Na terça recebi o email de uma doutoranda em Linguística Aplicada na UFRN recomendando o vídeo que logo foi transmitido pra todo o Brasil, o da professora Amanda Gurgel, que falou corajosamente, explicando a greve dos professores no RN, para a Assembleia Legislativa. Se você ainda não viu, veja, porque o discurso da Amanda é excelente e merece toda a repercussão que está tendo (li que amanhã ela vai aparecer no Faustão). Ironicamente (porque o discurso da Amanda, uma sindicalista, uma mulher de esquerda, vai contra os interesses da direita), no mesmo dia a Globo começou um bafão sobre o livro didático do MEC.
Na quarta, uma leitora muito carinhosa, a Angélica, me enviou um longo (e gostoso) email. Pedi autorização a ela para transformar parte dele num guest post. Angélica tem 26 anos, é advogada, mora em Belo Horizonte, e vem de uma família que ela define como de grandes mulheres. Sua mãe, por exemplo, além de feminista, é técnica em edificações e há 41 anos trabalha em obras de construção civil por todos os cantos do Brasil. O email da Angélica é de indignação -- tanta indignação quanto da Amanda.
Sou uma mulher bem sucedida de classe média e não consigo compreender posicionamentos políticos que só observam aqueles agraciados pelas benéfices das condições materiais. Me sinto mal e não me envolvo numa discussão quando percebo que o ouvinte é surdo para o debate da consciência em prol da inclusão e da melhora social que alcance o maior número possível de indivíduos. Não posso compreender mentes que consideram políticas públicas como medidas “eleitoreiras e populistas, coisas para os politicamente corretos”, ou aqueles que acreditam que o pobre agora tem mais filhos para conseguir mais um Bolsa Família. É deplorável. E eu, no topo da arrogância do meu conhecimento, negligencio a discussão e permito que a boçalidade permaneça no meu ambiente de convívio diário (como no trabalho, por exemplo).
Sofro. Não posso compreender uma mente reacionária. Não compreendo a Globo. Não consigo pensar em nenhuma justificativa para a mente de uma pessoa formadora de opinião, que utiliza da inderrotável força da mídia para disseminar a barbárie da ignorância. Terça pela manhã, tomava café em um hotel que tinha uma televisão ligada na Globo. Foi o suficiente para embrulhar meu estômago. Os “brilhantes intelectuais” que apresentam o jornal expunham uma matéria que já começou com a manchete: “o MEC dessa vez passou dos limites! Aprovou um livro de língua portuguesa que não tem certo ou errado, mas coloca como adequada ou inadequada a forma de expressar o idioma! OOOOHHH!”.
A situação só piorou. Depois da chamada asquerosa, a belíssima repórter, com cara de “muito indignada”, continuou balbuciando asneiras. “O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (dando ênfase ao órgão) está a favor da queda de qualidade no ensino. Alexandre Garcia!” (veja o vídeo). Nesse momento eu quis ir embora. Considero o Alexandre Garcia um reacionário do mal, um privilegiador das classes altas. Mas permaneci para me embriagar de asco. Ele, sem surpreender, foi soltando afirmações grotescas de uma ignorância profunda, dizendo que agora estamos nivelando a educação por baixo, que ninguém mais vai aprender como se fala a língua portuguesa, que o politicamente correto é o fim, que nada presta neste país.
Meu deus, Lola. Meu deus do céu. Quanta ignorância. Cheguei ao trabalho querendo acender uma vela para a Santa Ignorância Padroeira dos Reacionários. Eu saí enjoada do café, com um sentimento de tamanha revolta com essa droga que é a Globo, com essa mentalidade mesquinha da classe média que lê Veja. Senti que eu precisava dizer algo a esse jornal ruim, a esse jornalista ruim e à Globo.
Queria dizer primeiramente que eu, que nasci em 1985, cresci assistindo a bons programas infantis na televisão, como Rá Tim Bum, Castelo Rá Tim Bum, Xis Tudo, Glub Glub. No intervalo de todos esses programas, passava um programinha rápido chamado Nossa Língua Portuguesa, apresentado pelo famoso Professor Pasquale, que eu e as minhas irmãs adorávamos. Não tínhamos senso crítico suficiente para saber a corrente de ensino da língua que ele seguia ou se era uma forma ruim de ensinar, mas o programa era rápido, passava no intervalo dos programas infantis e sempre utilizava nos exemplos trechos de músicas brasileiras ou de livros conhecidos. Algo que sempre chamou a nossa atenção (a minha e das minhas irmãs) era que o Professor sempre dizia que não havia problema em falar dessa ou daquela maneira, que no nordeste há expressões que não são utilizadas no sudeste e vice-versa. Ele afirmava que o que tínhamos que fazer era aceitar a todos, com a forma de expressão que tiverem, mas que deveríamos saber sempre a linguagem como ela é, com suas teorias complexas todas, como ela nasceu, para que isso fosse um instrumento para ser usado, uma emancipação, visto que a língua é a maior expressão da cultura, é um liame objetivo que nos une e que, dessa forma, deve ser observada de forma dinâmica, para acompanharmos o reflexo da língua no povo e o reflexo do povo na língua. Ele utilizava, dentre vários exemplos, as adaptações de expressões em língua estrangeira que iam sendo incorporadas. Eu internalizei isso.
A empregada de casa falava tudo “errado”, ela tinha vindo da roça, não concordava plurais ou sujeitos e verbos. Mas ela foi essencial na construção do meu caráter. O lugar que os ensinamentos dela preencheram na minha pessoa, nenhum professor erudito da universidade alcançou tão profundamente. Eu cresci num ambiente que fazia questão de ver brilho em todos. Eu e as minhas irmãs estudamos 100% em escolas públicas, do ensino fundamental às universidades. Comemos merenda, tivemos colegas sem família, brincamos com os filhos de empregadas domésticas, que eram maioria na nossa escola. Ainda assim, o ensino que nos foi dado foi suficiente para fazermos vestibulares em escolas federais e passarmos de primeira. Aprendemos a gramática "correta", sabendo que a linguagem coloquial prevalecia.
Até agora não tenho certeza por que motivos Alexandre Garcia, no meio do assunto do livro de português, teria colocado a opinião estúpida de que o presidente do FMI não seria algemado no Brasil. Ahm, seria para dizer o tanto que ele acha que o país está ruim e o tanto que ele acha que “lá fora é que é bom”? Quanta ignorância. Assistimos a crises longas e graves em países ricos e antigos, percebemos que no Brasil estamos à frente em diversas correntes de pensamento. Mas essa vantagem intelectual é tomada pela sagaz opinião reacionária como “chiliques do politicamente correto” e o excesso de zelo da “galerinha dos direitos humanos”.
Alexandre, meu amigo, saia da sua novela de Manoel Carlos, onde todo mundo é lindo, limpo, mora no Leblon e viaja para Paris no final do ano. Aqui, onde as pessoas reais existem e são maioria (desprivilegiada, claro), fala-se o português coloquial. Aqui onde residem as crianças da escola pública, onde o Estado não chega com tanta eficácia quanto para você, com suas ruas asfaltadas e seus vinhos caros do Pão de Açúcar, há um sentimento fomentado de raiva e desilusão quanto a essa exclusão. Aqui, no universo das pessoas que se alimentam de merenda escolar (quando tem), o Estado não fornece condições dignas para que estas se esquivem da triste realidade de quem sofre necessidades primárias. A inclusão dessas pessoas na língua portuguesa seria até um ato de dignidade. Mas para você, pouco importa, elas vão sofrer a negligência do Estado e, mais tarde, serão algemadas, espancadas, julgadas e condenadas ao fogo do inferno. Enquanto isso, você estará no paraíso com a Ana Maria Braga, o Rafinha Bastos, o Bolsonaro e todos os reacionários que aplaudem a barbárie, as galés, o horror. Vocês estarão lá suplicando pela pena de morte.
Se “lá fora” é tão bom assim, vocês não são cidadãos que fazem falta, podem ir viver com eles.
Aqui devem permanecer as pessoas que estão construindo um país mais unido, agregado, debatendo ideias de forma humana e sabendo que somos todos idênticos. Aqueles que diferenciam brasileiros de qualquer forma por preconceito e ignorância, não estão tentando fazer o todo crescer, melhorar, evoluir. Estão tentando segregar mais (vide Rafinha Bastos) para expor as cabeças dos segregados em praça pública, como Vargas fez com o bando de Lampião, para que possam aplaudir o sangue escorrer.
Para vocês eu aconselho que saiam, sim. Que vão para bem longe, para cessar o prejuízo de mentalidades desperdiçadas como estas. Não é necessário ninguém para segregar. Precisamos de pessoas para unir, fortalecer, trazer respostas. Enquanto vocês difundem apenas a crítica por capricho, o preconceito e a manutenção do privilégio social, não precisam ficar. Podem ir embora para onde se defendem as algemas, e deixem o Brasil para aqueles que quando falam em público, quando representam o povo, querem ouvir o que o povo tem a dizer e a reclamar, mesmo que em português inadequado.
Sou uma mulher bem sucedida de classe média e não consigo compreender posicionamentos políticos que só observam aqueles agraciados pelas benéfices das condições materiais. Me sinto mal e não me envolvo numa discussão quando percebo que o ouvinte é surdo para o debate da consciência em prol da inclusão e da melhora social que alcance o maior número possível de indivíduos. Não posso compreender mentes que consideram políticas públicas como medidas “eleitoreiras e populistas, coisas para os politicamente corretos”, ou aqueles que acreditam que o pobre agora tem mais filhos para conseguir mais um Bolsa Família. É deplorável. E eu, no topo da arrogância do meu conhecimento, negligencio a discussão e permito que a boçalidade permaneça no meu ambiente de convívio diário (como no trabalho, por exemplo).
Sofro. Não posso compreender uma mente reacionária. Não compreendo a Globo. Não consigo pensar em nenhuma justificativa para a mente de uma pessoa formadora de opinião, que utiliza da inderrotável força da mídia para disseminar a barbárie da ignorância. Terça pela manhã, tomava café em um hotel que tinha uma televisão ligada na Globo. Foi o suficiente para embrulhar meu estômago. Os “brilhantes intelectuais” que apresentam o jornal expunham uma matéria que já começou com a manchete: “o MEC dessa vez passou dos limites! Aprovou um livro de língua portuguesa que não tem certo ou errado, mas coloca como adequada ou inadequada a forma de expressar o idioma! OOOOHHH!”.
A situação só piorou. Depois da chamada asquerosa, a belíssima repórter, com cara de “muito indignada”, continuou balbuciando asneiras. “O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (dando ênfase ao órgão) está a favor da queda de qualidade no ensino. Alexandre Garcia!” (veja o vídeo). Nesse momento eu quis ir embora. Considero o Alexandre Garcia um reacionário do mal, um privilegiador das classes altas. Mas permaneci para me embriagar de asco. Ele, sem surpreender, foi soltando afirmações grotescas de uma ignorância profunda, dizendo que agora estamos nivelando a educação por baixo, que ninguém mais vai aprender como se fala a língua portuguesa, que o politicamente correto é o fim, que nada presta neste país.
Meu deus, Lola. Meu deus do céu. Quanta ignorância. Cheguei ao trabalho querendo acender uma vela para a Santa Ignorância Padroeira dos Reacionários. Eu saí enjoada do café, com um sentimento de tamanha revolta com essa droga que é a Globo, com essa mentalidade mesquinha da classe média que lê Veja. Senti que eu precisava dizer algo a esse jornal ruim, a esse jornalista ruim e à Globo.
Queria dizer primeiramente que eu, que nasci em 1985, cresci assistindo a bons programas infantis na televisão, como Rá Tim Bum, Castelo Rá Tim Bum, Xis Tudo, Glub Glub. No intervalo de todos esses programas, passava um programinha rápido chamado Nossa Língua Portuguesa, apresentado pelo famoso Professor Pasquale, que eu e as minhas irmãs adorávamos. Não tínhamos senso crítico suficiente para saber a corrente de ensino da língua que ele seguia ou se era uma forma ruim de ensinar, mas o programa era rápido, passava no intervalo dos programas infantis e sempre utilizava nos exemplos trechos de músicas brasileiras ou de livros conhecidos. Algo que sempre chamou a nossa atenção (a minha e das minhas irmãs) era que o Professor sempre dizia que não havia problema em falar dessa ou daquela maneira, que no nordeste há expressões que não são utilizadas no sudeste e vice-versa. Ele afirmava que o que tínhamos que fazer era aceitar a todos, com a forma de expressão que tiverem, mas que deveríamos saber sempre a linguagem como ela é, com suas teorias complexas todas, como ela nasceu, para que isso fosse um instrumento para ser usado, uma emancipação, visto que a língua é a maior expressão da cultura, é um liame objetivo que nos une e que, dessa forma, deve ser observada de forma dinâmica, para acompanharmos o reflexo da língua no povo e o reflexo do povo na língua. Ele utilizava, dentre vários exemplos, as adaptações de expressões em língua estrangeira que iam sendo incorporadas. Eu internalizei isso.
A empregada de casa falava tudo “errado”, ela tinha vindo da roça, não concordava plurais ou sujeitos e verbos. Mas ela foi essencial na construção do meu caráter. O lugar que os ensinamentos dela preencheram na minha pessoa, nenhum professor erudito da universidade alcançou tão profundamente. Eu cresci num ambiente que fazia questão de ver brilho em todos. Eu e as minhas irmãs estudamos 100% em escolas públicas, do ensino fundamental às universidades. Comemos merenda, tivemos colegas sem família, brincamos com os filhos de empregadas domésticas, que eram maioria na nossa escola. Ainda assim, o ensino que nos foi dado foi suficiente para fazermos vestibulares em escolas federais e passarmos de primeira. Aprendemos a gramática "correta", sabendo que a linguagem coloquial prevalecia.
Até agora não tenho certeza por que motivos Alexandre Garcia, no meio do assunto do livro de português, teria colocado a opinião estúpida de que o presidente do FMI não seria algemado no Brasil. Ahm, seria para dizer o tanto que ele acha que o país está ruim e o tanto que ele acha que “lá fora é que é bom”? Quanta ignorância. Assistimos a crises longas e graves em países ricos e antigos, percebemos que no Brasil estamos à frente em diversas correntes de pensamento. Mas essa vantagem intelectual é tomada pela sagaz opinião reacionária como “chiliques do politicamente correto” e o excesso de zelo da “galerinha dos direitos humanos”.
Alexandre, meu amigo, saia da sua novela de Manoel Carlos, onde todo mundo é lindo, limpo, mora no Leblon e viaja para Paris no final do ano. Aqui, onde as pessoas reais existem e são maioria (desprivilegiada, claro), fala-se o português coloquial. Aqui onde residem as crianças da escola pública, onde o Estado não chega com tanta eficácia quanto para você, com suas ruas asfaltadas e seus vinhos caros do Pão de Açúcar, há um sentimento fomentado de raiva e desilusão quanto a essa exclusão. Aqui, no universo das pessoas que se alimentam de merenda escolar (quando tem), o Estado não fornece condições dignas para que estas se esquivem da triste realidade de quem sofre necessidades primárias. A inclusão dessas pessoas na língua portuguesa seria até um ato de dignidade. Mas para você, pouco importa, elas vão sofrer a negligência do Estado e, mais tarde, serão algemadas, espancadas, julgadas e condenadas ao fogo do inferno. Enquanto isso, você estará no paraíso com a Ana Maria Braga, o Rafinha Bastos, o Bolsonaro e todos os reacionários que aplaudem a barbárie, as galés, o horror. Vocês estarão lá suplicando pela pena de morte.
Se “lá fora” é tão bom assim, vocês não são cidadãos que fazem falta, podem ir viver com eles.
Aqui devem permanecer as pessoas que estão construindo um país mais unido, agregado, debatendo ideias de forma humana e sabendo que somos todos idênticos. Aqueles que diferenciam brasileiros de qualquer forma por preconceito e ignorância, não estão tentando fazer o todo crescer, melhorar, evoluir. Estão tentando segregar mais (vide Rafinha Bastos) para expor as cabeças dos segregados em praça pública, como Vargas fez com o bando de Lampião, para que possam aplaudir o sangue escorrer.
Para vocês eu aconselho que saiam, sim. Que vão para bem longe, para cessar o prejuízo de mentalidades desperdiçadas como estas. Não é necessário ninguém para segregar. Precisamos de pessoas para unir, fortalecer, trazer respostas. Enquanto vocês difundem apenas a crítica por capricho, o preconceito e a manutenção do privilégio social, não precisam ficar. Podem ir embora para onde se defendem as algemas, e deixem o Brasil para aqueles que quando falam em público, quando representam o povo, querem ouvir o que o povo tem a dizer e a reclamar, mesmo que em português inadequado.
51 comentários:
Oi, Amanda.
Muito boa a sua crítica. Realmente vc falou por muita gente aí.
Quando a mídia comecou a se posicionar diante da polemica q ela mesma causou, recebi muitos emails de amigos pedindo pra eu escrever algo.
Todo mundo estava sentindo oq vc sentia:
"Senti que eu precisava dizer algo a esse jornal ruim, a esse jornalista ruim e à Globo"
Parabens por conseguir dizer oq todos nós estávamos querendo.
A gente se identifica e se sente confortável quando percebe que nem tudo está perdido.
É com pessoas como a Angélica e Lola (minha "ídola" e agora conterrânea) é que ainda tenho um pouco de esperança nas pessoas, porque ultimamente tem sido difícil. Tanta coisa que você vê na mídia ou com pessoas que convivem com você que a vontade é de desaparecer. Tenho medo do que está por vir, pois se em 2011 as pessoas tem ainda esses pensamentos retrógrados, como será o futuro? Espero que beeeeeeeeeeeem melhor.
bjos, Lola. Admiro muito você.
tavam dizendo no Twiter:
"Quem só fala dentro da norma culta que atire a primeira pedra"
Ótimo texto, Amanda.
E, Lola, quando eu estudava na Escola técnica, edificações era um curso de maioria feminina, ao contrário do meu curso, Mecânica...
Gente boa, o guest post é da Angélica, certo? Amanda Gurgel é a professora e sindicalista do vídeo. Tenho muita admiração por ela, mas não a conheço.
Thea, muito grata por todo o carinho! Vamos nos conhecer um dia desses?
Eu sou Thiago Nogueira, formado em Gestão em Web Design e Web Máster, o que isso faz de mim? Não agüento mais pessoas fazendo apelo à autoridade. Tanto a esquerda –mais que a direita- quanto a direita adoram mostrar seus dentes amarelados e suas patentes sempre em mãos. Freud tem um currículo acadêmico bem melhor que Shakespeare, porém tem boa parte das ideias facilmente refutáveis, enquanto Shakespeare continua sendo um gênio super influente. Um beijo para os doutores de plantão!
Concordo completamente com a Amanda.
Também estudei a vida inteira em escola pública, assim como fiz minha graduação em Pedagogia e a Pós em Psicopedagogia na UPE, que é pública estadual.
Ainda na quarta série vi muitos dos meus colegas faltarem aula para carregar frete na feira e levar alguma comida para casa. Depois disso, muitos desistiram pelo caminho. Alguns se tornaram marginais, outros percorrem um caminho de sucesso.
É muito fácil criticar a linguagem da nossa maioria, quando se vive em castelos de cristal, sem sentir o suor do dia a dia...
Quer criticar, vai na sala de aula dos professores das favelas, onde se ensina que o certo é falar "porco", mas o aluno, com medo da gozação dos colegas, mesmo sabendo que é certo insiste em dizer "poico".
Palmas pra vocês por esse post maravilhoso!
Ótima crítica, Angélica!
Ih, Angélica, desculpa aí, que eu sou do tipo que só não esqueço o nome do meu filho porque só tenho um, fui filar de Jiquilim e escrevi Amanda..
Mas os congrats são pra você mesmo.
Hããã, eu não entendi direito a parte onde ela liga ensinar português correto a privilégio de classe, preconceito etc. É claro que a língua é motivo para preconceito. A roupa, a aparência, tudo é motivo para descriminação. Não adianta de nada acabar com o ensino da língua ou criar uma gramática simplificada para ninguém ser excluído porque sempre vai haver uma norma culta ou alguma forma mais prestigiada. Azar de quem irá participar dessa masturbação intelectual que é esse pessoal fingindo que ensina os alunos para não os "constranger". O aluno deve pelo menos conhecer a norma culta, aprender não é vergonha não.
Eu ñ assisti o vídeo do comentário do Alexandre Garcia linkado no texto, se for este:
http://www.youtube.com/watch?v=kRdrDLrr_fM
Devo dizer que gostei e realmente não vi nada de mais.
A Globo realmente pesou um pouco a mão na hora de dizer que não existiam mais os conceitos de certo e errado, apenas adequado e inadequado. Ficou parecendo que estavam com medo que as pessoas passassem a pensar por si próprias.
Por outro lado o povo daqui tem chilique quando escuta a palavra meritocracia (ih, falei).
Eduardo é um Jênio, mesmo não tendo aprendido a ler...
pois é, eu to cada vez mais indignado com as bobagens que tem sido faladas por aí. Escrevi várias coisas no meu blogue e quanto mais tentam argumentar, mais os reacionários dizem asneiras. É revoltante, pra dizer o mínimo. se tiver um tempo, passa lá no meu blogue e dá uma olhada nas coisas q escrevi
"Quanta ignorância. Cheguei ao trabalho querendo acender uma vela para a Santa Ignorância Padroeira dos Reacionários."
Rsrsrsrs,ótimo esse texto!
Mas,Lola,é verdade que a Amanda Gurgel vai aparecer na globo?
Olha, eu não vi o vídeo do Alexandre Garcia, mas que se o Strauss Kkhan estivesse no Brasil, acho que não sairia mesmo algemado na frente de todo mundo. Vide Roger Abdelmassih. É rico? É poderoso? Virou intocável. Isso é péssimo nesse país, sim. E aparentemente, pelo menos para crimes como estupro, a justiça é mais cega nos EUA.
Uma amiga minha estava contando pra mim da contração da expressão "vamo bora".
'Originalmente' ela me explicou que as pessoas ao se despedirem e chamar alguém para acompanhar diziam:
"Vamos em boa hora" dai virou
"Vamos embora" e
"Vamo bora" e depois
"Vam bora" e então
"Bora?"
Alguma coisa do tipo, achei esse exemplo de como as expressões vão mudando muito interessante.
Angélica, será que você não está desenvolvendo em seu desabafo uma visão muito maniqueísta do espectro político.
Em meio a polêmica sobre o conteúdo do livro didático você praticamente elege os inimigos do povo e nega-lhes qualquer possível contribuição para o futuro do país.
É sempre preferível encarar aqueles que pensam diferente com generosidade. Compreender aquilo que defendem e o porquê. Quanto menos nos relacionamos com uma caricatura mais somos capazes de ter uma visão mais sofisticada do mundo. Porque se o adversário nos é tão pequeno também costumamos encolher.
O Alexandre Garcia é uma cópia um pouco menos boçal do Carlos Prates. Principalmente no que diz respeito ao seu comentário sobre o presidente do FMI sendo algemado. Aqui no Brasil, só um Daniel Dantas da vida não é algemado se tiver o azar de ser levado pela polícia. Um pobre tem sorte se for preso e escapar de um espancamento até ter a chance de falar com um advogado, familiar ou quem for.
Não tenho muito a acrescentar após dois posts muito bons. Apenas que eu freqüentei o ensino médio nos anos 2000 e lembro de ter aprendido a gramática portuguesa, mas também a diferença entre linguagem escrita e falada, norma culta x norma popular e variações regionais. Nada disso prejudicou meu estudo, pelo contrário, eu era bastante talentosa nessa disciplina. Ninguém nunca me ensinou a "falar errado" na escola, isso é chilique de classe média que cansou de protestar no twitter contra o preço do iPad.
Olá pessoal!
Eu tmb sou professora de escola pública e vejo muitas questões sociais do nosso país bem de perto. Acho que poderei fazer uma crítica do livro em questão quando tiver acesso a ele. Mas posso dizer que pelo menos em meu município, tem muitas familias aumentando o número de filhos devido ao benefício da Bolsa. Falta ainda muito trabalho de informação, nosso povo carece de tudo, principalmente de informações corretas.
Não reparem, meu comentário está cheio de erro de ortografia.
Me lembrei de um professor de português que tive, eu o admirava porque ele era um bom professor, ele explicava fácil e entendíamos fácil. Ele falava o português correto e rígido, mas não lembro dele reclamar da nossa linguagem coloquial. Mas o que me marcou foi uma coisa que ele falou, ele disse que jamais dava o mesmo ensino para a escola pública do que a que dava para a escola particular. Isso porque era ensino o que ele vendia e dava mais para quem pagava mais.
Fiquei chateada porque ele contribuía para que pobres tivessem uma educação inferior aos dos ricos. Mas será que ele percebia o que estava fazendo?
Gente, acabei de ter uma aula de etimologia da minha língua materna com uma finlandesa! hahahahah nunca imaginei a origem da expressão "vamos embora"...
Esse assunto já deu o que falar - a maior parte do tempo, sobretudo na chamada grande mídia, um monte de asneiras. Eu me socorro no professor da UnB Marcos Bagno, autor do livro Preconceito Linguístico. Ele considera - e eu concordo - que faltaram informações aos meios de comunicação para abordar o assunto: "Isso é uma falsa polêmica porque qualquer livro didático que você procure no mercado brasileiro traz um comentário, uma lição sobre a variação linguística. A linguística moderna se dedica ao estudo de qualquer manifestação da língua e não só aquela que um grupo de pessoas considera certa", afirma. Eu reafirmo, e me congratulo com a Angélica, pelo posicionamento sensato e pela visão ampla da questão. Parabéns!
Para saber um pouco mais sobre a avaliação do Prof. Marcos Bagno: http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745
Abraços.
Oi Lola.
Sou totalmente contra o preconceito e qualquer forma d discriminação, justamente por isso q ñ posso concordar com o post.
As grandes obras da literatura, os clássicos são escritos em uma linguagem formal culta (pelo menos a maioria), assim como a maior parte dos livros de história, geografia, sociologia, filosofia, literatura, etc.
Se as crianças ñ são habituadas desde pequenas a prática da leitura elas dificilmente se interessarão por ampliar sua cultura.
Sem contar q a interpretação é algo extremamente necessário para a vida das pessoas, em qualquer área profissional.
Quanto a forma de falar, em cada ocasião usa-se uma forma, em uma situação mais cerimoniosa, formal usa-se uma linguagem mais adequada, mas no dia-a-dia fala-se do jeito q quiser, contanto q a comunicação seja estabelecida.
Não incentivar a aprendizagem da norma culta é incentivar a segregação!Pois nos grandes centros a linguagem continuará sendo ensinada da mesma maneira, portanto deve-se oferecer as ferramentas mínimas pra q qualquer criança de qualquer lugar do país tenha condições de se comunicar sem se constranger em qualquer situação.
É isso.
Ally, mas a questão é justamente esta: sacrificava-se (e sacrifica-se ainda) a leitura e a interpretação pelo "gramatiquês" puro e simples, sem contexto. Empurrava-se goela abaixo dos alunos um conjunto de regras que eles deveriam decorar e reproduzir, e ai daquele que chegasse trazendo de casa o que se chama, em linguística, de "variante não-padrão" e não assimilasse bem rapidinho todas as normas, não da norma culta, que também exibe muitos "erros" em relação à língua escrita, mas um português-padrão idealizado, que ninguém, nem mesmo a classe mais abastada, fala. Cada vez que abria a boca, era mais um passo em direção à exclusão, à reprovação e, mais tarde, à rejeição em candidaturas a empregos empregos e mesmo na vida social em geral (esta última parte continua intacta). Ninguém, repito, ninguém, nem mesmo as autoras, nenhum professor que eu tive na faculdade de Letras, sequer sugeriu alguma vez que não se ensinasse a norma culta na escrita ou em ambientes mais formais. Hoje sou professora da rede pública e, sim, ensino a norma culta todos os dias. Mas privilegio a leitura e a escrita e nunca vou chegar em uma turma humilhando-os pela maneira como falam. Até porque eles mesmos não sabem do próprio valor, chamam-se de burros, dizem ser péssimos em português (língua que aprenderam ainda bebês!) não têm a mínima ideia do que é ter algo que escrevem valorizado, ter suas opiniões ouvidas. Infelizmente é assim, e isso é algo que essa abordagem da linguística tenta mudar. Agora, com todo respeito, em relação a literatura versus norma culta, tu já leste Guimarães Rosa? Manuel Bandeira? Oswald de Andrade? Que tal o verso abaixo, deste último:
"No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu
quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí"
Como tu avalias? Por serem escritores consagrados, "aí pode"?
Reflete um pouco sobre isso, a tua preocupação é legítima, mas aqueles que pautam o preconceito linguístico são os menos indicados para enfrentá-la
Ah, Angélica, parabéns pelo texto! Talvez tenha pesado um pouco a mão na ideia de que eles deveriam ir embora do país, mas eu entendo esse cansaço, eu não tive paciência nem de ler/ouvir metade do que a grande mídia proferiu sobre o assunto, dá preguiça mesmo e um desânimo de achar que não há diálogo, que não há como eles entenderem, mas eu fico pensando que talvez um dia pelo menos as pessoas que importam entenderão.
Lola, desculpa o comentário gigante!
Eu só não consigo entender por que as pessoas acham que admitir a variação linguística e compreender seus valores sociais significa exatamente NÃO ENSINAR A NORMA PADRÃO. Nenhum linguísta disse isso, e imagino que nunca vão dizer. O papel da escola CONTINUA sendo o aprendizado em língua padrão. A língua não padrão não é necessário ensinar na escola, todos já a conhecem e a usam muito bem. O que a escola precisa é vê-la como variedade, não como erro.
De nada, Lola.
Vamos nos conhecer sim, iria adorar. Quando vc tiver um tempo no final de semana ou então às terças pela manhã (se você estiver na UFC) eu tenho aula perto da Casa Amarela e podíamos nos ver no Shopping Benfica.
Até :)
... o cara não seria algemado mesmo. O detalhe é que isso não aconteceria POR CAUSA de pessoas COMO o Alexandre Garcia e sua tchurma!
Quanto ao post da Angélica só posso dar parabéns. Vivo e vivi em situação muito parecida com a dela e até por isso minha rede de amigos é bem variada em classes, raças e credos, mas escuto asneiras de todos os lados, infelizmente! Tenho amigos pobres conservadores, amigos negros racistas, mulheres machistas... as contradições personificadas. Só aguento porque digo isso pra eles e acabo rindo da tragédia!
Angélica
Olha... Concordo com muitas coisas que você diz, mas acho que você está fazendo um maniqueísmo tremendo com essa questão toda, generalizando e rotulando.
Se você tiver paciência de ler, gostaria de expor suscintamente os pontos falhos da sua argumentação:
Primeiro você faz uma idealização da escola pública ao dizer que estudou integralmente nas mesmas e passou "de primeira" em universidade federal e esquece-se de mencionar que você representa uma grande exceção.
Depois você fala sobre realidade, como se você (e não os malvados reacionários) sim entendesse o "mundo real".
O fato de haver inúmeras desigualdades e grande concentração de renda não anula uma ou outra realidade.
Você parece pegar todos aqueles dos quais não gosta ou que por algum motivo possuem uma visão diferente da sua e colocar dentro da mesma caixinha, negligenciando totalmente suas singularidades; rotulação excessiva.
E para terminar, devo dizer que quando você critica essa "direita conservadora e insensível às questões sociais", e vai ainda mais longe, ao dizer quem deve sair ou ficar no País, você parece aquele fascista (lembra da aula de história?) que dizia o seguinte sobre o nosso querido Brasil: "Ame-o ou deixe-o".
Então, na próxima vez que for bradar aos quatro ventos sobre a falta de senso crítico das pessoas, olhe para si mesma e tente refinar seus próprios pensamentos.
Antes que me chame de direitista, de traidor do movimento ou de integrante do lado negro da força, devo ressaltar que:
*Acredito que mulheres devem possuir os mesmos direitos que os homens.
*Que o grupo GLBT deve sim possuir os mesmos direitos, como qualquer cidadão: casar, adotar crianças, beijar na rua etc.
*Que o aborto deve sim ser algo discutido e que, eu, particularmente, sou a favor de a mulher poder realizá-lo.
Isso é o que eu tenho a dizer.
Abraços
Esquivando-me das discussões principais, gostaria de fazer uma pergunta: lembro de ter ouvido que o referido livro do MEC é indicado para programas do EJA - ensino de jovens e adultos. Ou seja, em programas de alfabetização.
É isso mesmo? Se for, essa discussão perde muito do sentido, pois não se trata de ensinar criancinhas a falar "errado", mas sim de alfabetizar adultos, aceitando a forma que eles já desenvolveram de se expressar.
Independentemente desse detalhe, acho que há muita ênfase em um capítulo do livro - salvo engano, é apenas um capítulo e um comentário dentro do capítulo - que trata da diferenciação entre língua falada, essa coisa viva que carrega a nossa cultura, de língua escrita, que se presta ao mero registro e repasse. Claro que a norma culta se manterá e claro que continuaremos não a utilizando no cotidiano, o livro apenas reconhece esse fato. Ou não?
Olá, todos. Fiquei lisongiada pela publicação, obrigada. Obrigada pelos elogios.
Obrigada, Lola, pelo fomento das correntes de pensamento transformador na sociedade. Pela abertura da discussão.
Obrigada, Professora Amanda, pelas palavras fantásticas: os alunos ainda entram em sala de aula com as carteiras na cabeça. Eu entrei em sala de aula com a carteira na cabeça. Milhares de vezes.
Vamos aproveitar a condição que temos de abrir o pensamento coletivo e vamos contribuindo com as pequenas parcelas de mudança.
Sabemos que o país está longe de ser bom a todos, longe de ser justo.
Precisamos pensar em como as nossas contribuições podem alcançar o maior número de pessoas.
Não entendi. ._.
Nunca entendo essas discussões. Hm, mas o Alexandre critica o tal do livro, certo?
Ah, devo estar bem desinformada (ok, com certeza estou)
Sim, Adwilhans, é isso mesmo. O escândalo na grande imprensa partiu de jornalistas que não entenderam o que leram, isso sim fala contra a educação no país, e não exatamente a das escolas públicas, né? O artigo do Sírio Possenti (tem o link no outro guest post) menciona isso.
gostei do texto, só queria fazer um comentário sobre o trecho - "sabendo que somos todos idênticos." - somos diferentes, temos é de aprender a conviver com estas diferenças.
Eduardo Marques (21/05; 16:52):
"... A roupa, a aparência, tudo é motivo para descriminação... "
Sinto dizer, mas para para um 'purista', seu texto comete um 'equívoco'.
Descriminar é decidir que uma ação (ou omissão), antes criminalizada, já não o será;
Discriminar é destacar, separar, 'rotular'.
Portanto, creio que sua intenção era dizer "... tudo é motivo para discriminação..."
Angélica: está perfeito.
Pena que a discussão está longe de se encerrar: volta e meia, alguém comenta que "... mas a escola tem a obrigação de ensinar o correto..."
Eu sempre digo aos meus alunos que o nosso idioma deve ser como um guarda-roupa: se temos roupas para todas as ocasiões, o falar também deve ser assim (e não sou professora de Português, mas não admito erros crassos e "fala de mano" em certas situações). Acho que o modo como o idioma é falado nas diferentes regiões do país mostra a riquíssima diversidade cultural que temos e a maneira brilhante com a qual o idioma foi apropriado e transformado pelas pessoas. Tudo isso apenas enriquece e edifica as diferentes partes da nação.
O que ninguém parou para fazer com relação ao livro que "ensina" errado, foi avaliá-lo por inteiro. Pegaram uma única característica dele e o jogaram na lama, sem a devida reflexão. A gente tem que aprender a norma culta sim, afinal, todos prestaremos provas e concursos onde a norma será exigida, mas a sala de aula deve ser o lugar da diversidade, o lugar do conhecimento e de sua divulgação. Se o aluno só conhecer um lado, como a sociedade tem conhecido quando se fala do livro errado, nunca poderemos ter opiniões concretas, teremos apenas aquelas baseadas em meias-verdades que camuflam o real e que não trazem nenhum benefício.
Ótimo texto, abraço!
Dos formandos do secundario do ano passado aqui onde moro, dos poucos que prestaram o vestibular em universidade publica sabem quantos foram aprovados? Nenhum. Eu detesto preconceito linguistico, tenho aprendido tanto aqui na Bahia, tenho descoberto uma forma de expressão verbal tão distinta da minha realidade de sulmatogrossense que um comentario seria pouco para falar sobre isso. Mas eu fico meio amedrontada com isso de defender a qualquer preço um so lado da moeda. Eu recebo um bom numero de CVs por semana e quase todos estão recheados de erros de ortografia e ai eu pergunto a vocês linguistas,ja que honestamente eu não entendo nada do assunto: São realmente erros?
Outra coisa que me parece um pouco exagerada é esse enaltecimento da escola publica, eu fui estudante numa escola publica e passei numa universidade federal a séculos atras mas não foi graças a escola publica que cheguei la, foi sim graças a um ano de estudo em casa, intensivo, com a cara literalmente metida nos livros porque so a escola publica teria feito de mim uma analfabeta funcional. As escolas municipais aqui em Itacaré são terriveis, eu jamais colocaria qualquer criança da minha familia numa escola publica aqui. Falta constante de professores, merenda escolar quase inexistente ainda que o municipio receba verbas para a merenda ela nunca chega nas escolas, e o mais doloroso, professores, não todos que seja claro, escolhidos pela sua afinidade politica ou religiosa com o prefeito atual. Alguns so tem a oitava séria.
Minha mãe foi professora de escola publica, e em quarenta anos de ensino ela me disse, depois de discutirmos sobre os comentarios dos dois ultimos posts que so uma das escolas onde ela trabalhou dava condições aos alunos de pelo menos tentar um vestibular. Sem contar que essa politica absurda em alguns estados e em varios municipios daqui da Bahia de não reprovar a molecada, afinal temos que alcançar um indice alto de aprovação para exibir la fora, esta criando uma sociedade de analfabetos e não so analfabetos funcionais. Essa é a realidade da escola publica na maioria dos estados, infelizmente.
Me identifiquei muito com a tua crítica, Angélica... Nesse dia não vi, mas assisto quase todo dia esse jornal da globo, então já estou quase acostumada a não levar a sério... Mas pra quem vê só de vez em quando deve ser um choque para o estômago mesmo! hahaha...
Como nunca tive bons professores de português na escola, já faz anos que eu tenho uma opinião sobre isso: pra fazer alguém aprender a língua portuguesa correta, é preciso despertar o interesse pela leitura em primeiro lugar. Não que eu escreva perfeitamente, mas tudo que eu aprendi sobre escrever corretamente foi lendo (lendo qualquer coisa), e pessoalmente acho que é o melhor jeito de adquirir uma familiaridade REAL com a grafia das palavras, com as regras, etc. Não acredito em aprender uma língua estudando só na gramática.
Então, na minha modesta porém radical opinião, querer que todas as crianças de 13 anos leiam (e gostem) só dos livros clássicos, que não tem nenhuma ligação com a sua realidade, isso sim é matar a língua!
No meu colégio foi assim: nos disseram que saber português significa ler Iracema, gostar e entender tudo. Quase todos alunos se sentiram uns bons idiotas tentando, e acho que é por isso que não é difícil ver gente dizendo "eu não gosto de ler".
Aí colocam um livro que reproduz situações de forma que a pessoa mais comum possa se identificar, e a mídia tenta fazer as pessoas acreditarem que isso é o fim da moral no ensino e bla bla... Fico pensando a quem interessa que os primeiros contatos com a leitura sejam traumatizantes...
Mariana Krewer, adorei seu comentário! Identifiquei-me muito, embora o tipo de leitura a que vc se refere em específico não seja exatamente o que tenho em mente, hehehe.
Sabe, há alguns anos eu comentei com amigos que estavam esculachando a série "Harry Potter" que ela tinha algo de muito bom: estava fazendo os adolescentes voltarem a ler, o que eu não via há muito tempo. Depois, eu mesmo fui ler tais livros e os adorei!
Ou seja, eu, que também tive dificuldades para ler/gostar de alguns livros clássicos (Canaã, por exemplo), senti verdadeiro prazer em ler aquele texto simples...
Apoio integralmente o que vc disse: temos que encontrar os livros que a garotada quer ler e, só depois, quando já descobriram e internalizaram o prazer de ler, introduzi-los no mundo das leituras mais densas!
Concordo mais que totalmente com os comentários de Adwilhans, Mariana Krewer e samya.
É traumatizante, principalmente para alunos de escola pública, que em geral lêem menos, se deparar com um Iracema ou com um Sagarana pela frente.
Penso que a garotada deveria iniciar no mundo literário através de títulos mais simples, mais instigantes.
Livros do Marcelo Rubens Paiva, por exemplo. Livros como Harry Potter (não atirem pedras!), Artemis Fowl, Depois daquela viagem, O Xangô de Baker Street, A Revolução dos Bichos, Os 13 Porquês, entre outros.
Esses são livros não necessariamente simples, mas que são super fáceis de ler e que ajudam a desenvolver o hábito de leitura.
Dom Casmurro (que é lindamente fantástico), A Cidade e as Serras, Sagarana, Iracema e outros clássicos, devem vir depois.
Não citei vários outros clássicos da literatura brasileira recente para não me estender muito.
Gostaria de chmar sua atenção para este vídeo:
A mãe Cremilda Teixeira responde à professora-sindicalista Amanda Gurgel.
http://www.youtube.com/watch?v=tFttsITRMkw
Sensacional!
Você está errada.Falar errado não é cultura. Existem as variações, os sotaques e palavras desconhecidas em outras regiões, mas liberar erros de português como os sugeridos pelos livros é de uma ignorância sem tamanho.
Sua comparação com outros temas está desconectada e querer culpar a globo e o CQC pela desgraça que é o país é só faz alimentar a minha desconfiança de que vc é uma dessas comunistas que vai levar comida aos assentamentos do MST e trabalhar como voluntária em escola pública.
Parabéns pela seu caráter, pois conseguiu estutadar com faxineiras e gente de menor poder aquisitivo. Fala como se isso fosse uma grande vitória.
Grande tosquice esse texto. Esse uma regra na língua e ela precisa ser respeitada e não florear erros com poesia.
Me deixa.
Posso estar enganado, mas há uma súmula vinculante (Súmula nº 11) do Supremo Tribunal Federal que impede o uso de algemas, quando o indíviduo preso não oferecer riscos à sua custódia.
No caso presente, como Strauss- Kahn é um homem conhecido, e atrelado a várias responsabilidades, e se fosse preso no Brasil, ainda que na situação de flagrante, talvez muito provavelmente ele não recebesse as algemas, visto que praticamente não teria chance de fuga ou algo parecido, como influenciar os procedimentos do inquérito, etc.
Enfim, é um tema polêmico.
Muito polêmico o tema, realmente. Tenho algumas considerações a fazer:
Estudei em escola pública até a 7ª série, na época em que não havia greves e tínhamos ensino de qualidade. Da 8ª série ao 3º científico, em escola particular. Durante esse tempo sempre soube da existência das variações regionais da língua (até porque sou nordestino, e ouvia as variações a todo momento), mas se em algum livro de português vi uma frase escrita de forma "errada", logo após não havia uma justificativa de ela não estar tão "errada" assim, e sim a forma "certa" de se escrever. Sem contar que todos nós ou já sofremos, ou ainda sofreremos "preconceito linguístico", uma vez que seremos corrigidos ao escrever da maneira inadequada testes escolares, vestibulares, e concursos em geral (ou só é preconceito se nos corrigem quando falamos? Estranho esse preconceito...). Acho melhor corrigir logo na escola. Por esse motivo, acho que o MEC distribuir um livro contendo uma inserção dessa natureza, foi infeliz.
Concordo que não utilizamos a linguagem culta a todo tempo, mas não acho necessário dar exemplos em um livro de como se falar utilizando uma linguagem coloquial; isso nós já fazemos naturalmente, sem que nos ensinem nas escolas.
Ariadne, respondendo ao seu "aí pode?" no que diz respeito aos escritores consagrados, lembro que certa vez o professor Pasquale (é, Angélica, eu também assistia Nossa Língua Portuguesa, e qualquer outro programa na TV em que ele estivesse) utilizou a música Oceano, do Djavan, para fazer suas considerações linguísticas. Lembro como hoje, analisando o trecho "você deságua em mim e eu oceano", onde ele diz que oceano é um verbo. O autor da canção tem liberdade para criar o verbo Oceanar (veja trecho de outra análise -
"Note-se que o verso 'você deságua em mim e eu oceano' pode ser classificado (...) com valor de consequência, onde o verbo oceanar (neologismo poético) aparece na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, com a desinência o característica desta pessoa neste tempo verbal." ver análise completa em http://66.228.120.252/gramatica/1613434). Partindo-se deste pressuposto, considero que Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e os demais "podem".
Amanda foi minha professora durante um periodo.Desconhecia essa coragem dela.So agora.
Seu blog é mto perfeito!!
Cade o botão curtir p/ a cada post novo eu me atualizar??? ^^
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