Gostei muito de Planeta dos Macacos: A Origem, e fico na expectativa para todo o renascimento da franquia que virá. O filme original de 1968 (terrivelmente refilmado por Tim Burton em 2001) é um clássico totalmente camp (o que é aquela humana ― chamada de “fêmea” ― que passa o filme todo encarando o Charlton Heston sem camisa?) mas com boas intenções: mostrar um mundo em que os humanos são tratados como animais irracionais e, assim, escravizados, expostos em zoológicos, usados para experimentos científicos... Pra tragédia ficar completa, só faltaria sermos usados como alimento de uma espécie superior (se você estivesse aqui do meu lado agora, sentiria o meu cotovelo na sua barriga, de leve). Todo esse mal-estar da civilização se mantém nas quatro sequências posteriores, todas dos anos 70. E volta agora com tudo nesta espécie de prequel (que na realidade é baseado no quarto filme, de 1972, Conquista do Planeta dos Macacos, sem ser oficialmente um remake).
Em Origem, somos completamente (parafraseando Crepúsculo) team monkey. Torcemos pelos símios, que parecem mais humanos (como se isso fosse elogio!) que os originais de fábrica. O protagonista é o James Franco (o bonitão que foi tão mal como apresentador do Oscar, mas que estrelou, como bem descreveu um rapaz, “aquele filme angustiante sobre o sujeito que cai num cânion, fica com o braço preso sob uma rocha e passa 127 horas sem internet”). Ele faz um cientista que tem como pai o John Lithgow (adoro o John desde O Mundo Segundo Garp, em que ele faz uma travesti, e ele tá inesquecível como o passageiro que vê um monstrinho destruindo a asa do seu avião no melhor episódio de Twilight Zone), que por sua vez tem Alzheimer. Essa é a senha pra gente perdoar tudo que James faz de errado ― é tudo em nome do pai. Ele até leva um chimpanzé bebê super fofinho pra casa pra fazer companhia pra ele. Só que não é um chimpanzé de verdade, ou uma pessoa vestida de primata. Incrível que todos os macacos do filme sejam computadorizados, algo aplaudido pelas organizações que são contra explorar animais para o entretenimento humano. Normalmente não sou grande fã de animais computadorizados (eles sempre me parecem artificais, rápidos e perfeitos demais), mas estes estão ótimos quase sempre. Principalmente o Andy Serkis (que interpretou o Gollum em Senhor dos Anéis e o Kong, King Kong em... você sabe), que faz César, o macaco principal. Andy está tão fantástico que podem querer indicá-lo pro Oscar de coadjuvante, e aí vai ser um problemão: um ator cujo rosto nem aparece na tela pode concorrer?
Como em outras espécies próximas, César fica bem chatinho quando chega à adolescência (é brincadeira, tá? Sempre me dei bem com adolescentes). Lembro que em algum filme da série Planeta a cientista símia recomenda que um macaco não adquira um humano teen, fonte certa de complicações. Pra mim o César é bem assustador porque a gente vê sua mãe ficar zangada, e ela é perigosa. A gente espera que a agressividade dela vai aparecer nele, e durante um tempo essa é uma boa fonte de suspense. Quer dizer, pelo que li, todo mundo achou terna aquela cena em que César pega o garfo da mão do John. Menos eu! Eu pensei que aquele macaco teen fosse se rebelar bem naquela hora, e com um garfo na mão!Por falar na mãe de César, há apenas duas fêmeas na história inteira, e ambas aparecem pouco. A primeira é a mamãe, a primata que dá à luz nosso herói, e é morta por protegê-lo. A outra é a veterinária (sua profissão é um detalhe) e namorada do James, a Freida Pinto (Quem Quer Ser um Milionário?), que é linda e tal, mas parece ter quinze anos. Freida está lá pra pegar no pé (moralmente falando) do James. E, sei lá, pra justificar que César, do nada, apareça de calça comprida? Pra que um macaco, que já é peludo, precisaria de roupinha?
A gente não sabe por que diabos César se veste, ou de quem é a ideia de jerico que ele precise cobrir suas partes pudentas. Não sabemos se essa é uma imposição de Freida, James, ou do próprio César. Ou da sociedade, que nem é assim tão vilã. A maior vilã do filme é uma empresa farmacêutica que só pensa nos lucros (como em O Jardineiro Fiel). É a ganância da indústria, e os testes anti-éticos com cobaias, que serão o estopim pro desastre que vem no filme. Bem diferente de Extermínio, em que defensores de animais são os responsáveis pelo apocalipse. Outros vilões em Origem são o exército e a polícia, sempre doidinhos pra reprimir qualquer insurreição dos oprimidos, e um sádico tratador de animais. Não há macacos malvados, apenas macacos não muito inteligentes. Mesmo quando eles brigam por território no abrigo ― que, a julgar pela ausência de fêmeas, deveria se chamar Planeta dos Macacos Machos ―, eles não fazem por mal. César é um líder altruísta, que prefere ficar entre os seus que voltar a ser o bicho de estimação paparicado e protegido de um humano. Ele é Spartacus. É muito comovente quando os primatas decidem enfrentar os humanos, ao invés de fugir apavorados (como acontece no início do filme). E quando uma história tem revoltas e revoluções, meu coraçãozinho vermelho sempre palpita pelos guerreiros de esquerda.
A franquia tem tudo pra ser fascinante. Aguardo ansiosa o próximo filme. Primeiro porque, imagino, haverá mais menções à epidemia (um vírus que mata humanos, não símios), e eu adoro histórias de epidemia. Depois que vai ser interessante mostrar como os humanos perdem sua posição de bambambans do universo. Também espero que novos filmes da série expliquem como primatas que no princípio só querem algum tipo mínimo de igualdade se transformam em bichos autoritários, supersticiosos e militaristas, tão parecidos com um outro bicho aí que conhecemos tão bem.
Em Origem, somos completamente (parafraseando Crepúsculo) team monkey. Torcemos pelos símios, que parecem mais humanos (como se isso fosse elogio!) que os originais de fábrica. O protagonista é o James Franco (o bonitão que foi tão mal como apresentador do Oscar, mas que estrelou, como bem descreveu um rapaz, “aquele filme angustiante sobre o sujeito que cai num cânion, fica com o braço preso sob uma rocha e passa 127 horas sem internet”). Ele faz um cientista que tem como pai o John Lithgow (adoro o John desde O Mundo Segundo Garp, em que ele faz uma travesti, e ele tá inesquecível como o passageiro que vê um monstrinho destruindo a asa do seu avião no melhor episódio de Twilight Zone), que por sua vez tem Alzheimer. Essa é a senha pra gente perdoar tudo que James faz de errado ― é tudo em nome do pai. Ele até leva um chimpanzé bebê super fofinho pra casa pra fazer companhia pra ele. Só que não é um chimpanzé de verdade, ou uma pessoa vestida de primata. Incrível que todos os macacos do filme sejam computadorizados, algo aplaudido pelas organizações que são contra explorar animais para o entretenimento humano. Normalmente não sou grande fã de animais computadorizados (eles sempre me parecem artificais, rápidos e perfeitos demais), mas estes estão ótimos quase sempre. Principalmente o Andy Serkis (que interpretou o Gollum em Senhor dos Anéis e o Kong, King Kong em... você sabe), que faz César, o macaco principal. Andy está tão fantástico que podem querer indicá-lo pro Oscar de coadjuvante, e aí vai ser um problemão: um ator cujo rosto nem aparece na tela pode concorrer?
Como em outras espécies próximas, César fica bem chatinho quando chega à adolescência (é brincadeira, tá? Sempre me dei bem com adolescentes). Lembro que em algum filme da série Planeta a cientista símia recomenda que um macaco não adquira um humano teen, fonte certa de complicações. Pra mim o César é bem assustador porque a gente vê sua mãe ficar zangada, e ela é perigosa. A gente espera que a agressividade dela vai aparecer nele, e durante um tempo essa é uma boa fonte de suspense. Quer dizer, pelo que li, todo mundo achou terna aquela cena em que César pega o garfo da mão do John. Menos eu! Eu pensei que aquele macaco teen fosse se rebelar bem naquela hora, e com um garfo na mão!Por falar na mãe de César, há apenas duas fêmeas na história inteira, e ambas aparecem pouco. A primeira é a mamãe, a primata que dá à luz nosso herói, e é morta por protegê-lo. A outra é a veterinária (sua profissão é um detalhe) e namorada do James, a Freida Pinto (Quem Quer Ser um Milionário?), que é linda e tal, mas parece ter quinze anos. Freida está lá pra pegar no pé (moralmente falando) do James. E, sei lá, pra justificar que César, do nada, apareça de calça comprida? Pra que um macaco, que já é peludo, precisaria de roupinha?
A gente não sabe por que diabos César se veste, ou de quem é a ideia de jerico que ele precise cobrir suas partes pudentas. Não sabemos se essa é uma imposição de Freida, James, ou do próprio César. Ou da sociedade, que nem é assim tão vilã. A maior vilã do filme é uma empresa farmacêutica que só pensa nos lucros (como em O Jardineiro Fiel). É a ganância da indústria, e os testes anti-éticos com cobaias, que serão o estopim pro desastre que vem no filme. Bem diferente de Extermínio, em que defensores de animais são os responsáveis pelo apocalipse. Outros vilões em Origem são o exército e a polícia, sempre doidinhos pra reprimir qualquer insurreição dos oprimidos, e um sádico tratador de animais. Não há macacos malvados, apenas macacos não muito inteligentes. Mesmo quando eles brigam por território no abrigo ― que, a julgar pela ausência de fêmeas, deveria se chamar Planeta dos Macacos Machos ―, eles não fazem por mal. César é um líder altruísta, que prefere ficar entre os seus que voltar a ser o bicho de estimação paparicado e protegido de um humano. Ele é Spartacus. É muito comovente quando os primatas decidem enfrentar os humanos, ao invés de fugir apavorados (como acontece no início do filme). E quando uma história tem revoltas e revoluções, meu coraçãozinho vermelho sempre palpita pelos guerreiros de esquerda.
A franquia tem tudo pra ser fascinante. Aguardo ansiosa o próximo filme. Primeiro porque, imagino, haverá mais menções à epidemia (um vírus que mata humanos, não símios), e eu adoro histórias de epidemia. Depois que vai ser interessante mostrar como os humanos perdem sua posição de bambambans do universo. Também espero que novos filmes da série expliquem como primatas que no princípio só querem algum tipo mínimo de igualdade se transformam em bichos autoritários, supersticiosos e militaristas, tão parecidos com um outro bicho aí que conhecemos tão bem.
44 comentários:
Achei o filme ótimo também!
Gostei muito da sacada do vírus também, e de como o fortalecem e tudo o mais. Deixa a história da ascensão dos macacos muito mais crível do que uma guerra declarada com os humanos.
E acho que deveriam criar uma categoria só pro Andy Serkis no Oscar, os trabalhos deles estão geniais.
Ótima crítica Lola! Já estava com vontade de assistir, e agora vou com certeza!
E, falando em filmes... Já viu Melancolia?
Adorei o filme também. Deu vontade de ficar panfletando na entrada contra a experimentação animal. Mas aí eu sei que os primatas humanos não iam gostar muito, pois não costumam usar muito o cérebro em prol d@s outr@s... O filme toca em questões bem interessantes. Mas sinceramente? Tenho a impressão de que muita gente vai assisti-lo pensando muito mais na série, nas cenas, nos gráficos, do que na filosofia por trás disso tudo. Como aconteceu com Matrix: muita gente saía do filme e falava que foi ótimo, mas que não entendeu muito bem. :P
Olha, Lola, acho que a questão da roupa do César era para diferenciá-lo de um mero "pet". Lembra na cena do cachorro, quando o César adolescente começa a entrar em crise? Pois então, acho que a roupa seria para amenizar a crise de identidade dele. Acho eu. Nada a ver com os personagens da Frida ou o James hahaha
Eu A-DO-REI o filme, pra mim o melhor de 2011 até agora. Mas acho que a questão da experimentação animal ficou bem clara, pelo menos eu achei. Mas vai saber né?
Eu não gostei nem um pouco da refilmagem de Tim Burton, por isso fiquei com um pé atraz com esse filme.
Mas há tantos comentarios positivos que vou acabar dando uma chance.
Ah sim, a Shoujofan tb fez uma resenha sobre o filme que vale a pena ver:
está aqui.
http://migre.me/5BSDl
NO! NOOOO! NOOO!
O NO! de César foi excitante e também histórico. É um símbolo linguístico perfeito pra quem reage contra a opressão. Desde os árabes que derrubaram Mubarak e Kadafi até os próprios animais não humanos - que, se pudessem, diriam bilhões de NO! praqueles que os exploram diariamente.
A saber, não é preciso muito esforço pra imaginar que se tornou o filme predileto dos veganos-abolicionistas. Incluindo eu =)
Eu ainda nao tive tempo de ir no cinema ver esse filme! Quero tanto *___*
Mas tenho trabalhado muito, muito, muito! Até no fds...
Lola vou ser sincera nem li o seu texto pq sei que deve estar cheio de spoilers rsrsrs
E concordo com a Denise, a galera vai assistir e nem vão captar a mensagem que o filme tenta passar.
Já ouvi de gente besta que se vc quer "filosofia", vá ler um livro, filme é para "passar o tempo"
Eu li no seu artigo sobre o último "King Kong" que você também jogava "Donkey Kong" no SNES. Você reparou que aquela primeira foto (macaco+pneu) lembra muito o Donkey?
Abraço
Estava meio com o pé atrás sobre este, mas também me surpreendi bastante.
http://cinelupinha.blogspot.com/
Eu nem cogitei ver este filme depois do fiasco com o Tim Burton mas com tantos elogios estou me empolgando para ir ao cinema.
Não gosto de macacos, não sei o porquê, mas não tenho simpatia nenhuma por esse bicho, e é o único que não gosto... logo, não curto filmes com macacos, mas o enredo parece muito interessante, talvez me anime a vê-lo.
Dani
O unico bicho que eu não gosto é o Tucano... rsrs
Não veria um filme de Tucanos...XD
Lola, adorei o filme. Sabe aquele gosto de qdo chega o próximo???
Quero ver a epidemia que segue.
Beijos querida.
Niemi, você tocou num ponto que é muitooooooooo comum. Escuto isso o tempo todo. Inclusive sobre a própria televisão. Tem gente que acha que nenhum canal deveria ter programa sobre educação, conscientização, filosofia, enfim... Porque é pra entreter, não pra nos fazer pensar. :O É meio desanimadora essa mentalidade, né não? E eu não sei se tem gente disposta a mudar...
Só um adendo. Sobre o filme Extinção, apesar dos protetores é que soltaram os animais infectados com a raiva, pra mim, os verdadeiros vilões não foram eles e sim, mais uma vez, os cientistas de experimentação animal que, subentende-se, criaram esse super vírus da raiva no laboratório. Mas realmente da forma como foi feita a passassem no filme, parece que quiseram colocar a culpa dos protetores dos animais. Pra mim foi a única bola fora daquele filme, jpa que o resto eu adorei.
E tbm concordo com o Adriano Machado sobre as roupas. Acho que elas foram usadas pelo César para se diferenciar de um mero animal de estimação. Como foi ótimamente mostrado naquela cena em que ele fica incomodado com a coleira quando vê um cachorro a usando.
Denise
Engraçado né? Eu vejo aqui uma certa cultura da segmentação da informação.
Filme = ação, entretenimento.
Livros = filosofia, "chatices em geral"
Jornais = classificados, esportes
TV = Junk for fun
O povo acha ruim quando vc diz que gosta de assistir o canal cultura ou futura, por exemplo...rs
Adorei a crítica, Lola!!! Semana passada também havia preparado algo sobre esse filme, mas tomando outros enfoques:
http://jardimdelilith.blogspot.com/2011/08/o-planeta-dos-macacos-2011-e-o-velho.html
Abs.
Niemi, só consigo pensar uma coisa: estão tod@s louc@s. ahahahah
Uma coisa que a gente pode observar durante o filme: as reações das pessoas que estão no cinema. Prestem atenção que em muitos momentos, geralmente nas cenas que parecem mostrar o macaco mais fragilizado, escutam-se risos, até gargalhadas. Mas, em outras, quando Cesar - e demais macacos - mostram sinais de inteligência e, principalmente, emancipação, ficam tod@s em silêncio. Alguns até riem como forma de deboche. Como se aquilo ali ofendesse a sua natureza humana. Mas a maioria fica em silêncio. Eu acho que a maioria me viu como maluca, pois eu torci muito, e dava pra me ouvir rindo quando @s human@s do filme se davam mal. Acho que muita gente ainda se sente ameaçada/ultrajada e até mesmo desafiada por ver, mesmo que em ficção, que uma outra espécie possui o domínio ou mesmo possui muitas características em comum com ela mesma, com a sua espécie em questão. Tem gente que simplesmente vai pensar que aquilo lá é uma afronta. A espécie humana é arrogante e imbecil a esse ponto. :(
Sobre a exploração de animais não consigo deixar de ter um opinião paradoxal.
Eu queria que não houvesse zoológicos em lugar algum para expor, humilhar, torturar (imaginem um águia não poder voar) bicho para o deleite de olhos humanos insensíveis.
Quanto a pesquisa científica da indústria farmacêutica não sei como ser contra, uma vez que, basta ficarmos doentes para sabermos o quanto o desenvolvimento de remédios pode ser importante para salvar nossas vidas ou de um ente querido.
O que eu quero dizer é que o zoológico é uma coisa cruel mas desnecessária, até estúpida: quanto a pesquisa científica, nunca se sabe, devido a necessidade pessoal, quando seremos seus mais ferrenhos defensores.
Serge, não é tão complicado sermos contra mesmo dependendo involuntariamente da vivissecção. Isso pelo fato de sermos reféns da indústria farmacêutica que explora, tortura e mata animais.
Essa indústria é tão poderosa hoje que nem os veganos (como eu) podem boicotá-la deliberadamente. Mesmo naquela pessoa que se recusa ao máximo a usar medicamentos (o que não devemos generalizar como um comportamento médio da categoria vegana), cedo ou tarde ela vai precisar usar um remédio pra salvar sua vida, remédio esse que havia implicado a tortura e morte de tantas cobaias em laboratório.
Nesse caso o veganismo enquanto práxis centrada no consumo encontra seu limite. E nos vemos num patamar em que só a mobilização militante (o que inclui a inserção cada vez mais forte de teorias bioético-filosóficas que incluam os animais não humanos como sujeitos de direito e peitem o atual antropocentrismo que domina a comunidade científica) e a ação política poderão obrigar a indústria farmacêutica a criar métodos de pesquisa que substituam a exploração animal.
Serge, é um erro tremendo achar que as pesquisas farmaceuticas com animais são para a cura dos males da humanidade. A grandesíssima maiora dessas pesquisas não representam benefícios ao ser humano. Adotados em áreas como a psicologia, as pesquisas militares e a indústria de produtos que vão desde medicamentos até cosméticos, produtos de limpeza, velas e canetas, etc. O "comércio" de cobaias virou um lobby da exploração sem fim justificado. Nenhum medicamente que vc toma foi ao mercado sem antes também passar por testes com humanos, várias vezes. Até pq é um erro enorme se basear na complexidade biológica de outra espécie para chegarmos na nossa. É enorme o risco de se extrapolar de uma espécie a outra os resultados de experimentos científicos. Vira e mexe dá merda, substâncias liberadas após se mostrarem inofensivas aos animais são inúmeras vezes catastróficas para os seres humanos.
Hoje em dia nós ainda temos uma gama de opções substitutivas ao experimento animal, mas, como eu falei, o comércio de cobais virou um lobby milionário e as indústrias farmaceuticas são as que mais faturam.
Agora, se um remédio não irá para o consumidor sem antes passar por inúmeros testes com cobaias HUMANAS, então pq cargas d'água submeter animais a vidas de sofrimento extremo?
Já no campo da ética tampouco acho que isso seria juustificado. Acha mesmo que temos o direito à cometer qualquer tipo de abuso e massacre a outros seres senscientes (que sentem a mesma coisa que vc) somente pela justificativa de que não pertencem à sua espécie? E se, como na história de Neil Gaimam, os animais não mais existissem na terra... quem iríamos usar para a justificativa de descobrirmos curas para nossos males? Bêbes? Deficientes mentais? Quem?
Dá uma olhada na história, foi muito bem feita: http://marceloagnus.blogspot.com/2009/04/baby-cakes.html
E por fim, meu pensamento é como o de Gandhi quando se pronunciou sobre isso, que disse assim: "Deveríamos recusar-nos a viver se o preço da vida é a tortura de seres sensíveis. Uma espécie que comete tais atos, não merece ser salva"
Também senti falta de uma macaquinha :P e achei pouca vergonha eles terem demorado tanto pra por o filme aqui no Brasil, que tive de baixar na Internet e ver logo, porque não me aguentava.
Achei muito foda esse filme. É um tapa na cara de quem acha que os animais são meros produtos ou que teriam sido feitos para os humanos.
E realmente Lola, a versão de 2001 do 1º filme ficou um lixo, ainda mais se comparado com o original. Ainda não consegui decidir qual eu gostei mais o de 1968 ou esse último.
Eu ia até comentar alguma coisa, mas a Mirella já falou tudo e mais um pouco. Serge, se tiver interesse, depois procure livros na área, em especial, tem um que se chama "Slaughter of the innocent". É um livro de um ativista e escritor alemão chamado Hans Ruesch (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Ruesch).
Fora esse, tem muitos outros livros antigos e atuais que tratam sobre o tema.
O problema principal, como a Mirella já apontou, não é o dilema ético nem mobilizar a ciência e tecnologia no investimento de alternativas - isso já vem sendo feito por muit@s pesquisador@s, mesmo que o patrocínio financeiro não seja o suficiente. O que atrapalha, de fato, é a grande cifra por trás dessa indústria. É dinheiro, sempre será o dinheiro. Experimentação animal sempre foi e sempre será ética e tecnicamente questionável, mas quem lucra com essa atividade não irá assumir isso. Sempre irão colocar a saúde humana, a vida humana, a ineficiências de outros métodos, a falta de pesquisa, sempre vai haver uma desculpa. E existem muitas informações que, das duas uma: ou são fruto da má fé mesmo ou são exageradas. Nossa qualidade de vida não se deve propriamente à existência de drogas no mercado, mas muito mais ao estilo de vida que levamos. Mas isso ninguém quer admitir, especialmente a indústria farmacêutica e quem vive da experimentação, mesmo que indiretamente. A indústria, aliás, só se sustenta com nossas enfermidades, então, está pouco se lixando se vivemos, morremos ou se temos um incremento na qualidade de vida. O objetivo é o lucro. Nada mais. Por isso, desconfio quem vem com aquele papo "estamos tentando salvar vidas" ou "estamos tentando curar doenças"...
É a velha lógica maquiavélica de "os fins justificam os meios". Será?
Sobre experimentação em animais, o Miguel Nicolelis falou sobre isso no Jô Soares, e foi claro e seco como podem ver a partir dessa parte aqui: Link
Mas é um assunto para ser muito discutido.
Essa lógica do "se você toma", não tem porque reclamar, é muito irracional. Se o desenvolvimento das drogas foi feito baseado no uso de animais - e todo o resto que você puder imaginar também - então quer dizer que temos que nos matar por causa disso? Quer dizer, é mais fácil desconstruir uma questão ética muito importante e relevante como essa partindo do pressuposto que usamos, nossos antepassados usaram ou estamos usando produtos/serviços oriundos da exploração animal? Essa é a retórica que será usada? Porque partindo desse pressuposto, não podemos mais fazer críticas nem combater nada nesse mundo, pois tudo tem uma razão de ser - mesmo que imoral ou injusta. A idéia é ficarmos estagnad@s, já que não temos o direito (quase isso que esse senhor coloca neste vídeo) de questionar ou tentar mudar. Sinceramente, eu não sei se sinto pena ou raiva.
Bruno Müller, historiador e ativista, fala sobre o assunto aqui:
http://sereslivres.blogspot.com/2008/08/questao-de-coerencia.html
Bem mais sensato e racional que o senhor do vídeo. Ele não quer cabeças pensantes por si própria, mas um rebanho de ovelhas que idolatrem a ciência. E acreditem: tá cheio de cientistas por aí se achando @ deus(a).
vc é vegetariana? se for é muito legal
Cherry, a pergunta é pra mim? Se eu não fosse faria alguma diferença? Ou perguntou por curiosidade? Se foi por curiosidade, sou sim. Migrando para o veganismo. :)))
O que me deixa mais chocada nesse video que o Brivaldo mandou é que o tal de Miguel Nicolelis e o (No)Jô Soares afirmam que os protetores dos animais são agressivos terroristas pq defendem a extinção do massacre e sofrimento animal (até com, veja só, exploções de carros), mas o médico em questão se acha um santo na terra por perfurar cérebros de macacos durante uma vida inteira, implantar doenças em animais bêbes, adultos e velhos, animais inocentes e assustados e encher o c* de dinheiro às custas de nazismo animal. É demais né?
Noções de ética, de empatia, de sensibilidade, de caráter, totalmente deturpadas.
O especismo é algo incrível mesmo!
Que tal se os experimentadores procurassem a cura para a insensibilidade com as outras espécies?
No passado a justificativa do uso de negros para a escravidão era pq os brancos necessitavam de escravos para coisas imprescindíveis e os negros eram considerados inferiores por causa de sua cor, portanto moralmente aceito a uma vida de sofrimentos e injúrias. O mesmo acontece com os Dalits da Índia, com os tutsis e hutus ao mesmo tempo em Ruanda, e diversos outros exemplos que poderia citar. Não há justificativa alguma aceita para a subjugação de quem sofre. Não pode haver justificativa baseada na raça, na religião, no gênero e nem na espécie.
Por exemplo na segunda guerra mesmo, houve avanços na medicina, principalmente no que diz respeito à hipotermia, devido ao uso de cobaias humanas pelos japoneses. E nem por isso achamos essa desculpa justificada, apesar de hoje todo mundo usufruir dos benefícios que elas trouxeram. E foi divulgado nesses dias os experimentos que os americanos fizeram em deficientes mentais na década de 40 com cobaias humanas, onde se descobriu particularidades das DSTs no organismo humano. E aí? foram e são justificadas?
Ainda mais hoje em dia com as células tronco e cultura in vitro podemos reproduzir tecidos humanos, usando um modelo humano (ou seja, sem risco de se extrapolar resultados de uma espécie à outra).
Deixo duas reflexões para vcs, a primeira é do notório Peter Singer:
“Como podem pessoas que não são sádicas passar a vida provocando depressão em macacos, esquentando cães até a morte, eletrocutando porcos, cegando coelhos, asfixiando patos, congelando lagostas vivas, enlouquecendo ratos ou viciando gatos em drogas? Como podem tirar o jaleco branco, lavar as mãos e ir para casa jantar com a família?"
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"Pergunte para os vivisseccionistas por quê eles experimentam em animais e eles responderão: "Por que os animais são como nós".
Pergunte aos vivissecionistas por quê é moralmente aceito experimentar em animais e eles responderão: "Por quê os animais não são como nós".
A experimentação animal apoia-se na contradição da lógica.
(Professor Chales R. Magel - 1920)
Essa segunda frase é a minha preferida!!! Esse cara foi foda quando colocou isso. :)
O pior são os comentários abaixo do vídeo. O povo colocando o cara num pedestal porque está concorrendo ou foi candidato, não tive curiosidade pra olhar, ao Nobel (deve ser o de Medicina). Como se isso fosse o supra-sumo de humanidade. Basta lembrar que Barack Obama ganhou o Nobel da Paz. Mahatma Gandhi foi indicado 5 vezes e nunca conseguiu... Quer dizer... :P
Pois é Denise! Eu nem leio mais os comentários de videos assim para não estragar meu dia...rs.
A verdade é que o Brasil carece de verdadeiros ídolos ou não idolatra quem realmente mereça.
E esse "nazista" animal não ganhou nobel não. Nenhum brasileiro ainda ganhou.
O homem veio do macaco?
A saga 'planeta dos macacos' ja tem quase dez filmes entre refilmagens, continuaçoes, animaçoes e aqui no brasil eles insistem no mesmo erro.
Tinha que ser 'planeta dos primatas' ou 'planeta dos simios', ja que macacos tem rabo (mico, sagui, bugio) mas a gente e os primatas do filme nao tem rabo (orangotango, gorila, chimpanze).
Marcelo, qual o contexto da pergunta "o homem veio do macaco?"
Eu não acho que a palavra "homem" represente bem a espécie humana, visto que existem homens e mulheres. Ser humano seria bem melhor. O ser humano não veio do macaco, mas de um ancestral em comum com os demais primatas.
Eu não acho que trocar o nome por "planeta dos primatas" ou "dos símios" ia remeter algum significado para a maioria das pessoas, para o senso comum mesmo. Macacos é bem mais popular e tod@s sabem o que quer dizer. Penso assim, mas sua crítica tem um fundamento.
Em inglês o nome está correto: "Planet of the apes", ou seja: Planeta dos símios. Na tradução para o português é que erraram para "Planeta dos macacos".
o que eu queria era chamar atençao para a traduçao. como disse a mirella a traduçao é equivocada.
tao equivocada quanto dizer que o homem veio do macaco.
Bom, eu tinha onze anos quando assisti o filme do Tim Burton e gostei muito! haha
Gostei muito desse último filme. Fiquei muito tensa com o macaquinho fazendo a pergunta mais filosófica da humanidade "quem/que sou eu?" e também quando ele começa a falar! Tensããão
Também fiquei esperando o pior na cena do garfo!
Fica visível o sentimendo de vingança em César, ele só mata quando há um precedente de ataque. Achei foda a cena dele colocando o cara que trabalha no abrigo na cela dos macacos, a subjugação do rapaz e a cara de piedade que César faz é demais!
Achei muito bacana o objetivo deles ser a liberdade e não a tomada do poder, também estou curiosa para ver como isso muda, fiquei pensando que aquele macaco mal incarado de olhos horriveis vai criar um levante pela tomada do poder humano e vai haver embate entre ele e César (sim, liderança e não igualdade na base está presente no filme) César é um líder carismatico, o gorilão, que não foi exposto à substância 113, dá a vida por ele)
Adorei as cenas de vamos sair nas ruas libertandos os irmãos. Não senti pena das áreas nobres das cidades sendo destruídas, se as cenas se dessem nuam favela, acho que o pessoal no cinema ia era aplaudir a macacada!
Oi Lola! Gostei muito da sua crítica. Quando terminei de ver o filme comentei com meu namorado que o nome podia ser: "como a falta de ética na ciência acabou com os humanos" rsrs, apesar que seria o nome com mais spoiler ever.
Sobre experiência com animais, sou química e nunca precisei fazer. Acho muito importante essa discussão sobre ética, e que cada vez mais é importante achar alternativas à experimentação animal. Um exemplo é que num passado não muito distante os testes de produtos de limpeza e cosméticos eram feitos exclusivamente em animais, hoje existem testes in vitro bons o suficiente e muitas empresas empregam antes de testarem em humanos.
Mas...infelizmente ainda estamos muito muito longe de extinguir o uso animal na pesquisa científica. E isso não é exclusividade das indústrias farmacêuticas, esse é o modo como ciência é feita na universidade também. A maioria dos trabalhos da área de bioquímica tem testes em camundongos em algum estágio. O motivo é que o nosso corpo é complexo, impossível reproduzir in vitro todas as interações que uma droga pode ter. Quando se começa a testar uma nova molécula em animais, é porque se tem evidências que pode ser efetiva, e isso é baseado nos grupos funcionais comuns em outras drogas que já tem algum efeito desejado, ou na sabedoria popular (por exemplo se uma planta é comumente usada pra tratar alguma doença, os extratos são testados). Mas o real efeito num organismo vivo, não se pode prever exatamente. Não sei as estatísticas, mas acredito que menos de 1% do que é proposto chega a ser transformado em remédio. Por isso não se testam diretamente em pessoas, os testes em animais são mais evidências antes de tratar um paciente que, se está se submetendo a um tratamento experimental, já está com a saúde fragilizada.
Um detalhe que parece ter passado desapercebido da maioria dos espectadores foi uma viagem espacial para Marte que estava acontecendo em segundo plano (noticiário de TV).
Pouco depois o entregador de jornais joga a edição do dia com a manchete "Perdidos no Espaço?" (Lost in Space?)
Seriam O Comandante Taylor e sua tripulação (Landon, Dodge e Stewart-única mulher que morre antes do final da viagem) que estariam iniciando sua viagem para o futuro da terra, onde os símios já seriam os senhores da situação (igual ao filme original de 1968)??
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