eu, como consumidora, iria querer comprar algo da HOPE com uma divulgaçã da marca que diz que mulheres não digigem carros bem, que só sabem estourar limites de cartão e que para dizer isso, tem que usar um charme, porque senão o marido briga, afirmando também que o marido é o homem da casa.
Tem horas que parece que estamos nos tempos da minha avó. É lamentável que esse tipo de atitude de uma empresa ainda exista.

Lembrei do comentário da Claudia Leitte: "Artistas internacionais vem pra cá, mostram a bunda..." ué, se a mídia mostra um país que ganha com o jeitinho, que usa o charme da brasileira e divulga o corpo/carnaval como únicos por aqui, a culpa não é lá exatamente dos gringos né. É bombardeio de "jeitinho brasileiro" por todo lado.

E é como vc disse, Lola, tem um mar de propagandas sexistas...aquela do Vanish, que é tudo rosa e só tem mulher...Tem uma outra (eu não estou lembrando a marca) que tem um pano umidecido para limpar o chão e após a limpeza, a mulher e um bando de mulheres comemoram...porque né, para propagandas de produtos de limpeza, eletrodomésticos em geral, somente mulheres usam fogão, limpam o chão...homens nem sabem o que é isso.
Seria muito bom se houvesse alguma campanha que fosse contra esse tipo de propaganda/programas de TV em geral, para mostrar o outro lado.

E é sempre a mesma desculpinha "mas é só uma propaganda".

De propaganda em propaganda, estamos ai, com divulgações que ainda acham engraçado esse tipo de coisa.

Lamentável.

disse...

Acabei de ver os videos da campanha no Equador e são ótimos! Com certeza precisamos disso no Brasil (:

Mari Lee disse...

Devo falar, também, que na primeira vez que vi a propaganda, fiquei chocada. Mas tantas propagandas me deixam chocada, que nunca passou pela minha cabeça uma proibição.

Eu acho que deveria ser proibida, sim.
Mas é meio hipócrita proibir só essa propaganda, quando há tantas outras terríveis sendo vinculadas.
Vamos proibir 90% das propagandas de cerveja, então?

(deveríamos... deveria haver uma regra - propagandas racistas, machistas, homofóbicas etc. deveriam ser proibidas, ponto. A Caixa retirou a propaganda com Machado de Assis branco, não retirou?)

Luiz disse...

Como se vê, há mesmo ministros demais no governo Dilma. Na falta do que fazer, inventa-se.

Flávio Brito™ disse...

Á mídia apenas mostra o que as pessoas gostam de ver.
Não é culpa da mídia ela só esta agradando o público.

O que vocês esperavam?
(Um comercial da Hope com uma modelo fora dos padrões de beleza "imposto" as mulheres, totalmente vestida da cabeça aos pés para deixar claro a sociedade patriarcal que a mulher não serve apenas para sexo e que o corpo é dela, gritando palavras de ordem contra a opressão machista arraigada em nossa cultura?)

Acho que isso não vende calcinha não...

No ultimo post vi pessoas apoiando que a propaganda fosse retirada do ar.

Sou totalmente contra a censura.
Liberdade sempre, por mais idiota que seja a mensagem a ser passada.

O que essas pessoas querem? Que todos os comerciais sejam previamente avaliados por uma secretaria feminista do estado é que só com a aprovação desta a propaganda possa ser veiculada?

O estado não tem o direito de decidir o que eu posso ou não assistir.

Sei lá achei muito barulho por pouca coisa.

Me lembrei que li em blogue feminista a algum tempo atrás um post onde a autora dizia que as mulheres não devem fazer sexo na posição de “cachorrinho” porque isso colocava as mulher em uma situação de submissão ao homem, que elas não deveriam se submeter a esse ato machista e que era herança do patriarcado e blá, blá, blá, blá, blá, blá...

Tem um vlog do Seu Fernando, um cara já de idade em que ele fica puto por que uma vez ele foi apresentar a mulher dele a um amigo e uma feminista que estava perto disse:

Você não pode dizer que ela é sua mulher, porque a mulher não pertence a você e blá, blá, blá, blá, blá, blá...

O vídeo é bem legal.

YC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
YC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

É issaí, Lola, concordo com você 100%. Mas não gostaria de ver a campanha proibida - creio que as discussões em torno da questão podem até funcionar melhor com o anúncio aí.
Acho que a campanha também poderia ser considerada 'ofensiva' (por falta de outra palavra no momento) aos homens. Comassim eles seriam tão otários que qq mulher bonita de lingerie da Hope (gente, nem Dior ou Victoria's Secret não é...) consegue levá-los na conversa? Sei lá, se eu fosse homem, não ia achar muita graça nessa associação não.
Quer dizer, a Hope errou os dois tiros. Mas, pro meu gosto, a campanha fica.
Abraço e bom finde!
Mônica

Thaís disse...

A campanha do Equador é incrível. E excelente texto!

E eu nem tinha pensado no "medo de quê?" direito, sabe? E agora ao pensar, estou ainda mais revoltada com a propaganda. Mais uma vez violência.

Quando eu comecei a perceber o machismo, homofobia e racismo da publicidade eu SEMPRE ficava chocada, mandava e-mails pra Conar, falava e falava disso pra quem se dispusesse a ouvir. O tenso é que são tantas propagandas que você "se acostuma", comenta só de uma ou outra, porque CANSA. Cansa constatar que sexismo, homofobia, racismo e outros preconceitos estão aqui, que quem acha piada de estupro engraçada e é fã do clube do macho e blog testosterona estão do seu lado na faculdade, na rua, no bar, até mesmo em casa. Pra falar a verdade, chega a dar medo mesmo. Eu tenho medo desses caras que odeiam tanto as mulheres um dia resolvam realmente fazer algo, atacar alguém.

Não concordo com a proibição e sim com uma recomendação pra Hope pra retirar do ar mesmo, e-mails para Hope. Enquanto não houver uma regulamentação das mídias não é interessante proibir, porque um poder discricionário desses na mão da pessoa errada é perigoso, né?

Vamos enviar e-mails de insatisfação e indignação para Hope, mostrar que É MUITA gente que não concorda com essa "imagem da brasileira". (:

Fátima Nascimento disse...

Foi a melhor argumentação que vi a respeito desse assunto. Perfeito.

Anônimo disse...

Lola, eu AMEI seu texto!!!!!!!! Muito legal sua opinião!!!!

Anônimo disse...

Lola, eu AMEIIIIII seu texto, meus parabéns! Continue assim, vc è brilhante!Concordo com tudo que vc falou!

Serge Renine disse...

Cronicasurbanas:

Perfeito que você disse: "eles seriam tão otários que qq mulher bonita de lingerie da Hope (gente, nem Dior ou Victoria's Secret não é...) consegue levá-los na conversa?"

A tal propaganda ofende os homens também!

0rkt disse...

Talvez se a propaganda tivesse um cunho racista ou ofendesse algum grupo religioso, todo mundo concordaria que ela deveria ser tirada do ar, mas como mas como o machismo e tratar o corpo feminino como um ”bife suculento” pronto para ser devorado pelo olhar masculino é uma prática tão comum na publicidade faz com que poucas pessoas se sintam ultrajadas ao verem mulheres sendo tratadas como objeto pelos meios publicitários.

Ver essa propaganda me deixa triste, pois dá a sensação por dá a sensação que nós mulheres ainda temos que batalhar por mais um século até que sejamos completamente respeitadas.

Niemi Hyyrynen disse...

Realmente a Giselle não precisa disso, mas será que ela tem consciencia de que isso é machista?

Afinal, quantas mulheres disseram não ter visto nada demais?

Agora, proibir a veiculação da propaganda acho que foi um pouco demais, não sei, talvez se fosse possivel obrigar a agencia refazer a peça, ou emitir um "mea culpa", não sei...

Agora, Serge, vc é contra a proibição da propaganda mas é a favor de mandar fechar a agencia? Isso não é mais facista ainda?

Flávio Madruga

Se informa direitinho antes tá? O tal texto da suposta feminista que fala da posição do "cachorrinho" é um fake postado num blog mascu.

O vlog do Fernando tb é fake, o velho é só um ator, quem escreve os roteiros é o Felipe Neto.

Ou vc acredita msm que um velho que não sabe nada de informatica faria um vlog daqueles? Msm contratando um "rapaz que manja dessa coisa de video".

Alias, duvido muito que um senhor de idade tiraria o seu dinheiro do remédio para gravar um vlog...é muita inocencia acreditar no que é dito ali

Bruna disse...

Concordo com seus argumentos, mas pra ser sincera, gostaria de ver a campanha proibida sim. Talvez nem fizesse um próximo publicitario sem noção pensar melhor antes de colocar uma propaganda dessas na tv, mas seria mto bom que minhas sobrinhas e alunas, que são crianças e adolescentes, não tivessem mais q ver essa propaganda nos intervalos.

Vivien Morgato : disse...

Eu vi várias pessoas acreditando que o protesto contra a propaganda estava baseado em alum tipo de moralismo, por ela andar de calcinha, sei lá.
Francamente, eu não sei como eles podem pensar que esse seria o foco das críticas.
Mas o pior, o pior mesmo, foi perceber que parte das mulheres NÃO ENTENDEU a misoginia da propaganda.
Mulher naturalizando estereótipos e fazendo o papela de propagadora de preconceito não é novidade, mas sempre me choca.

Clara Gurgel disse...

Lola, além do discussão sobre a propaganda ser machista ou não, o que me espanta é enorme falta de criatividade da agência que desenvolveu essa campanha. Nossa! Tão lugar comum ( e ultrapassado,né?!) essa estereotipagem em relação a mulher. Só posso acreditar é que eles esperavam mesmo por esse "bafafá" todo.
Quanto a Gisele, fico me perguntando o que a levaria a participar desses comerciais já que falta de dinheiro e fama não são problemas para ela. Submissão aos contratos das empresas? Será? Gostaria de ouvi-la...

Flávio Brito™ disse...

Niemi Hyyrynen

Pode deixar vou me informar melhor.
Um dia vou ser bem culto igual você ta!

Se bem que hoje em dia com Google e Wikipédia todo mundo aqui é bem culto né...


Mas não sei até hoje o que é mascu acho que deve ser um machista moderno, sei lá só vejo esse termo aqui no blogue da Lola.

Mas com certeza você que é super informada sabe.


O texto estava em blogue feminista sim viu!

E sobre o Fernando vc tem razão ao dizer que é um ator, mas não é fake não.
To cansado de ver feministas criticando o termo “minha mulher”

O cara deve falar o que?

Esta é a pessoa com quem contrai matrimonio?
(Não né? por que ai deixa de ser machista e passa a ser fundamentalismo religioso)

O cara deve falar essa é minha esposa?
(Não né? por que ai é preconceito de gênero ao afirmar preconceituosamente que homens não se casam com outros homens)

Vais saber!

Pô deixei de ser o Flávio Mouse/Gevara para ser o Flávio madruga.

Luiz Claudio disse...

Querida Lola ,

Nada a comentar em relação ao seu post e a sua argumentação,sempre completa e irrepreensível (se pudesse apenas dar uma humilde sugestão, talvez cuidar um pouco mais da concisão pois às vezes o texto cai no território do bloguismo que afasta o leitor que precisa ser "chacoalhado"...)

Mas gostaria de ressaltar que as duas únicas opiniões acima, "a favor" da infeliz campanha, são o que mais nos assusta hoje em dia: a limitação e a baixa qualidade do comentário vindo do senso-comum que repete clichês, defende reservas de mercado e, ao se deparar com uma argumentação sólida como é o seu texto, mostra-se intransigente nos valores que defende e não se permite a reflexão ou mudança de opinião. Você bem sabe o nome disso: fascismo.

abraços de um seguidor e uma dmirador

Lilian disse...

Lola, post mais lúcido como o seu não tem viu!

Queria que as pessoas tivessem mais lucidez igual a tua!

Eduardo Marques disse...

Não é que a Gisele seja a mulher mais bonita do mundo. Ela tem um rosto muito bonito, sem dúvida, mas tem o tipo físico raríssimo que a sociedade atualmente mais preza. Ela é uma espécie de "aberração sortuda".

Andréa disse...

Achei engraçado que os homens passaram a defender a propaganda com unhas e dentes sem perceber que eles tb deveriam se sentir ofendidos por serem chamados de estúpidos, retardados, idiotas, paspalhos e imbecis que são completamente manipulados por uma mulher de lingerie. Ou seja, são apenas fantoches que pensam com a cabeça de baixo nas mãos das mulheres "espertinhas" que sabem como dar a notícia "corretamente".

Achei a propaganda ofensiva pros dois lados tb. Só que os homens sequer se tocaram disso! =P

bruna lazarini disse...

Perfeito, perfeito!

Flávio Brito™ disse...

Andréa

Pior que faz sentido sabia...

Antonio Luiz M. C. Costa disse...

Sobre "Será que LeBron e Gisele sabiam que estavam imitando um cartaz racista?"

Uma observação: embora a comparação com a capa da revista possa sugerir racismo a quem tenha visto o cartaz de recrutamento, ele não era originariamente racista e sim irônico. O alvo não eram os negros, mas a Alemanha ou o Kaiser alemão, com quem os EUA estavam em guerra em 1917 e que tinha pretensões de superioridade racial sobre o resto do mundo.

Niemi Hyyrynen disse...

Madruguinha

Não fica bravo não tá? Vc ainda pode estudar bastante...começa lendo o texto deste link aqui óh:

http://bit.ly/fHoed9

O tal blog mascu que eu te disse, e presta atenção na tag "jornalismo de mentirinha" o proprio autor do blog deixa claro que é um texto fake ( que aliás ele adora elaborar ).

Deveriam convidar o rapaz para trabalhar com o Felipe Neto no tal vlog do Fernando já que o "não faz sentido" perdeu o sentido faz tempo, já passou a febre no youtube a garotada já tá procurando outras porcarias para lhe doutrinarem.

PS: esperando seu link do blog feminista blz?só pra constar

Leila Silva disse...

Obrigada, Lola, por colocar de forma tão coerente o que tant@s de nós pensamos. Não sei como tem gente que ainda não percebeu a mensagem negativa e antiquada da propaganda. E concordo com quem disse que os homens também deveriam se sentir ofendidos por se verem retratados como uns bestalhões.

Liana hc disse...

Também achei que o pedido de suspensão não foi a melhor estratégia. Gostei bastante da iniciativa do Equador contra o machismo e seria bom ter algo do tipo aqui sendo transmitido de forma constante.

E o que foi esse argumento da Hope: "Seria absurdo se nós, que vivemos da preferência das mulheres, tomássemos qualquer atitude que desvalorizasse nosso público consumidor." É absurdo e é exatamente isso que fazem. Temos o probleminha de que o machismo é tão comum e enraizado que, para muitos consumidores, passa como algo que valoriza a mulher. Essa gente não alivia nem para crianças, tem aquele comercial do chocolate Baton no acampamento mostrando meninas como troféu e os garotos disputando quem se dava melhor em cima delas, isso é outro absurdo.

Não acho que publicitários sejam pessoas ingênuas que não percebem a mensagem implícita que passam (isso sim seria absurdo de se imaginar). Machismo é fórmula mais que batida, eles se valem disso até o osso nessas campanhas, depois vêm negar. O que precisa mudar mesmo é o modo como a população lida com o tema, o resto vai se adequando. As empresas só têm um objetivo que é lucrar, quando o sexismo não se prestar mais a isso, aí veremos a coisa seguir por outro rumo.

Quer "inovar"? Imita um daqueles comerciais japoneses, queria ver um negócio desses aqui, a começar com um produto de limpeza :)

Um homem machista está mais preocupado em ver o maior número possível de mulheres seminuas do que com algo bem mais sutil como ser indiretamente considerado parvo numa campanha desta.

Elisa Maia disse...

Independentemente da comparação com o cartaz da II Guerra, se eu fosse fazer a primeira capa com um negro na minha revista, não o retrataria dessa forma selvagem e ameaçadora.

Giovanni Gouveia disse...

Viu esse texto, Lola?

http://noticias.r7.com/blogs/hildegard-angel/2011/09/29/mulheres-feias/

Hildegard Angel Ataca, sem dó nem piedade, a feiúra moral

P.S. Só um detalhezinho, da Constituição Federal:

Art. 21. Compete à União:
(...)

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;

(grifo meu)

Marilia disse...

O pior comentário que li sobre isso foram várias mulheres dizendo que não havia nenhum problema em ser`"Objeto Sexual do marido". Porque sujeito, né?!


E ouvi hoje na escola em que trabalho: é só uma piada. Vale tudo, né?!

aiaiai disse...

Lolinha,

aproveito o post oportuno para informar aos seus leitores de brasília deste seminário para discutir imprensa e direitos das mulheres:

http://www.andi.org.br/inclusao-e-sustentabilidade/destaque-inclus-sustent/seminario-vai-discutir-cobertura-de-imprensa-sob

se eu estivesse em brasilia eu ia.

Escarlate disse...

Mas se essa propaganda não foi proibida, a da Caixa tb não deveria ser. Acho que a Hope mesmo deveria tirar o comercial, mas só de ter q esperar eles cairem na real acho q ia demorar.

Nunca se sabe o que é melhor nessas situações. Proibiram aquela campanha da Devassa com a Paris Hilton e eles fizeram ainda mais sucesso. De qualquer forma, é ridículo falar de "inveja da Gisele". Depois que eu saí do ensino fundamental, eu nunca mais usei esse tipo de "argumentação".

Michelle Silva Toti disse...

No Brasil as mulheres que pensam são vistas como invejosas e feias. Mulher aqui só deve servir como objeto decorativo.
É triste. Desanimador.

Anônimo disse...

Lô, os homens não se incomodam em ter ao seu lado, como companheiras "de uma vida" (ou ao menos parte dela), mulheres tão infantilizadas (veja a cara de menininha inocente da Gisele na propaganda... ai, que muxoxozinho lindo... :P) e tão inúteis (cadê a contribuição de um ser que só se presta a fazer uso de bens materiais?)?

Sei lá, eu vejo isso como vergonha pros dois lados, o das mulheres e o dos homens! Eu não consigo conceber algum respeito por um ser que se dobra ao aceno de uma babaquice vazia exclusivamente porque a bunda é bonita. Eu até olho prumas bundas masculinas bem bonitas por aí, mas daí a perder o rumo e aceitar qq caca que advenha dela ou de seu possuidor... viche! há uma distância de anos-luz, né?

Poderia falar alguma coisa sobre isso num post?

Lolita, I need your posts! ;D
Beijos,
Olhar

Alex disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
yulia disse...

depois o tas não quer ser chamado de misógnio.

Alex disse...

1- Contrate celebridade
2- Faça uma propaganda "polêmica" com ela
3- Aguarde governo/Conar se manifestarem contra.
4- Ajude a divulgar a "censura" que poderá ou não vir.
5- Observe o marketing espontâneo gerado.
6- Pegue o dinheiro que vc ganhou, jogue pra cima e deixe cair na sua cabeça enquanto canta Baby you´re a rich man.
7- Repita.

Nara disse...

Lola, a resposta da Hope pautada na "sensualidade natural" da mulher brasileira me lembrou aquele comercial recente das Havaianas, em que uma estrangeira está folheando uma revista pensando em um lugar para passar a lua-de-mel: quem sabe o Brasil, "povo mais feliz do planeta", com sua bela natureza, etx etc? Ela desiste no momento em que vê uma foto que, segundo o comercial, representa a mulher brasileira: uma com um belo corpo, de biquini, na praia.

Apostar no estereótipo da nossa dita sensualidade e inclusive em nos caracterizar como o povo mais feliz do planeta é olhar para o próprio país com os olhos de um estrangeiro, que fantasia sobre o outro a partir do seu gosto de exotismo. São questões tão antigas que o próprio Machado, citado no post, já percebeu (quem quiser, procure o texto de Roger Bastide: "Machado de Assis, paisagista".

E é uma proposta muito mascu, para usar seu termo, porque reforça aquela idéia de que os homens são pobres coitados que caem nas armadilhas das mulheres safadas que "usam seu charme" - sem perceber que esse "use seu charme" traz oculto uma violência que poderia atingi-las caso contrário.

Nara disse...

Ah, vou facilitar e deixar o link aqui do texto do Roger Bastide que eu citei (não tem a ver com o post em si, mas com a percepção que se tem do próprio país, o que a Hope deixou a desejar, na caracterização da mulher brasileira):

http://www.usp.br/revistausp/56/22-roger.pdf

E recomendar também um documentário que, na verdade, eu só assisti uns trechos na internet, quem recomendou e viu inteiro foi meu namorado, e mostra bem isso de como somos vistos lá fora - e como isso impregna a nossa própria mentalidade:

É o Olhar Estrangeiro, da Lucia Murat:
http://acervonacional.blogspot.com/2010/01/olhar-estrangeiro.html

Serge Renine disse...

Nieme:

Eu disse que a agência deveria falir por falta de clientes, por ser burra e incopetente, nao fechada pelo governo.

Entendeu?

Elisa Maia disse...

Alex,
Faltou o

Problem? *trollface*

Nara disse...

Já fiz o meu protesto formal no site da Hope. Façam também!

Flávia Simas disse...

Não sei se vocês viram o artigo que saiu no Guardian a respeito (em inglês). Os comentários são tão rasos que sinceramente, eu perco as esperanças em um mundo mais justo e menos sexista. É de chorar: http://verd.in/bmkm

Juliana Laet disse...

Parabéns pelo post, Lola! Adorei as palavras de ordem no final, o post todo é incrível, mas termina de forma surpreendente.
Você que sempre aparece nas minhas discussões diárias.

Penso que nossa sociedade carece de modelos. Digo modelos pq segundo Habermas (entre milhares de outros autores) existem, nas sociedades, pessoas, universitários/as, filósofas/os dentre outros/as que estão aqui justamente para direcionar o debate no espaço público, já que uma parte grande da sociedade não teve a oportunidade de buscar esclarecimento através do estudo.
O que percebo é que as pessoas não SABEM pensar, elas não tem senso crítico algum. Elas formulam parcos argumentos sobre as coisas a partir de algo que ouviram de alguém. Quantas vezes vc já viu gente repetindo coisa por aí, daí alguém que é um tiquinho mais esperto diz: mas quem falou isso? e a pessoa fica toda perdida.
E hoje, quem direciona o debate na nossa sociedade? Tas, Rafinha Bastos, a Veja, etc. É desesperador!
As pessoas REPETEM e não REFLETEM.

Endora disse...

Lola, eu concordo com vc sobre algumas coisas no post mas me incomoda muito mais o comercial da giselle pra sky, onde ela é uma dona de casa trocada pela TV do que ela de lingerie no comercial da hope. Comercial clichê? Sim. Mas honestamente: não considero ofensivo. Somos mulheres e usamos subterfúgios para conseguir as coisas assim como os homens tb usam, respeitando-se aí as diferenças de gênero. Sei lá. Sou sua fã, gosto muito do que vc escreve, sou militante da causa feminsta mas... assim... será que esse comercial realmente precisa sair do ar? Acho que não. É só uma piadinha sem graça. Beijo.

aiaiai disse...

Alex,

essa "estratégia de marketing" que vc enumerou poderia ser vitoriosa caso a empresa fosse desconhecida. No caso, é um tiro no pé. A marca era conhecida e inclusive respeitada entre as mulheres mais conscientes por oferecer conforto, com modelos mais simples e em tamanhos adequados para a diversidade brasileira.
agora, tá lascada. Aposto q as vendas vão cair. Tem muita feminista (eu inclusive) q era usuária frequente dessa marca e q agora não será mais. Existem alternativas até mais baratas e de maior qualidade.

Clara Morais disse...

"Talvez se a propaganda tivesse um cunho racista ou ofendesse algum grupo religioso, todo mundo concordaria que ela deveria ser tirada do ar, mas como mas como o machismo e tratar o corpo feminino como um ”bife suculento” pronto para ser devorado pelo olhar masculino é uma prática tão comum na publicidade faz com que poucas pessoas se sintam ultrajadas ao verem mulheres sendo tratadas como objeto pelos meios publicitários.

Ver essa propaganda me deixa triste, pois dá a sensação que nós mulheres ainda temos que batalhar por mais um século até que sejamos completamente respeitadas."


Somos duas!

E, sinceramente, não acredito que mais um século vá resolver. Uma bomba nuclear, talvez...


Se nem questões relevantes como a necessidade de se criminalizar o machismo e proibir propagandas machistas, assim como racistas, são levadas em consideração...

Imagine a questão do "minha mulher", como o Sr. Madruga citou ali em cima. Se o povo não enxerga machismo nem numa frase escancarada como essa, quando é que vai se tocar para questões mais sensíveis, como o A do PresidentA?

É medonha a cegueira das pessoas para temas tão importantes. Sim, porque machismo na mídia, no cotidiano, é MUITO RELEVANTE. Dá a impressão de que você é um alien evoluído convivendo com seis bilhões de paquidermes.

Eu me sinto mal só de pensar que a maioria das pessoas aqui no Brasil são assim primitivas, casca-grossa, insensíveis, mal educadas e incultas. Na minoria das vezes sinto pena, se for uma pessoa importante eu faço o meu melhor pra ignorar, mas quaaase sempre eu sinto repulsa, vontade de ficar bem longe de gente que possui qualquer grau de machismo.

Aliás, agora não podemos criticar sob a pena de sermos tachaas de boba/gorda/feia/chata?

Bom, a gente já saiu do primário, né? A mídia e os humoristas brasileiros não, mas as feministas que eu me lembre nunca se sentiriam ofendidas por qualquer dos xingamentos acima.

Eu me enquadro no "chata", talvez no "boba" também (aguento cada uma de boca fechada, devo ser idiota mesmo).

Mas... Achar que isso vai impedir críticas contra o machismo é muita inocência. Achar que um povão debilóide não vai engolir os comentários imbecis do Tas, por exemplo, é mais inocência ainda.

Um povo que dá audiência pro Pânico, CQC, e não vê machismo nessa propaganda de lingerie...

Tenho muito medo disso!

Educação contra o machismo, homofobia, racismo...

Será que é muito pedir isso?

Anônimo disse...

A maioria das brasileiras não entende a lógica do feminismo, e eu acho surpreendente é algumas feministas fazerem-se de surpresas. Nas conversas em qualquer salão de beleza desse país, em qualquer ponto de ônibus, em qualquer barzinho, em qualquer feira nota-se isso.
É ingenuidade também não achar que muitas mulheres (iludidas ou não) estão plenamente satisfeitas com essa dinâmica e/ou a enxergam como algo natural.
E a Gisele não é ingênua. Pelo amor de deus né. O que não quer dizer também que ela seja uma vilã a favor de casacos de pele e mulheres objetificadas. Mas, não sei se vocês reparam na profissão dela..., a demanda a qual que ela supre.

No mais, é como outros disseram, o machismo infelizmente está em todos os lugares, essa propaganda é um nada, uma gota no oceano. Quase não vejo tv mas aposto que pelo menos uns outros dois comerciais machistas passem a cada intervalo junto a esse daí e não tenham gerado nada nenhuma discussão como essa aqui.

André disse...

Eduardo Marques e Flávio Madruga,

O tipo físico da Gisele não é o preferido dos brasileiros não. Muito menos favorece o produto. Entrem numa loja de lingerie e vejam os mostradores/manequins, todos eles imitam, seja o torso ou apenas o quadril, uma mulher de bumbum grande.

Clara Morais disse...

"piadinha sem graça"?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!!?!!?!?!?!?

Ai minha santa virgem Hello Kitty dos Mil Lacinhos, protetora das pessoinhas fófis inocentes, moradores do Reino da Fantasia onde as nuvens são de algodão doce e a terra é de chocolate!


Não, não, não é uma ofensa.


É só choque de realidade.

Nem sei porque eu ainda me espanto em ver as próprias mulheres tolerando machismo dessa forma...

Depois a gente vai lutar por igualdade de salários, divisão de tarefas, responsabilidade com os filhos... Os caras me viram e falam: "as próprias mulheres aceitam o machismo. Eu vejo filme pornô e minha namorada acha normal... Desde que eu pague a conta de luz.".

Cada um com seu papel, né?

I DO NOT BELIEVE THIS. ¬¬'

Starsmore disse...

Gostei do post e concordo com tudo.

Só penso que citar certos programas e políticos é exatamente o que eles querem.

Só lembro que o programa ('Custe o Que Custar' meio ponto ponto de audiência) existe quando vejo que algum dos humoristas gerou polêmica declarando alguma abobrinha.

aiaiai disse...

vou fazer um último comentário, se me permitem:

1. por favor, percebam q isso não é menos ou mais importante do que defender as mulheres que apanham ou morrem nas mãos de machistas todos os dias. Isso faz parte do mesmo problema. Se a mulher precisa usar da "sensualidade" para falar algo com o seu "dono" é porque o seu "dono" tem o poder de, caso fique zangado, brigar, reclamar, bater ou matar a sua "mercadoria". Ele só não vai fazer essas coisas, se ela for uma boa mercadoria e ele não quiser estragar ela, digamos assim.

2. A SPM não está censurando a propaganda, está usando a legislação para solicitar ao Conar (orgão livre e independente de auto-regulação da área) que suspenda. Tem uma diferença grande ai.

3. eu até concordo q pedir suspensão é forte, mas, pensando melhor só porque estamos inundados de propagandas sexistas ñ significa q temos q ficar parados. Este pode ser um primeiro passo. Eu ia gostar mais de uma multa, mas não tem isso na legislação.

Peço a todos q leiam a integra da nota oficial da SPM (é curtinha)

http://www.sepm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2011/09/spm-pede-suspensao-da-propaganda-da-hope-ao-conar

e se estiverem mesmo interessados na verdade, leiam também as cartas enviadas ao conar

http://www.sepm.gov.br/noticias/documentos-1/Representacao%20ao%20CONAR.pdf

e à empresa, manifestando apenas o "repúdio"...não tá ameaçando, nem pedindo cabeça...

http://www.sepm.gov.br/noticias/documentos-1/Oficio%20no%20185-SPM.PR.pdf

acho importante esse segundo ponto para esclarecer que vivemos em uma democracia e a ministra portou-se como uma democrata.

Rafael Mendes disse...

É a primeira vez que leio o seu blog, não sou a favor de atitudes machista, mas fiquei com algumas dúvidas....
Qual o problema em querer ser magra?? Qual o problema em conseguir um bilhão de reais trabalhando honestamente??Se Marcelo tás critica mulheres do governo, já vi criticando muito mais homens políticos...Gisele e James LeBron são obrigados a conhecer a história e saber que a capa da revista de 1917 era uma capa racista?Uma “arma eficaz” como posar de lingerie para ser validada não é uma arma, é apenas um trabalho...E se têm idiotas o suficiente para consumir a marca, isso se chama liberdade de escolha... Toatal direito, mas com respeito, de também não concordar com o que penso... Abraço.

Anônimo disse...

Touché.

Não acho que contribui muito só dizer que gostei do post, mas é isso mesmo, um grande post, Lola.

Sobre a greve dos professores e a agressão na Assembleia? Você tem visto as notícias de quinta?

Flávio Brito™ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávio Brito™ disse...

Hyyrynen:

Ei mocinha mostre respeito com o ícone Ramom Valdez!
Não estou bravo, apesar de você estar me perseguindo.
Já ouviu falar em trollfobia?

Minha vida seria bem mais fácil aqui se você me ignorasse.

Mas vou seguir seu exemplo e passar mais tempo na Wikipédia, quero ser tão culto como você.

Você é terrível sabia (rs) agora de duas uma:

Ou eu acho o link da feminista ou vou passar por mentiroso.

Muito obrigado "NYemY"

(Eu posso usar o termo mocinha aqui? Ou seria inapropriado em vista do vocabulário politicamente correto uma vez que “mocinha” carrega um preconceito sexista e machista presente em nossa cultura carregada de deméritos do patriarcado herdada do judaico-cristianismo)

Helena disse...

Lola, sabe o que pensei na primeira vez que vi a tal propaganda?? Que ela passava a imagem de que os homens são uns bobos e que basta fazer biquinho para eles e eles nem prestam a atenção no que é dito... E, olha, não sou analfabeta funcional para não entender nas entrelinhas ou para ignorar mensagens escondidas nas propagandas, mas, sério... Eu não fiquei nem um pouco ofendida com o que foi dito pela Gisele porque o ser humano, político que é, sabe que o dia em que os lucros da empresa despencaram não é um bom dia para pedir aumento para o chefe, não é?? O mesmo se aplica para as relações familiares, pois tem o momento certo para falar determinadas coisas. Até para mim, se o meu marido me pegar num dia em que estou com as "guampas tortas", pode me oferecer uma viagem para a lua e não vou dar conversa para ele... Beijo!!

Erika disse...

O pior de tudo já não é mais a propaganda, mas sim o fato de que os defensores da "liberdade de expressão"* (liberdade pra eles, pra eles) querem censurar até mesmo nosso direito de nos sentirmos ofendidas em nossa condição de mulher, mediante inúmeras ofensas infantis do tipo "só se dói quem é feia". Ou seja, não basta agredir, humilhar, é preciso convencer a vítima de que, ao reconhecer-se como vítima, está depondo contra ela mesma. É como dizer que uma pessoa que foi roubada só se sentiu mal pelo roubo porque é uma "morta de fome", ou que alguém que foi fisicamente agredido só reclamou da agressão porque é um "fracote", ou, nos dizeres do grande intelectal Rafinha Bastos, mulher que reclama de ter sido estuprada é porque é feia... enfim, não basta sermos discriminadas, temos que gostar e compactuar com a discriminação, porque só mulheres problemáticas e inferiores se sentem discriminadas.

*Não sei se seria caso de retirar a propaganda do ar, mas acho que seria realmente interessante nós refletirmos mais acerca da liberdade de expressão, sobretudo quanto às propagandas. As pessoas a invocam como uma espécie de mantra, de modo totalmente acrítico, em parte, pelo trauma da ditatura militar. É interessante, porque o papel do direito como instrumento de organização social é justamente de coordenar liberdades, limitando-as para que as liberdades de todos possam coexistir. Não há coexistência de liberdades se alguém a detém de modo ilimitado. Mas, pelo visto, isso não é mais válido para a liberdade de expressão, embora o seja para todas as outras. Daqui a pouco vai ter gente defendendo veiculação de mensagens racistas, eugênicas, misóginas e com toda forma de violência e se protegendo atrás da ideia sacrossanta de "liberdade IRRESTRITA de expressão".

Chico Bicudo disse...

Lola, parabéns pelo texto, lúcido e preciso. Vou divulgá-lo, pois esse é um debate urgente. Postei também em meu Blog algumas reflexões sobre o tema - http://oblogdochico.blogspot.com/2011/09/o-machismo-do-comercial-da-hope-e-o.html.
Quando tiver um tempinho, passe por lá. Será um prazer! Abraços, Chico Bicudo

Clara Morais disse...

"por favor, percebam q isso não é menos ou mais importante do que defender as mulheres que apanham ou morrem nas mãos de machistas todos os dias. Isso faz parte do mesmo problema. Se a mulher precisa usar da "sensualidade" para falar algo com o seu "dono" é porque o seu "dono" tem o poder de, caso fique zangado, brigar, reclamar, bater ou matar a sua "mercadoria". Ele só não vai fazer essas coisas, se ela for uma boa mercadoria e ele não quiser estragar ela, digamos assim."

Aiaiai, se todo mundo tivesse olhos que enxergam, ouvidos que ouvem, bocas que não servem só pra repetir a mesma ladainha de sempre de que "o mundo é assim', "falta do que fazer", "é só uma brincadeirinha boba"...

Flávia Simas disse...

O mesmo se aplica para as relações familiares, pois tem o momento certo para falar determinadas coisas.

É sério mesmo que existe hora certa pra falar que bateu um carro? E ainda mais fazendo uma carinha igualzinha a de uma criança que quebrou o vaso da mãe e SABE que será punida? Existe mesmo hora certa pra isso? Não tá meio óbvio que o comercial implica uma relação HIERÁRQUICA entre marido e esposa que simplesmente não devia existir? Porque pra mim é a mesma coisa: bronca na criança, bronca na mulher, A NÃO SER que a criança/mulher saiba falar com "jeitinho" a respeito do que aconteceu. Sinceramente, é demais pra minha cabeça.

lola aronovich disse...

Concordo com o comentário da Alex: a Hope deve estar cantando "Baby you're a rich man" neste exato momento. É muita felicidade ter o Brasil inteiro falando da sua marca. E o custo disso? Apenas 5 milhões. Sério, 5 milhões pra divulgação que eles conseguiram não é nada. Por que a DuLoren não faria o mesmo com o Bolsonaro? Quer dizer, no caso do Bolso a repercussão seria muito negativa. Acho que haveria boicote sim. Mas neste caso da Hope, pelo que vejo por aí, a maior parte das mulheres não vê nada de mais. O machismo está tão internalizado que elas não ligam se uma voz masculina "ensina" como elas devem contar más notícias ao homem da casa, ou que a brasileira, com sua sensualidade natural conhecida mundialmente, precisa usar seu "charme" pra conseguir alguma coisa. Não estou dizendo, nem a Alex está, que não devemos reclamar pra não dar ibope. Devemos e estamos reclamando. Mas que essa repercussão é um sonho dourado pra uma marca e sua agência de propaganda, ah, isso é.


Obrigada por todos os comentários, gente! Estão ótimos! Como costumo fazer, estou selecionando alguns e colocando link pra ele no Twitter (até o 200o comentário dá pra colocar link diretamente pro comentário. Depois disso, não dá mais, não sei porquê).

Alex disse...

Concordo com você, inclusive quanto à desnecessidade de suspensão das propagandas: as restrições à liberdade de expressão devem ser mínimas numa democracia. Machismo e sexismo são atitudes repudiáveis, mas não são crime. Somente quando uma propaganda viole a lei penal deve ser proibida, pois seria incoerente o estado considerar uma conduta como criminosa e não coibir propagandas que violem o Código Penal. Mais uma vez estou falando no Código Penal. Não, não sou criminalista, não tenho estômago pra trabalhar com o pior do ser humano. É que o Código Penal pode fornecer critérios mais objetivos para o delineamento de limites ao exercício da liberdade de expressão. Se uma propaganda bater de frente com a lei penal, o estado deve proibi-la, por uma questão de coerência. Mas se não for o caso, deve permiti-la, porque ao particular tudo o que não seja proibido está permitido. Eu não conhecia aquele cartaz com o king kong. Realmente ele (o cartaz) torna racista a capa da Vogue. Provavelmente o jogador de basquete que posou para a foto também não o conhecia; se o conhecesse, acho que se sentiria desconfortável em posar daquela forma. Outra coisa com que concordo é com a limitação da riqueza. O patrimônio de Ronaldo Fenômeno ultrapassa 1 bilhão de reais. É dinheiro demais num país em que tanta gente precisa de tanta coisa. Mas, como são os ricos quem fazem as leis, essa limitação nunca vai vingar, principalmente aqui no Brasil. Se nem o imposto sobre grandes fortunas, que está previsto na Constituição, nunca virou lei, imagine uma medida ainda mais forte? E você não tem o menor motivo pra invejar a Gisele. Cada um no seu quadrado. Certamente você a supera em muita coisa :).

Liana hc disse...

Não sei que "subterfúgios" seriam esses, mas eu nunca fiz voz de criança para me safar de um erro (nem quando criança isso colava muito porque minha voz é rouca desde sempre), nunca coloquei vestidinho sexy para pedir aumento, não uso sutiã com enchimento, e fazendo daquele jeito sabe.. juntando os seios com os braços, para desviar atenções ou qualquer coisa parecida. Então tô por fora disso aí.

Ter noção do que falar e quando falar é uma coisa que sequer se limita às mulheres, outra situação é retratar que uma mulher só tem sua opinião validada quando tira a roupa, ainda por cima num ambiente já saturado pelo machismo.

O que se apontou é a retratação da sexualidade feminina como "arma" e não como uma expressão saudável da personalidade dela.

Tem mulheres que parecem que se incomodaram com a crítica achando que isso vai limitar a possibilidade delas em fazer "charminho' e "biquinho" pro marido em casa.

Pior são as que nem percebem a diferença entre sexualidade saudável e objetificação, de tão acostumadas que estão de só se enxergarem através de olhos machistas.

A questão não é uma mulher, ou uma casal, individualmente. É a massificação de uma idéia que deprecia, inferioriza e retira das mulheres como um todo sua condição de sujeito (em oposição ao objeto sexual).

Niemi Hyyrynen disse...

Leonardo C.

"E a Gisele não é ingênua. Pelo amor de deus né. O que não quer dizer também que ela seja uma vilã a favor de casacos de pele e mulheres objetificadas. "

Se ela não é ingênua então ela sabe o que está fazendo certo? Se ela tem consciencia do que fez e das consquencias, então ela deve ser responsabilizada sim, que sentido faz então uma pessoa ter acesso a informação e continuar reproduzindo velhos preconceitos?

A Giselle deveria ser muito mais que um rostinho bonitinho, teria que usar da sua enorme influencia para ser um MODELO de uma forma de pensar mais correta, que não trate a mulher como um pedaço de bife.

Vc acabou de dizer que ela teve a oportunidade de fazer algo à favor das mulheres, mas não, pensou no dinheiro ou foi omissa. Péssimo.

Serge

"A agência que criou a campanha deveria fechar por seu um alto nível de estupidez em não ver isso, ou achar que não era importante"

Onde está a parte que vc diz que a agencia deveria fechar devido a falência? Faltou alguma coisa ai...

Mas enfim, concordo contigo, seria bom se essa agência perdesse sua cartela de clientes ( o que convenhamos é impossivel de acontecer ).


Madruguinha!

Olha, se eu pego no teu pé, vc pega no pé da Lola ( pergunta pra ela se ela se incomoda ).

Sobre a wikipédia, não sei pq vc tomou as dores pela Aoi, meu desentendimento com ela já passou, eu expliquei meu ponto de vista, ela o dela, a vida continua. É só vc aqui que está incomodado com isso!

Quem é tá pegando no pé mesmo?

E sim, pelo menos pra mim, vc é mentiroso.Ou tem a memória muito curta.

PS: Não some não, vc é meu troll favorito tb tá? ;D

Aoi Ito disse...

É isso mesmo, Erika. Acho que o Brasil, por causa do passado da ditadura, se apega à liberdade de expressão como se fosse um direito que está correndo risco de terminar, e como se fosse o maior direito humano, acima de, uh, ser tratado com humanidade, com dignidade.

E o pior é que a liberdade de expressão dos que não precisam se preocupar com ter seus direitos retirados. É sempre o homem, branco, hetero, cristão que reclama que os outros querem tirar sua liberdade de expressão, que é tudo "politicamente correto". É liberdade de expressão xingar um gay na rua, sério! Falar que vai "comer" a mulher e seu bebê? É liberdade de expressão E piada. 2x defensivo combo! É sempre liberdade de expressão... É liberdade de expressão mandar um negro voltar pra senzala, dizer que mulher é burra e só consegue coisa com o corpo, dizer que lésbica devia ser estuprada pra virar hétero, e mais ainda se ela for feia, porque aí é piada junto.

Mas o direito da pessoa ser tratada com dignidade não existe. O direito de um grupo se sentir ofendido por algo claramente ofensivo não existe.

Que porra de mundo é esse?

Chico Bicudo disse...

A mulher que gosta de sexo é "vadia"; o homem é "pegador". Esse é o pensamento tosco e torpe que move boa parte de nossa sociedade, infelizmente. Mas, penso, uma coisa é usar a lingerie para a sedução, para o encanto, para a conquista do parceiro, por iniciativa própria. Ótimo, lindo, legítimo! Outra, bem diferente, é estar vestida - e não ser capaz de, nessas condições, dar uma notícia ruim - e ter então de apelar e de se expor como um objeto, de se apresentar quase nua apenas para desviar a atenção do marido. É superficial, forçado, conservador. Essa é uma visão, penso, machista, preconceituosa e estereotipada. Abraços a todos e obrigado pela oportunidade do debate!

André disse...

Rafael Mendes,

Acho que não houve críticas a querer ser magro ou ganhar um bilhão. Quanto ao Tas, junta-se à crítica equivocada nesse caso o histórico recente dele.
Mas concordo com você, a Gisele e James LeBron não são obrigados a conhecer a história e saber que a capa da revista de 1917 era uma capa racista. A Lola ás vezes exagera na cobrança.

Nanda disse...

Vim aqui buscar o link da campanha equatoriana e me deparei com esse post excelente! Concordo com você que uma propaganda não é só uma propaganda.Estou aqui procurando sua opinião sobre a boneca barbie, escrevi sobre isso hoje e estou recebendo muitos e muitos comentários dizendo que "é só uma boneca, os problemas estão na cabeça dos adultos" O que você acha sobre isso?
Bjs

Marussia de Andrade Guedes disse...

É muito difícil comentar este texto. Com algumas coisas eu concordo. A capa da Vogue é racista. A capa do jornal O Globo é discriminatória pois o fato de vc ser feia ou bonita não diz nada sobre sua capacidade. Os comentários do Tas são ridículos.
A propaganda é machista? É sim, para um certo número de mulheres que, como eu, se orgulham de não depender de homem, de ter seu próprio cartão de crédito e de comprar seu próprio carro. Agora, não é machista para outro grupo de mulheres que ainda sonham em casar com alguém que possa lhes dar um carro, um cartão de crédito, etc. Não é machista para outro grupo de mulheres que ganham carro e cartão de crédito do marido. Não deve ser machista para outro grupo de mulheres que trabalham, sustentam seus lares, tem seus próprios carros e cartão de crédito, mas, mesmo assim, vivem xingando as "feministas chatas" que lutaram pela igualdade de gênero.
"Agora temos jornada dupla", dizem elas. Alguém consegue negar que estas mulheres existem? É possível falar em preconceito se sabemos que estas mulheres existem?
Também não concordo com a crítica ao uso da sensualidade. Como foi que a Gisele ganhou seus 150 milhões de dólares? Foi usando o que? Seria coerente da parte dela ganhar milhões usando sua sensualidade e ser contra o uso da sensualidade pelas outras pessoas? E qual o problema com a sensualidade? Ser sensual significa ser burro também ? A pessoa não pode ser sensual , inteligente e feminista ao mesmo tempo? Essa coisa de se preocupar com a imagem de país bom pra turismo sexual é coisa de moralista, de quem vê o sexo como algo sujo. Eu não tenho nada contra prostituição, desde que não envolva menores, de que seja uma opção e não uma necessidade e de que seja explícita e não velada como vemos por aí ( tipo mulheres lindas, jovens, namorando octogenários e dizendo que são apaixonadas por eles).
Que mundo é esse o qual algumas feministas sonham? Um mundo onde não devemos usar sensualidade, onde não podemos entrar numa academia pra ficarmos gostosas, onde criticamos o fato de recebermos cantadas no meio da rua mas não questionamos por que não somos capazes de cantar um homem no meio da rua, um mundo onde criticamos revistas de mulher pelada mas não questionamos por que há revistas de homens pelados dirigidas para as mulheres, só para gays. Não questionamos por que não somos capazes de chegar numa banca para comprar estas revistas, mesmo que elas sejam dirigidas para gays. Aí quando alguém diz: " quem gosta de homem é gay, mulher gosta é de dinheiro" , essas feministas caem em cima. Tem jogador de futebol sendo multado por dizer palavrão só para que as mulheres possam assistir aos jogos sem serem desrespeitadas, pois mulher não deve ouvir nem dizer palavrão. É esse o mundo que queremos? Eu não .
Vocês já pararam pra pensar o motivo de não haver comerciais explorando o corpo masculino? Eu só vejo corpo de homem em comerciais de rexona e, mesmo assim, o que atrai as mulheres nao é o corpo do homem e sim o rexona. Quando o comercial quer mostrar o poder do homem ele mostra o carro que ele compra, um cargo que ele ocupa, etc. É isso que as mulheres buscam nos homens né? Não a beleza. Ao invés de tentarmos impedir que o homem curta o corpo feminino, vamos lutar pelo
direito de curtir o corpo masculino. No dia em que as mulheres quiserem e forem capazes de dizer que curtem o corpo masculino aparecerão comerciais onde os homens
terão a sedução como arma sem que isso signifique que eles são burros. E no dia em que a mulher, definitivamente, deixar de querer viver ou de viver as custas dos homens, comerciais como o da Hope não terão público alvo. Ou vocês já viram comercial de cerveja dirigido para evangélicos?

Irene Carballido disse...

O Governo está querendo que a Publicidade faça o papel da Educação. No mundo inteiro publicidade é vista como publicidade. No Brasil tem que ser educativa porque a escola não faz seu papel.Sou mulher e não me senti ofendida, pq vejo a Publicidade como Publicidade e não como a minha babá.

Annie Hall disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MM disse...

Do blog do Augusto Nunes:
Com tantas meninas estupradas por aí, a ministra Iriny decidiu que o problema da mulher é Gisele Bündchen.
Em 31 de outubro de 2007, uma menina com 15 anos, 1m50 de altura e 38 quilos foi presa por tentativa de furto numa casa de Abaetetuba, cidade paraense a quase 100 quilômetros de Belém. Durante o interrogatório, declarou a idade à delegada de plantão Flávia Verônica Monteiro Teixeira. Por achar o detalhe irrelevante, a doutora determinou que fosse trancafiada na única cela do lugar, ocupada por homens. Já naquela noite, e pelas 25 seguintes, o bando de machos se serviu da única fêmea disponível.
Depois de 10 dias de cativeiro, a garota foi levada à sala da juíza Clarice de Andrade. Também informada de que a prisioneira tinha 15 anos, a segunda doutora da história resolveu devolvê-la à cela. A descoberta do monumento ao absurdo não reduziu a força do corporativismo criminoso: por decisão do Tribunal de Justiça do Pará, ficou estabelecido que o comportamento da juíza Clarice não merecia qualquer reparo. Meses mais tarde, a magistrada foi punida com a aposentadoria compulsória pelo Conselho Nacional de Justiça.
A Secretaria de Políticas para as Mulheres, uma inutilidade inventada pelo governo Lula, não deu um pio sobre o caso.
O pesadelo ocorrido em 2007 foi reprisado há três semanas na colônia penal agrícola Heleno Fragoso, que abriga 320 condenados em Santa Isabel do Pará, a 70 quilômetros de Belém. Desta vez, de novo com a conivência de funcionários da instituição, uma brasileira de 14 anos ficou quatro dias em poder de cinco presos. “Eu e outras duas meninas que ficaram lá também”, informou a garota em 19 de setembro. “Lá dentro eles obrigaram a gente a usar droga e a beber. Eles esqueceram a porta aberta, porque lá eles deixam a porta trancada. Foi quando consegui fugir”.
A Secretaria de Políticas para as Mulheres, uma inutilidade mantida por Dilma Rousseff, não deu um pio sobre o caso.
Não se sabe qual é a posição que meninas violentadas em cadeias ocupam no ranking de prioridades da ministra Iriny Lopes. O que o país acaba de descobrir é que a lista é encabeçada pelas peças publicitárias da Hope Lingeries protagonizadas por Gisele Bündchen. Lançada no dia 20, a campanha mostra qual é a melhor maneira de transmitir más notícias ao marido. No vídeo abaixo, por exemplo, Gisele primeiro conta que bateu o carro usando trajes pouco sedutores. Esse é o método errado. Em seguida, ela repete a notícia semivestida com uma lingerie da Hope. É muito mais sensual. E é esse o jeito certo. “Você é brasileira, use seu charme”, ouve-se dizer uma voz masculina. Confira:
No terceiro dia da campanha, movida por “diversas manifestações de indignação contra a peça”, Iriny contra-atacou. Num ofício enviado ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Públicitária, o Conar, pediu que o comercial fosse suspenso. Noutro papelório, fez questão de comunicar ao diretor da Hope, Sylvio Korytowski, seu “repúdio” ao desempenho da top model. “A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grande avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas”, declama Iriny. “Também reforça a discriminação contra a mulher, o que infringe a Constituição Federal”.
Como os demais integrantes do primeiro escalão, Iriny não assina sequer um cartão de Natal sem a autorização de Dilma Rousseff. (Embora não consiga lidar com mais de um assunto por vez, o neurônio solitário faz questão de ser consultado até sobre o cardápio das recepções no Itamaraty). É claro que a ofensiva de Iriny foi combinada com quem, depois de se tornar a primeira mulher a abrir uma assembleia da ONU, virou doutora em questões femininas.
O Brasil anda infestado por tumores que crescem sob o olhar complacente do governo. Exploradores da prostituição infantil, pedófilos impunes, pais que violentam filhos e outras obscenidades vão transformando o país num viveiro de crianças traídas. Com tantas meninas estupradas por aí, Iriny cismou com Gisele Bundchen.

MM disse...
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Marussia de Andrade Guedes disse...

Esqueci o não em :
Não questionamos por que NÃO há revistas de homens pelados para mulheres.

Escarlate disse...

Gente, o que tem a ver o cu com as calças? "Ain mas as feministas querem proibir a sensualidade..."
Eu realmente gostaria de viver num mundo que eu não precisasse fazer cara de criança e usar meu corpo pro meu "dono" nao me agredir, me bater. Se você não vê essa mensagem, sorry, eu não to exagerando.

Mulheres não são crianças, mas são constantemente infantilizadas, fragilizadas. Uma mulher não ver o machismo explícito nessa propaganda é uma tristeza, mas não é surpresa. O mundo é patriarcal, machista e misógino. Desde a barriga da mãe as meninas e meninos aprendem padrões distorcidos que perpetuam estereótipos.

Não acho que a proibição seja a melhor opção, mas como foi dito, houve PETIÇÃO de suspensão. Nada foi decidido. Não quero de jeito nenhum que a Hope saia ilesa e com cara de coitadinha nessa história.

Mas é de se pensar que a propaganda com o Machado de Assis branco foi super rechaçada e suspensa, e essa não. Ainda precisamos evoluir muito a questão do machismo nos meios de comunicação.

Ah, só um adendo: feministas fazem sexo. Feministas podem ser sensuais sem apelar para um estereótipo batido e sem criatividade. Feministas se virando muito bem sem uma cartilha machista que só sabe humilhar e diminuir as mulheres.

Alex disse...

@aiaiai

Gostaria de ter o seu otimismo. No momento eu acho que ter sua propaganda investigada pelo conar é uma ótima, mesmo que como já foi dito aqui, existe muito machismo mesmo entre as mulheres, não sei quantas realmente boicotariam algo por ser sexista.
Aliás, ser investigado pelo conar já ajudou na venda de águ... devassa bem loura e carros, como no caso dos poneis malditos que tb foi investigado e curtiu mais um tempinho de exposição na mídia.

@lola

Eu sou um homem.

Helena disse...

Para a Flávia, que comentou um trecho do que escrevi ("O mesmo se aplica para as relações familiares, pois tem o momento certo para falar determinadas coisas") posso dizer uma coisa: sou casada, eu dirijo, meu marido não dirige. Quem comprou o carro fui eu, quem leva para a manutenção sou eu, quem abastece e manda consertar o pneu furado sou eu... Com isso espero ter deixado bem claro que não preciso fazer biquinho para ele quando digo que espelho do carro está quebrado.

E digo mais: sim, há jeitinho para falar. Não adianta chegar enfiando o pé na porta... Vou dizer que consegui grandes coisas em minha vida (pessoal e profissionalmente falando) quando fui gentil e soube a hora de falar e a hora de calar (não dei para ninguém importante, não ofereci propina)... Isso não é submissão ou medo, é inteligência emocional.

Bruna disse...

Eu concordo com a Escarlate, qdo vi a propaganda da Caixa registrei queixa na ouvidoria e achei bom qdo a propaganda foi suspensa. Acho q a propaganda da Hope é até mais explicita no preconceito, pq sempre se pode argumentar q um ator não precisa ser fisicamente igual ao personagem para interpretá-lo (e não precisa mesmo), mas a propaganda era injusta com a nossa história, com a nossa luta, então foi retirada, pq essa não deveria?
E sobre a prostituição: "Essa coisa de se preocupar com a imagem de país bom pra turismo sexual é coisa de moralista, de quem vê o sexo como algo sujo. Eu não tenho nada contra prostituição, desde que não envolva menores, de que seja uma opção e não uma necessidade e de que seja explícita e não velada..." Tbm acho, prostituição por escolha, ótimo. Mas não é assim aqui no Brasil, tirando um caso ou outro, a maioria começou a se prostituir qdo era criança, não teve direito a nenhuma escolha na vida e o tráfico de mulheres q são tratadas como escravas lá fora é cada dia maior. O turismo sexual no Brasil é turismo sexual com menor de idade. Há alguns anos durante uma viagem vi um senhor entrar com uma garota de uns 10 anos num hotel e meu estomago dói td vez q penso nisso pq na hora não chamei a policia e fiquei pensando se era isso mesmo. Se arrependimento matasse eu morreira só de lembrar.

Anônimo disse...

'Nossa liberdade de escolha é tremenda: somos livres para escolher entre CQC ou Pânico'

Quando eu acho que já ví de tudo...
Não sei porque é tão difícil pros esquerdinhas entenderem o que é liberdade.Se vc não gosta de hamburguer nem de sorvete NINGUÉM te obriga a TER que comer um dos dois.Tem uma coisa chamada controle remoto, nao sei se as mentes brilhantes daqui já ouviram falar, que entre outras coisas serve pra desligar a televisão.
E essa historia de tv concessão pública é outra palhaçada, por acaso o governo é dono das ondas de rádio? Foi ele que criou elas?O único motivo pro governo botar seus tentáculos numa coisa que ele não criou e que não depende dele pra nada é manter as massas domesticadas, pensando o que ele quer que elas pensem e sem questionar a utilidade dos parasitas públicos.

Luísa Schenato disse...

Eu ia comentar, mas ai a Marussia já tinha falado tudo. Grande reflexão! Parabéns!
Isso me lembra de uma conversa que tive com uma colega jornalista. Ela trabalhava em um jornal popular, aqui de Porto Alegre, cujo mais da metade dos leitores era do sexo feminino. E mesmo assim, as páginas centrais sempre ostentavam mulheres frutas, panicts e etc. Um dia essa colega propôs fazer uma sessão semelhante com fotos de homens bonitos e com pouca roupa, resultado: Choveu reclamações em cima da redação e advinha quem reclamou? As próprias mulheres.
Eu acho que isso é uma boa coisa para questionarmos também.

Liana hc disse...

Ah.. aquele velho argumento na linha de que enquanto existir uma única criancinha passando fome não podemos criticar mais nada que é futilidade.

Não é graças a quem pensa assim que conquistamos direitos.



Engraçado o povo livrando a mídia de ser cobrada pelo que faz, parece até que é algo separado da sociedade. Tipo, temos as galáxias distantes, a população e a mídia. Lembrando que países como a Dinamarca, Portugal, Grécia e a Bélgica impuseram limites à propaganda voltada para o público infantil, mas tem gente que acha que não podemos tolher o direito deles em faturarem seus milhões às custas da propagação de valores que têm consequências nefastas para a população, como o machismo. Tudo em nome da liberdade irrestrita e do lucro. Melhor ainda, o mercado se auto regula, porque se ninguém notou, ele é uma entidade pensante e não o fruto de relações humanas específicas. Se ninguém reclama, nada muda.


Ninguém aqui criticou a sensualidade, mas a objetificação. Para algumas pessoas é mesmo difícil ver diferença entre uma e outra. E o fato de o machismo partir de homem ou mulher não é argumento que diminua ou invalide coisa alguma.




Gentileza vale tanto para homens quanto para mulheres. O comercial não pontuou uma atitude gentil, até porque ficaria ridículo um retratar um homem fazendo a mesma pose de cueca com uma voz feminina apontando o "certo" e o "errado" em comunicar para uma mulher um fato desagradável praticado por ele. A crítica obviamente não foi para uma mulher que fala gentilmente com o seu marido, mas sim para a estereotipação em um comercial da nudez e da sexualidade feminina como ferramenta para engabelar homem, em detrimento de uma que não usa seus "dotes" dessa maneira. Não vi dificuldade em perceber a diferença da crítica entre o que um casal faz, seja com gentileza ou pura manipulação sexual porque aí vai da intimidade de cada um, e a massificação de determinado conteúdo sexista na mídia.

Paloma Varón disse...

Concordo, Lola, a Secretaria deveria aproveitar o estardalhaço e começar a trabalhar numa campanha nacional contra o machismo, como a do Equador (que acho fantástica, já coloquei lá no blog).
Sobre a Gisele: gosto dela, admiro sua história, tenho simpatia pela sua pessoa, ainda mais depois que se tornou mãe em um parto natural, que amamentou e defendeu o ato e defende a maternidade ativa. Mas não a vejo como modelo de nada (a não ser de beleza, mas isso não dá para imitar) e, sinceramente, não espero dela grandes atitudes, seja para questionar preconceitos, seja para questionar o machismo.
Talvez ela não tenha vivência/ bagagem cultural etc. para questionar certos estereótipos, sabe?
Achei lindo ela doar dinheiro para o Fome Zero (dando um voto de confiança ao Governo Lula), mas não podemos esquecer que isso é marketing positivo para ela também.
Acho que é um erro esperarmos atitudes super conscientes e politizadas de pessoas como ela.
Enfim, não li os comentários anteriores, desculpa se alguém já falou isso.
Beijos

Anônimo disse...

Oi,

Creio que não se deve misturar a propaganda da Caixa com a da Gisele.

A primeira é um baita erro histórico e revelação do preconceito enrustido dos criadores da peça publicitária - que só conseguem imaginar um gênio da literatura se ele for caucasiano.

A segunda, brinca com o machismo sem, a meu ver, endossá-lo.
Justamente a presença de uma mulher tão forte e poderosa retira o caráter machista. Não é que "até ela tem de se transformar em objeto", mas a própria transformação em objeto fica prejudicada, já que deixa de ser uma possibilidade para virar uma piada.

O humor NÃO pode tudo. Mas o humor, muitas vezes, altera o sentido dos signos usados.
Nesse caso, os signos da reificação da mulher (roupa íntima, beicinho etc.) são ridicularizados, afinal, o que vemos é uma mulher poderosa que usa (controla, domina) os instrumentos da reificação mas os emprega comicamente.

Ao final, ri-se da imagem da mulher objeto, não se faz sua exaltação.

Abraço,

Paulo

Bruna disse...

Paulo, qto otimismo.

Liana hc disse...

Paulo, argumentar que por ela ser uma mulher "poderosa" (o termo aqui, ao que parece está relacionado puramente a dinheiro, e que mandaria e se faria respeitar quem tem mais) não sustenta essa ótica de que não foi machista.

Machismo é uma distorção da visão do masculino sobre o feminino, independe de nível socio econômico. Além do que, foi dirigido a todas as mulheres brasileiras, explorando a imagem do seu "charme" mundialmente famoso.

Mulheres da "elite" também são educadas dentro desses parâmetros sexistas e também estão sujeitas tanto a reproduzir o preconceito quanto em serem vítimas, direta ou indireta, dele. Falando de um modo geral, claro.

Temos também o problema de se creditar ao dinheiro, e não ao fato de ser uma mulher ali, a questão do suposto respeito por parte do homem. Ou seja, ela ainda não tem valor próprio, foi a conta bancária dela que a validou como merecedora de respeito. Isso não é bom uso da ironia para criticar um preconceito, isso foi um tiro que saiu pela culatra.

Cris disse...

Lola, você é demais...

Anônimo disse...

Niemi Hyyrynen

Eu não disse que ache que ela não deva ser responsabilizada. Talvez seja sim, quem sabe. Apenas insinuei que é razoável concluir-se que ela não seja 'militante'.

Mas claro, se vamos qualificar a participação dela como crime por omissão, não podemos parar por aí. E os publicitários que criaram o anúncio? E os veículos de comunicação que o veicularam?
E claro, seria ela mais culpada que a própria Hope? Esse anúncio certamente foi reproduzido em algumas(ou várias) reuniões dos dirigentes da corporação antes de ganhar sinal verde.

Se por 'oportunidade' você quer dizer 'poder', então sim, ela é milionária, tem meios e influência para criar muitas campanhas de conscientização, ou muita bondade em geral por aí. Mas não deve fazer tanto quanto possa. Quer dizer, ela certamente deve fazer alguma forma de caridade, todas as super-celebridades fazem, além de fazê-las sentirem-se bem, é bom pra suas imagens, deduz no imposto de renda, etc.

Apenas reconheci o triste fato de que as coisas não são preto e branco. Penso que se a Gisele se guiasse 100% pela ética, assim que compreendesse o impacto negativo que a indústria por trás da sua profissão tem na sociedade deveria mesmo é deixar instantaneamente de ser modelo e doar todo seu dinheiro para a caridade ou para luta contra a opressão da 'cultura consumista' que tenta colonizar nossas mentes e cooptar a maior quantidade possível de nossos desejos para direcioná-los em função de qualquer coisa que seja rentável.

Anônimo disse...

Renine (e outros que estão aproveitando para tirar uma casquinha do governo Dilma):

Como a aiaiai já disse, não tem censura nenhuma. O governo ficou de acionar o Conar. Pra quem não sabe, Conar é sigla pra Conselho de Autorregulamentação Publicitária. É constituído pelas próprias empresas do ramo. Pra lá de democrático.

Antes de qualquer ação governamental, o Conar avisou que ia estudar o assunto. Isso porque já tinha recebido 15 (QUINZE) representações contra a campanha da Hope. Por algum motivo deve ser.

Erres Errantes disse...

Eu gostaria de saber por que a Gisele faz esses comerciais, sendo que dinheiro definitivamante não é problema para ela.
Pode ser questão de contrato? Sim, pode ser. Mas será mera coincidência o fato de ela só fazer comerciais posando de Amélia ou objetificando as mulheres? Justo a Gisele, um ícone de mulher podero$$$$$$a e bem sucedida?

Babi disse...

Confesso que quando vi a propaganda da gisele, achei tao clichê que pensei que só faltou o engradado de cerveja pra encarnar todas as piadinhas machistas sobre como a mulher deve ser... Bonita, jovem e magra (o que está subentendido no bonita) e só, se tiver trazendo cerveja entao, melhor ainda, se for surda-muda entao, melhor ainda! RIDICULO!!!
Mas realmente nao achei que merecesse tanta atencao, talvez justamente por ser a própria Gisele, exemplo de emancipacao feminina, que esteja incentivando o esteriótipo.
E concordo plenamente com você que muito melhor que tentar suspender uma propagandinha no meio de milhares nao vai nos ajudar em nada, e já está passando da hora do governo fazer um campanha como essa do Equador.

Ághata disse...

Acho que a gente nem deveria mencionar a modelo, porque a questão é o machismo da Hope mesmo.

Acho que a mídia fica batendo na tecla "Propaganda da Gisele" pra invisibilizar a empresa Hope e transformar toda a polêmica numa questão entre mulheres (tipo, bonitas X invejosas, blergh).

yulia disse...

adorei a campanha equatoriana..
essa aqui então tem a cara do Brasil

http://www.youtube.com/watch?v=D5cKHHGceJQ&feature=related

Aoi Ito disse...

Ághata tem toda a razão. :D Ótima observação e pensamento.

Ághata disse...

Hehehê.

Eu acho no mínimo engraçado que um bando de machos que nunca tá nem aí pros problemas das mulheres, como num passe de mágica, se interessem em lembrar de várias violações graves aos direitos humanos das mulheres - só pra criticar as mulheres que lutam pelos direitos femininos!

Enfim, vale tudo quando seu direito fundamental de ver mulher quase pelada na tv está ameaçado.

Sara disse...

Li os comentários e realmente o único que faz algum sentido pra mim foi o da MM, acho uma perda de energia e foco pra quem diz que luta pelas causas do feminismo, ficar preocupada com a calcinha da Gisele Bunchen, não é atoa que às vezes as pessoas de fora do movimento têm uma visão tão estereotipada de uma feminista, como uma mal amada, queixosa.
Parece que tem muita gente que se esmera em perpetuar essa imagem.
Eu da minha parte vou continuar lutando pelo feminismo, e contra o machismo que humilha que mata, que fere, violenta a mulher.
Quanto ao comercial com a Gisele por mim vai continuar passando, ele só repete uma cena bem comum em muitas casas, inclusive na minha e sempre da certo kkkkkk, e não é porque eu tenha medo não, e só porque as vezes eu prefiro fazer sexo em vez de escutar aporrinhação nos ouvidos, e caso interesse, bem que meu marido tenta dar esse golpe também quando quer me dizer alguma coisa que sabe que eu não vou gostar, pena que ele não seja tão bem sucedido como eu.

Ághata disse...

Thanks, Aoi. ^^

Niemi Hyyrynen disse...

Leonardo

Obrigada viu por mostrar a sua visão da vida, olha:

Se qualquer ser humano fosse pautar 100% sua vida pela ética,acho que haveria um suicidio coletivo da humanidade.

Pq o bicho FDP ser humano.

Que tem a cara de pau de dizer que mais da metade da sua espécie só tem voz se tiver se oferendo como naco.

denise

Eu acho que vc não entendeu o texto...na boa.

Sara disse...

Niemi querida, eu não vou lutar por uma causa que eu não ache justa, e éssa, com sinceridade é futil demais pra entrar nela.

Chantinon disse...

Eu achei a propaganda legal! E é sexista sim, e dai?
Ficou em um tom de humor legal, diferente do lixo que é o CQC.
Não achei exagerado, e aposto que toda esse barulho com esse comercial, por ter sido banido, foi uma grande jogada de marketing. O resultado é muito maior hoje em dia se tudo vira notícia. Ver a rede globo mencionando quase que aos gritos a marca HOPE, só vem a provar isso.
Adorei seu texto, e aceito sua visão, mas na minha liberdade de pensar, eu penso que realmente uma mulher consegui muito mais usando seu poder de persuasão :)

lola aronovich disse...

Nanda, que boneca Barbie? Seja mais específica, por favor. Se possível deixe um link pra gente poder ler o que vc escreveu e do que vc está falando.


Marussia, sim, tem muitas mulheres que não acham a campanha da Hope machista. Assim como tem muitos homens que não acham. Assim como tem mulheres e homens que acham. Sim, existem muitas mulheres machistas. Isso é bastante óbvio.
Não critiquei a Gisele usar sua sensualidade no comercial. Aliás, não há qualquer discurso meu contra sensualidade. Vc que deduziu não sei da onde que ser sensual é ser burro. Alguém aqui condenou a sensualidade? Condeno esse discurso de “sensualidade natural da mulher brasileira, reconhecida mundialmente”. Vc me ofende dizendo que se preocupar com a imagem da brasileira sempre ligada à bunda é coisa de moralista. O turismo sexual não é bom pra nenhum país. Ele causa muito mais prejuízo do que traz dinheiro. Essa não é a opinião de alguém que acha sexo algo sujo. É de quem sabe que 80% das prostitutas adultas começam a se prostituir muito antes de serem adultas. A prostituição está quase sempre ligada à prostituição infantil. O turismo sexual (típico de homens de países ricos que exploram o corpo de meninas pobres) está ligado à prostituição infantil.
Quem disse que mulheres e homens não podem usar sua sensualidade? O problema é: USAR pra quê? Pra dar más notícias? Por que precisa fazer joguinho pra dar má notícia? Do quê a personagem tem medo?
Pelo jeito, a sua receita de liberdade para as mulheres é imitarmos o comportamento masculino (dizer grosserias nas ruas para homens, comprar revista de homem pelado etc). É sério que a liberdade feminina tem que passar pela imitação ao homem? Não podemos ter nossos próprios modelos?

lola aronovich disse...

Irene, sabe o que tem quase no mundo inteiro? Regulamentação mais rigorosa em cima de propaganda. Aqui no Brasil, qualquer palavra sobre regulamentação da propaganda (e da mídia em geral) é vista como censura.


MM, asquerosinho o blogueiro da Veja, pra variar. Sempre enaltecendo a iniciativa privada e malhando o governo. Pois é, o governo é que faz tudo errado. As empresas privadas são maravilhosas e realmente querem ajudar a derrubar os preconceitos. E o cara ainda usa o discurso do “...tem coisa mais importante pra fazer”. Como se fazer uma coisa (pedir suspensão da campanha) automaticamente paralisasse qualquer outra ação que a Secretaria das Mulheres está fazendo.

lola aronovich disse...

Alex, sorry, pensei que vc fosse mulher porque em algum outro comentário seu vc disse algo como “interessadA”.


Ntsopadeletrinhas, que linda essa liberdade! CQC, Pânico, ou não ligar a TV! Já que vc jura que o pensamento não é único, que tal termos alternativas de programas na TV? Por que só há espaço para quem perpetua preconceitos, não para quem os combate?

lola aronovich disse...

Ághata, a Gisele é importante. Se fosse uma outra modelo, o comercial também seria polêmico — porque é machista —, mas definitivamente não chamaria tanta atenção. A Gisele é símbolo de sucesso garantido, certeza de vendas, e é uma modelo para muitas mulheres, principalmente adolescentes. Mas pode estar certa que se fosse qualquer outra modelo e a gente reclamasse da campanha, também seríamos chamadas de invejosas. Esse discurso de “feminazi é ogra e mal amada e tem inveja das mulheres bonitas” independe da presença da Gisele.


Enquanto isso, na internet afora, parte do pessoal (mulheres inclusive) segue achando que feminista que critica a campanha tem inveja de mulher bonita. Ou (e essa é surpreendente pra mim, porque nem tinha passado pela minha cabeça) que nosso problema é marca de lingerie mostrar mulher de lingerie! Porque mulher de lingerie é algo assim SUPER revolucionário e inovador! Porque a campanha da Hope é MUDA, não diz nadinha, não adota discurso machista, não tem narrador masculino “ensinando” mulher a agir, só mostra a Gi de lingerie!
Outra que eu gosto: que, se a modelo não fosse a Gi, mas uma modelo plus-size, estaríamos aplaudindo. Putz, em que mundo esse pessoal vive? Por que não analisam a campanha, em vez de só “analisar” (modo de dizer) as feministas que criticam a campanha?

Aoi Ito disse...

Pow, Lola, se fosse uma modelo plus-size, UMA coisa teria de boa no comercial: Ele diria que, sim, mulher gorda É sexy!


..... Mas aí voltaria pro "mulher tem que usar o corpo pra conseguir o que quer mulher é burra mulher é infantil mulher é objeto mulher é mercadoria mulher brasileira peito bunda peito buna peito bunda brasileira brasileira brasileira mulher mulher mulher POLITICAMENTE CORRETO mulher".

Ou seja, um plus pra, como sempre, 394832487234 minus. Seria a mesma coisa que usar uma modelo negra. Legal, super bacana, inclusão, mulheres não-magras não-brancas PODEM ser sexy SIM! ....... Mas volta pro mesmo ponto de sempre. Blá.

Marussia de Andrade Guedes disse...

A crítica ao uso da sensualidade foi muito clara para mim.
Objetificar? O que é objetificar? Se uma relação envolve só sexo você está objetificando o parceiro? Se isso é que é objetificar eu não vejo problema nisso. O problema é achar que só as mulheres são objetificadas, que as mulheres não são capazes de objetificar. Parece aquele papo de mulher: " ele transou comigo e depois sumiu, só quis me usar" . A mulher só acha que foi "usada" , não passa pela cabeça dela que ela " usou" também . Para mim isso é que é machismo, complexo de mulher ou coisa parecida.

lola aronovich disse...

Exatamente, Aoi. Usar uma modelo plus-size seria positivo unicamente nesse ponto de “Uau! Quer dizer que gorda pode ser sexy?!”. Mais nada, acabou. O resto do discurso seria igual. É como a gente ficar feliz que a Miss Angola ganhou o Miss Universo. Que bom, é a valorização da mulher negra, mas concurso de miss continua sendo uma bela porcaria, hein?

Anônimo disse...

E quando saiu o comercial da SKY com a Gisele na pele de uma "Amélia" cujo marido volta por causa da tv ninguém falou nada, não é mesmo?!

Marussia de Andrade Guedes disse...

Lola
Eu sei que você não é moralista e nem acha que sexo é algo sujo. Eu lei seu blog há muito tempo para saber disso. É que as vezes não nos damos conta do que está por trás de certas opiniões nossas.
Eu deixei bem claro que não sou contra prostituição se esta não envolver menores e for uma opção, não uma necessidade.
Eu não falei em grosserias no meio da rua, eu falei em cantadas. Uma cantada não tem que ser grosseria.
Eu acho sim que temos que seguir alguns modelos masculinos. Você acha que tudo neles é errado?
É muito claro que os homens tem muito mais liberdade sexual do que nós. E isso envolve sim poder ver revista de mulher pelada, poder ver filme pornô, poder fazer sexo casual sem ser chamado de puta ( nem existe o masculino de puta ), poder ter tantos parceiros quantos desejar sem se sentir uma puta, etc. Então eu acho que as feministas erram quando ao invés de libertar as mulheres preferem castrar os homens. É como um paraplégico não sonhar com seu caminhar e sim com o dia em que todos se tornem paraplégicos.

Anônimo disse...

Niemi

Não sei se teu último parágrafo antes de se dirigir a denise foi pra mim. Acho que não, visto que não estou no grupo de pessoas que precisem ser convencidas sobre o feminismo.

É uma pena se assim pareceu, mas minha visão de mundo não é assim simplista (Apenas meio que contrastei com o que eu percebi como simplismo na sua argumentação sobre como determinado estado de consciência moral da Gisele precisaria estar automaticamente associado a situação A ou B.) Pelo contrário, creio que as coisas sejam bastante complexas, e a maioria das críticas e críticos não se aprofundam o suficiente. Contudo se for pra ser simplista, sou cronicamente muito mais otimista sobre os seres humanos à la Rosseau do que pessimista à la Hobbes.

Elaine Cris disse...

Antigamente a Rede Bobo ainda fingia tentar ser imparcial em certos assuntos, de uns tempos pra cá nem isso.
O que é pior é quando o pessoal que achou que não tem nada demais na propaganda nem tenta argumentar ou pelo menos dizer numa boa porque não viu nada de errado. É sempre a velha tática idiota de tentar calar a boca de mulher, chamar de feia, gorda e chata. Só falta mostrar a língua e fazer careta.

LetB disse...

Ótimo texto... O Brasil precisa urgentemente ser educado sobre todos os tipos de preconceito. Boa parte do nosso povo é ignorante, no sentido de não saberem que não sabem.
Mas em relação ao machismo o caminho é muito longo.

Isso de proibir a propaganda ser facista é bem relativo; na Inglaterra existe um controle rígido sobre as propagandas e nem por isso a liberdade de alguém está ameaçada.

PS: "Inveja" é argumento de crianças de 12 anos. É usado juntamente com o "quero ver você fazer melhor"... Não me surpreende alguém do CQC ter esse tipo de opinião.O curioso é que no inicio eu achava o programa interessante.
Minha impressão é que subiu a cabeça, e eles acham que as ofensas e a agressividade (muito mal disfarçadas de humor) jamais terão conseqüências.Felizmente até a Band já deu sinais de cansaço.

Maria Cristina disse...

Inacreditável é uma mulher que trabalha desde muito jovem, aceitar o papel de uma mulher que é tão dependente do homem que precisa seduzi-lo para falar de uma batida de carro, do gasto excessivo no cartão de crédito ou de sei lá mais o quê. Nunca um homem com o qual eu tivesse vivido soube dessas coisas, porque o carro era meu, o cartão de crédito também e se houvesse algum problema, quem o teria de resolver seria eu. É tão velho, tão antigo, tão fora da realidade de mulheres independentes que me dá asco.

LetB disse...

Marussia de Andrade Guedes

Não existe um processo sem outro.
E o modelo masculino clássico não existe na base da igualdade ele existe na base da superioridade.
Mulheres que fazem sexo casual por exemplo são chamadas de "putas" por existir a crença que devem algo a sociedade e não são donas de seu corpo. Há séculos mulheres são consideradas propriedade privada, "quanto menos rodada, menos valorizada", como seres com a finalidade de decorar. É por sermos consideradas um pedaço de carne que ouvimos grosserias na rua...
A sociedade acha normal uma mulher barganhar com a sensualidade, mas um crime exercer sua sexualidade. É impossível almejar liberdade sem romper com os padrões machistas.

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto.beijos.

Barbara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Barbara disse...

Preguiça eterna de quem perde tempo pra vir dizer que a questão é fútil, e tem coisa muito mais importante pra gente lutar. Ora, vá lutar você pelo que acha mais importante.

Acho ingenuidade alguém falar algo como: ah, é só uma propaganda. Deveríamos lutar contra a violência doméstica. Ahn?? Misoginia leva à violência, e misoginia é construída. Ninguém nasce misógino. E propaganda bobinha participa sim dessa construção.

Acho cansativo demais esse povo que sustenta que toda crítica é inveja. Tenham dó. Eu até invejo os milhões da Gisele, mas não invejo nada a carreira de modelo nem a postura dela (sei que ela é querida, mas acho chato aquela coisa dela de "meu filho tira leite de sua própria vaca" - zzZZzz). Invejo sim o doutorado da Lola em literatura - taí uma coisa que eu queria pra mim!

Pra terminar, tá todo mundo achando que o problema é a moça de calcinha e sutiã!! Tô me sentindo assim num ensaio sobre a cegueira. As pessoas tem que estar cegas pra não notar que o problema ali é todo o resto. Pra constar, na minha relação, a parte que estoura os cartões não sou eu...

Luísa Schenato disse...

Eu acho que a Marussia tem razão quando ela argumenta que, pelo menso para quem está de fora do feminismo, algumas vezes parece que a luta é para "castrar" os homens e não garantir a liberdade de todos.
LetB: não acho que seja bem desta forma. Eu posso falar com toda a certeza: eu levo a minha vida exatamente como eu quero, faço sexo com quem eu quero, uso a roupa que eu quero,adoro mini saia, mini blusa, biquíni fio dental, adoro comprar lingerie, espartilho e fantasias, me sinto bem usando essas coisas que fazem parte do "imaginário machista" e sinceramente eu me considero feminista e estou pouco me "fudendo" se alguém acha que eu sou puta, submissa ou qualquer coisa assim, eu sou o que eu quiser Me considero livre, porque simplesmente não me relaciono com pessoas que que não aceitam que eu tenho o direito de fazer o que eu quiser com meu corpo, eu parei de falar com maior parte da minha família por isso, eles simplesmente não entendiam como eu podia ser uma mulher que não tem vergonha da minha sexualidade, que não se "preserva". Eu sei que isso não serve para todo, por isso é válido combater o machismo, mas para mim tem funcionado assim: se não me respeita pode sumir da minha vida.

Vivien Morgato : disse...

Eu adoro ler os comentários, mas juro que me assusto por vezes. Eu li mesmo "é só uma piada"..eu li REALMENTE isso? E "somos mulheres e usamos subterfúgios para ter o que queremos"...ei, de onde surgiu esse pronome?

Me tira dessa, fia.Nunca fiz vozinha de criança e me RECUSO a usar subterfúgios, detesto isso. Odeio pessoas ardilosas e não apenas me recuso a fazer isso, como evito essas pessoas espertas (!).

(Acho que já li aqui algo assim, "se a frase começa com "toda mulher" acaba falando merda".)

Então, só posso indagar:

nós, quem, cara pálida?

Fabianna Freire Pepeu disse...

Wow...Você escreve bem demais. Causa espanto como as questões são tratadas de maneira equivocada. E nessa Era do Politicamente Correto, um equívoco, seu texto é exemplar, muito educativo e deveria nortear parte da política pública do Brasil anil ... Parabéns!

Vivien Morgato : disse...

Escarlate disse "Mulheres não são crianças, mas são constantemente infantilizadas, fragilizadas. Uma mulher não ver o machismo explícito nessa propaganda é uma tristeza, mas não é surpresa. O mundo é patriarcal, machista e misógino. Desde a barriga da mãe as meninas e meninos aprendem padrões distorcidos que perpetuam estereótipos"...perfeito.

E o povo realmente achando que o problema é a sensualidade...

Discutir semiótica é tão crucial quanto discutir violência, porque a ligação entre elas é indiscutível.

Barbara disse...

É, esse negócio de "toda mulher usa subterfúgios" simplesmente não significa nada. Se é difícil aceitar astrologia porque 7 bilhões de pessoas não se dividem em 12 personalidades, mais difícil ainda é dividir a humanidade em duas e falar que metade dela usa subterfúgios.

As únicas coisas que somente mulheres fazem estão relacionadas com funções biológicas. Comportamento, não sei de nenhum que seja exclusivo de um só sexo.

Todos nós usamos subterfúgios em algum momento - explicar para o chefe porque chegamos atrasada ou algo assim. Atribuir esse comportamento como típico da mulher é risível.

Lilly Queers disse...

Gente, esse Marcelo Tas ainda fala que não é misógino! é a milhonésima vez que ele fala que é INVEJA DA MULHERADA quando alguma outra é punida ou algo assim. Meu,até quando ele vai falar esse tipo de coisa?
Lola, adorei te ver no evento da Unicamp, fiquei muito feliz de ter a oportunidade de te ver ao vivo! Grande beijo!

Brenda Lavoieri disse...

De verdade, Lola, eu li alguns posts aqui do seu blog, não vou dizer que concordo com tudo, mas a maioria. Tenho que ler mais pra poder montar uma opinião... Mas sinceramente, eu fico PUTA só de ver as ofensas e os argumentos que utilizam contra você. São absolutamente RIDÍCULOS, e né, argumentos ridículos saem de pessoas ridículas. Eu não vejo nada de errado no feminismo que tu prega, não é FEMISMO como nós vemos muito por aí hoje... Mas enfim... parabéns pelo blog, pelo que tu escreve, parabéns por essa mente aberta e inteligente. Continue fazendo o que você faz, e obrigada principalmente, por fazer as pessoas pensarem. Te desejo TUDO de bom, tudo de bom mesmo, tu merece, és uma pessoa incrível. Um grande abraço ;)

lola aronovich disse...

Nossa, Brenda, tudo isso de elogio?! Imagino quando vc tiver uma opinião formada de mim e do meu blog então! Mal posso esperar. Obrigada, querida.


Lilly, Vivien, adorei conhecer vcs na Unicamp! Mandem as fotos que vcs tiraram, please?

Nadja Reis disse...

Pior que um homem machista,só uma mulher machista
olha só isso
(e faz parte de um blog que,''supostamente'' é contra todo tipo de preconceito):

http://tropalanternaverde.blogspot.com/2011/09/propaganda-da-hope-certo-certissimo.html?spref=

Flávia Simas disse...

@Helena: como a Liana bem explicou, o comercial não passa pela questão da gentileza.

E com relação ao que você disse sobre conseguir as coisas:

Vou dizer que consegui grandes coisas em minha vida (pessoal e profissionalmente falando) quando fui gentil e soube a hora de falar e a hora de calar (não dei para ninguém importante, não ofereci propina)... Isso não é submissão ou medo, é inteligência emocional.

Voltando à questão do comercial em si, me responda: o quê exatamente uma mulher pode querer conseguir ao dar uma notícia ruim para o marido? Se ela estiver fazendo isso pra conseguir se safar de uma bela duma bronca do marido, então BINGO! É aí que está o problema.

O problema não é a calcinha. Não é o biquinho. Não é a mulher usar a sua sensualidade, inteligência emocional, whatever, pra conseguir alguma coisa. O que está em questão é: O quê exatamente ela quer conseguir? Ainda mais falando com vozinha de criança? Não está absolutamente óbvio que a peça publicitária em questão está oferecendo uma solução simplista e totalmente conformista ao problema da violência doméstica? E antes que venham gritar que uma coisa não tem nada a ver com a outra, deixa eu lembrar que violência doméstica nem sempre significa olho roxo. Ela se dá, também, no âmbito verbal.

Ou seja, não quer sofrer abuso verbal ou uma bronca homérica = dê a notícia ao marido vestida de calcinha e sutiã. De preferência, de salto. De preferência, fazendo carinha infantil, inocente, igual a de um guri que, sem querer, quebrou a vidraça do vizinho. "Ih, fiz merda, então deixa eu sensualizar que tudo vai se resolver". Só que não resolve. Assim como o problema do estupro não se resolve pelo viés da roupa que você usa, pois se fosse assim as afegãs não seriam estupradas nunca, pois se cobrem da cabeça aos pés.

Sabe, essas "receitinhas" que tanto vendem nas revistas Novas da vida e que agora até a Hope resolveu apoiar, não resolvem uma questão muito mais complexa que é justamente entender porquê cabe à mulher o papel de apimentar uma relação. O porquê de se esperar das mulheres, ainda que elas sejam independentes, certos comportamentos que se conformam à lógica patriarcal: posar de inocente e bobinha mesmo quando ela não é inocente e bobinha. Por que se espera isso das mulheres?

Acabei de ver a campanha do Equador e simplesmente achei fantástica. O Brasil precisa MUITO agir nesse sentido. Porque né, quando as pessoas têm consciência que a realidade de muitas mulheres é assim: http://verd.in/i0ru

fica difícil rir da SOLUÇÃO que a Hope dá.

Ághata disse...

HUhauhauhauhauhauahuhahua!!

Ôôô, essas malditas feministas-castradoras-de-machos!! que não querem que os homens vejam mulheres peladas na tv!! (e eu achando que o comercial era pra mulheres...!)

Sara disse...

Lola vc sabe o quanto te acho brilhante, e que realmente invejo sua capacidade de expressão, varias vezes vc colocou por escrito sentimentos, revoltas que nem eu mesma conseguia descrever tão bem, como só vc sabe fazer.
Por diversas vezes tive vontade de te elogiar, mas não foram elogios vazios, vieram do fundo do coração, porque realmente te admiro, mas sou franca também, e algumas vezes vc tem pensamentos diferentes dos meus, nem por isso meu respeito é menor por vc.
No que vc tratou nesse post, a minha opinião sincera é que, se estivermos com vontade, podemos enxergar um viés machista em qualquer novela, historinhas infantis, comerciais de TV, programas humorísticos, resumindo em praticamente qualquer obra do pensamento humano, basta apenas querer.
Se formos por esse caminho perdemos o foco real do feminismo na minha opinião.
Quando vc denuncia blogs machistas, tratamentos injustos, que realmente refletem numa violência ou desrespeito pelos direitos da mulher, vou estar com vc sempre e sempre.
Não sou ignorante, nem dissimulada, nem TAPADA ou cega como fui chamada aqui, sou uma mulher com disposição para lutar pelos nossos direitos, não só os meus, como vc descreveu num post passado de forma magistral.
Mas essa causa se me permite te chamar de amiga, estou fora.

alice disse...

a colega ali disse que já ganhou muitas coisas na vida agindo como a giselle ensina na tal propaganda. eis o problema, não é?

o correto seria que conseguíssemos coisas na vida profissional por nossa competência, honestidade, educação, e demais critérios objetivos, não?

não fazendo charminho, juntando os seios com os braços, fazendo voz de criança, usando uma roupa sexy. pra mim, essa é a mesma lógica das prostitutas (tudo bem ser prostituta, ok? mas não é o tipo de profissão q escolhi pra mim, portanto não quero ser avaliada segundo os parâmetros desse ramo. não quero q esperem de mim essa "sensualidade brasileira" qd eu quiser ser ouvida e respeitada)

e se formos analisar a relação entre marido e mulher, aí mesmo é q a mulher não tem q "conseguir" nada do marido, pq ele não está numa posição hierarquicamente superior, como vários comentaristas acima já explicaram. agora nada impede que vocês, pessoalmente, continuem agindo assim. só é muito errado q a sociedade só aceite esse tipo de pensamento

o texto tá excelente, concordo com tudinho. vc devia instalar um plug-in do facebook aqui (já que vc não quer criar um perfil lá, pelo menos ia ficar mais fácil de recomendar os links http://developers.facebook.com/docs/plugins/)

Admin disse...

Lola muito bom teu post MAS....

As vezes vc e as nossas amigas feministas (os amigos tb) exageram na argumentação e forçam a barra pra ter razão:

Que papo é esse de que o cara está sendo ingenuo ao "deixar-se" levar por uma mulher de lingerie?

Não foi vc's mesmas que, na premissa disseram que ele está exercendo uma posição de poder sobre a mulher?

Que o unico meio dela não apanhar ou ser castigada de outra forma é usando seu corpo? Que ela só terá voz assim?

Que o homem ali está agindo como DONO?

Se umhomem machista, se vê como dono de uma mulher, e ela corrabora essa visão agindo de forma submissa, onde esta ingenuidade disso? Pra mim o homem age de forma maldosa e a mulher sim que age de forma ingenua achando que participando desta mecanica está tendo algum "poder", poder de que?

Vide a denise loira ai, (tem um montão de denises aqui).

Se eu fosse um homem machista eu nao me sentiria ofendido de forma alguma se uma Giselle viesse se arrastejando pro meu lado de lingerie pedindo perdão, que homem de má fé não adoraria tirar uma lasquinha dela subjuldando-a como se fosse um pedaço de carne?

(veja, não digo que isso é certo, estou me colocando na posição do homem machista e autoritário).

Tem aquela menina a "Oi ivo" ou "Foi isso" "Aoi tolá" não sei.

Que adora dizer o tal do Mansplaining, não sei escrever, tem algum termo gringo correlato para "womansplaining?"

Uma mulher achar que sabe que o homem está sendo ingenuo ou não, dizendo para ele o quanto ele está sendo manipulado ou não, sem saber se ele tem consciencia do contexto, pra mim é a mesma coisa do que quando esses trolls vêm aqui dizer que sabem o que vc'c mulheres pensam.

Do mais, seu blog é maravilhoso Lola.

Barbara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
aiaiai disse...

é só mais uma brincadeirinha:

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/10/01/charge-de-chico-caruso-408868.asp

Lamentei.

Francisca disse...

Pessoalmente, não achei ofensiva a propaganda da Hope. Achei que foi mais uma brincadeira que uma agressão. Muitas pessoas brincam com estereótipos, mas sem maldade. Tenho amigos que adoram zoar com a ideia de que as mulheres amam gastar dinheiro. Já falei pra eles que vou escrever um livro: Mil e uma maneiras de gastar com você o dinheiro dos outros! Os primeiros exemplares vou mandar de presente para as namoradas dos safados. Eles já ameaçaram até retaliar sequestrando meu cartão de crédito pra pedir resgate! Rsrs!

Todo mundo gosta de provocar só pra saber como o outro vai reagir. Aqui no Brasil, acho até que faz parte da índole nacional. Temos um espírito meio zombeteiro, infantil. Eu, como todo cearense, adoro "frescar" com os outros. Minino, pensando bem, será que essa é uma visão estereotipada do povo cearense? Rsrs! Na minha faculdade, há muitos militares e eu "fresco" debochando do estereótipo do machão militar. Eles "frescam" também. Dizem logo que lá vem a "batoré" cearense. Rsrs!

Agora a sério! Só odeio mesmo aquelas chatíssimas propagandas de produtos de limpeza que sempre só tem mulher. Parece até que esse tipo de produto é igual a sutiã e só mulher que usa. Nojo! Tem muito malandro colocando no twitter que macho não faz trabalho doméstico. Longe da internet, ele só quer ficar bem com a flor e vai lavar a louça, porque como dizia o saudoso Bezerra da Silva: "Malandro demais vira bicho!"

Barbara disse...

Aff jura que as situações ocorrem na vida real? Na vida real de quem?

1. Bater o carro. Pra que diabo alguém precisa tirar a roupa pra dizer que bateu o carro?? Isso acontece. Vamos ser adultos e falar dos danos, do seguro...? Rebolar na frente do marido não vai resolver o problema. Quando o sexo acabar o carro vai continuar lá amassado. Se você estragou o carro do outro que tal ir lá e pagar pelo conserto?

2. Estourou o cartão de crédito seu e do marido. Estude finanças domésticas ou algo assim. Faça terapia se é compradora compulsiva. Isso é um problema sério. Juros de cartão de crédito são um roubo. Pra que você usou um cartão que não era o seu, pra começar? Não concebo essa ideia. Ficar pelada não vai pagar as contas. Se a ideia for convencer o marido a pagar a SUA conta em troca de sexo, isso tem um nome. Espero que nunca chegue o dia em que eu tenha que fazer sexo pra um homem pagar a fatura de meu cartão de crédito. Espero que nunca chegue um dia que eu tenha que usar um cartão que não é meu. Nunca vi isso acontecer entre casais que conheço.

3. A sogra vai morar junto. Qualquer alteração desse tipo na vida do casal tem que ser discutida. Clichê dos infernos achar que todo homem odeia a sogra. Também não vejo isso acontecendo na prática. De qualquer forma, o que a Gisele faria? Ficaria pelada cada vez que a mãe aparecesse ou abrisse a boca? Será se tirar a roupa uma vez vai tornar o marido completamente simpático à ideia de viver permanentemente com alguém que ele não gosta?

Resumindo: a propaganda é um monte de clichê estúpido e imbecil que NÃO reflete a realidade. Desculpa, mas mulheres comprovadamente se envolvem em menos acidentes que os homens. Achar que aquilo tudo lá é verdade e dar grandes risadas me ofende, porque isso pode ser a realidade na sua casa, na sua relação, mas não na minha. E na de muitas outras mulheres.

Não sei como as pessoas andam lidando com o sexo, mas usar como moeda de troca, como eu vi alguns discursos por aqui....sei não, não acho sadio. Sexo se basta, não precisa desse tipo de motivo.

Aoi Ito disse...

Por favor, Rubens, meu nick não é tão complicado assim. ): Leia com cuidado e atenção, são só seis letras em duas palavras. É mesmo tão complicado assim ler meu nick corretamente e digitá-lo corretamente? ):

Marina disse...

Gostei do teu post, mas concordo e discordo. Não vejo enormes problemas nesse comercial da Hope, acho que as novelas da Globo, os programas de auditório e todos que levantam a bandeira de que mulher boa é mulher semi-nua são muito piores e esses sim, denigrem a imagem da mulher, e inclusive, criam nas crianças uma imagem distorcida e ridícula da mulher.

0rkt disse...

Marina,
Tanto as novelas da Globo, os programas de auditório quanto essa propagaganda da Hope objetificam as mulheres, tornando-as meros enfeites ou pedaços de carne.

E outra, além dessa propaganda ser objetificante, ela ainda lança mão de esteriótipos machistas.

yulia disse...

http://f5.folha.uol.com.br/celebridades/983961-polemica-sobre-comercial-de-gisele-chega-ao-exterior.shtml

yulia disse...

estou vendo os comentários desse link sobre a propaganda ... gostei deste aqui...http://f5.folha.uol.com.br/celebridades/983961-polemica-sobre-comercial-de-gisele-chega-ao-exterior.shtml

''Eu estou na Bélgica neste momento e aqui é uma sociedade extrememente igualitária. Essa propaganda foi comentada aqui como "propagada machista brasileira", que de fato é. Infelizmente, por ser uma sociedade muito limitada e atrasada, o Brasil não vê isso e prefere limitar-se a achar que a proibição é mera reação de "mulheres gordas e recalcadas". Acho que não é necessário estar na fossa e ser infeliz para exigir direitos e igualdade entre todos os cidadãos.''

Pode cre, é vergonhoso.

Flávia Tunes disse...

Será que as pessoas ainda acham que não é ofensivo representar a mulher como um ser que tem que fazer beicinho, voz de criancinha e se oferecer (não para o prazer, mas para "comprar" com sexo) para obter a piedade e o perdão do dono (do carro, do cartão e de própria mulherzinha/coisa) porque ja que a coitadinha é tão incompetente que não sabe dirigir direito, não sabe lidar com as finanças, etc., provavelmente nem deve ter uma profissão e ganhar seu próprio sustento, não é mesmo?
Putz,e não precisaram nem desenhar...

ofício olhar disse...

Se a Hope quer fazer propaganda usando o corpo da mulher como objeto e a Gisele se presta para isso, que façam, mas não em nome da mulher brasileira. O Brasil vem a anos desenvolvendo um esforço no sentido de combater o turismo sexual, mudar nossa imagem no exterior, e em nome de "vender" eles utilizam esse recurso raso.

Luiz Prata disse...

Vi a charge do Chico Caruso hoje, cujo link a aiaiai postou. Realmente, lamentável e um clichezão desnecessário.

Além de ridicularizar a minsitra, e explicitar a atitude dela como "errada", a charge ainda comete o erro ao dizer que ela "proibiu", quando na verdade apenas enviou reclamação ao Conar para que este sim tomasse as medidas que julgasse cabíveis.

Sobre o comercial em si, foi sofrível, ao usar clichês tão antigos. Em que século esses publicitários vivem?

Enfim, independentemente da suspensão (ou não) do comercial, seria realmente bem-vinda uma campanha tipo a do Equador.

Anônimo disse...

Certeiro ....parabéns!!!!

elen mars disse...

isso é uma das coisas q me irritam nos brasileiros,n sei se em outros países tb é assim.
mas aqui vc n pode ter opinião negativa de nada que vem 200 idiotas dizendo q vc tem inveja

Anônimo disse...

PELAMOR!!!!! Fazer propaganda para vender não tem nada a ver com liberdade de expressão!!!!
Leiam este texto (http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/2011/10/01/ainda-no-sutia-de-gisele/) ele ajuda a pensar um pouquinho melhor sobre o assunto. Gostei muito do texto da Lola. Parabéns!

verônica alcovér disse...

tanta coisa boa pra falar do post, mas tenho que fazer a correção: o nome do jogador é LeBron James!

obrigada pelas doses constantes de vida inteligente, Lola!

ABRADA disse...

Meu deus do céu....tem gente que vê tudo errado.O legal das propagandas da Gisele em que ela da uma de mulher submissa e justamente a contradição disto.É uma jogada de marketing, para justamente contrapor o que todos sabem: que a Gisele é uma mulher totalmente independente.
E quanto a capa da VOGUE o racismo está em quem tira a conclusão que vc tirou...no subconsciente será que todos nós não somos racistas?

ABRADA disse...

E pra terminar o mundo anda muito chato...tudo tem que ser certinho.ainda bem que tem o CHAVES, onde pode-se dar uns cascudos nas crianças,o professor pode fumar,e outras coisas politicamente incorretas.Se bem que os guardiões dos bons costumes já tentaram proibi-lo também.

Falcão Peregrino disse...

A Hope devia dar uma comissão pra Dilma e suas mulheres, se é que já não receberam. A campanha bombou mundo afora. Todos estão felizes!
Que competência, hein?
Acho que estão no lugar errado, deveriam trabalhar com publicidade e propaganda.

Falcão Peregrino disse...

A Hope deve dar uma comissão pra Dilma e suas mulheres, se é que já não receberam. A campanha bombou mundo afora. Todos estão felizes!
Quanta competência!
Acho que estão no lugar errado, deveriam trabalhar com publicidade e propaganda.
No comercial, o inferior é o homem que se deixa seduzir.
Abs.

Arthur Vinícius disse...

Parabéns pelo ótimo texto. Uma resposta de qualidade a um texto absurdo (e super-influente) como esse aqui:

http://papodehomem.com.br/comercial-de-lingerie-comprova-feministas-sao-chatas-pra-caralho/

Anônimo disse...

Soube da última, Lola?

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/984396-apos-piada-com-wanessa-destino-de-rafinha-bastos-pode-ser-decidido-hoje.shtml

Liana hc disse...

Sobre o Rafinha Bastos, parece que pesou mais ele ter criticado mulheres que tem "dono". Enquanto ele falava de "avulsas" ou mulheres de um modo geral era uma coisa, agora que ele ousou ofender a propriedade de outro homem (do Marco Buaiz e do presidente da RedeTV) o rumo da prosa mudou. Ou seja, ofender mulher ainda é válido, o que não pode mesmo é constranger outro homem. Isso sim, nesse mundo machista, é ir longe de mais.

Resquício da lei social que punia/pune um estupro, não para reparar o mal praticado contra uma mulher, mas porque estava danificando um produto e atingindo a honra do patriarca.

Ainda tem quem ache que as coisas mudaram radicalmente de lá para cá.

Marilia disse...

Pessoal politicamente correto é muito chatozzzzz...
Feministas gordas feias invejosazzzzzz...
Gente que não tem o que fazezzzzzz...
Inveja, tudo inveja da fama e da belezzzzz...

O fato de não querer reproduzir preconceitos é tudo inveja e falta do que fazer, né?!

Precisamos é de humor e propaganda inteligente.
E daí se o público não viu nada de mais na propaganda. Esse mesmo público é contra a união estável de homossexuais. Preconceito velado é mais difícil de se combater (apesar de que o da propaganda é óbvio)

Ed de Vortex disse...

Achei seu blog por acaso, tentando arranjar um modo de silenciar meus vizinhos. Encontrei uma verdadeira pérola que pretendo acompanhar sempre. Não concordo com exatamente tudo o que vc colocou neste post, como por exemplo a criação de uma campanha ou programa anti-machista. Acho que o machismo (que eu condeno com toda a força da minha machice) é consequencia de um enorme, gigantesco, colossal problema cultural que não pode ser dissociado de problemas como o das pessoas mal educadas que jogam lixo na rua, defendem pena de morte, discutem por futebol e não estão nem aí pra política e irão certamente votar nos mesmos políticos corruptos na próxima eleição perpetuando o ciclo de dominação caótica em que se encontra(desde sempre) nosso país.
Mas está aí. Acho que isso deve ser mesmo discutido como todos os outros problemas. Para mi o machismo é uma tremenda falta de educação. Como não importa o que façamos, sempre existirão pessoas mal educadas por motivos mil, o machismo jamais será instinto. Mas é perfeitamente possível fazê-lo ser percebido e, acredito eu, esse foi seu maior objetivo com o post. Foi um excelente passo nessa direção.
Um grande abraço.

Anônimo disse...

Complementando a fala da Liana, é importante ressaltar que existe também a questão social. Enquanto tratava-se de uma "anônima" que amamentava seu bebê em público, os comentários e brincadeiras de mau gosto sequer eram problema. No entanto, no momento em que tais comentários chegaram até a elite, aí sim foi necessário que tomassem as devidas providências.

rizk disse...

Escreveram mais acima que o fato de a Gisele ser rica e famosa subverteria a lógica do machismo.

Sabem quem é mais rica e poderosa que a Gisele? A BEYONCE.

http://www.forbes.com/2010/06/22/lady-gaga-oprah-winfrey-business-entertainment-celeb-100-10_land.html

Você consegue pensar na Beyonce de lingerie fazendo biquinho pro homem não se enfurecer?

Pois é, nem eu.

O status de rica, famosa, poderosa, não subverte porcaríssima nenhuma. Mesmo porque a gente sabe que a objetificação da mulher (e a violência doméstica, consequentemente), não conhecem barreiras de classe.

É claro que a Gisele ganha mais que o marido dela e que o cartão de crédito dela nem deve ter limite. Mas NADA garante que ela detenha o poder na relação. Vide a Rihanna que era mais rica e famosa e ainda assim apanhou do namorado.

Ok, fim do Momento Caras.

-----------
De boa, como tem gente que não captou o "dar X apanhar" do comercial da Hope?

De um lado, a mulher responsabilizável pela violência que sofre. De outro lado, o homem ogro, que exige da mulher sexo para não puni-la.

Ou, em abordagem mascu, a mulher usando sexo como moeda de troca, porque o poder econômico está com o homem, o bundão, que não pode ver um par de peitos sem se babar todo.

Dignidade pra quê, né minha gente?

Magnólia disse...

Milton Ribeiro postou no blog dele a seguinte versão:

http://miltonribeiro.opsblog.org/2011/10/03/lingerie/comment-page-1/#comment-37379


Gosto muito do seu blog!

blametheblonde disse...

Lola! Parabéns pelo texto e pela repercursão!! Me armei de mais argumentos agora!

um beijo

Alice disse...

O argumento ad hominem é um artifício ordinário e poderoso. É sempre usado pelos machistas para desqualificar as feministas.

Alice disse...

A propósito, gostei muito desse texto sobre o assunto:
http://www.primeirafila.net/2011/10/meus-dois-tostoes-sobre-campanha-da.html

Anônimo disse...

Peraí… vocês realmente acham que o Equador de hoje em dia seja um exemplo para o Brasil? Deem uma olhada nos links abaixo (em inglês):

http://www.freedomhouse.org//modules/mod_call_dsp_country-fiw.cfm?country=8030&year=2011

http://en.rsf.org/ecuador.html

Letícia Lima disse...

Lola! Adoro ler seus textos!
Beijo.

Joana Ricarte disse...

Sensacional, você escreve muito bem.