segunda-feira, 23 de maio de 2011

LEITORA PERGUNTA: COMO SERIA SE A MENINA DA NOVELA FOSSE MENINO?

Terça passada dei uma palestra sobre Sexualidade, Corpo e Mídia no SESC-CE, parte de um ótimo seminário que apresentou os resultados de uma ampla pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre as mulheres (prometo falar mais sobre isso). Uma das palestrantes foi a Maria da Penha, pra você ver a minha responsa. Mas, como diz o Borat, minha apresentação acabou sendo um “great success”. Muita gente veio falar comigo no coquetel que houve depois. Duas moças inteligentes e articuladas me perguntaram sobre a novela Insensato Coração. Afirmaram que todos os personagens homens agem e falam de uma forma machista que desvaloriza as mulheres. Eu respondi que não sabia, pois só assisto (e recomendo) Amor e Revolução, que trata dos anos de chumbo (e eu considero uma novela feminista, pois mostra o papel relevante que as mulheres tiveram na luta contra a ditadura).
Aí recebi um email de uma leitora simpática, a Aurora, falando da novela, ao mesmo tempo em que li este textinho da atriz (Bruna Linzmeyer) que faz a Leila, uma garota de 19 anos que se apaixona pelo mulherengo André (Lázaro Ramos). Se você estiver boiando tanto quanto eu, neste vídeo André comenta com um amigo como a menina se jogou em cima dele. Ele parece ser um escrotossauro (a meu ver, mais pelo que fala da esposa do colega do que pelo que fala da garota). Mas nesta cena em que Leila se declara a ele, eu gostei da resposta dele.
Nesta parte Júlio, o pai (Marcelo Valle), descobre que André tinha saído com a filha. Aqui, o pai chama a filha de vadia e recebe um tapa (gostei! Em geral é o patriarca que espanca a filha, e o público aplaude). E aqui, Leila acaba saindo de casa. Agora que você já está a par de tudo, leia o depoimento e as dúvidas de Aurora, que eu volto no final.

Aurora: Esta semana tivemos um jantar em família pra apresentar o namorado novo da minha prima. Eis que em certo ponto da noite, depois de toda a comilança, restam apenas as mulheres e o convidado na mesa. Começa a novela das 9, e logo estamos todAs engajadas numa discussão sobre os últimos acontecimentos da trama.
Talvez você não veja novela, então vou apresentar a situação bem por cima: Uma jovem vive frustrada por não se realizar sexualmente. Em busca de prazer, se joga nas baladas e começa a sair com vários caras, tudo sem compromisso nenhum. A casa vem abaixo quando o pai (que acredita piamente naquela história de mulher que transa é vagabunda) descobre que ela transou com dois colegas de trabalho dele. Como ele descobre? Do pior jeito possível: está numa mesa ouvindo os colegas falarem "horrores" de uma garota e, papo vai, papo vem, ele liga os pontos e percebe que a filha dele é a mulher em questão. Há um tremendo barraco e sequências com o pai em casa, dizendo que não criou a filha pra ser uma vadia e chorando horrores pela decepção gigantesca.
Eis o nosso diálogo na mesa:
Tia: Vocês viram que horror ela aprontou com o pai?
Mãe e prima: Ah, é, foi horrível!
Eu: Tá, mas e se a filha na verdade fosse um homem? Tipo, é o cara que sai pra balada toda a noite e passa o rodo. Será que seria a mesma coisa?
Tia, rindo nervosa: Ah, mas é diferente... Ele é PAI... Ela é filhA... E ele teve que ouvir aqueles caras falando dos detalhes...
Eu: Ela é maior. Trabalha e se sustenta e--
Mãe: Ela quer dizer que é diferente o sentimento...
Tia: É, filhO tanto faz, mas filhA o pai quer proteger... blábláblá...
E aí elas me encurralaram -- eu nunca tive um pai, não entendo nada disso. Olhando de fora me parece um argumento machista (sexo é sexo, pô. Porque se a filhA faz sexo ela corre perigo, e se o filhO faz sexo tanto faz? Se o pai tivesse ouvido meninas comentando que o filho dele é bom de cama, ou que é galinha, ele ia pra casa chorar?).
Me parece que a questão é cultural, e não simplesmente um instinto protetor que naturalmente só se aplica a meninAs. E me parece muito, mas muuuito errado perpetuar essa coisa de que "sim, papai te trata diferente, mas você devia ficar feliz, isso é porque você é especial! Na verdade, seu pai se importa mais com você do que com seu irmão! Não, ele não vê sexo como algo diferente pra vocês dois! Sexo realmente É perigoso PROS DOIS, mas o caso é que ele tá é se lixando pros riscos que o seu irmão corre! Ele só quer saber de proteger a menininha dele!". Tava todo mundo emocionado e feliz na mesa dizendo que um pai trata uma filha "com mais carinho".
... e eu boiei, porque não sou pai nem nunca tive um.
Não se trata de "vencer" o debate. O negócio é que eu fiquei intrigada. E óbvio que a primeira coisa que me veio à cabeça foi o Escreva, Lola, Escreva...
Então lá vai: É possível aplicar conceitos como feminismo e/ou machismo à família? Se sim, como a ótica feminista vê uma relação pai-filhA? Até que ponto se questiona a "espontaneidade" dos sentimentos afetivos? Até que ponto a sociedade influencia o que se passa dentro de casa?
Além disso, tem outra questão: Na novela, é clara a intenção do autor de levantar o debate. Pelo menos a meu ver, até aqui a história se mostrou a favor da menina, levando pras pessoas a noção de que está tudo bem a mulher ser sexualmente independente. Mas não é bem assim que o povo está recebendo -- lá em casa todo mundo interpretou como "o retrato da desgraça de um pai", não como "o tratamento diferenciado que uma jovem tem que enfrentar". Será que não dava um post?
Se fosse um filhO, seria o mesmo? Sim? Não? Por quê? Quero focar na reação dele em relação à filha estar "falada". Essa "proteção" é questionável ou não? Ele é retrógado, ou todos os pais são assim? Quando a filha tenta argumentar que é maior, independente, etc, por que ele não escuta? Pais se revoltam quando os filhOs vão pra cama com meninas... hã... qual o feminino de cafajeste? Ah, você entendeu. Pais brigam pra defender a honra sexual dos filhOs? Etc, etc, etc. A novela foi só um gatilho pras minhas dúvidas.

Euzinha de volta, respondendo apenas a algumas das perguntas (o resto eu deixo pra você nos comentários): Lógico que a reação dos pais seria diferente se a filha em questão fosse filho. Não consigo imaginar pais destruídos com a honra do seu filho, por ele “estar passando de mão em mão”, falando coisas horríveis sobre sua sexualidade! É só comparar: o que de horrível pode ser dito da sexualidade de um cara? Que ele broxa? Que ele goza rápido demais? Que ele tem o pênis pequeno? As opções acabam aí. (Ah sim, que ele -- o horror, o horror -- é gay!). É só lembrar quantos termos pejorativos existem pra descrever a sexualidade de uma moça: vadia, vagabunda, piranha, galinha, vaca etc etc (desculpe, meu vocabulário é meio limitado). Uma mulher não precisa fazer nada pra ser chamada de vadia. Basta ser mulher. É aquela velha história que só homem gosta de sexo, que mulher tem que se dar o respeito ― e só transar depois de casada, imagino. Quantos parceiros uma mulher precisa ter na vida pra ser taxada de promíscua? E os homens? Cadê a igualdade neste cenário?
Se a gente realmente quiser mudar a sociedade e acabar com a desigualdade entre os gêneros, é primordial que paremos de educar filhas e filhos de forma tão diferente (leia um excelente guest post sobre isso). Aquela ladainha: a menina tem que cuidar dos afazeres domésticos enquanto o irmão fica jogando videogame, o menino pode sair à vontade enquanto a irmã tem hora pra voltar, o menino tem sua curiosidade sexual valorizada enquanto a irmã deve se envergonhar. Nada disso é natural ou biológico. Ninguém nasce assim. A gente aprende.
Claro que, enquanto vivermos numa sociedade tão desigual, é compreensível que os pais se preocupem mais com a filha adolescente que com o filho. Dificilmente um senhor ou sua assistente chegarão pra um menino e dirão que, se ele sair com o velho, ganhará coisas (como aconteceu comigo com 12 ou 14 anos). Quando uma jovem engravida sem querer, sobra pra ela. Existe também a ameaça do estupro, da violência sexual. Sem dúvida, é um mundo perigoso pras meninas (e pras mulheres). Mas o pai da novela não está preocupado com nada disso (tanto que ele expulsa Leila de casa, onde ela estará mais desprotegida ainda). Ele só condena que ela esteja sendo "comentada". Seu lamento é com a sua honra ― a honra dele, como pai. Ele está chateado porque falam da sua filha, sua propriedade, com desdém. E isso é de um machismo ridículo e inaceitável nos dias de hoje.
O único “crime” de Leila é não ser mais virgem e ter transado com mais de um. Isso aos 19 anos! Em outras épocas, se Leila fosse menino, o pai, constrangido com a virgindade do filho, o teria levado a um prostíbulo. Aqui, ele expulsa Leila de casa. Que venham me falar de igualdade!

64 comentários:

Nathália. disse...

Maravilhoso o post, Lola!
Principalmente o último parágrafo, quando argumenta sobre o homem virgem e o prostíbulo.

Lane disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lane disse...

Esta novela é machista, classicista e elistista. A forma como ele diferencia pobres e ricos é bastante conservadora. Nela os ricos são pessoas bonzões, inteligentões, descoladões e fodões e que nunca sofrem, mesmo quando são maus. já os pobres sempre sofreram, passaram agruras na vida, comeram pão com manteiga, foram estruprados e passaram todo tipo de necessidade, chegando até mesmo a justificar seu maus- caratismos com este "sofrimento" e reforçando a idéia de que ninguém é feliz sem dinheiro.

Com as mulheres a única mais feminista é a Leila, as outras mesmo sendo aprentemente feministas, ou seja,modernas, bem-sucedidas, se precupam com seu trabalho, inteligente e liberadas sexualmente elas no fundo tudo que querem é ter um grande amor e ser mãe e por isso fazem tudo para tê-lo, reforçando o mito do principe encantado e do amor materno, àqueles que dizem que no fundo toda mulher apesar de ser moderna, racional e inteligente quer um homem e ser mãe, legitimando a idéia de que a mulher não é feliz e completa se não tiver ambos ao seu lado.

Sheryda Lopes disse...

Perfeito. E tão óbvio, né? Porque ainda existe tanta dificuldade em entender isso?


Quando eu era adolescente e namorava sério com um garoto, meu pai veio me dizer que se eu me mantivesse virgem, no dia em que eu encontrasse o homem com quem iria casar esse homem se sentiria especial. Minha virgindade seria um presente para ele. Isso em pleno 2003! Eu respondi que minha vagina não era presente para ninguém, que meu corpo era meu e que no dia em que eu quisesse transar, eu não iria ligar p meu pai nem p minha mãe pedindo permissão. E que se algum dia resolvesse casar e o cara me achasse inferior porque não seria mais virgem... Bem, eu jamais iria querer casar com um babaca desses.


E aí meu pai ficou boquiaberto e nunca mais pronunciou a palavra "virgindade" na minha frente. hehehe.

Gizelli disse...

Vale lembrar também que na trama os pais dela são extremamente conservadores, especialmente a mãe. Que não apenas repudia o comportamento da filha, como o envolvimento dela com um negro.

Eu assisti a essa cena da expulsão ao lado da minha mãe. E enquanto me choquei com o fato do pai chamar a filha de vadia, ela se chocou com o tapa que o pai recebeu. Ficamos na mesma discussão, pessoalmente, acho que o tapa doeu menos do que ouvir o próprio pai te chamar de vadia.

André disse...

A pergunta é se eu chegasse no trabalho e um monte de mulheres de meia idade estivessem contando vantagens e detalhes sórdidos de como se aproveitaram de um pós-adolescente, e esse fosse meu filho? Claro que uma porcentangem vergonhosa de pais ficariam orgulhosos do filho garanhão, mas creio que a maioria ficaria chateada, e uma minoria expulsaria o(a) filho(a) de casa.

Lud disse...

Então: o irmão de uma colega de trabalho quer ter um "relacionamento aberto" com a namorada - mas aberto só pra ele. A tese do rapaz é que homem é capaz de separar sexo de sentimento.
O engraçado é que o moçoilo não percebe que, se ele fizer sexo casual, ele vai estar fazendo sexo casual com MULHERES. Uai, mas as mulheres não eram incapazes de separam sexo e sentimento? Então como é que ele vai arrumar parceiras? Dá pra perceber que o raciocínio dele não tem pé nem cabeça?
Eu juro pra vocês que já li no site da revista Cláudia: "Os homens, por questões culturais e biológicas, fazem mais sexo do que as mulheres." Só se for entre eles mesmos, né, cara pálida? (Nada contra, aliás.) Mas, se para o sexo heterossexual é necessário um homem e uma mulher, então todo mundo tem de descer pro play pra brincar.

Experiência Diluída disse...

Lola , você fechou o texto de maneira sensacional, claro que não iriam falar nada se o rapaz é que fosse o personagem da história, agora como é mulher, nada de sexo... Ainda bem que não assisto essa novela, fiquei horrorizada em saber da propagação de mais uma crueldade contra a mulher, espero que no final o quadro se inverta e algo possa ser ensinado disso tudo...

Rogério Santos disse...

Uma amiga minha disse certa vez que o pai dela sempre foi um safado de marca maior, um homem da pior espécie. Teve dois filhos antes de casar com a mãe dela (filhos esses que ele nunca procurou saber se estavam bem ou mal, sadios ou doentes, vivos ou mortos); tinha casos extraconjugais a três por dois; batia na mãe dela e a tratava pior do que cachorro em alguns momentos (tanto que a mãe dela já foi obrigada a fugir de casa para não ser assassinada); marcava encontros com as mulheres que conhecia pela rua na frente da mãe dela e não fazia a menor questão de disfarçar, mas sempre disse a ela que homem não presta, que homem não vale nada, que ela tinha de trabalhar para ter o dinheiro dela e não depender de homem nenhum.

Além disso, ele a proibia terminantemente de fazer qualquer serviço doméstico porque, para ele, mulher aprende a varrer, lavar, passar e cozinhar para ser escrava de homem. Desnecessário dizer que ele não fazia p... nenhuma dentro de casa, pois em casa que tem mulher, homem não lava um copo.

Ou seja, ele sempre fez isso com as filhas dos outros, mas nunca quis que os outros fizessem a mesma coisa com a filha dele. Com as filhas dos outros, pode, pois elas são tudo um rebanho de putas e descaradas, mas com a filha dele... ai do desgraçado que se meter a besta!!!

**Leny** disse...

É apenas o terceiro post do seu blog que eu leio...e já virei fã!
Você retrata bem o que é a desigualdade entre os sexos ainda muito diferenciada no mundo hoje.
Dizer que homens e mulheres são iguais ainda fica só no papel e, infelizmente, uma futura longa realidade.
Excelente post! A partir de agora, leitora assídua de seus pensamentos! rsrs

Caroline Cardoso disse...

Tenho acompanhado a novela em questão e vejo que a forma como o autor coloca a personagem Leila é bastante delicada. Acho que representa, sim, o que a maioria de nós, meninas, passamos quando adolescentes.

Lembro-me da crise que foi pra minha mãe eu dormir na casa do meu primeiro namorado: "Ai, os vizinhos estão falando..." Danem-se os vizinhos!

Acho que, no fundo, minha mãe teve uma criação machista, eu tive uma criação machista e a maioria das garotas também têm. Então, isso é bem arraigado, é difícil desmantelar. Acredito que apenas por meio do conhecimento e do desenvolvimento de um pensamento crítico a respeito é que poderemos mudar essa cultura. Não há como permanecermos assim em pleno século XXI! Para isso, essas questões têm de vir à tona, ser discutidas até as últimas consequências.

Eu, particularmente, não gostei do tapa que Leila deu na cara do pai. Achei desnecessário. Acho que violência física não deve ser incentivada de jeito nenhum na TV. E entra em questão a autoridade do pai, pois, queira ou não, nossos pais são autoridades. Ele foi estúpido, histérico e machista? SIM! Mas isso não dava o direito de Leila agredi-lo fisicamente. Nem ele a ela, obviamente.


Só para apimentar mais a discussão: ontem vi uma matéria sobre o kit gay. As pessoas nas ruas foram entrevistadas após verem o vídeo do MEC. Obviamente que o MEC pecou em ter investido rios de dinheiro num produto duvidoso, ainda sem previsão de uso, enfim... Mas fiquei chocada com as reações do povo nas ruas! A mídia, claro, manipula, mas os pais tinham reações negativas ao extremo: "Jamais quero que meus filhos vejam isso na escola!"; "A juventude já está tão perdida!" Aff!

As pessoas têm uma cultura machista e preconceituosa muito arraigada. Mas, pasmem, um rapaz homossexual foi entrevistado e se disse totalmente contra, porque, na concepção dele, levar esses vídeos para a escola elevará o bullying que os gays sofrem e tals.

GENTE, esse assunto precisa ser mais discutido, viu?! Escreva Lola Escreva precisa falar mais sobre isso, plis!

Atitudes machistas e preconceituosas são realmente difíceis de desmanchar, desconstruir, enfim...

Vamos tentando! ;)

Ana disse...

Rogério, já vi uma situação parecida. Tenho uma amiga nascida de uma relação paralela do pai. Ele teve duas filhas com uma mulher enquanto ainda era casado (aliás, acho que nunca se separou) e fica passando o maior discurso moralista pra filha dele, de que mulher que faz sexo é vagabunda, que tem que se dar ao respeito, que ele morreria de vergonha se soubesse que ela faz isso. Hipocrisia é foda!

Sobre o caso da novela (que não assisto, então falo baseada no post), o pai parece não se irritar com o papo dos caras enquanto não sabe que a filha é dele. Então, tudo bem falar de uma mulher nesses termos desrespeitosos desde que não seja sua propriedade? A falta de respeito não está na ação da filha está na fala dos caras, eles que criam essa imagem de vagabunda pra ela. Eles é que deviam respeitar a mulher que fez o favor de ir pra cama com eles (favor sim, pq ninguém merece homem machista!). É sintomática a reação do pai de se indignar com a filha e não com o discurso dos colegas de trabalho, se não fosse a filha dele era capaz de ele engrossar o coro de "vadia".

Raíra disse...

Na adolescencia ouvi meu pai me chamar de vagabunda, puta, entre outros adjetivos, e me bater com o cinto, por ter descoberto que havia perdido minha virgindade com o meu namorado. Ele ficou meses sem conversar comigo, ou olhar pra mim, minha mãe esteve de acordo com tudo isso. Nunca consegui imaginar dar este tapa no rosto dele, com certeza eu teria apanhado muito mais. Hoje em dia, meu pai é um pouco diferente, e para não ficar brabo, prefere ignorar minha sexualidade.
A minha sexualidade, hoje em dia, me orgulha muito. Mas por muito tempo foi um trauma.

Niemi Hyyrynen disse...

Lola sensacional o post! Não vou comentar sobre pq vc ja disse tudo, mas vou deixar apenas um relato de uma conversa que aconteceu na minha família com essa temática.

Meu pai em uma reunião de família teve a escrotice de reclamar que pra ele era muito dificil manter a 'integridade' de duas filhas mulheres, uma então morando longe deixava tudo mais dificil.

Ele ainda pisou mais na jaca quando disse que se sentia amargurado pq de consumidor tinha virado fornecedor (que nojo que eu fiquei nessa hora! ouvindo isso do meu pai!)

Dai a minha irmã respondeu pra ele que se ele acreditava tanto assim nessa lógica de mercado, deveria cortar o proprio saco, assim não correria mais o risco de fornecer mais nada, ou então estaria libertando as suas filhas de honrar um troço que não tinha tanta importância assim.

Todos ficaram de olhos arregalados, mas meu pai nunca mais falou essas baboseiras.

Gabriela Galvão disse...

Licença, Lola. Vou dar o linqe do meu post sobre isso, ça va?

http://mgabrielagalvao.blogspot.com/2011/05/puta-piranhagem.html

(Mas nossa, se a gente for pontuar tudo que é cena machista, são centenas diariamente. Eu estava vendo um qadro do programa do Luciano Huck que transforma casa... Lar Doce Lar -eu gosto d ever esses trem, confesso. Sim. Aí a lavanderia: 'Para as meninas cuidarem das roupas. E os meninos ajudarem, claro.' Bonzinho ele, né? Ou: tão justo isso, ñ? Olha... Tem coisas de mebrulhar o estômago. Mas sabe, ñ estou mais tão sensível. Ou mudei o jeito de lidar com isso. E que bom que foi assim.)

Mérci, Lola.

Beijos.

caso.me.esqueçam disse...

ô, de forma alguma o pai que diz que a filha deve fazer isso ou aquilo esta tentando protege-la. esse comportamento tem muito mais a ver com machismo do que com protecao.

lola, meu pai é tao delicado quanto uma porta. la em casa somos quatro filhos: meu irmao, eu, outro homem e uma menina. meu irmao mais velho sempre fez o que quis e eu sempre tive que mentir pra fazer o que eu queria. ele ligava pra casa pra avisar que ia dormir na casa da namorada. se eu tivesse feito isso alguma vez na vida, receberia um murro na certa! meu pai ja me bateu por causa das minhas AMIZADES masculinas. agora ja imaginou? meu pai chegar em casa e bater no meu irmao porque ele foi pra casa de uma amiga? jamais!

ja escutei uma vez, depois de uma visita de um amigo da escola: "seu amigo chega aqui e voce vai feito uma cadela abanando o rabo pra ele". eu posso estar enganada, mas eu nao interpreto isso como sinal de protecao. mas talvez eu seja soh inocente e meu pai mesmo é que tah certo em assegurar minha honra com tamanha violência. mas eu nao posso saber, afinal, eu sou somente uma mulher. :)

caso.me.esqueçam disse...

ah, e pra que ninguem diga que essa "proteçao" eh algo inerente ao papel paterno e que nao da pra ser de outro jeito: aqui na frança, moro tambem com um casal. a gente tava conversando justamente sobre essa coisa de levar o namorado pra casa. a menina disse que os pais dela nunca se importaram com isso. e que na primeira vez em que o cara foi dormir na casa dela, o pai chegou pra ela no dia seguinte e perguntou se o menino tinha "un bon cul" hahaha

Mya disse...

É um machismo sem fim. Parece aquela história do estupro, é culpa da mulher que não se cuida, não se dá ao respeito. É culpa da mulher ser falada de forma tão depreciativa porque os homens, coitadinhos, não conseguem se segurar. Vão humilhar a mulher que aparentemente não tem um proprietário que a segure e, consequentemente, o próprio por não fazer o trabalho direito. Humilhar mulheres que não fizeram nada mais do que eles é socialmente aceitável, até normal. Deprimente.

Anônimo disse...

eu sou privilegiada. meu pai nunca agiu como um boçal e, nas poucas vezes em que esboçou comentários machistas, minha irmã e minha mãe - e principalmente eu - caímos em cima dele. mas ele sempre faz comentários pra irritar mesmo, coisa do tipo "seu irmão fez 18, precisa de um carro" e eu: "pq eu não fiz né?" "mas vc é menina" aí eu começo o discuso feminista e ele ri satisfeito, como se não esperasse atitude diferente vindo de mim. :)

Nunca tive problemas em dormir na casa do meu namorado nem nada disso. Mas nem por isso escapei de ouvir absurdos machistas em reuniões de família, especialmente isso de "fornecedor", ou "mulher bonita é que nem melancia, ninguém come sozinho" SEMATA. Ouvi essa na casa do tio do meu namorado, foi um primo dele quem disse. Era a primeira vez que eu ia lá e fui a única que não ri. Aí meu sogro disse "não ri não que vc é bonita" e eu respondi "sogrão, uma coisa que você não vai me ver fazendo é rir de piada machista". Espero não ter sido mal educada.

Sobre a cena na novela: claro que a reação seria outra se fosse o filho. isso é tema pacífico. claro também que a Leila não fes nada de errado, exceto, na minha opinião, ter dado um tapa na cada do pai. Não pq é o pai dela, pq pra mim, merece respeito quem te respeita, mas porque é algo tão baixo de se fazer e ela poderia ter dito tantas coisas que seriam muito mais impactantes...

Bom, parece que, na sequencia, o pai irá atrás da filha pedir pra ela voltar. Ela volta pra casa.

E tem também a outra filha. Essa nomora e é toda certinha. Acontece que transou com o namorado e o vídeo da transa chegou na mão do pai. O discurso foi o mesmo "minha filha é uma vadia". A menina responde que é maior e só transou com o namorado; o pai pergunta "mas precisava fazer um vídeo?!?!?" E a moça não sabia de nada, foi vítima. Quando o pai descobre, fica do lado dela, trata como vítima que foi. Menos mal.

Fernando Borges disse...

Poxa, é uma questão cultural.
Da mesma forma que um menino não quer saber da vida sexual da própria mãe, um pai não quer saber (em detalhes) da vida sexual da própria filha.
Se eu fosse pai e visse dois homens falando dessa forma (na verdade não assisto novela, mas pelo o que você disse dá pra ter uma idéia)da minha filha eu ficaria muito fulo da vida e com certeza iria querer tirar satisfações.
Agora eu jamais expulsaria minha filha de casa por um motivo desses e nem brigaria muuuuito com ela...
Poxa, independente de ser homem ou mulher, é muita sacanagem fazer sexo com funcionários(as) ou colegas do(a) próprio(a) pai(mãe).

Anônimo disse...

AH, esqueci de falar: ninguém comentou da atitude imbecil do André (lazaro Ramos) e do seu coleguinha igualmente imbecil, de ficar comentando sobre uma mulher do jeito que eles comentaram. Deve, claro, ser chatou ouvir dois caras falando de alguém que você ama como se esse alguém fosse um objeto. O problema é quando você ouve isso e fica indignado não só com os caras, mas com a pessoa tbm, e chama essa pessoa de vadia.

Kaká disse...

Ótimo post Lola!

No caso da novela, acho a mãe pior que o pai. O pai chamou a menina de vadia, levou o tapa na cara expulsou, mas depois ele foi lá (contra a opinião da mãe que queria a menina fora de casa), pediu desculpas e pediu para ela voltar para casa. A Leila disse que "volto par casa porque amo vocês, mas trabalho, ganho meu dinheiro e o que eu faço da porta para fora é problema meu". Ele aceitou, mas a mãe não, ainda reclama da filha. A mãe acha que as filhas tem que casar com homens ricos, que as sustentem (é quase uma mãe de Anos Dourados).

Na mesma novela tem outra personagem, a Bibi, que sai com vários homens, gosta de ter prazer, é esperta, mas como ela é caricata ninguém presta muito atenção no que ela faz (eu acho).

Fernando Borges disse...

Nossa, ela deu um tapa na cara do próprio pai???
Li isso agora nos comentários...
Já caiu no meu conceito... Acho que nesse ponto eu sou meio conservador; acredito que existe uma hierarquia sim e que mesmo que a menina não se submeta às vontades do pai, ainda assim acho que agredi-lo é ultrapassar muito as barreiras.
Ele não devia tê-la chamado de vadia, realmente, mas isso não é justificativa para o tapa. Se fosse qualquer outro homem, aí sim...
Acho que essa cena foi feita apenas para chocar o público.

Fernando Borges disse...

Nossa, ele voltou e se desculpou???
Tô parecendo minhas tias comentando novela rs
Eu faria ela comer o pão que o diabo amassou até aprender a nunca bater no pai.
Claro que eu nunca a teria chamado de vadia, mas enfim...

Anônimo disse...

Lolita, bem colocado! O pai em questão está exclusivamente preocupado com a honra DELE! E eu diria que os demais também, ao menos em grande parte.
Beijos,
Olhar

Daní Montper disse...

Ainda bem que ninguém vê essa novela lá em casa, todo mundo acha um saco as novelinhas da gRobo.

Para mim é bem óbvio que isso é puro machismo, vejo pelo meu irmão que é todo cheio de coisa com a minha sobrinha, mas não com meu sobrinho. A menina precisa de mais proteção e o menino tem que aprender a se virar desde cedo, ele disse...

Ainda bem que eles têm a mim `-´

Anônimo disse...

dgente ixcrivi tudo errado - é a pressa, espero que tenham entendido, afinal, era essa e apenas essa a intenção.

Martha disse...

" É sintomática a reação do pai de se indignar com a filha e não com o discurso dos colegas de trabalho, se não fosse a filha dele era capaz de ele engrossar o coro de "vadia"."[2]
Acho que só faltou esse comentário no post. =)

Anônimo disse...

Muita vela de boa cera desperdiçada com um péssimo defunto...

elen mars disse...

machismo puro, eu li essa noticia no site do yahoo e varios comentários, a maioria dizendo q ela n vale nada e q o pai era coitadinho,q a familia é destruida pq ela deu um tapa na cara dele.

pq é aceitável q os pais espanquem seus filhos e o contrario n?
n q ache certo violência,mas pq essa cultura nojenta de q os pais podem fazer o q bem quiserem com os filhos e nós temos q aceitar calados?

já cheguei a ouvir q um adolescente n pode reclamar de nada,pq os pais n o abandonaram como muitos fazem,nossa !
já q fizeram o favor de n jogar a crinça no lixo,podem tratar do jeito q bem entenderen.

q direito e q moral aquele personagem tinha de chamar a filha de vagabun,da ,se provavelmente ele é milhões de vezes mais "rodado" do q ela?

ele pode humilha-lá pq é pai?eu achei é bem feito o tapa na cara!
se fosse comigo,eu acho q n chegaria a bater,mas xingaria muito.

enquanto isso,meu primo ganha de aniversário a ida a uma prostituta e ainda sai dizendo q ela é va.dia,como se ele fosse muito melhor do q ela.

Luciana disse...

Ao meu ver, o 'crime' de Leila é transar com os caras não em busca de satisfacão sexual ou mesmo o prazer de uma companhia masculina, mas o fato dela fazer isso pra chamar atencão de André. E foi isso que o pai dela ouviu lá pelo trabalho, que ela faz pra ver se André dá bola, se descola mais uma noite de sexo com André, que ela se arrasta atrás dele zanzando pela noite carioca.
O pai na verdade expulsou ela de casa porque ela deu um tapa na cara dele durante uma discussäo, mas inclusive já chamou de volta.

O pai em questão pode ser um pouco machista, mas a machista mesmo na família é a mãe, essa sim diz pras filhas manterem a virgindade como troca em um casamento, que se elas não forem puras não farão um bom casamento com um bom partido, entre outras coisas horripilantes.

No início achei que Leila iria inovar, seria uma mocinha moderna, independente, batalhadora e liberada sexualmente, mas o que veio a ser foi uma perseguidora do tal 'gostoso' da novela, André, o comedor.

Outra que poderia ser uma mulher moderna, liberada, dona da sua vida sexual, era Bibi, mas as falas dela são cansativas, mais parece uma doente alienada do que uma mulher dona do próprio destino.

Outra cena que me enojou foi Fagundes dizendo que deveria dar umas boas palmadas em Carol (Camila Pitanga) durante uma discussão de trabalho, e depois se beijam.
Quem escreve a novela deve ser homem e antiquado.

Você não está perdendo nada.

Aoi Ito disse...

Esse assunto me dá muita vontade de chorar, essas cenas... Minha família é bem conservadora e minha mãe não queria nem que eu arranjasse a pílula, nem pra regular minha menstruação e cólica terríveis. Meu pai não deixava eu e meu namorado sozinhos no andar de cima da casa. Meu pai tem aquela de que ele é um cara ótimo, já que não fuma, não bebe, não joga, que nem outros pais. Grita comigo, diz que eu não sei de nada, diz que eu quero ser rebelde, diz que eu tô incitando ódio, e ai se eu falar alguma coisa pra ele.

Quanto ao tapa: OK, violência não é boa, mas, sério, e daí? A pessoa que supostamente te ama e te protege incondicionalmente tá te xingando sem fim, botando seu mundo abaixo, gritando contigo, te humilhando, ele não vai te ouvir, o que você faz? Eu acho que a reação dela foi bem humana sim, mais sincera e mais dela que se ela tivesse simplesmente falado um discurso sobre a sexualidade feminina. A dor dela tá aí: O único jeito dela fazer parar é assim. Ela foi empurrada a ponto de dar um TAPA na CARA do próprio PAI. Imagino por que dar um tapa é ultrapassar as barreiras mais que xingar sua filha de vadia e humilhá-la a esse ponto. Violência não é certa, mas tá explicada e acho que não teria jeito melhor de fazer a cena.

Sei lá... Tem vezes que a pessoa tá tão ferrada que o único jeito que encontra de lutar é a violência. Lembro das minhas épocas que sofria bullying. Nunca consegui ignorar, nunca consegui "fingir que não acontecia", nunca consegui chamar diretora e professora pra ajudar, NINGUÉM ia me levar a sério se eu falasse que tava errado e era injusto. O jeito que eu achava para sobreviver ao dia-a-dia de ameaça de espancamento e estupro (isso numa quinta série, jésus) era bater nos garotos que me zoavam. Eu fiz errado? Tinha outro jeito, pra uma criança de 9 anos que não se encaixava nos padrões de gênero e tinha vindo de um espancamento prévio em outra escola? :/

"Be careful about tormenting sweet little things, though — sometimes instead of breaking, they snap." :)

Sabrina disse...

Eu, que cresci com três irmãos (dois mais velhos e um mais novo) vejo essa desigualdade dentro de casa. O que é cultural é tratado como algo natural. Ninguém questiona.

Acontece que quando mostro como a liberdade dos meus irmão é maior do que a minha, ninguém para para refletir, pois logo argumentam que a mulher corre mais perigo na rua, sendo necessária essa proteção maior.

Meu pai também nunca foi presente, quem pregou isso sempre foi minha mãe. Quando rebato que não aceito o argumento de que 'meu irmão pode porque ele é homem', ela ri.

Trata-se de uma questão cultural que foi naturalizada na sociedade. Mudar isso ainda vai levar muito tempo, pois é um pensamento que permanece impregnado na mente das pessoas desde o começo dos tempos. Parece que é algo que não depende só de nós mulheres. Também depende da abertura dos outros. E isso é o mais difícil de conseguir.

Parabéns pelo post, adoro seu blog!

Lucas disse...

Num mundo ideal, a reação do pai seria levantar e dar um esporro nos escrotos pela forma que eles tratam sem respeito nenhum de uma garota com a qual saíram.
E depois voltar pra casa e falar pra filha da próxima vez tentar escolher caras menos idiotas.

Mas também acho válido quem disse que ninguém quer saber da vida sexual da mãe, como nenhum pai quer saber da filha. Isso é um ponto, claro que incomoda. Mas não nos termos que a novela mostra.

Gabriela disse...

É a segunda vez que venho no seu blog, e a primeira que comento. Não podia deixar de registrar aqui que gostei muito, e o que você disse é o que penso também.
Nunca passei por uma situação parecida com a da Leila, pois tive sorte dos meus pais encararem o sexo com naturalidade. Isso me ajudou não só na parte sexual, mas também na vida pessoal. Quanto menos tabus e preconceitos, mais desencanados ficamos, e viver se transforma em uma tarefa fácil.

Um abraço

Jéssica disse...

Lolinha, eu sabia que vc ia falar disso aqui!
No dia que ví a cena do pai chamando a filha de vagabunda pensei "Isso ainda vai parar no blog da Lola".

Outro dia ouvi uma coisa do tipo. Estávamos eu e um amigo fuçando nos facebook's alheios. Eis que surge a foto de uma moça muito bonita. Esse meu amigo não hesitou em dizer "Ai, essa menina aí é a maior puta! Já deu prum monte de cara que eu conheço."
Lola, eu fiquei tão revoltada com esse comentário idiota. Daí perguntei: "Ah tá, mulher resolvida sexualmente agora é puta? E os caras que 'comeram' a moça, são o que? Uns garanhões, pegadores?"

Esse pensamento me enoja. A mulher não pode ser livre sexualmente. Tem que fazer sexo com pudores e ter em toda a sua vida um número restrito de parceiros, caso contrário é taxada de puta.
Enquanto os homens são livres pra sair por aí curtindo a liberdade sexual que lhes foi dada.

A TV ainda apoia esse tipo de pensamento. Essa novela, aliás, é cheia de clichês. A menina não quer fazer sexo pq prefere se guardar (e apoio a decisão dela), mas o namorado coloca a maior pressão pra ela 'liberar geral'. De tanto que ele insiste ela acaba cedendo, mas pq ele praticamente a obrigou a isso. Só que na novela colocam isso como uma coisa linda, uma prova de amor.

♪ ewerton M. disse...

Como quase sempre... SHOW! Ótimas conclusões!
O difícil é por na cabeça dos pais algo assim... Acho que nem daqui a 1000anos pais/homens vão vê com bons olhos colegas sues, ou qualquer outro homem dizendo que "passou o sarrafo em tal menina..." ou que... Essas coisas escabrosas que "nos homens, falamos..."
Mas a luta continua... E deve continuar.

:)

Potyra disse...

nunca tive isso com meu pai, a primeira vez que ele me viu beijando veio ZUAR com a minha cara, fiquei até desnorteada tipo (ma noffa ele não vai dar escandalo e tals?), já fiz bastante bobagem com relação a relacionamentos mas ele nunca se intrometeu, depois de ter feito bastante besteira como eu disse eu fui aprendendo o que queria, amadurecendo e posso afirmar com toda certeza que tenho um relacionamento saudável com todas as chances de sucesso, acho que se não tivesse me ferrado tanto não teria desenvolvido os princípios que tenho hoje

Lucas disse...

Talvez cheguemos mais perto de encarar essas coisas com naturalidade no dia em que os próprios homens pararem de se referir ao sexo com outra pessoa desse jeito citado.
Mas é um looooongo caminho.

dhriade disse...

Agora lembrei de uma máxima que já ouvi por aí algumas vezes, algo como que as mulheres estão querendo agir como homem, como se a mulher quisesse ser o que ela não é, sexual.
E logicamente que vi isso ser proferido tanto por homens quanto por mulheres.

Melissa Fernanda disse...

O principal problema aqui é que lidamos com valores morais definidos por uma sociedade machista e não temos voz para mudá-los. Eu si bem o que é isso, sou de uma cidade muito pequena e lá esses valores são potencializados, a novela tem muita influência na vida daquelas pessoas, mas só influencia no que diz respeito a eles, para argumentar seus pontos de vista ignorantes. escute só um exemplo do cotidiano daquelas pessoas: na minha família sempre teve essa ideia de que homem pode tudo e mulher não pode nada. Meu tio mais velho engravidou uma mulher de família, meu avô deu dinheiro pra ele ir embora, minha tia ficou grávida e foi posta pra fora de casa, só retornando com um atestado falso de virgindade "grávida e virgem". Meu outro tio engravidou a empregada de 15 anos, antes de fugir pra outra cidade, combinou com seus amigos de todos dizerem que pegaram ela também, assim o filho podia ser de qualquer um. Ela ficou falada, teve que virar prostituta pois ninguém mas lhe dava emprego, e morreu de HIV. A criança era a cara do meu tio. Meu pai foi obrigado a se casar com minha mãe quando a engravidou, tentou fugir mas não deu. minha mãe foi traída muitas vezes, apanhava em casa quase todos os dias. Quando foi embora com outro cara todos a condenaram e chamaram de puta, e ficaram com dó do meu pai. Meu pai era bêbado e só aparecia em casa pra me bater por razão nenhuma. Um dia uma menina da cidade foi estuprada e todos falaram mal dela, assim, quando um vizinho me estuprou, aos 9 anos, não contei pra ninguém, por medo de falatório. Sempre fui falada por não ter família estruturada, quando arrumei um namorado, me trataram muito mal e me mandaram pra outro estado pra me afastar dele, porque ele era mulato. Me bateram quando eu fui visitar ele. Acabou o namoro. Me assumi bissexual, daí virei a lésbica da cidade, assim nenhuma menina mais falou comigo. Engravidei aos 17, fui posta pra fora de casa, tive que morar com o pai do meu filho, que se tornou um homem muito ciumento e me torturou moral, psicológica e fisicamente. Ele me largou porque eu pedi pra ele cuidar do nosso filho pra eu lavar roupa. Colocou tudo que eu tinha no lixo e disse que eu trai ele, porque eu disse que tinha me interessado por outro cara (afinal, estávamos separados). Ele me botou na rua com filho de 5 meses nos braços. Fiquei na casa de uma amiga que dividia apartamento com outras pessoas, após espalharem que eu "dava" pros caras que moravam com ela, tive que voltar pra casa do meu ex, onde apanhei. Não consegui meus direitos na justiça porque fui "mal vestida" na audiência. Minha família me tirou meu filho porque dizem que não tenho condições de ficar com ele. Moro na univeridade, porque sou estudante. Meu pai me dá 50 reais a cada 2 meses. Fui visitá-lo nas férias, ele tentou me bater na frente do meu filho, porque eu pedi reconhecimento por estar estudando. Ele me chamou de vagabunda, disse que sou igual minha mãe.
Enfim, essas pessoas são horríveis e se escondem por trás de de uma moral violentamente machista, infelizmente não podemos mudar isso, talvez um dia o autor da novela consiga mudar a cabeça ignorante dessas pessoas.

Daní Montper disse...

Nossa, gente, com tantos relatos de pais malditos, estou pensando que a melhor coisa que meu pai fez foi ser um ausente do tipo que roda o mundo e só aparece a cada dez anos para dizer "oi, lembra de mim?"

Sério, agora, meu pai sempre foi tranquilão, já minha mãe... ambos são machistas de alguma forma, mas minha mãe é o triplo de machista que meu pai. Foi por causa dela que me descobri feminista e fui revoltada na adolescência por ela sempre vir com o papo de que meu irmão podia tudo porque era homem. Porém, depois de uns anos a gente se acertou, mas até isso acontecer rolaram muitos 'barracos' lá em casa - minha irmã mais nova me agradece por isso, já que nossa mãe foi mudando de ideia por minha causa e foi menos rígida com ela.
Durante minha adolescência fui a ovelha negra da família, aliás, o era desde pequena porque não querer ser tratada como princesa, mas hoje todos dizem que sou mais responsável que meus irmãos e primos, que não esperavam por isso - vejam como são as coisas.

Anônimo disse...

pq desgraça pouca é bobagem.

Leandro Correia disse...

acho legal eles colocarem pais conservadores, no caso a filha está confrontando os pais pra seguir o que acredita. só falta ela se arrepender e voltar pra casa implorando perdão, aí seria muita sacanagem.

Bruna disse...

Os meus pais são um pouco machistas, eles tiveram atitudes bem diferentes com meu irmão (único homem e caçula)das que tiveram comigo e minha irmã. Mas não foi nada tão trágico, nunca houve violência e minha mãe não dá liberdade nem privacidade pra ninguém mesmo, nem pra gente nem pro meu irmão. Tenho certeza que eles tiveram uma criação bem mais machista do que deram para os filhos e eu quero dar uma criação ainda menos machista para os meus. Aliás, nada machista (não sei se vou conseguir). Eles mudaram a criação que tiveram, então acredito que as coisas vão mudando aos poucos, se a gente lutar.

Hailey disse...

Eu havia lido a declaração da atriz anteriormente; bom, eu não vejo a novela, mas se pelo o que eu sei ela sai com outras pessoas para chamar a atenção do outro lá, eu acho barra porque não deixa de ser sexista, é tipo centrado no cara, ela não tem autonomia sexual nem emocional, porque o faz em função do rapaz, e nesse sentido a personagem não tem nada de 'feminista' (como eu ouvi por ai dizendo). Para além disso, é "engraçado" essa cena do pai agredido porque descobriu que falavam da filha dele. (eu tb não vi a cena dele ouvindo os caras, mas imagino), porque em vez dele se condoer e chegar na filha tipo 'poxa se tá bem fulana, pq tem gente te escroteando' ou 'po aqueles caras são escrotos eles falam de vc objetificando e tal'. tipo dá um toque pra ela que ela está sendo escroteada por pessoas escrotas. mas não, esse pai não está nem um pouco preocupado com os sentimentos da filha, pq se tivesse daria um toque pra ela se valorizar e não fazer coisas em função de algum homem (ou pessoa).

Sara disse...

Lola, esse assunto é um tema que me traz uma revolta muito grande, já tive brigas homéricas com amigas e parentes minhas, por causa dessa historia.
Eu só tive filhas, mas tenho muitos sobrinhos e filhos de amigas, é inacreditável que nos dias de hoje, essas pessoas que supostamente são civilizadas tratem suas filhas como se estivéssemos na idade média.
É desconcertante a injustiça, para os meninos toda a liberdade e condições para isso, já para as meninas, todo o tipo de repressão, que infelizmente não vem só da mãe e do pai, como também dos próprios irmãos.
Amigas e parentes alegam que se eu tivesse meninos também agiria da mesma forma, mas não é assim aqui em casa, eu luto com unhas e dentes pela liberdade de escolha das minhas filhas, até mesmo contra o pai delas.
Mudamos-nos há pouco tempo, eu quis morar separada de meu marido, moramos em aptos diferentes, mas no mesmo andar de um edifício, minhas filhas dormem no meu apto, e a mais nova que tem 21 anos, trabalha e estuda, quis comprar com seu próprio dinheiro para seu quarto uma cama de casal, quando meu marido viu isso quase enfartou rrrsssss.
Todas as visitas que já viram a tal da cama de casal da minha filha, já falaram um monte de asneiras, que eu nem dei ouvidos, muito pelo contrario, sempre digo que acho que é direito da minha filha, fazer o que bem entenda de sua vida, desde que seja responsável por seus atos.
Mas quando vejo essas atitudes tão comuns em nossa sociedade, fico pensando, que ainda faltam anos luz de distancias de uma verdadeira igualdade de tratamento entre homens e mulheres.

Lorena disse...

Não sei... vim de uma família onde a desigualdade de gêneros não é uma questão, nem mesmo o meu avô trata as filhas de forma diferente dos filhos (guardadas as devidas proporções; claro que ele, um senhor de 75 anos, é machista em muitas das suas visões, não poderia ser diferente na idade dele), nem netos das netas. Tenho mtas primas que já foram morar com os respectivos namorados e meu avô acha a coisa mais normal. Meus pais, então! Não tenho irmãos, só uma irmã, mas tenho certeza absoluta que as regras que valem para nós duas também valeriam para um suposto filho. Sempre ouvi isso da minha mãe, desde que me entendo por gente. E também sempre ouvi, desde a minha adolescência, que caso engravidasse, nunca seria obrigada a me casar com namorado por causa disso, mas que era pra ser responsável com minhas relações e cuidar do meu corpo, me "preservar" (como diz minha mãe), porque filho é o menor dos problemas para quem tem vida sexual ativa.

O que eu quero dizer é que não compreendo esse mundo, esses pais que usam dois pesos e duas medidas. Como é possível uma família ter dois "códigos de conduta", um pai que ensina para um filho uma coisa e para filha, outra?? É muita contradição para a minha cabeça! Sei que isso é a coisa mais comum, que é assim mesmo que acontece... Mas dou graças, graças de ter uma família mais "mente aberta"...

Ághata disse...

...tô passada aqui de ver tanta gente falando de autoridade dos pais...
Quer dizer, então, que os filhos valem menos mesmo dentro de uma casa? Quer dizer que há uma hierarquia e pivetes tão na base de pirâmide?
...que deprimente, que ridículo.

Tem gente dizendo 'sou contra a violência' referindo-se ao tapa. E as humilhações não são uma forma de violência (psicológica, no caso)?
Concordo com Aoi Ito.

Outra coisa muito engraçada é essa de 'bom, ninguém quer saber da vida sexual da mãe como também não quer saber da filha' - ah, claro, porque nós, as filhas, iríamos gostar muito de saber da vida sexual dos pais, sabe? E dos nossos filhos também, por que não, né?
Noção mandou lembranças.

****

Nossa, Melissa... o.o
Não sei nem o que dizer depois de ler seu post...
Quanta desgraça...

Marilia disse...

Olha, eu acompanho a novela e realmente a menina não é independente assim, não. Ela é emocionalmente dependente do tal André. Tudo o que ela fez ao sair com outros homens foi para chamar a atenção dele.

Na verdade, praticamente todos os papéis femininos da novela são carregados de machismo. A menos machista é caricata e cheia de preconceito de classe (Bibi).

Engraçado como o autor é tão a favor do caso dos homossexuais e tão machista na construção das personagens.

E quanto ao pai, apesar de ele ser machista, ele já condenava o comportamento dos caras que falavam da menina. Não foi o fato de ser a filha dele que o deixou assim. Considerando a nossa sociedade machista, acho que ele foi rápido em se retratar com a filha. Mas nada justifica expulsá-la de casa!

Anônimo disse...

"Outra coisa muito engraçada é essa de 'bom, ninguém quer saber da vida sexual da mãe como também não quer saber da filha' - ah, claro, porque nós, as filhas, iríamos gostar muito de saber da vida sexual dos pais, sabe? E dos nossos filhos também, por que não, né?"


Sabe o que é, Ágatha? Mulher é propriedade da família... ou do pai, do irmão, até mesmo do filho!

O que fazem com o seu objeto incomoda, claro... pq é isso q nós mulheres somos...

Anna disse...

Meu namorado é cinco anos mais velho que eu. Começamos a namorar quando eu estava a alguns meses de fazer 17 anos e logo nesses primeiros meses de namoro a família dele me convidou para viajar de férias com eles - e eu achando lindo e legal ser tão bem recebida na família. Desde então eu passei a dormir na casa dele, no quarto dele (aliás, ele era o único na casa que não dividia quarto nem banheiro com ninguém).
Ele tem uma irmã que é dois anos MAIS VELHA que eu, e que ao ver que o irmão tinha o direito de dormir comigo no quarto, resolveu pedir permissão pra dormir na casa do namorado, recebendo um redondo NÃO da mãe. Ao perguntar "mas pq eles podem?" a mãe respondeu "cada um que cuide das suas"...

Fiquei me sentindo super mal por ser vista como um objeto com o qual o filho dela, na visão dela, podia fazer coisas que ela não gostaria que fizessem com uma filha. Não bastasse o absurdo de ver o sexo como algo unilateral, do qual apenas o homem tira proveito, ainda me colocaram numa posição de "desgarrada", que já perdeu o respeito mesmo...

E essa é só uma das histórias machistas que vivi na casa dele (onde ele é o único homem)...

Ana E. disse...

nunca vi essa novela, mas me lembrei de um "causo" de quando era adolescente:

todo mundo vendo novela na sala e passa uma personagem que todo mundo chamava de piranha e rodada. aí meu pai, vira pra filha da minha ex-madrastra e pergunta: "quando crescer, você vai querer ser rodada ou casar virgem". ela prontamente responde: "casar virgem!". aí ele vira pra mim: "e vc?"

e eu só sorrio :)

nunca mais ele falou nada sobre o assunto comigo e assim ficamos entendidos.

Kássia Cruz disse...

Como disse a moça, você fechou o texto de modo sensacional, Lola!
É incrível como nos deparamos no dia-a-dia com uma "cultura" tão machista e o tempo que isso veio se perpetuando, não?!
A novela é isso, é aquilo, mas acho interessante quando o autor cria esse tipo de situação para que em casa a gente tenha mais espaço para conversar sobre esses assuntos.
Adoro vir aqui todos os dias!

Aline disse...

Meu pai é realmente machista e não só: ele é preconceituoso, contra gays, religiosos, negros(detalhe: a mãe dele é mulata o pai português, o pai da minha avó é negro, a mãe dela italiana, loira de olho azul, minha avó é mulata, cabelo bem enrolado), índios, pobres(como se ele fosse rico).
Minha mãe tem seus preconceitos também(que estão mudando aos poucos), mas ela usava termos como "vassourinha".
Mas em uma coisa ela sempre foi igual comigo e com meu irmão: ela tem um ciúme desgraçado do meu irmão, eu namorei beeem mais que ele, mas nunca gostei de comentar, por vergonha, eu só falava vou sair com tal pessoa e não dava detalhes, quando eu era mais nova meu pai proibia, assim como proibia meu irmão de sair. Depois que comecei a trabalhar eu peitava ele e saia...

Já a minha irmã é bem mais solta, ela sempre saiu quando e como ela queria, com quem ela queria. Mora sozinha desde os 17 anos(foi fazer facul fora), eu só sai de casa aos 21.

Minha irmã está com HPV, meu pai não sabe, mas minha mãe sabe e está apoiando muito ela.

Meu irmão começou a namorar firme, minha irmã é muito ciumenta, mais que minha mãe e ela usa termos como vadia, pra falar da menina: eu sempre digo pra ela: Olha só, que diferença faz se ela saiu com vários caras, se saiu meninas, se saiu com mais de uma pessoa ao mesmo tempo? NENHUMA!!!! Você acha que ela vai trair ele? Por que? Por que ele tem menos chance de trair ele que ele trair ela? Uma vez que ele também saiu com dezenas de meninas?

Ai ela resmunga e volta a criticar a menina... Mas ela critica TODAS as meninas que já sairam com ele... uma é caipira, a outra é sonsa, etc...

Minha mãe disse que a mãe da tal menina é falada no trabalho, que meu pai trabalha com ela(cidade pequena é f***) e que todo mundo fala dela.

Eu disse: EEEEEEEE DAÍ???? Errados são os que falam, não ela...

Ai minha mãe para pra pensar... tenta rebater com um: Mas ela dá motivo... E eu digo: qual motivo? Se divertir? ser livre sexualmente falando? Cada um tem que cuidar da própria vida...

Mas é isso...

bjs pessoal.

lola aronovich disse...

Obrigada por todas as contribuições de vcs. Sempre ótimas! (e hoje na versão Sem Trolls. O que aconteceu?!).


Acho que me expressei mal quando disse que gostei da cena em que Leila dá um tapa na cara do pai. Sou contra violência, e não acho que o tapa foi legal. O que eu quis dizer é que, em geral, nas novelas, quem apanha é sempre a filha/mulher que “pecou”, e o público costuma achar que a punição foi merecida. O bom seria se ninguém batesse em ninguém, lógico.

lola aronovich disse...

Melissa querida, que horror tudo isso que vc contou! Enquanto eu lia o seu relato, só conseguia pensar num estudo recente do Hospital das Clínicas, da USP, que revelou que 70% das crianças vítimas de estupro têm como agressores seus pais ou padrastos. De cada 10 crianças estupradas (63,4% meninas, e todas com menos de 10 anos de idade), 4 foram estupradas pelo pai. 3 pelo padrasto. O terceiro agressor mais comum, 15%, é o tio. Vizinhos, 9%. APENAS EM 3% DOS CASOS O ESTUPRADOR É UM DESCONHECIDO. É estarrecedor. Imagina então como é numa cidade pequena como essa que vc narrou, Melissa, onde todo mundo se conhece... Minha solidariedade, querida.


Ha ha, Ana E., um sorriso fala mais que mil palavras, né? Adorei!

Gabriela disse...

Eu vi essa cena em casa, com minha mãe e uma amiga nossa (com idade
intermediária entre nós duas). No dia seguinte não lembro porque
começamos a comentar o assunto, e eu fui a única a defender a Leila.

O tapa na cara do pai foi chocante, sim, especialmente porque inverte a lógica de poder de pais-filhos, mas não achei exagerado. Concordo com a Aoi: foi uma reação espontânea.

Concordei com outro comentário que
ouvi, que foi uma gota d'água em copo cheio de uma relação já conturbada.

Voltando ao papo em casa, eu pensei que minha mãe e a outra achavam absurdo mais pelo tapa. Mas na realidade elas reprovavam todo o comportamento da moça. Eu fui questionando e as opiniões foram bem previsíveis: ela não deve sair dando pra todo mundo pra não ficar falada, normal o pai se chatear e ouvir aquilo... mas nenhuma crítica à escrotice dos caras de ficar falando assim de mulheres que saíram com eles (já que esperar uma crítica ao machismo que é taxar uma mulher de "rodada" seria demais).

Gabriela disse...

Completando: a idéia geral era "OK, os caras estão errados ao falar de uma mulher dessa forma - mas ela também poderia ter evitado se não expusesse tanto. Como não tem como saber se o cara é amigo do pai ou da família, o melhor é ela fechar as pernas mesmo, que além disso é o que moças direitas fazem".

Jáder disse...

Noossa! Por mais que estivessem os dois errados, eu é que não queria estar no lugar do pai da Leila. Meu Deus! Vagabundos dizendo que fizeram "isso" e "aquilo outro" com uma filha minha?! Francamente, Lola, machista ou não, qual o pai que iria gostar de ouvir isso?!

Mas compartilho da opinião do Lucas. Num mundo ideal, os dois vagabundos é que levariam uma boa sova e a filha ouviria uns bons conselhos a fim de que escolha caras menos idiotas. No mais, um pai não precisa ficar sabendo de tudo o que rola na vida sexual de sua filha.

Caroline Cardoso disse...

Gente,

violência é violência e ponto! O pai foi violento, a filha foi violenta. Violência é agredir verbalmente, é humilhar com palavras, é invadir o espaço do outro, enfim. O tapa que ela deu na cara dele foi a violência que ela usou pra revidar a violência que sofreu. Mas é violência. Os dois erraram feio! Isso acontece diariamente. Não só entre filhos e pais, mas entre casais também. Veja o caso ridículo do assassino confesso da jornalista Sandra, o tal Pimenta Neves - PURO MACHISMO! E ainda sai rindo, porque sabe que não cumprirá nem 2 anos de prisão! Acho que essa novela da vida, espelhada todos os dias em novelas de TODOS os canais, é recheada de machismo, violência, estupidez, consumismo, mentiras, falsidade, mesquinhez, desonestidade. É o que nossa sociedade é. Não adianta não assistir às novelas mas fazer exatamente o que elas retratam. Devemos ser críticos, apenas isso. Não dá pra se alienar!
;-)

Sarah Lynn disse...

Não vejo novela... mas sério que ainda rola isso na Grobo?!

Acho que não perco nada em não ver novelas...

Que nojo.

Léia A. disse...

Olá!!!
Já tinha lido outras vezes seu blog, mas devido aos últimos acontecimentos virei sua seguidora e gostaria de dizer que tem mais um na sua lista se essa hipocrisia prosseguir.
Esse tema mexe muito comigo, tenho uma liberdade sexual que conquistei com muita compreensão e paciência. Meus pais têm mais de 30 anos de casados, minha irmã mais velha casou virgem e eu por uma religião absolutamente machista (como a maioria) sempre fui instruída a fazer o mesmo, mas só a ideia me dava náusea.
Cresci, conquistei meu espaço, paguei minhas contas, saia e passava finais de semanas inteiros fora de casa com amigos. Nunca foi uma necessidade um relacionamento ou relações sexuais, mais nunca me podei pelos que os outros pensavam, pela possibilidade de me acharem fácil, se queria fazia, mas esse assunto não era mencionado no meu circulo familiar.
Depois de alguns anos “curtindo” encontrei a pessoa certa e resolvi assumir o relacionamento pra minha família (aos 23 anos), meus pais sabiam dormia na casa dele sempre e depois de alguns meses aceitaram que trouxesse ele pra dormir em casa também, o que ocorreu aos poucos e como disse com muita paciência e compreensão.
O problema é que a compreensão que sobrou nos meus pais faltou nos familiares e amigos, que achavam um absurdo, um desrespeito eu não ser mais virgem e eles permitirem uma coisa dessas na casa deles. Tudo isso agravado por uma questão religiosa doentia, de mesmo sem frequentar a tal religião desde a adolescência eles me punirem e me banirem de suas relações pelas minhas atitudes.
Meu pai foi ótimo, disse pra eles irem a merda, cuidar da própria vida, cortando relações com irmãos de sangue e de religião (religião na qual ele nem acreditava mais). Mas não sei ele agiria dessa forma se ouvisse o que o tal pai ouviu na novela, lógico que não me expulsaria de casa, mas o silêncio dele seria o maior dos castigos.

Ana SODIO disse...

Nunca vou me esquecer d um tio, pai da minha prima da mesma idade que eu (26), que na época que tínhamos 14 anos, conversava na nossa frente c/ outros homens sobre "pegar garotinhas, assim, da idade da minha filha"...
como pode, né?! ele pode imaginar e fazer coisas c/ "as filhas dos outros", mas jamais saber de sua própria filha fazendo coisas c/ outros homens... e nem + velhos não, rapazes da mesma idade q ela!