sábado, 3 de setembro de 2011

GUEST POST: AS MULHERES REALMENTE PODEM SE CASAR?

Carola é professora do Ensino Fundamental, e decidiu escrever o texto abaixo quando uma ex-aluna lhe confessou estar indecisa acerca de uma proposta de casamento "um tanto quanto desesperada (de ambos os lados)". Seu questionamento, muito interessante, é até que ponto nós mulheres somos livres para nos casar, sendo que o convite raramente parte da gente.

Escrevo, Lola, escrevo. Escrevo para perguntar: será que as mulheres podem realme
nte se casar? Quanto mais penso em cima deste assunto, vejo que não, que elas não podem se casar. O que a mulher, em nossa sociedade machista e arraigadamente machista pode fazer é responder que “sim”, que “não” e, quando muito, que “talvez”. Esta tríade de possibilidades dá a falsa impressão de que as mulheres estão livres para bater suas asas, ao contrário de um passado extremamente distante, e escolher seus maridos com um livre arbítrio pujante. Esquecem, porém, de dizer que o livre arbítrio em nossa sociedade é intrinsecamente vinculado apenas à resposta, não também à pergunta.
Em outras palavras, se a mulher pode responder de três formas diferentes (formas estas que abrangem todas as possibilidades de resposta -– ainda que isto não seja o suficiente, como veremos), ela possui realmente toda a abrangência nas questões matrimoniais? Não, pois estamos nos esquecendo de metade da equação: a pergunta. A mulher em nossa sociedade não pode perguntar, ela pode apenas responder –- a velha história da figura da mulher como ser passivo guiado (me desculpem se a comparação é rude, mas é o que ocorre) como um cavalo -– ou como Brás Cubas em cima do menino Prudêncio.
Durante os séculos de perpetuação do galanteio exclusivamente masculino e da passividade retórica feminina, a mulher, aquela princesa trancafiada no castelo, está presa na liberdade de poder responder e apenas responder ao cavaleiro que a espera embaixo em seu cavalo branco. Se antigamente -– que não está tão envelhecido de nós -– a mulher não tinha nem esta possibilidade de resposta, hoje ela ainda não possui toda a completude da situação. Afinal de contas, se em nossa sociedade apenas o homem “pode tomar uma ação”, se apenas o homem “pode pedir em casamento / pedir a mão”, como as mulheres podem ter pleno controle?
Se dizem que “sim”, entramos em uma infinitude de questões separadas, que vão desde a diferença entre o divórcio possivelmente futuro sob a ótica de para um homem e de para uma mulher (“vamos beber até cair e pegar umas”; “você não devia ter dito que sim!”) até o eterno medo de virar “titia”. A figura da “titia” é um fantasma que paira sob a cabeça de mulheres e mais mulheres, como se ser “titia” fosse o pior dos fardos. Quantas mulheres não se casam para não virarem “titias” e, por consequência desta atitude destrambelhada, sofrem na mão de crápulas -– e sofrem vidas inteiras –- e morrem? O mito da mulher independente, no imaginário machista, só pode ser vinculado com esta tal “titia” que está bebendo nos bares e seduzindo garotões, como se existisse algum crime aí. Beber não é crime, seduzir garotões não é crime -– desde que, é claro, estes garotões sejam garotões etc. Na sociedade machista, a existência de uma mulher independente que simplesmente não precise de um homem para sobreviver é tão absurda quanto a mula sem cabeça -– e é tão execrável quanto. Nas novelas estas mulheres independentes vivem da herança do pai (logo, não trabalham, são ociosas e preguiçosas [“odeio trabalho!”]) e estão sempre em personagens caricatas. No final, convertem-se em mulheres devidamente regularizadas.
E quando se diz que “não”? Entramos logo no fantasma da “titia” que ronda o imaginário destas mulheres sob a fala de inúmeras pessoas: da mãe, que quer que a filha constitua uma família (obrigatoriamente e inevitavelmente constituir uma família, como se isso fosse uma decisão irremediável e que não pudesse ser decidida), do pai, das amigas...
Pra não falar na imagem da “mulher difícil” que se liga também à resposta do “talvez”. Aquela mulher que, por estar decidindo se é isto mesmo que ela quer da vida, se é esta pessoa que ela quer ao seu lado, é condenada como uma futura candidata a “titia” –- e a carregar este fardo horroroso e tremendo...
Sendo assim, se existem pressões sociais e psicológicas (resultados de processos históricos e não do “feminismo malvado que fez com que as mulheres parassem de serem felizes”) por todos os lados que tencionam à resposta do “sim”, destrambelhadamente ou não, como dizer que a mulher possui livre arbítrio? É muito fácil cair nesta resposta simples de liberdade, como se a liberdade fosse uma dimensão alheia ao espaço e ao tempo, como se a liberdade existisse abiogeneticamente, desconectada de tudo. Como se ela não dependesse de uma sociedade e de um pensamento, de uma ideologia de uma sociedade. Numa sociedade que quer respostas prontas e que não está acostumada a pensar –- e que, quando tem seus miúdos grãos que pensam, taxam estes mesmos grãos de “ideologistas” ou seja lá como chamam ou intentam chamar -– é realmente muito comum que qualquer esboço de liberdade seja definitivo e absoluto e que qualquer mudança proponha apenas mudar o quadro belo e harmônico contemporâneo (também conhecido como “os princípios do passado”).
O que devemos pensar, nos perguntar e refletir é: apenas o homem é e deve ser o ser realmente ativo de uma relação? A mulher é um depósito, é um oráculo místico que apenas responde às perguntas passivamente?
Talvez no dia em que a pergunta for pesada da mesma forma que a resposta poderemos ter reflexões realmente livres e libertas –- e não falsamente libertas. Afinal de contas, e pense rápido, o que é pior: o “titio” que está sempre no bar “pegando todas” com um copo de cerveja e um sorrisão no rosto (com uma camisa havaiana, óculos de sol, na beira de uma piscina, quase um Lolito), ou a “titia”, a um passo da depressão da passividade?

43 comentários:

Marilia disse...

Excelente guest post. Eu sempre sou advertida da possibilidade de ficar pra titia se continuar com minhas ideias exageradas de liberdade feminina.
Pode isso?

Bem, a verdade é que não quero casar oficialmente, mas estou em um relacionamento estável. Se quisesse casar, pediria a mão do namorado sem problema.
Fico só imaginando como é isso para outras mulheres, em outros contextos, com outra criação.

Infelizmente, ainda somos guiadas pela sociedade. O limite da nossa liberdade ainda é imposto por algo que não é nossa consciência.

Veja-se a culpa de se usar um vestido ou saia curta e ser molestada. Quem mandou usar uma roupa dessas?

Anônimo disse...

Ser titia é ruim?E pensar que meu sonho é ser titia :D

Elisa Maia disse...

Só uma coisa: de todas as minhas amigas casadas, nenhuma delas esperou ser pedida em casamento. Todas tomaram a iniciativa de propor a seus namorados. Eu mesma fiz a mesma coisa. Só vejo mulher esperando pedido de casamento em filme de Hollywood; na minha vida real, o que rola é uma decisão conjunta. Mas concordo que há o medo generalizado de virar titia.

miss m disse...

Concordo em parte com a Elisa.Sim, muitas vezes é uma decisão conjunta, mas em inúmeras, a mulher tem medo de tocar no assunto e o cara se sentir pressionado, ser rejeitada, e etc, etc, etc. No meu caso eu fui pedida e surpreendida, mas como o amo muito, topei.Mas se fosse o caso, eu pediria se achasse que estivesse na hora-fui eu que o pedi em namoro, pq não em casamento?(bom, foi por meio de uma indireta muito direta, mas foi.Eu perguntei se não tava na hora de trocar o meu status de solteira no orkut, pelo namorando...)

renata zê disse...

Como já foi comentado aqui, alguém ainda é "pedida em casamento" hoje em dia?
Fico imaginando a falta de intimidade que deve ter um casal pra, depois de anos de namoro, nunca ter nem tocado no assunto casamento informalmente, sem ser num pedido oficial.
Eu e meu namorado fomos morar juntos (não vemos sentido em casar no papel) após 5 anos de namoro, e essa foi uma decisão sobre a qual falávamos desde o começo do namoro... nem lembro qual foi a primeira vez que tocamos no assunto, foi algo que foi acontecendo naturalmente.

Leila Silva disse...

Olha, eu também achava que a expressão 'ficar para titia' já estivesse ultrapassada...pelo jeito me enganei.

Denise disse...

O pior disso tudo é que você vê muitas mulheres que se submetem a ficar com um calhorda só pra não ficarem sozinhas. Pra não merecerem entrar no grupo das titias. É um pouco deprimente...

A Line disse...

Para a maioria de nós aqui pode parecer muita aberração isso de a mulher ainda esperar o pedido de casamento. Mas eu tenho certeza de que, em algum lugar não muito distante (tipo, na minha própria família), há uma jovem mulher esperando o bendito anel num almoço/jantar de oficialização, em que, além do conhecido e (na minha opinião) patético pedido por parte do noivo, haverá uma negociação (ainda mais patética, na minha opinião) entre os pais dos pombinhos pra decidir quem paga a igreja, quem paga a festa, quem paga a viagem de lua de mel pro Caribe.

E esperam ansiosas, porque sabem que, se tal pedido nunca chegar, elas estarão condenadas à maldição do "ficar pra titia", um horror inconcebível, imagina.

Elaine Cris disse...

Tomara que chegue um dia em que na nossa sociedade as pessoas tenham medo é de serem infelizes e não de não corresponderem a certas expectativas.
O roteiro que criaram pra nós, não é garantia de felicidade pra ninguém.

Koppe disse...

Às vezes eu acho que casados têm uma certa inveja de solteiros. Eu pelo menos sinto isso quando meus amigos e colegas de trabalho da mesma idade que eu dizem que é muito fácil eu economizar dinheiro, porque não tenho filhos. Isso porque a maioria deles ganha mais que eu, e muitos não têm 10 reais no bolso pra tomar uma cerveja, e eu que ganho menos tenho.

Não que eu seja contra construir família ou que não queira nunca, apenas não é uma das minhas prioridades, nem a curto nem a médio prazo. Mas isso já é suficiente pra me olharem espantados e me chamarem de egoísta, individualista e outras coisas que tanta gente parece trazer na ponta da língua pra insultar alguém que não ache importante ter filhos. Mando a la mierda quem pensa assim.

Não acho que devemos ter vergonha de ser "cavaleiros solitários" ou no caso das mulheres "cavaleiras solitárias". Os casados pais e as casadas mães sempre vão falar alguma coisa porque têm inveja da nossa liberdade, e também porque nós não contribuímos com esse "sistema", essa cultura que eles tanto se esforçam e se sacrificam pra manter, e que se sustenta na idéia de que devemos construir família e deixar descendentes - idéia bem questionável, diga-se de passagem.

Arlequina disse...

Não sei se vocês também tem essa impressão.

Mas essa coisa de casamento me lembra um pouco uma analogia que ouvi uma vez.

A menina, dos seus 15 aos 25 anos, mais ou menos, está no "verão de sua vida". E, estando no verão, você tem que curtir, MUITO. Por curtir muito leia-se: pegar todos, não se prender à compromisso, escolher os caras pela beleza e etc...

Mas quando você se aproximar dos 25, tem que começar a ficar esperta. Porque o "inverno da sua vida" tá chegando, e quando você chegar lá... nenhum homem vai querer você. E você estará SOZINHA NO INVERNO DA SUA VIDA!

E daí a mulher precisa arrumar um cara legal, bonito, que queira compromisso. E casar logo!

Veja bem, depois 'pode até' descasar, sabe? DESDE que tenha filhos! Porque daí arrumar homem não importa muito, o foco da sua vida mudou mesmo.

Sei lá, eu acho que existe também uma pressão pra você "curtir a vida" - imagina, eu namorei firme com um cara durante 3 anos [dos 15 aos 18], e hoje namoro um há um ano e sou chamada de 'velha' ou, pior, de 'burra'. Porque resolvi vir fazer intercâmbio com o namorado, e não solteira, pra pegar todas.

Mas o detalhe interessante disso é que eu tenho um 'prazo limite'. Se, por exemplo, com 25 anos, eu decidir que eu não quero mais namorar, daí eu sou AINDA mais burra... sabe, já perdi o verão da minha vida com ele, e ainda vou ficar sozinha no inverno?

Parece que se correr o bicho pega e se ficar o bicho come...

Letícia disse...

Assim como a Elisa e outras, eu não me vejo sendo pedida em casamento. Namoro há 5 anos e, algum dia em que tivermos vontade e condições pra isso, vamos morar juntos... nesse caso, eu não vejo nenhum problema.

Claro que a monogamia não costuma ser uma opção atraente, pra maioria das pessoas. Pra mim, sempre foi... não há nada que me deixe mais feliz do que ter um companheirão ao lado, e, se puder ser por muuuito tempo, pq não?

Mas, infelizmente, tenho muitas amigas/colegas/conhecidas que não vêem assim o relacionamento a dois. Já vi moça se casando por pressão da família, do namorado, atribuindo a si mesma papéis arcaicos de gênero no casamento (cozinhar, cuidar da casa, essas coisas). Pra essas, até onde eu posso, costumo mesmo dizer que elas deveriam pensar melhor antes de se casarem... o mundo de conto de fadas não costuma funcionar bem na realidade.

André disse...

Minha mulher planejou todo o meu pedido de casamento para o pai dela, o único trabalho que eu tive foi ter que fazer o pedido (e pagar pelo chocolate e pelas flores).

elen mars disse...

eu nunca tinha pensado nisso e vc tá certa , se a gente n pode pedir o homem em casamento n temos tanta liberdade assim.

mas de qualquer forma,eu nunca pensei em me casar,n quero mesmo e nem ter filhos.
e n dou a minima pra essa história de ficar pra titia.

e se um dia eu pensasse nisso,eu n faria cerimônia nenhuma,moraria junto e pronto.

o casamento ´´e outro padrão da sociedade q se vc quiser fazer é obrigado a seguir regras.
ja vi varias noticiais de mulheres querendo se casar com vestidos de outras cores e a igreja dizendo q n,q era falta de respeito e sei lá mais o q.

eu n conheço quem inventou essa regra idiota e provavelmente ja morreu a muito tempo,tenho q obedecer cegamente pq?

e isso n é pra representar virgindade ? quem é se casa virgem hj em dia?é muito raro,n tem sentido manter essa besteira.

Anônimo disse...

"ficar pra titia", "pedir a mão", e outras expressões soam tão modernas quanto "concurso de miss".

Esse guest post e o post do André me fez lembrar de outra coisa: mulher é considerada tão propriedade masculina que muitas vezes não basta propor a ela: tem q ir lá pedir ao PAI (e a voz da mãe?)primeiro pra namorar, depois pra casar.
Meu pai não gostou quando comecei a namorar firme, afinal levei o rapaz somente para conhecer a família, não pra pedir a permissão dele, ao contrário das minhas irmãs...teria algo mais ridículo do que uma mulher de 23 anos pedir licença ao papai pra arrumar um namorado?

Gre disse...

Embora saiba e entenda que a questão que a Lola coloca seja em relação a liberdade de iniciativa, reitero que em uma relação não há necessidade de sacramentos. Há muito além de registros e formalidades em uma relação para que ela seja boa e verdadeira. Aos que falam em tempo perdido em relações passageiras, digo que tempo perdido é quando vivemos relações que nos trazem sofrimento, se o fim foi tranquilo e consensual, o tempo não foi perdido, os dias foram de bons momentos e acabaram simplesmente. Aos que pregam a solteirice como vantagem ou vice-e-versa, apenas digo que a vantagem está e deve estar não no estado civil, mas do que ele nos proporciona e cada um deve saber o quão bom é ser solteiro ou casado e curtir verdadeiramente os sentimentos que isso envolve. Noivei há mais de 11 anos e não casei. Eu e meu amor trocamos alianças sem a presença de familiares e isso revoltou uma parte, a que pensa que é necessário festa e formalidade. Até hoje moro com o maridão e não pretendemos casar. Está tudo muito bom. Quando isso mudar, e se mudar, a minha liberdade continuará a mesma. Se é que me entendem. abraços...

Panino Manino disse...

Hum... ler isso me levantou questões, mas lerei mais cuidadosamente... talvez eu escreva sobre o assunto para abordar algumas questões por uma outra ótica.

Se eu escrever, eu dou um @ping por aí.
Mas, acho que as mulheres super valorizam esse mundo machista.

Sara disse...

É engraçado como temos o costume de achar que a pessoa que não se casou é mais infeliz do que as outras, e pior é que como tenho muitos amigos tanto homens como mulheres nessa situação, tenho de admitir que eles mesmos passam essa idéia, de carência de solidão, tantos os homens como as mulheres, sinto que eles entram nessa convenção de que pessoas casadas são automaticamente mais felizes.
Já eu que sou casada penso bem ao contrario, e tento fazer com que eles vejam o quanto é bom não terem compromissos com nada a não ser com vc mesmo, mas acho que é do ser humano se sentir insatisfeito.
Mas não resta dúvida de que o peso da soltei risse pesa mas socialmente pra mulher, alias em grande parte desses lixos de blogs machistas, eles rogam milhares de pragas nas mulheres feministas, desejando a” tragédia” pra elas de que fiquem solteiras, ao que parece eles acham que esse castigo é a pior desgraça que pode sobrevir a uma mulher kkkkkkkkk....
E só rindo mesmo, porque assim como eu deve ter muita gente por ai que acha uma delicia muito grande ser solteira, eu pelo menos se conseguir algum dia escapar ilesa desse meu casamento, nunca mais caso na minha vida.

Cherry disse...

bom, acho que o homem não sabe o que fazer. eles acham que a mulher gosta daquele romantismo de se ajoelhar em público e fazer o pedido.
claro que se eu amasse o cara eu iria achar muito fofo, se não, eu me sentiria pressionada.
às vezes, um homem faz esse pedido em público pra deixar a mulher sem graça de dizer que não também.
Por outro lado, a iniciativa de fazer o pedido é muito importante para o homem, assim como outras iniciativas. numa relação a gente tem de respeitar isso. não acho q pedir em casamento, abrir a porta do carro, pagar a conta seja ofensivo ou antifeminista. acho que antifeminismo é maltratar ou subjulgar.
se a moça entrou nesse mérito, não deve gostar dele de verdade e não deve aceitar o pedido de casamento. ninguém deve se sentir coagido por um vinho caro, um anel ou pela opinião de terceiros. a vida é nossa. casamento arranjado é coisa do passado.

Koppe disse...

Não esquecendo também, que tem homem que não dá a mínima pra essas coisas, mas está disposto a fazer se a mulher achar importante, não importando se ela pensa mesmo assim ou se ela só segue a influência da família. Até porque, tá cheio de guria por aí que cresce ouvindo de todas as mulheres na volta que assim é o certo, assim é lindo, assim é maravilhoso, etc. e quando cresce não consegue imaginar as coisas acontecendo diferente disso.

Flávia Simas disse...

Não sei se essa questão está tão desatualizada assim. Pra mim a questão da falta de iniciativa (como uma imposição de padrão de comportamento) à mulher ainda existe, e muito. Não é raro eu ver mulheres se perguntando se devem ou não ligar depois de um encontro. E quanto ao casamento, em muitos casos pode haver um arranjo em que a decisão é conjunta, mas eu ainda vejo muita mulher esperando que a decisão venha do homem.

Mayara disse...

Se eu disser que casei bem nova, aos 18 anos e porque estava grávida, acho que serei linchada deste blog.... ahahaha
tava super apaixonada e ficamos casados 4 anos, durou pouco, era bem tumultuada nossa relação mas não me arrependo, amadureci bastante e o casamento desastrado, me deu uma filha linda.... mas linda mesmo.
ah.... ja estou namorando e quero casar de novo.
to com 23 anos....
beijos

Novas Descobertas disse...

Tenho 35 anos, e não sou casada. Moro com a minha familia e tenho 3 sobrinhos. Me sinto um peixe fora d'água, estou com depressão e desempregada. Mas eu gostaria de dizer que não sei se um casamento iria me fazer melhor, já que eu não encontrei pessoas ideais para casar comigo, meu namorados foram todos uns desastres, machistas, opressivos, sem vergonhas, mentirosos, foi um desastre mesmo, por isso não me casei. Mas acho que fiz a escolha certa. O fato de eu estar morando com a minha familia foi mais uma acomodação minha, eu podia ser mais independente e já morar sozinha, eu sempre fui muito gastona, e torrava meu dinheiro. Hoje tenho depressão por causa de um estilo de vida sedentário, e não porque eu não casei ou porque estou sozinha. Hoje faço um belo trabalho com um psicologo e tomo remédios psiquiatricos, mas já estou tirando eles da minha vida(os remédios), o psicologo não, esse ai eu não abro mão, acho que toda mulher deveria ter um desses na vida e o quanto antes. Eu sei hoje que tudo depende de nossas decisões, portanto mesmo que devamos dizer sim ou não, ou talvez, devemos responder com convicção e continuar nossos sonhos, pois a vida é muito curta para fazermos o que os outros querem de nós.

Rita Gomes. disse...

Estou surpresa pq nunca ouvi falar que aqui no brasil que alguem foi pedida em casamento. na verdade achei estranho qd morei no exterior e isso é o normal, na verdade ainda pior: o homem pede ao pai da noiva e a ela (mesmo o casal more junto há anos, tenham passado dos trinta etc).
Mas aqui até aonde eu sei, o noivado surge dos dois, pode até rolar uma pequena encenacao pra familia, mas já esta decidido pelo casal, até pq ninguem gosta de ouvir nao como resposta..

Barbara disse...

Nossa, concordo muito com a Elisa e outras pessoas aí em cima. Como assim "ser pedida em casamento"? É uma decisão conjunta! Se você quer casar, vai namorar por anos alguém e ficar fazendo conjeturas de quando o pedido vai chegar?? Claro que não, tem que tocar no assunto.

Acho que isso não é comum no Brasil, ao menos hoje, ao menos pra quem tá casando agora. Vou me casar ano que vem, só no civil, e esses dias estava com o namorado assistindo vídeos dos "pedidos de casamento mais loucos". Divertido, mas a gente tava comentando como é estranha essa história de pedido. Hoje em dia, nem se pede mais as pessoas em namoro - a relação fica séria naturalmente.

Quanto a mim, desde o início do namoro falávamos em casar. Ninguém pediu ninguém - muito menos pai.

Carol disse...

Eu que chamei o meu namorado para sair a primeira vez e essa história de casamento também surgiu de mim. Ainda estamos programando, decidimos juntar um pouco mais de dinheiro antes de morarmos juntos.

Eu quero fazer festa, mas quero porque eu gosto dessa coisa de rituais. Igreja, nem pensar. Acho que comemorar as passagens da vida é importante, é simbólico, é bonito. Confraternizar uma relação amorosa com quem eu amo (amigos, família, etc.) é importante para mim.

E ter uma pessoa como companheira também é bom, mas isso é uma decisão pessoal. Ter alguém com quem dividir problemas, alguém que cuida da gente quando estamos fragilizadas ou doentes, ter alguém para dividir as contas, os problemas e a felicidade é bom PARA MIM. Mas isso não significa que pessoas que escolheram não ter um/a companheiro/a não possam ser felizes.

Agora, essa coisa de "bateu os 25, desespera" é muito verdade. Minhas amigas com mais de 25, formadas, trabalhando e ganhando bem, que não estão namorando, estão todas passando por um processo de surto, fazendo de tudo para ficarem mais magras, mais bonitas, etc. (como se isso fosse garantia de felicidade). Às vezes até eu, que vou fazer 26, fico pensando nisso: "nossa, ainda não casei, muitas amigas já estão morando juntas com o namorado").

Acho que a pressão social vem muito das pessoas que cercam a gente: se as amigas já estão casadas, a pressão para se casar vai ficando ainda maior. E nisso, começam as coisas absurdas. É uma boa reflexão.

Niemi Hyyrynen disse...

Bom não vou acrescentar muita coisa pq o que foi dito aqui já está de bom tamanho.

Não sei se é cultural,mas eu aqui nunca recebi um pedido de casamento, assim formal, mas o parceiro já cogitou a hipotese e perguntou o que eu achava (acho que isso equivale a um pedido).

Minha irmã mora fora e já recebeu dois! rs no último ela tava pensando em dar um fora no cara...foi terrivel.

Ela não tem medo de virar "titia" diz que casamento diminui a expectativa de vida das mulheres..rssrsrs

Já eu, tenho medo sim, acho que sou muito insegura e isso envolve uma questão de vaidade (boba), mas a cada ano que passa estou exigindo menos dos homens ... =/

Liana hc disse...

Essa coisa de decisão conjunta ou pedido de casamento depende da região, em alguns lugares o tradicionalismo ainda é muito forte. A parte da divisão das despesas é todo um capítulo à parte, é pra dar umas boas risadas olhando de fora. Nem todas estão preparadas para abolirem esses rituais, a pressão por isso ainda existe, o que não quer dizer que o relacionamento em si vá ser tradicional.

Eu fui criada numa família bem diversificada e apesar de haver muito machismo jamais colocaram que casamento fosse obrigação, não me senti pressionada neste sentido. Quando mais nova, quando pensava no futuro, nunca me imaginei casada e com filhos, não por rejeitar isso mas por achar que era o tipo de coisa muito imprecisa para que eu ficasse fazendo planos e acabei abstraindo completamente esses rituais. Certo mesmo era aquilo que só cabia a mim: estudo, felicidade pessoal, carreira, planos de viagens e coisas do tipo.

Algumas mulheres (acham que) precisam desses formalismos antigos e acaba sendo todo um processo psicológico muito arraigado. Ruim mesmo é o tempo passar e a pessoa ficar se recriminando porque não concretizou com seus sonhos e sentir que faltou algo. Melhor fazer o que se tem vontade e ser feliz.

Cintia disse...

Nossa, acho mó bizarro isso também de 'pedido de casamento'.

Eu já vi gente casando, gente noivando, mas pedido de casamento acho que nem se usa mais, se usa?

Elaine Cris disse...

Acabei de ver que a Leticia fechou o blog.
Quem diria que em pleno sec XXI o buylling pra uma mulher que abre um blog como o dela ia ser assim tão pesado que ela não aguentaria. E nesse nosso país tão "liberal".
Liberal pra turismo sexual, porque pra liberdade sexual da mulher mesmo não é. Acho que a Letícia até aguentou demais e em muito pouco tempo, entrevista falsa, blogs e comentaristas pegando muito pesado com ela.


Bjus Lola.

Amana disse...

Fiquei pensando e pensando com o texto... Eu realmente não me vi na maior parte da minha vida amorosa com as questões que a autora colocou, mas entendo perfeitamente o problema - e já me vi com outras análogas. Já tive muitos namorados, fui casada, me separei, e em muitas dessas histórias fui eu quem propôs o relacionamento - quer dizer, que dei o nome de namoro, ou que sugeri que ficássemos juntos. E já pensei muito sobre isso, que essa minha postura proativa tem a ver sim com um medo enorme de ficar "à disposição do desejo do outro". Isso não é necessariamente legal... Parece que sempre temos que tomar uma posição bem marcada para fugir das armadilhas de gênero... O ruim é que corremos o perigo, com isso, de perpetuá-las, mesmo que às avessas. Que esquisito...

Ramon Duarte disse...

Ou eu vivo numa realidade alternativa e não fui informado disso, ou é você quem vive, Lola. Na maior parte das vezes, é a mulher quem toma a iniciativa do noivado e do casamento, e eu não estou falando apenas da decisão.

A tal cena do homem pedindo a mão da mulher em casamento é só uma representação para a família, a decisão já foi tomada muito antes disso.

Ela, Clarissa disse...

"A mulher nascida para despir bêbados ou vestir santos" GALEANO.

Acabo de dizer a minha mãe, que adorei ter ficado para titia, ela com uma boa mulher-senso-comum disse: você não ficou, vai casar e me dar uma neta.

Na verdade, quanto ao futuro, apenas alguns pontos... Mas sobre, a passividade muitos caracteres.

Sem fazer apologia a vida solteira, mas o casamento ocidental é demodê. Na verdade, as relações pessoas continuam arcaicas, como prova o texto.

Acontece o "sim" da mulher, e acontece ainda a necessidade histórica e construída de que é preciso casar. Mas é preciso, casar? Pergunto para todos os gêneros humanoos existentes. É preciso casar?

Continuo sem fazer apologia a solterice, mas acredito que o casamento tradicional fortalece certas bases machistas e retrógradas, porque possui ainda valor cristão.

Concordo, que houve mudanças, mas a formalidade que o Ramon comenta carrega um teor tão patriarcal, que no fundo, observando a raiz da sociedade, prova-se que nada mudou.

Mudou?

Barbara disse...

Ah, é Ramon, com certeza! Tipicamente é a mulher que faz o pedido de casamento, ajoelha e tudo.

O.o

Sara disse...

Tambem penso como vc Ela Clarissa....

Juliana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juliana disse...

vemos em muitos enredos o caso daquela mulher (nunca um homem) que vai a um festa de antigos colegas, e fica preocupada por nao estar casada. essas propagandas enganosas só fazem potencializar a idéia de que para que sejamos felizes é necessário um casamento, uma união estável qualquer que seja. e que digam SIM.
discordo mil vezes. não concordo principalmente com a ideia de depositar a minha felicidade numa outra pessoa que não em mim mesma. sempre encarei meus companheiros com um "PLUS" na minha vida vida e, por isso, nunca pensei que não poderia viver sem eles. é um "plus" que tvz alguma hora eu precise "desinstalar" pq não tá rodando bem... hehehe hj tenho um relacionamento mto bacana que já dura 5 anos. ainda assim nao sou adepta de cerimonias, de nenhum tipo e nem pra coisa alguma. pior é que já teve gente pressionando o moço para me pedir em casamento. eu q nunca tive esse sonho. ainda bem q ele conhece bastante a mulher q tem do lado, e concorda. ou sei lá... as vezes tenho duvidas de q ele concorda 100%, mas repeita o meu desejo. aposto q mta gente aqui já passou pela mesma coisa: as vezes, ao contrario do q se pensa, quem tem o sonho de casar nao é nem a mulher!
só sei q casamento não é favor.

MARIA, L.P. disse...

Vim pensando nisso ainda hoje. Uma vizinha minha vai casar daqui uns dias, por causa da igreja.
Sempre achei essa obrigatoriedade um horror, mas ele é presente e constante. Em outras palavras, uma 'tradição'.

Daní Montper disse...

Pois eu acho que ser titia é MARA e não há nada na maternidade que me apeteça. Ficarei para titia com muito orgulho \o\

Casar também não me sobe à cabeça.

Mas existe toda essa cobrança sim, de tudo que é parte, ao ponto de ter gente que acha que você não é uma pessoa responsável por não querer casar e ter filhos, acham que vc não amadureceu etc. E como eu me lixo pra isso tudo, vou saltitante e feliz levando minha vida de gente solteira, sem filhos livre, leve, solta e contente \o\o/o/

O mais interessante é que quando me veem com meus sobrinhos dizem que "levo jeito pra ser mãe" e que é uma questão de tempo eu mudar de ideia bláblábla
Então, por eu não querer ser mãe, não posso ter 'jeito' e gostar de criança, sabe?
E por não ligar para casamento, eu não posso ficar feliz com as amigas que casam e ajuda-las nos preparativos etc.
Aiai, esse povo só merece algo de minha parte: bocejos :p

Mayara disse...

eu fui pedida em casamento duas vezes, achei tudo lindo e romântico..... rs
mas nada de familia mesmo pq moro longe da minha.
a primeira, eu com 18 anos fui pedida em casamento com toda pompa!
a segunda, com 23 fui pedida em casa mesmo, sem pompa nenhuma mas com muito amor e carinho.....

Kássia Cruz disse...

Adorei o post, não tem nem o que discordar... Super interessante a forma com que o assunto foi abordado! Irei divulgar!

Anônimo disse...

Então. Questão complicada. Eu sou noiva e eu e meu namorado decidimos juntos que queríamos nos casar e talz. Só que para um "cumprimento" da coisa pros meus pais, ele teve que ir lá e pedir e talz. Constrangedor. Porque ficou parecendo que foi ele que tomou a iniciativa, quando fomos nós dois. Na cabeça dos meus pais será sempre o "quando ele pediu a mão da nossa filha..."

crocomila disse...

oi pessoal, tenho um blog de quadrinhos e fiz um desenho no qual a personagem principal (heróina, por assim dizer) é "a tia solteirona", espero que gostem!
http://crocomila.blogspot.com/2011/09/minha-tia-solteirona-quando-eu-crescer.html
Beijo