Fico bem deprê com a morte do Paul Newman, ontem. Por mais que ele estivesse velhinho (83 anos) e que parecesse sofrer bastante com o câncer de pulmão, é triste quando um ídolo se vai. Paul sempre foi, pra mim, um dos maiores astros do cinema, no mesmo nível de um Marlon Brando. Desde que eu era pré-adolescente já era apaixonada por ele. Ele foi um dos símbolos sexuais da minha adolescência mas, ao contrário do David Naughton (dá pra comparar? O David fez um só filme importante!), eu o admirava tremendamente como ator também. E, devo dizer, como pessoa. Ele estava casado há cinquenta anos com a Joanne Woodward, uma atriz respeitável. Não deve haver muitos casamentos em Hollywood (ou fora) que durem tanto. Ele era discretíssimo na sua vida pessoal, mas eu lembro quando seu filho morreu de overdose, em 78. Arrasado, Paul fundou uma associação de apoio a viciados. Nunca entendi por que um sujeito como ele não se candidatava a algum cargo público. Quero dizer, tantos astros (Reagan, Schwarzenegger, Clint Eastwood, e o próximo será o Chuck Norris), seguem carreira política, mas eles sempre são de direita. Mesmo que Paul não fosse de esquerda (existe isso nos EUA?), ele era um liberal, e os papéis de rebelde que escolhia refletiam sua ideologia. Sem falar que Paul era um empresário bem-sucedido. Se você visitar qualquer supermercado nos EUA, vai ver montes de produtos de molho pra salada e maionese com seu nome. Ele doou mais de 250 milhões de dólares pra caridade com o dinheiro que ganhou com a sua marca. Sobre seu sucesso, ele tinha isso a dizer: "Quando notei que iria ter que me prostituir e colocar o meu rosto nos produtos, decidi que a única forma de fazer isso seria dar todo o dinheiro que arrecadasse pra caridade. Uma em cada três pessoas que compram a minha marca o fazem porque o dinheiro vai pra boas causas. As outras o compram porque o produto é bom".
Lembro também quando ele finalmente ganhou o Oscar, só em 1986, com um filme do Scorsese que eu amo, A Cor do Dinheiro. Ele foi indicado dez vezes. Acho que seu último papel importante foi Estrada para a Perdição, em que ele fazia um vilão. Mas suas melhores interpretações (além de Cor do Dinheiro) foram, pra mim, O Veredito, Ausência de Malícia (sempre confundo os dois filmes, porque ambos são ótimos, da mesma época - início dos anos 80 -, e têm o Paul), Rebeldia Indomável (mais conhecido como "o dos ovos"), e Gata em Teto de Zinco Quente (1958). Onde ele esteve mais charmoso e sedutor? Golpe de Mestre e Butch Cassidy, fácil. E o incrível é que o Paul é um exemplo de homem que ficou muito mais bonito depois dos 40, 50 anos. Não que ele fosse exatamente feio quando jovem, mas que melhorou com a idade, melhorou.
Ele dizia que não queria ficar marcado apenas por sua beleza (sim, ele sabia que era lindo). Não queria imaginar na sua lápide uma inscrição como "Aqui jaz Paul Newman, que morreu fracassado porque seus olhos ficaram marrons". Pois é, taí um cara que, mesmo daltônico, nunca mudou a cor dos olhos.
Lembro também quando ele finalmente ganhou o Oscar, só em 1986, com um filme do Scorsese que eu amo, A Cor do Dinheiro. Ele foi indicado dez vezes. Acho que seu último papel importante foi Estrada para a Perdição, em que ele fazia um vilão. Mas suas melhores interpretações (além de Cor do Dinheiro) foram, pra mim, O Veredito, Ausência de Malícia (sempre confundo os dois filmes, porque ambos são ótimos, da mesma época - início dos anos 80 -, e têm o Paul), Rebeldia Indomável (mais conhecido como "o dos ovos"), e Gata em Teto de Zinco Quente (1958). Onde ele esteve mais charmoso e sedutor? Golpe de Mestre e Butch Cassidy, fácil. E o incrível é que o Paul é um exemplo de homem que ficou muito mais bonito depois dos 40, 50 anos. Não que ele fosse exatamente feio quando jovem, mas que melhorou com a idade, melhorou.
Ele dizia que não queria ficar marcado apenas por sua beleza (sim, ele sabia que era lindo). Não queria imaginar na sua lápide uma inscrição como "Aqui jaz Paul Newman, que morreu fracassado porque seus olhos ficaram marrons". Pois é, taí um cara que, mesmo daltônico, nunca mudou a cor dos olhos.
10 comentários:
foi lindo até na velhice. comentei com a minha mãe que as pessoas mais foda do mundo estão começando a morrer.
Pois é... tb tô me sentindo meio órfã.
Seu blog é uma delícia. Voltarei mais vezes.
Bj
Oi, Ju R! Vc voltou! É, eu fico bem triste com a morte do Paul. Mas não tem jeito, a gente, que é mais ou menos jovem (quer dizer, vc é, eu não) ainda vai ver muita gente boa morrer. Fico só pensando o que será de mim quando o Chico, o Paul e o Ringo morrerem... Meu único consolo é que a gente também vê gente ruim morrer, como o ACM, o Pinochet...
Andréia, como que alguém com 4 filhos pode se sentir meio órfã de alguma coisa? Dei uma olhada hiper rápida no seu blog (estou sem tempo agora), mas achei isso genial. Já garantiu minha cota diária de gargalhadas! Parabéns.
Eu estava lendo uma coisa totalmente não relacionada no imdb quando vi a notícia... tipo, nem sabia que ele estava com câncer, então pra mim foi mais ainda "como assim?" e vim direto aqui pq sabia que vc já ia ter escrito alguma coisa... será que hoje é um bom dia de fazer ma sessão Paul Newman??
Quando o Caymmi morreu as pessoas não gostaram muito que eu botei um disco dele pra tocar, hahaha.
lola, há quem diga que o paul já morreu hahahaha!
Ju B, eu não tenho a mínima idéia do que tava escrevendo semana passada ou retrasada, quando fui procurar alguma coisa sobre o Paul Newman, e vi a notícia que a família desmentia os boatos que ele estaria nas últimas com câncer. Ele fez uma aparição na TV e tudo. Mas tadinho, não tem como vencer um câncer de pulmão (ele foi um fumante inveterado, parece). Ah, eu acho ótimo a gente reverenciar quem a gente gosta revendo os highlights de sua carreira.
Ju R, ha ha. Ih, esses boatos de “Paul (McCartney, só pra esclarecer) is dead” são fofinhos, mas não me convencem de maneira alguma. Se o Paul morreu, eles arranjaram um ótimo Paul pra colocar no lugar!
TB escrevi sobre ele no blog...mamãe ficou arrasada e eu tb...sei como é câncer de pulmão. Não de passar por ele, mas como espectadora impotente.
Bjo
Lola, guardei por anos esta coluna do Edney Silvestre.
Também fiquei triste. Sinto-me cada vez mais velha ao perceber que meus ídolos estão morrendo - sem que eu consiga pôr outros no lugar.
Bjs
Lola,
eu também adorava o Paul. Mais como ser humano do que como ator. Não desmerecendo a carreira dele, claro.
Enfim, fiquei super triste com a partida dele, mas, por outro lado, dizem que ele estava sofrendo demais, que foi em paz.
Beijos
"Andréia, como que alguém com 4 filhos pode se sentir meio órfã de alguma coisa?"
Hahaha, sabe que vc tem razão. Nunca tinha pensado por esse ângulo.
Bj
Postar um comentário