A maior parte de vocês nem estava viva em 1980, então talvez não tenha ouvido falar em Vestida para Matar (veja o trailer aqui). Se bobear, não sabe nem quem é Brian De Palma. Também, se formos considerar o trabalho que ele tem feito ultimamente (Redacted - Guerra sem Cortes, Dália Negra, Femme Fatale, Missão Marte)... Porém, antes do desastre que foi A Fogueira das Vaidades (1990), De Palma fez ótimos filmes como Os Intocáveis (87), Scarface (83), Um Tiro na Noite (81), e Carrie (76). Ele foi um dos diretores mais importantes dos anos 80. E, provavelmente, o mais machista. As feministas sempre o detestaram. Vestida para Matar, de 1980, pode muito bem ser um dos filmes mais misóginos de todos os tempos.Nancy Allen durante as filmagens. Ao fundo, seu marido, De Palma.
Vou incluir aqui imagens que peguei do filme e contar um pouco da trama, com spoilers. Portanto, se você tiver intenção de ver Vestida, não leia isso. Mas também, não é por nada não: se você não viu um filme de quase trinta anos até hoje, pode ser que ele não esteja na sua lista de prioridades. Vestida começa com Kate, uma mulher de meia idade (interpretada por Angie Dickinson), tomando banho e tendo fantasias sexuais (o corpo amplamente mostrado, por sinal, não é dela, mas de uma modelo com um quarto de século a menos). Kate tem uma manhã ruim: na sua fantasia sexual, ela é estuprada e morta; o marido faz um sexo burocrático com ela, ela finge um orgasmo, o marido nem fala com ela ao terminar, e mais tarde ela tenta seduzir seu psicólogo (Michael Caine), mas ele não cai nessa. Achou ruim? Isso é fichinha.
Depois da sessão terapêutica, Kate vai a um museu de arte. Lá, segue e é seguida por um homem. Essa sequência dura intermináveis dez minutos e não diz a que veio. Não há suspense, pois ainda não sabemos que Kate corre perigo (a menos que você considere um mau sinal a luva que ela está usando, que tem de ser a luva mais horrorosa a já aparecer num fime). Quando ela vai falar com o cara, que está num táxi em frente ao museu, ele a puxa para dentro do carro, a beija, e passa a transar com ela. O motorista ajusta seu espelho retrovisor pra poder ver melhor. A transa continua no apê onde o sujeito a leva. Quando ela acorda, ele não está mais lá (parece ser uma constante na vida de Kate que os homens com quem transa não troquem uma só palavra com ela).Antes de sair, Kate perambula pelo apê. Numa gaveta encontra um teste médico - o cara tem uma doença venérea (felizmente, isso foi antes da Aids). Kate, desnorteada, sai de lá correndo, esquece a aliança, e pega o elevador, onde uma menina a encara com ar de reprovação. Vamos combinar que esta é uma manhã pra inferno astral nenhum botar defeito, certo? Mas tem mais: ainda no elevador, Kate é assassinada violentamente por uma figura misteriosa. É isso o que acontece com mulheres adúlteras que querem se liberar sexualmente. Até aí, tirando a parte da doença venérea e de fingir orgasmo, Vestida copia bastaste Psicose. De Palma sempre plagiou Hitchcock. Quem gosta do De Palma prefere chamar de homenagem. Tal qual em Psicose, em Vestida a protagonista tem uma morte abrupta, e outros personagens vão entrar em cena.A primeira é uma prostituta de luxo, Liz (Nancy Allen, então esposa do diretor, que conseguiu a façanha de ser indicada ao Globo de Ouro e à Framboesa de Ouro pelo seu papel; ela faz a gostosona malvada de Carrie). Como Liz vê Kate e o assassino por um instante, ela vira a principal suspeita. Junto com o filho adolescente de Kate (Keith Gordon, de Christine, O Carro Assassino), ela vai tentar encontrar o verdadeiro culpado. Várias coisas estranhas e inverossímeis acontecem no meio do filme, até que Liz, suspeitando de algum paciente do terapeuta, vai a sua clínica. De Palma usa um pretexto esdrúxulo pra exibir a Nancy Allen de lingerie sexy. E, como que para provar que machismo e homofobia caminham juntos, sabe quem é o assassino? O psicólogo.É. No fundo, ele quer fazer uma mudança de sexo, mas antes precisa matar as mulheres que o excitam sexualmente e despertam sua porção homem. Por isso matou Kate e tentou matar Liz, essas vadias cockteasers (não existe em português um termo pra isso - provocadoras? Mas não é só provocar, é provocar sem querer transar). Segue uma cena tão medíocre como aquela de psiquiatras explicando a condição de Norman Bates em Psicose, com todo aquele psicobabble (blá blá blá terapêutico) pregando como ser sexualmente ambíguo é perigoso. Mas o psicólogo-travesti-wannabe não morre. Ele é internado num manicômio. Lá estrangula uma enfermeira, porque, como se sabe, enfermeiras são todas cockteasers. Elas só existem pra despertar fantasias eróticas nos homens. Enquanto o assassino a despe, os internos assistem a tudo (como o taxista inicial), de camarote, torcendo animadamente.
O psicólogo, agora vestido de enfermeira, vai direto à casa do filho de Kate, onde a prostituta está hospedada. Liz está tomando banho (como Kate no começo do filme), e vê os sapatos da enfermeira na porta. Desta vez De Palma plagia a si mesmo: o assassino surpreendentemente corta a garganta de Liz, que acorda gritando. Foi um pesadelo, como em Carrie. Quem a consola é o adolescente, com quem ela provavelmente viverá feliz para sempre. Ou pelo menos estará protegida. Ela vai permanecer na sua posição submissa porque precisa de um homem para protegê-la de outros homens. Pra variar, Michael Ryan e Douglas Kellner oferecem uma análise instigante de Vestida em seu livro Camera Política (lembra que eu falei de Tubarão pela ótica deles?). Pra eles, Vestida é uma fantasia edipiana em que uma mulher/mãe é retalhada até à morte por ser uma cockteaser. No final, segundo eles, uma mulher “independente”, que também é meio provocadora com o próprio filho, é substituída por uma mais complacente. Liz só é levada pra casa do adolescente porque o pai dele (na realidade, padrasto) está “fora”. Logo, o filho estabelece sua identidade sexual através da aquisição do papel do pai em relação à mãe (a prostituta). Vestida é inteirinho sobre cada pessoa saber seu papel sexual e não tentar sair dele.
Notou que eu não gosto do filme? Desde 2006 há rumores que ele será refilmado. Não sei por que refilmar uma história que já parece datadíssima hoje. Mas ainda existe gente que considera Vestida para Matar uma obra-prima. Acho que esse pessoal deveria ser internado no mesmo manicômio do Michael Caine. E vestir uniforme de enfermeira ainda por cima.De Palma prepara Angie Dickinson para a cena do museu.
Vou incluir aqui imagens que peguei do filme e contar um pouco da trama, com spoilers. Portanto, se você tiver intenção de ver Vestida, não leia isso. Mas também, não é por nada não: se você não viu um filme de quase trinta anos até hoje, pode ser que ele não esteja na sua lista de prioridades. Vestida começa com Kate, uma mulher de meia idade (interpretada por Angie Dickinson), tomando banho e tendo fantasias sexuais (o corpo amplamente mostrado, por sinal, não é dela, mas de uma modelo com um quarto de século a menos). Kate tem uma manhã ruim: na sua fantasia sexual, ela é estuprada e morta; o marido faz um sexo burocrático com ela, ela finge um orgasmo, o marido nem fala com ela ao terminar, e mais tarde ela tenta seduzir seu psicólogo (Michael Caine), mas ele não cai nessa. Achou ruim? Isso é fichinha.
Depois da sessão terapêutica, Kate vai a um museu de arte. Lá, segue e é seguida por um homem. Essa sequência dura intermináveis dez minutos e não diz a que veio. Não há suspense, pois ainda não sabemos que Kate corre perigo (a menos que você considere um mau sinal a luva que ela está usando, que tem de ser a luva mais horrorosa a já aparecer num fime). Quando ela vai falar com o cara, que está num táxi em frente ao museu, ele a puxa para dentro do carro, a beija, e passa a transar com ela. O motorista ajusta seu espelho retrovisor pra poder ver melhor. A transa continua no apê onde o sujeito a leva. Quando ela acorda, ele não está mais lá (parece ser uma constante na vida de Kate que os homens com quem transa não troquem uma só palavra com ela).Antes de sair, Kate perambula pelo apê. Numa gaveta encontra um teste médico - o cara tem uma doença venérea (felizmente, isso foi antes da Aids). Kate, desnorteada, sai de lá correndo, esquece a aliança, e pega o elevador, onde uma menina a encara com ar de reprovação. Vamos combinar que esta é uma manhã pra inferno astral nenhum botar defeito, certo? Mas tem mais: ainda no elevador, Kate é assassinada violentamente por uma figura misteriosa. É isso o que acontece com mulheres adúlteras que querem se liberar sexualmente. Até aí, tirando a parte da doença venérea e de fingir orgasmo, Vestida copia bastaste Psicose. De Palma sempre plagiou Hitchcock. Quem gosta do De Palma prefere chamar de homenagem. Tal qual em Psicose, em Vestida a protagonista tem uma morte abrupta, e outros personagens vão entrar em cena.A primeira é uma prostituta de luxo, Liz (Nancy Allen, então esposa do diretor, que conseguiu a façanha de ser indicada ao Globo de Ouro e à Framboesa de Ouro pelo seu papel; ela faz a gostosona malvada de Carrie). Como Liz vê Kate e o assassino por um instante, ela vira a principal suspeita. Junto com o filho adolescente de Kate (Keith Gordon, de Christine, O Carro Assassino), ela vai tentar encontrar o verdadeiro culpado. Várias coisas estranhas e inverossímeis acontecem no meio do filme, até que Liz, suspeitando de algum paciente do terapeuta, vai a sua clínica. De Palma usa um pretexto esdrúxulo pra exibir a Nancy Allen de lingerie sexy. E, como que para provar que machismo e homofobia caminham juntos, sabe quem é o assassino? O psicólogo.É. No fundo, ele quer fazer uma mudança de sexo, mas antes precisa matar as mulheres que o excitam sexualmente e despertam sua porção homem. Por isso matou Kate e tentou matar Liz, essas vadias cockteasers (não existe em português um termo pra isso - provocadoras? Mas não é só provocar, é provocar sem querer transar). Segue uma cena tão medíocre como aquela de psiquiatras explicando a condição de Norman Bates em Psicose, com todo aquele psicobabble (blá blá blá terapêutico) pregando como ser sexualmente ambíguo é perigoso. Mas o psicólogo-travesti-wannabe não morre. Ele é internado num manicômio. Lá estrangula uma enfermeira, porque, como se sabe, enfermeiras são todas cockteasers. Elas só existem pra despertar fantasias eróticas nos homens. Enquanto o assassino a despe, os internos assistem a tudo (como o taxista inicial), de camarote, torcendo animadamente.
O psicólogo, agora vestido de enfermeira, vai direto à casa do filho de Kate, onde a prostituta está hospedada. Liz está tomando banho (como Kate no começo do filme), e vê os sapatos da enfermeira na porta. Desta vez De Palma plagia a si mesmo: o assassino surpreendentemente corta a garganta de Liz, que acorda gritando. Foi um pesadelo, como em Carrie. Quem a consola é o adolescente, com quem ela provavelmente viverá feliz para sempre. Ou pelo menos estará protegida. Ela vai permanecer na sua posição submissa porque precisa de um homem para protegê-la de outros homens. Pra variar, Michael Ryan e Douglas Kellner oferecem uma análise instigante de Vestida em seu livro Camera Política (lembra que eu falei de Tubarão pela ótica deles?). Pra eles, Vestida é uma fantasia edipiana em que uma mulher/mãe é retalhada até à morte por ser uma cockteaser. No final, segundo eles, uma mulher “independente”, que também é meio provocadora com o próprio filho, é substituída por uma mais complacente. Liz só é levada pra casa do adolescente porque o pai dele (na realidade, padrasto) está “fora”. Logo, o filho estabelece sua identidade sexual através da aquisição do papel do pai em relação à mãe (a prostituta). Vestida é inteirinho sobre cada pessoa saber seu papel sexual e não tentar sair dele.
Notou que eu não gosto do filme? Desde 2006 há rumores que ele será refilmado. Não sei por que refilmar uma história que já parece datadíssima hoje. Mas ainda existe gente que considera Vestida para Matar uma obra-prima. Acho que esse pessoal deveria ser internado no mesmo manicômio do Michael Caine. E vestir uniforme de enfermeira ainda por cima.De Palma prepara Angie Dickinson para a cena do museu.
28 comentários:
Vc está comentando estes clássicos horrorosos pq está sem tempo pra ir no cinema por causa da tese ne....
Baixa filme na net;... muito melhor.. eu queria que vc comentasse Cabaret ou aquele filme coreano Old Boy.
Poderiamos fazer uma enquete:"Qual desses classcios a Lolinha deve comentar?"
bjos
Lola, acompanho o seu blog há menos de um ano e sempre tô relend posts antigos, muito bom.
Mas não deixo de pensar que às vezes você faz algumas análises bastante equivocadas, para não dizer burras, como esta. Este filme é maravilhoso, peloamordedeus!
Por outro lado, me interessei pelo livro "Câmera Política", você sabe se ele ainda está a venda?
abraço!
Não vi e não me interessa muito, pela sinopse.
Ah, já viu um comentário chamado "Religulous"? Achei tão bom...
Dos últimos filmes que vi, os que mais gostei foram "Choke" e "Watchmen". Mas pra falar desse último eu sou suspeita, já que sou muito fã de quadrinhos e graphic novels.
Aliás, mesmo que não tneha visto o "Watchmen" ainda, vale a pena dar uma olhada nesse site: http://www.slate.com/id/2212953/?from=rss
Asnalfa, hoje vou ao cinema ver Watchmen. Mas se vc acha que escrever um artigo desses, pegar as fotos do filme etc etc não leva um tempão, bom, tá na hora de vc começar o seu próprio blog. Tem vários clássicos que quero comentar. Cabaret pode ser um deles, já que amo o filme de paixão.
João Daniel, a sua argumentação contra a minha é essa: “este filme é maravilhoso, peloamordedeus!”? Vc pode achar o filme maravilhoso, mas tô esperando desmentir que ele não seja machista e homofóbico. E por que vc quer ler o Câmera Política? Lá tá cheio de “análises burras e equivocadas” como essa... Pra escrever este post, tentei encontrar um excelente artigo da Linda Williams descendo o pau no De Palma. Li esse artigo há uns anos, mas não consegui achá-lo. Os argumentos dela são muito sólidos, muito mais que os de Camera Política (que analisa brevemente TODA a obra do De Palma pra chegar à conclusão que o cara é hors concours em termos de misoginia). Agora, eu gosto de vários filmes dele, como Carrie, Um Tiro na Noite e Os Intocáveis - apesar do machismo do diretor. Aliás, Tiro na Noite e Intocáveis eu não só gosto como AMO.
Oi Lola!
Nossa, assisti esse filme há séculos, nem lembrava dos detalhes... lembro que na epoca se comentou que a Angie Dickinson usou um 'dublê de corpo' (outro filme daquela época, é do De Palma também?) na cena do banho.
Também adorei Os Intocáveis (perfeito!), Carrie e Um Tiro na Noite; não vou argumentar contra nem a favor do 'Vestida...', mas pela sua análise é barra mesmo! Haja clichê!
Aproveito para convidá-la e ao pessoal para visitar meu bloguinho, tem muita coisa nova por lá (especialmente comparações entre filmes e livros)
http://www.terracotabolsas.com/rato
Ah, já viu o documentário "Killing Us Softly" que a Marjorie recomendou no blog dela? É excelente!
Um beijão!
Nossa, nem me lembrava mais de Vestida para Matar, e olha que tem o Michael Caine, que eu adoro...
Os meus De Palma favoritos também são Os Intocáveis (mesmo tendo o Kevin Costner e sua cara número única) e Um Tiro na Noite, que é mesmo muito bem feito. De resto, tem muito tempo que o BdP não faz um filme realmente bacana. Peninha...
Abraço,
Mônica
Crônicas Urbanas
ps- me lembrei de você e sua tese no meu post de hoje, hehehe...
Pelo que você contou o filme parece ser uma mistura de Psicose com Instinto Selvagem.
E esse truque de acordar e perceber que foi tudo um sonho é meio datado mesmo.☺
Al Pacino teve algumas de suas melhores atuações sob a batuta (ui) de Brian de Palma, em Scarface e Carlito´s Way (Pagamento Final). Adoro esses dois filmes. Gosto como ele faz referências e homenagens a Hitchcock como em Dublê de Corpo e, claro, Vestida pra Matar. Acho esse um grande filme; ao contrário de você, aquela sequência da Angie Dickinson sendo perseguida, com o túnel, o estranho no museu, acho hipnótica. Misógino, machista, pode ser. Mas ainda acho um bom classicão - se reprisar qualquer noite dessas, assisto com prazer. Ah, e apesar do Nicholas Cage, também gosto de Olhos de Serpente, que tem uma sequência de quase meia hora aparentemente sem cortes que é sensacional, no começo. Já de Os Intocáveis eu nem lembrava, acredita? Acho tãão previsível. Bjk.
Afff, onde escrevi "comentário" leia-se "documentário"...
É a idade.
Kkkk, logo após eu postar o comentário eu me toquei que meu tom pareceu um pouco agressivo, coisa que eu, acredite, detesto.
Imagine eu falando isso com você em um boteco, pra ficar mais leve, rs
Mas, falando sério, é que sim, você tem bons argumentos e está embasada, mas eu discordo. Você pode achar sim que é machista ou homofóbico, mas não acho que seja um filme doente ou que queira pregar esse tipo de ideologia.
Acho os filmes do DePalma, nessa fase, bem cafajestes mesmo, mas acho isso faz parte da proposta ou da visão de vida dele, aceitemos ou não. Na sua análise você só viu um lado do filme e esqueceu de citar o clima, a mise-en-scène, as atuações que são muito boa...Palma é muito mais do que isso, e "Vestida..." é um dos que eu mais gosto dele.
não vi Vestida para Matar, mas tenho um mega-preconceito com diretores q fazem "homenagens" a outros, seja no cinema ou no teatro. na maioria das vezes é desculpa pra parecer cult mesmo na crise criativa. tipo assim: "eu não trago nada de novo, mas conheço toda a obra de Hitchcock/Zé Celso". acho q uma bela homenagem é UM detalhe q lembre o diretor, e não mil detalhes, ou simplesmente a cópia do roteiro.
o único filme bom q homenageia outro q me vem à cabeça agora é De Salto Alto, na referência ao Bergman.
ah, não q eu queria ser chata, é mais pra tirar uma dúvida, mesmo. será q "até à morte" tem crase? eu sempre achei q não, mas vi q vc colocou... se eu descobrir q sim, minha vida vai mudar!
faz sentido a sua argumentação. mas não acho que o brian tenha culpa. isso é uma coisa da sociedade como um todo e da psique do homem. acho um grande filme. carrie tb, tem uma cena de nudez gratuita no começo. e carrie sim tem um dabate legal entre a mãe q quer q a filha seja uma puritana e a filha q quer se libertar sexualmente. mas no final é a mãe a paranóica, a fanática religiosa. o cinema brasileiro tá cheio de cena de nudez gratuita. se o brian é misógino o nelson rodrigues é o que?
"conseguiu a façanha de ser indicada ao Globo de Ouro e à Framboesa de Ouro pelo seu papel"
Huahuahuahuahuahuahuahuahuahuah!!
Sem tempos para maiores comentários, Bye!
Dando pitaco: L. Archilla, seguindo o truquezinho de trocar a palavra por uma masculina para checar se tem crase, acho que "ate a morte" nao tem crase, afinal se vc trocar "morte" por "fim" fica "ate o fim" (para a crase estar correta deveria ser "ate ao fim").
Ajudei?
Christine, lembro disso do dublê tb. Ganhou muita repercussão na mídia.
Sobre o doc Killing Us Softly, é o máximo! Eu já o tinha visto (e anotado um monte de coisa para escrever um post sobre ele) faz um mês. Ou mais. Mas sempre falta tempo, droga! Que legal que a Marj está organizando uma exibição. Vou tentar dar uma olhada no seu blog, mas estou sem tempo nenhum...
Monica, é verdade. A primeira vez que vi Os Intocáveis nem gostei muito. E a cara do Kevin Costner e o maniqueísmo entre os bonzinhos e os malvados me tirou do sério. Mas cada vez que revejo, mais gosto. Adoro! Ah é, deixei um coment no seu post. Não acredito!
Ollie, Vestida tem muita influência de Psicose. Igualzinho. Mas Instinto Selvagem?... Não sei, se vc visse o filme não diria isso, eu acho. (eu considero I. S. muito melhor). E isso de pesadelo é clichê puro!
Tina, é, eu gosto bastante da primeira metade de Carlito's Way (depois acho que Carlito se perde no resto do caminho) e gosto muito de Scarface. Mas é um guilty pleasure, sabe? Porque o filme é caricato demais, exagerado demais pra ser bom. E o mesmo sobre a interpretação do Al...Essa cena do museu de Vestida - eu nem me lembrava dela. Mas achei muito ruim. Longa demais, sem suspense. Sobre Olhos de Serpente, tem coisas boas, e essa sequência sem cortes é uma delas. Mas eu amo Intocáveis. Apesar de previsível. Pra mim é um super filme de entretenimento. Aquela homenagem a Einseinstein na estação e a homenagem ao Ford na fronteiro com o Canadá... Aquilo é o máximo. De babar.
João, desculpe também se eu fui um pouco agressiva contigo, não foi minha intenção. É que tinha acabado de responder um email agressivo, aí o tom ficou. Sim, o enfoque do meu artigo, da minha análise, foi sobre como Vestida é um filme machista/misógino (leia o título do post). Por isso não citei clima ou mise en scene.
Lauren, ah, eu gosto de homenagens. Por isso gosto do De Palma. Mas um filme/peça não pode ser só isso, uma homenagem, né? Puxa, boa pergunta sobre a crase em “até a morte”. Eu não sei. Ultimamente ando com tantas dúvidas em relação à crase... Meu relacionamento com ela já foi bem menos complicado.
L M de Souza, oi? O Brian dirigiu o filme, roteirizou o filme, fez um filme machista, misógino e homofóbico, e a culpa não é dele? É da sociedade? Sim, é TAMBÉM da sociedade, mas não dá pra absolver o Brian, não. E diga-me que a sua pergunta (se o brian é misógino o nelson rodrigues é o que?) é brincadeira! Ora, o que é o Nelson Rodrigues? Hiper misógino! E no entanto eu gosto muito de várias peças dele.
Li, aconteceu na vida real! Tadinha dela. Ela tá melhor em Carrie.
Barbara, ajudou! Eu acho. Vou tirar a crase se encontrar a expressão no texto.
Eu tinha esquecido que filme era até ver as fotos.
Não tinha gostado tb não....
Beijos
Esse filme realmente existe? Chorei de rir lendo a "sinopse"
É, também acho Vestida Para Matar o cúmulo do machismo e misógino. Agora, Lola, uma pergunta: você não acha Carrie também um pouco misógino, não? O filme não parece ter um certo nojo pelo rito de passagem feminina? Queria saber sua opinião. Beijão, e parabéns pelo blog.
Carrie é muito machista sim, Giovani. Não há dúvida: é uma história toda sobre o medo (e o nojo) do corpo feminino. Eu já tratei disso um pouco aqui e aqui. Quer dizer, muita gente capacitada falou isso muuuuito antes de mim...
Foi por um mero acaso que vim parar a este blog e dei por mim a ler uma análise (sob o meu ponto de vista) ignorante sobre o "Vestida Para Matar".
Digo isto porque sendo a favor dos direitos de igualdade, é sempre necessário ter noção de que um filme é um produto de ficção que pertence ao imaginário do seu autor. Podemos sempre desacreditar o trabalho do realizador/argumentista do filme cada vez que não gostamos do que vemos. Dou como exemplo o "Irreversível" do Gaspar Noe que tem uma cena de violação filmada em tempo real durante 10 minutos aproximadamente. Sob o ponto de vista da Lola, será que ele tem algum género de desejos em sodomizar mulheres contra a vontade delas??? Acho que não é por aí.
Admito que o filme tem algumas debilidades a nível narrativo, mas isso também não faz dele um mau filme. É sempre necessário localiza-lo no tempo e no espaço e entender no que é que ele inovou durante o ano em que foi exibido.
Concordo também que seja uma adaptação bastante livre do filme "Psico" de Hitchcock (mantendo o esqueleto da narrativa) mas não há nada que Lola possa considerar plágio como diz na sua análise!!!
"Vestida Para Matar" não é um filme perfeito mas é um excelente filme. E antes de Lola opinar tão convictamente sobre um filme que, segundo me parece, foi feito antes do seu nascimento, sugiro que estude um pouco sobre História do Cinema.
Um grande bem haja!
Nuno Diogo.
se ele é homofóbico, não tou nem aí.
mas gosto de filmes com fantasias sexuais. axo q vou assistir, depois da sua análise.
E De Palma tem um ótimo filme sim (há pouco tempo atrás): Redacted, cujo trecho da sinopse eu coloco aqui:
"O filme documenta o caso de um estupro e assassinato de uma menina iraquiana de 14 anos por quatro soldados norte-americanos no Iraque."
http://cinemacomrapadura.com.br/noticias/68056/brian-de-palma-choca-veneza-com-redacted/
Aliás, ele saiu premiado de Veneza. O que só mostra que você se importa com os sucessos de bilheteria e não com a qualidade de um filme (que não é apenas roteiro e imagem). De palma deu um show em redacted. Não com efeitos, mas com várias possibilidades que o cinema permite usar para contar uma história.
Aliás, você ainda cita que a esposa dele foi indicada ao Framboesa, como uma chacota no texto, coisa de que "se foi indicada a este prêmio, a pessoa não presta - e não como atriz, mas como pessoa - e o filme não presta também".
Você não defende as mulheres, mas faz chacotas daquelas que são casadas com homens como De Palma. Não é preciso defender o feminismo, mas atacar e ridicularizar aquelas que não fazem parte ou só estão trabalhando.
É uma tática bem nazista, a de encontrar sempre um inimigo e jogar contra ele. O nazismo usava muito isso nas propagandas. Embora você nem deve saber que faz isso.
Este trecho da crítica mostra o que você não compreende e quebra as pernas do seu texto:
"Como se não bastasse, chama a atenção o olhar apurado de Brian de Palma para as questões de sexualidade feminina, um tema especialmente importante na época da produção do filme, quando o feminismo chegava ao ápice. Na cena de abertura, Angie Dickinson surpreende a platéia e quebra um tabu gigantesco ao simular uma masturbação extremamente realista. Depois, ainda vai para a cama com um desconhecido. Mas estamos no terreno de Hollywood, e por causa desta ousadia sexual Kate Miller é duplamente punida – pega sífilis e morre. O diretor monta a seqüência de acontecimentos de modo que o recado fique bastante evidente."
E sobre a cena longa e chata que não tem SUSPENSE que você diz mostra que você não sabe assistir à um filme:
"Com Argento, que lhe é contemporâneo, Brian De Palma compartilha uma paixão evidente pelo rigor formal na construção meticulosa de cenas de suspense crescente. “Vestida para Matar” contém um dos momentos mais sublimes, nesse sentido, de toda a obra do diretor: o flerte de Kate Miller com um desconhecido pelos corredores do museu. São mais de 10 minutos sem diálogos, mas repletos da música celestial de Pino Donnagio, em que o movimento dos personagens estica e suaviza a tensão – neste caso, sexual – a partir de olhares e movimentos de câmera coreografados com tanta fluidez que escondem a incrível complexidade. É um verdadeiro balé cinematográfico, um momento mágico de cinema puro e genuíno que, sozinho, já vale o filme."
http://www.cinereporter.com.br/criticas/vestida-para-matar/
Eu gostei desse filme...gente mais chata nunca dirigiram um filme...nem teriam capacidade pra isso...só sabem criticar o trabalho dos outros.Amo Brian de Palma.
Postar um comentário