Fiquei incrédula anteontem de manhã, ao saber que a Parada Gay de SP (que será realizada amanhã) decidira homenagear o Marcelo Tas. Não gosto muito de criticar movimentos do qual não faço parte (embora eu me considere muito simpatizante dos LGBTTT), pois sempre parto do princípio que cada grupo sabe muito melhor do que quem está de fora quem quer homenagear ou contra o que lutar. Mas é chato quando se vê que uma minoria, ou parte dela, não se antena com o que está acontecendo com as outras.Por exemplo, Tas faz parte do CQC, um programa preconceituoso (inclusive homofóbico) que recentemente ofendeu inúmeras mulheres ao ridicularizar as mães que amamentam em público. A repercussão não foi pequena: houve vários mamaços por todo o país.Além disso, Tas é colega de Rafinha Bastos, que vem sendo um dos principais alvos das Marchas das Vadias pela sua asquerosa piada sobre estupro (aliás, assine a petição para que ele se retrate). Comentei no Twitter que achava a escolha da Parada uma bola fora, e perguntei se, na organização, não havia nenhuma lésbica, que poderia estar a par das asneiras machistas que o CQC vem cometendo (e não custa lembrar: homofobia e machismo andam sempre de mãos dadas). Seguiu-se um diálogo fascinante com um montão de gente que estava tão indignada com essa homenagem quanto eu. A @aiaiai63 disse que isso era provavelmente um serviço de marketing pessoal (assessoria de imprensa) do humorista/jornalista/apresentador para tentar melhorar um pouco sua imagem e, assim, brecar a fuga dos patrocinadores do programa. E, acrescentou ela, a própria declaração de Tas de que sua filha era lésbica já tinha sido estratégica. Pois é. Tas só tirou sua filha do armário para milhões de espectadores depois das declarações homofóbicas de Bolsonaro no CQC (o Will corrigiu que Tas já havia falado da filha antes, no ano passado). Convenhamos: aquela entrevista com Bolso fez mais mal do que bem. O pessoal esclarecido, mais à esquerda, pró-direitos humanos, já sabia que o deputado era um reaça de marca maior. Mas uma parte do eleitorado conservador não conhecia a figura, e adorou conhecê-la. Foi só depois da entrevista no CQC que apareceram absurdos como “Bolsonaro pra presidente” (tomara que ele concorra: divide a direita e não ganha nunca; seria um Le Pen brazuca). Claro, é louvável que Tas tenha declarado ter orgulho da filha lésbica, mas não deixa de parecer oportunista. Por que só naquele momento, e por que só quando surgiu uma onda gigantesca contra os gays alavancada pelo programa que ele comanda?Dois dos meus interlocutores mais ligados foram @gramppo, que explicou que vários gays e lésbicas ligaram pro CQC na ocasião da cobertura do protesto na Ofner (houve um beijaço lá; o CQC foi desrespeitoso), e @MkGerald, que lamentou que um homem como Tas, que já se manifestou contra o PL 122, seja homenageado por uma parada que planeja conseguir 1,5 milhão de assinaturas a favor do projeto. Ele também comparou a homenagem indigna com uma dada a Luciana Gimenez, que foi vaiada durante a Parada, porque no seu programa havia humilhado duas lésbicas. O Jonas lançou um desafio pra ele próprio: disse que em pouquíssimo tempo faria uma lista de gente mais merecedora de homenagens pelo movimento LGBTTT do que Tas. Reproduzo o email que Jonas me mandou:
Oi Lola! Quando soube por você a notícia que o Marcelo Tas seria homenageado na Parada Gay de São Paulo, meu primeiro pensamento foi “Mas o quê?”. Assim que te disse que faria uma lista de gente bem melhor para ser homenageada na Parada, me vieram à mente inúmeras pessoas: artistas, ativistas, jornalistas, blogueiros, que mesmo talvez não sendo tão famosos quanto o Tas (alguns bem underground), com certeza merecem homenagem e visibilidade. Já que pessoas mais engajadas (e menos hipócritas) que o Tas existem aos montes, tive que filtrar bastante os nomes para uma lista de seis que considero importantes, pelo menos pra mim:
Deborah Duprat: Procuradora Geral da República, a primeira mulher a ocupar o cargo. Com alguns dias como Procuradora, ainda em 2009, foi ao STF pedir o reconhecimento da união estável entre homossexuais. Duprat também é a favor do aborto e foi uma das principais defensoras da Marcha da Maconha neste ano. Deborah tem sido uma das principais figuras públicas a lutar a favor dos Direitos Humanos nesses últimos anos. Jean Wyllys: O ex-BBB, deputado pelo PSOL, tem se mostrado um dos maiores políticos brasileiros engajados na luta contra qualquer tipo de preconceito, principalmente contra a homofobia. É ele que, ao contrário de muitos outros, não tem cedido, tem batido de frente com a bancada evangélica, além de fazer parte do partido mais “gay-friendly” do Brasil. Qualquer pesquisa no Google sobre o mandato do Jean me enche de orgulho e até me faz esquecer que ele já fez parte do Big Brother.
Marta Suplicy: Uma mulher forte, Marta tem décadas de história na luta feminista e LGBT, e é com certeza um dos nomes mais influentes e admirados pelos gays. Mesmo com algumas controvérsias, foi ela que propôs a união civil homossexual, isso há mais de 15 anos, e foi ela que desarquivou o PLC122 este ano. Não sei se ela já foi homenageada na Parada, não sou de SP, mas com certeza deveria, mesmo que fosse de novo, ainda mais nesse ano de avanço conservador.
Iara Bernardi: Professora, filiada histórica do PT e relatora do PLC122. Mostrar apoio a ela seria muito mais lógico que homenagear o Tas, afinal, é na Parada que querem colher mais de 1 milhão de assinaturas de apoio ao Projeto, não é? Tiago Santiago: Tá, podem me xingar se quiserem, porém, mesmo Amor e Revolução não sendo exatamente a novela que esperávamos (em relação à direção e atuação, por exemplo), a história vale muito a pena. Além de ter personagens femininas fortes, a novela também foi a primeira a exibir um beijo gay (e entre mulheres, o que ajuda muito na visibilidade lésbica). A homossexualidade está sendo bem abordada, diferente do que acontece na Globo.
Plínio de Arruda Sampaio: Mesmo não tendo votado nele (o que meio que me arrependi depois da suspensão do Kit Anti-Homofobia pela Dilma), Plínio foi o único candidato à presidência que apoiou abertamente o casamento gay e foi o único também a assinar um termo de compromisso à causa LGBT. Longe de mim querer fazer a Parada Gay um movimento partidário, mas se alguém tem coerência no seu discurso, esse alguém merece meu respeito.Bem Lola, essa foi minha listinha, que apesar de modesta, inclui nomes muito melhores que o Tas. É claro que há muito mais gente (Ivan Valente, Maurício Costa, Paulo Búfalo, Dr. Rosinha, entre outros), não conseguiria falar de todos aqui, nem teria muito tempo pra explicar o motivo, mas eu disse pra você que seria fácil, não seria?
Verdade. E anteontem no Twitter ninguém se lembrou da primeira pessoa que me veio à mente: Toninho Cerezo. Não, o ex-jogador de futebol não é gay, nem é militante pelos direitos LGBTTT, mas pelo menos ele não faz parte um programa de TV preconceituoso.E, se o que determina uma homenagem numa das maiores paradas gays do mundo é uma demonstração de amor de um pai que aceita e se orgulha d@ filh@, que tal esta carta de Toninho, pai da modelo transexual Lea T, publicada na revista Lola? É de uma delicadeza ímpar, olha só:
“Qual pai um dia não pensou desta maneira? Como seria bom se existisse um manual completo, que ensinasse e orientasse como ser pai em todas as etapas da vida dos filhos!
Por mais que existam livros, manuais, conselhos bem-intencionados, a grande verdade é que exercer a paternidade vai muito além de conselhos e teorias. Todos sabem que cabe à paternidade uma parcela da responsabilidade de cuidar, educar, proteger e preparar os filhos para o ingresso na sociedade. Mas a alma humana é muito complexa, e estamos bem longe de saber tudo o que esse ser mutante chamado Homem é capaz de fazer, querer e ser…
Meu menino, minha menina pra sempre, eternamente, os dois serão meus.
Ainda no ventre, Leandro foi um filho esperado e amado. Na sua infância, seu sorriso doce e os cabelos cacheados não me indicavam qualquer tendência, era apenas uma criança, era apenas meu filho. Com o passar dos anos e a chegada da adolescência, conheci, na intimidade e nos momentos que passamos juntos, seu jeito diferente — a clara ausência de predileção por brincadeiras masculinas. Percebi interesse por assuntos ligados à arte e ao universo feminino.
Por conta da minha formação familiar ter sido baseada em respeito, cresci em um ambiente livre e pude escolher jogar futebol e viver apenas com meus dons no campo. Como não tive o tão sonhado manual, 'Como Criar Filhos', criei os meus igualmente livres também para suas escolhas, sem cobranças nem imposições. Apesar de notar as diferenças, percebi também que nada poderia fazer, e tudo o que poderia dar a ela/ele era o meu amor incondicional, a segurança, o conforto e a certeza de que, em qualquer circunstância, por mais que longe, eu estaria sempre ao seu lado.
Em alguma entrevista, Lea disse que a única coisa que gostaria de ter aprendido no futebol eram as embaixadinhas (veja só!), e que até tentou aprender, mas não foi muito bem-sucedida. Sei que trabalho em um ambiente teoricamente machista, mas nunca houve influência nem espaço para cobranças, apenas dei oportunidade de estar comigo caso quisesse.
Pode ser que eu tenha sido negligente como pai, mas não há motivos para frustrações. Não podemos ser bons em tudo. E você, Lea T. Cerezo, sabe muito mais que embaixadinhas. Teve coragem de, elegantemente, tentar quebrar paradigmas e mostrar ao mundo que devemos aceitar, sim, as diferenças, ser tolerantes com a diversidade, entender e não julgar aquilo que não conhecemos.
O caminho pode ser longo, mas com certeza não será o mesmo depois de você. A paternidade é livre de qualquer padrão, de qualquer critério imposto pela sociedade, filho deve ser aceito na sua totalidade, na sua integral condição de vida, independentemente de sua orientação sexual.
Como diria o poeta Cazuza, 'O tempo não para, não para, não, não para', e filho crescido não cabe mais aos pais educar. Sendo assim, aqui ou lá, torço por você, Lea. Menino ou menina, Leandro ou Lea, não importa mais, sempre serei seu pai e você, orgulhosamente, um pedaço de mim.”Desejo todo sucesso do mundo à Parada Gay que ocorrerá amanhã, mas torço que ela seja mais política, escolhendo nomes que realmente façam jus a uma homenagem, e menos midiática. Sem perder a alegria e a ternura jamais.
Deborah Duprat: Procuradora Geral da República, a primeira mulher a ocupar o cargo. Com alguns dias como Procuradora, ainda em 2009, foi ao STF pedir o reconhecimento da união estável entre homossexuais. Duprat também é a favor do aborto e foi uma das principais defensoras da Marcha da Maconha neste ano. Deborah tem sido uma das principais figuras públicas a lutar a favor dos Direitos Humanos nesses últimos anos. Jean Wyllys: O ex-BBB, deputado pelo PSOL, tem se mostrado um dos maiores políticos brasileiros engajados na luta contra qualquer tipo de preconceito, principalmente contra a homofobia. É ele que, ao contrário de muitos outros, não tem cedido, tem batido de frente com a bancada evangélica, além de fazer parte do partido mais “gay-friendly” do Brasil. Qualquer pesquisa no Google sobre o mandato do Jean me enche de orgulho e até me faz esquecer que ele já fez parte do Big Brother.
Marta Suplicy: Uma mulher forte, Marta tem décadas de história na luta feminista e LGBT, e é com certeza um dos nomes mais influentes e admirados pelos gays. Mesmo com algumas controvérsias, foi ela que propôs a união civil homossexual, isso há mais de 15 anos, e foi ela que desarquivou o PLC122 este ano. Não sei se ela já foi homenageada na Parada, não sou de SP, mas com certeza deveria, mesmo que fosse de novo, ainda mais nesse ano de avanço conservador.
Iara Bernardi: Professora, filiada histórica do PT e relatora do PLC122. Mostrar apoio a ela seria muito mais lógico que homenagear o Tas, afinal, é na Parada que querem colher mais de 1 milhão de assinaturas de apoio ao Projeto, não é? Tiago Santiago: Tá, podem me xingar se quiserem, porém, mesmo Amor e Revolução não sendo exatamente a novela que esperávamos (em relação à direção e atuação, por exemplo), a história vale muito a pena. Além de ter personagens femininas fortes, a novela também foi a primeira a exibir um beijo gay (e entre mulheres, o que ajuda muito na visibilidade lésbica). A homossexualidade está sendo bem abordada, diferente do que acontece na Globo.
Plínio de Arruda Sampaio: Mesmo não tendo votado nele (o que meio que me arrependi depois da suspensão do Kit Anti-Homofobia pela Dilma), Plínio foi o único candidato à presidência que apoiou abertamente o casamento gay e foi o único também a assinar um termo de compromisso à causa LGBT. Longe de mim querer fazer a Parada Gay um movimento partidário, mas se alguém tem coerência no seu discurso, esse alguém merece meu respeito.Bem Lola, essa foi minha listinha, que apesar de modesta, inclui nomes muito melhores que o Tas. É claro que há muito mais gente (Ivan Valente, Maurício Costa, Paulo Búfalo, Dr. Rosinha, entre outros), não conseguiria falar de todos aqui, nem teria muito tempo pra explicar o motivo, mas eu disse pra você que seria fácil, não seria?
Verdade. E anteontem no Twitter ninguém se lembrou da primeira pessoa que me veio à mente: Toninho Cerezo. Não, o ex-jogador de futebol não é gay, nem é militante pelos direitos LGBTTT, mas pelo menos ele não faz parte um programa de TV preconceituoso.E, se o que determina uma homenagem numa das maiores paradas gays do mundo é uma demonstração de amor de um pai que aceita e se orgulha d@ filh@, que tal esta carta de Toninho, pai da modelo transexual Lea T, publicada na revista Lola? É de uma delicadeza ímpar, olha só:
“Qual pai um dia não pensou desta maneira? Como seria bom se existisse um manual completo, que ensinasse e orientasse como ser pai em todas as etapas da vida dos filhos!
Por mais que existam livros, manuais, conselhos bem-intencionados, a grande verdade é que exercer a paternidade vai muito além de conselhos e teorias. Todos sabem que cabe à paternidade uma parcela da responsabilidade de cuidar, educar, proteger e preparar os filhos para o ingresso na sociedade. Mas a alma humana é muito complexa, e estamos bem longe de saber tudo o que esse ser mutante chamado Homem é capaz de fazer, querer e ser…
Meu menino, minha menina pra sempre, eternamente, os dois serão meus.
Ainda no ventre, Leandro foi um filho esperado e amado. Na sua infância, seu sorriso doce e os cabelos cacheados não me indicavam qualquer tendência, era apenas uma criança, era apenas meu filho. Com o passar dos anos e a chegada da adolescência, conheci, na intimidade e nos momentos que passamos juntos, seu jeito diferente — a clara ausência de predileção por brincadeiras masculinas. Percebi interesse por assuntos ligados à arte e ao universo feminino.
Por conta da minha formação familiar ter sido baseada em respeito, cresci em um ambiente livre e pude escolher jogar futebol e viver apenas com meus dons no campo. Como não tive o tão sonhado manual, 'Como Criar Filhos', criei os meus igualmente livres também para suas escolhas, sem cobranças nem imposições. Apesar de notar as diferenças, percebi também que nada poderia fazer, e tudo o que poderia dar a ela/ele era o meu amor incondicional, a segurança, o conforto e a certeza de que, em qualquer circunstância, por mais que longe, eu estaria sempre ao seu lado.
Em alguma entrevista, Lea disse que a única coisa que gostaria de ter aprendido no futebol eram as embaixadinhas (veja só!), e que até tentou aprender, mas não foi muito bem-sucedida. Sei que trabalho em um ambiente teoricamente machista, mas nunca houve influência nem espaço para cobranças, apenas dei oportunidade de estar comigo caso quisesse.
Pode ser que eu tenha sido negligente como pai, mas não há motivos para frustrações. Não podemos ser bons em tudo. E você, Lea T. Cerezo, sabe muito mais que embaixadinhas. Teve coragem de, elegantemente, tentar quebrar paradigmas e mostrar ao mundo que devemos aceitar, sim, as diferenças, ser tolerantes com a diversidade, entender e não julgar aquilo que não conhecemos.
O caminho pode ser longo, mas com certeza não será o mesmo depois de você. A paternidade é livre de qualquer padrão, de qualquer critério imposto pela sociedade, filho deve ser aceito na sua totalidade, na sua integral condição de vida, independentemente de sua orientação sexual.
Como diria o poeta Cazuza, 'O tempo não para, não para, não, não para', e filho crescido não cabe mais aos pais educar. Sendo assim, aqui ou lá, torço por você, Lea. Menino ou menina, Leandro ou Lea, não importa mais, sempre serei seu pai e você, orgulhosamente, um pedaço de mim.”Desejo todo sucesso do mundo à Parada Gay que ocorrerá amanhã, mas torço que ela seja mais política, escolhendo nomes que realmente façam jus a uma homenagem, e menos midiática. Sem perder a alegria e a ternura jamais.
56 comentários:
Lola, ótimo texto, cheio de chats com a galera que te lê, LYMDO! Sou bicha, sou viado, concordo com sua posição. PLC122 SIM, MARCELO TAZ E SUA FILHA NÃO. Só um adendo: Marta Suplicy que tanto levou a discussão sobre direitos LGBTs para o parlamento, agora vem conversando com setores mais conservadores e reacionários (leia-se os igrejeiros) para modificar texto do PLC122. Na prática, isso permitiria que pastores e padres pudessem continuar incentivando a homofobia em seus púlpitos, fazendo coro aos assassinos de bichas, sapas e travas mundo afora. Dessa forma, não acho que essa senadora mereça homenagem no dia da Parada. Beijo
É, essa foi um balde de água fria total. Vou sugerir que na Caminhada Lésbica de hoje façam comentários sobre isso, acho que ainda dá tempo.
Oba, sou um dos primeiros!
Me considero super hiper simpatizante dos dois movimentos. Vivo minha vida assim, de acordo mesmo, e erro como qualquer pessoa, qualquerzinha mesmo.
Acho que o movimento LGBT, e que "a maioria", e' relativa sim. Concordo que, por exemplo, quando uma feminista, ou um segmento de qualquer grupo, boicota um humorista, ou um grupo de humoristas, isso significa mesmo que apenas uma pequena parte, infima, boicota mesmo esse grupo.
Claro que na bela manipulacao das informacoes podemos formar maiorias. Ai posso eu citar que a maioria dos homossexuais e mulheres provavelmente nao pensam como voce em relacao ao Tas (isto e', vejo voce muito bem repercutida, espcialmente depois do caso, e nao vejo que tenha exatamente se calado, o que acho, e quem me conhece sabe o quanto sou sincero quando digo isso, OTIMO).
Claro, claro, voce e muita gente que nao necessariamente pensa como voce (acho que voce, sim, pensa), mas que te segue, dirao que "sao seculos de formatacao de pensamento" etc, desconsiderando, e' claro, a capacidade intelectual de parte das massas, o que eu tambem faco, pessoalmente, e que acho que todos fazemos. Aqui nos isteites chamamos isso de "holier than thou", ser mais santo que os outros. Eu luto pela certeza (mesmo que momentanea, eu mudo de opiniao) de estar certo, e voce pela certeza de estar certo, e nesse embate estamos querendo ser mais santos do que os outros.
O que eu critico e' a tendencia desse engajamento, no querer ser democratico, comece a ser anti-democratico, pixando nomes que nao devem ser pixados. O Pasquim fez isso, e amo O Pasquim. Amo, mesmo, muitas de suas causas. Aprendi nesse curto tempo que te sigo que discordo muito de suas ideias. Me incomoda muita essa coisa de pixar o movimento LGBT, simpatizando com o movimento LGBT.
Nao faz sentido. Sei que faccoes diferem. Mas nao faz sentido. Eu sugiro, e aprendi por experiencia (mas claro que posso estar erradissimo, afinal, a midia que comunica com mais massas e' voce), que facam sempre pelo positivo. Facam mais marchas. Lancem mais faccoes. Homenageiem, saiam as ruas, facam positivamente, mais gente, que seja.
Ah, vai... Pixar esse segmento do LGBT no Brasil por homenagear fulano ou cicrano? :-(
Bjx
Roy
PS: Bastos ja se posicionou publicamente a favor da amamentacao publica, o que, acho eu, ele nem devia fazer. Isso nao constitui algo melhor do que um pedido de desculpas, sendo ele uma celebridade?
É, se era para homenagear uma pessoa fora do mundo político, com influência na mídia e que respeita e se orgulha das decisões e escolhas dos filhos, o Toninho Cerezo seria infinitamente melhor do que o tas.
E, Lola, nunca pixei nem voce nem o movimento feminista, oka, antes de que haja alguma confusao. Nem aqui, nem em redes sociais, nem em lugar nenhum.
Roy
Eita, por essa não esperava!
Conheço muita gente do movimento LGBT que está desanimado com a parada gay porque se tornou espetáculo, não é politizado. Tanto que alguns gays até falam que queriam ser lésbicas, já que elas são bem mais politizadas e atentas a essas questões.
Um evento que mostra que homossexuais e trans estão aí, queiramos ou não, exigindo o respeito que lhes é negado a todo momento, deveria ter mais preocupação em escolher uma pessoa para ser homenageada.
O bizarro mundo da mídia... Em vez de tirarem o programa do ar, agora querem pintar a imagem de bom-moço do Tas. Muito triste isso, de verdade... Deve ter rolado uma grana SUJA por trás disso, eu acho. Porque, do contrário, não vejo justificativa alguma pra uma homenagem dessas.
Adorei, parabéns mais uma vez pelo ótimo texto!
chorei com a carta de toninho!
indignei-me com a homenagem ao tas.
no minimo ridiculo.
Se eu estivesse em sampa faria questão de ir lá na premiação só para vaiar.
Estou muito triste com essa decisão. Mas qualquer um que já tenha se envolvido na organização de eventos de grandes proporções sabe como certas coisas podem ser (não sabemos se foi assim) decididas em reuniões pequenas, com pessoas com interesses escusos, e muitas vezes com "contatos pessoais" que só atrapalham. Sem dúvidas a projeção do Tas na mídia deu condições para ele cavar essa homenagem. Duvido que isso tenha sido uma ideia que passou pela cabeça dos organizadores. Agora, é torcer para um vaiaço digno de uma pessoa equivocada como ele. Pena eu não estar lá, puxaria com prazer... (ah, e demais o depoimento do TCerezzo! Pai do ano!!!)
beijosss
Apesar de ser lésbica, casada há muitos anos, lésbica feminista( e por ser feminista é que sou contra várias atitudes do movimento gay no Brasil), sou contra a parada gay por várias razões, dentre elas, o carnaval ridículo de homens mostrando-se como prostitutos, com caras monstruosas. Nada acrescenta para a sociedade, nada se discute. São corpos expostos em tom de carnaval. Nunca fui e jamais irei. Acho uma burrice total. Pronto, falei!!!!!!
É incrível que em tempos de visibilidade lésbica um homem hetero branco receba os louros.
De qualquer forma, a carta no final me fez chorar muito, e me encheu de esperança...
Que triste isso...
Fico aqui torcendo para que a parada seja um sucesso. E que ele seja bastante vaiado na entrega dessa homenagem.
Oi Lola! Nunca escrevo aqui, mas desta vez achei importante fazer umas observações! Primeiro que por mais que você não faça parte diretamente do movimento LGBT, você é bem articulada. E as lutas contra machismo e homofobia não pertencem a este ou aquele movimento! Por isso é importante que o combate a eles seja transversal.
Sou gay e também acho um erro da Parada homenagear o Tas, por conta da declaração dele sobre a filha lésbica. E a ameaça de processo em cima de você? Muita falta de respeito e sensibilidade com a luta feminista, que também é ou deveria ser uma bamdeira do movimento LGBT.
Agora só uma coisa. O Tas já tinha sim falado sobre sua filha lésbica em outras ocasiões! Em setembro do ano passado ele deu uma entrevista para a Alfa falando sobre ela. Aqui o link! http://acapa.virgula.uol.com.br/mobile/noticia.asp?codigo=11750! É isso!
Beijos,
@will_ag
Lola,
embora nunca tenha me manifestado antes, eu devoro avidamente seus posts. Sempre. Mas com esta história de homenagem a Marcelo Tas, preciso dizer que estou muitíssimo chateada. Muito mesmo. Que merda imensa, viu? Estou tão contrariada que por hora é só o que consigo dizer...
Um abraço,
Ivone.
Não tiro a razão da crítica quanto à homenagem. Acho sim que a decisão é discutível e eu nunca tive simpatia nenhuma pelo Tas, mas daí a criticar a associação da Parada eu já acho SIM um desserviço enorme.
Parece que ninguém foi além do que a Folha noticiou pra entender o que é o prêmio. Inclusive, estou vendo nessa lista aí nome de gente que recebeu o prêmio!
Poxa, antes de correr pra criticar a APOGLBT não deu tempo de googlar o nome prêmio pra ver quem recebeu? Se alguém tiver interessado em saber, é só entrar no site da Parada:
http://www.paradasp.org.br/noticias.php?id=215
E as indicações eram abertas, se tem pessoas que merecem mais, qualquer um podia enviar um simples email. Criticar é bastante fácil, mas por que o interesse em elaborar listas não surgiu quando a associação estava recolhendo as indicações?
Não é como se o Tas fosse a Madrinha da parada, gente! Não vejo mal nenhum em premiar a atitude dele responder ao Bolsonaro falando que tem orgulho da filha, acho ótimo! Ainda mais com tão poucas pessoas públicas que têm coragem de assumir uma posição.
Ainda por cima já deu brecha pra aparecer a história de sempre: falar que a Parada virou um carnaval. Curioso que quem fala isso geralmente não é quem participa do ciclo de debates ou da feira cultural. Se a parada é a única parte que a mídia tá interessada em mostrar, a culpa não é da APOGLBT, que se esforça tanto pra promover a cidadania.
é, cada vez mais o meu preconceito com essas manifestações em massa aumenta (vide meu comentário naquela "chamada" sua pra Marcha das Vadias, Lola). no caso LGBT, o caráter de oba-oba da Parada já tá mais do que óbvio, chega a absurdo...
eu acredito mais no poder que têm a persuasão no boca-a-boca e o voto pra eleger gente valiosa à política, como o Jean Wyllys, a essas causas importantes do que nas manifestações com data marcada e cara de festa. as marchas, paradas e passeatas sem dúvida geram discussão, mas onde JÁ HAVIA consciência política... o resto do mundo, gente, que no fim é o que acaba pesando mais, NÃO ENTENDE NADA. e, como tá servindo de exemplo o caso dessa Parada, é comum que até mesmo os que participam não consigam entender... infelizmente.
A Maria Berenice Dias tbm poderia estar na lista de homenageados(as). :oD
É, já tinha ouvido isso de que a Pareda era só espetáculo. Agora isso...
http://gamesreflexoes.blogspot.com/2011/06/parada-gay-sao-paulo-dia-26-de-junho-de.html
Leia esse texto pra vc aprender o q e homofobia, ja que pelo visto a senhora nao sabe...
(Sobre o comentarista acima)
Considerando a arrogância do comentário somado ao fato de eu ter visto um "OS 10 BUMBUNS MAIS LINDOS DO VIDEOGAME" com uma foto objetificadora ao lado do texto a que você se referiu, não tenho a menor vontade de lê-lo.
Ai, Lola... eu já tenho vários pontos contra a organização das paradas gays... e agora uma homenagem dessas! Isso é vergonhoso pra mim, e garanto que pra muitos gays. Não me sinto nenhum pouco representado pelos atuais grupos gays =\
Parabéns Games e Reflexões...
Excelente exemplo de homofobia esse link q vc mandou ¬¬.
Lola, estive há pouco com uma galera que é ativista LGBT, inclusive estavam indo para a Parada de amanhã, e comentei sobre essa homenagem nada a ver e eles me disseram que não era uma homenagem e sim um protesto contra o Tas.
Espero que esses meus amiguxos estejam certos!
Belo post, como sempre! Apesar de ser a primeira vez que comento aqui, amo seu blog e acesso diariamente! Apesar de sempre ter tido ~tendências feministas e de defensora dos fracos e oprimidos~, só agora tenho tido embasamento. Obrigado a você, Lola, e aos comentaristas assíduos!
Eu sou a única pessoa na minha família que realmente se preocupa com esses assuntos - homofobia, misoginia, transfobia, hate crimes - mas eu ganho o maior apoio (volta e meia ganhando junto uma fama de feminazi, mas ganho). E sobre a lista, tanto por ela quanto por pura observação diária posso dizer que, em minha humilde opinião, incluiria alguns juizes da área de família. Nem de longe as coisas estão do jeito de deveriam ser, mas me dá muito orgulho ver casais homossexuais ganhando causas de guarda e outros direitos que a sociedade em si nunca daria voluntariamente, e saber que as coisas podem mudar.
Dani, será que ele sentirá do próprio veneno que aplicou no Bostanaro? Será HI-LÁ-RIO se isto acontecer. E o Bosta irá amar.
A escolha do Tas foi tão somente por ele ter apresentado a filha no programa, mesmo. Quem foi receber a homenagem foi ela: http://www.paradasp.org.br/noticias.php?id=217
Esse é o problema de dissociar os movimentos... =(
Mas adorei a carta do Toninho. Eu dizia isso para meus alunos, que a gente não deve criar expectativas com relação ao que nossos filhos vão ser quando crescer (pensava na fala infeliz de Claudia Leite quando perguntaram a ela se o filho dela fosse gay e ela respondeu que ele ia ser macho para pegar a filha da Ivete). A coisa mais dificil é isso. Não criar expectativas. E na carta do Toninho, meio que ele faz esse exercício, dá aula pra gente.
Eu não entendo a polémica: quer dizer que não gostar de amamentar na rua significa não apoiar a causa gay? O que tem o cu a ver com as calças? Mesmo que ele dissesse não gostar das feministas isso não punha em causa o seu apoio aos gays. E se a liga gay (não sei as letras daquela sigla) resolveu homenageá-lo, porque ele é uma voz que vai longe, uma cara que é conhecida e portanto pode ter alguma influência para a sua causa, qual é a crise? Ou pensam que o homenageam por simpatia apenas?
Lola, deixa para trás, não faças dele um inimigo pessoal.
CQC é a cura para essa enfermidade conhecida como homossexualismo.
Olha Lola....eu tenho vergonha de ir a uma parada gay...sou gay, e olha nunca me senti representado nela. O que é aquilo? Tenho vergonha. Ver essas pessoas agindo como promiscuas só dando base para os preconceitos ja existentes, fazendo ridículo, gastando fortunas em vestidos e se endividando ( não todos obviamente, apenas os que se sentem bem em se travestir). Sinto falta de uma maior politização...o movimento está quebrado, própria conjuntura mental da maioria dos gays é assim, falo isso pelos que eu conheço, parei de andar com a maioria dos meus amigos gays por isso, atualmente meu circulo de amizades está restringido aos que militam comigo e lhe digo que poucos são gays. A grande maioria é lésbica e esta articulada ao movimento feminista. Fico profundamente triste em ver como um ato que poderia acumular para uma discussão séria sobre os direitos nossos, acaba por se tornar um carnaval e me pergunto se já não faz mais mal do que bem....mas devido ao avanço dos retrógrados conservadores, antes uma parada com ares de carnaval do que o silencio.
É, acho que a pessoa da carinha feliz (:D) ali em cima tem toda a razão. E pensando bem, a escolha dos premiados pode ter sido anterior a esta polêmica toda que ele criou.
Dica para a Pentacúspide: machismo, misoginia e homofobia são amiguinhos inseparáveis. E o movimento LGBT também tem lésbicas, que também podem ter filhos e - olha! - amamentar. Mas é claro que só o primeiro motivo já bastava.
De qualquer forma, trata-se de uma visão abrangente da luta por direitos humanos. Isso é tão feio quanto o movimento LGBT entregar um prêmio a alguém notoriamente racista.
MEO! que coisa maluca! comecei a ler os post do ultimo e nao tinha visto este! como vivo no mundo do somnio eu ainda nao sabia da homenagem...
eu literalmente acabei de pintar uma tela em que meu tema era a tentativa desesperada das pessoas em se aproximar uma das oturas... ao som de Stand By me eu tive em mente um monte de coisas e pensei o tempo todo no pessoal das paradas gays de hoje sobretudo a de sampa... tenho muitos amigos gays e sinto que como qualquer outra pessoa o desejo e de poder amar sem ser rotulado, cobrado, punido...
fiquei com isso em mente e pintei minha tela... claro que a idiotice de escolher o homenageado totalmente errado nao tira o merito do movimento, mas meo! que e isso? exatamente o que voce disse? quem organiza uma coisa assim nao pode simplesmente estar desatento com outras minorias...
e como se eu sei la fosse super contra qualquer discriminacao contra um grupo mas tolerasse discriminacao contra outro. Ainda que nao assumidamente e o que se faz com atitudes assim!
Muitas informações desencontradas sobre essa informação da homenagem do Tas. Como apontou :D, Tas foi UM dos homenageados. Mas, do jeito que saiu a notícia na Folha (e isso pode ser serviço de amigos ou de assessoria de imprensa), ele foi o único homenageado. Na cerimônia de entrega aos homenageados, quem recebeu o certificado foi a filha de Tas. O MkGerald disse no Twitter de hoje (26/7): "Eu falei ontem com o @PierreFreitaz e ele me garantiu que Tas não está na lista de homenageados, ele receberia um certificado dias atrás pelo apoio que deu a filha e só, mas receberia SE tivesse presente em um evento e não esteve".
Cara Lola,
O comentário do leitor Pentacúspide (no último post) praticamente me "obrigou" a me manisfestar de alguma forma. Pensei em escrever um comentário, mas de cara vi que o texto ficaria muito longo...
Oi?... Alguém?... É impressão minha ou na minha época isso se chamava... Como era mesmo o nome? Ah, lembrei: incoerência!
Pois é, esse é basicamente o ponto, o “x” da questão. Ao menos tal como eu a interpreto (e como acredito que você interprete também)
Se não, vejamos!
Mulheres, e também alguns homens, criticam e combatem posturas que reificam as mulheres em geral. Do mesmo modo, não são poucos aqueles que, por seu turno, combatem toda e qualquer postura heterocêntrica. Podemos ir mais longe e citar também as pessoas que só faltam bater em quem teima em sustentar discursos racistas. E por fim, mas não por último, não posso esquecer-me daqueles que, assim como eu, desaprovam veementemente qualquer forma de violência exercida sobre os animais (sou vegetariano, a propósito)...
Provavelmente alguns dos seus leitores fariam coro com o Pentacúspide e me perguntariam: O que tem o c* a ver com as calças, homem? Ora, eu responderia, para mim, tudo!
Lola, o alvo, aquilo que se combate especificamente, pode até ser diferente, a princípio ou de fato, mas em todas essas questões há um elemento-chave que as aproxima. Você, eu e todos os seus leitores (ao menos assim espero) nos incomodamos com a opressão que um determinado grupo exerce sobre outro. E são tantas as formas de oprimir, não é mesmo? Há homens que violentam tanto física quanto simbolicamente mulheres; há os religiosos que ao confundir juízos teológicos com juízos de valor, disseminam intolerância e preconceitos; há a violência que nós praticamos contra os animais; há o desprezo/descaso de um grupo social em relação a outro. E por aí vai... Individualmente, cada um de nós elegeu uma dessas causas como prioritária e até aí tudo bem, mas isso não deveria implicar, não mesmo, no esquecimento das demais, até porque, no final das contas, todos nós queremos ajudar a construir uma sociedade mais justa, mais tolerante, mais permeável às diferenças e singularidades, não é mesmo?
Daí porque penso ser completamente incoerente alguém afirmar que apoia a ampliação dos direitos civis de homens e mulheres de orientação homoerótica e ao mesmo tempo adotar posturas machistas. Assim como também acho que, perdoe-me o tom mais assertivo, é igualmente incoerente gritar aos quatro ventos que se é contra o machismo e, não obstante, adotar uma postura de completa conivência indiferença em relação ao sofrimento dos animais (não me refiro a você, obviamente, até porque não sei qual é a tua postura em relação a essa questão).
A princípio, parecem ser coisas distintas e, na verdade, até certo ponto são mesmo. Mas daí eu pergunto/provoco: não devemos todos nos reunir sob a mesma bandeira de combate a intolerância, preconceito e opressão de um grupo sobre outro? E ao nos reunir sob essa mesma bandeira, não devemos nos esforçar para mudar nossos valores, discursos e práticas de um modo geral? Se sim, então como bater palmas para homens de comportamentos tão ambivalentes como, parece-me ser o caso, os do CQC? Adotar esse discurso de "se tá me defendendo, então ok", não seria uma forma de ligar, perdoe-me a expressão, o "f*d*-se" para todos os outros grupos?
Lembrei de dois exemplos que talvez me ajude a ilustrar o que quero dizer e aonde quero chegar.
Tenho acompanhado alguns blogs de ateus – que, segundo algumas pesquisas, é um dos grupos mais discriminados no país – e impressiona como eles estão se esforçando para rebater os discursos dos fundamentalistas religiosos, procurando deixar claro, dentre outras coisas, que se solidarizam com todos essas mulheres e homens que há séculos têm seus direitos obstruídos em “nome de Deus” apenas por não seguirem a cartela do "mamãe-papai-filhinho". E verdade seja dita, para boa parte deles “o c* tem haver com as calças sim”, afinal de contas, a luta dos ateus militantes por um Estado efetivamente laico acabaria por contribuir, e muito, para que projetos como, por exemplo, a união civil entre pessoas do mesmo sexo não ficasse parado apenas por que contraria as “leis divinas”.
E aí me vem à mente também meu irmão e minha cunhada. Ela, cristã, uma feminista de mão cheia. Ele, ateu, um bravo guerreiro da libertação animal. Em comum, além do vegetarianismo, a luta contra toda forma de opressão. Para, eles o maior bem moral que podem transmitir aos meus sobrinhos é certo cuidado e respeito com o Outro (conceito no qual, eles e eu incluímos também os animais). Não se trata apenas de ensinar a eles que, por exemplo, não importa como uma mulher esteja vestida, ela deve e merece ser respeitada, mas, antes, de fazê-los compreender que simplesmente não há razões para discriminá-la assim como não há razões para agredir um coleguinha apenas por ele ter um namorado ao invés de uma namorada. No final das contas a mensagem é uma só: sejam permeáveis, abertos ao diferente e fiquem atentos para não oprimir quem quer que seja por palavras ou atitudes.
Finalizando (ufa!)
Concordo que é preciso foco, que é preciso organizar-se em torno de uma questão e a partir daí arregaçar as mangas e ir mesmo para o campo de batalha, cada um com suas armas. Contudo, não podemos esquecer que machismo, heterocentrismo, especismo, racismo e vários tantos “ismo”, conforme tu mesma mencionaste, andam de mãos dadas. E me perdoe o radicalismo (olha outro "ismo" perigoso aí), mas se é para ter um, por exemplo, racista defendo a união civil de pessoas do mesmo sexo ou uma feminista que é pró-consumo de carnes, então prefiro que ninguém “suba no palanque”. As palavras podem até serem verdadeiras, justas, sensatas, eticamente impecáveis, mas não vou conseguir olhar para ela ou ele e não lembrar que enquanto ela ou ele está ali defendo a emancipação de um grupo, na sua prática diária, oprime ou contribui para a opressão de outros tantos. Ok, pode-se até argumentar que o importante mesmo é que tais palavras estão ajudando de alguma forma... Hum... Pode ser... Mas isso não me impediria de chegar junto e dizer: "vem cá, que tal agora ampliarmos isso, hein? Porque, né? Uma coisa é resolver o meu problema, mas e o dos demais?".
Que o Pentacúspide me desculpe, mas não vou sorrir para um homem que defende (supostamente) alguns e contribui para discriminar outros. Desculpe-me mesmo, mas isso é pouco para mim. Sou antiquado, ainda pertenço àquela turma que teima em tentar ser coerente.
Lindo mesmo o texto do Cerezo, isso é que é ser pai de verdade, esse merecia uma bela homenagem.
Uó, uó, uó patrulha geral! Piadas de Auschwitz ou de estupro são horrorosas, não existe lugar pra isto! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! A piada do mamaço foi de mau-gosto, só. O cara agindo de forma reacionária e ameaçando processar, nós vamos reagir, lógico!
Mas, cuidado! Às vezes, combatendo monstros, corremos o risco de virarmos um deles. O cara na parada gay, deixa rolar. Senão, vira a ditadura ao contrário. Bullshit!
É um certificado e um trofeuzinho em forma de "joinha" (mão com polegar pra cima), na verdade.
Todo ano tem pelo menos uma menção polêmica. Ano passado, se não me engano, foi homenagear série da rede globo que não tem coragem de passar beijo gay e a confederação de trabalhadores do ramo financeiro logo depois do itaú demitir uma funcionária por ser lésbica.
E todo ano a mesma discussão:
-O prêmio é para as ações, mas a gente pode separar das pessoas que praticam?
-Se não separarmos, só podemos homenagear pessoas ou entidades perfeitas? Isso existe?
-E que critérios usaremos pra definir quem é digno ou indigno de homenagem?
-Será que homenagear uma boa atitude de uma pessoa menos ligada ao movimento não é um estímulo pra essa pessoa se politizar e praticar mais atitudes positivas?
-No caso de uma entidade, não é positivo mostrar que essa parcela LGBTT da sociedade é grata por uma atitude em respeito à diversidade em avanço à situação atual?
Em todo caso, a APOGLBT sempre posta um texto no site comentando as ações dos premiados. O desse ano já saiu a primeira parte aqui:
http://www.paradasp.org.br/noticias.php?id=217
Realmente eu também não gostei de ver alguém que participa de um programa que dispara tanto contra mulheres ser homenageado, mas não posso deixar de concordar com a filha dele: "não tem nada mais legal para uma filha lésbica ver seu pai ser homenageado". A verdade é que ele tomou sim uma ótima atitude!
Tudo isso é discutível. Agora, dizer que a APOGLBT não é politizada é no mínimo um exagero!
Será que não somos capazes de uma discussão mais produtiva do que e "oh, como a organização LGBTT é ignorante e insensível a causas mais específicas das mulheres"?
Que tal "o que nós mulheres poderíamos articular para ganhar visibilidade para o movimento LGBTT e dentro dele?"?
Em vez de nos distanciar e só criticar, que tal nos unir e pensar como poderíamos estar contribuindo mais com o movimento LGBTT por meio do Feminismo e vice versa?
Ah, e eu fui ler a Folha no dia. Quem saiu no jornal não foi o prêmio, foi o Tas mesmo. Saiu uma notinha na parte de fofoquinha branca sobre "celebridades". Bem em cima dessa tinha uma notinha falando na Parada mas é só. As duas eram bem pequenininhas e insossas.
O fato é que a mídia nunca cobriu o mês do orgulho LGBTT como se tivesse algum interesse em mostrar a militância ou sequer o respeito à diversidade.
Essa idéia de que a Parada é uma grande micareta e as-bicha-tudo-pelada-no-meio-da-rua-pouca-vergonha-em-vez-de-pedir-direito-só-quer-dá-a-bunda vem daí, vem de campanha conservadora de que LGBTT é anormal e "sem-vergonhice".
Poxa, o que me chateia demais é ler coisas do gênero "sou gay e não me sinto representado por nenhum grupo LGBTT" ou "sou gay tenho vergonha do movimento LGBTT". A gente luta o ano todo pra mostrar pra essas pessoas, sejam lésbicas, gays, trans, que estamos aqui pra apoiar uns aos outros e lutar, sim, JUNTOS pela nossa cidadania.
Já basta viver numa sociedade tão hostil pra se sentir sozinho, não precisamos internalizar o discurso velado dos homofóbicos e nos distanciar ainda mais uns dos outros!
A Parada é uma festa mesmo, é a celebração de cada passo da luta que a gente travou o ano todo! O mês do orgulho é isso, não é pra mostrar, muito menos provar nada pros héteros e homofóbicos. A gente não precisa da aprovação deles. A gente não deve nada a ninguém!
Eu convido todo mundo que se dispor a fazer diferente ano que vem. Convido a participar do ciclo de debates, da feira cultural e também do prêmio Cidadania em Respeito à diversidade!
Vamos acompanhar a luta pela cidadania o ano todo, vamos acompanhar quem merece ser homenageado e fazer as nossas indicações, vamos NÓS fazer por merecer um prêmio e vamos ver se, no fim das contas, não vai dar vontade de comemorar até debaixo de chuva!
Quem deveria ser homenageada: Jovelina das Cruzes!!! Ela sim, merece. E outra coisa Lola, vc já viu esse vídeo que estão espalhando na net? Do mascarado polêmico falando sobre o Kit contra homofobia? Tá aqui o link... Fiquei chocada com a forma que ele vai falando e vai fazendo uma lavagem cerebral nas pessoas...
http://www.youtube.com/watch?v=Wq300dD-6PM
http://www.youtube.com/watch?v=Wq300dD-6PM
eu me assusto com esta coisa meio fanática, demais...e a liberdade de dizer coisas ridículas ou que outros podem não gostar? Às vezes, parece uma caça às bruxas, ui!
Lola, estava assistindo um episódio antigo de Friends e isso me fez lembrar de vc e toda a polêmica sobre amamentar em público. Exemplo legal de como é imaturo e infantil ficar chocado com isso. http://youtu.be/WrUJM0TWol8 Beijo!
:D, concordo com tudo que vc diz. Eu não critico a Parada Gay por ser o que é, que é uma festa. É uma celebração, uma demonstração de orgulho. Tudo isso tem seu lado político muito forte, mas o lado festivo, de confraternização mesmo, é maior. Não vejo nada de errado nisso. Podemos deixar a política mais “séria” pra outros dias e eventos. Eu não tinha entendido, pela notinha da Folha, que seriam vários prêmios. Pensei em “homenagem” mais pelo lado de “madrinha/padrinho da Parada” mesmo, sabe, como se o Tas fosse andar em cima de um carro elétrico. De todo modo, a minha crítica é que não dá pra disassociá-lo como pessoa do programa (CQC) que comanda, um programa machista e homofóbico. Acho estranho separar o Tas em dois. Do lado do “que legal que vc revelou ter orgulho da sua filha lésbica” eu acho boa a homenagem (embora preferisse uma ao Toninho Cerezo). Mas ele faz parte do CQC, pô, que está longe de ser um programa-modelo na luta dos direitos humanos. Não, não há pessoas perfeitas para serem homenageadas, mas há as menos polêmicas. E o que me chateou foi bem isso de “pros gays o Tas foi bacana”; “pras mulheres o CQC tem sido um desastre, e o Tas faz parte integral do programa, mas nós gays não temos nada a ver com a luta das mulheres”. Porque foi isso que pareceu!
Putz, Cacau, que lixo esse vídeo do Mascarado Polêmico! Ainda não tinha visto. Ele fala exatamente o que os preconceituosos querem ouvir.
Flávia, amei esse pedacinho de Friends! Vou usar quando falar de amamentação, obrigada!
Caramba, Lola, ficou lindão você ter colocado os tweets da galera entre os parágrafos, caiu meu queixo aqui. E o testemunho do pai fez lágrimas rolarem :). Adorei. Sucesso!
Lola, olha isso: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,a-verdade-da-caneta,737122,0.htm
Ei, Lola, só vi essa postagem hoje (27/06). Me manifestar contra a homenagem a Tas seria no mínimo redundante, ainda que válido (nos processe, Tas!) E a lista do Jonas é incrível, apóio TODOS! Agora, não tinha conhecimento dessa carta de Cereso (que já jogou no meu amado Cruzeiro, aliás! embora tenha começado no odioso Atlético Mineiro rs). Na verdade, sempre via as notícias sobre a bela Lea T. e não sabia bem como agir, o que pensar da posição do pai dela. E agora sei! Estou emocionada e orgulhosa, mesmo, com a carta dele. De coração!
Lola,
A parte sobre a parada ser uma festa era mais por causa de outros comentários negativos, e também porque comentei sobre a Folha que não disse nada sobre o prêmio, só que o Tas receberia. Como eu acompanho o blog há bastante tempo sei que você apóia e tudo. :)
Já na outra parte não sei se fui clara: eu não acho que é uma questão de "nós gays não temos nada a ver com as mulheres" e sim de premiar A AÇÃO mesmo sem festejar a pessoa. Tiro isso de conflitos anteriores, porque já se levantaram vozes sobre a coerência de homenageados antes.
Se a gente for ver bem, todo ano tem homenageados que não são pessoas/entidades dedicadas à causa da cidadania ou que nunca antes tinham feito alguma contribuição mínima contra qualquer discriminação. E eu acho isso até positivo, geralmente. Uma exceção é a minha opinião meio ambivalente no caso dessa homenagem.
E eu fiquei realmente surpresa que o Cerezo não tenha sido homenageado também. Será que não foi indicado? A carta foi publicada quando? Em março, não foi? Tinha que ter sido!
A Marta? Aquela mesma do "vocês conhecem Kassab? Ele é casado?"?
O homenageado deveria ser o falecido Marco Aurélio Silva Rocha mais conhecido como LACRAIA simbolo perfeito para o movimento LGBTs
Texto perfeito, como sempre. Tava eu me roendo sozinho com essa homenagem totalmente descabida, e pensando justamente nisso: organização da Parada não conhece os outros movimentos sociais? Porque chega a parecer de propósito.
Carlos Henrique, sobre a Marta, assim como você eu discordo desse tipo de negociação. O PL 122 prevê uma modificação da lei 7716/89, em que se incluiria "orientação sexual e identidade de gênero" numa lei que já prevê punições para discriminação quanto a etnia, sexo e preferência religiosa. Se se abrir qualquer exceção, não faz o menor sentido.
No entanto, não dá pra negar que a Marta é uma das congressistas mais interessadas na comunidade LGBT, que vem falando dessas questões desde o início de sua carreira política, e que abriu um grande espaço até para a elaboração de outros projetos de lei nesse sentido. Me parece que se ela está tentando negociar os termos do PL, não é por interesse pessoal, mas sim pra garantir que ele pelo menos seja votado.
Eu discordo dessa posição, mas entendo o que ela tá fazendo e principalmente o histórico dessa mulher.
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