Hoje é Dia Mundial do Orgulho LGBTTT. Parabéns, pessoal! (o título do post não tem a ver com a Parada Gay!). Tem que se orgulhar mesmo de ser o que é, apesar de o que somos (lésbicas, gays, transexuais, mulheres, negros, gordos, ateus, pessoas com necessidades especiais etc) ser constantemente massacrado pela sociedade através de violência, discursos de ódio, religiões, piadinhas, falta de representatividade, preconceitos, insultos, e até leis contra nós. Apesar do dia 28 de junho ser dedicado ao orgulho LGBT, faço questão de escrever no plural. Todas as minorias são discriminadas. Ao invés de competirmos numa espécie de Olimpíada da Opressão para ver quem sofre mais preconceito, temos mais é que nos unir. E mais: precisamos ter orgulho de estar na companhia de outras minorias igualmente aguerridas. Tod@s nós lutamos por um mundo melhor, livre de preconceitos.Escrevo isso porque a quarta da semana passada foi uma abominação, um verdadeiro freak show. Nesse dia um deputado paulista sugeriu que fosse fixada uma data pra comemorar o orgulho de ser heterossexual. E imediatamente as absurdas palavras Orgulho Hétero alcançaram o primeiro lugar dos Trending Topics do Twitter. Eu escrevi dois tweetzinhos contra e recebi uma avalanche de críticas (coloco aqui alguns dos melhores momentos. Não é importante quem falou, mas o que foi dito). Em seguida veio a Consciência Branca (alguns dizem que esse foi um TT pra zoar do Orgulho Hétero e do projeto do deputado, mas, como sempre no Twitter, havia gente levando o troço a sério). A primeira pergunta que vem desse pessoal que deseja se orgulhar de ser o padrão, a Verdade e a Luz, costuma ser: puxa, mas se um negro pode usar uma camiseta escrito 100% negro, por que não posso usar uma escrito 100% branco?
É o seguinte: poder até pode. Ninguém vai te fazer tirar a camisa, nem você irá preso por isso. Mas muita gente irá te considerar um completo babaca por vestir tal camisa. Um ignorante mesmo. Sabe por quê? Porque você tá deixando claro que não sabe o que é contexto. Porque, através de uma lousy t-shirt, você está dizendo que não sabe, ou não acredita (o que é pior?), que negros sofreram (sofrem ainda) séculos de exploração e humilhação. Porque você está afirmando que desconhece que nossa sociedade, todos os dias, associa negritude a coisas feias e sujas, e brancura ao que é limpo, puro e belo. Porque, pra finalizar, você está fingindo que não sabe (só pode estar fingindo!) que existem montes de movimentos fascistas como a Ku Klux Klan e os skinheads que fazem da supremacia branca a sua razão de viver. Eles, sim, têm motivos pra ter orgulho de ser branco — é porque odeiam os negros. Qual é o seu motivo? Se você não odeia os negros, por que quer esfregar na cara de todos que você não tem nem uma gotinha de sangue negro no seu organismo? O que você quer provar, ainda mais num país miscigenado como o nosso?
Só dizer “tenho orgulho de ser hétero” não significa necessariamente ser homofóbico. O problema é que é uma declaração dessas não vem à toa. De onde isso veio tem muito mais. Pode apostar que na frase seguinte a pessoa já vai dizer alguma bobagem como, sei lá, “Não tenho nada contra os gays, mas quero mais é que eles morram”. Nunca sei se essa pessoa está provando ser uma completa sem noção (ao não perceber que se contradisse na mesma sentença), ou se é brincalhona, e só não tem noção que está insultando seu interlocutor. Geralmente a pessoa que diz isso ou assume que é homofóbica (exemplo: “Se bater no meu filho pra evitar que ele vire viado é homofobia, então eu sou homofóbico sim!”, seguido de uma batida no peito), ou nega: “Claro que não sou homofóbico, tenho até amigo gay!” (ou , pros mais sem noção ainda: “Claro que não sou homofóbico, até assisto The L Word!”). Orgulho é o oposto de vergonha. Quando é que você sentiu vergonha de ser branco? É verdade que existe algo chamado white guilt, culpa branca, mas isso é sentir vergonha do que os brancos fizeram (é, quase sempre isso é visto como passado, fato encerrado) aos não-brancos. Mas esse “sentir vergonha” é no coletivo, é algo distante — por exemplo, ter vergonha dos antepassados que tinham escravos. No plano individual, a pessoa continua sendo contra as cotas pra negros. Ou seja, vergonha por ser branco pode acontecer, mas aí é vergonha pelo que outros brancos fizeram. Quando você sentiu vergonha de ser homem? (novamente, se acontecer, é pelo que outros homens fazem). Mas a sociedade não vem pra você e te diz “Eca! Que horror que é ser branco e homem!”. Não, isso é celebrado. Pense no que a gente vê na mídia (tirando os comerciais da Bombril e outros que dizem que homens são totais incapazes. Mas até isso é bom e estratégico, porque ninguém vai esperar que um incapaz faça alguma coisa, como cozinhar ou limpar a casa. Melhor deixar com quem sabe. Opa, esse alguém é a mulher?! Que incrível coincidência!).Pense na linguagem que usamos. Pense nos termos usados para condenar a sexualidade feminina (vadia, piranha, galinha etc) e para celebrar a sua (garanhão). Pense em como “aquilo roxo” e “colhões”, que só existem na anatomia masculina, são sinônimos de coragem, e em como macheza está associada à valentia, determinação, bravura, e em como “mulherzinha” é o oposto. Ser homem e branco é o padrão dominante, é a cor e o sexo de quem manda, de quem tem poder, de quem tem dinheiro, de quem faz as leis, e para quem as leis são feitas. Mas de nada adianta estar dentro do padrão desejável — homem e branco — se você puser tudo a perder sendo gay. Porque aí você será expulso do clubinho de homens brancos. É como se você estivesse cuspindo no prato que comeu, rasgando sua carta de privilégios. Tudo bem se você esconder que é gay. Se a gente olhar pra você sem desconfiar que você gosta de pênis alheio (porque a gente só gosta do nosso próprio), se você se enfiar num armário e não sair dele jamais, se você mantiver um namoro ou um casamento de conveniência (com uma mulher, lógico!), se você não tiver o menor trejeito que te denuncie, se você rir das nossas piadas que dizem — brincando, claro, tenha senso de humor!! — que viado é ridículo e inútil e nojento, bom, se você seguir todas essas regras, a gente te atura. Somos tolerantes e bonzinhos com os gays: é só não ser gay, entendeu?! E é por isso que ser gay é tão ofensivo pro padrão dominante. Porque, pô, um negro não pode escolher ser negro, uma mulher não pode escolher ser mulher (e tudo bem uma mulher ser mulher, desde que saiba seu lugar e cumpra suas funções), mas um gay definitivamente pode escolher ser hétero! É só querer! É só deixar de ser fresco! Óbvio que um gay só quer ser gay porque está na moda, porque, né, ser gay traz um mundo de vantagens! Pense nos privilégios que um hétero tem. Quando você sentiu vergonha de ser hétero? (nesse caso, em geral, a gente nem costuma se envergonhar dos outros héteros!). Quando você foi discriminado por ser hétero? A única resposta que um hétero tem na ponta da língua pra essa pergunta é “Quando fui a uma boate gay”. Primeiro que não acredito muito nisso (héteros são bem tratados em boates gays). Depois que, olha só, você teve que ir a um lugar específico para ser discriminado. Prum gay, lésbica, trans ser discriminado, tudo que el@ tem que fazer é sair à rua. Aliás, serve ser discriminado dentro de casa também. Não tem que ir a lugar nenhum pra sofrer discriminação, basta existir.
Portanto, ter orgulho de ser hétero é querer celebrar a sorte que você tem simplesmente por ter nascido hétero. É ostentar riqueza, e ostentação de riqueza não pega bem. Sabe quando um milionário fútil gasta milhares de reais festejando o aniversário do seu bichinho de estimação? Sabe quando um cara tem a petulância de reclamar das suas férias num resort de esqui porque lá não estava frio o suficiente? Sabe quando o filhinho de papai critica a empregada por mexer nas suas coisas, sem imaginar que ser empregada não é um emprego dos sonhos, e que é um privilégio ter alguém pra limpar a sua sujeira? Então. Você, hétero, ao querer celebrar publicamente sua heterossexualidade, é um filhinho de papai. Porque ninguém está mexendo nas suas coisas ou ameaçando tirá-las de você. Porque sua orientação sexual não está correndo riscos. Porque você tem e vai continuar tendo todo o direito de andar de mãos dadas, beijar, casar com alguém do sexo oposto, adotar uma criança, e ninguém vai te olhar feio. Ninguém vai te expulsar do recinto, ninguém vai te bater ou matar, ninguém vai querer te transformar, ninguém vai dizer que se envergonha de ser seu pai/mãe, ninguém vai pensar que sua orientação sexual é depravada ou relacioná-la à pedofilia, ninguém vai te despedir do emprego por causa da sua heterossexualidade, ninguém vai dizer que o que você faz é pecado e que você vai arder no inferno por conta disso. Ou seja, você não precisa de uma data específica pra defender sua orientação sexual. Ela não está sob ataque. Todo santo dia você está mostrando seu orgulho hétero. Todo dia é um desfile sem fim pra você. Então, em vez de se orgulhar do seu privilégio, que tal envergonhar-se de viver numa sociedade que insiste em negar direitos a quem não é “normal” como você?
É o seguinte: poder até pode. Ninguém vai te fazer tirar a camisa, nem você irá preso por isso. Mas muita gente irá te considerar um completo babaca por vestir tal camisa. Um ignorante mesmo. Sabe por quê? Porque você tá deixando claro que não sabe o que é contexto. Porque, através de uma lousy t-shirt, você está dizendo que não sabe, ou não acredita (o que é pior?), que negros sofreram (sofrem ainda) séculos de exploração e humilhação. Porque você está afirmando que desconhece que nossa sociedade, todos os dias, associa negritude a coisas feias e sujas, e brancura ao que é limpo, puro e belo. Porque, pra finalizar, você está fingindo que não sabe (só pode estar fingindo!) que existem montes de movimentos fascistas como a Ku Klux Klan e os skinheads que fazem da supremacia branca a sua razão de viver. Eles, sim, têm motivos pra ter orgulho de ser branco — é porque odeiam os negros. Qual é o seu motivo? Se você não odeia os negros, por que quer esfregar na cara de todos que você não tem nem uma gotinha de sangue negro no seu organismo? O que você quer provar, ainda mais num país miscigenado como o nosso?
Só dizer “tenho orgulho de ser hétero” não significa necessariamente ser homofóbico. O problema é que é uma declaração dessas não vem à toa. De onde isso veio tem muito mais. Pode apostar que na frase seguinte a pessoa já vai dizer alguma bobagem como, sei lá, “Não tenho nada contra os gays, mas quero mais é que eles morram”. Nunca sei se essa pessoa está provando ser uma completa sem noção (ao não perceber que se contradisse na mesma sentença), ou se é brincalhona, e só não tem noção que está insultando seu interlocutor. Geralmente a pessoa que diz isso ou assume que é homofóbica (exemplo: “Se bater no meu filho pra evitar que ele vire viado é homofobia, então eu sou homofóbico sim!”, seguido de uma batida no peito), ou nega: “Claro que não sou homofóbico, tenho até amigo gay!” (ou , pros mais sem noção ainda: “Claro que não sou homofóbico, até assisto The L Word!”). Orgulho é o oposto de vergonha. Quando é que você sentiu vergonha de ser branco? É verdade que existe algo chamado white guilt, culpa branca, mas isso é sentir vergonha do que os brancos fizeram (é, quase sempre isso é visto como passado, fato encerrado) aos não-brancos. Mas esse “sentir vergonha” é no coletivo, é algo distante — por exemplo, ter vergonha dos antepassados que tinham escravos. No plano individual, a pessoa continua sendo contra as cotas pra negros. Ou seja, vergonha por ser branco pode acontecer, mas aí é vergonha pelo que outros brancos fizeram. Quando você sentiu vergonha de ser homem? (novamente, se acontecer, é pelo que outros homens fazem). Mas a sociedade não vem pra você e te diz “Eca! Que horror que é ser branco e homem!”. Não, isso é celebrado. Pense no que a gente vê na mídia (tirando os comerciais da Bombril e outros que dizem que homens são totais incapazes. Mas até isso é bom e estratégico, porque ninguém vai esperar que um incapaz faça alguma coisa, como cozinhar ou limpar a casa. Melhor deixar com quem sabe. Opa, esse alguém é a mulher?! Que incrível coincidência!).Pense na linguagem que usamos. Pense nos termos usados para condenar a sexualidade feminina (vadia, piranha, galinha etc) e para celebrar a sua (garanhão). Pense em como “aquilo roxo” e “colhões”, que só existem na anatomia masculina, são sinônimos de coragem, e em como macheza está associada à valentia, determinação, bravura, e em como “mulherzinha” é o oposto. Ser homem e branco é o padrão dominante, é a cor e o sexo de quem manda, de quem tem poder, de quem tem dinheiro, de quem faz as leis, e para quem as leis são feitas. Mas de nada adianta estar dentro do padrão desejável — homem e branco — se você puser tudo a perder sendo gay. Porque aí você será expulso do clubinho de homens brancos. É como se você estivesse cuspindo no prato que comeu, rasgando sua carta de privilégios. Tudo bem se você esconder que é gay. Se a gente olhar pra você sem desconfiar que você gosta de pênis alheio (porque a gente só gosta do nosso próprio), se você se enfiar num armário e não sair dele jamais, se você mantiver um namoro ou um casamento de conveniência (com uma mulher, lógico!), se você não tiver o menor trejeito que te denuncie, se você rir das nossas piadas que dizem — brincando, claro, tenha senso de humor!! — que viado é ridículo e inútil e nojento, bom, se você seguir todas essas regras, a gente te atura. Somos tolerantes e bonzinhos com os gays: é só não ser gay, entendeu?! E é por isso que ser gay é tão ofensivo pro padrão dominante. Porque, pô, um negro não pode escolher ser negro, uma mulher não pode escolher ser mulher (e tudo bem uma mulher ser mulher, desde que saiba seu lugar e cumpra suas funções), mas um gay definitivamente pode escolher ser hétero! É só querer! É só deixar de ser fresco! Óbvio que um gay só quer ser gay porque está na moda, porque, né, ser gay traz um mundo de vantagens! Pense nos privilégios que um hétero tem. Quando você sentiu vergonha de ser hétero? (nesse caso, em geral, a gente nem costuma se envergonhar dos outros héteros!). Quando você foi discriminado por ser hétero? A única resposta que um hétero tem na ponta da língua pra essa pergunta é “Quando fui a uma boate gay”. Primeiro que não acredito muito nisso (héteros são bem tratados em boates gays). Depois que, olha só, você teve que ir a um lugar específico para ser discriminado. Prum gay, lésbica, trans ser discriminado, tudo que el@ tem que fazer é sair à rua. Aliás, serve ser discriminado dentro de casa também. Não tem que ir a lugar nenhum pra sofrer discriminação, basta existir.
Portanto, ter orgulho de ser hétero é querer celebrar a sorte que você tem simplesmente por ter nascido hétero. É ostentar riqueza, e ostentação de riqueza não pega bem. Sabe quando um milionário fútil gasta milhares de reais festejando o aniversário do seu bichinho de estimação? Sabe quando um cara tem a petulância de reclamar das suas férias num resort de esqui porque lá não estava frio o suficiente? Sabe quando o filhinho de papai critica a empregada por mexer nas suas coisas, sem imaginar que ser empregada não é um emprego dos sonhos, e que é um privilégio ter alguém pra limpar a sua sujeira? Então. Você, hétero, ao querer celebrar publicamente sua heterossexualidade, é um filhinho de papai. Porque ninguém está mexendo nas suas coisas ou ameaçando tirá-las de você. Porque sua orientação sexual não está correndo riscos. Porque você tem e vai continuar tendo todo o direito de andar de mãos dadas, beijar, casar com alguém do sexo oposto, adotar uma criança, e ninguém vai te olhar feio. Ninguém vai te expulsar do recinto, ninguém vai te bater ou matar, ninguém vai querer te transformar, ninguém vai dizer que se envergonha de ser seu pai/mãe, ninguém vai pensar que sua orientação sexual é depravada ou relacioná-la à pedofilia, ninguém vai te despedir do emprego por causa da sua heterossexualidade, ninguém vai dizer que o que você faz é pecado e que você vai arder no inferno por conta disso. Ou seja, você não precisa de uma data específica pra defender sua orientação sexual. Ela não está sob ataque. Todo santo dia você está mostrando seu orgulho hétero. Todo dia é um desfile sem fim pra você. Então, em vez de se orgulhar do seu privilégio, que tal envergonhar-se de viver numa sociedade que insiste em negar direitos a quem não é “normal” como você?
228 comentários:
«Mais antigas ‹Antigas 201 – 228 de 228Lola, creio que vc não conheça toda o pensamento dos skinheads, eu não sou skin, mas nem todos são fachos. Procure saber sobre RASHs e SHARPs. Nem todos são safados. Você foi preconceituosa nesse ponto. Abraços!
Parabéns pelo texto!
Como voce citou, as pessoas se esquecem do contexto, principalmente porque não viveram aquele momento e não conseguem ter o mínimo de empatia pelo outro.
Na Biblia se fala que no final dos tempos o amor esfriará e os corações ficarão vazios e áridos...
A falta de respeito, de amor, de tolerância, de entendimento... tudo gerando um conflito, uma batalha, uma guerra.
Que pena! O mundo poderia ser tão bonito e perfeito, mas o gênero humano não quer saber de repartir, de compreender, de perdoar, de apoiar.
Lendo seu texto, penso que ainda posso ter esperança, pois alguém se importa com tudo que está acontecendo. Minha sexta-feira ficou melhor. Obrigado.
Sensacional, parabéns e peço autorização para usar e divulgar seu texto em minhas palestras, niversidades e redes sociais... e aí?
Muito interessante o seu post. A verdade é que cada um olha para seu umbigo. Não sou a favor de privilégios a mais, apenas de igualdade!
Ah! Parabéns pelo blog, muito bom!
♦ http://pacientesensinam.blogspot.com/ ♦
GENTE, NÃO ESQUEÇAM DESSA PARTE, MUITOS ESTÃO CONFUNDINDO AS PALAVRAS:
ntão. Você, hétero, ao querer celebrar publicamente sua heterossexualidade, é um filhinho de papai. Porque ninguém está mexendo nas suas coisas ou ameaçando tirá-las de você. Porque sua orientação sexual não está correndo riscos. Porque você tem e vai continuar tendo todo o direito de andar de mãos dadas, beijar, casar com alguém do sexo oposto, adotar uma criança, e ninguém vai te olhar feio. Ninguém vai te expulsar do recinto, ninguém vai te bater ou matar, ninguém vai querer te transformar, ninguém vai dizer que se envergonha de ser seu pai/mãe, ninguém vai pensar que sua orientação sexual é depravada ou relacioná-la à pedofilia, ninguém vai te despedir do emprego por causa da sua heterossexualidade, ninguém vai dizer que o que você faz é pecado e que você vai arder no inferno por conta disso. Ou seja, você não precisa de uma data específica pra defender sua orientação sexual. Ela não está sob ataque. Todo santo dia você está mostrando seu orgulho hétero. Todo dia é um desfile sem fim pra você. Então, em vez de se orgulhar do seu privilégio, que tal envergonhar-se de viver numa sociedade que insiste em negar direitos a quem não é “normal” como você?
Devíamos ter orgulho em ser o que somos:Hetero,gay, branco, negro, asiático, índio...orgulho de sermos mulheres e homens de bem. Orgulho de sermos seres humanos que se preocupam com seus semelhantes (humanos) por menos parecidos que sejam em idéias ou convicções.
Minorias são sim rechaçadas, deixadas de lado ao longo da história. Inegável. No entanto, rotular como preconceituosos TODOS os que não são parte das "minorias" é errado. Minorias entre aspas porque se a minoria é diferente em cada lugar. Para citar um exemplo: sou do sul do país típica brasileira (mistura de índio, português, italiano, negro e espanhol), nasci branca (branca, branca que sol só me faz ficar rosa)cabelos cacheados e pretos. Isso não me impede de ir a praia, copacabana, zona sul do Rio...um grupo de rapazes negros fica 15 minutos ao meu lado usando termos pejorativos, porque? Porque segundo eles: sou branca, branca transparente, gasparzinho, omo, braquela entre tantos outros codinomes que me colocaram. ATé que um ambulante olha pra eles e diz: ela não entende nada, nao tao vendo a cor? é "gringa". E ouço: PIOR AINDA!.(Além de branca, estrangeira...)
Tudo bem que foi UMA situação dentre as milhares que os negros sofrem e em nada se compara com os anos de exploração, trabalho escravo e piadas racistas nojentas. Não me dirigi a uma delegacia para registrar queixa contra o preconceito racial que sofri. As pessoas ao meu redor riam das palavras com as quais me chamavam. E eu não fui.Uma colega me diz: mas ninguém ia te levar a sério, ninguém acha ruim ser chamado de branco." Eu não fui chamada de branca, apenas, fui ridicularizada por ser uma MINORIA na praia cheia de pessoas bronzeadas, morenas,negras.
Não tenho orgulho em ser branca e hetero, nasci assim, porque Deus quis ou por causa da genética para os céticos. Mas tenho orgulho de não ter sido criada com preconceito. Preconceito contra qualquer tipo de crença, religião ou a falta dela, orientação sexual, cor.. nada disso define o caráter. E é disso que eu tenho orgulho. CARÁTER.
por favor, nao me critiquem antes de entender o que eu digo,
tenho uma crença onde ser homossexual é errado, e ao me perguntarem a respeito, sou muitas vezes tratado como homofobico.. tenho um grande repeitos pelas pessoas, mas o que muitos nao entendem é q tenho uma crença (nao confudam com o q eu falei sobre respeito) e assim nao sou obrigado a concordar com um movimento q acredito ser errado, nao me entendam mal, nao qro me fazer de coitado, apenas explicar meu ponto.
qria saber como vcs veem isso
Assim como o tema criticado, o post também é muito preconceituoso. A ofensividade excessiva busca substituir os argumentos vagos.
Sou uma simples leitora, mas gostaria de registrar meu orgulho em ler um texto maravilhoso... este post deveria ser editorial de jornais, revistas, blogs... enfim, as pessoas deveriam parar um pouco ler racionalmente e pensar seriamente no que fazem de suas vidas, como guardam seus preconceitos... ao ler textos como os seus continuo acreditando na humanidade... obrigada!
Parabéns, Lola! Ótimo texto. Muita gente na internet quer se engajar em alguma coisa para se sentir "ativo" de alguma forma e acaba se agarrando uma uma causa sem sentido que só cria mais preconceito e influencia mais gente que não sabe a diferença de ser diferente moral e civilmente.
Afinal quando foi dito: Amai o próximo como a si mesmo, não foi determinado que o próximo deveria ser do sexo oposto.
excelente texto, Lola! muito obrigada!
recordou-me de uma música muito boa:
"there's a dream that I see, I pray it can be
look cross the land, shake this land
a wish or a command
a dream that I see, don't kill it, it's free
you're just a man, you get what you can
we all do what we can
so we can do just one more thing
we can all be free
maybe not in words
maybe not with a look
but with your mind..."
e não é?
eis um sonho: que as pessoas um dia consigam abrir os olhos e, principalmente, a cabeça.
Parabéns pelo post. Fora pra essa imensurável ignorância e EGOISMO.
post simplesmente magnífico!
Vocês acreditam que, volta e meia, eu tenho que ouvir dos meus pais que hoje em dia as crianças são influenciadas pela sociedade a se tornarem gays e que, por isso, hoje temos mais homossexuais.
Uma frase dessas carrega tantos preconceitos que nem sei por onde começar:
1 - eles não entendem que ser homossexual não é uma escolha, e muito menos um modismo.
2 - não param para pensar que hoje em dia tem tantos homossexuais como no passado (falando em porcentagens) a diferença é que com a opressão as pessoas eram "obrigadas" a ter uma família e, consequentemente, viver uma mentira.
3 - qual o problema de termos mais homossexuais assumidos hoje em dia? não seria isso uma qualidade, afinal, temos menos pessoas vivendo uma mentira?
4 5 6 7 posso falar mais um monte de coisas a respeito disso.
e sabe o que é mais interessante? meu irmão é gay, casado há 8 anos com um rapaz maravilhoso, um ser iluminado, formam um casal exemplo de felicidade, cumplicidade, fidelidade etc... sabem aquele amor que emociona? desses daí!
enfim, sobre esse rolo todo eu sou muito contra o dia do héterossexual e apoio o dia do orgulho gay, mas na minha opinião, o ideal mesmo seria que não fosse necessário, que não houvesse a necessidade dos homossexuais criarem um dia para pregar o seu orgulho? entendem? o ideal seria que nunca tivesse existido preconceito a ponto da necessidade de criarmos esse dia.
Somos todos iguais.
e sempre que alguém me faz um comentário preconceituoso eu retruco: você briga com a sua mãe porque ela gosta de pinto? não né? então pq brigar com os outros pq eles tbm gostam?
Lola,
Parabéns pelo texto,precisamos de mais depoimentos de pessoas como você. O racismo não é uma exclusividade de nós negros. É um problema de brancos e negros. A solidariedade na militância é fundamental para superarmos esse câncer no futuro. Estou contente por ler suas palavras de indignação, lucidez, sobriedade, verdade e solidariedade! E como diriam meus irmãos do hip hop, tamo junto. Grande abraço fraterno!
Ahhh, escrevo um blog também, caso tenha curiosidade faça-me uma visita.
Abraço!
mcpavao.blogspot.com
www.myspace.com/aquilombando
Não sei exatamente como vim parar aqui no seu blog. Isso foi há alguns dias atrás, quando li uns vários textos... Essas infovias não deixam explícitos o lastro e o rastro do caminhar.
Hoje, também não sei em que lugar cliquei que me trouxe a este post. Acho que o fato de eu ver escrito nele várias coisas que vinha eu pensando em escrever me fez senti-lo o melhor texto que li por essas bandas. Um texto que eu queria ter escrito!
Só uma pequena correção ao texto. O responsável pelo projeto do "Orgulho Hétero" não é um deputado. É vereador.
Oi! É o primeiro texto que leio do seu blog, quero parabenizá-la. Um dos melhores, para não dizer melhor, post que já li sobre o assunto!
Faço parte da minoria GLS, me descobri e assumi por volta dos 17/18 hj com 24 sinceramente me cansa discutir esse assunto, estou esgotado desse assunto e os argumentos por mais elaborados parecem não convencer, não sabia que existiam tanta gente acéfala, para mim o mundo real era muito mais interessante...
Acontece que as pessoas hoje tão com mania de criar hostilidade em tudo. Culpa da mídia, etc. Modinha mesmo. É TÃO SIMPLES isso: a questão não é se eu fui discriminado alguma vez... mas sim de estar manisfestando um orgulho da mesma forma que o homossexual; e também fazer frente aos heterofóbicos (que existem sim, da mesma forma que os homofóbicos).
Ah.. mas.. ''Todo santo dia você está mostrando seu orgulho hétero.
Todo dia é um desfile sem fim pra você.'' REVOLT FEELINGS DETECTED
É estranho alguns homossexuais rotularem a si mesmo como doentes, deficientes de alguma coisa. Essas pessoas querem ser tratadas igualmente, mas não querem igualdade. That's fucking ironic. Vocês são pessoas normais, porra. Isso não é uma briga de torcida organizada não. Ninguém precisa brigar. É muito drama.
Se os homossexuais afirmam sua sexualidade surgir naturalmente, assim como o heterossexualismo, então que nos JUNTEMOS (sim, isso mesmo) para uma sociedade imparcial, sem benefícios materiais, nem ideológicos para nenhuma das partes. Isso é igualdade. Isso é respeito. E isso vale para questão negro-branco também. A mentalidade de respeito e tolerância deve ser desenvolvida nas pessoas. Não é criando privilégios (cotas), exclusividades para um lado que teremos êxito nessa questão, até porque isso só favorece à injustiça. É injustiça.
SIM, EU SEI E NÃO ESQUECI que os homossexuais fazem parte de uma minoria, mas é completamente hipócrita a intolerância ao orgulho hétero. GOSTAR DE SER HÉTERO NÃO É MENOSPREZAR O HOMOSSEXUAL. NÃO É CRITICAR O ORGULHO GAY. PORRA, NÓS GOSTAMOS DE PESSOAS GAYS TAMBÉM. EU ADORO GAROTAS LÉSBICAS, ELAS SÃO ATÉ MAIS LINDAS (ACREDITE, NÃO É SÓ EU QUE ACHO), CONHEÇO GAYS GENTE BOAS PRA CARAMBA. EU SÓ NÃO CURTO BEIJAR HOMEM. Logo, as críticas devem ser voltadas aos preconceituosos. O combate deve ser ao preconceito. Não precisa confundir as coisas, isso é mania de hostilidade.
Por definição, criticar o orgulho hétero já é ser heterofóbico. E vice-versa. Se o homossexual quer igualdade, que respeite também, que seja a favor da simetria, da igualdade, da imparcialidade; é o primeiro passo.
Cada um fazendo o que quer. Cada um fazendo sexo com quem gosta. Ninguém precisa criticar o gosto do outro, nem querer tirar o direito do outro. É simples.
Parabéns, Lola!
Que senso da realidade!
Esse mundo muitas vezes me cansa!!
espero que o meu cometário seja lido por você LOLA! GAYS também tem que saber conviver com héteros , já que há diferença nesses dois, e gostos não se discute! já que você escreve denunciando que gays não anda de mãos dadas na sociedade , expressando assim seus gostos particulares que não são os mesmos que o meus e que eu não obrigo ninguém a gostar, se não eu tô errada! escreve sobre isso!
Discordar de "minorias" nem sempre significa atacá-las. As "minorias" também precisam conviver com o contraditório.
Excelente texto, retratou bem como as aflições e a humanidade são misturadas neste ballet improvável entre o ódio e a definição da personalidade. Acho que essa discussão tanto do lado hétero como do lado homo um pouco limitada. A divisão por si só já o é, não acredito que tenhamos somente os grupos separados desta forma, a sexualidade humana é muito complexa e sua determinação monolítica um perigo. Mas não precisaríamos nos atacar tanto outro dia li um post "toda criança órfã foi gerada por um casal hétero e abandonada por um casal hétero" toda generalização é perigosa para que precisamos nos atacar para definirmos um lado bom e um lado ruim? Não bastaria uma ação positiva, reforçando o fato que todo cidadão em um estado laico tem o direito a busca da felicidade? Mas o que vejo são ataques, como se pudêssemos nos salvaguardar em um lado ou outro, as vezes sonho com um ataque alienígena, e ai todos os humanos deveriam se unir e se defender do inimigo que está lá fora, talvez assim houvesse mais humanidade, dos dois lados
Muito bom mesmo! Sou mais uma que nunca havia comentado teus posts (acho rs), mas sempre li e gosto do que leio e agora faço questão de te parabenizar! Saiba que vai ser muito bem recomendado! hahaha
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