Vi no YouTube um documentário muito bom, Consuming Kids: The Commercialization of Childhood (Crianças Consumidoras: A Comercialização da Infância - tem até legenda em português!). Os dados são alarmantes e comprovam o que já vimos no documentário brasileiro Criança, a Alma do Negócio, sobre o mesmo tema. Nos EUA, existem 52 milhões de pessoas com menos de 12 anos. Elas consomem 40 bilhões de dólares por ano. Mas o mais importante é que elas influenciam diretamente os pais no consumo de mais de 700 bilhões de dólares por ano. Essa quantia astronômica representa o PIB dos 115 países mais pobres juntos. Um mercado gigantesco.
E, pra explorá-lo, nada como não ter nenhuma regulamentação. No final nos anos 70 houve discussões no congresso americano para ver se se bania a propaganda pra crianças. Foi testemunhado por especialistas que toda propaganda para crianças de 8 anos para baixo era enganosa, já que uma criança não tem como entender o caráter persuasivo dos comerciais. Logicamente, uma regulamentação dessas iria contra o sistema capitalista do “cada um por si”, e na crença de que todos são responsáveis pelas decisões que fazem, e que existe um deus-mercado ético que se auto-fiscaliza, sem a interferência do diabo-governo. Reagan sepultou qualquer regulamentação de qualquer coisa, com sua política de que o governo não é a solução pros problemas do mundo, e sim o problema. Antes do congresso votar contra a regulamentação, o mercado infantil crescia 4% ao ano (que já era alto). A partir dos anos 80, com a total liberdade dos publicitários para fazer o que quisessem, passou a crescer 35% ao ano. Transformers é daquela época, um símbolo de um programa que foi criado apenas para vender brinquedos. Tartarugas Ninjas é outro: o filme em si era só um pretexto, um comercial em tela grande, feito unicamente para envolver o lançamento de mais de mil produtos. E, lógico, foi Guerra nas Estrelas que começou tudo isso uns anos antes. George Lucas já disse que não é um cineasta. É um fabricante de brinquedos.
Quando uma criança vê seu brinquedo preferido falar e se mexer, cria uma conexão sentimental com esses personagens (bom, o que a propaganda faz com os adultos, associando carros com oferta de mulheres pros homens, e qualquer coisa com autodepreciação pras mulheres, também é pura chantagem emocional). A criança vai dormir com seu personagem favorito estampado nos lençóis (ou seja, literalmente dorme com ele), veste camisetas com ele, usa cadernos com ele. Suas mochilas e lancheiras seguem o mesmo padrão. Fica bem fácil colocar aquela estampa em todos os outros produtos do supermercado.
Mas só isso não basta para que os pais comprem todo e qualquer produto com aquele personagem. Então a propaganda ensina a criança a potencializar o “nagging factor”, que é a estratégia de incomodar os pais insistentemente até que eles cedam. Crianças já querem gratificação imediata. Não sabem esperar, ainda não aprenderam que o mundo não gira em torno delas. Imagina como se pode aproveitar esse potencial para vender produtos. É por isso que há tantos experts, cientistas mesmo, estudando comportamento infantil (a palavra tween, por exemplo, é uma invenção mercadológica recente), pra vender mais e melhor. E não vendem só produtos, mas também valores. Você é o que você compra. Quando nos perguntavam na nossa infância o que queríamos ser quando crescer, respondíamos com profissões. Enfermeira, professora, astronauta. Hoje a resposta padrão de uma criança americana é “rico”.
Com tantos experts se dedicando à nobre missão de vender, percebeu-se que cada criança recebe 3 mil mensagens todos os dias para consumir. O objetivo a longo prazo é que essas crianças tornem-se dependentes do consumo compulsivo para toda a vida. O desafio dos publicitários é ampliar essa exposição e fazer com que as crianças não percam um minuto sequer de comerciais. Isso inclui mandar mensagens personalizadas pelo celular e pela internet, ocupar as salas de aula das escolas (via patrocínio), fazê-las ouvir rádio no ônibus escolar.
Os especialistas logo descobriram que cada produto tem que ser vendido separadamente pra meninos e meninas. Logo, as meninas aprendem desde cedo que elas valem pela atração física que exercem sobre os meninos. Tem que ser bonita sempre. É o objetivo principal. Pros meninos, o que é vendido são valores como agressividade e violência. E a ideia que tudo isso é divertido. E evidentemente que com isso as brincadeiras sociais estão quase desaparecendo. Os brinquedos não permitem mais que as crianças imaginem. Tipo, não serve mais um graveto pra brincar de Harry Potter. Tem que ter uma varinha especial.
Os EUA são o único país industrializado do mundo sem nenhuma regulamentação. Os especialistas contra essa lavagem cerebral lutam pelos direitos das crianças e dos pais, pela liberdade de crescer sem ser bombardeado para comprar. Direitos comparáveis a direitos humanos mesmo. Mas, num sistema capitalista que põe todo o poder de escolha nos indivíduos (como se não sofressemos influência do meio em que vivemos), toda a responsabilidade é jogada em cima dos pais. São os pais que devem “proteger” os filhos desse bombardeio. Os pais que devem escolher o que comprar. Os pais que devem impor limites. Mas eu sinto que é como eu falei com o maridão antes de ver o documentário: “Nessas horas eu fico muito feliz de não ter filhos. Porque a gente não teria a menor chance de controlá-los”. E o maridão ainda quis ser bonzinho: “Ah, eu confio em você. Acho que você conseguiria”. Eu: “Não confie não. Não tem como vencer”.
Enquanto isso, no Brasil, sempre que se discutem regras mais rígidas para comerciais infantis, os publicitários e os defensores do deus-mercado gritam “Censura!”. Mas não é censura. É regulamentação. Por que não imitar a legislação de países escandinavos, que simplesmente proíbem propaganda direcionada a crianças? Pra quê copiar os americanos no que eles têm de mais problemático?
Eu escrevi este post no mês retrasado (estava agendado). Depois vi que algumas blogueiras falaram do assunto da publicidade infantil no Brasil. Há excelentes posts, entre eles os da Pérola (aqui, aqui e aqui) - que participa do concurso de blogueiras sobre maternidade (votem, please!) -, e os da Paloma (aqui e aqui). Como as duas são mães, o assunto as afeta diretamente. Participem desse debate, que é realmente importante.
Assine o manifesto em defesa do fim da publicidade infantil no Brasil.
E, pra explorá-lo, nada como não ter nenhuma regulamentação. No final nos anos 70 houve discussões no congresso americano para ver se se bania a propaganda pra crianças. Foi testemunhado por especialistas que toda propaganda para crianças de 8 anos para baixo era enganosa, já que uma criança não tem como entender o caráter persuasivo dos comerciais. Logicamente, uma regulamentação dessas iria contra o sistema capitalista do “cada um por si”, e na crença de que todos são responsáveis pelas decisões que fazem, e que existe um deus-mercado ético que se auto-fiscaliza, sem a interferência do diabo-governo. Reagan sepultou qualquer regulamentação de qualquer coisa, com sua política de que o governo não é a solução pros problemas do mundo, e sim o problema. Antes do congresso votar contra a regulamentação, o mercado infantil crescia 4% ao ano (que já era alto). A partir dos anos 80, com a total liberdade dos publicitários para fazer o que quisessem, passou a crescer 35% ao ano. Transformers é daquela época, um símbolo de um programa que foi criado apenas para vender brinquedos. Tartarugas Ninjas é outro: o filme em si era só um pretexto, um comercial em tela grande, feito unicamente para envolver o lançamento de mais de mil produtos. E, lógico, foi Guerra nas Estrelas que começou tudo isso uns anos antes. George Lucas já disse que não é um cineasta. É um fabricante de brinquedos.
Quando uma criança vê seu brinquedo preferido falar e se mexer, cria uma conexão sentimental com esses personagens (bom, o que a propaganda faz com os adultos, associando carros com oferta de mulheres pros homens, e qualquer coisa com autodepreciação pras mulheres, também é pura chantagem emocional). A criança vai dormir com seu personagem favorito estampado nos lençóis (ou seja, literalmente dorme com ele), veste camisetas com ele, usa cadernos com ele. Suas mochilas e lancheiras seguem o mesmo padrão. Fica bem fácil colocar aquela estampa em todos os outros produtos do supermercado.
Mas só isso não basta para que os pais comprem todo e qualquer produto com aquele personagem. Então a propaganda ensina a criança a potencializar o “nagging factor”, que é a estratégia de incomodar os pais insistentemente até que eles cedam. Crianças já querem gratificação imediata. Não sabem esperar, ainda não aprenderam que o mundo não gira em torno delas. Imagina como se pode aproveitar esse potencial para vender produtos. É por isso que há tantos experts, cientistas mesmo, estudando comportamento infantil (a palavra tween, por exemplo, é uma invenção mercadológica recente), pra vender mais e melhor. E não vendem só produtos, mas também valores. Você é o que você compra. Quando nos perguntavam na nossa infância o que queríamos ser quando crescer, respondíamos com profissões. Enfermeira, professora, astronauta. Hoje a resposta padrão de uma criança americana é “rico”.
Com tantos experts se dedicando à nobre missão de vender, percebeu-se que cada criança recebe 3 mil mensagens todos os dias para consumir. O objetivo a longo prazo é que essas crianças tornem-se dependentes do consumo compulsivo para toda a vida. O desafio dos publicitários é ampliar essa exposição e fazer com que as crianças não percam um minuto sequer de comerciais. Isso inclui mandar mensagens personalizadas pelo celular e pela internet, ocupar as salas de aula das escolas (via patrocínio), fazê-las ouvir rádio no ônibus escolar.
Os especialistas logo descobriram que cada produto tem que ser vendido separadamente pra meninos e meninas. Logo, as meninas aprendem desde cedo que elas valem pela atração física que exercem sobre os meninos. Tem que ser bonita sempre. É o objetivo principal. Pros meninos, o que é vendido são valores como agressividade e violência. E a ideia que tudo isso é divertido. E evidentemente que com isso as brincadeiras sociais estão quase desaparecendo. Os brinquedos não permitem mais que as crianças imaginem. Tipo, não serve mais um graveto pra brincar de Harry Potter. Tem que ter uma varinha especial.
Os EUA são o único país industrializado do mundo sem nenhuma regulamentação. Os especialistas contra essa lavagem cerebral lutam pelos direitos das crianças e dos pais, pela liberdade de crescer sem ser bombardeado para comprar. Direitos comparáveis a direitos humanos mesmo. Mas, num sistema capitalista que põe todo o poder de escolha nos indivíduos (como se não sofressemos influência do meio em que vivemos), toda a responsabilidade é jogada em cima dos pais. São os pais que devem “proteger” os filhos desse bombardeio. Os pais que devem escolher o que comprar. Os pais que devem impor limites. Mas eu sinto que é como eu falei com o maridão antes de ver o documentário: “Nessas horas eu fico muito feliz de não ter filhos. Porque a gente não teria a menor chance de controlá-los”. E o maridão ainda quis ser bonzinho: “Ah, eu confio em você. Acho que você conseguiria”. Eu: “Não confie não. Não tem como vencer”.
Enquanto isso, no Brasil, sempre que se discutem regras mais rígidas para comerciais infantis, os publicitários e os defensores do deus-mercado gritam “Censura!”. Mas não é censura. É regulamentação. Por que não imitar a legislação de países escandinavos, que simplesmente proíbem propaganda direcionada a crianças? Pra quê copiar os americanos no que eles têm de mais problemático?
Eu escrevi este post no mês retrasado (estava agendado). Depois vi que algumas blogueiras falaram do assunto da publicidade infantil no Brasil. Há excelentes posts, entre eles os da Pérola (aqui, aqui e aqui) - que participa do concurso de blogueiras sobre maternidade (votem, please!) -, e os da Paloma (aqui e aqui). Como as duas são mães, o assunto as afeta diretamente. Participem desse debate, que é realmente importante.
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23 comentários:
Eu prefiro uma regulamentação mais severa do que simplismente a proibição.
Acho estranho as empresa tenham um produto e não possam anuncia-lo.
Sem contar que sem publicidade imagino que vai ser dificil p/ os canais e programas voltados a crianças e adolescentes se manterem.
Adorei o post. Claro que eu já havia pensado sobre o assunto, pois curso Administração de Empresas e sei que as crianças são consumidores em potencial, facilmente influenciáveis e fortes influenciadores. A questão é que nós vivemos dentro das perspectivas de um método capitalista e o objetivo é mesmo vender e não estar nem aí pra quem. Por questões como essa que vc abordou, Lola, é que eu, muitas vezes, penso nas minhas possibilidades de trabalho quando conseguir uma especialização em Marketing. Esta disciplina pode ser cruel se pensada por um outro ângulo. Não sei se sou a favor de uma regulamentação; é complicado, a imagem dos brinquedos e a violência e a futilidade que vc citou em relação aos gêneros masculino e feminino, isso pesa. Creio que, acima de tudo, os pais são capazes, sim, de controlar os ânimos dos filhos. Seu filho não vai ser uma maria-vai-com-as-outras se desde cedo vc fizer o pirralho entender que não pode ter tudo no momento em que desejar, que beleza não é o mais importante (embora pareça) e que não se resolve as coisas com violência. Acredito que diálogo sério e frequente dá certo; cria uma firmeza de caráter. E, olha, eu fico super desconfiado com essas crianças de hoje (eu não sou assim tão velho rs!). Vejo meninas supermaquiadas e produzidas e meninos falando de coisas que eu nem imaginava quando tinha 12 ou 13 anos. Dona Infância se perdeu por aí...
Lola, eu também sou a favor de regulamentação, pois, as empresas têm que divulgar seus produtos, é um direito delas e, comércio existe para isso mesmo, né?
Na faculdade de marketing, em 'comportamento do consumidor' tive um período inteiro voltado para o comportamento das crianças, e como elas estavam pouco a pouco tendo mais influência sobre as compras. Sinistro.
Não concordo e não incentivo tal comportamento em casa, mas tem horas que é difícil...
Beijos
Excelente Lola!
Fiz um post no Mamãe Antenada sobre isso que rendeu 3 postagens.
Claro que uma anônima se declarou contra e isso rendeu um excelente debate.
Passa lá para ver. Estou linkando vc!
Beijos e obrigada pela bela reflexão!
Oi Lolinha!
Como dizia o Marx "Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado".
Difícil essa batalha de deregulamentação ao meu ver hein ..
Lolinha, reparou quando discutimos o feminismo e o padrão imposto p as mulheres esbarra com a questão do consumo (=capitalismo).
Quando discutimos esta questão da criança idem a questão do consumo?
Quando discutimos a questão do vegetarianismo tb esbarra na questão do consumo (como fazer q a indústria da carne e seu lobby favoreçam o vegetarinismo?, no way..)
A questão da indústria farmacêutica, do álcool, etc etc..
É o que acredito sabe Lolinha, todas estas questões, uma vez dentro do capitalismo são engolidas por essa lógica que é a soberana, a raiz do problema e o mais forte ao meu ver...
Por isso que, não me pergunte como acabar com isso, mas não vejo nenhuma solução quando a lógica do sistema funciona desta maneira. Não vejo mudanças significativas enquanto vivermos neste modo de produção Lolinha..
Mesmo que tentamos mudar algo, se a lógica e sua funcionalidade continuar os problemas vão aparecer sempre ao meu ver..
Não acredito que o problema é a propaganda e marketing (sei q vc não disse isso). Vejo este departamento como consquencia desta lógica e não o vilão sabe???
(não estou dizendo tb que não devemos fazer nada p mudar essas coisas tb. Só acho que a batalha é beem maior.)
Um beijão Lola!
Ahhh, tb fico pensando se vale a pena ter filhos nestas horas...:)
Lola
perfeito
engraçado, ontem eu achei numa coleção de livros uma aberrância relacionada à essa diferenciação de sexos desde tenra idade. Chama-se Biblia para meninos e Biblia para meninas. É para educaçao cristã.
olha os links....
http://www.mundocristao.com.br/produtosdet.asp?cod_produto=10331&cod_categoria=1
http://www.mundocristao.com.br/produtosdet.asp?cod_produto=10348&cod_categoria=156
repare por favor nos motivos que diferenciam as capas... para além do óbvio das cores, a capa da Biblia para meninas traz na capa uma Arcazinha de Noé, que mais parece uma casa. Estática, simétrica, cheia de bichinhos organizadamente dispostos,e uma anjinha em um balanço;
a capa da Biblia para os meninos tem na parte de baixo em destaque uma luneta, um pergaminho e uma concha, e é cercada por cordas elementos que sugerem movimento e aventura. A arca está sendo construída, o que suponho que queira sugerir que ao homem cabe ser o provedor das estruturas da casa. A disposição dos objetos da imagem é toda desordenada, o que sugere que ao homem é dado e possível não ser simétrio (olhaí, eu falando disso de novo), não ser organizado - o que não se espera de uma mulher, pois sua função é ornamental (por isso a capa da biblia das meninas é toda ajeitadinha).
mensagens subliminares ou não a parte, achei que este assunto do teu post é crucial. Temo pelas gerações futuras, crescendo com essa constante insatisfação que a propaganda ajuda a aprofundar, com as idéias limitadas pelo que o consumo permite. A criatividade morre a cada dia, com isso. O que vai ser da arte?
Lola, eu postei isso no comentario do concurso de blogs outro dia, pedindo a vc para comentar sobre isso, vou colar aqui o comentario:
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Queria te propor um tema para escrever, me encontro numa encruzilhada em meio a opinioes divergentes sobre um assunto que diz respeito aos interesses maternos mas que vc como uma pessoa centrada talvez jogue uma perspectiva diferentes sobre o tema.
Tem um manifesto pelo fim da publicidade infantil, mas eu fiquei meio em duvida, pq na verdade eu sou a favor de uma mudança na publicidade geral, nao so a infantil, mas isso eh quase impossivel, e também entra um pouco no topico de censura, eu nao sei, confesso, to mais perdida do q cego em tiroteio pq pra mim nao importa o quao imbecil a publicidade seja, nao acho que ela tem mais poder de apelo do q eu ( confio no meu taco como mae, nao eh presunçao, sou linha dura mesmo e falo tudo pra ela, mamae nao pode, etc...)
Ai ja vi varios argumentos contrarios a publicidade infantil, e eu em parte concordo que ela eh abusiva mas num todo, so q acho q a publicidade nao eh tao formadora de opinião quanto as novelas e programas direcionados a grande massa da populaçao, entao eh muito complicado colocar a culpa por todo consumismo somente nos publicitarios, ate pq eu nao sou consumista, eu sou dura e compro quando preciso das coisas, nao tem luxo nem nada e minha filha fica feliz da vida com um vestidinho da leader de 20 reais, entao com certeza nao tenho esse tipo de divergencia de valores.
Entao, q vc acha? :D
Acha que vale falar no assunto?
Eu discuti esse assunto em dois blogs
http://fotocecilia.blogspot.com/2009/12/pelo-fim-da-publicidade-para-criancas.html
e no mamae antenada
http://mamaeantenada.blogspot.com/
nenhum deles eh meu mas postei dando minha opiniao, eu sei la, diverge de todo mundo, sera que penso tao errado assim? Sou inocente de achar que os pais influenciam mais? comigo sempre foi assim, enfim. Help Lola! :D
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Fim do ctrl+c
entao assim, eu assinei o manifesto eu concordo q tem q haver mudanças na publicidade mas eu acho a publicidade toda aqui muito ofensiva, eu fiquei na duvida sobre uma regulamentaçao so pra crianças ate pq eu ja cresci na epoca da publicidade voltada pra crianças, na minha epoca eles falavam, "PEÇA PARA A MAMÃE COMPRAR" por isso a de hj nao parece muito diferente da que bombardeou a gente nos anos 80 e eu nao sou nada consumista, nem q elas queiram vao ter tudo, eu sou bem realista e converso, mamae nao pode, custa dinheiro comprar essas coisas.
Talvez pela minha criaçao dentro de um lar bem consciente em termos de consumo e limitado nunca fui alguem assim e nunca me afetei pela propaganda, a minha de 4 ate hj nao pira na batatinha com os brinquedos e quando pede algo eu falo q nao da, compro presentes educativos e q estimulam e ela adora os quebra cabeças.
Como falei, eh um assunto confuso pra mim pq nunca vi crianças assim, as minhas nao sabem marcas de celular nem marcas de nada, enfim, to mais perdida do q cego em tiroteio nesse assunto e sou mae e educo.
Complicado!
É verdade mesmo, Lola, não temos chance.
Às vezes paro para prestar atenção na minha irmãzinha, de 7 anos, e me preocupo muito. Não importa como a criamos, que valores ensinamos a ela e tudo mais, simplesmente têm coisas que fogem ao controle da família.
A criança sai de casa para ir à escola e lá encontra outras crianças e adultos com opiniões, valores e criação totalmente diferentes. Sem falar do que passa na televisão, por exemplo, e fica muito difícil controlar qualquer coisa.
É comum minha irmãzinha vir com uns papos de "a gente é pobre, classe média ou rico?", tipo, COMO uma criança de 7 ANOS pode ser preocupar com uma coisa dessas? E ela sempre termina com um "eu queria ser rica" ou coisa parecida.
Também é difícil para a criança de hoje em dia pensar diferente quando nos comerciais ela vê tanta coisa que não pode ter porque papai e mamãe dizem que é caro. Sem falar que nos filmes da Barbie, de princesas, etc o "feliz para sempre" inclui riqueza. É contraditório, pregam o filme todo que o importante é ter bom coração, mas a mocinha só pode ser feliz em um grande castelo e com vestidos deslumbrantes. Até eu ficaria confusa.
Tenho medo dessa cultura que transforma crianças em mini adultos. Elas começam a se preocupar com a aparência cedo demais, namorar cedo demais, se preocupar com coisas supérfluas cedo demais. MEDO. Por essas e outras coisas que eu me pergunto às vezes se, hoje em dia, vale a pena colocar um filho no mundo.
Um bom exemplo disso é quando a minha filha de 4 anos vem me falar o que vai querer ganhar de natal: todos os dias é uma coisa diferente!
Somos os grandes culpados, sabemos que somos bombardeados por essas mesmas porcarias, e mesmo assim chamamos nossos filhos para serem expostos. Muitas vezes deixamos nossos filhos horas de fernte a pior babar do mundo, baba digital, que é barata não cobra hora extra,sabemos que ela não vai machucar nossos filhos externamente; mas emocionalmente; não vai roubar nehum de seus pertences materias, mas seu tempo sua juventude, seus valore e conceito, suas emoções, sua criativiade e a inocencia de ser criança.
Por isso pais peso que continuem, não parem de deixarem de seus filhos com a baba digital.
Vocês não os heróis deles, seus filhos veneram o "Ben 10" ou o "Yugi", eles prefrem a esses do q vcs, é com eles seus filhos vão p\ escola, ficam juntos,comem, até dormem juntos. É com eles que seus filhos querem passar o tempo. Só assi com o tempo nós teremos uma nova geração de "Pais idiotas, filhos burros desemfreados"
Oi,Lola, essa é a primeira vez que comento no seu blog, mas já o frequento desde janeiro. Então, quando li o seu posto, a primeira coisa que me veio à cabeça foi essa matéria sobre 15 presentes que não devemos comprar para as crianças http://www.huffingtonpost.com/2009/11/27/15-toys-not-to-buy-your-k_n_351369.html?slidenumber=mOUGXKuMGkw%3D#slide_image
esses brinquedos são realmente chocantes, tem boneca stripper, carrinho de limpeza só para meninas, e uma boneca negra chamada "lil monkey", que vem com um macaquinho do lado.
Isso me fez pensar se a regulamentação não deveria se estender também a própria produção dos brinquedos, porque,por exemplo, no caso da 'lil monkey', ainda que a publicidade seja restringida, qual é a mensagem que vai ficar guardada na cabeça da criança que entrou na loja e viu, entre milhares de bonecas loirinhas de olhos azuis, uma boneca negra chamada "macaquinha" ?
Rapidinho só pra não dizer que não comentei: sou absolutamente contra propaganda infantil. Como sou voto vencido, ensino à Nina que PROPAGANDA MENTE. Quando aparece uma boneca nadando, ou com florzinhas voando ao seu redor, já aviso: não é assim, essa boneca não faz nada, isso é mentira. Nina tem montes de brinquedos mas prefere os jogos; quando brinca com as Barbies, cria um mundinho de fantasia sem os acessórios oficiais que é lindo de ver: embaixo da cama é o apartamento da amiga, no colo do bonecão de pelúcia é uma piscina e por aí vai. Ah, sim, já expliquei pra ela também que a Xuxa não faz as músicas que canta e que a intenção dela é ganhar dinheiro com os cds e dvds. Fazer o quê, a vida é dura. ;)
Oi Lola!
Vi esse documentario no início do ano e tb fiquei tao chocada quanto vc. Tenho um post comecado sobre a proibicao de publicidade para criancas na Suécia. Assim q terminar de escreve-lo, te aviso! ;)
abraços
Eu sempre assisti desenho animado nos programas matinais da tv aberta. Atualmente, acho absurdo o número de intervalos que os programas tem pra anunciarem comerciais de brinquedos. Felizmente, minha infância foi regada de molecagem e brincadeiras de rua mesmo. Quase o oposto da nova geração que trocam tudo por um produto do Ben 10, da Hot Weels ou da famigerada Barbie.
O único canal que não vejo propaganda de brinquedos nos intervalos dos desenhos é a TV Cultura.
Lola,
meu post sobre a barbie estava a meio caminho quando li este aqui. Então rolou um bate-papo entre os dois, tá?
bjs
rita
Sou a favor da regulamentação. O problema é quem controla as regras. Aqui na Itália o que deveria ser regulamentação vira censura. Pior: é uma censura subjetiva. Depende de quem está no comando naquele momento e vemos textos cortados (em livros clássicos!); publicidade ora proibida, ora permitida; filmes com cenas censuradas (Dona Flor e seus dois maridos tem uma versão para a tv que dura 48 minutos). Enfim, é a tarantella do pizzaiolo doido. E a cada governo muda tudo. Como desde 1994 nenhum governo chegou ao fim do mandato, podes imaginar.
Sabe q uma vez tava numa aula de cultura brasileira e o professor tava falando sobre a superioridade das brincadeiras indigenas, pq elas sempre serviam pra alguma coisa, uma preparação para lutas, caças, defesas quando as crianças virassem adultas.
E com a gente? A mesma coisa né? Preparando meninas barbies e meninos trogloditas. Meninas sensiveis e maes, homens brutos e insensiveis. Eu lembro ate hj o qto detestava a ideia de brincar de bonecas, eu so gostava de jogos (incluido videogame), esportes e brinquedos unissex, tipo pogobol. Sabe o que eu pensava? Q se um dia ia ter um filho, cacete, pq ia ter aquele trabalhão com uma boneca 20 anos antes?? ahahahhaha minha mãe foi assim também, ainda bem.
Oi Lola,
Como designer, eu sempre considerei com muito cuidado o tipo de produto que eu crio. A questao etica passa nao somente por quem promove produtos, mas tambem por quem cria.
Acho que e por isso que hoje trabalho na area de pesquisa/medica, porque nao ia conseguir fazer o design the um produto inutil.
Mas falando em design, propaganda, e crianca, existe um produto que eu acho excelente que tem a ver com mudanca de comportamento em criancas. Uma grande dificuldade e fazer as criancas escovarem os dentes por mais que 10 segundos. ;) Existe uma escova de dentes (acho que e Oral-B) para criancas que e eletrica e para sozinha depois de 3 minutos. Assim, a crianca acaba escovando os dentes (ou mordendo a escova, hihi) por mais tempo e previnindo mais carie. Nao sei como e a propaganda desse produto, mas com certeza tem que atrair os pais e as criancas...
Beijos!
Marcela
Lola,
hoje à tarde eu estava pensando justamente nisso. Há um tempo, assisti a um documentário sobre o estímulo ao consumismo entre as crianças. Foi um link indicado pela Denise, no blog Síndrome de Estocolmo.
Hoje fui aos Correios, escolher umas cartinhas para comprar presentes e confesso que fiquei impressionada com os pedidos. Era bota de oncinha, notebook da Xuxa, Barbie, Max "não sei das quantas" e outros personagens e coisas das quais eu jamai tinha ouvido falar.
Deu uma dor no coração, sabe? Porque esses seres inocentes não têm noção de outras brincadeiras bem mais saudáveis e ao alcance de todos. São vítimas de um bombardeio de propagandas, algo insano e perverso. A criança, que já é economicamente carente, ainda se apercebe com fora do círculo de amizade por não ter acesso a este ou aquele outro brinquedo ou mesmo item de vestuário.
É muita maldade.
Mas existem ainda aquelas cartinhas simples, que pedem apenas uma bola, uma boneca ou a tão sonhada bicicleta. Brinquedos que agradam a todas as gerações.
Eu espero que um dia todos aqueles que trabalham com propaganda, especialmente de produtos infantis, que tenham uma postura mais ética.
Coincidência... Ontem estava lendo no suplemento digital do Globo uma matéria sobre a proibição da comercialização de videogames violentos - como aquele que o cara ganha pontos se atropelar um carrinho com um bebe dentro! Essa proposta está correndo no senado e a revista, obviamente seguindo a linha liberal e individualista defende que proibir é pior e que os pais tem de controlar os filhos.
Eu concordo que os pais tem de controlar os filhos sim e passar-lhes valores, entretanto ninguém vive sozinho nesse mundo, as pessoas vivem em sociedade e o controle da propaganda não é uma questão individual, não é uma questão particular é uma questão de ética social. A sociedade estaria condenando uma pratica abusiva e que estimula o consumo desenfreado de um publico que não discernimento.
No caso dos jogos, é claro que um jogo não vai induzir adolescente nenhum a meter uma bala na cara do primeiro que o contrariar, entretanto vai estimular sim a banalização da violência, o que leva facilmente a legitimação da violência, a reafirmação de idéias como "manda quem pode (quem tem uma arma, ou um carro, ou dinheiro), obedece quem tem juizo (quem não tem carro, ou armas, ou dinheiro)".
Marcela, essa escova de dentes aí destrói o esmalte. E olha, dificuldade pra fazer criança escovar os dentes sempre existiu e só tem um remédio: prestar atenção e ajudar a escovar. Não adianta. Tem coisas que nenhum design resolve.
Esse assunto é cabeludo. E fico super satisfeita de encontrar gente da mesma opinião, a dica dos blogs valeu!!
Na hora do "vamo vê" é trabalhaso e exige bem mais que só negar pros filhos, mas agente aqui em casa acredita que a família domina nào o mercado e aí vamos argumentando e impondo também o NÃO, pq segue válido.
Bj
É que nos Estados Unidos as coisas são regidas por uma antiga lei do século 18 e que nunca foi reformada, e que se chama http://en.wikipedia.org/wiki/First_Amendment_to_the_United_States_Constitution
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