segunda-feira, 5 de setembro de 2011

COMO A TORTA É DISTRIBUÍDA NA TERRA DAS OPORTUNIDADES

Este gráfico é de chocolate. Os verdadeiros não são tão gostosos.

Um programa de TV americano faz uma experiência. Primeiro, pede para que um grupo de psicólogos de uma universidade conceituada conduza um estudo sobre percepção da (des)igualdade sócio-econômica dos EUA. Eles organizam três pie charts (quadros, gráficos de pizza). No primeiro, 20% dos americanos mais ricos têm 20% da riqueza, e os 20% mais pobres também. Tudo bonitinho, cada quinto da população fica com um quinto da torta. Ou seja, este primeiro quadro expõe uma sociedade de total igualdade, uma utopia que não existe em nenhum lugar do mundo. No segundo quadro, os 20% mais ricos detêm 36% da riqueza, e os 20% mais pobres, 11% ― uma situação já bem desigual, mas nem tanto. No terceiro quadro, os 20% mais ricos abocanham inacreditáveis 84% da riqueza. Os pesquisadores então vão às ruas para perguntar aos americanos qual daqueles três cenários representa a distribuição de renda nos EUA.
O resultado é que a maior parte dos entrevistados escolhe o segundo gráfico, aquele de pouca desigualdade. O problema é que aquele quadro é o da distribuição de renda da Suécia. O dos EUA é o terceiro mesmo, em que os mais ricos têm 84% de toda a riqueza. Para os mais pobres sobra 0,3%. Em outras palavras, 40% da população americana não chega a ter 1% de toda a riqueza produzida naquele país. E a Terra das Oportunidades fica cada vez mais desigual. Nos últimos trinta anos, o 0,1% (não o 1%, mas o 0,1%) mais rico aumentou sua riqueza em 10%. Não é incomum ver casas de brinquedo, de bonecas, custando até US$ 230 mil para os super ricos, enquanto uma enorme quantidade dos americanos não têm nem casa de verdade. Um professor de Harvard afirma que os EUA ― a principal referência de como o capitalismo dá certo ― estão num grau de desigualdade similar ao da China e ao da metade dos países africanos.
Para ilustrar, o programa de TV entrevista pessoas que aguardam numa fila para entrar num show. Quase todas elas, de classe média, apontam incorretamente pro quadro do meio (o da Suécia) como o da distribuição made in USA. Quando o repórter se afasta um pouquinho para entrevistar imigrantes, de classe mais baixa, eles nem piscam ― escolhem o quadro certo, de extrema desigualdade. Mas quem acredita no sonho americano pensa que os mais ricos são 5% ou 10% da população. Estão enganados. São 0,1%. O investidor Warren Buffet diz que houve uma luta de classes nos EUA, e que sua classe ganhou. Alguma dúvida?
Ainda assim, os EUA são considerados um país democrático e livre, o que me parecem conceitos esquisitos num país com tamanha desigualdade. E se fosse no Brasil, um dos países mais desiguais do planeta? E se fizessem uma pesquisa dessas com a nossa classe média? A percepção da realidade vem torta se você só vive entre os seus. Você vive num condomínio fechado de luxo e tem a impressão que, se não todo mundo, muita gente leva o seu padrão de vida. Até hoje me lembro de quando, dez anos atrás, passei uma estatística pros meus alunos adolescentes ricos de que o acesso à internet não chegava a 10% da população no Brasil. Eles não acreditaram em mim. Pra eles, era todo mundo, porque todos seus amigos tinham internet.
A diferença da gente com os americanos é que, em geral, nós sabemos que somos um país desigual (e, ao mesmo tempo, achamos que nos States é diferente, que lá tudo funciona). E não movemos uma palha pra mudar a situação. Parece que gostamos dessa desigualdade, ou ao menos a toleramos.
O programa de TV americano ouve um economista da Universidade de Chicago (sempre eles), que tenta explicar a desigualdade americana: “É o incentivo para as pessoas que geram muito dinheiro”. Segundo ele, se você for bem sucedido, deve ser recompensado. E a recompensa vem em forma de impostos muito baixos. Impostos deveriam atenuar as diferenças sociais, certo? Faz sentido pra mim que os mais ricos paguem uma porcentagem muito maior de impostos que os mais pobres. Mas não é assim que funciona. Toda uma ideologia se encarrega de nos fazer crer que os que chegaram lá no topo da pirâmide mereceram, e que todo mundo pode chegar lá. Logo, quando o governo (qualquer governo, em qualquer lugar) fala em aumentar os impostos para quem ganha mais de 200 mil por ano, é uma gritaria geral. Fazemos abaixo assinados contra. Colocamos impostômetros nas avenidas. Mandamos correntes de emails indignados. Ouvimos atentos dezenas de especialistas na TV nos ensinando como aumento de impostos é o armagedon. Detalhe: a gente não ganha 200 mil por ano, a gente quase certamente não vai ganhar nunca na vida 200 mil num ano, mas a gente compra as dores de quem ganha 200 mil por ano, e diz que é injusto que se paguem mais impostos. Os poucos que ganham 200 mil por ano têm lobby em todos os órgãos do governo, mas nem precisam disso. Podem confiar na gente, sempre prontinha a defender seus interesses, como se fossem os nossos. Somos assim, altruístas ― meio tolinhos, mas temos um coração meigo, pelo menos para os mais ricos.
No estudo, quando a maior parte dos americanos vê o terceiro quadro, a percepção que têm é que a representação de extrema desigualdade deve ser de um país do terceiro mundo, como a Índia. Eles não fazem a menor ideia de como sua renda é distribuída. O que é bom, porque assim não têm contra o que se revoltar. Some-se a isso uma ideologia que jura que qualquer um pode entrar no clubinho dos super ricos se trabalhar duro (e, se isso falhar, sempre existe a chance de ganhar na loteria), e vivemos num mundo de zumbis, em que a galera acha a situação aceitável. Um outro mundo não é possível? Sério mesmo que isto é o melhor que temos? Falaram isso pra você e você acreditou?Do sempre genial Laerte.

54 comentários:

Anônimo disse...

A gente fica esperando a torta crescer e ser dividida, só não percebe (ou finge que não) que a torta tá sendo comida e gente só sente o cheiro, jamais o sabor.

Daní Montper disse...

O post me lembrou a história de Siddhartha Gautama, achava que vivia num mundo de igualdade, nada de ruim acontecia, mas quando saiu de dentro das paredes do palácio, sem querer, viu como estava enganado...
Acho que a diferença entre o Siddhartha e os que ricos de hoje é que o Gautama se revoltou com isso e mudou seu estilo de vida e os ricos nem ligam, acham uma forma de dizer que estão sendo prejudicados e querem mais dinheiro.

Há todo um mundo capitalismo nos dizendo a todo segundo que dinheiro é poder, e poder é tudo que precisamos, pois o resto é capricho e se compra facilmente.

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Alguém já pensou em fazer o teste da torta com a situação da educação?! Não seria muito diferente, não!

Lucas disse...

Acho que o no caso do Siddharta entra o aspecto da empatia. Fraternidade, igualdade, aquela coisa toda. Se ver nos outros, o que tanto falta na nossa sociedade.
Mas o capitalismo alimenta competição e individualismo. Uma guerra de todos contra todos.
Em vez de, como ele, os privilegiados pensarem "e se fosse comigo?", pensam "ainda bem que não é comigo".
Ou ainda pior, "foda-se, não é comigo."

Bruno S disse...

Logo vai aparecer alguém dizendo que os que estão no grupo dos mais ricos merecem porque:

- trabalham mais;
- estudaram mais;
- se adapataram melhor ao ambiente competitivo;
- são bons empreendedores;
- dão empregos para outros;
- movimentam a economia;
- todas opções acima e mais algumas.

Análises que sempre esquecem que o princiál requisito para se ganhar muito dinheiro é já ter muito dinheiro.

Liana hc disse...

Essa idéia de Terra das Oportunidades não me soa crível e só serve mesmo para cegar as pessoas e torná-las acríticas e socialmente apáticas. As pessoas que falam isso esquecem que para cada pessoa que "subiu" na vida, tem uma multidão que ficou a ver navios. O modelo capitalista alardeado nos EUA não permite que muitos tenham sucesso, ele precisa de uma massa para explorar. Dizer basta ir lá e trabalhar muito que qualquer um pode "melhorar" de vida é uma isca para atrair mão de obra que por estar em situação de vulnerabilidade acaba aceitando qualquer coisa calada. Quase sempre só vemos a história pelo lado de quem controla a informação.

Tenho conhecidos que foram ou querem ir para os EUA, achando que aquilo lá é o paraíso na Terra, falando mal do Brasil mas esquecem que a tal terra da fartura que vemos na tv teve um preço alto que não está calcado em valores dos mais éticos, que continua piorando. Acho aceitável querer mudar de país para buscar outras coisas, estranho mesmo é o tanto de desculpa furada que dão pra se justificar.

Teresa Silva disse...

Todo mundo fala mal do SUS brasileiro, mas nos EUA não existe hospital público. Se você sofrer um acidente ou contrair leucemia e não tiver plano de saúde, você tem que vender a casa onde mora pra pagar a conta do hospital. E se não tiver casa pra vender, morre à míngua.

Daniel Orlandi disse...

É isso mesmo, outro dia a minha irmã me passou uns links para alguns documentários do Michael Moore, realmente é assustador a situação da educação e saúde nos EUA, e o pior é o povo continuar achando que lá é o paraíso. Bem comentado Teresa Silva.

E Lola, como sempre certeira em seus posts.

Abç.

Bela Campoi disse...

Lola, estava com saudade de seus posts politizados, sabia? Beijos...

André disse...

Não é uma questão dos ricos se disporem a dividir com os pobres, falta os pobres votarem em quem represente seus interesses.

Escarlate disse...

Muito bom, Lola. As pessoas vivem numa bolha tão alienados que nem percebem o quanto o mundo é injusto e desigual. A classe média então... Sempre que vem com uns papos de meritocracia eu começo a rir. Pra mim é o Papai Noel em versão adulta: Se você for um bom menino, vai ganhar um presentinho no fim do ano...

Escarlate disse...

Trolls chegando para chamar a Lola de comunista em 3, 2...

Potyra disse...

O Warren Buffet escreveu uma carta em um jornal com o título "parem de mimar os super-ricos", lá ele reclamava que no alto dos seus 56 bilhões pagava infinitamente menos imposto que seus empregados que não realizavam nem seis dígitos por ano!!! Isso vindo de uma pessoa que respira capitalismo 24/7... além de não precisarem trabalhar (muitos dos super ricos já tem herança de décadas) eles pagam pouquissimo imposto, que pesa no bolso das classes mais humildes...

Rey disse...

Não, eles não mereceram e não merecem.
Eu sempre falo assim: se você tem ensino privado até o segundo grau, então teve mais facilidade pra terminar sua graduação e pós-graduação do que aquele que teve ensino público.
Depois que eu digo isso, todos me chamam de invejoso, e sou mesmo. Paguei impostos e exijo ensino público com a mesma qualidade que o privado. Na verdade deveria ser melhor.

EdFurtado disse...

Sempre assim, pega um estudo americano e cria um paralelo com o Brasil. Aqui o governo bate recordes de arrecadação de impostos e a situação muda muito pouco, vivemos no melhor período econômico de anos e a nossa saúde é uma vergonha. Imposto não vai ajudar enquanto a classe política for composta de escroques, que vão desviar o dinheiro que arrecadarem, pra mudar isso só mudando as pessoas que os elegem. Isso é difícil, mais fácil defender imposto para uma estrutura corruPTa.

Annah disse...

Parabéns Lola! Excelente post. :3
"Você vive num condomínio fechado de luxo e tem a impressão que, se não todo mundo, muita gente leva o seu padrão de vida" - Achei que esse trecho matou a questão. É uma versão moderna do "Não têm pão? Então lhe dêem brioches."
_

Achei legal você ter levantado esses gráficos. Aqui no Brasil, devia ser mais falando isso, mostrando essas informações, porque muita gente simplesmente não aceita que os EUA não tem nada a ver com o paraíso da propaganda de Guerra Fria.

Outra comparação muito boa: sempre reclamamos que nossos impostos são muito altos. Bom, comparem então com os impostos da Suécia e de outros países europeus. Além disso, observem como os EUA, com sua política de baixos impostos, trata a saúde de sua população (sobre isso, recomendo Sicko do Michael Moore).

Também tem essa análise muito boa da ideologia capitalista que faz com que as pessoas justifiquem a desigualdade: "Primeiro como tragédia, depois como farsa" do Slavoj Zizek.

Elô disse...

Excelente post!

Blanca disse...

A.H.B, os impostos da Suécia são altíssimos, mas olha a qualidade de vida deles. rs

Gostei do post, Lola. Também sentia falta dos seus textos politizados :D

Gabriele disse...

Já que Michael Moore está sendo tão citado, vale também citar o filme Capitalism: A Love Story, que também desconstrói várias coisas sobre o sonho americano.
E é incrível como a gente tá acomodado com a péssima distribuição de renda. Hoje tb estava pensando isso quando vi um comentarista de um jornal na TV tratando da tal volta da CPMF para os ricos como se fosse o fim do mundo. Bizarro.

Sara disse...

Eu não me incomodaria de pagar mais impostos se eles fossem para o que realmente foram criados, serviços públicos e justiça social, o problema é que por aqui os impostos vão parar nos lugares mais insólitos como por exemplo "cuecas".

Ana SODIO disse...

Tá, lá não é um mar d rosas, aqui mto menos. O q fazemos agora se queremos ver uma mudança nas nossas vidas? Pq cansei desse discurso d "temos q votar consciente". Não qro ver mudanças só dp de... 500 anos, tb pq, não vou estar aqui p/ ver.
Q chances reais eu, q nasci numa família pobre (sim, pq eu cresci ouvindo q ser milionário era impossível, hj isso já é fichinha!), tenho d subir na vida mesmo, sendo brasileira? Se mudar d país tb não adianta, aqui o povo é essa "coisa" contemplativa, o governo..... é, oq sobra? Suicídio coletivo?
Sei lá, às vezes preferia uma sociedade ignorante e alienada, mas q pelo menos acha q é feliz, vive e morre assim e tá bom! Essa realidade toda desanima! (duro q aqui tb existe isso, mas difícil se enganar e achar q viveu feliz no final das contas...) Tem solução?!
Desculpa pelo desabafo; como sempre, mto bom o post!

Annah disse...

"Blogger Blanca disse...

A.H.B, os impostos da Suécia são altíssimos, mas olha a qualidade de vida deles. rs"

Então, foi o que eu disse. O.o
Não estava reclamando de impostos, estava falando que os países com melhor qualidade de vida são justamente os que cobram mais impostos.

Aqui no Brasil falamos muito de corrupção, mas se levantar-mos o orçamento federal vamos ver que realmente não temos é muito dinheiro.

Annah disse...

"Sei lá, às vezes preferia uma sociedade ignorante e alienada, mas q pelo menos acha q é feliz, vive e morre assim e tá bom" - Mude-se para uma vizinhança de classe média nos EUA. x)

Carol disse...

O problema é que no Brasil quem paga mais impostos são os mais pobres, seguidos pela classe média, seguidos pelos mais ricos.

Isso porque a maioria dos impostos são sobre consumo e produção e são os mesmos valores para todos, ricos e pobres, de forma que a fatia que os pobres gastam com impostos é maior.

O mesmo acaba acontecendo com a CPMF - quando as empresas jogam esse custo no preço do produto, o pobre gasta mais porcentagem da sua renda para pagar esse valor que o rico.

No mais, precisaria repensar a coisa toda: como equacionar o imposto da renda vinda do trabalho e da renda vinda do patrimônio? Como tributar a renda do patrimônio financeiro e a renda do patrimônio produtivo? Como melhorar o valor baixíssimo das aposentarias? Como acabar de vez com as aposentadorias integrais?

Só dizer: "mais impostos" não é solução. Já pagamos muitos impostos e de maneira ineficiente. Tributar renda de trabalho de quem ganha 200.000 reais ao ano (que dá menos de 17.000 por mês) não é a resposta mais certa, até porque isso não é lá uma grande fortuna e o tributo estaria sobre a renda vinda do trabalho, que deveria ser menos tributada que a renda do patrimônio financeiro. A tributação para uma operação de venda de ações é muito menor do que a tributação para o salário, por exemplo.

E outra: tributar a renda e depois tributar o patrimônio é tributar a mesma pessoa duas vezes. Tributar herança seria muito mais inteligente e o tributo hoje é baixíssimo (que é a taxa de transferência de patrimônio de mortos para vivos).

O sistema tributário no Brasil é completamente louco. Aumentar não é necessário. Necessário é melhorar os gastos (40 bilhões gastos só em corrupção, mais de 3 vezes o que se gasta com o bolsa família em um ano) e melhorar o sistema em si.

Annah disse...

Carol: ah sim. Inclusive nesses países com maior carga tributária, a tributação é maior sobre maiores quantias de dinheiro e sobre heranças. De fato têm uma função redistributiva.
O que estava tentando fazer era puxar o assunto para além do comentário habitual da mídia, que tem uma atitude anti-tributária.

Barbara disse...

Mas AHB, a questão é que os nossos impostos são altos sim, quase tanto quanto os da Suécia, e com uma contraprestação muito inferior.

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-e-o-imposto-de-renda-mais-caro-do-mundo
O imposto de renda mais caro do mundo

Me dá um desânimo muito grande quando chega final de maior e aí dizem que a partir de então estaremos trabalhando para nós mesmos, e não para pagar impostos.
"Comparado a outros países, o Brasil iguala-se à França e só perde para a Suécia, onde os habitantes trabalham 185 dias para pagar impostos. “A diferença é que, nesses países, o Governo oferece serviços de primeiro mundo, como educação, saúde e segurança pública”, afirma João Eloi Olenike, presidente do IBPT."

http://economia.ig.com.br/financas/impostoderenda/brasileiro+trabalha+ate+a+proxima+segunda+so+para+pagar+impostos/n1596975666489.html
Esse link tem um gráfico legal comparando alguns países.

samira disse...

Excelente post, como sempre!!
Já que os comentários foram neste sentido - Sobre impostos e a possível volta da CPMF - no mesmo dia em que o jornal noticiava que a presidenta Dilma mandava recado aos senadores de que aumentar os gastos da saúde somente com indicação dos recursos de financiamento, a camara dos deputados votava contra a cassação do mandato de Jaqueline Roriz...
Me lembrei desta notícia http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1915676&seccao=CPLP
que destaca que as áreas em que há mais desvios de recurso são saúde e educação. Então me pareceu tão ironico.Será que adianta aumentarmos os recursos sem aumentarmos o planejamento, o controle dos gastos e a "qualidade" dos políticos? Certas coisas me deixam sem esperança...

Paloma Varón disse...

Pois eu acho que os brasileiros gostam da desigualdade, que gera a distinção dos que têm um pouco mais. Um pouco mais de estudo, um pouco mais de bens de consumo e por aí vai. Por isso tem tanta gente da classe média alta reclamando do Bolsa Família (o mesmo povo que acha linda a Suécia e os países onde ainda resta um pouco do Estado de Bem Estar social na Europa). Porque o governo (os deles e o nosso) dar uma bolsa para os loirinhos pode, mas para os nordestinos pobres não.
Mas é surpreendente o quão ignorantes os americanos são sobre o seu próprio país, acho que o capitalismo selvagem vendeu tão bem a ideia do sonho americano que não sobrou espaço para ver o mundo real. Eles devem até se sentir culpados por viverem o pesadelo e não o sonho, afinal todos podem.

Blanca disse...

Aaah, entendi, AHB! Foi mal ~~

Marussia de Andrade Guedes disse...

Concordo com tudo que você falou. Mas chegaremos a esse mundo melhor? Sendo o socialismo uma utopia, quais as nossas alternativas?

Lar Ternura disse...

Pois é querem nos fazer "acreditar" que se trabalharmos duro podemos mudar de classe economica, tudo isso atrelado com o antigo clichê de que "o trabalho dignifica o homem", só não sei onde esta a dignidade em se ganhar o suficiente para sobreviver e olhe lá...

Natália Santis disse...

Concordo com a Daní Montper, legal é que há pessoas na classe baixa contentes com sua situação. que são felizes do jeito que são apesar de não terem tanta oportunidade assim.

Denise disse...

http://www.youtube.com/user/chipotle#p/u/0/aMfSGt6rHos

Assistam :))))

Erres Errantes disse...

Lola, não só uma determinada classe conseguiu exercer sobre os trabalhadores sua hegemonia econômica e política, como inclusive ideológica. Não só assimilamos sem pestanejar os ideais burgueses como estamos dispostos a defendê-los, graças a todo um esquema de doutrinação burguesa feito através de diversos canais, como a mídia, a escola, a Igreja etc. Por isso que sequer imaginamos que um mundo diferente é possível.
Parabéns pelo excelente post.
Abraços,
Rosa.

Erres Errantes disse...

A solução é um trabalho de combate aos ideais burgueses, até a tomada dos meios de produção. Só assim poderemos transformar nossa realidade.
Ao contrário do que disseram alguns, o socialismo não é uma utopia, mas cabe a nós transformá-lo numa realidade.

Rafael Medeiros disse...

Eu sou chato nessa questão. Para mim, enquanto a classe que detém o poder político for a burguesa, os interesses da burguesia serão prioridade. O poder político precisa ser exercido pelos trabalhadores. Para mim, o Brasil só muda dom revolução.

Rafael Medeiros disse...

E se quiser me chamar de comunista, pode chamar, que eu sou mesmo, hehehe. Belo post, Lola. E que milagre é esse que os reacinhas de plantão ainda não se pronunciaram?

Lucas disse...

Fazer revoluções não é tão difícil, o problema é mantê-las.
A guerra contra o capitalismo é a guerra contra a cabeça das pessoas. A guerra contra o individualismo extremado e a competição.
O capitalismo, como o machismo, não tem uma cara, um cérebro, um líder. Ele está na sociedade, arraigado e pouco (quando muito), contestado.
O primeiro passo é a crítica.
Até que se consiga fazer com que o povo pense de forma diferente, como uma sociedade orgânica, interdepedente e organizada, nenhuma revolução vai durar (a menos que se baseie numa ditadura).
Os ideais da população tem que ser afastados dos ideias das classes dominantes (que é a quem esses ideais servem).
Mas pra isso é necessário muito trabalho, muita divulgação, muita conversa, muita mudança de paradigmas, e os resultados não são pra hoje.
O que não quer dizer que não tem que ser começado agora, se quisermos chegar lá um dia.

Rafael Medeiros disse...

Eu falei em "revolução", não em "golpe de Estado". Isso tudo que você falou, Lucas, são atitudes revolucionárias, e eu não só assino embaixo, como estou aí no embate ideológico/cultural diário, ajudando a construir a contra-hegemonia (sou Gramsciano incurável). O que eu quis mesmo foi atacar o Laissez-faire apático predominante. Forte abraço!

Lucas disse...

Rafael,

Sim, sim. Comentei "revolução" no sentido clássico da ação armada, tomar o poder e tudo o mais.
Mas realmente, atitudes revolucionárias cotidianas é que nos levam à uma revolução completa um dia.

Abraços

Anônimo disse...

É a lorota de sempre da esquerda, falar de distribuição de riqueza como se riqueza fosse uma coisa que cai do céu e não algo criado.
E essa é a maravilha que a 'distribuição de riqueza' fez com a Suécia:
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=872

Anônimo disse...

trecho:
'Baseando-se em dados públicos divulgados pela agência governamental Estatísticas Suecas ("SCB" em sueco, um acrônimo para Bureau Central de Estatísticas) e utilizando um novo sistema de classificação para designar o tipo de propriedade das empresas, eles descobriram que não houve absolutamente nenhum emprego criado no setor privado de 1950 a 2005.

Sim, você leu corretamente: não houve NENHUM aumento líquido no número de empregos no setor privado na Suécia durante um período de 55 anos. '

Celeste disse...

Há muito que discutir na questão tributária, mas creio que a central delas é que os ricos pagam muito pouco ou nem pagam tributos.
Vocês sabiam que a distribuição de lucros é isenta de imposto de renda? Sim, salário é renda, mas distribuição de lucros não é! Essa jabuticaba é do Everardo Maciel, secretário da Receita Federal no período FHC, que mais desonerou os mais ricos, inclusive acabando com a maior alíquota de imposto de renda alegando que eram poucos contribuintes!!!! É lógico que muito ricos são poucos...
Na atividade rural é a mesma coisa, aliás estes têm até bancada "ruralista" para fazer leis para eles...
Enquanto nós votarmos em quem não representa os interesses do povo, vamos continuar vendo estas cenas.
Tem que aumentar impostos, mas do andar de cima e fiscalizar muito bem o uso destes recursos.

Anônimo disse...

Acho que você deveria ler o livro "Quem é John Galt?" de Ayn Rand. Uma russa, que viveu no início do século XX, que acompanhou o nascimento e o apogeu do socialismo. Um mundo diferente do que você vive já existiu e ele foi mantido às custas da negação da pluralidade política, da liberdade e mortes. Converse com iugoslavos e ucranianos. Vá até os pensadores russos do início do século. O estado não é e nunca será capaz de delimitar aspirações individuais. Tem pessoas que precisam da revolução, mas não precisam de causas ou razões. São incapazes de admitir a responsabilidade pela própria infelicidade. Mas leia Ayn Rand.

alice disse...

o principal requisito para se ganhar muito dinheiro é já ter muito dinheiro.: [2]

e isso se aplica tb às influências, contatos sociais, o famoso Q(uem) I(ndique).

eu entendo qm reclama dos impostos por 2 motivos:

1) eles SEMPRE são repassados ao consumidor, basta ir ao mercado comprar arroz pra ter certeza q o imposto vai estar sendo repassado;

2) o dinheiro arrecadado não é bem usado, há uma corrupção absurda nesse país q arrecada muito e investe pouco.

alice disse...

andré, os ricos dominam a política há séculos. para os pobres aprenderem a não votar nos ricos (pq eles tem campanhas lindas e ricas q fazem o pobre pensar q é gente durante as eleições) ele teria q ser educado. mas o pobre não tem isso pq as escolas públicas são péssimas. não bastasse, as TVs tb pertencem aos ricos e vivem colocando na cabeça dos pobres q as coisas funcionam melhor do jeito q estão. o ideal capitalista é vendido todo santo dia nas novelas e filmes.

Anônimo disse...

Muita coisa que a esquerda diz que é capitalismo, na verdade não é capitalismo coisa nenhuma.
É governo, e não capitalismo quando o Obama arranca dinheiro dos pagadores de impostos pra dar pra banqueiro falido.
É governo, e não o capitalismo quando as empresas criadas pelo governo pra 'ajudar' os irresponsáveis que querem ter uma casa sem ter dinheiro pra pagar, Fannie Mae e Fred Mac, inundam o mercado com produtos financeiros podres.
E por aqui, quando os petralhas via BNDS puxam o saco de gente como Eike Batista, Abilio Diniz e cia, isso também não é capitalismo.

Lucas disse...

"'ajudar' os irresponsáveis que querem ter uma casa sem ter dinheiro pra pagar"

Isso mesmo! Se você é lixeiro, empregada doméstica ou policial, devia ser responsável e morar na rua em vez de achar que pode pagar uma casa com seu salário de merda!

Muito digno, de fato.

Anônimo disse...

Então... todo ano no discurso de início de ano letivo da empresa em que eu trabalho (uma escola) lá vem o papo do diretor geral dizendo que o aluguel tá alto, ai que dificuldade e todo mundo morre de dó dele.

Defesa316 disse...

Se perguntar para a grande maioria das pessoas do mundo que querem mudar de país, eles com certeza vão responder que queriam morar nos ESTADOS UNIDOS!!

Ninguém quer morar em um país socialista.
Ja viu imigrantes querendo entrar em cuba? Coréia do Norte?
Não.

Star disse...

Vou comentar atrasada, portanto, pode ser que ninguem sequer leia meu comentario, mas algumas questoes sao pertinentes.

Moro ha dez anos nos EUA e NUNCA vi, conheci, ouvi falar de amigos dos meus amigos, nada do tipo de alguem que precisou de hospital e nao teve. Independente de status imigratorio ou condicao social. Chegou na emergencia eh atendido, a conta fica, eh verdade, mas a casa da pessoa eh um bem q nem a falencia pessoal tira.

Nao conheco uma pessoa que teve o carro roubado, nao conheco ninguem que foi sequestrado, nao conheco ninguem q teve alguem da familia assassinado... no Brasil conheco VARIAS. Aqui sou imigrante, tenho amigos imigrantes (base da pirâmide mesmo) e amigos "classe media". Ricos conheco, mas nao tenho amizade.

Dinheiro aqui nao da em arvore, nao existe paraiso, nao eh um conto de fadas. MASSSS e isso eh importante ser colocado: quando a gente fala de pobre, de trabalhador, de getne que vive com um salario minimo nos EUA, a gente fala de gente que tem comida na mesa, que os filhos tem escola de graca, tênis para calcar...

A verdade eh q o PADRAO de vida de uma pessoa como eu, bancaria, que vive do salario e nao tem riquesas acumuladas eh totalmente diferente do Brasil! eh disso que as pessoas falam, eh esse o "sonho" do qual as pessoas veem atras! Eh poder ter uma TV sem precisar passar anos pagando, etc..

Nao estou dizendo que aqui tudo eh maravilhoso, nao eh. Entretanto, vale lembrar que aqui "sem-teto" eh quem vive em moteis de beira de estrada, nao quem dorme debaixo do viaduto... nao sei, sou louca?! seria eu uma Siddhartha?

Francisca disse...

Lola, depois você podia escrever um texto sobre onde e como o governo brasileiro gasta nossos impostos. Não falo de um post técnico, cheio de gráficos e números. Deus nos livre! Mas, precisamos saber exatamente como nosso suado dinheirinho é usado. Nós pagamos muitos impostos e quase ninguém sabe como eles são administrados. As contas públicas são tão emaranhadas que se tornam quase um segredo de Estado.

No Brasil, não conheço bem outras realidades, nem o orçamento da universidade é discutido pela comunidade acadêmica. Porém, sem controle, o dinheiro público se tornou uma farra. Há anos, a riqueza da elite nacional é financiada com dinheiro público, mas ninguém fala sobre isso. Na escola, a gente aprende que o Brasil é um país do terceiro mundo (a sétima economia mais rica do planeta!) e que somos explorados pelo capital estrangeiro. Não nego que a especulação financeira e outras questões envolvendo o capital estrangeiro prejudicam o Brasil, mas o pior para o país ainda é essa aliança entre uma parte do empresariado nacional e o dinheiro público!

BiG disse...

Excelente post! Muito bem escrito. E bem de acordo com a realidade.

Não sei se já conhece, mas se não, seria bom você procurar saber sobre o Movimento Zeitgeist Brasil. Estamos todos juntos nessa!

Abraços!

Anônimo disse...

O problema com o socialismo é que eventualmente vc acaba gastando todo o dinheiro dos outros'