Existem normas na sociedade, isso é inegável. Mas não quer dizer que devemos segui-las. Por exemplo, como medir a felicidade? Bom, fixando metas para atingir essa felicidade. A sociedade nos oferece algumas dicas imbatíveis, como ter um carro. Quem não tem carro é automaticamente um ser infeliz, que precisa andar de ônibus, misturando-se com outros seres abjetos igualmente sem carro. Mas só ter carro não nos traz automaticamente a felicidade. Há outros fatores. Tipo, precisamos ser magros, opa, saudáveis. Sendo gorda, é impossível ser feliz. Isso nos é repetido diariamente. Então, se usarmos essas medidas, se não termos carro ou sermos gordos, somos todos uns desgraçados. Nossa existência é uma tristeza, e nosso único objetivo na vida deve ser adquirir um automóvel e emagrecer, pra aí sim começar a desfrutar a vida. Mas quem faz essas regras? Por que devemos nos guiar por elas?
Faz alguns dias, uma leitora manifestou sua incredibilidade frente a minha felicidade em viver com pouco. Pra ela, isso não é possível: eu estaria apenas falando isso da boca pra fora pra, na verdade, mascarar minha insatisfação em não poder ter todas essas maravilhas do capitalismo que, pô, a humanidade inteira quer ter. Todo mundo que já ousou (ou fez sem querer) sair um milímetro do padrão já foi abordado pela Patrulha da Normalidade. É um pessoal que vem fazendo uó, uó, uó, como se fosse uma ambulância pra nos salvar de nossas próprias doenças, e grita pra gente: “Como assim, você não quer ter filhos? Como assim, você não usa maquiagem? Como assim, você não tem a orelha furada? Como assim, você é gorda e não faz dieta pra emagrecer?” (só pra citar as que eu ouço com mais frequência).
Mas existe um artigo que adoro que analisa a normalidade. Lennard J. Davis começa seu precioso artigo “Constructing Normalcy” (“Construindo a Normalidade”) dizendo que vivemos num mundo de normas, e que cada um de nós deseja ser normal ou propositalmente evitar ser normal. De um jeito ou de outro, todos nós nos guiamos pelas normas. E elas existem pra todas as áreas da vida. Davis costuma lidar com desabilidades (o que vulgarmente chamamos de deficiências), mas aqui ele foca na normalidade, já que, segundo ele, “o 'problema' não está na pessoa com desabilidades; o problema está no modo em que a normalidade é construída para criar o 'problema' para a pessoa com desabilidades” (minha tradução).
Tendemos a achar que as normas sempre existiram e que tendem a ser imutáveis. “É assim que as coisas são”, a gente ouve da Patrulha da Normalidade. Mas não é verdade. Pra início de conversa, Davis revela que palavras como normal, norma, normalidade, média e anormal só passaram a ser parte das línguas europeias a partir de 1840. Antes do normal, existia o ideal, cujo vocábulo vem do século 17. Mas o ideal era visto como algo divino, dos deuses, não atingível para os humanos. Logo, não era um padrão a ser atingido, apenas para ser admirado como algo distante deste mundo. Mas por que, então, entrou em vigor o vocabulário da normalidade, no século 19? Olha que interessante: Davis associa isso com o surgimento da estatística. A estatística começou como “aritmética política”, para promover as políticas dos governos. Foi o estatístico francês Adolphe Quetelet que em 1835 aplicou a astronomia para definir como deveriam ser distribuídas no corpo características humanas como altura e peso. Daí ele criou “o homem médio”. Como afirma Davis, “Quetelet também providencia justificativa para as classes médias. Com a hegemonia burguesa vem a justificação científica para moderação e ideologia de classe média” (11). E foi assim que a média se tornou um ideal, mas desta vez um ideal a ser atingido. Davis diz: “Um termo que permeia a nossa vida contemporêna - o normal - é uma configuração que surge num momento histórico particular. É parte da noção de progresso, da industrialização, e da consolidação ideológica do poder da burguesia” (26).
O conceito da norma pressupõe que a maioria da população deve fazer parte dessa norma. Com esse conceito é que aparecem os conceitos de desvios e extremidades. Isso é bem diferente de viver num lugar onde todos têm um status de não-ideais (já que o ideal é divino). Com a norma, só os normais passam a ser ideais, dentro do padrão. E sabe outra coincidência fascinante que os primeiros estatísticos tinham em comum? Eram todos eugenistas (eugenia é o estudo que busca aprimorar a raça humana). Não tão coincidentemente, foi nessa época que impressões digitais começaram a existir, numa tentativa de elaborar a noção que os humanos são padronizados e vêm com seu próprio código de barras.
Algo pra ter em mente é que a eugenia nesses tempos não era praticada apenas por supremacistas arianos, mas por todo mundo. É um choque descobrir que o que Hitler pôs em prática durante seu reinado foi todo copiado do que vinha sendo desenvolvido por cientistas americanos e britânicos. Alexander Graham Bell, inventor do telefone, um gênio, já em 1883 discursava sobre o perigo de permitir que surdos-mudos se reproduzissem. O pai da eugenia, Francis Galton, se responsabilizou por rotular alguns extremos como positivos (ser alto, por exemplo, ou ser muito inteligente - aliás, foi o trabalho de Galton que levou aos quocientes de inteligência, o famoso QI). Ele foi coroado “Sir” pela Coroa Britânica por seu trabalho em 1909. E assim nasceu a normalidade que perseguimos até hoje, talvez mais do que nunca. E hoje essa normalidade desejada pode (e deve) ser conquistada através daquela palavrinha mágica, consumo.
Mas existe um artigo que adoro que analisa a normalidade. Lennard J. Davis começa seu precioso artigo “Constructing Normalcy” (“Construindo a Normalidade”) dizendo que vivemos num mundo de normas, e que cada um de nós deseja ser normal ou propositalmente evitar ser normal. De um jeito ou de outro, todos nós nos guiamos pelas normas. E elas existem pra todas as áreas da vida. Davis costuma lidar com desabilidades (o que vulgarmente chamamos de deficiências), mas aqui ele foca na normalidade, já que, segundo ele, “o 'problema' não está na pessoa com desabilidades; o problema está no modo em que a normalidade é construída para criar o 'problema' para a pessoa com desabilidades” (minha tradução).
Tendemos a achar que as normas sempre existiram e que tendem a ser imutáveis. “É assim que as coisas são”, a gente ouve da Patrulha da Normalidade. Mas não é verdade. Pra início de conversa, Davis revela que palavras como normal, norma, normalidade, média e anormal só passaram a ser parte das línguas europeias a partir de 1840. Antes do normal, existia o ideal, cujo vocábulo vem do século 17. Mas o ideal era visto como algo divino, dos deuses, não atingível para os humanos. Logo, não era um padrão a ser atingido, apenas para ser admirado como algo distante deste mundo. Mas por que, então, entrou em vigor o vocabulário da normalidade, no século 19? Olha que interessante: Davis associa isso com o surgimento da estatística. A estatística começou como “aritmética política”, para promover as políticas dos governos. Foi o estatístico francês Adolphe Quetelet que em 1835 aplicou a astronomia para definir como deveriam ser distribuídas no corpo características humanas como altura e peso. Daí ele criou “o homem médio”. Como afirma Davis, “Quetelet também providencia justificativa para as classes médias. Com a hegemonia burguesa vem a justificação científica para moderação e ideologia de classe média” (11). E foi assim que a média se tornou um ideal, mas desta vez um ideal a ser atingido. Davis diz: “Um termo que permeia a nossa vida contemporêna - o normal - é uma configuração que surge num momento histórico particular. É parte da noção de progresso, da industrialização, e da consolidação ideológica do poder da burguesia” (26).
O conceito da norma pressupõe que a maioria da população deve fazer parte dessa norma. Com esse conceito é que aparecem os conceitos de desvios e extremidades. Isso é bem diferente de viver num lugar onde todos têm um status de não-ideais (já que o ideal é divino). Com a norma, só os normais passam a ser ideais, dentro do padrão. E sabe outra coincidência fascinante que os primeiros estatísticos tinham em comum? Eram todos eugenistas (eugenia é o estudo que busca aprimorar a raça humana). Não tão coincidentemente, foi nessa época que impressões digitais começaram a existir, numa tentativa de elaborar a noção que os humanos são padronizados e vêm com seu próprio código de barras.
Algo pra ter em mente é que a eugenia nesses tempos não era praticada apenas por supremacistas arianos, mas por todo mundo. É um choque descobrir que o que Hitler pôs em prática durante seu reinado foi todo copiado do que vinha sendo desenvolvido por cientistas americanos e britânicos. Alexander Graham Bell, inventor do telefone, um gênio, já em 1883 discursava sobre o perigo de permitir que surdos-mudos se reproduzissem. O pai da eugenia, Francis Galton, se responsabilizou por rotular alguns extremos como positivos (ser alto, por exemplo, ou ser muito inteligente - aliás, foi o trabalho de Galton que levou aos quocientes de inteligência, o famoso QI). Ele foi coroado “Sir” pela Coroa Britânica por seu trabalho em 1909. E assim nasceu a normalidade que perseguimos até hoje, talvez mais do que nunca. E hoje essa normalidade desejada pode (e deve) ser conquistada através daquela palavrinha mágica, consumo.
114 comentários:
Oi, Lola. Eu que vivo tentando ser mais magra e mais saudável, porque no meu histórico familiar uma coisa é ligada à outra, infelizmente; bem, eu estava folheando umas revistas procurando dicas sobre corrida, porque decidi que quero chegar a correr pelo menos uma hora por dia. Estava quase comprando uma revista chamada Women´s Health justamente, e exclusivamente, porque tinha lá uma matéria sobre corridas pra principiantes. Mas folheando li o seguinte (não com estas palavras, mas mais ou menos isso): "se você está em forma, tudo bem correr de biquíni pela praia. Mas se está fora de forma, isto é, gorda, coloque uma roupa pra disfarçar, pq ninguém tem que ficar vendo as banhas dos outros, balançando". Era um texto mais educadinho, claro, mas a dica era essa. Não comprei e fui ao site da revista pra encontrar esse trecho e dar um esporro, mas não tem como reclamar lá. É um entre milhões de exemplos desse padrão. A ironia é que, tendo chegado de um período numa praia das mais populares do Brasil, pude perceber que o povo brasileiro está mesmo totalmente fora do padrão estético de magreza (fazia tempo que eu não ia à praia, e quando ia era numa praia família aqui do PR, e o pessoal de Floripa parece que saiu de um catálogo de biquíni, não é?). As super magras são na maioria adolescentes. Mas fugi do meu ponto, que é o de agradecer suas informações, como sempre.
Achei muito interessante essa parte histórica do surgimento da normalidade. Não fazia ideia. Conviver e aceitar as diferenças. Esse é um grande desafio não? Eu mesma tinha dificuldade em entender como algumas pessoas podiam não gostar de viajar. Vivia criticando meu pai, não entendia como alguém preferia ficar juntando dinheiro a poder curtir o dinheiro poderia oferecer, enfim, achava que era pensar pequeno, que a vida ia passar e a pessoa não ia ter vivido. Até que minha irma me fez entender que nem todos gostam mesmo de viajar, meu pai adora a rotina dele de ficar em casa e que esse era o meu conceito de aproveitar a vida. Agora eu tento exercer a empatia, me colocando no lugar dos outros. Muitas vezes não entendo, mas também evito julgar com psicologia barata do tipo "ela diz isso porque no fundo quer esconder aquilo, blá, blá, blá". Existe gente de todo tipo, que pensa de todo jeito e gosta de todo tipo de coisa. Ainda bem.
Lola:
O maior incentivador da normalidade foi o comunismo que, nivelando os indivíduos, tentou matar essa individualidade e criar o criar idiota coorporativo. De certa forma conseguiu êxito, tornando os talentosos e esforçados, iguais aos estúpidos e preguiçosos. O politicamente correto é o último estágio dessa estupidez.
Então se você é comunista, ou socialista, ou petista, ou quaisquer "ista", você é culpada, por osmose, por parte da "normalidade" que você está criticando.
É incrível como tem gente que consegue confundir o conceito de normalidade com o de igualdade. Pois é Lola, saiu o trololó João e voltou o seu alter-ego, o Santiago.Cada um com uma contribuição masi, ah, valiosa, do que a outra. Pelo menos se a gente considera que rir muito é uma contribuição valiosa. Valeu Santiago!
Olá!
Daí que eu não sou magra(não mesmo!), não tenho carro, não sei sequer dirigir, não faço dieta, não tenho filhos, não gosto de cerveja nem pagode, não uso maquiagem.Então dá para você saber que eu ouço vozes me "chamando à razão" todo o tempo.
E eu digo: vá cuidar da sua vida!
E pouca gente sabe o quanto eu sou feliz!
Boa semana e belos textos como esse para você.
Ai o RAul Seixas diz:
Enquanto você
Se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual...
Ah! Lola,
Acho que existe uma milícia da normalidade, as sirenes tocam para mim quando "os normais" descobrem que eu tenho três filhos, tambémcorrem atrás de mim quando descobrem que sou casada há vinte e um anos!
NA verdade acho que muita gente determinou um ideal para a felicidade, o carro, o corpo, o consumo, etc e tal, enquanto nnao atingir aquilo nnao vai ser feliz, e se incomoda com quem se sente bem, se sente feliz do seu jeito, é isso, o comum é aceitar a propaganda como verdade, o consumo com igreja....
Dai que o mundo está numa sinuca de bico e as montadoras querendo vender e as pessoas querendo comprar carro zero!
Ai está! Não dá pra ser feliz! Aliá, normal é não ser feliz!
PAola
A patrulha da normalidade vive apitando para mim. São tantos rótulos, tantas expectativas familiares frustradas porque não sigo o padrão...
A verdade é que precisa-se de uma firmeza de caráter para viver assim, do jeito que se é, sem entrar na neurose da adequação. O que magoa não é ser diferente, é não ser respeitado. Ser diferente é mais do que bom, é real. É o que é e pronto, se é bom ou não são valores que a sociedade e nós mesmos damos.
O que escapa aos que gostam de olhar as estatísticas de uma maneira grosseira são justamente os extremos. Mas como já dizia Homer Simpson, as estatísticas servem para provar qualquer ponto de vista, 69% das pessoas sabem disso...
Bjos
Muito interessante Lola. Mas faltou outra da patrulha da normalidade. Ninguém pode ser sozinho. Se você é adulto e não tem um companheiro/a do sexo oposto, é impossível que você seja feliz. Não importa se você tem companheiros do mesmo sexo ou se é solteiro por opção e gosta disso, você não é "normal". Aliás, quem quer ser normal?
Nossa, a minha vida inteira eu lutei contra o padrão da normalidade. Embora, na adolescência, a gente se sinta mais inclinado a tentar se encaixar no padrão, sempre tive uma coisinha dentro de mim que dizia: "poxa, por que eu não posso simplesmente ser desse jeito e ser deixada em paz?"
Tiraram muito sarro de mim na escola, no 1o colegial. Diziam que eu era feia. A coleção de apelidos era enorme. Embora eu não me achasse bonita (essas coisas entram na gente, não?), achava curioso ver que, em outros lugares que não na escola, as pessoas que me diziam o contrário, diziam que eu era bonita. Foi aí que eu comecei a desconfiar de que não era bem a minha aparência o que incomodava o pessoal popular da escola. Era a minha confiança (eu sempre achei uma bobagem fazer de tudo para chamar a atenção deles e obter sua aprovação, como outros colegas faziam. Eu ficava na minha, tinha meus amigos e não precisava de mais. Talvez o fato de eu me destacar nos estudos e os professores me elogiarem também os tenha incomodado? Vai saber...)
Lembro de uma vez em que estava andando na rua e dei de cara com um dos caras que costumavam tirar sarro de mim no 1o colegial (ele fora expulso da escola e eu nunca mais o vi até então). Ele falou para o amigo: "putz, mas essa menina não fica bonita de jeito nenhum!"
Senti vontade de perguntar: "escuta, porque a minha feiúra importa tanto para você?" Não era uma provocação. Era uma dúvida genuína mesmo. Ora, eu também o achava feio, mas não sentia necessidade de apontar isso. E, se ele não tinha intenção de me namorar ou algo assim, que importava que eu era feia? Enfim, isso simplesmente não fazia sentido para mim. Me arrependo até hoje de não ter perguntado -- acho que talvez isso pudesse ter feito o menino cair em si.
Mas, agora, cabei de ler "O Mito da Beleza", da Naomi Wolf, e o livro respondeu a todas essas questões brilhantemente.
Hoje, não correspondo a vários padrões (não só os de beleza, mas vários dos padrões de consumo) e... sinceramente? Não estou nem aí! Acho que, finalmente, eu estou feliz de verdade.
eu te entendo, Lola!! Como vc já sabe, eu não tenho carro, não tenho celular, nem tv, nem dvd, não uso maquiagem, não gosto de sair de casa, não faço dieta, não como carne, não bebo refrigerante, não vou ao shopping (wellm, só raramente pra ir ao cinema e livraria e saio em menos de 20 minutos!!), não compro roupa nem sapatinho da moda...não gosto de pagode, nem axé, abomino Carnaval, moro numa ilha e nunca vou á praia...
Todo mundo me acha meio "anormal" só porque não me enquadro no "sistema". E quer saber? Sou tão feliz assim!! :D
Lola, esse seu texto é algo de genial! Nunca havia comentado aqui, mas não me pude conter agora. Sabe, aqui na Holanda há um ditado que reza: seja normal e você já estará sendo louco o suficiente. É um ditado que me dá MUITO nos nervos. É uma vociferação contra a diversidade. Aliás, parece-me que toda a nossa compreensão da "normalidade" o é. Muito obrigada pelo texto! Beijos, Lidi
Anonimo:
Você é que não sabe que normatização e padronização é a mesma coisa na mente das pessoas.
Igual (ou igualdade) = a normal.
Isso é bem verdade, as vezes eu me pergunto sobre essas coisas. Afinal, quem definiu o que é ser normal? Porque aquilo é normal e não o contrário? Tudo é absurdamente relativo, e não dá para se caracterizar a atitude de alguém, por exemplo, como normal ou anormal... afinal ela está ligada a milhares de outros fatores. Todos os padrões da sociedade se você for ver, não são padrões, são idéias que alguém teve de um padrão e que por algum caso foi "aceita" por todo mundo. Não podem existir padrões de verdade, eles sempre vão surgir da mente de uma pessoa só, ou de um grupo seleto delas. Seria como se os padrões sempre fossem a verdade de uma minoria.
Muito interessante. Vou pensar no assunto. Mas me diga uma coisa: como assim vc nao tem orelha furada nem usa maquiagem? Nunca? Nem para ir a casamento?
(hehehe...)
Ola Lola... tem jeito de vc escrever um texto sobre bulling? ja li alguns no seu blog e gostei bastante... a proposito a revista veja traz nessa semana a polemica da legalizacao do aborto.. vc pdoeria escrever sobre isso tb?
bye!
Asnalfa, deixa eu apostar... A Veja é contra?
Rs.
(Eu prefiro nem ler esse negócio, porque sei que várias vozes não serão representadas ou serão simplesmente ridicularizadas. Aborto é assunto tabu no Brasil, a impressão que tenho é que as pessoas não querem nem debater sobre.
Prefiro não ler a matéria, só para não ficar com raiva. Mas só de pensar que deve ser uma matéria ruim e tendenciosa e que, neste exato momento, um monte de gente deve estar lendo e repetindo... Dá uma tristezinha).
Nossa, esse seu texto ficou muito bom.
E nos faz repensar em muitas coisas.
É inevitável, tem uma hora ou outra que a gente se pergunta o que nos faz feliz... Esses dias estava pensando nisso no carro voltando pra casa e pensei que não queria uma casa, sucesso, dinheiro. Só queria os momentos que tenho vivido, a tranquilidade, a rotina com gosto de sempre novo.
Bjitos!
Lola, mais um texto daqueles de tirar o fôlego...
O que mais me incomoda na 'normalidade' ou 'padronagem' do cerumano é justamente e a não-aceitação da individualidade... do direito de ser. gorda, magra, alta, adepta de maquiagem, de cara-lavada, mãe, tia, avó, criadora de tartarugas - não importa. Para mim, estas diferenças é que fazem de nós menos desiteressantes...
Bacci
Oi Lola, queria saber se é possível encontrar esse artigo na rede ou em algum livro.
Passo sempre pelo seu bloguinho. Grande abraço.
Tina, eu nunca abri uma Men's Health, mas a capa da revista já mostra o que se pode esperar. Daí outro dia eu vi um cartaz do Women's Heatlh (imagino que a revista esteja sendo lançada agora no Brasil). A chamada era algo como “Igual a você, mas melhor”. Eu já fiquei abismada com a desfaçatez dos publicitários: como assim, igual a mim? Eles me conhecem? Bom, claro, fizeram pesquisas de mercado pra descobrir o que “eu” (que não sou público-alvo de nada) quero. Mas o “melhor” é que é duro. E isso que vc conta de cuidado, se vc for gorda, de não chocar os cidadãos que sem dúvida vão estar te avaliando e usar logo uma burka. Agora, isso de ir a praias “populares” faz muito bem pra alma. Porque lá a gente vê que as pessoas são totalmente diferentes do que vemos na TV. E é bom ser parte do padrão real de vez em quando...
Dulce, eu tb não tinha ideia, e achei o máximo esse artigo do Davis. Interessante o que vc diz de aprender a entender que a sua nocão de felicidade não é a mesma do do seu pai. Muitas vezes a gente fica abismada que o que pra gente é tão natural, tão indiscutível, não é pros outros. Aceitar que existem diferenças, e que essas diferenças não fazem de alguém melhor ou pior, é sinal de maturidade na vida, na minha opinião.
E por falar em maturidade e tolerância... Oi, Santiago, relaxaram os seus medicamentos hoje? Você está se contradizendo: pra gente como vc, o comunismo fracassou, não existe mais, não deu certo, faz parte do passado etc. Então como culpá-lo de ter êxito em alguma coisa? Porque o capitalismo, como sabemos, não investe pesado na ideia que normalidade é ser feliz. Diferenças, pro capitalismo, são apenas nichos de mercado. Mas o que importa, acima de tudo, é essa massa disforme chamada consumidor.
Anônimo, pois é, incrível confundir normalidade com igualdade. Mas do Santiago nada mais me espanta. Que bom que vc ainda é capaz de rir com esse trololó.
Elaine, daí que se vc não é magra, não tem carro, não tem filhos etc etc, vc não tem como ser feliz. Vc só está dizendo que é feliz, quando no fundo está disfarçando. É isso o que prega a Patrulha da Normalidade. Como se, aliás, as pessoas ditas “normais” fossem as mais felizes do universo! Cansa, né?
Paola, exatamente, normal é não ser feliz. Porque a propaganda nos vende que somos seres eternamente incompletos, e que só vamos ser completos e felizes se comprarmos tal produto. É a nossa insatisfação que vende produtos. Porque, se a gente se sente bem com o que tem, vai consumir pra quê? Só pra ter o básico. E tantas mulheres compram essa ideia de “quando estou triste, saio e compro alguma coisa, e me sinto ótima”. Nossa felicidade medida em consumo. Acho muito triste isso. A minha ideia de felicidade não é a mesma da loira que faz comercial de cerveja, ou do cara que compra essa cerveja. E juro que não quero ser “normal” como eles.
Babs, família é uma beleza pra nos patrulhar, né? É o tal do “estou falando isso pro seu bem”... É verdade, precisa ter firmeza de caráter. O mais fácil é ir com a corrente. Aí quando a gente ousa ser diferente e exige respeito pelas nossas escolhas é taxada de chata. Eu adoro estatísticas porque elas provam tudinho! É só escolher as estatísticas que nos convem.
Vb, certamente, tá até na música, Wave, “é impossível ser feliz sozinho”. Não adianta, todo mundo sabe o que é melhor pra gente...
Marj, é impressionante como, na adolescência, a gente quer ser aceita, fazer parte de um padrão. Talvez não o mesmo padrão de normalidade dos nossos pais e professores, mas dos outros adolescentes. É uma época de contestação e de tanta necessidade de se encaixar ao mesmo tempo... Ah é, isso de escola eu sempre achei interessante. Eu não era a mesma pessoa na escola que eu era em Búzios, por exemplo, quando estava de férias. Lá eu namorava, na escola não. Eu me sentia bem na escola tb, mas não dá pra negar que o modo como as pessoas nos vêem em certos ambientes nos influencia. Que bom que vc era confiante e segura apesar dos insultos. Isso certamente causava mais insultos. Mas eu fico com raiva, mesmo sem conhecer, de um carinha como seu ex-colega, que sente tanta necessidade em ofender. O que ele ganha com isso? Ele se sente mais macho te avaliando em público? Mais poderoso, é isso? Me diga, como O Mito da Beleza responde a sua dúvida? Eu AMO o livro da Naomi Wolf. Todo mundo deveria ler, principalmente as mulheres. Leitura fundamental, mesmo.
Mei, pois é, e não é incrível que dê pra ser feliz tão fora do padrão? A Patrulha da Normalidade precisa explicar como isso é possível. E só dizer que vivemos uma ilusão de felicidade, que no fundo estamos fingindo e não somos felizes, não cola. Eu quero uma explicação melhor!
Wewillmeetagain, don't know how, don't know when... O seu apelido vem da musiquinha do Dr. Fantástico? Pô, ATÉ na Holanda pregam a falta de diversidade?! Como que pode? Lidi, apareça sempre, vai.
Nita, é isso, mas antes do padrão ter sido aceito, ele é imposto. Repetido constantemente pra que não haja dúvida que aquilo sim é A Verdade. E, pra essa estratégia dar certo, é importante também passar a ideia que esse padrão é “natural”. Que a gente não veja os mecanismos de opressão e imposição. Que a gente pule diretamente pro “é assim que as coisas são”, como se elas tivessem nascido assim.
Barbara, há há, eu limito minhas idas a casamentos a uma a cada cinco anos. Sério mesmo. E já pedi ajuda de uma amiga pra me maquiar numa dessas ocasiões. Mas brinco, jamais. Tudo tem limites!
Asnalfa, eu já escrevi sobre bullying aqui, aqui, e principalmente aqui. Não sei mais o que escrever, porque não tenho tanta experiência com isso. Mas aceito de bom grado guest posts sobre o assunto. E aí, quer colaborar?
Sobre a legalização do aborto, sou totalmente a favor, claro. O que a Veja diz?
Marj, tb aposto que a Veja é contra! Mas hoje em dia o velho argumento “É assim. Eu li na Veja” perdeu a força, né? Acho que tem muita gente que tem até vergonha de dizer que lê a Veja. Caiu quanto a circulação da revista nos últimos anos?
Lusinha, obrigada. Acho o artigo do Davis brilhante, realmente faz pensar, mexe com a gente. Porque as nossas noções de normalidade são, no fundo, nossa zona de conforto (comfort zones), nosso chão, o que nos guia pra muita coisa. E quando a gente questiona isso, questiona tudo, como vc fez voltando pra casa. Abração!
Chris, realmente, é uma droga essa não-aceitação da individualidade de cada um. Há há, gostei do “criadora de tartarugas”. Vc se enquadra nessa?
Patricia, não sei se é possível, vc já procurou na web? O nome é Lennard Davis, “Constructing Normalcy”. Eu fui apresentada a esse texto num curso do mestrado, “Rethinking Master Narratives of Globalization”, dado por uma professora excelente, a Eliana Ávila, em 2003. Os dados bibliográficos são os seguintes: Davis, Lennard J. “Constructing Normalcy: the Bell Curve, the Novel, and the Invention of the Disabled Body in the Nineteenth Century.” In The Disability Studies Reader. Ed. Lennard J. Davis. NY: Routledge, 1997. pp. 9-28.
Aliás, esse livro, The Disability Studies Reader, deve ser o que há. Semana que vem pretendo discutir um outro texto relacionado.
olha, eu até queria ter um carro, pra passar menos tempo esperando ônibus, mas o IPVA vai continuar me fazendo uma pessoa infeliz, rssss...
Parafraseando a Clarice Lispector: o que eu vou fazer depois do dia em que eu for feliz?
belo texto, Lola!
Aronovich:
Por incrível que pareça, em certo ponto, o tal do Santiago (o doidivanas) tem razão.
O pensamento Comunista de todos serem iguais (comuns) sem dúvida trouxe para nossas mentes, talvez subliminarmente, muito do que achamos que devemos sempre estar conforme a massa.
Como continuar a ser um individuo se tenho ser um time? Não foi fácil para a sociedade comum, sem base filosófica sólida, digerir isso.
Como você disse: o comunismo fracassou; mas, nisso, se não teve êxito, ajudou bastante na filosofia da padronização.
Ficou mais difícil ser um individuo: gordo, magro, feio, alto, baixo, cabeludo, careca, aleijado, cego, surdo, e, até, gênio. Todos têm que ser medianamente perfeitos, mesmo isso sendo um paradoxo.
Então, Lola, acho o que o livro respondeu à minha dúvida porque eu percebi que essa coisa de avaliar as aparências das mulheres é uma estratégia muito mais ampla do que eu imaginava e serve a um propósito, que é nos deixar inseguras. Inseguras, ficamos quietas. Também tem o objetivo de nos deixar cansadas e com menos poder de compra em relação aos homens. Fora que coloca as mulheres umas contra as outras, o que impede a gente de se juntar e exigir uma sociedade mais igualitária. Ou seja: há mais nesses julgamentos do que eu pensava. E, trazendo esse macro pro micro, vi que o menino da escola só estava reproduzindo todo esse sistema que ele vê e internaliza. Ele achava que tinha mais poder se "tirasse" beleza de mim.
O foda é que ninguém sai ganhando nesse sistema, né? Porque, se começamos a incomodar, querem tirar a validade do nosso discurso falando que somos feias. Se fazemos de tudo para nos adequar ao padrão de beleza, somos fúteis. E, se já nascemos no padrão, não vão nem ouvir o que a gente fala. Vão só ficar comentando da nossa aparência. É foda.
do jeito que a nossa sociedade tá, acho que é meio difícil, por mais que a gente tente, não querer se enquadrar no normal em algumas situações. pelo menos pra mim, sem querer as vezes me pego pensando que tenho que fazer algum esporte pra me livrar dos malditos quilinhos a mais que ganhei nos banquetes de natal e ano novo (claro que nunca pensei em parar de comer chocolate, meu pensamento pára nos exercícios). mas com essa explicação histórica tudo faz muito sentido, o problema é se é possível mudar isso, o que é muito difícil, pois sempre vai haver um padrão.
Imagina a frustação e raiva que uma pessoa que se sacrifica para ser "normal" sente quando encontra outra que não liga a mínima para isso e mesmo assim é feliz?
O que as pessoas não entendem é que há espaço para todos, ninguém está dizendo que é errado se endividar para ter o carro do ano ou viver à base de alface para conseguir ser magro, se você é feliz assim, tudo bem, mas respeite quem tem outras prioridades.
Tina, tem uma revista nova chamada Runners que é para quem corre ou quer começar a correr.
E por que vc afirma de prontidão que é a favor da legalização do aborto, Lola? Sabe, não li essa reportagem da Veja (e nem acho a revista o lixo que quase todos 'intelectuais' pintam) e nem tenho uma boa opinião sobre o assunto. Quanto mais penso, mais fico em cima do muro se sou contra ou a favor do aborto. Sem falar que existem n motivos pra uma mulher querer abortar. Dependendo do motivo, muda a resposta pra pergunta. Então pergunto: a mulher não se cuidou e descobriu que está grávida. Não tem as mínimas condições de criar dignamente a criança. Vc é a favor do aborto neste caso?
Em tempo, Lola: eu entendi que vc é a favor da LEGALIZAÇÃO do aborto. Apenas me ocorreu de ampliar a pergunta para "vc é a favor do aborto? Em todo e qualquer caso?"
Nossa lola, obrigada. Eu realmente estava precisando ler um texto sobre esse assunto. Às vezes a gnt fica tão saturada com as idéias que tentam colocar nas nossas cabeças que acabamos fazendo merda.
Lola,
eu sou magra. Muito magra como toda a minha familia. Loura, alta, considerada bonita. Mão de vaca assumida, que fez Ciências Sociais e que é feminista. Sabe que tem muito cretino que fala que para mim é facil ser feminista pq não sou uma "baranga". A patrulha vem de todos os lados. É um inferno! Uma cobrança enorme. Eu to pesquisando para comprar meu carro aqui nos USA e vem uns pentelhos dizer que tenho de comprar este ou aquele modelo. Tudo carrão enorme do tamanho do ego dos estadunidense. Falei que vou comprar um usado e o povo acha o fim.Ainda mais aqui que a mulher que trabalha fora é quase um insulto. Tem de ser a cretinazinha que fica sendo motorista de filho para cima e para baixo.
Ser pão dura nos EUA é crime!Ser feminista é crime! Ser mãe e trabalhar fora é crime! Comprar um carro pequeno é crime!
Ai, que cansaço......e ser atéia e a favor do aborto então? Nusss...as vezes nem falo o que sou para não levantar debate na familia e amigos.....deixo para lá!
**A Sara J. Parker lançou uma linha de roupas baratinhas e super fashion (palavras dela). O que tu acha disso?
Tudo é relativo. Exceto pela velocidade da luz que sempre vai ter a velocidade da luz comparado a qualquer corpo com velocidade e sentido diferente... mas a luz não importa agora, somos feitos de matéria, logo a teoria da relatividade se aplica a nós.
Quando as pessoas vão começar a dar ouvidos pra Einstein?! O cara, de tão bom, conseguiu ser alemão e judeu ao mesmo tempo em plena segunda guerra!
Quando isso acontecer, o conceito de normalidade vai pros ares.Cada um vai levar a vida do jeito que tiver vontade, sem gansos criticando.
Oi Lola!!!
Bom, na verdade eu não tenho nada a dizer sobre o post... Eu sei é estranho. É que eu leio sempre, suas cronicas, e bem vc diz que não são muitos... Mas eu gosto bastante de forma que vc escreve, e gosto das suas críticas,pq aqui não tem cinema, aí eu leio as criticas e vejo se valerá uma futura locação...
Bjos
Como já dizia Margareth Tatcher: "se você tem mais de 25 anos e ainda usa o transporte público você é um fracassado". Bom ser chamada de fracassada pela Dama de Ferro para mim é quase um elogio!
Eu gostei muito desse texto, eu sempre penso sobre essa "normalidade", essas expectativas que a sociedade tem para seus membros. Ainda mais quando vou ao Brasil.
Por acaso ou coincidência eu sempre fui rodeadas de pessoas não-normais, principalmente depois de sair do Brasil, quando eu tinha 23 anos. Nunca refleti sobre meu círculo de amizades porque para mim todos eram normais: vegetarianos, sem-carro, amantes da natureza, sem-filhos, budistas. Para meus amigos eram diferentes e únicos, mas não anormais.
Daí quando vou ao Brasil, principalmente no interior de onde venho, é um tal de julgar a fulana que não batizou o filho, a ciclana que tem um namorado que não terminou a faculdade, o beltrano que com 30 anos ainda não comprou sua casa própria. É um tal de me dar conselhos e opinões não solicitadas sobre como devo administrar a minha vida... um horror. E isso vem de todos os lados, amigos, família, caixa do banco. O que mais me incomoda nisso é as pessoas se acharem no direito de julgar, opinar, aconselhar e se meter em assuntos que não tem nada a ver com elas e acharem que há uma fórmula, um padrão que deve ser seguido.
Aqui na Suécia um dia numa conversa com uma brasileira casada com sueco, aqui há alguns anos ela me disse gostar muito de morar em casa, cuidar do jardim etc. Òtimo pra ela eu também acho jardim muito bonito. Daí ela perguntou se eu morava em casa ou ap, disse em ap, porque nenhum de nós (eu e meu namorado) tem paciência para jardim e reparos constantes que uma casa exigem e que preferimos gastar nosso tempo e dinheiro com outras coisas. Daí veio o discurso que casa é melhor mais espaçoso (para mostrar para os outros, colocar fotos no orkut da casa enorme com 5 suites e closet), que se eu tivesse uma casa eu ia mudar de idéia e que o trabalho pesado era para eu deixar para o meu namorado! Durma-se com uma música dessas.
Abelhando:
(Por que as pessoas adoram falar do aborto como se tudo isso não acontecesse dentro do corpo de uma mulher, héin? E ficam discutindo: "Você é a favor neste ou naquele caso? Assim ou assado?" Como se o corpo da mulher fosse domínio público. Todo mundo querendo decidir o que acontece no corpo delas. E elas, não têm voz?Afinal, seja lá onde começa a porra da vida, para de fato virar uma pessoa, o feto precisa do corpo de uma mulher. Por nove meses FAZ PARTE pdo corpo da mulher, logo quem tem que decidir é ela, não quem não tem nada aver com isso. Cara, isso me irria completamente.)
Liris, muta gente foi judeu e alemão na mesma época!
Lúcia
Oi, Lolinha!
Sempre tem gente dizendo pra pessoa ser assim ou assado. Qdo era mais nova eu era muito infeliz por achar que não estava "no padrão". Não sabia desse conceito de média e normalidade, nem fazia idéia que surgiu em 1840. Muito interessante.
Quanto à revista Womans Health, eu não li, só vi a capa. Mas tenho um irmão que compra a Mans Health, eu já li, é péssima, reforça todos os padrões (no pior sentido desse termo), machismo e etc. Um dos números trazia uma matéria assim; "como fazer com que ela transe com vc na primeira noite".E matérias de boa forma, consumo, consumo, consumo.
Até falei pro meu irmão, "que revista babaca", ele disse que não, que era chique, eu que era brega e não entendia de coisas finas.
Sou uma "fora do sistema" tbém,ainda bem. Coisa mais chata todo mundo igual.
beijinho
Muito legal o post lola! Eu pensei muito nisso por estes dias e o texto caiu como uma luva. obrigada mais uma vez ;-)
bjos!!
GOSTEI MUITO DO POST
BJUS E VOU ACOMPANHAR
Daniel, pra falar a verdade nem posso dizer que nunca mais terei um carro. Vai depender das circunstâncias. Se eu ou o maridão arranjarmos um emprego longe, e pra poder voltar correndo e almoçar em casa só tendo carro, então compraremos um. Mas que por enquanto estou adorando não ter carro, isso não posso negar. Mas depois de comprar um carro vou ser plenamente feliz, claro. Opa, não. Antes precisaria emagrecer. Ter filhos. Usar roupas mais transadas e maquiagem. Pô, a lista não tem fim.
Serge, primeiro que eu não concorde que o comunismo fracassou. Isso é o que o pessoal de direita pensa, como se o capitalismo fosse um sucesso absoluto. Mas queria lembrar que, de acordo com Davis, os conceitos de norma e normalidade não nasceram na União Soviética em 1917, e sim na Inglaterra e nos EUA, uns 60 anos antes. E que foram consequência da Revolução Industrial - que não tem muito a ver com o comunismo, certo? No artigo, Davis diz como Marx TAMBÉM foi influenciado pela importância das normas, mas o que o Santiago está fazendo é jogar a culpa no comunismo. Davis revela que todos estavam envolvidos nisso. E vai mais além: critica Freud, dizendo que a psicanálise trata de “normalizar” a mente.
Marj, obrigada por responder. É bem isso que eu me lembro do Mito da Beleza. Aliás, não seria uma maravilha se a gente lesse esse livro bem na nossa adolescência? Os traumas que isso nos pouparia, não? E quanto a não haver saída pra mulher, é isso mesmo. Minha mãe ficou em SP com amigos que gostamos muito, mas que são ricos e odeiam o PT. E agora odeiam a Dilma. E agora tá na moda criticar a Dilma por causa da cirurgia plástica que fez. Bom, eu acho que as mulheres não deveriam ter que fazer cirurgia, ponto. Que elas deveriam ser avaliadas não pela aparência, mas pelas mesmas características dos homens (experiência, liderança, competência). Mas realmente não tem como sair ganhando: se a Dilma não faz cirurgia, ela é horrível, desleixada, grotesca. Se faz, é fútil, perua, esticada. Ela será julgada pela aparência de todo modo. Só por ser mulher. Como, aliás, todas nós, em todas as áreas e momentos da nossa vida.
Ana, claro que é difícil não querer se enquadrar! No caso do sobrepeso, se ouvimos a todo instante que gorda é feia, e (com o aval da ciência) que ser gorda é estar com o pé na cova, e se a mídia nos mostra diariamente que só as magras e jovens podem ser consideradas bonitas, como a gente iria ficar imune? Quem quer ser considerada feia e doente? Mas às vezes dar de ombros pro que vão achar da gente é preferível a viver tentando se enquadrar num padrão inatingível. Todas nós conhecemos mulheres que não vivem, e pensam que só podem começar a viver (sair, usar roupas bonitas, namorar, viajar etc) quando emagrecerem. Enquanto isso, a vida vai passando.
Débora, exatamente, deve dar a maior raiva. Como que aquela pessoa ousa não fazer tudo que a outra está se sacrificando para tentar atingir? Pois é, é tudo uma questão de tolerância. De live and let live. Mas a Patrulha da Normalidade não aceita isso.
Kenny, eu já escrevi sobre minha posição quanto à legalização do aborto aqui e aqui. Em maio, quando o bloguinho tinha muito menos leitoras(es), realizei uma enquete sobre a legalização do aborto, e 73% das 57 pessoas que votaram foram a favor. Será que já está na hora de realizar outra? Ninguém é a favor do aborto. Aborto não é algo que as mulheres gostam de fazer. Não é “Oba! Que legal! Hoje farei um aborto!”. É traumático, terrível. Mas muitas mulheres fazem de qualquer jeito, não porque gostam, mas porque precisam, independente do aborto ser legalizado ou não. E muitas dessas mulheres morrem em abortos clandestinos. Não legalizar é continuar condenando essas mulheres à morte. Além do mais, o corpo é nosso, não do juiz, do médico, do delegado, ou do carinha que simplesmente é contra a legalização sem jamais pensar na mulher. Há todo um contexto sobre a legalização do aborto. Isso passa pelos homens não confiarem nas mulheres e precisarem sempre, a qualquer custo, controlarem a sexualidade e o corpo feminino. Por isso, é muito difícil ser feminista e ser contra a legalização do aborto.
Alana, de nada. Sei que ficamos saturadas muitas vezes, porque chega um ponto que ninguém aguenta mais. Quantas vezes no dia alguém precisa pegar no nosso pé pela mesma coisa antes que a gente exploda? Mas espero que vc não tenha feito nenhuma m*****, querida.
Mari, assim fica difícil: mulher bonita não pode ser feminista, e mulher feia só é feminista por ser feia, é isso? Sendo que boa parte do feminismo quer ampliar essas visões restritas do que determina beleza e feiúra. Enfim... E sobre comprar carro nos EUA, deve ser uma barra. No ano em que vivemos aí, podemos contar nos dedos os carros pequenos que vimos. Só tem carrão! É ridículo. E eles ainda tentam justiticar o tamanho dizendo que carro pequeno é “armadilha da morte”, não é seguro. Saco, né? Tantos crimes! Tantas “infrações” que cometemos diariamente. E somos condenadas por isso, diariamente. A Sarah J. Parker lançou uma linha de roupas? O que eu acho? Não sei, não entendo nada de roupas, não vi a coleção dela. Eu não compro roupa de marca. Mas e aí, o que vc acha?
Li, pois é, se tudo é relativo, como podem haver tantas normas e padrões considerados “imutáveis”? Será que algum dia o conceito da normalidade irá pelos ares? Parece que hoje em dia as pessoas precisam tanto do “outro”, do extremo, do desvio, pra se definirem pelo que NÃO são...
Angel, que bom que vc gosta das minhas críticas. Tomara que minhas dicas não te desapontem muito, porque lembre-se, elas são apenas a minha opinião. Mas onde vc mora que não tem cinema? Quero dizer, em qual dos 92% dos municípios brasileiros sem cinema?
Paola, a Thatcher disse isso? Oh God... É interessante isso que vc diz, porque mostra que o próprio conceito da normalidade varia demais de acordo com onde e com quem estamos. Entre os seus amigos vegetarianos e sem-carro, o anormal é o playboy normal. Mas como vcs são mais tolerantes que eles, não chamam de anormal. Apenas respeitam as diferenças. Isso me lembra uma vez que meus irmãos ficaram revoltados comigo porque eu nunca fumei maconha na vida. Pra eles, isso é completamente anormal, e eu sou uma freak por causa disso. Entre os amigos deles, todos fumaram. Então eles disseram: “Todo mundo fuma! Vc é a única que nunca fumou!”. E sorry, mas isso tb é um pouco de patrulha, né? Eu não dou a mínima se eles fumam ou não, então por que eles deveriam querer que eu fume?
Mas o patrulhamento vem até da caixa do banco, é? Lindo isso...
Acho, porém, que às vezes ocorre não um patrulhamento, mas uma simples troca de ideias. No caso dessa brasileira que vc mencionou: de repente ela só estava comparando as vantagens e desvantagens de se morar em casa e apartamento? Não, né? Ela tava era indignada que vc possa preferir o apê...
Assiti hoje Frost/Nixon... achei mais ou menos..... tem jeito de vc fazer um post sobre "Todos os homens do presidente" e depois fazer um post do filme supra-citado?
Vou ler a revista Veja na quarta... depoiis eu falo sobre o posicionamento dela.. mas eu acho q ela é a favor.. pq ela ta amando incitar religiosos.... principalmente evangelicos q amam falar q gays sao coisa do demonio...
bye...
além disso ela é a favor de estudos com celulas-troncos.
Adorei!
Deixei um presentinho bloguístico lá no meu blog para você.Espero que goste.:)
Um beijo
Elaine
pois é, lola! pelo menos sempre fui super desencanada... minha mae vive pegando no meu pé, "ah mas voce nao vai por um 'saltinho'? nao vai se maquear? se arrume melhor, por favor!" se eu to bem assim porque fazer isso, né? ainda bem que nao me preocupo com isso... ela liga pra como EU aparento mais do que eu. talvez com preocupaçao que alguem fale "nossa, mas voce nao arruma sua filha?"
tanto assunto enriquecedor e as pessoas preocupadas com a vida dos outros. realmente irrita.
isso tudo graças a "sociedade do espetáculo"!
Lola, fiquei bastante surpreendida com a palavra ter surgido SÓ em 1840. Caramba, n imaginava q fosse tão recente.
A parte sobre eugenia é a mais interessante. Hj (na verdade há algum tempo) as ideias de hitler são vistas cmo algo doido, pois somos tds seres humanos iguais independentemente de nossas aparências. Pelo menos, deveria ser neh? (Taí mais um "padrão") Se um surdo-mudo quiser um filho com outro surdo-mudo ngm vai fazer campanha contra, pelo menos.
Essa discussão sobre normalidade me fez lembrar de um post q vi outro dia:
http://www.interney.net/blogs/lll/2009/01/14/os_filhos_dos_outros/#comments
É interessante ler um pouco dos comentários, como aqui tb o é.
Aí q tá, Lola. É meio difícil definir o q pode, o q n pode quanto a "normalidade". O normal é usarmos roupas, mas se alguém diz q a gente nasce nu, q os animais n escondem seu corpo, e q o normal é n se cobrir, cmo fica? Ora, os argumentos são válidos. Desafiar o padrão estabelecido é sempre visto com estranheza, seja se devemos mesmo ser magros, ter carro, ter filhos, usar roupas..
Agora no lado pessoal. Eu tb n uso maquaigem nem salto ato.. Minhas mãe e vó vivem dizendo q preciso ser mais feminina, "me arrumar mais e arranjar um namoradinho". (Como alguém falou nos comentários, ter um companheiro tb faz parte do pacote. Quem n tem, de jeito nenhum pode estar feliz assim) N ocorre a elas q isso é o q nos foi ditado, e q n há nenhum problema em n sentir obrigação de seguir.
O capitalismo prega q tds somos iguais, teoricamente tendo acesso a emprego, casa, produtos, corpo perfeito; mas ao mesmo tempo quer q vc se diferencie dos outros, é preciso sempre ter um atrativo a mais.
Pôxa, não dá pra comentar aqui... a Débora roubou meu pensamento. Disse (às 16:08) tudo que eu ia dizer.
Aliás, faltou dizer pro trololó: "Mary had a little lamb".
Marj, a questão do aborto é sempre uma de interferência no corpo da mulher. Como se mulher não fosse um bicho confiável, então as leis tem que preveni-la de matar seu próprio filho. Como se mulher fizesse isso com o maior prazer. E, claro, como mulheres fossem as assassinas da História em guerras, casos de serial killers, ou mesmo casos passionais. Tem muito homem que sente muito que a natureza é assim, e deixe um ser irresponsável e inferior como uma mulher cuidando do seu futuro herdeiro...
É verdade, Lúcia, tava cheio de judeu alemão.
Cris, essas coisas de estar fora do padrão nos afetam pra sempre, mas acho que é pior quando somos novas. É, eu tenho acompanhado as chamadas de capa da Men's Heatlh (quando vou no supermercado) e sempre tem algo relacionado à ginástica, claro, sexo, comida e consumo. As matérias sobre sexo parecem tão boas quanto às da... Nova Cosmopolitan, sabe? E claro que a revista é chiquérrima, Cris. O nome tá até em inglês!
Jamine, que bom que vc gostou. E por que vc tava pensando justamente nisso esses dias?
Cíntia: legal, obrigada!
Asnalfa, falar sobre Frost/Nixon junto com Todos os Homens? Aí eu precisaria rever Todos os Homens. Faz tempo.. Não sei se terei tempo. Imagino que a Veja seja a favor dos estudos com células tronco, mas o pessoal de direita costuma ser contra a legalização do aborto. Imagino que o Reinaldo Azevedo seja contra...
Obrigada, Daniela.
Elaine, obrigada pela lembrança. Deixei um recado lá.
Ana, é uma droga isso. Felizmente da minha mãe nunca tive nenhuma pressão pra usar maquiagem ou salto alto ou usar esmalte ou pintar o cabelo. Mas sobre o meu peso... Aí a pressão é de toda a família. Claro, não dizem que é pela aparência, porque isso seria muito fútil. É uma questão de saúde, juram. Mesmo que eu tenha uma saúde ótima... É verdade, tem assunto muito mais enriquecedor, né?
Viu só, Mario? Isso que dá vc aparecer por aqui a essa hora! Atrasadão!
Babsiix, é muito recente mesmo. Eu também fiquei surpresa com a parte da eugenia. O que a gente ouve é que isso era coisa do Hitler, loucuras de ditador, sem saber que tudo isso já existia no resto da Europa e nos EUA. E que os cientistas não foram coagidos pelo Hitler a entrar nessa. Eles pensavam igualzinho.
Sobre o post que vc me indicou, não gostei muito não. É bem grosseiro. Acho que pais e mães merecem os parabéns quando nascem um filho, sim. É algo especial pra muita gente. Só porque não é o meu projeto de vida eu preciso desmerecer o projeto dos outros. (Não li os 386 comentários, só os primeiros).
Ótimo exemplo isso de usar roupas. Se querem nos fazer crer que o normal é o que é natural, de fato, não há nada de natural em usar roupas.
Isso de precisar usar maquiagem pra fisgar um homem me lembra aquelas matérias de revistas femininas que são amplamente repetidas pela mulherada. Aquelas, sabe? “Você precisa se arrumar até pra ir à padaria, porque vc nunca sabe quando vai aparecer seu príncipe encantado”.
Mas não acho que o capitalismo prega que somos todos iguais. O capitalismo acredita no mérito. E se a gente acha que alguém merece ser milionário, também tem que achar que outros (e muitos outros, porque há muito mais mendigos que milionários no mundo) merecem ser mendigos.
Lola
tive uma overdose do seu site hj pq fiquei lendo a sua seleção de melhores, entao amanha eu volto e faço um comentario legal pq hj nao consigo nem mais pensar em vc!
quero pensar um pouquinho em mim!
beijossss
Sobre a matéria da Veja: Como diria meu namorado, por increça que parível a matéria da Veja está boa. Mostra médicos contando que o aborto é sim uma realidade e é até comum.
Lola!
Voltei de viagem!
acabei de fazer uma cronica sobre marley e eu. Adorei o filme! Parabéns pelo blog e por este post! Perfeito
:**
Gostei dessa frase, Lola:
"O capitalismo acredita no mérito. E se a gente acha que alguém merece ser milionário, também tem que achar que outros (e muitos outros, porque há muito mais mendigos que milionários no mundo) merecem ser mendigos."
É bem verdade e isso me deprime. Conheço gente que é assim, pensa desse jeito. Acho tão egoísta.
Lola,
Será que você não está sendo melindrosa demais???
Vc tá certa no q disse do capitalismo, Lola. O q quis dizer mais ou menos foi q o capitalismo prega q vc tem q ser diferente: para isso, compre tal coisa, consuma tal serviço; o q parte do pressuposto q somos iguais. Mas se somos tds iguais, é pq tb a sociedade, e claro, o capitalismo, nos fez assim: devemos emagrecer, alisar o cabelo, nos vestir de tal jeito, comprar um carro, uma casa, ter um conjuge e filhos, e por ai vai.. Entende? Parece q devemos ser iguais aos outros mas ao mesmo tempo temos q nos destacar por ser melhores.
E a sua frase ficou mt boa msm, cmo disse um outro comentarista!
Quanto ao link q te passei, n quis dizer q concordo,,só lembrei pq o texto tb reflete sobre o normal. Cmo alguém disse lá, só podemos ir contra o senso comum até certo ponto. Passar dele é assinar sua própria morte simbólica.
Isso me fez lembrar do texto do nariz de palhaço, do veríssimo..
E tb esse grafite q eu vi:
[IMG]http://i42.tinypic.com/2ngcy90.jpg[/IMG]
PS- Lola, tinha te falado do "let the right one in" no outro post e vc perguntou se valia a pena. Vale mto! Fiquei embasbacada de como é bom.
Oi Lola.
Leio seu blog há algum tempo, descobri através do da Cynthia Semiramis, e adoro.
Seu texto sobre a normalidade me lembrou a questão da construção dos preconceitos, que é muito bem trabalhada no livro "Preconceito contra homossexualidades: A hierarquia da invisibilidade", de Frederico Viana Machado, ed. Cortez.
Na obra, o autor demonstra os mecanismos utilizados pela classe dominante para a manutenção do status quo.
Eu sempre costumo brincar, que os últimos preconceitos "aceitáveis" (ou "politicamente corretos") são contra os gordos e contra os fumantes. (Imagine se a pessoa for GORDA E FUMANTE!!!????)
Quem construiu esses ideais?
Quem disse que devemos obedece-los?
Atualmente a gente fica adiando o momento de ser feliz, esperando ficar magra, ter dinheiro, terminar o mestrado, fazer o doutorado, casar, ter filhos, comprar algo maior, melhor, mais caro, e ai sim, poder descansar e ser feliz...
Como disse o Zeca Baleiro: "sofrimento não é amargura, tristeza não é pecado, lugar de ser feliz não é supermercado".
Grande abraço
Aronovich:
Infelizmente, o comunismo, deixou rastro, mas fracassou sim.
E o motivo foi bem simples; as pessoas não são comuns, na definição mais pura da palavra. Elas são individualistas e a doutrina não é suficiente para mudar uma característica genética.
A idéia do comunismo é linda, mas na prática tromba com o ser humano; principalmente os que lideram o povo. Lembra das dachas na Russia?
Do comentário da Marjorie: "Por nove meses FAZ PARTE pdo corpo da mulher, logo quem tem que decidir é ela, não quem não tem nada aver com isso". Transportando para o futebol, me lembra aquelas pessoas que dizem: "vc só pode criticar um goleiro se tiver jogado no gol". Que foi, aliás, o que o Rogério Ceni respondeu ao Falcão qdo criticado por este.
É óbvio que o bebê fará parte do corpo da mulher por 9 meses. Isso dá a ela o direito de fazer com ele o que bem entender? Entendo o que a Lola diz no texto sobre o assunto, que a direita cristã não quer que a mulher tenha nenhum tipo de autonomia, e é verdade. Mas em nome desta mesma autonomia devemos então dizer simplesmente: "vc, mulher, é livre, faça o que bem entender com seu corpo"? Repito, há casos e casos, questões que vão desde como a criança foi gerada até os riscos que a gravidez proporciona à ela e à mãe. Ajudaria muito saber quando a vida começa. Pelo menos já temos o alento do STF ter decidido a favor das pesquisas com células tronco. Ah, Lola, chegou a assistir a reportagem que mostrava uma criança anencéfala de dois anos? Se não me falha a memória passou no Fantástico ano passado. Nem o argumento de que o feto é anencéfalo e por isso não sobreviverá é absoluto mais. Questãozinha complexa essa.
Quero muito ver essa matéria da Veja. Sempre fui favorável ao aborto, continuo sendo e assim me manterei até o final dos meus dias. Quero ser mãe, mas só o farei quando tiver certeza absoluta de que sou apta para isso e de que nada faltará aos meus filhos. O que há de nobre em trazer uma criança ao mundo para que ela não possa frequentar a escola, tenha que vender balas em faróis, tenha que se prostituir? Aliás, fui ao blog do Reinaldo Azevedo dar meu pitaco e fiquei pasma com a argumentação dele e dos simpatizantes para atacar o aborto. Perdem-se na discussão sobre o momento em que o feto pode ser considerado pessoa ou vida, mas ignoram solenemente o que será dele APÓS o parto. É de uma ignorância tremenda. Enfim, vou ver se consigo baixar a revista (não compro a Veja, nunca).
Quanto ao seu post: também não dirijo e, obviamente, não tenho carro. Em parte por opção, em parte por não ter condições de comprar um no momento. Meu namorado também não dirige, por opção. Pretendo aprender e ter um carro e tenho tentado convencê-lo a aprender também. Infelizmente o transporte público é sofrível e táxi é caro demais, fora que detesto depender da boa vontade do alheio pra dar carona. Claro que sempre rola um comentário ou outro sobre o assunto, mas eu não ligo.
O mesmo não posso dizer sobre meu peso. Desde pequena minha mãe faz marcação cerrada sobre mim, sobre o quanto eu como e como me visto. Entendo que há um fundo de preocupação com a minha saúde da parte dela, já que há casos de obesidade mórbida, hipertensão e doenças cardíacas na família. Também há casos de câncer de pele (gente branquela MESMO), mas não me incomodo em me besuntar de filtro solar. A questão é que minha mãe sempre foi muito magra quando jovem e esperava que eu saísse igual... imagino a surpresa dela com o tamanho da minha bunda. Com certeza essas cobranças foram um motivo fortíssimo para eu ter saído de casa aos 17 anos, mas elas ainda existem, me lembro cada vez que a visito. Me sentiria melhor mais magra pelos problemas de coluna que tenho, mas não tô almejando sair pelada em nenhuma revista. Tampouco ser magra como minha mãe acha que eu devo ser
Mas o resto das "mulherzices" eu adoro: gosto de maquiagem, sapatos de salto, roupas, esmaltes, cosméticos e tudo o mais. Nunca fui pressionada a usar essass coisas: uso porque gosto. Também não compro revistas de moda (só as estrangeiras, porque vêm brindes muito bons e custam o mesmo que as nacionais...eu não as leio!), tenho bem certo na minha cabeça o que gosto de usar, independente de ser moda ou não. E por incrível que pareça para alguns, eu faço essas coisas pra mim, não para homens e nem para mulheres. Faço com os meus recursos e faço pra me agradar, pronto.
Agoum comentário decente:
Então lola só querendo complementar o seu texto a normalidade tbm foi mto aceita pq com a revolução industrial as pessoas precisavam seguir um padrão.
Assim: Vc não poder ser mto eficiente nem pouco eficiente em uma fabrica pois isso atrapalha a linha de produção logo vc tem que ser como a média dos trabalhadores.
Outra coisa, vc tem que consumir! Se você é uma pessoa que não tem vontades capitalistas vc nao se encaixa no quadro portanto é excluido da sociedade.
Nós aprendemos bastante isso em psicologia por causa da luta antimanicomial. Os manicomios só surgiram após a revolução industrial pois aquelas pessoas não se encaixavam em parte alguma do novo sistema de produção, nas ruas não havia lugar para indigentes e para caridade e se você não contribui c o sistema capitalista vc é excluido! E isolado do sistema completamente, por isso o dito doente mental nao tem direito a nenhuma propriedade ou bem material, como dinheiro e casas.
Isso é algo muitooo interessante tenho milhares de textos sobre isso inclusive meu trabalho do semestre passado só discutindo a normatização que o sistema capitalista trouxe. se estiver interessada posso te enviar
Bjooosss
Concordo com o Serge. Vide o site/blog "desdecuba" de Yoani Sanchéz. Boa pedida para essas nossas fases e com o mundo-obamense. Mas também adoro a opinião da Hilda Hilst, sempre viva em meu coração e memória; era algo assim: toda vez que alguém demonstra preocupação com o social, que defende quem precisa de defesa é visto como "comedor de criancinhas-comunista". ;-0
Srta T., dá para folhear rapidamente numa livraria e ainda tomas um café. Sempre faço isso.
;-))
Eis o site
http://www.desdecuba.com/generaciony/
Todos falam dela ultimamente. Fenômeno de comunicação.
Gi, juro pra você: ando sempre como um gibi dos X-Men ou um livrinho do Dilbert a tiracolo, prefiro. Só leio mesmo quando a capa me chama atenção, peguei implicância com a Veja (com as demais também, admito).
Sim, sim, sim... E esse projeto de Eugenia foi criado pelo Galton, que era primo de Darwin, inspirado na Teoria da Evolução. Sobre a "média" atual, que é baseada no poder de consumo, ontem à noite estava lendo na Super Interessante deste mês uma matéria falando sobre como seria se o mundo fosse igual aos EUA, em consumo. A gente acabaria com tudo, ainda mais rápido! (ps. não gosto muito da Super, não).
Valeu pelo ótimo texto!
Lola, falei da Sara J. Parker porquê ela lança essa linha de roupas bonitas e baratinhas depois daquele filme cretino que ela fez....fico imaginando tudo isso, sabe?
Concordo com a comentarista que diz que o feto está no corpo da mulher por 9 meses e faz parte dela por 9 meses. Reacionarios, queira vcs ou não, continuamos abortando legal ou ilegalmente. Pois cada um sabe onde o calo aperta.
É por isso que eu amo isso aqui, de corpo e alma. E muito corpo, diga-se.
Obrigada pela referência, Lola, se eu achar na web te aviso.
Abraço!
Srta. T., eu lia a Veja na época da faculdade e isso faz quase 10 anos. Estou ficando véia. ;-)) Disse para você folhear porque você comentou que teria de baixar a matéria, algo assim. Dá pra ler de graça nas livrarias. Paga-se o cafézinho. Nada é perfeito. ;-0
Ah, eu não curto gibis, nunca gostei, menina. Coisa engraçada. Adorava Ziraldo, "Marcelo Marmelo Martelo", enfim. Hoje sou muito fã história em quadrinhos, bande-dessinées francesas. Lá eles têm muitos livros de capa-dura e vendidos em brocantes por um preço, ó.. banana. ;-) Aqui as editoras não dão muito valor, demora a sair. Pena..
Leila, legal! Adoro quando leitores tomam overdose (não fatal) do meu blog.
Elyana, ah é? Incrível a Veja fazer uma matéria boa. Pelo jeito não dava pra xingar o governo ou o MST em nenhuma parte da matéria sobre a legalização do aborto...
Felipe, e aí, chorou no Marley? Vou ter que dar uma olhada no seu blog pra descobrir.
Gi, pois é, mas a meritocracia corre solta. Também acho egoísta.
Anônimo, melindrosa é uma palavra tão bonita... Eu gosto. Então sim, vou adotá-la: estou sendo melindrosa demais. Mas em relação a quê? À normalidade?
Babsiix, tem razão. O capitalismo funciona como aquele comercial da Boticário que eu detesto. Aquele do Abaixo a repressão. Diz que seria ruim se as mulheres não tivessem vaidade, porque seriam todas iguais. Mas desde quando o capitalismo respeita as nossas diferenças? Ah, nem precisa se desculpar. Sei que vc teve ótimas intenções ao me passar o link. O grafite eu não consegui ver não.
Renata, eu estou mesmo querendo fazer um post perguntando como cada um chegou aqui. Obrigada pela indicação do livro. É, não faz muito tempo a “Fatospere” (blogs de aceitação do corpo) estavam falando isso do último preconceito “aceitável”. Mas aí um monte de gente negra e gay começou a falar: Peraí! A gente é discriminada todo dia, então que negócio é esse? Pelo jeito ainda existem muitos preconceitos socialmente aceitáveis... Puxa, gostei muito desse trecho do Zeca Baleiro. Abração!
Serge, bom, eu acho que é possível um socialismo não ditatorial, democrático, que respeite as diferenças. Eu sou da linha do “um outro mundo é possível”. Porque a gente está muito acostumada à ideia de que o capitalismo é o único modelo possível. E desde quando o capitalismo deu certo?
Kenny, não é bem assim. Você, como homem, pode criticar a legalização do aborto à vontade, pode tentar convencer mulheres a não abortarem, pode falar com a sua namorada pra não abortar caso ela engravide (mas seria melhor usar camisinha antes). Ou seja, ninguém tá te proibindo de criticar. Mas alguém chegar no MEU corpo e mandar “Vc tem que fazer isso e não pode fazer isso”, aí é outra história. Porque o corpo é de cada mulher, e ninguém pode colocar a mão nele. E não se preocupe, porque o feto está bem cuidado no corpo da mulher, que é ensinada desde pequenininha a ter empatia e a cuidar dos outros antes de se preocupar consigo mesma. Não é que, se o aborto for liberado, toda mulher vai sair correndo pra fazer um. Acredite: não é sonho ou projeto de nenhuma mulher fazer um aborto. Mas, se ela sentir que tem que fazer, por uma série de motivos, ninguém tem nada a ver com isso. Se uma mulher que está carregando um feto anencefálico decidir ter o filho (pra ele morrer horas depois do parto, em quase todos os casos), ela deve ter a autonomia de fazer isso. Se não quiser parir um filho que vai morrer em seguida, ela deve ter toda a autonomia de abortá-lo tb. Pra mim, a questão não é complexa: quem decide é a mulher.
Srta T, é verdade. O que vejo entre o pessoal (na maioria homens, ainda mais no blog do Reinaldo Azevedo) que é contra a legalização do aborto é nenhum interesse pelo bebê depois de nascer, e nenhum interesse pela mulher/mãe. E como o pessoal é de direita, fica aquela história: o Estado deve proibir a mulher de ter autonomia sobre seu corpo, mas depois que o bebê nasce, ninguém precisa do Estado, certo? Então dane-se o bebê e a mãe. Eu acho totalmente contraditório.
É, as mães passam demais pras filhas suas frustrações ou expectativas com seu próprio peso. E isso começa cada vez mais cedo, quando a filha é uma criança de 4 anos... Fica difícil crescer com uma noção saudável de alimentação e autoestima.
Bom, eu não condeno ninguém que goste de maquiagem, sapatos, roupas e esmaltes. Mas acho que a mulher deve refletir sobre por que isso é tão importante pra nós, mulheres, e por que não é importante pros homens. E também refletir se não se está gastando tempo e dinheiro demais com algo que nos é imposto desde criancinha...
Leila, ótima explicação sobre por que a normalidade surge com a revolução industrial. E tb sobre o surgimento dos manicômios. De fato, o capitalismo não tem nenhuma “utilidade” pros excluídos. E exclue sem dó. Gostaria de ler esses textos sim, o problema é quando. Estou sem tempo nenhum...
Gi, legais os links. Comigo, revista é assim (qualquer revista, praticamente, inclusive a Veja): cai na minha mão, eu leio. Adoro ler enquanto como (só que no caso da Veja me dá azia). Mas comprar uma revista é outra coisa.
Anacris, pois é, pega mal pacas pro Darwin tb. Quanto tempo de vida o planeta teria se todo país consumisse no mesmo ritmo dos EUA? Pouquinho, né?
Mari, mas a Sarah J. Parker já é um ícone da moda faz tempo. Eu lembro uma vez quando ela participou de um Project Runway (eu vi uma temporada, quando vivia nos EUA), e foi um escândalo.
Sobre o aborto, pois é, as mulheres continuam abortando legal ou ilegalmente. Mas legalmente é muito mais seguro.
Mi, obrigada. Corpo realmente é o que não me falta.
Patricia, avisa sim, por favor.
Ve se consegue agora:
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Lola, eu acho q essa questão do aborto é parecida com as bolsas dadas. Explico-me:
A ideia de dar dinheiro é pra tentar diminuir as diferenças, ajudar qm n tem ou so tem dinheiro pra (mal) comer. Assim os pais podem comprar um brinquedo pros filhos, roupas, ter condições de dar um doce qd a criança pedir.. além do básico pagar contas, ter um lugar pra morar e feijao e arroz na mesa.
Qd estava no colégio, uma professora contou a história da empregada dela, q resolveu se demitir pq fez as contas e viu q dava pra sobreviver, mesmo apertadinho, com o dinheiro q era recebido da bolsa. Sabe, isso me deixa meio triste, sem esperança q as coisas melhorem, pq tenho ctz q essa situação se repete. Entendo q a ideia foi boa, e acho louvavel tentarmos diminuir as diferenças. Mas na pratica.. parece q as pessoas n entendem pra q serve aquele dinheiro.
Agora quanto ao aborto: sim, se a mulher quiser abortar ela vai dar um jeito, em clinicas clandestinas e sem cuidado algum. E sim, a saude e a integridade da mulher é uma questao importante, logo a legalização é algo bom.
Entedo q as mulheres n gostam de abortar e a gente ta falando do aborto cmo se fosse uma questao banal pra mulher.
Sei q vou soar arrogante, mas vai lá. Tenho qse ctz q a legalização do aborto, q visa proteger as mulheres, vai ser usada de forma banal, já q será visto como uma maneira de "menos uma consequencia a se arcar com o não-uso da camisinha". Como a bolsa, são recursos para serem usados de forma consciente, o q na prática n acontece.
Lola
Sabe que aqui em Boulder todo mundo é muito hippie. Muito mesmo!!! Tipo, usam aquelas crocs com meias, roupas bem largadas, muitos dreds nos cabelos.
O slogan da cidade é Keep Boulder Weird. Então, eu que não coloco um crocs no meu pé nem que me paguem, uso salto alto de bico fino, daqueles de matar barata nos cantos e roupas fashions que recebo o olhar de "olha o tipo daquela ali".
Aqui eu que sou a anornal. Uma vez estávamos num bar e meu marido me apontou uma menina que estava apontando pro meu sapato de salto e bico fino e rindo. Agora me pergunta se vou usar crocs por causa disso. Eu não, uso o que quero e não to nem aí se vão achar ridículo ou não. E depois que tibve nenem fiquei fora de forma, mas vou na piscina de biquini. Ninguém tem que ficar olhando pra mim então se tem uns pneuzinhos aparecendo o problema é meu tb. Aliás, perfiro mesmo que nem olhem. Nem qdo tava em forma, nem agora.
wewillmeetagain, eu fiquei meio na dúvida se esse ditado não quer dizer algo do tipo "de perto, ninguém é normal". Algo como reconhecer que aquilo que costuma ser considerado "normal" pela maioria na verdade não faz muito sentido mesmo, e que essas pessoas que vivem se esforçando em alcançar esses padrões acabam por ser "loucas" em outro sentido, bem pior. Enfim, você sabe o contexto em que as pessoas aí na Holanda dizem isso, mas quem sabe se era para ter um significado diferente?
Lola, ótimo post, eu fico pensando isso sempre em relação a uma ansiedade das pessoas em definir os relacionamentos DOS OUTROS. Eu estou em um relacionamento há 8 anos, eu e o meu namorado moramos juntos, e todo mundo acha estranho que eu chame ele de namorado. Dizem que eu sou casada, eu digo que não, que não fiz nenhuma cerimônia nem assinei papel nenhum. Aí acham que eu tenho algo contra o casamento, e eu não tenho, só não posso fazer uma festa legal que sirva para celebrar junto com a família e os amigos nem preciso do papel para nada. Aí, quando eu digo que não gosto da palavra marido (vc usa "maridão" de um jeito tão simpático, mas eu não consigo gostar de dizer essa palavra), é que aproveitam para dizer que eu tenho, sei lá, medo do compromisso ou algo assim. Ah, por favor... Até a minha mãe adora esse papo, mas ela eu sei que é mais para fazer uma provocação mesmo. O que há de errado com "namoro" e "namorado" (ah, e não me venham com "namorido"!!!)? É que o "normal" é namorar por um tempo nem muito longo nem muito curto, noivar já não é moda e juntar é até aceito, mas, algum tempo depois, a mulher DEVE insistir para casar, e não pega muito bem também o homem gostar da idéia logo de cara... Afff... Prefiro ficarcom as denominações bem indefinidas, que o importante mesmo (amor, respeito, etc.) já está definidíssimo entre nós.
Do consumo eu não consigo me livrar muito, mas eu gosto mesmo é de produtos culturais e badulaques que muitos reconheceriam como "inúteis" ou de pouco valor. Para aquilo que todo mundo diz que eu deveria ligar, como roupas de grife e coisas sofisticadas, eu não tô nem aí. Não gosto nem da idéia de dirigir e fico feliz por não ter carro.
Bom, Lola, deixa eu explicitar minha posição então: eu não tenho uma opinião formada ainda sobre a legalização do aborto, por falta de informação mesmo. Pelo pouco que ouvi falar, tendo a ser a favor. Melhor as mulheres abortando nos hospitais com acompanhamento médico a fazê-lo em casa com cabides.
Sobre o aborto: não tenho uma posição absoluta, estilo "aborto sempre", "aborto nunca". Dependerá do caso. Se o casal não se cuidou e depois resolve abortar por motivos como "não teremos condições de criar", "vai ser uma vergonha pra família da moça", etc, sou contra. Já no caso de risco à vida da mulher ou do bebê, de ser um bebê anecéfalo (mesmo existindo aquele de dois anos da reportagem), de estupro, etc, sou a favor. Não concordo com essa sua posição radical de "quem decide é a mulher". Aliás, ao fim e ao cabo realmente quem decide é a mulher. Pois que arque depois com sua decisão. Veja como a questão é complexa sim, Lola: matar alguém é crime. Agora, dá pra dizer que o quê a mulher carrega no ventre é alguém?
Antecipando-me à sua enquete: cheguei aqui através do blog da Lauren. Como cheguei ao dela realmente não me lembro.
Parabéns pelo blog, já adicionei aos meus favoritos.
Acho que é simplesmente uma questão de gosto: homens podem não gastar com sapatos, mas gastam com calotas cromadas para os pneus ou camisas de times de futebol, por exemplo. Não acho que essa opção de como gasto meu dinheiro tenha um fundo "sexual". Uma amiga minha torra a "verba" destinada à revistas em Boa-Forma e Nova (aaaarrgh), eu torro em X-Men e Sandman, meu chefe e outra amiga compram a Quatro Rodas; eu guardo dinheiro para viajar, outras meninas do meu trabalho guardam pra peitos novos (e um ex-namorado meu também, olha só); meu namorado guarda pra comprar um imóvel. Não vejo vinculação entre gostos/valores e diferença de sexos aí.
Lola, adorei o texto! Achei interessantíssimo! Eu nunca tinha lido nada a respeito da origem do "normal"...
Me lembrei foi de uma historinha que sempre me faz rir. Quando eu fazia cursinho pré-vestibular tinha 4 amigos (um menino e 3 meninas) com quem fazia tudo, estudávamos juntos, matávamos aulas juntos e faziamos festa juntos. Eramos todos muito diferentes uns dos outros, com idéias completamente diferentes (eu estudei Arquitetura, Carol medicina, Daisy educacao fisica, Taty pedagogia, e Vitor agronomia). Todos os dias, a Taty criticava um de nós, dizendo que éramos loucos, doidos ou malucos, dependendo da boa vontade dela, por causa de algo que teriamos feito ou dito. Até o dia em que o Vitor se cansou e chegou à brilhante conclusao: "Nós somos 5, certo? 4 sao malucos e uma nao. Se em 5, 4 sao malucos, entao este é o padrao de comparacao mais indicado, e logo, os malucos sao os normais, e a Taty, a certinha, é que é a maluca da turma!!!" Taty ficou uma semana sem conversar com ele!
hehehehehe
Babsiix, obrigada pelo grafite. Mas sabe, não dá pra desrespeitar todas as normas. Algumas são boas. Andar na calçada, por exemplo. Opa, comecei a responder seu comentário, mas ficou tão longo que vou transformá-lo num post. Sai amanhã.
Ana, não acredito que Boulder tenha copiado o slogan de Austin, Texas, que é “Keep Austin weird”! Quer dizer, não sei quem copiou quem. Vai que esse é o slogan de várias cidades americanas mais alternativas... Eu não uso nem crocs nem salto alto, só acho que cada um deve poder vestir o que quiser.
Ariadne, tb não sei, de repente o slogan holandês tem um outro significado... Vc tocou num ponto muito legal: quem mora junto e não é casado é o quê? Nem dá pra responder aqui. Vou guardar e transformar em post próprio, pode ser?
Srta T, discordo que seja uma questão de gosto. Nossos gostos são moldados pela sociedade em que vivemos. Não somos despejados aqui de uma nave espacial: somos frutos da época e do lugar onde vivemos. Assim, uma mulher gostar de maquiagem, sapatos e roupas, e um homem de carro, futebol e pornografia, não são opções tão pessoais quanto gostaríamos de crer. São construções. E homens e mulheres são construídos de forma muito diferente na nossa sociedade.
Kenny, agora que vc falou, lembrei de vc perguntando alguma coisa sobre onde ler minha crítica no blog da Lauren! Legal, que vc tenha vindo até aqui e se tornado assíduo.
Fico feliz que vc esteja refletindo sobre a questão do aborto, e que ainda não tenha opinião formada. Mas só queria enfatizar que dá pra ser contra o aborto e, mesmo assim, a favor da sua legalização. Pessoalmente, sou contra o aborto. Eu não faria. Fizeram essa pergunta pro Obama num dos debates e ele respondeu como eu responderia: dá pra ser a favor do aborto? Ninguém é. Acontece que o aborto não desaparece apenas porque a gente é contra. Ele continua existindo clandestinamente, e matando milhares de mulheres todos os anos (e o feto morre tb). Com a legalização, respeita-se a autonomia da mulher em decidir sobre seu próprio corpo. Isso precisa ser respeitado. A SUA opinião sobre o aborto (ou a minha) não pode influir sobre a opinião de cada mulher. É ela quem deve decidir. E como assim, a mulher “que arque depis com sua decisão”?! Ué, não é ela que arca com a sua decisão, sempre? Só que, criminalizando o aborto, a consequência dessa decisão de abortar muitas vezes é a morte.
Sobre determinar quando começa a vida, não existe resposta absoluta pra isso. Depende de cada um, das convicções religiosas e políticas. Pro Papa, é quando esperma e óvulo se encontram. Pronto. Tá lá uma vida. Pra algumas pessoas, pode ser quando o bebê deixa o ventre da mãe. De todo modo, ninguém recomenda abortar quando o feto já tem mais de quatro meses. É perigoso.
Barbara, que bom que vc gostou! Eu acho esse artigo do Davis o máximo. Dá muito pano pra manga... Obrigada por compartilhar sua anedota. Bom, sem dúvida, a maioria se dá o direito de determinar o que é ou não normal. Por isso que não dá pra achar que se, de repente, o normal fosse invertido, e pessoas hoje discriminadas fossem o padrão, a discriminação deixaria de existir. O que é necessário é haver tolerância para tudo que seja fora do normal. É pedir muito?
Que bom que você achou o assunto interessante, Lola! Vou adorar ler. Eu comentei aqui porque eu acho que as pessoas ainda estão muito presas às "normas" tradicionais de relacionamentos, por mais que digam que são "modernas", e isso acaba se refletindo até nas palavras.
Oh meu Deus! A normalidade foi inventada por pessoas racistas! É tão engraçado quando a gente lê coisas assim... parece que a gente se dá conta de que sempre soube disso mas não se tocou porque ninguém falou antes. Bom trabalho!
Olá Lola! É a primeira vez que visito o seu blog, mas já está nos meus favoritos.
Também penso bastante nesta questão da normalidade e no impacto que ela tem para aqueles que não correspondem ao padrão, tanto os que permanecem na sua "anormalidade" como aqueles que não me medem esforços para atingir a tal normalidae, que é o único caminho para felicidade.
Outra questão que me surge é a respeito dos diagnósticos de distúrbios de personalidade: como se sabe, uma pessoa mentalmente perturbada, é aquela que age e pensa de uma forma diferente das demais, da maioria "normal". Até que ponto se pode considerar isso como uma patologia? Que outro argumento, para além desse padrão de normalidade, serve de base ao diagnóstico?
Falando da minha própria experiência: creio que nunca fui uma pessoa normal, e que cada vez o sou menos. E, obviamente, a tal patrulha da normalidade, tende a perseguir-me: "mas não bebes porquê?", "mas as pessoas da tua idade gostam de ir a esses sítios(bares, discotecas, etc)", "não comes carne nem peixe, então comes o quê?", "mas não gostavas de perder esses quilinhos e voltar a ter o peso que tinhas antes?"...enfim, toda uma parafernália de comportamentos e escolhas que não correspondem ao padrão e, por isso, intrigam tanta gente.
Será assim tão difícil aceitar a diferença?
Obrigada pelo texto! Aqui onde moro sou perseguida pela patrulha dos normais! Sou às vezes subjulgada, escrachada...mas o que me deixa feliz é o fato de que essas pessoas não possuem um status muito bom (não conseguem dar conta dos próprios objetivos, mas vivem a patrulhar os outros)
É por isso que a frase do nosso querido personagem de Heath Ledger, o Coringa, reflete exatamente aquilo que eu penso:
"Não tenho planos. Sou como o cão correndo atrás do carro. Não saberia o que fazer se o alcançasse"
Sou fã dos gregos, aqueles filósofos geniais que muitos ousam chamar de loucos! E também acredito que o ideal está lá com os Deuses, então busquemos àqueles que são maiores do que nós, maiores em caráter, em bondade...que com certeza é este o caminho! Aliás, eu faço teatro e lá a frase de lei é: Buscamos a perfeição. Mesmo que seja impossível, pelo menos buscamos!
Eu faço parte dos anormais, os fora da média... e penso em tudo isso todo santo dia...
Lola, ultimamente tenho me preocupado com as crianças e a exigência de que estejam dentro de um padrão de normalidade. Estou pesquisando o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e estou assombrada com o discurso médico psiquiátrico fundamentado no fisicalismo, ou seja, na afirmação de que o TDAH é um transtorno de origem orgânica, devido a uma disfunção neurológica localizada no lóbulo pré-frontal e que o tratamento deve ser medicamentoso. Aquelas crianças que no passado eram consideradas teimosas, agitadas, maleducadas e outras coisitas mais, hoje são portadoras de uma doença cujo tratamento implica no uso de psicoestimulantes. O mais interessante é que com todo avanço das neurociências, não existe um exame que afirme esse disfuncionamento cerebral. O medicamento indicado, hoje, é um dos mais vendidos. As crianças com dificuldades de aprendizagem, que não seguem as normas escolares (na maioria das vezes uma manifestação extremamente sadia) são consideradas pela Escola como TDAH e os pais são solicitados a recorrerem a um psiquiatra ou neurologista para fazerem uso de tais remédios. A escola assim não questiona suas normas e métodos de ensino, os pais não se interrogam e querem consertar o "defeito" do filho, deixando-o entorpecido. O metilfenidado, nome científico do produto, produz sérios efeitos colaterais, que vão desde a parada do crescimento até o suicídio infantil. Atualmente, descobriram que esta doença se estende pela idade adulta e este continuam, nesta fase da vida, sendo medicados. Os universitários, pessoas que estudam para concursos, executivos e baladeiros descobriram uma forma de otimizarem sua atenção e tornaram-se adeptos do medicamento. Tudo em nome de uma não aceitação das diferenças, da busca de um padrão de normalidade.
Outro texto brilhante que tive oportunidade de conhecer porque foi linkado a uma postagem mais recente!
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