quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

BOLSA-FAMÍLIA, EMPREGADA E ABORTO

No post sobre normalidade, a questão do aborto veio à tona nos comentários. E minha leitora Babsiix escreveu:

Lola, eu acho que essa questão do aborto é parecida com as bolsas dadas. Explico-me: a ideia de dar dinheiro é pra tentar diminuir as diferenças, ajudar quem não tem ou só tem dinheiro pra (mal) comer. Assim os pais podem comprar um brinquedo pros filhos, roupas, ter condições de dar um doce quando a criança pedir... Além do básico: pagar contas, ter um lugar pra morar, e feijão e arroz na mesa. Quando estava no colégio, uma professora contou a história da empregada dela, que resolveu se demitir porque fez as contas e viu que dava pra sobreviver, mesmo apertadinho, com o dinheiro que era recebido da bolsa. Sabe, isso me deixa meio triste, sem esperança que as coisas melhorem, porque tenho certeza que essa situação se repete. Entendo que a ideia seja boa, e acho louvável tentarmos diminuir as diferenças. Mas na prática... parece que as pessoas não entendem pra que serve aquele dinheiro. Agora quanto ao aborto: sim, se a mulher quiser abortar ela vai dar um jeito, em clínicas clandestinas e sem cuidado algum. E sim, a saúde e a integridade da mulher são questões importantes, logo a legalização é algo bom. Entendo que as mulheres não gostam de abortar. Sei que vou soar arrogante, mas lá vai. Tenho quase certeza que a legalização do aborto, que visa proteger as mulheres, vai ser usada de forma banal, já que será visto como "menos uma consequência a se arcar com o não-uso da camisinha". Como a bolsa, são recursos para serem usados de forma consciente, o que na prática não acontece.

Babsiix, a empregada da sua professora decidiu usar o benefício pra “sobreviver”, e ainda assim você acha que “as pessoas não entendem pra que serve aquele dinheiro”? “Sobreviver” me parece um bom uso pro dinheiro. Eu ouço bastante essa queixa vinda de gente de classe média: “minha empregada não quer mais trabalhar”. Minha dúvida é: as pessoas que reclamam disso gostariam de ser empregadas? A maior parte das pessoas que recebe auxílio adoraria trocar de vida com as pessoas de classe média, ainda que fosse pra ter a vida sofrida e trabalhadora e cheia de sacrifícios que, aparentemente, só a classe média tem. Você não acha que se, de repente, o salário que se paga a uma empregada está muito próximo ao valor do auxílio, o problema está no salário, não no auxílio?
Outra coisa que vivo ouvindo é que “país civilizado é outra coisa”. A classe média brasileira (no que é idêntica à classe média de outros países pobres) só falta babar ao elencar as qualidades dos EUA. Lá não ocorrem as barbaridades que ocorrem aqui, pensa essa classe. É um ledo engano: ocorrem, sim. Mas sabe o que realmente não tem nos EUA com a frequência que tem aqui? Empregada doméstica. Elas são muito caras pra uma família de classe média conseguir pagar. E isso da empregada morar na casa da família e trabalhar dia e noite, seis dias por semana, com uma folguinha “quando der”, simplesmente não existe. Nos EUA não tem quarto de empregada. Sabe, esses cubículos sem janela onde só cabe uma cama em pé e que nossos respeitáveis arquitetos decretam que todo lançamento imobiliário deve ter? Lá não tem. Americano de classe média pode até ter uma diarista pra limpar a casa uma ou duas vezes por semana, mas uma escrava doméstica é inviável. Vamos chamar as coisas pelo que elas são: é escravidão sim. Uma mulher pobre ter que abandonar sua própria família pra cuidar da dos outros, não ter vida além do trabalho, ter um emprego sem perspectivas, que pague um salário minúsculo, e precisar andar pelo elevador de serviço pra não se misturar com os patrões da casa grande? Sei não, tirando a parte do salário, parece bem parecido com o que sei sobre escravidão.
E aí a gente condena quem tenta sair dessa vida? Tem que fazer malabarismo pra sobreviver com bolsa-família. Se um salário mínimo (que vem obtendo aumentos reais no governo Lula, e agora irá pra R$ 465 - pouquíssimo ainda, mas compare com os números do FHC) não cobre tudo isso que você falou, duvido muito que com a bolsa-família dê pra pagar aluguel, comida, roupas, transporte e ainda sobre pra comprar doces e brinquedos pro filho. Pessoas contra o auxílio criticam que alguns pobres comprem eletrodomésticos (em 24 prestações. Só classe média deveria poder comprar máquina de fazer pão, né?). Mas não há dúvida que o bolsa-família está injetando dinheiro na economia e contribui para que muita gente tenha melhorado de vida. O indicador que pela primeira vez na história 52% da população brasileira é de classe média já diz tudo. E não sei se você lembra quando, no início do governo Lula, período em que os benefícios foram ampliados, houve alegações de que esses pobres não eram de confiança, que os homens iam gastar tudo em cachaça, e que o melhor seria pagar o benefício à mulher da família. Puxa, parece que os pobres são mais inteligentes do que pensávamos.
Aí você emenda esse assunto com a legalização do aborto. É, sem dúvida, uma ligação perigosa, porque esses temas costumam andar juntos desde a invenção da eugenia, lá por 1880. Os princípios são os mesmos: pobres, mulheres, negros, pessoas com desabilidades etc são seres inferiores, que não conseguem cuidar de si próprios. É pra melhorar a vida deles que o homem branco de classe média e alta interfere, tão altruisticamente. O homem branco sabe que pra mulher negra é ótimo trabalhar de escrava em sua casa! É pro seu próprio bem. Como seres inferiores, essas minorias são incapazes de tomar decisões conscientes. Por que, então, deveriam poder reproduzir? É ruim pra espécie humana! Só a classe média deveria ter filhos. Falando em reprodução: a gente reproduz o mesmo discurso do nazismo e nem fica corada!
Quando a gente fala em legalizar o aborto, está no fundo falando das mulheres pobres. Mulher de classe média pode pagar uma clínica onde não corra risco de vida ao abortar, certo? Nos países onde o aborto foi legalizado, não houve nenhuma explosão no número de abortos, apenas despencou o número de mulheres mortas em consequência de abortos malfeitos. Aborto não substitui métodos anticoncepcionais de forma alguma. É um procedimento doloroso e traumático, e a maior parte das mulheres sabe disso. Não dá pra pensar que alguma moça vai falar pro parceiro: “Não vamos usar camisinha hoje. Se eu engravidar, faço um aborto e tá tudo bem”. É fato, infelizmente, que muitas mulheres - de todas as classes sociais - se preocupam com o prazer do parceiro em primeiro lugar. Somos criadas para sempre pôr a felicidade dos outros antes da nossa, e pra não discutir muito. Logo, se um parceiro diz que camisinha atrapalha mas que não tem problema não usar, porque ele “tá limpo” e vai gozar fora, várias mulheres acatam. Eu tive muitos parceiros sexuais durante a minha adolescência, nos anos 80, e era raríssimo algum que tomasse a iniciativa de usar camisinha. Se eu não exigisse e fincasse o pé, eles não estavam nem aí. E, adivinhe? Eram todos de classe média.
Acho incrível como os homens costumam se manter à margem dessa discussão, como se mulher engravidasse sozinha. (Perceba nas campanhas anti-aborto como a mulher desaparece. Esta ao lado diz: "Assim que é concebido, um homem é um homem". Um homem, não uma mulher. E quem assina a pérola? O pai da genética moderna, sucessor direto da eugenia!). Homem em geral só aparece pra dar pitaco contra o aborto. Lógico: não é ele que vai ter que parar de estudar ou trabalhar pra se dedicar ao bebê. Sinal de que o machismo segue forte na nossa sociedade é que a responsabilidade pela gravidez ainda recaia inteiramente sobre a mulher. A falta de educação sexual contribui, lógico. Muita gente não tem a menor ideia de como se engravida ou dos métodos anticoncepcionais possíveis. E muitos desses métodos estão disponíveis em postos de saúde. Tem quem ache que não se engravida na primeira transa. E tem a teoria da infalibilidade dos jovens, que pensam que as coisas ruins (e gravidez precoce é algo ruim) não acontecem com eles, só com os outros. Tem casalzinho apaixonado que pensa que o amor vai triunfar acima de tudo, que o amor é antídoto contra gravidez e Aids. E é óbvio que essas crenças não são privilégio dos pobres. Quando o sexo for encarado com mais naturalidade, como algo que todo mundo faz e é bom (e, portanto, vamos fazer do jeito certo, que é se cuidando), não como um tabu ou motivo de vergonha pra mulher, os casos de gravidez indesejada e de abortos vão cair. Enquanto isso, legalizar o aborto é uma questão de justiça social. De dizer pra mulher pobre que ela também tem o direito, como a mulher rica, de interromper uma gravidez. Isso se ela quiser. A decisão deve ser dela. Não de alguém de classe média que, no fundo, vê a pobreza como algo positivo. Porque, se os pobres acabarem, aí sim vai ficar difícil encontrar empregada doméstica.

224 comentários:

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L. Archilla disse...

excelente post!

tô meio correndo, mas só vou comentar uma coisa. é engraçado como mesmo quando o pai resolve "assumir" a criança, a expectativa para com ele é infinitamente menor da que recai sobre a mãe. veja bem: supondo que ele resolva não se casar ou namorar com a mulher, apenas assumir a criança. qual é a obrigação legal dele? pagar uma porcentagem ridícula do seu salário para o filho. acho que é 30%. e o que acontece se a mãe tbm destinar apenas 30% do seu salário para todos os cuidados que o bebê necessita? no mínimo a criança morre de fome ou de doença. pais de verdade gastam MUITO mais que 30% do salário com os filhos. só que quem tem a guarda, que geralmente é a mãe, sai perdendo.

Serge Renine disse...

Aronovich:

Eu não sei se uma pessoa sofisticada intelectualmente como você vê novelas da Globo. Porém, eu acho que você deveria ver essa Caminho das Índias, da Gloria Peres. Como a estória é da Gloria Peres, eu não sei se na Índia o relacionamento homem/mulher e pais/filhas é do jeito que aparece na dita novela. Se for, é um prato cheio para sua verve feminista.

Aquilo, na Índia, é tratar a mulher como um objeto a serviço do homem; seja esse marido, ou pai.

Anônimo disse...

Sabe o que eu não gosto neste argumento de "as pessoas vão fazer a torto e a direito, sem responsabilidade"? É que:

1)de onde a pessoa tirou isso? Não tem nenhum dado, nenhuma referência. Basicamente, quem diz isso tá tirando da sua cabecinha, de nenhum outro lugar.

2)é aquela coisa: "só eu tenho responsabilidade, os outros não". Como se fosse fácil fazer aborto. Como se a mulher acordasse um belo dia e dissesse: "oba! vou fazer um aborto! Que divertido!".

É querer aferir os sentimentos dos outros, sabe? Minha mãe, por exemplo, citou uma vez um pastorzinho que tem um programa de TV (argh, odeio esses caras. Porque eles não ficam lá com as suas religiões, sem se meter em questões políticas, querendo submeter às leis às suas crenças?). Ele disse: "as mulheres não podem abortar porque o aborto causa depressão. Elas podem se arrepender amargamente".

Ora, ser forçada a passar nove meses com um filho na barriga que vc não quer e não vai ter condições de cuidar; ou passar nove meses com um filho na barriga e depois ter de dá-lo para a adoção também são situações estressantes e deprimentes. No entanto, esses caras falam como se só a mulher que abortasse é que ficasse deprimida.

Ou, então, como minha própria mãe (que engravidou aos 17) chegou a dizer: "ah, ter vc e sua irmã foi a melhor coisa da minha vida. E se eu tivesse abortado?". Detesto isso tb, porque é querer universalizar uma experiência que é pessoal. Para você acabou dando certo, para outras pessoas, não. Esse discurso meio que insiste naquela velha "mística feminina", de que toda mulher vai ADORAR ter filhos. É sua vocação.

Algumas mulheres abortam e se arrependem? Certamente. Mas arrepender-se é um risco que assume toda vez que se faz uma escolha, seja ela qual for. Arrepender-se é um risco que vem com a liberdade de escolha. E eu prefiro mil vezes escolher, errar e me arrepender, do que deixar que os outros escolham por mim.

Alfredo disse...

Belo texto Lola...
E quanto a Marta Suplicy q insinuou o Kassab ser gay... vc achou anti-etico(como faço ocm o hifen? é emendado agora?)?

Abracos.

mah.rcius disse...

Excelente! Adorei o texto, as observações! :)

karina disse...

Putz, Lola... eu queria ter escrito isso. Que inveja. Como você consegue ser tão clara, tão didática? sim, pois contra alguns argumentos ser didática é absolutamente necessário. Parabéns, mais uma vez, pela lucidez...

Santiago disse...

Lola:

Não é só empregada doméstica que não quer ser empregada

Também tem gente que não quer ser operário. Bolsa família pra ele?

Tem gente que não quer trabalhar em escritório e ser muitas vezes humilhado pelo chefe imbecil. Bolsa família pra ele?

Tem dona de casa...,e aí vai!

Com a sua formação você não pode ser tão burra quanto quer parecer. Então você só é conivente, não sei porque, com um governo débil mental.

Quanto ao aborto; eu convido a qualquer mulher que comente no seu blog, e que seja mãe, a dizer se abortar é correto.
Só uma mulher que é mãe, e por isso sabe o que é amor por um filho, pode dizer se abortar é certo. Independente de religião.

Sem ser mãe, ou pai, é fácil defender legalização de assassinato de fetos.

karina disse...

É, Lola... pensando bem, acho que você precisa ser um pouco mais didática (rssssss)

Anônimo disse...

Sabe de uma coisa, eu costumava ter essa opinião também, confesso. E é curioso, ontem a noite eu estava justamente pensando no governo lula e na questão da bolsa familia e hoje você acaba escrevendo sobre ela.
Eu mudei minha opinião, percebi que era influenciado pela midia que nos mostra sempre um lado da moeda. O engraçado é que tem pobres que criticam a bolsa, dizendo que era melhor se aquelas familias parassem de aumentar. Muitos pobres fazem isso porque esse beneficio é mais aplicado no nordeste e se sentem no direito também, não sei.
Acaba sendo mais fácil concordar concordar com esses pontos,colocados na sua cabeça desde sempre, mas na verdade não são os mais correto.
E o porquê ficou claramente explicado nesse post da lola.

Um exercicio para entender melhor as diferenças é sempre se colocar no lugar das outras pessoas e ver que de repente muitas dessas vidas estão longe de ser como as nossas.

O Sergio mencionou a novela (acho que todas as novelas da globo vem fazendo do brasileiro um estereótipo ridiculo, que vivem perseguindo tramas mirabolantes e picuinhas para subir na vida). É um desfavor. E se as pessoas acham que a vida é assim e moldam seu comportamento pelo personagem de uma novela, sorry, vc parou no tempo. (não estou dizendo que é o seu caso Sérgio).No entanto, eu conheço como são tratadas as mulheres na cultura indiana, e é de facto uma barra pesada ser mulher na india. Assim como é na calábria, a terra da máfia, as mulheres sofrem em silencio. E quando digo que sofrem as pessoas não conseguem sequer imaginar o que isso quer dizer.

Cris disse...

Lola!!!!
tu é fantástica!

Foi um dos melhores textos que refere ao bolsa família que eu já li!
Parabéns!

Anônimo disse...

Santiago amigo, gostei da sua frase, Só uma mulher pode dizer se abortar é correto.
Afinal o corpo é dela né. Parabéns pela lucidez.

Alfredo disse...

O Lula disse q aprova o casamento homossexual mas nao faz nada a respeito disso... acho q so quer votos dos gays...
E sobre a adoção gay? Tem gente q fala q nao pode pq acha q as criancas vao virar gays... entao é errado ser gay? Se for errado entao pq nao mata logo os gays?
Acho q a Lola deveria discutir esse tema tb.
Abracos!

Thanatos disse...

tenho que concordar com a primeira parte do comentário do santiago, por mais que a segunda seja horrenda. A renda no nosso país é baixa sim. Isso não significa que o governo deva fazer o papel de hobin hood, roubar dos ricos com seus impostos absurdos e retornar aos pobres em forma de bolsas família (possivelmente através de uma longa cadeia de corrupção).
Aumentar o salário mínimo também não é uma alternativa inteligente para um país que tem investimentos minúsculos em tecnologia, infraestrutura, saúde, segurança e por aí vai. O salário mínimo impacta muito mais o governo, que paga salários e aposentadorias baseados nele, do que as empresas. Sim, é triste que pessoas ganhem pouco, que o salário da empregada seja baixo, mas quem a paga também não ganha tão bem assim. Talvez acabasse como nos EUA, não tendo empregada, mas aí onde essa pessoa trabalharia? sem investimento em tecnologia, com impostos abusivos em cima das empresas que efetivamente empregam as pessoas? um país não se sustenta onde todos dependem do governo para sobreviver, e um planejamento com olhos no futuro viria a calhar.

Quanto ao aborto. Na minha visão, aborto deveria sim ser legalizado, sem problemas. Talvez, dependendo do preço que custe para o realizar com segurança, não devesse ser oferecido gratuitamente no SUS, talvez com algumas restrições de idade, sei lá. O que quero dizer é que o governo posa de ter dinheiro infinito, que pode cobrir todos os mais caros tratamentos de saúde, manter pessoas com remédios de 20 mil por mês, etc. Mas o trabalho do governo é fazer escolhas difíceis, com recursos limitados, e o governo deveria sim pensar é nas formas mais efetivas de melhorar a saúde da população de uma maneira economicamente eficiente.

Anônimo disse...

Acho q o governo deveria incentivar o homem a fazer vasectomia.... muito mais fácil.. deveria dar uns 2000 reais pra quem fizer quando completasse 18 anos... dessa forma diminuiria o numero de pobres.

Thanatos disse...

Anônimo, por favor comece consigo mesmo :)

Anônimo disse...

Não concordo com esta simplificação que trabalho doméstico é necessariamente trabalho escravo. Exploração do empregado com cargas horárias absurdas, serviços chatos e chefes idiotas é um problema que pode acontecer em qualquer lugar até naquela empresa de tecnologia top que hora-extra vai para um banco de horas que você nunca vê.
Empregada doméstica em geral tem pouca qualificação formal (não por culpa da classe média e sim dos governos que não conseguem universalizar uma educação de qualidade). Então, empregos um pouco mais qualificados são mais difíceis de arranjar. Depois, cuidar de uma criança enquanto a mãe trabalha ou fazer uma faxina num apto ou casa não é um trabalho degradante.
A bolsa-família pode sim gerar um dependência e uma acomodação das pessoas. Estas políticas tem que ser temporárias não uma substituição do emprego.
Quanto ao aborto (tenha dois filhos e tive um aborto espontâneo entre os dois) não aceito simplesmente a posição simplista que é o corpo da mulher e que ela manda. Ela manda na cor do cabelo, se quer fazer plástica, se quer usar vestido ou calça. Aborto é muito mais complexo que isto. É uma vida dentro do corpo da mulher. Tem que ter limites éticos e morais. Senão, daqui a pouco as pessoas acham normal abortar no final da gravidez, abortar porque a criança tem algum defeito físico ou genético.

Alfredo disse...

Mas nao é todo mundo q tem capacidade de cuidar de uma criança excepcional... acho valido abortar sim.
Se pudessem descobrir q um feto é gay, a direita crista legalizaria o aborto sim.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkk
Thanatos!!!! mas eu teria q pagar a cirurgia... e tb sou gay... nunca transei com mulher e nem quero.. mas adotaria sim uma criança... de preferencia um asiático.
:-)

Anônimo disse...

Alessandra: você acha "imoral" que uma mulher aborte; pois eu acho imoral que crianças vivam por aí passando fome, tendo de trabalhar, sem acesso a estudos de qualidade, alimentação de qualidade ou um futuro de qualidade, simplesmente porque sua mãe não pôde abortá-los.

Acho imoral que uma criança ter de pais sem talento ou vontade de ser pais porque engravidaram sem querer e são obrigados a ter o filho.

Acho imoral que uma adolescente engravide sem querer e não tenha a opção de querer melhorar sua vida primeiro.

Acho imoral que uma pessoa seja obrigada a fornecer seu corpo para um fim que não deseja.

Acho imoral, principalmente, que um feto (que precisa de um corpo feminino para virar gente) seja considerado mais gente do que uma mulher adulta.

As pessoas adoram defender "a vida", mas não tão nem aí com as outras vidas que vivem na miséria. Já cansei de ver gente clamando moral no assunto do aborto, mas defendendo pena de morte ou achando o máximo as cenas de tortura do tropa de elite.

Se importam mais com os fetos do que com aqueles que, de fato, já nasceram.

Babs disse...

Eu sou mãe, de três inclusive (se a quantidade vai me dar mais conhecimento de causa para opinar), e sou totalmente a favor da legalização do aborto.
Se eu pessoalmente faria um aborto? Depende.
Como eu já disse aqui antes, a gentinha (não dá pra ser mais delicada) que diz que "a mulher não se cuidou" além de imputar uma suposta culpa na mulher parte do princípio que os anticoncepcionais são infalíveis. Não são! E nem todo mundo pode usar! Seja por alergia ou uma outra reação qualquer! E os métodos mais eficazes como a vasectomia e a ligadura não são nem um pouco estimulados, pelo contrário! É difícil fazer! Claro que não, se você tiver dinheiro, mas afinal o que não é comprável? Aparentemente qualquer coisa.

Qualquer dúvida a respeito da minha opinião eu o convido a ir no meu blog de bioética, que apesar de desatualizado tem textos sobre o assunto.

E em relação ao que disse o Santiago, eu não penso que só mães ou pais podem opinar, qualquer ser humano tem seu direito de se expressar sobre o assunto.

Francamente, amor materno não é instantaneo, é construído. E os seres humanos também.

Abraço!

Anônimo disse...

Ai ai, tou sem tempo, nao li os outros comentarios, mas queria falar o seguinte:

1) moro em Londres, e tenho vontade de bater nas brasileiras que acham que a vida eh muito ruim porque aqui elas tem que limpar a propria casa e fazer a propria comida. Hello-o! A casa eh sua, a comida eh sua, qual o problema de fazer?

Faxineira aqui eh caro e eu acho imensamente justo: se eu vou pagar alguem para limpar o forno e esfregar o chao, que sao tarefas bem chatinhas, que ela pelo menos ganhe bem para isso, ne? Aqui a empregada tem uma vida decente, passeia de vez em quando, tem lazer e tal.

2) Nao, Lola. Viver de beneficio nao eh bacana. Se ela tiver filhos entao, eh um absurdo: deveria estar usando a bolsa familia para colocar o filho numa escola melhor, comprar comida melhor (eh importante comer proteina para formar o cerebro, ne?), comprar livros, sei la.

Alem disso, se todo mundo resolver que viver de beneficio em vez de trabalhar o sistema quebra, ne?

Aqui na Inglaterra isso eh um problemao, porque tem muita gente que vive de beneficio, nao trabalha, nao cuida dos filhos, nao faz nada. Resultado: uma penca de gente vivendo sem exemplo nenhum ("para que eu vou estudar/trabalhar se eu posso crescer e viver de beneficios como esse pessoal todo aqui do meu bairro?")

E ai entra outra coisa: se voce tem 15 anos, nao tem planos de trabalhar nem de estudar, o que vc faz? Engravida! Afinal, todas as amigas tem filhos mesmo, as maes (aquelas que vivem de beneficio) ajudam a criar, e eh isso ai.

Eu pessoalmente nao acredito que as pessoas engravidem "por acidente" nao. Se eu com 15 anos nao tivesse perspectiva de estudar nem trabalhar, eu teria tido um filho tambem. Acho perfeitamente natural, e nao culpo essas garotas.

E no final das contas eu juntei beneficios com gravidez adolescente... Mas quero so deixar claro que eu nao tenho nada contra beneficios, desde que bem distribuidos, para aquele povo que realmente nao pode trabalhar. Ou que esta cuidando dos filhos de verdade. Tem gente aqui que tem 7 filhos, so para ganhar mais beneficio do governo e nao precisar trabalhar. E deixa as criancas a mingua. Eh complicado, sempre tem gente espertinha...

Anônimo disse...

Ah sim, so mais uma coisa: por que as pessoas continuam confundindo LEGALIZACAO do aborto com BANALIZACAO do aborto? As duas coisas podem ate estar relacionadas, mas nao sao sinonimos!

Santiago disse...

Marjorie:

Responsabilidade: ninguém pega gravidez no ar. Todo mundo sabe o que é gravidez. É gerar um ser humano que terá que ser cuidado.

Um sujeito não queira pagar pensão pro filho alegando que estava desempregado e perguntou a juiz "o que devo fazer, roubar"? no que o juiz respondeu: "problema seu! o filho é seu e é da sua responsabilidade cuidar dele!" E não, engravidar; não pode cuidar e faz um aborto. Isso é um horror!

É simples assim. 'Não pode cuidar de um filho, não o tenha.

Ressalva para estupro; se trata de uma violência inominável e é caso de policia.

Anônimo disse...

NOssa, não é impressionante como tem gente contra o bolsa-família por causa daquele discurso "mão se pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar", como se alguém aí que critica se dispusesse a ensinar a sua empregada e filhos a usar o computador que tem em casa entre outras coisas... E, francamente, é espantoso essa idéia de "eu sou contra porque a pessoa vai parar de trabalhar". Essas pessoas tem idéia de quanto é o bolsa-família para poder falar uma barbaridade dessas? Elas se esquecem que tem muita mãe que, por causa do trabalho muitas mães, que não tem educação infantil disponível, pq isso é dever de cada município e a oferta é muito irregular, tem que pagar para vizinhos e que tais olharem as crianças, que tem muito patrão que paga só metade da condução, e, claro, que trabalho, especialmente doméstico, sempre, sempre, sempre foi pouco valorizado aqui porque até hoje ele tem esse estatuto de trabalho escravo? Mas uma das coisas mais fantasticamente absurdas - claro, se a gente só levar em conta os comentários de pessoas que argumentam de verdade, e não comentários de troll, esses, nem vale a pena, a não ser pra rir muito mesmo - foi a comparação entre quem trabalha em um escritório, ou com tecnologia, ou, tadinhos, os executivos, que também tem horários impossíveis: todo mundo trabalha muito, é escravo, tem que aturar um chefe idiota. Claro, como se o status da profissão deles fosse o mesmo de quem é doméstica. Mesma coisa. Mesmo salário. Mesmas regalias. Hello!!! Nem todos os benefícios da CLT são aplicáveis as domésticas, sabia???!!! Pelo visto tem muita gente precisando aprender a lavar a própria roupa, a louça, limpar o chão para ver se acorda. Ah, claro, mas esses aí só aprendem isso quando vão morar fora. Porque aí sim vão lavar louça em restaurante de gringo: aí é chique, é no estrangeiro.

Camila

L. Archilla disse...

eu acho que o principal argumento contra o aborto é o de que o feto é um ser humano, portanto, retirá-lo seria assassinato. pois bem, não é. é uma vida em potencial, sim, mas não é um ser humano. se feto fosse gente, a gente comemoraria o aniversário no dia da concepção, e não no do parto. além disso, se seguirmos esta lógica, gozar fora seria assassinato, porque tem milhares de vidas em potencial ali. quando se diz "Fulana perdeu o bebê" e este bebê ainda não nasceu, a família inteira pode estar sofrendo, mas não pela morte de um ente querido, e sim pela morte da idealização, o que pode ser tão doloroso quanto. mas daí a dizer que "daqui a pouco vão querer abortar com 9 meses", "daqui a pouco vão ter direito de assassinar recém-nascido", há uma distância gigantesca. esses dias estava batendo papo com minha família, quando surgiu o tema "e se eu não tivesse nascido?", já que, antes de mim, minha mãe teve 2 abortos espontâneos. minha mãe quis romantizar, dizendo que a família seria triste e incompleta, quando parti pra racionalidade e arguentei: "não seria não. vocês não me conheceriam; logo, não poderiam sentir minha falta. vocês seriam exatamente como são hoje, talvez com um pouco mais de dinheiro." é óbvio que hj, aqui em casa, ninguém pensa que seria melhor se eu não existisse, porque criou-se um vínculo afetivo; mas não dá pra dizer que a família seria pior sem mim.

outro ponto importante: na inseminação artificial, é comum vários óvulos serem fecundados simultaneamente. como é raro alguém que queira ter quadrigêmeos, os pais são questionados sobre quantos filhos gostariam de ter. geralmente dizem "um", às vezes gêmeos. pra onde vão os outros óvulos fecundados??? Lixo. e sobre isso o governo, a direita e a religião não se pronunciam.

L. Archilla disse...

e não entendo por que é permitido abortar em caso de estupro. não é um "ser humano" que está ali? ok, é filho de um monstro, mas "o bebê não tem culpa de nada", não é mesmo? além disso, já ouvi falar de casos onde a mãe escolheu criar o filho proveniente do estupro, e hoje ambos são muito felizes. se usarmos a lógica de que aborto é assassinato, deveriam proibir o aborto neste caso, também.

dois pesos, duas medidas...

Srta.T disse...

Lola, concordo com a primeira parte com o que a babisiix disse. A empregada em questão poderia ter continuado trabalhando e recebendo a bolsa família como um incremento à sua renda e, conseqüentemente, melhorando as condições de vida de sua família. A partir do momento que você opta por viver de um benefício e não trabalhar, não produzir mais nada, bom, também não pode reclamar que sua condição não está melhorando... ou as coisas devem cair do céu? Diferente se ela optou por trabalhar em outra coisa, trabalhar menos e/ou estudar, claro. Mas dá até pra comparar a pessoa que vive de algum auxílio ou bolsa e não trabalha com o filhinho de papai rico que vive de mesada: nenhum tá preocupado em crescer ou adquirir algo por mérito próprio, não têm ambição. A diferença é que um ainda precisa (ou pode, pra quem é menos ambicioso que eu) conquistar muita coisa, e o outro, não. Eu acho que tal comportamento é bem condenável, independente de ser de um rico ou de um pobre.
Tenho faxineira 1 vez por semana e, obviamente, não gostaria de ser faxineira. Mas seria se fosse preciso para me sustentar, como não? Não acho bonito e nem digno viver de esmola quando se pode trabalhar, seja no que for.
Ah, e eu tenho faxineira porque trabalho 10 horas por dia, faço curso aos sábados, me canso, me estresso e não quero ter que limpar a casa quando chego (e olha que nunca pedi pra empregada cozinhar, lavar roupa ou cuidar dos gatos; isso eu mesma faço). Não acho absurdo pensar assim. Nos EUA é mais difícil ter empregada, fato. Mas lá também a remuneração é bem melhor do que aqui (inclusive a da empregada; uma amiga minha que mora no Kansas me contou que elas ganham 50 dólares por hora! Se elas trabalhassem por mês o mesmo número de horas que eu trabalho, ganhariam 8.800 dólares por mês, que é mais de 5 vezes o que eu ganho) e a jornada de trabalho, mais curta.
“Uma mulher pobre ter que abandonar sua própria família pra cuidar da dos outros, não ter vida além do trabalho, ter um emprego sem perspectivas, que pague um salário minúsculo, e precisar andar pelo elevador de serviço pra não se misturar com os patrões da casa grande?” Olha Lola, conheço médicas e advogadas da área do Direito de Família em situação bem parecida, viu. São mal remuneradas, trabalham demais, acabam não ficando com os familiares também pra cuidar dos problemas da família dos outros. A diferença fica por conta do elevador, que, cá entre nós, nem é mais tão comum, pelo menos aqui em São Paulo. Elevador de serviço agora é usado pra descer lixo, subir com compras e transitar com os bichos. Eu pego numa boa sempre, e já vi várias vezes faxineiras e empregadas domésticas tranquilamente no elevador social, sem ninguém reclamar. Há projeto de lei, aliás, pra acabar com esse lance de empregado só poder usar elevador de serviço.
Concordo que a Bolsa Família injeta dinheiro na economia. Mas, vamos imaginar, se a empregada do exemplo continuasse trabalhando, mesmo que numa jornada melhor: teria uma sobrinha, não? Que seria mais dinheiro injetado na economia. Poderia comprar mais coisas pra ela e para a família e, quem sabe, pagar um cursinho, se especializar pra não ter mais como única opção o trabalho de doméstica? Por isso que não concordo em encostar e viver só do benefício.
Quanto ao aborto, concordo contigo: deve ser legalizado, justamente porque quem sofre mais com essa proibição são as mulheres menos favorecidas (e que são também aquelas que não podem arcar com os gastos de cuidar de um filho). Acho que a Babsiix quis dizer que pode haver uma banalização geral, não somente por parte dos mais humildes. Justamente devido à falência da educação sexual. Só que a classe mais pobre acaba sendo a mais atingida, por ser a mais privada de educação (em todos os sentidos).
Não acho que o aborto vai ser uma prática corriqueira, mas seria interessante se junto com a legalização fosse implementado uma política mais eficaz de educação sexual e distribuição de métodos anticoncepcionais, ou mesmo a redução dos preços deles.

Thanatos disse...

Camila, nada contra dar dinheiro as pessoas. Quanto mais equilibrada a distribuição, e quanto melhor cada família viver, melhor.
Só que não tem dinheiro no mundo pra todo mundo viver bem, justamente pq dinheiro é uma coisa abstrata, só tem valor pelo trabalho das pessoas, e se elas não trabalham, elas não produzem, portanto não agregam valor ao sistema. Portanto, não trabalhar pra viver de auxílio, por mais que o auxílio seja bem intencionado em equilibrar a renda, viver apenas dela é um abuso do benefício, ao meu ver. Ela poderia usar o dinheiro a mais para melhorar a situação de seus filhos, e não se apertar nas contas para não ter que trabalhar.
Não, não vejo problema nos salários. É uma questão de economia, não é necessária qualificação, então se a pessoa conseguir um trabalho que pague melhor, por favor, o faça, mas caso não encontre, infelizmente não há o que dizer. Aumentar salários é uma medida artificial. O aumento de salários sem o aumento da produção, do lucro gerado, só gera inflação e leva todo mundo ao ponto de partida. Lógico seria o governo cortar os impostos (e com eles os benefícios, sua mão de obra encabidada, etc), melhorar a economia do brasil, que os salários aumentariam de acordo.

O governo esta aí para planejar a longo prazo, não se impressionar e olhar seu próprio país com olhos de "coitadinho..."

e mais uma coisa. Também não é função de empregador algum capacitar um funcionário para atividades alheias a empresa. Mas mesmo assim algumas pessoas ainda o fazem com empregadas e seus filhos, como eu já vi acontecer.

Alfredo disse...

O q tem de errado em um filho ter nascido em boa condicao social? O q tem de errado em viver da mesada do pai? Quer dizer q ele so teve a (des)graça de ter nascido ele deve produzir algo pra sociedade? A sociedade retribui com o quê? Nem sequer legalizaram o casamento gay, aborto, incesto(acho valido), casamento com animais, com objetos, adocao gay entre outras coisas.

Alfredo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Srta.T disse...

Asnalfa, não há nada errado. Agora, eu não tenho a mínima admiração por quem vive encostado e não produz nada, nem idéias. Minha opinião. E ele faz parte da sociedade também; se não está contente, pode fazer o que for de seu alcance para mudar. Tem dinheiro e não precisa trabalhar pra se sustentar? Ótimo, ajude uma ONG de conscientização dos direitos dos homossexuais, por exemplo. Estude sobre o tema, dedique-se a esclarecer o máximo de pessoas possível sobre isso. Sentar e ficar reclamando não ajuda nem a ele e nem a ninguém.

Sobre a “(des)graça de ter nascido”: o suicídio ta aí pra isso, oras. Culpar os outros pelos próprios problemas e não fazer nada é fácil? Ué, se matar também é.

Alfredo disse...

Lutar pra legalizar o casamento gay é impossivel.... olhe so para os governantes..Lula so quer votos dos gays...duvido q ele legalize alguma coisa.... nem sequer podem dar opiniao sobre legalizacao da maconha pq o juiz manda prender...lembra de certa passeata por cauda disso?
acho besteira lutar pra mudar constituicao. O brasil ta perdido... talvez lutar pra mudar em outros países ate seja válido.
Sobre o suicidio.. adoro suicidio... minha "suicider" favorita é a mary Alice da serie Desperate Housewives.

Anônimo disse...

Bom, como diria Jack, vamos por partes. Pelo visto nossa amiga Lola é petista (ou seria apenas Lulista?). Será que é acometida pela cegueira e conivência desses partidários? Espero e acho que não. Mas vamos lá: eu concordo com a Babisiix. O bolsa família foi criado com a melhor das intenções (aliás, nem tão boas assim, serve pra manipular o eleitorado mais carente e perpetua a pobreza em muitos casos), mas muito dos beneficiados desvirtuam sua finalidade. Em parte pq o governo não ajuda tbm, não cria outras saídas, aí o cidadão prefere cruzar os braços mesmo e esperar aquele dinheirinho no fim do mês. Ainda sobre o bolsa família, primeiro: o Lula só reuniu e ampliou os projetos criados na era FHC, não tem nada de novo(ou seja, se vc critica o Lula apenas por isso, lembre-se que a crítica se estende ao FHC. E, diferentemente do que propala nosso excelentíssimo presidente, ele não inventou o Brasil, muito do “nunca na história desse país” é conversa fiada). A diferença é que o FHC é malvado, da elite, perdeu tempo estudando e o papel de pai dos pobres não combinava com ele. Sem falar que era neoliberal (sinônimo de Satanás pelo visto). Só não entendo como um governo neoliberal aumentou tanto a carga tributária. Aqui temos mais uma crítica que se estende aos dois, Lula e FHC, o aumento da carga tributária sem o seu devido retorno. Aliás, para muitos 2003-2006 foi o período do governo FHC III.
Sim, Lola, se a empregada do texto largou o emprego para se beneficiar do bolsa-família ela não entendeu pra que ele serve. É para as pessoas que estão abaixo da linha da pobreza, não pra quem tinha um emprego como ela (se o emprego não paga bem, se lá ela não é bem tratada, é assunto pra outro post. Alguém já disse que o trabalho dignifica o homem). Essa sua defesa da empregada me lembra da cultura vigente ao meu redor: os pobres são bons, os idosos são bons, os coitadinhos são... pobres coitados, etc.
Antes de ser tucano neoliberal do mal ou petista socialista do bem, eu sou cidadão brasileiro. Lula e seus asseclas se contentam com “fizemos melhor que o FHC”. Bom, indo por esta linha de raciocínio, chegamos à seguinte conclusão: os anos FHC foram uma porcaria, os anos Lula foram um pouco melhor. E o que é um pouco melhor que uma porcaria é o quê? Não agüento esse pensamento pequeno, de que se foi melhor que o anterior já está bom. Lembro do Coringa dizendo pro Batman: “o que eu seria sem vc?”. O que o Lula seria sem o FHC? Alguém pode me explicar essa fixação pelo antecessor?
Não posso falar muito do governo Fernando Henrique porque eu era criança naquela época. Minhas críticas e elogios são baseadas em tudo que li e ouvi, e é diferente ler e ouvir coisas do passado e do presente. Não acho que ele tenha sido um dos melhores presidentes da história (já o Lula se compara ao Vargas e ao Juscelino), não acho que os tucanos sejam virgens imaculadas, a emenda da reeleição é algo que não engulo, etc. Mas tampouco acho o governo Lula grande coisa. Temos o Prouni e as escolas públicas continuam com a qualidade que bem conhecemos. Temos o Bolsa Família que garante o eleitorado. Temos uma economia que cresce todo ano, mas em patamares bem inferiores aos dos principais países em desenvolvimento. Tivemos mensalão, dólar na cueca, o sigilo do caseiro quebrado, o presidente do STF grampeado, etc, etc, etc.
Para encerrar, pois me estendi, algum conhecedor da biografia do nosso presidente pode me explicar o que ele ficou fazendo de 1989 até 2002?

Lila disse...

Excelente texto Lola.
Asnalfa, quem elabora leis é o Poder Legislativo. Lula é o chefe do Poder Executivo, não tem nada a ver, ele não elabora leis.
No Brasil há independência entre os poderes. Quem tem que deliberar e sobre esses assuntos q vc citou são os deputados e senadores. Existem alguns projetos de lei sobre união homoafetiva no Congresso e pq a lei não é aprovada? Pq a maioria dos parlamentares é contra, só por isso.

bobmacjack disse...

Excelente texto! Parabéns. A classe média e alta precisam de alguns bofetões para se tocarem do quanto elas são responsáveis pela situação de que tanto reclamam.

Gostaria de recomendar o documentário de minha colega Ana a respeito do aborto a título de ilustração e para reflexão: http://www.youtube.com/watch?v=PGy21f212OY

O documentário tem seis partes e esta é a primeira delas.

Anônimo disse...

Kenny, e quem criou o bolsa escola foram ex governantes do PT.
O ex governador Cristovam Buarque implantou o bolsa escola qdo era do PT. FHC copiou o Cristovam então?
Qual o mérito de saber quem "imitou" quem? Acho que bons projetos devem ser continuados mesmo. Aliás, um dos problemas que vejo no Brasil é isso, muda o governo, muda touo, acaba-se com todo um projeto de 4 ou 8 anos e com coisas boas que davam certo só por picuinha. Mas parece q isso está mudando, ainda bem.

Anônimo disse...

* leia-se... muda o governo, muda tudo

Tina Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lola aronovich disse...

Lauren, obrigada, que bom que vc gostou. Realmente, não há comparação entre o que uma mãe e um pai tem que arcar. Toda a pressão da sociedade fica em cima da mãe, sempre. É muito fácil os homens serem radicalmente contra o aborto. Tem uma frase conhecida que diz: “se os homens engravidassem, o aborto seria legalizado”. Alguma dúvida?


Serge, eu não me considero nem um pouco sofisticada, mas faz tempo que não vejo novela (a última foi em 2003, Mulheres Apaixonadas). Hoje em dia mal vejo TV. Então vc recomenda Caminho das Índias? Vendo Slumdog Millionaire, esse filme que concorre a dez Oscars, dá pra notar que a situação da mulher deve ser a pior possível.

lola aronovich disse...

Marj, é um argumento ridículo. Nenhuma mulher vai fazer montes de abortos. Tem homem que acha que mulher, além de assassina e irracional, é burra. Pois é, isso de passar 9 meses grávida e depois doar o bebê parece ser muito deprimente. Não sei se é mais ou menos que um aborto, mas as mulheres não são todas iguais. Algumas têm depressão sim quando abortam, outras não. E guess what? Muitas mulheres têm depressão pós-parto (inclusive quando a gravidez foi desejada). Mas isso ninguém fala, né? Porque vai contra o mito de que a maternidade é a maior conquista que uma mulher pode almejar.


Asnalfa, ué, eu escrevi um post inteirinho (aliás, dois) sobre essa gafe da campanha da Marta. Aqui e aqui. E não me pergunte sobre hífens. São um mistério pra mim.

lola aronovich disse...

Mah.rcius, obrigada, fico feliz.


Karina, que bom que vc me achou lúcida e clara. Às vezes eu acho os meus textos bem confusos, cheios de voltas (e de parênteses)...

lola aronovich disse...

Santiago, não vou ignorar seu comentário desta vez, apesar de vc, mais uma vez, me chamar de burra. Um auxílio desses não é dado para que as pessoas parem de trabalhar. Não é esse o objetivo, e pode ter certeza que apenas uma minoria opta por isso. Agora, as pessoas têm liberdade porque, apesar de vc detestar esse fato, não vivemos mais numa ditadura. Então não cabe a vc dizer no que elas devem gastar o dinheiro. Além do mais, o benefício é muito pequeno. Vcs que opõem o governo e essas iniciativas de redistribuição de renda não chamam bolsa-escola de bolsa-esmola? Ué, se é esmola, é porque é um valor irrisório, não?
Ah sim, quando vc usa uma expressão como “débil mental” como insulto, vc está apenas acrescentando mais um preconceito a sua já ampla lista de preconceitos.
E não fala besteira sobre aborto, Santiago. Há montes de mulheres que são mães e são a favor da legalização do aborto. Há, inclusive, montes de mulheres que abortaram uma gravidez num certo momento, e depois tiveram filhos. A maior parte das feministas é mãe, e não conheço nenhuma que seja contra a legalização do aborto.

lola aronovich disse...

Karina, em alguns casos não tem lucidez que resolva...


Cavaca, que legal que vc refletiu e mudou de opinião. E que coincidência, tb, vc aí em Portugual pensando no bolsa-família, e no dia seguinte eu apareço com um post sobre isso. Transmissão de pensamentos, só pode ser. Acho que vc diz tudo ao apontar a necessidade de se colocar no lugar das outras pessoas.
Sobre as novelas, concordo. Também acho que vários dos valores passados são terríveis. Aquela novela que terminou, em que uma mulher adúltera apanha do marido em público, e todo mundo acha certo, já foi terrível. Mas vez por outra as novelas da Gloria Perez promovem alguma campanha benéfica. Vamos ver o que acontece nessa.

lola aronovich disse...

Cris, obrigada, querida. Assim eu fico até sem jeito.


Cavaca, é, né? Se ele pode deturpar as nossas palavras, por que a gente não pode fazer o mesmo com as dele?

Tina Lopes disse...

Lola, excelente post, tinha feito um comentário enorme mas deletei sem querer. Enfim. 1) Não acredito nessa história de gente que recebe bolsa-família e para de trabalhar. Acho que é lenda urbana, e de má-fé, claro. Minha empregada recebia R$ 600, era registrada por esse valor e tal, e se pagasse o INSS (eu pagava a parte dela) teria de imposto mais ou menos R$ 80. Sem fundo de garantia, sem direito a seguro-desemprego etc. Só férias e 13º. Então, ela recebia R$ 80 de bolsa-auxílio pra manter a filha na escola. Conheço muita gente muito pobre, de perto, não de ouvir falar, e nunca vi ninguém receber dinheiro suficiente pra deixar de trabalhar. 2) Quando o Betinho dizia que a fome tinha pressa, pras campanhas de Natal, o povo chorava. Então. Essas bolsas existem pra isso, pro emergencial. E agora não é legal? 3) Sou mãe e sou a favor do aborto. Já fui mais radical, mas tenho hoje uma restrição somente: a de que o feto ainda seja um feto, ou seja, que ele não nasça pra depois ser morto. Acontece. (Me explico melhor com um post lá do blog velho: http://blogdatinalopes.zip.net/arch2008-06-01_2008-06-30.html#2008_06-21_00_01_14-100883581-0). Então passei a concordar com o prazo de 4 ou 5 meses. Como diz uma amiga minha, médica, "nasceu, fudeu". Aí tem que ir pra adoção, mesmo. Bjk.

Santiago disse...

L. Archilla:

Quando uma pessoa foi estuprada, ela não fez sexo consentido, por isso não é responsável direto pela conseqüência, que pode ser a gravidez.

O aborto continua sendo errado. Se você fosse um feto, haveria de concordar comigo.

Veja um ultra-som de uma gestante que vai saber do que falo.

Anônimo disse...

Estou ocuoadíssma, nao li nem o post todo, tampouco os comentários, volto logo mais...porém a parte que fala dos "quartos das empregadas" nos aptos. me lembrou minha mae, quando conheceu um apartamento meu: ela disse " o engenheiro que projetou isso aqui( o quartinho) deveria ser obrigado a morar pelo menos um ano aí dentro" .
beijitos

Anônimo disse...

Não sou a favor da pessoa parar de trabalhar (seja lá no que trabalhe) para viver de mesada-família. Acho que uma graninha a mais, principalmente quando se tem tão pouco, é sempre bem vinda, mas não se pode forçar as pessoas a trabalhar... é mais fácil sobreviver da bolsa família, passando fome, necessidade, incentivando atividades ilícitas que paguem mais, por menos.

Sim, todo ser humano tem o direito de ser tratado com decência, sem dúvidas, mas a que preço? Não sei... Sou mãe de uma menina e, não sei do que seria capaz de fazer para que minha filha não passe fome. Então, não entendo como uma pessoa simplesmente deixa de trabalhar para viver pela mesada-família.

Sobre aborto, só uma mulher grávida é que pode dizer se quer ou não continuar com uma gravidez indesejada. Mas também acho que o aborto não deveria ser gratuito, deveria-se cobrar por isso. Acho que é uma coisa muito séria para ser feita a toda hora, como quem toma pílula do dia seguinte como anti-conceptivo (o que já é um absurdo).

Beijos

lola aronovich disse...

Asnalfa, eu não sou a pessoa indicada pra falar, porque não acompanho tanto as ações deste governo com os gays, mas já li em publicações GLBT americanas que o governo Lula é considerado o melhor governo que o Brasil já teve pros gays, o que mais tem combatido a homofobia, inclusive nas escolas. Posso falar sobre adoção entre casais gays, sim. Preciso pensar mais que o óbvio - que é “sou completamente a favor”.

Putz, esqueci de incluir os links pros posts sobre Marta/Kassab: aqui e aqui.

L. Archilla disse...

AHAHAHAHAHAHA

Santiago, se eu fosse um feto, não só não estaria aqui digitando, como não teria como concordar com NADA, nem discordar!

gente, descobri a vocação do Santiago!!! ele é humorista!! "se vc fosse um feto, haveria de concordar comigo" AHAHAHAHAHA de fato, se eu fosse um feto, seria contra o aborto. se eu fosse um boi, seria militante vegan... se eu fosse uma alface, seria contra o vegetarianismo... faz sentido.

Srta.T disse...

Obama acaba de promulgar uma lei de equiparação salarial entre homens e mulheres:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u495956.shtml

E aproveito pra fazer um comentário: aqui no Brasil, algumas empresas já fazem isso por conta própria. Fiz entrevista em uma, inclusive, cuja média salarial das mulheres era superior à dos homens.
Asnalfa, muitos tribunais brasileiros têm reconhecido a união estável (instituto que, na prática, garante os mesmos direitos que o casamento) entre homossexuais, assim como deferido pedidos de adoção de crianças popr casais gays. Tem muita coisa a se melhorar ainda, mas é um bom começo.
Também fico desolada e acho que o Brasil não têm jeito quando vejo algumas coisas. Mas outras ainda me dão certa esperança... pena que essas nao são tão divulgadas.

Anônimo disse...

Mesmo as mulheres que já são mães se pronunciam a favor do aborto. Minha avó, por exemplo, não tem instinto maternal e consegue dizer para nós: "eu não devia ter tido filhos, minha lua-de-mel acabou". Ela não queria, mas foi obrigada pois disseram que isso faria ela "completa". Não foi uma mãe ruim, nem uma avó ruim, mas foi infeliz. Esse determinismo "toda mulher tem instinto maternal" não existe!

Eu concordo com post: quem é pobre sabe sim usar os recursos do governo. Difícil mesmo é ficar vendo a classe média contornar as leis e dar "jeitinho" pra tudo. Fora que isso que o Bolsa Família faz é distribui a renda, os impostos que TODOS pagam (não só a classe média, que acha que está com o país nas costas) precisam servir para auxiliar a população, e, de quebra, auxilia o comércio e a indústria ao aumentar os padrões de consumo dessas pessoas.

Santiago disse...

L. Archilla:

Você entendeu exatamente o que eu disse. Se você estivesse na pele,(do feto) e não pudesse se defender, você entenderia.

Garanto que sua mãe ainda sofre a perda do filho em gestação.

Santiago disse...

Lola:

Eu não te chamei de burra: falei justamente o contrario! Não sei como, sendo inteligente, você pode falar, e apoiar, certas coisas.

Anônimo disse...

Santiago, eu ignoro os seus comentários porque você é grosso e desrespeitoso com os demais.

Mas, como vc agora se dirigiu a mim e (pasmem!) não fez nenhuma ofensa, digo o seguinte:

É muito fácil para vc dizer "não quer, não faça" porque vc está numa posição de privilégio (o que vc adora, né, querido?)

Eu não defendo o aborto como única opção para não ter gravidezes indesejadas. Mas é uma das opções, junto com os métodos contraceptivos. Nem todo mundo tem acesso a esses métodos atualmente -- e eu defendo que o governo têm de ampliar cada vez mais este acesso, porque fazer aborto não é nenhuma diversão. Atualmente, fora dos centros urbanos, nos lugares com menos infra-estrutura, NÃO HÁ acesso fácil à contracepção. Há pessoas que teriam de andar quilômetros e quilômetros até um posto de saúde. O que você quer que a pobre faça, então? Não transe? Fique na abstinência? Aposto que sim, né?

Outra coisa é que a contracepção quase sempre recai sobre a mulher. Este é um sistema de dois pesos, duas medidas. Ambos fazem sexo, mas a maioria esmagadora dos métodos contraceptivos é direcionada à mulher. Porra, até a camisinha os comerciais falam para NÓS CONVENCERMOS os caras a usar! Fora a camisinha, todos os outros métodos recaem sobre a mulher e têm um custo alto. A cartela de anticoncepcional mais barata custa 15 reais -- uma quantia que, para você privilegiado, não vale nada, mas que, para muitas pessoas, faz muita diferença.

E, quando se fala de aborto, querido, não se está falando das ricas, das mulheres de classe média. Estas marcam com o ginecologista, que fecha a cortina e diz que foi apenas uma "curetagem" (minha mãe foi enfermeira e já viu isso trocentas vezes no hospital). A rica tem dinheiro para pagar um aborto. A rica tem dinheiro para viajar para um país onde isso seja legalizado e fazer. O aborto sendo proibido ou não, as mulheres VãO FAZER. Não adianta: elas vão reclamar o controle sobre os próprios corpos, o que é justo. Não importa o que a sua moralzinha diga. Elas vão fazer. Elas estão fazendo. Mas, como não são as suas esposas que morrem, vcs preferem fingir que isso não acontece nos seus mundos cor-de-rosa.

Só que as pobres não têm essa opção. Elas, por desespero, acabam morrendo nas mãos de "açougueiros". E aí? Vc acha que elas merecem morrer porque foram irresponsáveis e transaram sem proteção? É uma punição um tanto quanto severa, não?

Eu sou a favor da legalização porque MILHARES DE MULHERES ESTÃO MORRENDO. E milhares de mulheres pobres. Não sei quanto a você, mas eu considero pobres tão seres humanos quanto eu, que sou de classe média. E eu não penso duas vezes em proteger a vida de uma cidadã já nascida, adulta, do que a vida de um feto que ainda nem nasceu.

Você parece fazer uma confusão entre fetos e seres humanos. Um feto é um ser humano EM POTENCIAL, não é um ser humano ainda. Para virar ser humano, precisa do corpo de uma mulher. E, se o corpo é dela, ela é quem deve decidir o que acontece dentro dele, não a sociedade. Não há nenhuma lei que restrinja o direito dos homens sobre os seus corpos. Logo, não deve haver leis que restrinjam o direito das mulheres sobre seus corpos.

L. Archilla disse...

VOCÊ garante, Santiago? VOCÊ, que nunca viu nem teve nenhum contato sequer com minha mãe, garante que ela ainda sofre a perda dos dois fetos?

ah, então tudo bem. apesar de ela fazer psicoterapia, ser uma pessoa aberta, resolvida e nunca ter mencionado nenhum sofrimento pela perda ds fetos (exceto ter falado que ficou triste NA ÉPOCA), ela ainda deve sofrer muito, pois VOCÊ está garantindo...

e eu entendi o que voce quis dizer, sim. mas pelo jeito você não entendeu (ou não prestou atenção) à minha argumentação sobre o feto não poder ser considerado um ser humano. sendo assim, não dá pra falar que ele pensaria tal coisa ou defenderia tal posição se pudesse; ele ainda não tem uma subjetividade em processo de formação. tem órgãos, membros e etc que estão em formação, mas uma subjetividade, não. é como filosofar sobre o que meu candelabro diria se tivesse boca...

Unknown disse...

Passei só para dizer que vi o blog no jornal hoje. Tá ficando chique!
Parabéns, ótimo post.

iaeeee disse...

Quem critica o bolsa família, não sabe o que é ter doze filhos e não ter emprego. Esse tipo de pessoa prefere se anestesiar no shopping, na internet ou tv à cabo, e criar um 'lindo mundo brasileiro fantasioso'. Ninguém pode obrigar eles a gostarem dos pobres. Mas eles devem no mínimo ser humanos. Se eles forem seguir essa tal regra de superioridade, eles mesmo estarão ferrados, porque se por acaso os EUA decidir invadir o Brasil e confiscar os bens deles e tarnsformá-los em escravos, eles devem baixar a cabeça, não é mesmo? Afinal, eles são mais inteligentes e sabem de tudo, e pobre que é bom é pobre calado.

Santiago disse...

Marjorie:

Você tem razão em uma coisa. Não engravidar irresponsavelmente é um cuidado que o homem e a mulher devem ter, não somente a mulher.

Por que não se pode deixar de “transar” quando isso vai desgraçar a vida de alguém? Não se pode ficar sem se alimentar que morre, mas sem “transar” se pode sim. Ou, “transar” com segurança, no momento oportuno, etc.

Sobre feto ser ou não uma pessoa, nem a ciência nem as igrejas ainda não chegaram a uma conclusão quanto a isso.

A mulher só é dona do seu corpo quando isso não afeta a terceiros.
Ex. Se uma mulher quiser fazer um aborto e o pai quer que criança nasça, é justo que ela tenha o direito de decidir sozinha, apoiada pela força de uma lei? Se você fosse esse pai, o que acharia? Ou se o pai que fizesse um aborto do seu filho, caso a situação fosse ao contrario, você, como mãe, estaria de acordo?

O fato de pessoas mais abastadas (classe média e ricos) fazerem abortos em clinicas particulares, não torna um ato certo e nem uma lei também o tornaria. È para isso que existe direitos humanos, não é pra defender bandidos, mas para casos que a lei existe em prejuízo da pessoa humana.

Santiago disse...

L. Archilla:

Você não tem filhos, não é?

Srta.T disse...

Santiago:

Isso não tem a ver com ter ou não filhos, e sim de respeitar o direito de quem opta por não ter.
É obrigatório por lei que os médicos que atendem um paciente devem fazer tudo para salvar sua vida. Isso inclui transfusão de sangue, o que não é aceito por algumas religiões. Imagine se vivêssemos em um país onde a maioria da população fosse de uma dessas religiões e a transfusão passasse a ser proibida. Quem não é dessa religião determinada e precisasse de uma transfusão tá morto, né?

A legalização do aborto não vai torná-lo compulsório. Faz quem achar que deve. Quem acha que absurdo, assassinato, etc etc, NÃO TEM QUE FAZER. É simples. Mas não deve impor a sua crença e seus valores aos outros.

Santiago disse...

Srta. T.

Com todo respeito: fazer transfusão de sangue não mata o doador, nem quem recebe o sangue, então sua comparação não procede.

Srta.T disse...

Mas NÃO fazer pode matar. Logo, entendo que você é a favor do aborto onde há risco de vida para a mãe, certo? Mas, se tratando de trocar um "assassinato" por outro, qual seria seu critério para decidir o que fazer em um caso desses? E não vale jogar a responsabilidade pra Deus: vamos supor que ele nem esteja sabendo.

lola aronovich disse...

'Thanatos, vc acha que governo cobrar impostos é “roubar dos ricos”? Meus sais. Primeiro que rico é quem mais sonega imposto, não só aqui, como em tudo que é país pobre. Segundo que sim, eu sou a favor de distribuição de renda. Acho imoral algumas pessoas serem milionárias e outras não terem nada. Sou muito mais radical que qualquer governo: acho que deveria haver limites pra riqueza. Se a bolsa-família ajuda, ainda que super timidamente, a distribuir riqueza, acho bastante imoral ser contra.
Mas continue sentindo pena dos ricos, vai.
Ninguém no Brasil depende do governo pra sobreviver. É tão difícil perceber que os benefícios são muito baixos, e que não chegam nem perto de substituir um salário mínimo?
Sou contra a privatização da saúde pública. Cobrar por um atendimento médico é tirar o direito da saúde universal - que eu considero um direito de todo cidadão. Logo, se aborto fosse legalizado, deveria ser tão gratuito como qualquer outro atendimento.


Anônimo, vasectomia certamente é muito mais tranquilo que montes de cirurgias. Mas ninguém defende a vasectomia antes de uma certa idade e de uns dois filhos. E vasectomia só pra pobre? Aí é fascista, não acha?

lola aronovich disse...

Alessandra, não dá pra comparar empregos em um escritório com emprego numa residência. Lembre-se que trabalho doméstico não é valorizado nem pra mulher da casa. Muito menos pra uma empregada. Eu não disse que ser empregada doméstica é um trabalho degradante, apenas sem perspectivas. (E olha que nem entrei no assunto que boa parte das empregadas domésticas é assediada sexualmente pelo patrão ou filho do patrão, e isso sim é bastante degradante). Mas é um emprego sem perspectivas, sem crescimento profissional. O que vejo de mais terrível é que a empregada que mora no serviço precisa abandonar sua vida e cuidar apenas daquela família que lhe paga (muito mal). Muitas empregadas têm marido e filhos próprios. Deve ser ótimo poder vê-los apenas uma vez por semana, né? E quando vc diz, sobre o aborto, que “tem que ter limites éticos e morais”, vc está reproduzindo um discurso fascista que implica que mulheres e pobres não têm valores éticos e morais. Por isso precisam ser controlados. Com que base vc acha que, se o aborto fosse legalizado, montes de mulheres iriam fazer abortos?


Asnalfa, eu acho que a criança excepcional tem que ter chance de viver também. Mas não sou mãe, não sou eu que vou cuidar dela. Quem deve decidir é a mãe. E sim, se desse pra descobrir a orientação sexual no feto, isso balançaria a crença de radicalmente anti-aborto da direita cristã...

lola aronovich disse...

Anônimo, os gays têm a enorme vantagem de poder transar sem engravidar... Mas hoje em dia todo mundo precisa usar camisinha. Então acho que vantagem mesmo, só as lésbicas.


Marj, é, tem tanta coisa imoral por aí... Isso do feto ser considerado mais gente que a mulher adulta é o xis da questão. Não tem jeito: geralmente quem é contra a legalização do aborto é de direita, e a direita acredita em mérito, em merecimento. Ou seja, que todo mundo “merece nascer”. Mas depois que nasce, é cada um por si, e salve-se quem puder. E que vença o melhor...

lola aronovich disse...

Babs, sumida, espero que vc não esteja brava comigo porque ainda não publiquei o seu guest post (que tá pronto faz um tempão). Juro que semana que vem publico. É um assunto muito importante.
Concordo com tudo que vc respondeu aqui no coment. Mas isso de “francamente, amor materno não é instantâneo, é construído” é um choque pra algumas pessoas. Justamente as que consideram que a maior conquista de uma mulher é ser mãe. Ah, já te falei que seus maravilhosos bombons acabaram (faz um mês)?


Barbara, pois é, não é só nos EUA que ter empregada é caro e inviável. Na Europa também. Sobre a sua segunda parte, não sei como é a situação aí na Inglaterra. Mas certamente receber benefícios num país rico deve ser muito diferente de receber benefício num país pobre. Aqui viver de bolsa-família não dá pra nada. Se aí dá... Mas, ainda assim, duvido muito que seja a maioria que deixe de trabalhar. Acho injusto abolir um sistema só porque uma minoria se aproveita dele. Vc menciona um outro problema, que é a falta de perspectiva entre os jovens. Isso tem em todo lugar, nos países ricos e pobres. E é verdade, muitas meninas decidem ser mães na adolescência porque não têm outra perspectiva. Mas existe muita gente que engravida por acidente, sim.
Sobre legalização e banalização, muito bem colocado.

lola aronovich disse...

Camila, obrigada pelo comentário, muito bom. As pessoas não conseguem se colocar no lugar das outras. A gente que é de classe média nem pensa como é ser pobre. Se tem filhos, não tem onde deixá-los enquanto trabalha. E, ao contrário do que parte da classe média diz, pobre QUER trabalhar. E precisa trabalhar! Agora, GOSTAR de trabalhar é outra história. A classe média adora trabalhar? Isso que vc diz no final do seu coment. eu ia colocar no meu post, mas já estava longo demais: que a própria classe média que vê trabalho doméstico como “coisa de pobre” (e que merece ser pago como tal), quando vai morar em países ricos não vê problema nenhum em virar empregada doméstica. Mas aí sim quer ser bem paga, lógico.


Lauren, exatamente, um feto não é um ser humano, é uma vida em potencial, um projeto. Eu tenho amigas que tiveram aborto espontâneo durante a gravidez (desejada), e é sempre triste, mas não dá pra comparar com a dor que as pessoas sentem com um filho que morre algum tempo depois de nascer. Porque aí já não é mais um projeto, é algo concreto.
“Se eu não tivesse nascido?” é um tema muito filosófico. Pra começar, só quem nasceu e está vivo é que consegue ter essa discussão. E bom ponto sobre a inseminação artificial. Quem crê que a vida começa na concepção é contra isso tb.
Lauren, esse argumento de quem é contra o aborto em todos os casos, inclusive no caso de estupro, porque “o bebê não tem culpa de nada” (sugerindo que a mulher tem!), é o pior possível. Pois é, concordo contigo. São realmente dois pesos e duas medidas.

lola aronovich disse...

Srta T, vc, que não acredita nessa divisão entre direita e esquerda, não fica às vezes espantada como muitas pessoas ficam direitinho de um lado ou do outro? Não é surpresa pra mim que o seu coment. fale de produzir e merecer (não reclame se as coisas não caírem do céu etc). Sua comparação entre a pessoa pobre que recebe bolsa-família e o fihinho de papai que vive de mesada não tem nada a ver. O filhinho de papai raramente vive da mesada. Alguém paga pra ele casa, carro, etc, ou senão ele vive na casa dos pais. A mesada é só um extra. E geralmente ele não tem filhos pra criar. Muito diferente da pessoa pobre, que não tem ninguém pra pagar-lhe as contas de cada mês. E que não vai conseguir pagar nem as contas mais básicas com o valor da bolsa-família... Que bom que vc é privilegiada ao ponto de ter uma faxineira. Se vc morasse num país rico, não poderia pagar uma, por mais que trabalhasse dez horas. Sobre a sua amiga no Kansas, por favor, não transforme em norma um caso isolado. Eu conheço muita gente que mora nos EUA, e várias pagam uma faxineira uma vez por semana. E não tem a menor chance de ser 50 por hora.
Sobre a comparação - exdrúxula - entre empregadas e médicas e advogadas, tenho certeza que as médicas e advogadas têm muito mais opção. Elas podem trabalhar menos, se quiserem. Podem até parar de trabalhar, em muitos casos. Não creio que as empregadas tenham essa opção.
Em inúmeros casos, a empregada doméstica que dorme no serviço tem que abandonar sua própria família. Simplesmente não sobra tempo pra vê-la. Parece um sacrifício tremendo. Mas enfim, são pouquíssimas as pessoas que podem tomar essa decisão de viver só com o auxílio. Pra isso, precisam apertar ainda mais os cintos e gastar quase nada mesmo. Só acho que não cabe a nós condená-las.

Malu disse...

Estou simplesmente perplexa com os comentários que tenho lido.
Eu sou a favor do direito ao aborto. Quem diz que se formos legalizar todo mundo vai passar a abortar a torto e direito está errado. Porque abortar não é algo fácil, sempre deixa cicatrizes.
E acho que a Lola soube escrever com clareza o que sempre tive vontade de dizer. Sinceramente se os homens fossem os principais geradores, se eles tivessem que carregar o filho na barriga, o aborto já seria legalizado há muito tempo.

Santiago disse...

Lola:

Sobre as empregadas doméstica tem uma coisa que é de matar.

Uma casa, como já vi tantas, com 400 metros quadrados, piscina,e o escambau e o quarto da empregada com 3 metros quadrados e ainda serve de depósito de tábuas de passar, bicicleta de criança, etc.

É de uma falta de humanidade impressionante.

No dia em que aqui ficar como nos Estados Unidos e na Europa, em que ninguem mais precisar, ou querer esse emprego degradante, aí vão sentir falta e chorar o leite derramado; e que a empregada limpou.

lola aronovich disse...

Thanatos, quem quer viver de auxílio no Brasil teria que se apertar demais pra conseguir sobreviver. O seu discurso é totalmente fatalista, bem ao estilo de “é assim que as coisas são, o sistema é assim, não há o que fazer”. Além disso, quero ver vc chegar pra uma pessoa passando fome e falar pra ela: “meu governo está implantando políticas que funcionarão a longo prazo. Daqui a dez anos, tudo será diferente”. E puxa, a classe média é tão boazinha com suas empregadas domésticas... Um modelo!


Asnalfa, espero que vc esteja brincando. Se não, colocar incesto e casamento com animais na mesma categoria de casamento gay e aborto é enfraquecer demais seus argumentos. Isso é o que a direita faz ao condenar o casamento gay: “ah, já já vão querer legalizar o incesto e o casamento com animais”. Eu sou contra incesto e zoofilia, e essas discussões nem estão na pauta.

Raiza disse...

A discussão toda está muito interessante,mas ainda não tenho opinião formada sobre o caso da empregada e sobre o bolsa-família.Quanto ao feto,o Santigao disse que se o feto pudesse expressar sua opinião com certeza seria contra o aborto.Bom,talvez não seja bem assim.Vamos supor que o feto pudesse sim,se expressar,logo ele teria que ser informado sobre a situação.Vamos supor que esse feto tivesse que escolher entre ser abortado e nascer com uma mãe que não íria amá-lo,passar necessidades mil e talvez morrer precocemente e sofrendo devido a essas necessidades.
Não tenho tanta certeza que esse feto seria contra o aborto não.

lola aronovich disse...

Srta T, acho falta de empatia sua não ter admiração por filhinhos de papai com o mesmo fervor que não tem por pessoas pobres “que não produzam”.


Asnalfa, esse discursinho de que “acho besteira lutar pra mudar constituição. O Brasil tá perdido” não me comove. Acho que é preciso lutar, sempre. E como bem lembrou a Lila, o governo executivo não tem poder pra aprovar leis.

lola aronovich disse...

Bom, Kenny, vc decidiu falar de tópicos que nem estavam no post, mas vamos lá. Sim, sou petista, no sentido de ter votado no Lula quatro vezes e de votar no PT para outros cargos, mas não sou filiada ao partido. Esse argumento que não foi o PT que criou o bolsa-família é um tanto contraditório. Primeiro porque quem diz isso odeia o PT e é radicalmente contra o bolsa-família (que acha eleitoreiro etc). Mas quando o FHC “inventou” isso o programa era bom? Segundo que não dá pra comparar o alcance do bolsa-família no governo FHC com agora, no governo Lula. Agora, se vc acha que é só pra isso que serve o bolsa-família, pra “garantir o eleitorado”, vc é realmente incapaz de ver o lado das pessoas pobres. Só alguém do alto do seu privilégio de classe média pra dizer algo assim.


Lila, obrigada, Lila. Bem-lembrado sobre as diferentes funções dos poderes.

lola aronovich disse...

Bobmaccjack, obrigada. É que eu odeio ouvir gente de uma classe privilegiada se fazendo de coitadinha. Obrigada pela recomendação do documentário da sua amiga.


Lila, também acho: isso de ficar falando quem implantou o quê é uma besteira. Se funciona, tem que continuar de um governo pro outro. Mas entendo perfeitamente quem tem medo que o bolsa-família seja extinto com a eventual vitória do PSDB. Porque o discurso é totalmente contraditório: “foi a gente que inventou, mas a gente é contra”. Assim como eles falam da reeleição...

lola aronovich disse...

Tina, obrigada, pena que vc perdeu seu coment. Eu escrevo tudo no word, depois só copy & paste, porque já perdi muitos tb. E super obrigada pela contribuição. Eu conheço muito pouca gente que recebe bolsa-família. Meu vizinho da frente é um deles, e não gosto nem um pouco dele. Mas ele tem um filho pequeno e renda baixa. Ele não parou de trabalhar, nem pode. Mas quem sustenta a casa, que eu saiba, é o avô, que recebe aposentadoria. Essa é uma ilusão da classe média: achar que quem recebe uma miséria de auxílio pode parar de trabalhar. E vem das mesmas bocas de quem acha que pobre odeia trabalhar (porque classe média e alta adora trabalhar, né?). Ah, sobre o Betinho, é que o pessoal o considerava apolítico, sabe? A Dilma é terrorista, mas o Betinho, que tb era exilado político, era um santo. E como vinha de uma pessoa só, tudo bem. O pessoal que critica a bolsa-família tem aversão a governos. Eles gostam de caridade, mas não de políticas sociais (que consideram populistas). Ah, fazer aborto com mais de 4 ou 5 meses de gravidez é um perigo. Não conheço muita gente que seja a favor.
E há há, “nasceu, f*deu” bem que podia ser slogan da direita cristã...

lola aronovich disse...

Denise, é, a questão dos quartos de empregadas é algo fascinante. Faz tempo que não vejo lançamentos imobiliários, mas é fato que esses quartos foram ficando cada vez menores. E sem janela. Seria ótimo se os engenheiros e arquitetos provassem do seu próprio veneno...


Chris, não tem nada de fácil em sobreviver de bolsa-família. Aliás, considerando os baixíssimos valores do benefício, seria uma tarefa herculéa! Concordamos na legalização do aborto, e que a decisão deve caber à mãe. Mas não nisso de aborto ser pago...

lola aronovich disse...

Lauren, o “se vc fosse um feto” foi tão fofinho! E vc respondeu à altura com “se eu fosse uma alface...”. Vc é tão cruel! Não ria dos trolls! (é difícil conter o riso diante de comentários tão bem elaborados, eu sei). Isso de “se vc fosse um feto” lembra o genial Doonesbury, cartunista americano. Ele fez uma série de quadrinhos fantástica sobre aborto. Então mostra um apresentador de um documentário que se diz neutro. E continua: “Antes de mais nada, vamos falar com a própria assassina...” (e aparece a mulher que abortou, sem rosto). Aí o apresentador diz: “Tenho certeza que, se Tim (eles dão nome pro feto) pudesse falar, suas últimas palavras seriam 'Abaixo o aborto'”.


Srta T, que bom que o Obama promulgou essa lei. E que bom que, no Brasil, as empresas privadas sejam tão boazinhas que já fazem isso por conta própria, sem precisar de lei. Governo só atrapalha, né? Srta, esses discursos típicos da direita me cansam...

Babs disse...

Lola, publique quando quiser! :-)
Esse último texto está muito denso, em muito tema imisturado aí. E muita gente já dando opinião.
Eu gostaria de dar só mais uma, odeio esse papo de "sujeito tem que produzir" e que "quem não produz nada é vagabundo". Primeiro porque geralmente a tal produção sempre se refere a dinheiro. A sua existência como cidadão só é válida enquanto, e na medida proporcional, em que você produz riqueza. E todas as outras formas de contribuição social são inválidas. Por exemplo, para quê pesquisa em universidades públicas? Elas não produzem riqueza, ora bolas! Vamos fechar os cursos de humanas, só produzem maconheiros-petistas-comunitas-hereges!

Segundo, eu não sei mais nada do caso da tal empregada doméstica do texto, mas já ocorreu à alguém que que talvez ela não tenha com quem deixar os filhos para trabalhar (alguém aí sabe a dificuldade que é arrumar creche de graça ou barata para deixar crianças)? E ao invés de deixá-los sozinhos ela optou por ganhar menos e ficar com eles? Ou estudar? Ou sei lá, a vida é dela, e cada um sabe das suas dificuldades e se num mundo caro como é o nosos ela decidiu que era melhor ficar com as crianças certamente tem suas razões.

Mas é, resumindo, sua importância política, logo a sua opinião, é válida na proporção do seu salário. O resto é um bando de vagabundo. Então vamos produzir sem parar! O melhor é largar tudo e fazer concurso público para um cargo burocrático! Qualquer cargo! Ou então trabalhar 14 horas por dia como executivo! E daí que você vai ter um infarto aos 40? Você vai ter dinheiro!

Olha, cansei. Bjos

Srta.T disse...

Lola, primeiro de tudo, eu nunca disse que não acredito em divisão de direita e esquerda. Só não me encaixo em nenhuma delas. Se você já sabia o que eu iria comentar, parabéns: me rotulou como sendo de direita. Não fica surpresa de eu ser favorável ao aborto e ter até feito uma monografia sobre isso na faculdade?
Segundo: também não entendeu minha comparação. Achei que fui clara quando disse que os dois eram diferentes, posto que um tinha bem mais privilégios que o outro, que teria que trabalhar muito para conquistá-los. São semelhantes na apatia, na falta de vontade de construir, produzir algo. Não, não acho isso bom, fazer o quê? Há quem goste de ócio, mas não eu.
Então você entende que sou “privilegiada” por ter uma faxineira? Eu me considero privilegiada por ter um bom emprego que conquistei por mérito próprio, por ter conseguido me formar fazendo jornada tripla (trabalhava em período integral ganhando um salário mínimo, estudava à noite e durante muito tempo não recebi nenhuma ajuda financeira da minha família; apesar de ter feito faculdade pública, precisava pagar contas como aluguel, alimentação transporte, etc) e por hoje poder ajudar meus pais, que sempre passaram privações para que eu e meu irmão estudássemos.
Se eu morasse em um país rico, trabalharia menos horas por dia e faria a faxina da minha casa, sem problemas. Entretanto, se eu pudesse optar por contratar alguém pra fazê-lo por mim (porque sou completamente inapta pra serviços domésticos que não seja cozinhar), eu o faria, ué. Aliás, conversando com minha professora de inglês, que era advogada da mesma área que eu nos EUA, fiquei passada: uma profissional feito nós (eu e ela) ganha em média 100, 120 dólares por hora por lá.
Bom, além dessa minha amiga vivendo no Kansas, uma outra amiga minha, do Rio de Janeiro, vive na Flórida com os pais. E a mãe dela trabalha como doméstica, e também ganha cerca de 50 dólares por hora. Acredito que haja faxineiras que cobrem bem menos lá, claro. Mas meu exemplo não é tão absurdo assim.
Sobre a minha comparação “esdrúxula” (com “s”): não, nem sempre podem trabalhar menos, infelizmente. Veja quanto ganha uma médica que trabalhe pra saúde pública e o quanto ela trabalha. É muito pouco, ainda mais se formos comparar quanto ela investiu em estudo. O mercado do direito está horrível, e esse eu conheço bem. “Podem até parar de trabalhar, em muitos casos”. E vão viver do quê, de brisa? Eu não posso me dar ao luxo de trabalhar menos, tampouco de não trabalhar, sabe? Bem que eu gostaria de ter mais tempo pra mim.
Empregadas que dormem no serviço faz tempo que eu não vejo. No máximo, em propriedades rurais, onde moram com a família. Também acho injusto e nunca contrataria alguém pra isso. Agora, viver só com o auxílio eu não acho bacana, mesmo. Já dei exemplos do que ela poderia fazer com a renda extra, assim como vários outros comentaristas aqui. Mas, se o auxílio é suficiente para que ela leve a vida que gosta, por quê não? Duro é mamar nas tetas do Estado e reclamar que esse nunca lhe dá nada.

Babs disse...

Parafraseando a Lauren, em relação a um outro assunto:

"Se eu fosse de uma classe favorecida economicamente, ou seja, se eu não precisasse, eu seria contra o bolsa família..."

Felipe Guimarães disse...

lola!
Você falou que viu uma mãe para meu bebê. Você gostou? Eu gostei. Talvez eu poste sobre o filme. Faça o mesmo!

Anônimo disse...

Não, Lola, eu não odeio o PT (tô longe de adorar tbm), o Suplicy é um cara que sempre terá meu voto. Pra falar bem a verdade (e agora eu vou conseguir desagradar gregos e troianos) eu acho que PT e PSDB tem muito mais semelhanças que diferenças. E claro que não dá pra comparar o alcance do programa nos dois governos (como eu disse, o Lula ampliou). E eu não acho que o bolsa família serve APENAS para manipular o eleitorado. Mas agora eu te pergunto: vc realmente acha que o programa não é usado com fins eleitoreiros? É aquela história de unir o útil ao agradável.
E desculpe por falar de coisas que não estavam no post, eu me empolgo mesmo. E olha que eu me contenho, pois às vezes tô lá eu lendo sobre um filme e me ocorre de perguntar se vc gosta de Black Sabbath...rs.

Srta.T disse...

“Srta T, acho falta de empatia sua não ter admiração por filhinhos de papai com o mesmo fervor que não tem por pessoas pobres ‘que não produzam.’” – Ou isso é um sarcasmo muito do mal feito, ou um problema sério de interpretação de texto (meu ou seu). Eu não tenho simpatia com quem não produz e se encosta no governo, nos pais, em quem quer que seja, com o mesmo “fervor”. Agora, se está me rotulando como pertencente à classe dos “filhinhos de papai”, a discussão já está indo pra um lado pessoal, por sua opção. Eu não vou participar.

“Srta T, que bom que o Obama promulgou essa lei. E que bom que, no Brasil, as empresas privadas sejam tão boazinhas que já fazem isso por conta própria, sem precisar de lei. Governo só atrapalha, né? Srta, esses discursos típicos da direita me cansam...” – Outro sarcasmo fora de hora e bem erradinho. Eu dei um exemplo, não disse que na iniciativa é sempre assim (onde trabalho mesmo não é assim, infelizmente). Também não disse que “governo só atrapalha”. A legislação trabalhista brasileira já prevê a equiparação salarial há MUITO mais tempo que os EUA, o problema é o trabalho informal e os mal-intencionados que sempre dão um jeitinho de burlar a lei. Empresas grandes são mais fiscalizadas, têm que respeitar a lei ao pé da letra, e pronto. Isso não foi nem em época de Lula nem de FHC que se deu: foi ainda no governo do Getúlio. Lá ta você querendo, de novo, me rotular. Ê laiá...

Ah, pelo jeito houve outra confusão sobre o que eu disse: quando eu digo “produzir”, não significa “produzir dinheiro” ou algo que o valha. Acho que produção intelectual é fundamental, inclusive coloquei o exemplo de que a empregada poderia investir sua renda extra em estudo. Seria muito bacana também se houvessem mais bolsas de estudo pra estudantes carentes no país, para que eles pudessem produzir conhecimento sem passar fome.

lola aronovich disse...

Mary V, pois é, a maior parte das mães que conheço, minhas amigas, são a favor da legalização do aborto. E são poucas as que creem no determinismo que “toda mulher tem instinto maternal”. A palavra -chave aqui é ESCOLHA. É isso que as mulheres querem: ter o direito de escolher. Não só quanto ao aborto, mas tb quanto a trabalhar fora ou cuidar da casa, quanto a ter ou não ter filhos etc etc. Agora, essa classe média que é contra o bolsa família é também contra distribuição de renda. É a que acha que o governo cobrar impostos equivale a roubar dos ricos... Triste, triste.


Santiago, se é que alguém ainda te levava a sério por aqui, depois da brilhante resposta da Lauren - “se eu fosse uma alface, seria contra o vegetarianismo” - vc foi totalmente desmoralizado. Recolha-se a sua insignificância.

lola aronovich disse...

Bela resposta ao trololó, Marj. Mas não adianta muito, acho que ele nem lê. Mas pode apostar que ele não se acha um privilegiado, e sim um ser especial, iluminado, que “merece” estar na posição em que está (whatever that is), porque “lutou” por isso. E que ele não considera um pobre tão ser humano quanto ele. A menos que seja um pobre feto. Aí sim. Mas assim que saiu do corpo da mulher é, como disse a Tina, “nasceu, f*deu”.


Lauren, o Santiago, como ser iluminada, sabe tudo. Inclusive o que a sua mãe pensa ou pensaria. Certamente é um grande trauma na vida dela ter perdido dois fetos espontaneamente. Isso é condizente com a visão que o Santiago tem das mulheres: todas nascemos pra ser mães. É a nossa única missão na vida, só isso pode nos fazer felizes.

lola aronovich disse...

Clau, obrigada. Eu tava pensando em escrever um post pra sábado sobre essa materiazinha no jornal. Acha que vale a pena?


Iaeee, concordo com o que vc escreveu, só cuidado pra não perpetuar essa outra ideia da classe média, que é a de que os pobres têm pencas de filhos. Não tem mais. Se tivessem, o número de filhos não estaria atualmente em 2,3 por mulher. É um número baixíssimo, o mais baixo da história. Mas as pessoas ainda se baseiam em estatísticas dos anos 60, 70, quando o Brasil ainda era um país rural e era comum ter 6 filhos. Hoje a história é totalmente diferente.

lola aronovich disse...

Marj, a resposta do Santiago ao seu coment. só sedimentou o que eu sempre suspeitei: a direita cristão não é muito chegada a sexo, não...


Srta T, obrigada pela explicação ao Santiago. Ele (e tantos outros) acham que legalizar o aborto significa torná-lo compulsório. Ou seja, legalizou, e todas as mulheres vão abortar. Essa é uma besteira sem fim, claro. Ele continua ignorando a grande questão, que é a da escolha.

lola aronovich disse...

Malu, eu tb fico perplexa. Ou melhor, nem fico mais, porque esses argumentos são muito comuns. Mas não há dúvida que, se os homens engravidassem, eles teriam a escolha de interromper a gravidez. Toda a questão do aborto passa pela questão de não dar opções às mulheres. Porque somos consideradas inferiores (ainda! Em pleno século 21!).


Uau, Santiago, vc fez UM comentário humanitário! Mas, novamente, vc fala de uma posição de privilégio: com ou sem empregada doméstica, não é vc que limpa a sua casa. Pra isso existem as mulheres, certo?

Anne disse...

Sempre leio os comentários antes de falar, mas hoje estou sem tempo e o assunto me interessa muito. Empregada doméstica é um problema sério que temos aqui no Brasil. Desde que me formei (1997) em Direito, sempre procurei defender os direitos das empregadas domésticas. É uma relação confusa de patrões e empregadas, onde direitos, afetos, presentes, carinho tudo se mistura. Não há distanciamento das partes pra estabelecer o profissionalismo.
A legislação referente a empregada doméstica é diferente. ela não tem os mesmos direitos de um trabalhador comum. Tentei uma vez, há alguns anos, que a OAB/PR fizesse um projeto de lei que equiparasse a empregada doméstica a um trabalhador comum. Não fui nem ouvida.
Acredito que a conscientização tem que passar primeiro pela lei. Atualmente a maioria dos patrões acham um absurdo ter que registrar e pagar INSS e um salário mínimo pra empregada (únicos direitos que ela tem, além férias). Afinal de contas ela come em casa, dorme, etc.
Sobre aborto então, tenho muuuito pra falar, mas apóio incondicionalmente que seja legalizado.
=^.^=

Anônimo disse...

Mas em que mundo uma pessoa que recebe 60 reais de auxílio pode parar de trabalhar? Me digam que estou indo pra lá agora. Concordo com quem disse que isso é lenda urbana, é sempre a empregada da vizinha da prima do namorado da tia...

Vanessa disse...

Adorei o post!!! Excelente!!! Queria escrever assim... rsrs

E acho que o Santiago sofre daquela característica básica de muitos brasileiros; ele sabe ler, mas não entende o que está lendo. Ou então, ele é implicante mesmo. Só rindo...

Santiago disse...

Lola:

Eu realmente não limpo a casa, mas cozinho,(faço almoço ou jantar) lavo pratos e panelas, preparo o café da manhã.

E não é nada demais! Esse negócio que a mulher ou a empregada tem que fazer tudo na casa tem que acabar.

Santiago disse...

Lola:

A resposta da Lauren “se eu fosse uma alface, seria contra o vegetarianismo” é brilhante, quando se fala de aborto?

Isso nem é resposta de uma pessoa adulta num debate sério.

Alfredo disse...

Meu pai nao deixa eu limpar a casa pq ele acha q homem q limpa casa é gay...
mas mesmo assim eu limpo a casa semrpe ajundando minha mae! Ela é a pessoa q mais amo na vida.

Srta.T disse...

Anne, lembro que um professor meu de Direito do Trabalho dizia que nunca haveria empregada doméstica tendo os mesmos direitos que qualquer outro empregado celetista simplesmente porque os os responsáveis pelas leis têm 4, 5 empregados domésticos...

Aliás, em casa o negócio também é invertido: minha mãe trabalha fora, meu pai varre, cozinha, lava roupa, louça...

Anônimo disse...

Creio q me expressei mal, n sei. Mas n sou contra a bolsa. O problema é a banalização. Só citei o caso da empregada por ser o q eu escutei alguém falar, n tem a ver com ela ser empregada. Se ela fosse operária numa fábrica daria na mesma. Por enqto n vou discutir sobre ela ser empregada.

Mas Lola, ql a ideia da bolsa? N é ajudar na renda de qm n ganha o suficiente? A ideia n é dar dinheiro em substituição da remuneração por alguma atividade em q vc trabalhe, por vc TER filhos. Tanto é q quem ganha bem e tem filhos n recebe esse auxílio. Se vc ganha pouco e mal consegue se sustentar e acabar engravidando, n conseguirá dar o mínimo nem pra vc nem pro seu filho. Então recebe um extra. E eu n acho q isso seja ruim, pelo contrário. Tds queremos e devemos ter uma vida digna, e não uma sobrevida.

Pelo q me lembro da historia, ela já trabalhava lá há anos e tinha uma relação boa com a família. Não tem a ver com ser maltratada ou humilhada e ver uma chance de sair dessa situação. Ora, se eu tivesse um emprego em q eu me sentisse assim e visse q poderia sair dele sabendo q n vou passar fome amanhã por conta da bolsa, provavelmente o faria.

N acho ruim o dinheiro ser usado pra "sobreviver". Mas ela n foi despedida nem sofria abusos no emprego. Pelo q me lembro ela ganhava $800 + bolsa $500. Viu q dava pra sobreviver com a bolsa só, e desistiu do emprego. Poxa, a bolsa é AUXILIO, n é? Parece q n faz sentido. $500 É POUCO. Pelo menos pra sustentar vc e 3 filhos. Alguém aí falou de "bolsa-esmola" por ser pouco, e qse é mesmo.

Poxa Lola, vc acha q sobreviver é igual a viver? Vc com ctz vai sobreviver se só comer arroz e feijão tds os dias, mas imagina n poder comer chocolate quando tiver vontade. Tvz possa uma vez por mês, justamente pelo dinheiro ser contadinho e vc estar sobrevivendo "apertadinho". Vc é vicida em chocolate, sei q gostaria de poder comer quando quiser, de ter dinheiro pra isso. Eu tb gosto da ideia de poder comprar um biscoito quando tenho vontade. Td mundo né? Já teve uma época aqui em casa, quando eu e meu irmão éramos pequenos, q praticamente n tinha doce nenhum, pq n tínhamos dinheiro. Só arroz feijão e pão. Na casa da minha melhor amiga tinha sempre. Se eu tiver filhos um dia, é claro q eu vou querer poder dar td pra eles. (Aqui n entra a parte de mimar, comer besteira td dia, vida não saudável.. rs)


"o salário que se paga a uma empregada está muito próximo ao valor do auxílio, o problema está no salário, não no auxílio": Provavelmente! O problema são os salários, q fazem o governo tentar equilibrar com bolsas. Td meu problema com a bolsa se resume a alguém achar q aquilo é pra q vc n precise trabalhar. Lola, vc sabe q n é essa a ideia.

Essa parte de elevador de serviço foi horrível. Parece resquício da segregação, onde os negros n podiam sentar nos ônibus, ou só lá no fundo.

Anônimo disse...

Quando falei de aborto, pareceu mesmo q liguei pobreza, incapacidade e o q vc falou. Honestamente, qd escrevi n liguei uma coisa a outra, elas apenas estão no mesmo post. A única semelhança q quis apontar é a de um recurso n usado de forma consciente. N quis relacionar com mulheres pobres, apesar d vc ter dito q "quando a gente fala em legalizar o aborto, está no fundo falando das mulheres pobres". N pensei nisso, tanto é q n fiz a distinção entre as ricas q vão abortar no estrangeiro e as outras q vão no q podem pagar. Mas olha, eu sou de classe média. E honestamente nem sei onde iria se quisesse abortar. E nem faço ideia do preço. E nem se o q eu posso pagar vale por um serviço "bom". Mas td bem, legalização do aborto é algo bom pois vai reduzir os riscos para a mulher q, cmo disseram, nunca são considerados, sendo o feto sempre mais importante. Só q continuo considerando um bebe de 7 meses dentro da barriga uma vida, assim cmo a mulher q o carrega. Uma criança q vai ser largada na rua, n vai receber carinho, ou vai vender bala no sinal n é melhor do q um aborto. Considero as 2 atitudes condenáveis. Será melhor então poupar uma vida de sofrimento á criança e matá-la?

lola aronovich disse...

Princesa, é muito difícil imaginar o que um feto pensaria ou deixaria de pensar, mas o seu ponto é perfeitamente válido.

Babs, é, eu sei que tem muito tema misturado. Tentei unir as pontas, como a Babsiix propôs no coment. dela. Também detesto esse papo de “gente que faz”, ou “sujeito tem que produzir”. Eu já discuti isso naquele post-resposta a um outro trololó, lembra? E sobre a empregada doméstica do texto, note que ela não tem voz. A gente só tá ouvindo o que a Babsiix ouviu da sua professora. Tem filtro aí. Sempre que eu ouço essas críticas ao bolsa família e aos pobres é assim. Nenhum detalhe sobre o cotidiano desse pessoal. Eu ouço direto “pobre não quer mais trabalhar ganhando salário mínimo”. E eu respondo no ato: “E vc, quer?”. Agora, ótimo ponto o seu, esse que creche custa caro. Às vezes eu vejo mulheres de classe média que trabalham o dia todo e deixam os filhos numa creche cara. E se colocar os gastos na ponta do lápis, às vezes compensa pra essas mulheres não trabalharem e cuidar elas mesmas dos filhos. Que bom que elas têm essa opção, não? Mas mulher pobre não merece opções.

lola aronovich disse...

Srta T, por experiência própria, só posso dizer que 95% das vezes que uma pessoa insiste em que ela não se enquadra na direita ou na esquerda, ela é de direita, e só está com vergonha de assumir. Gente de esquerda costuma ter mais orgulho das suas posições políticas. Vc continua querendo comparar gente pobre com filhinho de papai. Não dá, Srta. Até a apatia e o ócio deles é completamente diferente. E se vc não consegue ver que é privilegiada, paciência. Aliás, não é só vc. Eu tb sou. A nossa classe é privilegiada. Por favor, leia o início deste meu post. Além do mais, não é verdade que nos EUA a classe média trabalhe menos que a classe média daqui. Isso é verdade em países europeus, onde a legislação reduziu a jornada de trabalho. Não nos EUA.
Ah, eu não sei escrever esdrúxula mesmo. Se tivesse mais lugar pros X, eu colocava em todos.
Por favor, não diga que vc não poderia trabalhar menos. Seria só gastar menos, ter um padrão de vida ligeiramente melhor, que vc poderia viver com muito menos. Quase todo mundo da nossa classe poderia. Ao contrário da maior parte dos pobres, NÓS temos opções.

lola aronovich disse...

Babs, pois é, exatamente. Boa frase.


Felipe, eu postei sobre o filme. Vá na letra M. Bom, eu postei minhas anotações, não uma crítica inteira. Eu gostei do filme mais ou menos.

lola aronovich disse...

Kenny, é, eu acho PT e PSDB muito diferentes. Sobre o bolsa família ser “eleitoreiro”, o que isso tem de errado? Se um governo faz um bom programa, que beneficia muitos eleitores, eles estão errados por votarem nesse governo? Não entendo. O que vc quer? Que um pobre que chegou à classe média baixa com a ajuda do bolsa família ou que conseguiu um emprego melhor graças à política do governo diga: “Não, eca! Vou votar na oposição, que talvez acabe com tudo isso”? O que acho estranho é pobre votar na direita. Empregada doméstica votar no mesmo candidato do patrão...
E sobre Black Sabbath, eu mal sei o que é isso. Odeio heavy metal. Odeio barulho. Odeio músicas misóginas (nesse último quesito não sei se o B.S. se enquadra).


Não, Srta T, não te chamei de filhinha de papai. Não sei nem de onde vc tirou isso. E não é sarcasmo: foi vc que comparou pessoas pobres com filhinhos de papai. Eu só critiquei essa comparação.
E sobre o seu outro coment, vc não vê como a minha interpretação do seu texto é plausível? Vc fala “que bom que o Obama promulgou isso”. Aí “Aqui no Brasil as empresas privadas já fazem isso”. E em seguida: “às vezes o país tem jeito”. E aí eu não tenho que entender que vc está elogiando a iniciativa privada e sendo contra o governo? Ainda mais dentro de um contexto de “gente que produz” etc?

Thanatos disse...

sim lola, saúde é um direito universal, mas é um direito que para ser realizado precisa ser pago por alguém. E alguns procedimentos são mais caros que outros, e os recursos são limitados. Nem de longe dá pra dar o tratamento mais apropriado pra todos. Uma única pessoa consumindo 20.000 reais do SUS por mês prejudica o atendimento de 200 outras pessoas, que podem ficar sem remédios, sem médicos, sem aparelhos para exames! O governo tem que fazer escolhas difíceis, como eu disse, e na minha opinião focar primeiro nos tratamentos de emergência (alto risco de morte) e na prevenção (baixo custo e grande alcance). Outras áreas deveriam ser atendidas na medida do possível. Vivemos em sociedade afinal, e com recursos limitados, é impossível não fazer algum tipo de sacrifício.

E sim, os impostos brasileiros são roubo. A sonegação realmente ocorre, mas está cada vez mais incomum, resultado de novas técnicas do governo. Afinal, a arrecadação é a única parte que realmente funciona neste país. Os algorítimos que cruzam os dados das movimentações bancárias com o nosso consumo são os mais avançados no mundo. Tudo para assegurar que o nosso grande sócio receba a sua parte certinho. E qual o retorno moça? Excelente se você é isento de imposto de renda, agora imagine ganhar só um pouquinho a mais, logo acima da faixa de corte e ver o estrago que ele faz...

E você gostaria de proibir a riqueza, muito bem então. Ninguém mais pode acumular bens ou enriquecer. Como tu espera que o ser humano se motive? Como tu espera que haja produção, avanço tecnológico? Quem inventou máquinas agrícolas que hoje possibilitam a existência de tantas pessoas no mundo o fez por um motivo. Ganhar dinheiro.
Retirar o acúmulo mata o capitalismo, mas o que tu propõe em troca?

Dai disse...

Lola!

Comentar esse post pede alguma cautela, afinal sâo três temas densos, né. benefícios públicos, trabalho doméstico remunerado e aborto. Pois é, no Brasil, com suas desigualdades monstras, esses três nós acabam se cruzando na base. Tenho lá minhas críticas ao Bolsa Família. Mas, acho que o que ele acarreta de ruim ou contraditório decorre de outras questões sociais que se tornam mais nítidas em função de seu impacto, como a exploração das mulheres no trabalho doméstico não remunerado, por exemplo. O bolsa família, com todos os seus poréns, foi um acontecimento importante na vida das mulheres populares, elas puderam escolher não trabalhar como empregadas domésticas, antes um destino previsto de tantas mulheres de classes baixas que não tinham acesso à educação. Elas também puderam dividir o poder na administração dos bens da casa com o "chefe" da família, já que poder geralmente está atrelado, também, à renda. Apesar de alguns problemas no caminho, o saldo é positivo.

Agora, sobre o aborto...

Este argumento de que a legalização banaliza o aborto não poderia estar mais equivocado. Primeiro por que isto não aconteceu em lugar algum que o tenha legalizado. Ao contrário. Segundo porque o aborto é BANAL desde que o mundo é mundo, em todas as civilizações. Havendo uma fecundação indesejada, uma mulher que não quiser uma gravidez - por qualquer razão que seja - não vai pensar duas vezes antes de abortar. E o um homem também. Já que o homem aborta pela palavra: não. Aborta pela omissão e pela fuga. A única diferença é que sobre eles não recai nenhuma pena, nem culpa, nem crítica, nem papa, nem igreja, nem ventríloquo de feto, querendo imputar uma vida a um projeto de ser que não pode nem vai decidir pelo futuro de uma família.
Ah, e também não são eles que morrem aos milhares nas filas do SUS e nos bancos de hospitais públicos ou são mal tratados ou trucidados por técnicos e profissionais que acham que ele atentou contra um suposto dom divino.
Todo esse blablabla culposo em torno do aborto pra mim tem um só nome: hipocrisia.
Ah, Lola, eu adoro vir aqui, mas penso que vc deve mesmo considerar a hipótese de moderar comentários. Esse Santiago não merece existir neste universo que vc é habita e é tão bem frequentado por nós. Beijos!

Anônimo disse...

*N faço ideia da tal bolsa, chutei um valor qualquer.

L. Archilla disse...

respondendo ao Santiago: não, não tenho filhos ainda. por quê? quando eu tiver vou mudar de idéia? vc viu isso na mesma bola de cristal onde soube que minha mãe sofre até hoje a perda de 2 fetos de 20 e poucos anos atrás?

tem razão, Lola, ele é um ser iluminado. vamos fazer a campanha "Santiago numa tenda na praça da Sé já!"

Unknown disse...

Conseguiu dar pedrinhas pra um monte de gente te tacar tratando de uma vez bolsa família e aborto, hein? :P
Não deu pra ler todos os comentários mas duas coisas que eu li me chamaram a atenção:
1- Alguém disse que o aborto só deve ser permitido em caso de estupro, pq é uma violência horrível. Pois bem, o aborto em caso de estupro não foi permitido para preservar a mulher e sim para preservar a herança de família e não permitir que o homem criasse um filho bastardo.
2- Alguém tb disse que uma faxineira dos EUA ganha 50 dólares por hora oq daria uma renda muito maior do que a da tal pessoa com uma jornada de trabalho menor. Agora pergunta se ela toparia trocar seu emprego (que deve ser intelectual) por um emprego braçal e muito mais cansativo? Eu não trocaria.

lola aronovich disse...

Anne, pois é, eu não consigo deixar de ver empregada doméstica como resquício de escravidão. Porque o princípio de exploração é o mesmo. E não é só aqui, é em qualquer país pobre. Eu li “Eu, Rigoberta Menchu”. E aí vc tem um país miserável como a Guatemala que ainda assim tem gente muito mais rica que as outras. E essas pessoas mais ricas podem ter uma servente pagando quase nada. O problema está na péssima distribuição de renda. Nos EUA e Europa é difícil ter empregada porque a renda é melhor distribuída. A maior parte da população é de classe média, não pobre. Então vc não tem tanto desnível entre as classes num mesmo país. Nos países pobres dá pra pegar meninas, crianças mesmo, e fazê-las trabalhar como empregadas. Às vezes não se paga nada, nem salário. Só teto e comida, como na época da escravidão. Quanto pior a distribuição de renda, mais chances de exploração. A classe média no Brasil se aproveita muito dessa situação. Mas tenta aliviar sua consciência repetindo que está dando condições de trabalho digno pra uma mulher pobre. E acha que a culpa pela miséria é exclusivamente do governo, ou dos pobres, que não gostam de trabalhar. Não se vê como parte do problema. Obrigada pela sua contribuição, Anne!

lola aronovich disse...

Débora, ah, eu tb quero poder viver com 60 reais por mês! Eu só poderia fazer isso se não pagasse luz, água, telefone, e internet. Ah, e não comesse. E eu tô falando só de mim, esquecendo os gatos, o maridão, minha mãe...


VanessaBH, obrigada. O trololó só lê o que lhe interessa. E é implicante.

lola aronovich disse...

Santiago, e a sua colocação que gerou a reposta da Lauren, “se vc fosse um feto, seria contra o aborto”, tem lugar num debate sério?


Asnalfa, seu pai está parado no tempo. Quer dizer, não só ele. Ainda tem um monte de gente que pensa que trabalho doméstico é coisa de mulher. Que bom que vc discorda.

Unknown disse...

PS: Bem que vc podia me falar o segredo pra tantos comentários, hein? Meu blog anda às moscas :P
Bitocas e boa sorte com o chumbo pesado que continua vindo em sua direção. Não se esqueça de se desviar! ;)

lola aronovich disse...

Srta T, é, quem faz as leis não fará leis que irão contra seus interesses.


Thanatos, vc só contempla algumas poucas opções. Existem outras, como peitar a indústria farmacêutica que vive de vender medicamentos caros para poucos e garantir o tratamento de aidéticos, como se fez no Brasil. Mas não, vc defende que as indústrias tenham lucros imensos. O “estrago” que seu pagamento de impostos faz é fazer com que pessoas com muito menos privilégios que vc possam ter acesso à saúde e educação. Vc acha pouco? Por que, vc não faz parte de uma sociedade? Está acima dela? Não quero proibir a riqueza, gostaria apenas que houvesse limites. Qual a motivação de um cara que tenha 20 milhões de reais? Ele já tem dinheiro suficiente pra não precisar trabalhar mais, nem ele nem as próximas gerações. A motivação é chegar aos 50 mi? E quem tem um bilhão de dólares, então? É só isso que motiva o ser humano, enriquecer? Acumular bens? Tenho certeza que muita gente encontra muitas outras motivações e razões pra viver.

lola aronovich disse...

Babsiix, seu comentário rendeu uma ótima discussão, e só posso te agradecer. Acho que sua professora, e tanta gente de classe média, tem uma opinião formada contra a bolsa. E por isso tentam de tudo para desqualificá-la. Mas, pra isso, precisam desqualificar não apenas o governo, mas as pessoas pobres tb. Duvido muito que a empregada da sua prof. ganhasse 500 reais por mês. Geralmente o auxílio não chega nem a um terço disso. Mas, vamos imaginar que era isso mesmo. Que a empregada da sua prof. tivesse ganhado na loteria das bolsas e recebesse isso mesmo. Aí ela tem 3 filhos. E trabalha como empregada full time na casa do patrão. Vai ver os 3 filhos quando? Talvez o que ela tivesse que pagar de creche fosse metade do que ela recebia de salário, vai saber. Não sabemos nada dessa história. Eu quero ouvir o lado de uma pessoa pobre que realmente largou o emprego pra ficar apenas com a bolsa. Não através de intermediários.
Eu tb não sei nada sobre abortos, pra falar a verdade. Algumas amigas e conhecidas (de classe média) já fizeram, ou já contemplaram fazer, mas faz muito tempo. Mas, novamente, é a questão da opção. Fico feliz que minhas amigas tiveram essa opção. Mulheres pobres não têm. Vão precisar depender de alguém desqualificado, e muitas acabam pagando com a vida. Se o aborto fosse legalizado, elas passariam a ter essa opção. Não é isso que prega a lei? Que todos são iguais perante a lei? Então por que algumas mulheres podem fazer aborto e sobreviver, e outras têm que morrer? Mas Babsiix, ninguém defende aborto depois de 5 meses de gravidez.

Vanessa disse...

Depois de ler os comentários, conclui que muita gente lê, mas não entende o que está lendo. Algumas coisas que a Lola escreveu foram totalmente deturpadas.
E acho importante analisarmos as situações de uma meneira mais racional e, muito mais do que nos colocarmos no lugar dos outros, é preciso tentar ao máximo não nos deixarmos afetar por moralismos que nos são impostos desde que nascemos. Alguns exemplos: "o trabalho enobrece o homem", "toda mulher só é completa se for mãe"; "toda mulher nasceu para ser mãe, isso é natural"; "as pessoas precisam de tutor ou elas fazem besteira, porque elas são incapazes, não podem se responsabilizar pelos seus próprios atos" e por aí vai. Dá uma preguiça...

Anônimo disse...

Ufa! confesso q fiquei com um poco de "medo" de ser execrada aqui.

O valor eu n faço ideia, eu tinha 14 anos quando ouvi essa historia e na epoca n ligava pra isso. Agora q começo a refletir sobre o q me rodeia, como preconceito velado com as mulheres, por exemplo. Já mudei em relação a algumas coisas desde q comecei a frequentar o seu blog.

lola aronovich disse...

D, de onde vc tirou que o bolsa família possibilitou às mulheres pobres “escolher não trabalhar como empregadas domésticas”? A gente vem falando que o benefício é baixo e não substitui um salário! O saldo positivo da bolsa não é esse, que, aliás, é totalmente fantasioso, lenda urbana mesmo. É redistribuir renda, injetar dinheiro na economia, e possibilitar que muita gente ganhasse um pouquinho mais pra ir da classe D pra C. Pra mim, é um enorme saldo.
Quanto ao seu comentário sobre o aborto: perfeito. Não tenho nada que colocar. Adorei a parte do “homem abortar pela palavra: não”.
E quanto ao Santiago, ele é insuportável, eu sei, mas veja o lado bom: ele faz rir.


Babsiix, então não são 500 reais? Ah, quero saber quanto foi pra mulher trocar seu ótimo emprego de 800 reais por um que lhe possibilitasse sobreviver...

Thanatos disse...

sim dona lola, ficar rico não é lá uma das melhores motivações pra viver, mas não é intrinsecamente errada na minha opinião.

e o estrago que eu mencionei foi nas contas dos assalariados, não dos grandes empresários. Claro que pra eles sobra. Agora, se vc ganha uns 20.000 por ano, por exemplo, uns 5 vc gasta em imposto, e isso faz falta na nossa economia.
Além do mais, é fácil dizer, ó, os ricaços tem muita, muita grana, não tem mais o que fazer. Mas a maior parte dessa grana é composta por empresas, não em dinheiro vivo, e nessas empresas que as outras pessoas trabalham. Se as nossas empresas não conseguem competir com as empresas de fora porque nossos impostos são muito altos, quem se ferra bem mais são os trabalhadores, não os chefes. Nós ainda crescemos pq vendemos pra fora e ainda somos baratos, e somos baratos pq pagamos pouco. Poderiamos pagar melhor aos trabalhadores e menos ao governo, mas ele prefere primeiro pegar o dinheiro pra sí e ai decidir pra quem ele vai...
É bem fácil pro governo aumentar o salário mínimo e manter os níveis de imposto como estão. O salário mínimo deveria ser o instrumento do governo para forçar uma distribuição mínima de renda, e só. Recebe que trabalha. Poderia ser bem mais alto, mas isso não é culpa só dos empresário, mas do próprio governo que força a situação economicamente. Também é culpa do governo se manter inchado, e inchar mais a cada ano, a pagar 60.000 reais por mês a dezenas de suplentes por um mês de trabalho que eles passarão em férias.

Por mais que você odeie os capitalistas, os ricos, os investidores, são eles que pagam o salário do brasil, e não o governo, que insiste em pegar para sí o direito de distribuir pra quem vai o dinheiro.

E sim, as empresas de remédios são malvadonas, ganham rios de dinheiro, etc, etc. Mas quebrar patentes, ignorar as regras não é solução. Porque o brasil não pega esse dinheiro e investe em pesquisa, fabrica os remédios para as doenças que atingem a nós?
Também é bem fácil ficar olhando por anos enquanto pesquisadores tentam descobrir algo novo e depois roubar o resultado por força bruta institucional.
Difícil é pensar em uma maneira que nos valorize, que não fique fazendo provocações de pobres X ricos.
Se a gente vive dizendo que só pq um cara religioso crê em algo, não deveria forçar sua opinião, só pq vc crê em viver com pouco dinheiro, não ter muitas ambições, não quer dizer que vc tenha direito de impedir este desejo nos outros.

lola aronovich disse...

Lauren, o Santiago tá mais pra armar um barraco que uma tenda...


Elyana, dar pedrinhas pra um monte de gente me atacar por 3 tópicos diferentes não é pra quem quer, é pra quem pode. Modéstia à parte! Há há, eu não aguento mais responder comentário. Estou desde a uma da tarde fazendo isso... E não tenho tempo. Não é como se minha tese andasse sozinha. Mas a discussão está boa.
Ótima colocação sobre aborto ser permitido em caso de estupro não em respeito à mulher, “e sim para preservar a herança de família e não permitir que o homem criasse um filho bastardo”. Faz sentido.
A pessoa que acredita que empregada doméstica ganha 50 dólares a hora nos EUA é a mesma que diz que não conseguiria sobreviver se não trabalhasse dez horas por dia. O negócio todo é pra dizer que privilegiada mesmo quem é é empregada doméstica, não uma pobre advogada.
Putz, e vc falou de seu blog andar às moscas, e eu me lembrei que nem fui lá falar sobre a matéria da Veja. Calma, tenha paciência com o blog: if you build it, they will come. Um Kevin Costner não pode estar errado!

Srta.T disse...

Lola, você vai ter que dar um jeito de me incluir nesses 5% aí. Não quero desvirtuar o debate, mas pra informar: as últimas vezes que votei (esqueço de transferir meu título e moro longe de onde voto), votei em candidatos do PT; umas das poucas pessoas de quem tenho verdadeiro horror é de FHC; até meu namorado, que me conhece muito bem, era cismado que eu era de direita; um ano de namoro depois, ele se convenceu: “Você não é direita mesmo. É centro”. Nem sei se existe! Um dos motivos para que eu também não concorde em ser enquadrada em uma lado ou no outro é simplesmente porque não conheço o suficiente uma posição ou outra pra dizer em qual me “encaixo”, entende? Eu sou a favor da legalização das drogas, por exemplo. Não sei de ninguém de direita que também seja. Pra mim, a sociedade perfeita (e completamente utópica, porque eu acho que nunca o ser humano será tão desenvolvido assim) é a anarquista; mas, como a vida me deu limões, vou fazendo minha limonada. Não quero defender um lado, porque o dia que eu não concordar com alguma coisa que esse lado defende, eu não vou com a maioria.
Sou privilegiada, eu sei, mas não acho que é por ser uma pessoa que tem uma faxineira. Dei uma passada de olhos no post indicado e prometo ler mais atentamente depois, concordo. A classe média nos EUA pode trabalhar tanto quanto a nossa, mas têm condições de vida melhor. Nossa classe média, para ter as mesmas condições, tem que trabalhar mais. Ainda assim, os EUA estão longe de ser o meu ideal de lugar pra se viver.
Sim, poderia trabalhar menos e reduzir meu padrão de vida. Passar fome é uma coisa que está longe de mim, felizmente. Mas a partir do momento que eu trabalho, o faço buscando um padrão, um conforto, e acho justo que, seu eu me esforce, eu o obtenha. Mas veja, eu não reclamo de trabalhar porque faço o que gosto. Acho que a pedra de toque é que serviço doméstico é, para a grande maioria, um serviço desagradável. Pagaria mais à minha faxineira se pudesse, de verdade. Não podendo, procuro ajudá-la das formas que dá. Já fiz até serviço de advocacia pra ela e a incentivo a estudar e ler. E se eu puder fazer algo além, faço.
A minha intenção não foi tecer nenhum comentário sobre o governo. Eu poderia ter escrito, quando linkei a notícia, que isso já é lei por aqui há muuuuito tempo. Mas não deixa de ser um avanço e não deixo de ficar contente com ela. Como eu falei, algumas empresas privadas oferecem boas condições para as empregadas, fato. Outras, não. E quando digo “o país tem jeito”, quero dizer que muitas coisas erradas que acontecem, seja por culpa nossa, do governo, do Judiciário, têm solução e que ela não é tão difícil assim.
Ainda to tentando formular uma resposta melhor sobre apatia e ócio, mas o que eu penso é que é da natureza da gente querer “se desenvolver”, vai. Me parece anormal alguém que opte por ser estagnado, e não digo só economicamente. Por exemplo: eu fico fula da vida quando vejo alguém que estudou e teve as mesmas oportunidades que eu falando uma bobagem gigantesca, ou se orgulhando de não ler, sei lá, fazendo ode à ignorância. Quem é mais humilde tem uma desculpa, porque não tem acesso à educação, informação (os nossos privilégios). Mas qual a desculpa pros “privilegiados” estúpidos? Pensei em pegar um exemplo que fosse “unanimidade” e só consegui pensar em micareta. Mas vai que tem alguém mais esclarecido que gosta...

Ah Elyana, fui eu que fiz a comparação dos salários. E nem a pau que eu trocaria meu emprego pra trabalhar como empregada ou qualquer outra coisa nos EUA! Gosto demais do que faço e não sou “dinheirista” a esse ponto.

Mari Biddle disse...

Lola, maravilhoso post. Eu moro nos EUA e quase todo dia xingo por causa das babaquices que os estadunidenses aprontm. Mas o make yourself é tudo de bom! No BR ainda tem o resquicio da escravidão. É tão chique ter empregada! Hum, e ter motorista, copeira, arrumadeira é mais chique ainda. E ter empacotador e carregador de compras em mercados? Chique no último! São as senzalas modernas. Minha mãe é advogada (professora de direito penal) e fica possessa com essa letargia da classe média em não poder passar uma vassoura na casa, não tirar um copo do lugar! Diarista tem muito mais chance de agregar mais trabalho e mais chance de ganhar mais. Apesar de que pagar 35.00 reais por um dia de serviço seja infimo.

Sabe o que eu tava vendo esses dias? Um "bonita" que mora aqui nos EUA me perguntando como ela faz para trazer a empregada dela do BR!!!Putz! E ainda emendou: essas Isauras quando descobre " a liberdade" aqui nos EUA abandona a gente!

Casa Grande e Senzala devia ser relido!

Sobre o aborto: tia minha, professora e diretora de escola no Oeste Baiano diz: sou a favor da legalização do aborto, vejo minhas alunas chegarem de olho fundo depois de beber de chá de buchinha até enfiar metal no utero para abortar!


Eu tenho um filho, quero outro. Quero também fazer meu doutorado. Quero tanta coisa que a maternidade não tomou do meu marido. Mas tomou de mim! Sou feliz por seu mãe mas a carga é enorme ter outros sonhos além de maternar.

To indo para a Florida ver o sol. Vejo vc e vcs em 15 dias.......

bjs

Srta.T disse...

“A pessoa que acredita que empregada doméstica ganha 50 dólares a hora nos EUA é a mesma que diz que não conseguiria sobreviver se não trabalhasse dez horas por dia. O negócio todo é pra dizer que privilegiada mesmo quem é é empregada doméstica, não uma pobre advogada. “ – Jura que concluiu eu queria dizer isso? Brilhante, hein? Justo eu, que creio ser uma das poucas que não fica se vitimizando aqui...
E podem não ser todas as empregadas que ganham isso por lá, mas algumas ganham sim. E nenhuma ganha o equivalente aqui. Até em Fantástico, há (muito) tempo atrás, foi exibida uma reportagem mostrando uma doméstica brasileira que estava vivendo lá e que já tinha a casa dela, carro, etc etc... coisas que muitos “pobres” advogados, médicos e sei lá mais o quê não conseguem ter aqui.

Mari Biddle disse...

Lola,

um coisa que sempre penso quando vem a tona a polemica da legalização ou não do aborto: opinião de quem não tem uma vagina não conta!!!

Será que to sendo muito radical???


Sr. T: eu posso dar uma pesquisada aqui na minha região (Chicago Suburbs) para ver na real quanto que uma empregada doméstica ganha aqui. Apesar de dois agravantes: aqui o negócio é diarista uma vez na vida e, ta uma crise braba e branquinho não ta tendo grana para pagar alguem para faxinar a casa não...

Lola, desculpe se to disvirtuando seu post....mas eu faço questão de ler tudinho e as vezes venho aqui correndo comentar.bjim

Felipe Guimarães disse...

Nossa Lola este post esta fazendo sucesso. já vou dizendo que sou completamente a favor do aborto. prefiro que uma criança morra do que viver anos e anos de sofrimento. A e passei aqui para dizer que coloquei um post sobre 2001: Uma Odisséia no espaço.

bjos

:**

Anônimo disse...

Lola, voce ja deve estar perdida entre tantos comentarios, mas queria dizer uma coisa: eu nao acho que se deva extinguir os beneficios. Na verdade, vir para a Inglaterra me deixou muito mais a favor do "welfare estate" do que eu era. Acho muito mais justo.

Mas acho tambem que o sistema tem sempre que tentar eliminar os "free riders," os malandros. Eh impossivel acabar com a malandragem, mas dificultar ja ajuda bastante.

Aqui parece que tem bastante gente vivendo nas tetas do sistema sim. Como eu ja disse, eh mais justo aqui do que nos EUA, mas ainda tem que melhorar MUITO.

E alguem falou mal de "ensinar a pescar em vez de dar o peixe." O que tem de errado? Se a pessoa estiver morrendo ed fome, de o peixe e ensine a pescar. Mas SO dar o peixe eh pedir para criar dependencia.

Anônimo disse...

Olá Lola, adorei o post!
Concordo com vc sobre esta origem do em pensamento muito de nossa época burguesa. Aqui, a "razão" se coloca nas mãos de uma parte privilegiada para sutilmente dominar os que não teriam consciência. Assim é mais fácil de manter as coisas como estão mesmo!

Agora se o aborto fosse legalizado, o que sempre me vem na cabeça é: quando isso acontecer ( acho q talvez demore, mas mesmo num país católico como o Brasil por uma questão de tendência progressista (especificamente neste assunto)isto aconteça um dia) ninguém vai obrigar quem não quer fazer aborto abortar! E como vc disse esta escolha não tem que ser feita por outras pessoas que não ela mesma!

È isso Lola, gostei bastante deste post!
Abraços!

Anônimo disse...

Santiago:

Por que não se pode deixar de “transar” quando isso vai desgraçar a vida de alguém?

E por que proibir o aborto, se essa proibição pode (e vai) desgraçar a vida de alguém? De novo, você está valorizando muito mais a vida de um feto do que de cidadãos crescidos.

E eu não acho que as pessoas têm de parar de transar só porque os conservadores acham que aborto é uma coisa feia. Eu não acho que os mais pobres devam se privar de uma coisa que é comprovadamente saudável, gostosa e benéfica (além de ser uma das maiores expressões de amor) só porque os métodos contraceptivos ainda não chegaram ao seu vilarejo e gente privilegiada como você quer forçá-los a ter filhos (mas depois reclamam quando eles têm filhos demais e não conseguem cuidar; tampouco se importam se vão viver na miséria). Sexo não é urgente como beber ou comer, mas é uma necessidade humana e traz qualidade de vida. Eu defendo a qualidade de vida para todos. Então, para vc, só os moradores de grandes centros urbanos podem fazer sexo? Quer mesmo condenar os outros a uma existência mixuruca, sem sexo, só para você achar que vive numa sociedade "virtuosa", sem aborto? Isso é ridículo.


Sobre feto ser ou não uma pessoa, nem a ciência nem as igrejas ainda não chegaram a uma conclusão quanto a isso.
Exato. E nunca vão chegar. Não dá para determinar o começo da vida sem ser de forma arbitrária, assim como a morte tb é detemrinada de forma arbitrária (parada cardíaca ou morte cerebral -- mas os outrso órgãos continuam funcionando por mais um tempo e unhas e cabelos ainda crescem por duas semenas). Se o começo da vida não pode ser determinado, então por que vc já logo vai assumindo que é uma pessoa, pronto e acabou? Por que a sua versão tá certa?

Para mim, não importa quando "comece" a vida. Se no momento em que o espermatozóide entra no óvulo ou se quando o coração começa a bater, não me importa. O que importa é que, para se desenvolver e de fato virar um bebê, este feto PRECISA DO CORPO DE UMA MULHER por nove meses. FAZ PARTE do corpo da mulher. E, quer você queira, quer não, ela É a dona deste corpo.

Você soa como Hitler quando diz que "a mulher só é dona do seu corpo quando isso não afeta a terceiros". Filho, para começar, tudo o que a gente faz afeta a terceiros. Se eu tinjo o cabelo, tomo banho, faço sexo, faço uma tatuagem, tudo afeta a terceiros. Porque eu não vivo sozinha. Segundo, você quer viver numa sociedade em que os homens têm o privilégio de ter a propriedade de seu próprio corpo e as mulheres, não. Não tenho nem palavras para dizer o quanto isso é horrível. É nazismo puro.

O meu corpo é meu e ninguém, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM tem o direito de reclamar propriedade sobre ele. Ele é minha propriedade inalienável. Se vc abre espaço para a idéia de que alguns seres humanos são menos seres humanos que outros e, portanto, não podem dispor de seu próprio corpo, então você está dando justificativa para a escravidão (que basicamente é isso, meu filho!) e para o estupro. Você está abrindo caminho para que a sociedade ache que quem tem que decidir sobre o corpo da mulher é todo mundo, menos ela. E é por essa mentalidade que existe o estupro e a violência doméstica. Se respeitassem o corpo da mulher como sendo dela, se dessem a ela plena oportunidade de decidir por seu corpo, essas violências não existiriam.

Se uma mulher quiser fazer um aborto e o pai quer que criança nasça, é justo que ela tenha o direito de decidir sozinha, apoiada pela força de uma lei?
É. Porque quem vai carregar a criança durante nove meses é ela, não é o pai. Ela não pode ser forçada a fazer algo com seu corpo -- eu defendo os direitos humanos, em que ninguém pode ser forçado a nada. Se o homem queria um filho, que conversasse com ela antes, que planejasse. Agora, se ocorre uma gravidez indesejada, os dois têm de conversar sobre isso, mas ela é quem deve ter a palavra final, dado que o bebê precisa do corpo dela para nascer. Simples assim. O dia em que o homem parir ele decide sobre isso, ok?


O fato de pessoas mais abastadas(classe média e ricos) fazerem abortos em clinicas particulares, não torna um ato certo e nem uma lei também o tornaria.
Filho, você está falando do que é certo para você, para a SUA MORAL. Para a moral cristã. Eu não sou cristã e, para mim, há uma lista completamente diferente do que é certo e do que é errado. O Estado está aí para as pessoas de todas as religiões, não só para você.

È para isso que existe direitos humanos, não é pra defender bandidos, mas para casos que a lei existe em prejuízo da pessoa humana.
E você acha que carregar uma barriga durante nove meses, sem o querer, e ddepois ser obrigada a dá-lo para adoção ou criá-lo sem condições financeiras ou psicológicas para isso não é "um prejuízo à pessoa humana"? (bem, para começar, toda pessoa é humana, né, honey? Hahaha O dia em que houver uma pessoa canina, vc me avisa!)

Outra coisa: direitos humanos são para TODOS os seres humanos. Dá um google e lê a declaração, querido. Inclusive para quem, segundo as leis de um país, é considerado "bandido". Não importa o crime que comete, ele é ainda é um ser humano e deve ser tratado como tal.

Anônimo disse...

Lola, gostei muito do post. Vou me ater apenas a questão da empregada doméstica, pois quanto aos dois outros assuntos (bolsa-família e legalização do aborto, endosso seu comentário). Na realidade, queria sua opinião sincera. Tenho uma empregada doméstica, pago 500 reais (o salário mínimo ainda é 415 reais), carteira assinada, INSS, férias e 13 salario (ok, nada mais que minha obrigação). Ela não dorme no emprego e tem um horário bastante flexível (costuma ir depois que o serviço está terminado, e como ela é rápida, geralmente sai antes das 3 da tarde), além de trabalhar de segunda a sexta . É uma senhora de quarenta e poucos anos (falo senhora não pela idade, mas pela aparência), com três filhas adolescentes (finalmente conseguiu largar um marido alcoólatra que só a explorava), semi-analfabeta, sem instrução. Ela sustenta a família com esse salário (uma das filhas tem um estágio de nível médio na caixa e a ajuda, as outras duas não fazem nada). A minha pergunta é: você acha que isso é exploração, resquício de escravidão? Que outras opções ela teria de ganhar mais que um salário mínimo, já que não tem qualificação? Eu acho que nossa relação é profissional, ela me presta um serviço para o qual não tenho habilidade e eu a remunero por isso. Sinto-me um pouco mal de pensar que posso ser exploradora, que isso é quase escravidão e tudo mais. Mas é interessante ouvir opiniões diferentes e que me fazem pensar. Um beijo.

Unknown disse...

Claro que vale a pena escrever sobre a matéria no jornal...se tiver alguma piada do maridão. Escreva sim sobre a o jornal, com ou sem maridão, seus textos sempre são ótimos.

Anônimo disse...

"Porque, se os pobres acabarem, aí sim vai ficar difícil encontrar empregada doméstica."
Ahahahahaha ganhei o dia! Fica todo mundo alvoroçado!
Post fantástico Lola. Adoro!
Lúcia

h e r i c k y × disse...

depois de 130 comentários furiosos e muitas flame wars, eu acho ke ninguém vai dar bola pra minha jovem e agnóstica opinião, então vou falar TUDO.

Lola obviamente é Lulista e petista. ela conheceu a ditadura, é feminista e jamais conformada, e acha valoroso ter um presidente e Ministros de Estado que vieram "das bases de luta", e que tendo o poder, urgem em ajudar o povo da maneira mais ampla e direta possível. então, Bolsa Família neles. não é de todo bom, mas nada é de todo mal. é necessário, vamos manter isso em mente.

sobre as empregadas domésticas, isso não é uma coisa que se possa controlar. quando se trabalha e se ganha algum dinheiro, mas ainda se tem responsabilidades em casa, pra onde você vai destinar o tempo e dinheiro livre: lazer sozinho ou com a família, ou limpar e arrumar o seu lar? muita gente prefere, assim que têm dinheiro sobrando, a primeira opção. pagam uma empregada pra cuidar da sua casa - um emprego tão digno como qualquer outro, se for feito com esmero e com alegria, pra poder chegar do trabalho e não ter que lavar uma pilha de roupas ou encerar metros e metros de piso. se a empregada se sente mal com seu trabalho, então essa não é a vocação dela. se não é o que ela deseja fazer - colocando aparte a questão financeira, pois isso perde peso diante de um mal-estar mental - então é justo deixar o emprego pra viver só do Bolsa, ou do que for. ela não merece fazer isso só porque precisa do dinheiro. é uma decisão e um sentimento de cada uma das trabalhadoras e mães e donas-de-outras-casas, não é nosso. mantenhamos isso também em mente: cada um é um ser-humano. cada um toma suas decisões de acordo com a situação.

então o que esperamos pra legalizar o aborto? o que esperamos pra dar a cada mulher a decisão, assim como os homens têm a total e suja liberdade de assumir ou não seus filhos, de interromper uma gravidez quando ela chegar no momento errado? aborto é algo sério demais pra se pensar que as garotas vão confiar nele toda vez que "um acidente acontecer". conciliar o aborto legal, limpo, o mais seguro possível pra mulher, com o bom programa de educação sexual que já existe na maior parte no Brasil - e eu sei que existe porque sou estudante - é um ato de respeito a vida muito maior do que o puritanismo religioso. puritanismo hipócrita, que arruína futuros, que atrasa a civilização.

eu posso parecer um liberalista falando assim, mas não é rezando pra Deus que vamos ter o dinheiro no bolso durante todo o mês pro pão ou pras fraldas do nosso filho recém-nascido indesejado. a decisão de como fazer isso é nossa. e tenho dito, flamers.

Elaine Crespo disse...

Acho que são temas polêmicos e vão gerar muitas discussões!
Então me abstenho de dar minha opinião!

Parabéns pelo BLOG!

Um beijo
Elaine

iaeeee disse...

Tens razão Lola, as coisas não são mais como antigamente, mas é que quando penso em bolsa família só consigo imaginar essas famílias rurais mesmo de doze filhos pra cima( oito, sete...).Pode parecer preconceito, mas é essa imagem que eu tenho( tinha)sobre os pobres. Sabe aquela família que tem um machão como patriarca, e ele tem que provar pra todo mundo que é viril, então não economiza na quantitade de filhos? Como você disse, isso está virando coisa do passado, depois do êxodo rural as pessoas começaram a ter menos filhos meio que naturalmente. Obrigado por me abrir os olhos! Lola para presidente! hehehe

Anônimo disse...

Não sei já apareceu isso nos comentários, mas enfim, qual é o valor repassado aos atendidos no bolsa família? Que eu me lembre, é bem, mas bem menos que o salário mínimo por exemplo, e não dá para comparar com os benefícios da Inglaterra, por exemplo. Difícil alguém deixar de trabalhar para receber o bolsa família, se deixar, é porque já não ia trabalhar de qualquer forma e não pode ser tomado como regra. O bolsa família é só um complemento, nem tem o objetivo de sustentar famílias, mas ajudar a renda apenas.

Tina Lopes disse...

Dulce, eu tive empregada enquanto minha filha era nenê, e eu mal parava em casa e tals; a idéia era ter seus serviços por uns dois anos, fase mais difícil pra quem trabalhar fora, vc deve saber; mas ela acabou largando o marido, ficou sozinha com a filhinha pra criar, e eu acabei me sentindo responsável por ela. Se não tivesse arranjado um emprego numa fábrica, até hoje estaria comigo. Não me sinto uma exploradora por tê-la contratado; cumpri todas as obrigações patronais - todas mesmo, pq tem gente por aí que só diz que paga INSS e os direitos - e ela prestou serviços. Não vejo espaço pra culpa.

Santiago disse...

Marjorie:

Você não tem direito inalienável sobre seu corpo em hipótese alguma. Se você cometer um crime, mesmo sem querer, e for condenada, o que vai preso é seu corpo. Viu com está alienado? Você só tem direito inalienável sobre sua mente, ou poderia dizer sobre seu espírito, se você fosse cristã, ou tivesse outra religião qualquer.

Não me chame de meu filho, eu não te dei essa liberdade e não te faltei com o respeito, apesar da sua falta de tato para ao debate.

Santiago disse...

D.

Como é que é?

Você disse "Esse Santiago não merece existir neste universo que vc é habita e é tão bem frequentado por nós".

Você não é homem, né? Essa conversa não é coisa de homem.

Gabriela Martins disse...

Sobre o bolsa-família, apenas duas coisas: primeiro, que se a empregada se demitiu e resolveu se virar só com ele, é pq tinha algo errado no salário ou no emprego.

Me lembrou o caso de uma dona de classe média que tava com raiva pq a empregada havia se demitido e ia voltar pra terra dela por causa do BF. Claro, né, ia perder a mucama... se o emprego fosse uma maravilha, duvido que ela fizesse isso.

Segundo, querendo ou não é dinheiro injetado na economia. E dinheiro girando é bom, gera empregos, movimenta vários setores, etc. Tem que ser muito estúpido pra não perceber.

Anônimo disse...

Oi, Lolinha!

Adorei o post e os ótimos comentários.
Vc com certeza tem o blog com os comentaristas mais ativos, com posições bem fundamentadas, independente do lado que defendem. E pelo que vi tem muita gente, como eu, que não tem uma opinião tão formada ou fixa, está apenas trocando idéias.

Não tenho empregada doméstica, mas tenho diarista.Vou pagar diarista enquanto puder, pois detesto serviços domésticos -embora saiba fazê-lo- e prefiro dedicar meu pouco tempo livre a qq outra coisa, como estudar, passear, namorar ou dormir.Prefiro pagar uma diarista do que comprar um batom, por exemplo, mas se puder ter os dois, melhor.
Me parece que empregadas domésticas que dormem no emprego e não tem folga já quase não existem. As empregadas hoje, ao menos nas grandes cidades, estão muito bem informadas sobre seus direitos e é muito comum entrarem na justiça do trabalho requerendo tais direitos.
Sou a favor da legalização do aborto, pelo direito de opção da mulher.Daria pra fazer uma tese sobre isso, então não vou me estender.Dos três assuntos controveros que o post menciona,o único sobre o qual tenho conhecimento suficiente para ter uma posição definida há muito tempo é o aborto.
Sobre a bolsa-família, acho que ela ajuda muita gente, considero um avanço. Não julgo o modo como cada pessoa decide como vai gastar ou como vai viver a partir do momento em que recebe esse auxílio, o que cada um faz com seu dinheiro é algo pessoal, assim
como é pessoal minha opção de pagar e trabalhar para poder pagar uma diarista.
Parece que quem recebe a bolsa-auxilio passa a ter mais opções, como eu ou vc, que podemos escolher trabalhar/gastar mais ou menos.Mas acho que é a minoria, acho que a amioria dos beneficiados depende desse dineiro pra sobreviver mesmo.
Mas, como eu disse, sou mais do achismo, pois não conheço tão bem esse tema para ter uma posição definida.
Pena que tem tanto político que desvia o dinheiro que seria da bolsa família para fins ilícitos.

beijos e parabéns pelo post

Santiago disse...

Lola:

Sobre esse preconceito da direita cristã não gostar de sexo, eu não sei se é verdade, agora, eu não sei como a esquerda pode gostar de sexo com as mulheres que militam ou simpatizam com a esquerda. A esquerda só tem mulheres horriveis. Nas prefeituras com administração petista que fui, nossa, que horror.
Desde o tempo do comunismo já era assim. Será que é um padrão? Veja duas expoentes da esquerda de hoje como exemplo: Heloisa Helena; Marina Silva. E olha que essas duas não são as piores. Credo!

Anônimo disse...

LOlinha, vou corrigir a frase para meu comentário fazer sentido:

" Mas acho que é a minoria, acho que a MAIORIA dos beneficiados depende desse dineiro pra sobreviver mesmo"

beijos

Santiago disse...

L. Archilla:

Eu posso saber o que eu quiser sobre você pela sua linha de pesamento.

Gabriela Martins disse...

Sobre o Santiago, Lola, acho que passou da hora de bloquear o infeliz. Sério.

Unknown disse...

Hahaha, adorei! Pelo menos essa conversa toda fez o Santiago assumir uma coisa que ele devia estar doido pra falar: mulher de esquerda (e feminista) é tudo feia! Uhu! Parabéns Santiago, pelo menos agora vc foi honesto!

E antes que fale que eu me incomodei pq sou feia tb, posso lhe garantir que sou um pitelzinho ;)

canis sine dentibus disse...

Santiago,

Você, como todo o bom membro da direita, tem argumentos de uma criança de dez, nove ou oito anos, ou melhor, o de uma criança que começou a balbuciar o gu-gu-da-da. Além de pertencer a mais baixa ala da direita (acho que aqui eu estou cometendo um erro, toda a direita é baixa), você consegue fazer esquerda rir como nenhum outro tipo de empregado cicense conseguiria. você é ilário, parabéns, seus argumentos são os mais convincentes e a forma como você os defende são grandiloquentes, digno de um Pe. Vieira ou Horácio (não sei se você percebeu, mas, estou sendo irônico).
Por favor,você poderia nos falar mais sobre o tempo do comunismo? Não me lembro dele nem de tê-lo estudado nas aulas de história.
Continue sempre assim.

Anônimo disse...

Santiago, vem cá, meu bem. Aposto uma jujuba que vc cursa Direito e, deslumbrado com o que tem aprendido, escreve textos com expressões do tipo "esse ato governamental ocorreu ao arrepio da lei" (ui!) ou "o festejado doutrinador firmou a sua posição no sentido (argh!) de defender a vida humana". Conta pra gente a sua trajetória profissional, conta... Esse debate está muito aborrecido.

Anônimo disse...

Achei seu texto muuuito interessante e me fez reavaliar e questionar minha opinião sobre esses auxílios, mas na parte de que se as pessoas com o auxílio conseguem sobreviver e resolvem parar de trabalhar não acho bacana. Elas terão uma vida? Ok, mas se essas famílias recebem ajuda para que melhorem suas condições porque não continuar trabalhando e aumentando a renda com a bolsa? Do contrário os filhos vão crescer e pensar que não é necessário correr atrás dos seus objetivos afinal o governo vai ajudar quando a situação estiver 'preta'.
Na questão do aborto sou a favor de que se ele for legalizado haja uma política de inclusão do homem nas responsabilidades e riscos dessa atitude afinal eles são os primeiros a querer a intervenção quando a situação complica.

Muitíssimo obrigada pelos parabéns sobre a faculdade e segui seu conselho de atualizar o blog mas ainda não foi dessa vez sobre as minhas expectativas apesar de já ter o texto pronto. Na verdade tenho aquele blog que escrevo de uma forma mais formal e agora um novo que falo mais pessoalmente, e foi nesse que escrevi sobre o caso do jogador do Robinho. Se não for te incomodar de novo visite esse outro e dê a sua opinião sobre essa polêmica www.pyn-up.blogspot.com

Muitos Beijos e desculpe pelo tamanho do comentário(foi empolgação).

lola aronovich disse...

Vamos ver se consigo responder os comentários de forma bem sucinta, ou senão vou ficar mais 6 horas aqui. Vamos lá, Lolinha, poder de síntese, vc consegue.


VanessaBh, adorei seus exemplos. Esses moralismos têm de parar de serem aceitos como se fossem verdades absolutas.


Babsiix, espero que vc não tenha se sentido execrada de nenhuma forma. A gente pode não ser muito respeitosa com os trololós, mas é com os outros. Seu comentário rendeu um ótimo debate, querida!

lola aronovich disse...

Thanatos, eu acho lindo quando o capitalismo justifica explorar os empregados para que “nós” possamos ser competitivos. Vc já deixou clara sua posição: acha que governos não prestam, só estão aqui para roubar dos ricos, através de impostos, e que as empresas privadas, essas sim, se preocupam com o cidadão e sabem distribuir renda. Não quero impedir o desejo de ficar rico em ninguém. Só quero apontar que existem outros caminhos. E defender uma limitação pra riqueza não quer dizer impedir alguém de alguma coisa.


Srta T, vc ainda vai ter que batalhar muito pra eu te incluir nos 5%. Até seu namorado levou UM ANO de namoro até descobrir que não, vc não é de direita, é de centro. Acabei de te conhecer, temos tempo ainda...

lola aronovich disse...

Mari, há, adorei o comentário da mulher que quer morar nos EUA e levar a empregada: “Essas Isauras quando descobrem a liberdade aqui nos EUA abandonam a gente”! Que chique! A carga da maternidade é grande, mas tenha calma que pouco a pouco vc vai realizando sues outros sonhos... Abração, e boa viagem a Flórida!


Srta T, médicos e advogados no Brasil não têm carro e casa? Tadinhos, deviam ir todos pros EUA trabalhar de empregadas...

lola aronovich disse...

Mari, é, isso de quem não tem vagina não deve opinar sobre aborto é meio radical. Eu acho que opinar tudo bem, não tô nem aí com o que o Santiago acha, por exemplo, mas legislar de acordo com essas opiniões é outra história.


Felipe, fico feliz em saber que vc é a favor do aborto. Vou ler seu texto sobre 2001, mas tá faltando tempo...

lola aronovich disse...

Barbara, legal saber que morar na Inglaterra te tornou mais a favor do welfare state. Sim, há malandros, mas duvido que sejam a maioria. Acho muito melhor ter uma sociedade justa, que ajude os mais necessitados, do que o “cada um por si” dos EUA. Eles acham o sistema de previdência o cúmulo, e chamam de “nanny state” (estado de babá).


Má, obrigada. O pessoal confunde a opção de poder abortar com uma obrigadação de ter que abortar. Pularam a palavra “opção”, que é a chave aqui.

lola aronovich disse...

Marj, concordo com o que vc diz ao trololó, mas, obviamente, prevenir uma gravidez é muito mais fácil que remediá-la com um aborto. Então é preciso mais educação sexual. Existem até métodos naturais que ajudam a prevenir a gravidez. Lógico, estão longe de ser infalíveis, mas melhor que nada. Concordo plenamente com o que vc diz sobre considerar o corpo da mulher propriedade dos outros. Sim, uma visão dessas incentiva estupros e violência doméstica.


Dulce, eu já acho um avanço que sua empregada não durma na sua casa. Pra mim, esse é um tipo de senzala. Não sei se ela tem como ganhar mais. Mas 500 reais é bem baixinho. Isso é em SP? Depende da cidade, do custo de vida. Vc paga transporte? Ela mora perto de onde vc mora? Porque senão, qual parte do salário ela gasta em transporte? Ela vai andando? Tudo isso é pra se considerar.

lola aronovich disse...

Ok, Clau, vou escrever, obrigada pelo incentivo.


Lúcia, obrigada, que bom que vc gostou.

lola aronovich disse...

Há há, Hericky, do jeito que vc começou, dizendo que ia falar TUDO, eu até tremi nas bases! Mas vc parece concordar bastante comigo. Discordo quando vc diz que, se a empregada não trabalha com alegria, essa não é sua vocação. Primeiro que acho que muita, muita gente, em todo tipo de emprego, não trabalha com alegria. Trabalha pq precisa. Depois que... vocação pra ser empregada? Acho que uma mulher pode sentir-se realizada por ser mãe e dona de casa. E acho que ela pode gostar de ver a casa limpinha, mas o processo de limpá-la não é lá muito agradável (até pq ela sabe que logo logo precisará limpá-la novamente). Mas acho que a empregada sabe que está trabalhando como empregada porque não tem muitas opções. E ela pode ver isso como melhor do que nada, mas ver como vocação? Acho difícil.
Ah é? A educação sexual está sendo bem dada nas escolas? Fale mais disso!


Elaine, não precisa se abster não. Coragem! Aqui todo mundo é polêmico.

lola aronovich disse...

Iaeee, sei, essa noção de família pobre com 12 filhos é a que a classe média continua tendo em mente. Mas não corresponde à realidade. E ter um crescimento populacional muito menor traz vantagens, claro, mas tb traz desvantagens. Muito em breve deixaremos de ser o quinto maior país do mundo.


Simone, eu tb não sei o valor, mas claro que é muito, muito menor que o mínimo. É só um complemento mesmo.

lola aronovich disse...

Tina, vc pagou a sua empregada, ela prestou serviços. Não é uma questão individual. É uma questão de classe, e de países onde a concentração de renda é enorme. É pra se pensar porque essa situação não acontece nos países ricos.


Santiago, o que acontece? Chega a noite e o efeito dos tranquilizantes vai passando, e vc dispara a ofender todo mundo? Já passou da sua hora de recolher e os homens de branco ainda não apareceram?

lola aronovich disse...

Gabriela, como a gente sabe, encontrar uma boa empregada doméstica é algo importante pra classe média, que não gosta nadinha quando uma volta pra sua terra, decide parar de trabalhar... Felizmente, a opção “se aposentar” não costuma ser uma possibilidade concreta.


Cris, obrigada pelos elogios. Acabei de ir no primeiro site que apareceu sobre empregadas domésticas, e os números são: há 410 mil crianças no emprego doméstico no Brasil (trabalho infantil); 1, 8 milhão de domésticas ganham de 0 a meio salário mínimo; 4,9 milhões não têm carteira assinada; e 1,8 milhão tem direitos trabalhistas e previdenciários. Ontem, quando estava procurando fotos para ilustrar o post, vi alguns números. Acho que 43% das domésticas dormem no emprego (agora não consegui achar). Os números não são muito positivos...
E sobre o dinheiro da bolsa família ser desviado, parece que não é bem assim. Saíram vários posts no blog do Luis Nassif falando da auditoria que fiscaliza essas bolsas. Parece que eles conseguem seguir bem o dinheiro.

lola aronovich disse...

Pois é, Santiago, nós, feministas de esquerda (existe outro tipo?), somos feias, bobas e chatas. É uma pena que não possamos fisgar um Adonis como vc.


Gabriela, o infeliz anima a galera. Ele não é exatamente respeitado...

lola aronovich disse...

Elyana, ah, mas vc não vale! Vc tem até namorado! Não é uma feminista típica! Há há há, a gente se diverte...


Canis, eu conheço crianças de 7 anos com argumentos muito melhores que os do Santiago. Ele é engraçado, não se pode negar.

lola aronovich disse...

Anônimo, há há, ri muito com o seu coment. O Santiago já disse que é mais velho do que eu (mais de 45, 50 anos), e não acho que ele cursa alguma coisa, não. Ele tem um pouco de dificuldade com as palavras, inclusive.


Carol, a questão é que eu e um monte de gente não acreditamos muito que um monte de gente deixe de trabalhar pra viver só de auxílio. Ah, nem sei que caso é esse do Robinho. Se puder darei um pulo no seu blog. Agora são 3:50 da manhã e é RIDÍCULO que eu esteja acordada. Boa noite, pessoal!

JAM disse...

Lola,

Post excelente como sempre.

Sou mae (alguém perguntou sobre uma leitora que era mae) e sou a favor da legalizaçao...

Acredito que quem morre no Brasil sao as pobres. As que têm um dinheirinho a mais vao para clínicas clandestinas 'mas organizadas"...

Lembro que quando morava no Recife, uma menina de classe média morreu durante um aborto...A 'Clínica" foi fechada...Mas imaginem quantos abortos nao tinham sido feitos ali? Se vc tem dinheiro no Brasil, vive a parte da lei...Pode fazer aborto, sim!

Entao, legalizar é oferecer a todos a oportunidade de fazer o procedimento de forma digna.

Sobre o bolsa família...Perfeita todas as suas colocaçoes. Quando morava na Bélgica e agora na Alemanha...Os impostos sao altos...Todos pagam para todos e vivem "felizes"...No Brasil, ninguém que pagar nada..............

Nada de dividir a renda...Mas como podemos crescer sem dividir a renda???!?!??@

Anônimo disse...

Oi Lola, gostei muito mesmo desse post, não vou comentar tudo porque ele aborda vários temas diferentes, mas achei muito interessante a ligação que tu fez entre eles. Sabe que há umas semanas eu recebi um email com um texto sobre o porteiro que se demitiu para viver de ajuda do governo (http://edself.blogspot.com/2008/06/quer-ganhar-dinheiro-sem-fazer-nada-ta.html) e achei um absurdo, tipico da classe média brasileira que se acham os mais trabalhadores e honestos, atacados por todos os lados: pelo governo corrupto liderado por um semi-analfabeto que os obriga a pagar impostos e pelos pobres todos marginais que pensam em roubar sua propriedade ou viver de bolsa-familia, que é o dinheiro que esse governo tira desses nobres cidadaos para dar aos pobres. Terrivel!
Mas como sempre essas pessoas sempre tentam justificar suas posicoes com o exemplo do porteiro do predio do filho do amigo do cunhado ou a empregada do chefe da tia da vizinha.
O que eu acho muito errado é as pessoas pensarem que empregando uma doméstica estão "ajudando" ela, queria saber se esses pessoas também acham que seus empregadores as estão "ajudadando" porque pagam o seus salários. Uma empregada proporciona um conforto enorme porque não é todo mundo que gosta de fazer o trabalho que elas fazem, mas como isso pode custar bem pouco - porque acho que pagando todos os direitos trabalhistas, 13o, férias, vale-transporte não sai tão barato ter empregada - as pessoas tendem a não valorizar.

Sobre a Inglaterra, eu não acho que o problema do welfare state são os abusadores do sistema. Bom, há uns seis anos talvez achasse, porque a primeira vista essa pode ser a impressão, principalmente lendo jornais como o Daily Express e o Daily Mail que sempre encontram famílias enormes, muitas vezes de imigrantes, que recebem pequenas fortunas em benefícios. Logo que cheguei na Inglaterra eu vivia reclamando de ter que dar 27% do meu salário lá para sustentar bêbados e mães solteiras. Mas em 5 anos lá deu para ver que a coisa não é bem assim. De todas as pessoas que eu conheci lá, e foram muitas, lembro de apenas 2 amigos que receberam seguro desemprego (jobseekers allowance) por um tempo. Segundo eles não é algo que se deseje para toda a vida.
Também vi um documentário sobre mães solteiras que vivem de benefícios - que não dá para tomar como regra geral, mas apenas para exemplificar que existe outro lado que o Daily Mail não mostra - e a vida delas não era nada fácil como eu sempre pensei. A grana era pouca, as casas em que elas moravam eram péssimas, uma delas com vazamentos e sem aquecimento.
Isso num país considerado 1o mundo.

A Polly Toinbee, que é comentarista do The Guardian, escreveu um livro chamado Hard Work ha uns 5 anos. Ela passou 5 semanas trabalhando em serviços que pagam salário mínimo: cozinha de escola, creche, limpeza. No final ela concluiu que quem tem mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho são mães solteiras com filhos pequenos. Por falta de quem cuide dos filhos, essas mães precisam pegar os piores empregos, que pagam por hora, em horários bem ruins e que não tem nenhuma estabilidade, mesmo assim muitas preferem trabalhar a viver de benefícios.

Santiago disse...

Lola:


Quer dizer que é só a Lola, a dona do Blog, que pode ofender e desrespeitar os outros e esses não devem falar nada?

É da cartilha do PT: o Lula passou todo governo FHC, atacando e atrapalhando, agora ninguem pode falar nada dassas mer...avilhas que ele está fazendo.

Oh gentinha!

Anônimo disse...

Lola, eu não conhecia esses números.
Quer dizer, sei do trabalho infantil, mas nem considerei isso no meu comentário, pois me parece meio óbvio que é crime empregar uma criança como empregada doméstica, então a análise que fiz foi em cima das empregadas adultas, com direitos trabalhistas garantidos.
Pena saber que é a minoria.

Antes pensava que vc devia bloquear o trololó, mas agora acho que não.
Ele é nosso bobo da corte, ofendendo, falando asneiras e se achando o máximo por usar (mal)linguagem jurídica, ahah.

Não vou nem falar, ahaha, mas votei várias vezes no PT e uau! tenho namorado, sou gata e não passo um dia sem ouvir um elogio masculino. OH, sou feliz, os homens me admiram. Isso muda minha vida.
Talvez eu tivesse alguma esperança com nosso Adonis...;P.

beijos, Lolinha.

Anônimo disse...

43% dormem no emprego?
Fiquei surpresa, achei que era uma prática em extinção.
E bom saber que tem fiscalização pra bolsa família, vc viu esses dias que tinha um cachorro recebendo? Não lembro direito se era gato ou cachorro, mas enfim, um animal de estimação.
Tem que fiscalizar mesmo, tanto o desvio como para quem vai exatamente, para que não saia das mãos de quem precisa.

beijos

Anônimo disse...

Uahhahaha, gente, o TROLL que diz "feministas são feias, buáá" vira para mim e diz que sou eu que não tenho "tato para o debate".

E, ó, Lola, se bloqueou o João Neto, bloqueia o Santiago tb, porque são a mesma pessoa. Não acho que seja coincidência que, quando um foi bloqueado, o outro logo ressurgiu. Outra semelhança é que ambos "garantem" as coisas. Lembra? João Neto "garante" que a mãe dele, dona de casa, é mais feliz do que todas as outras mulheres. Santiaguito "garante" que a mãe da Lauren sofre até hoje com o aborto espontâneo. O hômi é melhor que as Lojas Marabras, garante tudo!

(E eu aposto que é ele um tal de Bruno/Adelsson que deu uma de trololó no meu blog e no meu e-mail também. O estilo de escrita é parecido. Eu, héin, psycho.)

Agora dá licença que eu vou ler os comentários da galera que vale a pena ser lida.

Anônimo disse...

D.,

adorei o seu comentário sobre aborto; a parte do "homem aborta pelo não". Foda.

Srta.T disse...

"Srta T, vc ainda vai ter que batalhar muito pra eu te incluir nos 5%. Até seu namorado levou UM ANO de namoro até descobrir que não, vc não é de direita, é de centro. Acabei de te conhecer, temos tempo ainda..." - Olha, acho que não tenho que batalhar nada, sinceramente. Não batalhei para convencê-lo disso e tampouco mudei minha forma de pensar. Por mim, continue achando o que quiser: realmente não me preocupo em provar nada pra ninguém. E, ainda que me importasse, sem ofensas, não seria com a sua opinião. Até onde eu sei, você não é uma autoridade no assunto. Ou é?

"Srta T, médicos e advogados no Brasil não têm carro e casa? Tadinhos, deviam ir todos pros EUA trabalhar de empregadas..." - Isso é uma baita alienação da situação atual e um desrespeito com quem trabalha com o que gosta. Eu não tenho carro e casa, vários outros profissionais de várias áreas também não têm, e não é porque não queremos, sabe? E como eu disse quando respondi pra Elyana, eu não vou para os EUA trabalhar como empregada porque gosto do que faço, acredite quem puder. Mas iria para qualquer lugar trabalhar como advogada, se achasse que é o melhor pra mim.

E, na boa, com todo o respeito aos outros comentaristas, não apareço mais aqui. Vim porque adoro debate, discutir sobre temas polêmicos. Mas me ofendo demais quando colocam palavras na minha boca, dizem que eu "acho", que eu "falei", coisas que eu nunca pensei ou disse. Uma já me acusou de tê-la chamado de terrorista, de querer o extermínio da população palestina de Gaza, e eu achei o cúmulo. Aí vem a dona do blog e me diz que me considero menos privilegiada que uma doméstica, que estou me fazendo de coitadinha, coisa que tenho plena certeza que eu nunca disse.

Deu, pra mim. "os incomodados que se mudem", e eu já tô mais que atrasada.

lola aronovich disse...

Jamine, exatamente. Uma parte da classe média não parece entender que a maior diferença entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos é a distribuição de renda. Ela se dá através de impostos. E é como vc diz, na Europa os impostos são altos (nos EUA tb, mas o pessoal acha que apenas no Brasil é que temos impostos), e todos pagam.


Paola, excelente comentário, principalmente a parte em que vc diz que a classe média com empregada não só não acha que a está explorando, como, inclusive, que a está ajudando. E o que esse pessoal acharia se seu empregador usasse o mesmo discurso: “Estou AJUDANDO esse profissional dando-lhe trabalho”? Imagino que ficaria ofendido. Mas esse é o discurso oficial de quem tem empregada doméstica.
Obrigada tb pelo link do carinha desqualificado, que espalha qualquer besteira que ouve sem checar, como o porteiro que se demitiu em Natal pra receber - pasme! - R$ 1.500 por mês de bolsa-família! Isso de parar de trabalhar por causa de auxílio é tão raro que, quando acontece, vira manchete de jornal. E não só aqui. Como vc diz, jornais como Daily Express e Daily Mail adoram publicar casos de gente que abusa o sistema. Por quê? Porque esses jornais são contra o sistema! E vendem pra um público que tb pode ser contra. Daí as exceções são alardeadas com grande destaque, e todo mundo pode dizer: “Viu como o sistema não funciona? Governo só atrapalha!”. Que é o que eu ouço desde que sou criança.

lola aronovich disse...

No link que a Paola sugeriu há um post ridículo de alguém que não pensa, mas uma pessoa postou um comentário embaixo, que reproduzo aqui:
http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=309&lay=pde
"Apoiado pelo PNUD, o Bolsa Família, principal programa federal de complementação de renda, incorpora os benefícios de quatro outros projetos: Vale Gás, Cartão Alimentação, Vale Refeição e Bolsa Escola."
Ou seja, não existe mais vale refeição, nem bolsa escola, nem cartão alimentação nem valé gas (e não era nada perto dos R$60 do texto)
E o Cartão Cidadão não é um benefício, é o nome do cartão que se usa pra sacar o dinheiro, apenas isso.
§ 2o O valor do benefício básico será de R$ 58,00 (cinqüenta e oito reais) por mês, concedido a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 60,00 (sessenta reais). (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)
II - o benefício variável, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes até 15 (quinze) anos, sendo pago até o limite de 3 (três) benefícios por família; (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)
III - o benefício variável, vinculado ao adolescente, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza e que tenham em sua composição adolescentes com idade entre 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos, sendo pago até o limite de 2 (dois) benefícios por família
§ 3o Serão concedidos a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 120,00 (cento e vinte reais), dependendo de sua composição:
I - o benefício variável no valor de R$ 18,00 (dezoito reais); e
II - o benefício variável, vinculado ao adolescente, no valor de R$ 30,00 (trinta reais).
R$58 + 3 x R$18 + 2 x R$30 = R$172.
É o MAXIMO que se ganha com bolsa família, caso a pessoa tenha CINCO filhos e renda familiar abaixo de R$60 por pessoa, no caso, uma familia com pai, mãe e 5 filhos precisaria ganhar no máximo 420 reais pra receber isso.
Alguem para de trabalhar pra ganhar apenas 1/3 do salário de um salário que é considerado ainda EXTREMA POBREZA?”

lola aronovich disse...

Cris, pois é, a classe média, pra aliviar sua consciência, acredita no que quer: que as empregadas são todas registradas, têm todos os direitos, que não há trabalho infantil, e que os patrões ainda estão ajudando, dando um emprego a alguém tão desqualificada.
Sobre a fiscalização pra bolsa, pois é, houve o caso do cachorro que recebia bolsa. A auditoria conseguiu descobrir e mudar isso em seis meses, o que é bastante rápido, considerando as décadas que alguém pode receber pensão fraudada da aposentadoria... O que tá no Luis Nassif é que a auditoria do bolsa-família é tão sofisticada quanto a usada em empresas de primeira linha como a Petrobrás.


Marj, eu não bloqueei o João Neto. Nem sei bloquear alguém. Será que os dois são a mesma pessoa? Não tenho certeza. É suspeito que ambos nunca tenham aparecido juntos, mas... Enfim, não vamos reaviver os mortos. Felizmente o João Neto sumiu. Daqui a pouco o Santiago some tb (acho que a frequência dele tem a ver com os medicamentos que ele toma no manicômio).
Ótima a colocação da D, né?

lola aronovich disse...

Srta T, quando eu disse que vc vai batalhar muito pra ser incluída nos 5% e que ainda tínhamos tempo eu estava sendo irônica, de um jeito até carinhoso. Mas eu sempre esqueço que, em geral, pessoas de direita têm dificuldade em entender ironia e não têm muito senso de humor.
Sobre colocar palavras na sua boca, estamos debatendo. Vc, como advogada, deve saber que, num debate, recapitula-se, resume-se o que a pessoa disse, e, se a pessoa foi mal-interpretada, ela explica que não, não foi isso que ela disse ou quis dizer. E as pessoas procuram não se ofender muito. Mas vc é totalmente livre e pode fazer o que quiser, inclusive frequentar blogs de pessoas que pensam como vc. Boa sorte.

Ana Rute disse...

haha o santiago me lembrou de quando eu tinha uns 10 anos e tinha acabado de descobrir a internet. eu tinha uma prima que adorava se passar por outras pessoas em chats para falar besteiras(e eu ria bastante). acho que no fundo ele também está rindo de isso tudo e santiago é apenas um personagem, pois não é possível alguém argumentar tão infantilmente como ele está fazendo (e faz em todos os outros posts). é bom que nos diverte também!

ótimo post lola! concordo com voce em varios pontos mas preferi me ausentar nos comentarios, pois nao tenho conhecimento nem experiencia para discutir bolsa familia. quanto ao aborto, sou totalmente a favor como ja foi dito pela maioria. apesar da ausencia estou acompanhando a discussão e gostando bastante.

Margot disse...

Oi, eu concordo com a Srta. T e não entendo pq você é tão agressiva com ela. (mas a parte de ser carinhosa como o comment dos 5% foi ponto pra vc - essa eu fiquei do teu lado)

Primeiro, não entendo a necessidade de rotular uma pessoa como sendo de direita ou esquerda;

Segundo, não te entendo quando vc diz coisas como "Por favor, não diga que vc não poderia trabalhar menos. Seria só gastar menos, ter um padrão de vida vida ligeiramente menor, que vc poderia viver com muito menos" - Ué, a pessoa trabalha para, entre outras coisas, viver como bem entende. Qual o problema de ter um padrão A, B ou C? Ora, se vc quer ter um padrão A, trabalhe para isso - se está contente com um padrão C que bom também.

Já que estou falando de coisas que eu não entendo, tbém não vi o menor sentido naquele seu post sobre felicidade, ser normal, etc. Para mim isso é totalmente uma não issue - tipo é ÓBVIO q sempre vai ter um fulano se estressando se vc não tem carro, não tem filho, não tem determinado tipo físico, etc. Mas really, vc sente a necessidade de se justificar??? Fala sério! (Se bem que pelo jeito aquele post foi um tanto catártico, parece q várias outras pessoas sentem a necessidade de dizer eu tbém não me encaixo no padrão - hello NINGUÉM se encaixa, mas zuzu bem) Ah, e só para deixar BEM claro: eu acho que o normal é não ser "normal" por isso q fiquei tão impressionada como as pessoas (ainda) dão (tanta) bola para a opinião dos outros...

Unknown disse...

Menina, eu tb não consigo me afastar desses comentários :D
Vc disse aí acima que: "E o que esse pessoal acharia se seu empregador usasse o mesmo discurso: “Estou AJUDANDO esse profissional dando-lhe trabalho”? Imagino que ficaria ofendido."
Olha, é praticamente isso que acontece. O caso das empregadas domésticas é algo mais gritante, mas como bem disse um professor de sociologia que eu tive, vivemos em um país de nhánhás e nhônhôs. Todos acham que podem e devem explorar quem está no degrau de baixo, com a ameaça do chicote estalando. Pelo menos, em todas as empresas que eu passei, senti claramente isso. Acho que rola uma certa transferência de explorações.
Ah, e lembra do caso no Rio onde as babás foram proibidas de entrar na piscina com as crianças?

lola aronovich disse...

Ana, acho que não. O Santiago só demonstrou ter algo minimamente parecido com um senso de humor uma vez (não lembro quando). E mesmo as pessoas como a sua prima, que entram nos comentários pra falar besteira e rir, tem um lado cruel. Que bom que vc está acompanhando todos os coments.!


Elyana, mas não é? A Paola deu uma excelente contribuição em lembrar isso do “estou ajudando”. Vc acha que isso acontece em outras áreas? Mesmo? Nunca trabalhei num lugar que o chefe me dissesse “Estou fazendo o favor de te dar trabalho”. Eu ficaria muito ofendida, imagino. Diria: Como assim? Eu sou contratada pra fazer isso, executo essas funções e vc me paga. Qual o favor? Concordo que role muita exploração em TODAS as áreas, mas não vejo esse componente de “Vc é uma pobre coitada e eu sou uma pessoa super legal que está aqui pra te ajudar... pagando salário mínimo”.
Não lembro desse caso das babás, não. Como foi?

lola aronovich disse...

Mi, não acho que fui tão agressiva com a Srta T (acho que fui mais com o Thanatos, por exemplo), mas é que chega uma hora que cansa. São muitos coments, muitos looongos... Ontem fiquei 7 horas respondendo coments! Não deu pra fazer praticamente mais nada no dia. Acho que fica difícil entender pra quem não tem um blog com tantos coments, ou com tantos temas polêmicos. E chega uma hora em que vc não está mais debatendo com aquela pessoa, que vc vê que ela tem um sistema de valores que, sim, podem ser facilmente rotulados como direita, e eu tenho o meu sistema, claramente de esquerda. E são sistemas antagônicos em muitos pontos.
O coment que vc destaca foi o seguinte: ela disse que trabalha 10 horas por dia e não poderia trabalhar menos. Isso não é verdade. Não estou criticando o padrão dela nem nada, não quero que ela vire classe C. Acho que praticamente qualquer pessoa com os nossos privilégios de classe média (sei que muita gente privilegiada tem um problema em aceitar que tem privilégios) pode viver com menos. Não estou falando que DEVE, estou falando que PODE. Há uma diferença gritante aí. Se uma mãe solteira pobre precisa trabalhar como empregada meio período por dia numa casa e mais meio perído noutra, pra sustentar 3 filhos, ganhando 400 reais em cada uma, aí eu não sei se é possível trabalhar menos. Mas nós de classe média temos opções que as pessoas pobres não tem. Há vários movimentos internacionais que defendem que se viva com menos. Isso se chama frugalidade. Mas não é essa a questão. A questão é uma advogada dizer que PRECISA trabalhar 10 horas por dia pra sobreviver.
Aquele meu post era muito mais sobre normalidade que sobre felicidade. E a maior parte dos meus leitores achou interessante saber que esse conceito de normalidade começou apenas no século 19 (muito recente), com a Revolução Industrial, e que teve grande influência da estatística e da eugenia. E há muita cobrança pra que a gente se encaixe em padrões pré-estabelecidos. Eu só questionei essa cobrança e a relevância em seguir normas que foram impostas. Muita gente acha que só pode ser feliz sendo normal - veja o caso das mulheres que vivem fazendo dieta, por exemplo. Pra mim, é um tema bem longe de ser um non-issue, e quero voltar a falar nele.

Anônimo disse...

Não li os comentários. O que me chamou a atenção foi o inicinho do post:

"a ideia de dar dinheiro é pra tentar diminuir as diferenças, ajudar quem não tem ou só tem dinheiro pra (mal) comer. Assim os pais podem comprar um brinquedo pros filhos, roupas, ter condições de dar um doce quando a criança pedir... Além do básico: pagar contas, ter um lugar pra morar, e feijão e arroz na mesa"

Trabalhei diretamente com pessoas que recebiam o bolsa-família entre 2005 e 2006. E o dinheiro era importantíssimo para aquelas pessoas. Não como supérfluo, pra comprar brinquedo ou doce, mas pra garantir o mínimo de arroz com feijão. A maior parte dos meus clientes tinha renda ZERO, ou seja, o bolsa-família era fundamental pra evitar a desnutrição das crianças (e como tem a contrapartida, elas eram vacinadas e obrigadas a frequentar escola - pena que não tinha creche na região...)

Pra piorar, a chance de entrar no mercado de trabalho formal também era bem próxima de zero. A falta de qualificação era gritante, analfabetismo funcional, baixa escolaridade, pouca instrução em algum tipo de ofício. Vi muitas mulheres fazendo faxina por 10 reais, e elas iam felizes, porque era melhor do que nada.

Aí fico pensando como tem gente que tem coragem de reclamar desse tipo de programa social: ou se tem o bolsa-família, ou o futuro dessas pessoas vai ser muito pior.

É questão de sobrevivência, não de supérfluos. E é uma pena que a maioria das pessoas só veja a situação com um olhar de classe média escandalizada com o auxílio aos pobres. Tem o povo que bebe o auxílio, e tem o povo que quer viver encostado, sim, mas são minoria. A grande maioria só quer sobreviver, e usa esses programas de governo pra garantir aos filhos uma vida melhor do que a deles.

Desculpa o comentário longo, Lola, mas essa questão vive atravessada na minha garganta. Como você bem disse, é uma questão de sobrevivência. Enquanto as pessoas não entenderem isso, vao ficar divulgando informações erradas, e não vão pensar no que realmente significa nascer em uma família miserável.

Anônimo disse...

Já trabalhei como professora estagiária de escola pública aqui no MA. Meus alunos eram todos muito pobres e não tinham qualquer ânimo para estudar. Tentava instilar a curiosidade deles, despertar a vontade de pensar, mas era um esforço baldado. Eles me diziam: "Estudar e trabalhar pra quê, fessora? A gente quer é que o governo dê tudo".

Bom, é conformismo isso. Digamos que todo mundo pensasse e agisse assim. Quem pagaria a conta? Afinal, alguém tem que trabalhar e gerar impostos que pudessem ser aplicados no bolsa-família e em outros programas. Nessa hora a classe-média será lembrada e chamada para assumir sua responsabilidade social. É um dever (cristão) esse de dar esmolas aos pobres, o que me faz lembrar que todo o esquerdismo padece de salvacionismo cristão. Não nego a importância que a bolsa-isso ou aquilo possa ter para a economia do país e principalmente para os mais necessitados. Mas a preguiça mental de quem fica esperando a ajuda cair do governo ou do céu me tira do sério. Penso em Macunaíma, estendido na rede e suspirando: "Ai que preguiça". Quer umsímbolo nacional? Taí.

Lembro dos meus alunos carentes, mas alunos de classe média e filhinhos de papai em geral padecem em graus ainda mais elevados de preguicite física e intelectual aguda, enquanto desfrutam do dolce far niente da sua juventude dourada.

Anônimo disse...

Nossa, que post polêmico este. Fiquei impressionada com a imaturidade de alguns comentadores também. Tem gente aí que só faltou fazer sinal e dizer "tô de mal de você pra sempre, você é feia, chata e boba". Que coisa...

Anônimo disse...

Lolinha!

Entendo que são muitos, muitos comentários...mas tbém achei que vc pesou a mão com alguns comentaristas, incluindo eu mesma. :)

Quando eu disse que não sabia que 43% das empregadas dormem no emprego, isso não quer dizer que eu use esse desconhecimento para aliviar minha "consciencia de classe media", de modo algum.
Inclusive eu falei que não considerei, no meu comentario, a questão do trabalho infantil, que é óbvio que existe. E tampouco o considerei na minha análise justamente porque, repito, aí trata-se de crime. Então eu quis resumir minha opinião sobre o que eu sei, que, conforme eu já disse, não é muito.
Então quando eu disse que não sabia que 43% das empregadas ainda dormem no emprego, é porque eu só tenho diarista e , das pessoas que eu conheço, tbém não há empregadas que durmam no serviço. Acho mesmo que só conheço pessoas que contratam diaristas. Todas maiores, que fique bem claro.

Agradeço as informações que vc me passou, mas achei meio nada a ver vc falar que as pessoas de classe media usam o desconhecimento para aliviar a consciencia...até pq eu falei, justamente, que não tinha muito conhecimento sobre o assunto e esse percentual de 43% era mesmo desconhecido pra mim.
Eu não dei um chute sobre algo que não conheço: eu disse que não sei muito a fundo sobre o tema e vim torcar ideias...então achei que vc pesou a mão com seu comentário de aliviar a consciencia.

beijos

Anônimo disse...

Engraçado, há um certo numero mulheres bem sucedidas no mercado de trabalho que largam tudo para cuidar dos filhos, provavelmente formaram um bom fundo para isso e/ou tem companheiros que conseguem prover a família, são exemplos de desprendimento da vida profissional, oh, que lindo, estão exercendo sua função de mãe e tal.
Quando uma doméstica larga o emprego (que como a personagem de Graziela Moreto mesmo diz no filme Domesticas:" quando se é criança, ninguém diz “quero ser doméstica quando crescer”, isso não é profissão, é uma sina"), pois este lhe paga pouco mais que o bolsa (que é uma ajuda para quem mantém os filhos na escola), para ficar em casa e cuidar dos filhos, a coisa muda e ela é mal vista.
O que é melhor para a sociedade, uma domestica a mais com uma criança que fica a toa o dia inteiro ou uma mãe que acompanha o filho em idade escolar de perto?
Antes que falem, sim, deve ter gente que torra em besteira, que frauda, o diabo, mas não se deve prejudicar o todo por conta de uma minoria.

Anônimo disse...

Oi, Lola!
Sou a favor do Bolsa Família. Acho necessário garantir uma renda mínima mensal. É claro que tem gente que faz mal-uso, mas e daí? Vamos prejudicar quem realmente precisa?
Tb sou a favor da legalização do aborto. Faz quem quer e acha certo. Não acho que isso geraria nenhuma epidemia de abortos. Apenas evitaria tantas mortes.
Mas realmente fiquei bem incomodada com a forma como vc se referiu à classe média. Eu sou classe média e não me identifico com as posturas "classe média" que vc falou. E apesar de eu conhecer gente que pensa realmente assim, tb conheço um monte de gente que não pensa. Todos classe média. Tenho empregada? Sim. E pago e trato muito bem. Não é escrava não. Nunca pedi que me trouxesse um copo de água. Come da comida que eu cozinho na mesma mesa em que eu me sento. Tudo que eu posso, ajudo: roupa, comida, remédio. E tem horário certo para sair, às 5. Religiosamente. Para mim é muito importante que a pessoa que me ajuda em casa tenha uma vida própria e satisfatória. Acho horrível, horrível quem trata os outros como se não fossem gente, como se não tivessem direito de comer decentemente, morar decentemente, ficar com a família, ter lazer, ir ao médico, etc.
Sabe, quando eu trabalhava em empresa eu NUNCA tive isso de conseguir trabalhar "apenas" 8 horas por dia. Todo mundo olha torto quem sai no horário certo. Tem que dar o sangue! Hora extra, o que é isso? Promovam todos os analistas à gerente que não vai maís ter que pagar. 90% da empresa é gerente? Que mal há nisso? Empresa multinacional riquíssima, que fatura muito no Brasil, tem mais de 1000 funcionários num prédio em São Paulo. E nenhuma creche!Isso tb é ser tratado com se vc não fosse gente, não acha? E conheço um monte de gente "classe média privilegiada" que vive assim. Somos privilegiados em relação aos mais pobres? É claro. Mas em nenhum momento eu roubei, enganei ou explorei. Dá uma raiva esse tipo de discurso anti-classe média... Pq não falar mal desses dirigentes de empresa, para variar? Por que não falar mal dum FDP como o Daniel Dantas? Por que não falar mal da existência dos n (acho que são 5 só em Brasília) órgãos públicos que cuidam do trânsito no Brasil??!!Será que não são eles que estão nos explorando? Sabe, esse discurso anti-classe média mais divide que une. Rótulos e generalizações são horríveis.
Bjs,
Anália

lola aronovich disse...

Cynthia, é isso que eu acho tb: que a gente não consegue parar de olhar pro nosso próprio umbigo quando condena esses programas sociais. Como nós não precisamos, chamamos de assistencialismo barato, desvio de verbas, populismo, programa eleitoreiro, e esmola. Na nossa vida de classe média, temos muitos supérfluos. E a gente tende a achar que os pobres são assim. A gente não reconhece nosso privilégio. Não faz ideia do que seja passar fome e acha que, porque somos assim, todo mundo é. Total falta de enxergar o outro.


Guta, pode haver um pouco de conformismo, mas QUERER que o governo (ou qualquer um) dê tudo eu tb quero, ué. Querer não quer dizer que essa criança vai ser “encostada” pro resto da vida. E como vc lembrou, esse é um pensamento comum entre crianças e adolescentes de classe média e alta. Não que o governo dê tudo, mas essa falta de curiosidade, falta de vontade em pensar. Eu, como professora de inglês pra jovens privilegiados, cansei de ver adolescente rico dizendo “Aprender inglês pra quê?”. Às vezes a pergunta era só essa, às vezes continuava com “Daqui a pouco eu passo uns meses nos EUA e lá aprendo inglês”. E se isso era pra inglês, uma língua que eles usam diariamente, imagina pra outras matérias...
Vc está confundindo as coisas, Guta. O esquerdismo não acha que dar auxílios aos pobres é dar esmola ou fazer caridade. Isso quem acha é a direita. A esquerda acha que um programa como o do bolsa-família é justiça social, distribuição de renda, direito de todo cidadão de viver uma vida digna.

lola aronovich disse...

Polêmico, né, anônimo? Eu acho tão fofo essa série de insultos de “feia, chata e boba”. Tão turma da Mônica... Será que tem blog com esse nome?


Cris, desculpe, não estava sendo agressiva contigo, apenas com pressa, por isso tive que ignorar (não responder) a maior parte de seu coment. Infelizmente, precisarei fazer isso com todos, porque tá impossível gastar tanto tempo respondendo. Mas, por favor, releia o meu coment.:
“Cris, pois é, a classe média, pra aliviar sua consciência, acredita no que quer: que as empregadas são todas registradas, têm todos os direitos, que não há trabalho infantil, e que os patrões ainda estão ajudando, dando um emprego a alguém tão desqualificada”. E agora me diga onde que eu disse que VOCÊ em particular use esse desconhecimento para aliviar sua consciência. Eu estou falando da classe média em geral, não vc ou algum comentarista em particular. E mantenho: acho, sim, que a classe média acredita no que quer. Não só quanto à questão das empregadas, mas do bolsa-família tb. Bom, todos nós, na nossa condição de privilegiados, acreditamos no que queremos, e muito disso é pra aliviar nossa consciência. Não sei onde está o insulto. Eu acho que a própria questão da meritocracia, de crer que somos especiais, por isso merecemos estar bem (enquanto os outros...), é uma forma de aliviar nossa barra, nossa culpa (isso pra quem tem culpa).

Suzana Elvas disse...

Oi, Lola;

Tem quase 200 comentários aqui e eu não consegui ler todos, mas queria comentar o que você escreveu:

Legalização do aborto: tenho duas filhas, meu ex-marido exigiu que eu abortasse minha caçula. Acredito que jamais faria um aborto, mas defendo integralmente o DIREITO de uma mulher decidir se quer ou não abortar. Se é anticristão, antibudista ou o que quer que seja é uma decisão que cabe à mulher, não ao Congresso. Já se disse uma vez que se homem desse à luz o aborto seria um sacramento. E não acredito que legalização do aborto vá torná-lo banal. É uma cirurgia, e dolorosa. Não é programa pra fim de semana.

Quanto ao caso da empregada: eu tive empregada. Ela chegava às 9h e ficava até o serviço acabar - isso, lá pelas 15h. Às vezes saía mais tarde, às vezes depois do almoço. Dependia dela gerenciar as tarefas. Então ela saía da minha casa e pegava dois ônibus e o metrô pra chegar na casa dela. Duas horas e meia pra ir, duas e meia pra voltar. Chgava em casa ia fazer o serviço da casa dela: lavar, passar, cozinhar. Cuidar da filha pequena (que ficava em escola pra ela poder trabalhar). O marido chegava em casa por volta das 21h (motorista de caminhão da C&A) e ela botava o jantar. Depois do jantar, lavava a louça, arrumava as roupas do marido e da filha e ia dormir por volta das 23h. Pra acordar quase de madrugada para dar o café do marido e depois arrumar a filha, deixá-la na escola e ir trabalhar.

Um dia ela me disse que, se tivesse auxílio, ia ficar em casa pra criar a filha. Pra ter tempo de estudar e deixar de ser doméstica. E eu pensei, lendo isso, em quantas mães, que moram nos cafundós e levam duas, três horas e ônibus/trem/metrô, larga os filhos nas escolas (escola pública para séries mais adiantadas não têm integral) e depois sozinhos em casa. E depois chegam em casa cansadas, com todo o serviço de casa pra fazer. E o supermercado, e pagar contas, e acompanhar os estudos dos filhos.

Não, eu não acho errado viver do benefício, se ele é usado para a família. Acho errado é quem diz que "se não trabalha não deveria ganhar". Quem optou como "carreira" ser empregada doméstica não deixa de trabalhar para ficar em casa fazendo as unhas. Acredito que fica em casa para deixar de trabalhar, nas duas jornadas, 20 horas por dia.

Santiago disse...

Lola:

Eu sou um Adônis mesmo, e não dou mole para gente que pensa que ser de esquerda é apoiar idéias estapafúrdias. Ou seja; não vem, que não tem!

Fica com seu Lula e esses seus apóstolos do comentário; gente estranha que não pensa com a cabeça: pensam com o intestino.

Você não gosta de mim porque me acha inteligente, porque eu me oponho a você. Você quer cordeiros.

Nunca vou deixar uma apologia ao Lula, ao PT, ao bolsa-família (vulgo: estímulo ao nada fazer), ou ao aborto, sem resposta.

Fora isso, eu não dou a mínima pra você.

Unknown disse...

Então, nenhum empregador numa empresa chega pra vc e diz que tá te fazendo um favor te contratando com um salário baixo, assim como duvido que alguém chegue para uma doméstica e fale claramente isso. Mas dá pra sentir isso no ar, digamos assim.

O caso foi o seguinte: Num condomínio com piscina do Rio, as babás naturalmente entravam na piscina quando iam levar as crianças. Até que baixaram uma norma proibindo as babás de entrarem com o argumento de que a piscina era só para moradores. Quando a gente sabe que não é esse o motivo. Deu mó bafafá, saiu até no fantástico, mas elas continuaram proibidas.

Anônimo disse...

Cara Lola,

Normalmente discordo absolutamente de você quando você não está falando de filmes e outros assuntos mais banais, mas sempre venho ler, porque é bom ler opiniões contrárias, ver outros pontos de vista.
Sinceramente eu acho esse seu ranço contra a classe média e classe alta e esse seu suporte moral ao PT e comunismo absolutamente incompreensiveis, mas você tem direito à sua opinião, como eu tenho direito a minha.
Mas concordo com você, essa coisa de empregada doméstica morando em casa de patrão, sem horários estabelecidos e liberdade de ir e vir, com salário ridículo soam a escravidão mesmo. É um absurdo, não há o que falar. O salário mínimo é ridiculo!!! E você está certa, não existe quarto de empregada nos EUA... e também não existe em nenhum país da Europa que eu conheça. Mas ao contrário de você, que acha que o bolsa familia e bolsas que tais são uma ajuda justa do governo (note, não digo que não são uma boa ajuda, acredito que possam fazer a maior diferença na vida de alguem que ganha tão miseravelmente) não acho essas bolsas uma solução. Será que se o governo diminuisse as taxas do empregador (que quase paga outro salário ao governo) os salários não seriam melhores? Não apenas o salario mínimo, mas o de todo mundo. Mas aparentemente fica mais em conta dar um dinheirinho aqui e outro ali do que uma completa reforma tributaria, muito necessária no Brasil.
Mas você está certa, as pessoas deviam ter vergonha de empregar alguem nessas condições. E seria ótimo se ao invés de empregada doméstica 24/7 as pessoas aderissem às diaristas... porque uma diarista boa vive bem melhor (a minha cobra R$100 por dia, o que no final do mês rende um salário bem mais digno do que o famigerado salario mínimo...)
E quanto ao aborto... se vai ser usado como método anticoncepcional, como disse a leitora? Claro que vai. Mas e dai? Economicamente falando, é melhor o estado pagar o aborto que o conserto de um aborto mal feito em clinicas clandestinas. É melhor pagar o aborto do que sustentar uma criança infeliz que foi jogada na lata do lixo por uma mãe que não sabia o que fazer para se livrar do problema. E ainda tem o fator humano de salvar muitas vidas, as vidas de mulheres desesperadas que se submetem a verdadeiros açouqueiros para se verem livres de um problema. O corpo é da mulher, o direito é dela. Eu provavelmente jamais faria um aborto, mas acho essencial que o direito de faze-lo exista. E sim, o aborto não só deve ser legal, como pago pelo governo. Quando o aborto foi instituído no Japão, o número de abortos era altissimo. As mulheres usavam mesmo como método anticoncepcional. A long o prazo porém, o número de abortos diminuiu . Acredito que o mesmo vá acontecer aqui.

Santiago disse...

Lola:

Esqueci: eu tenho dificuldades com as palavras? Quem tem dificuldade, inclusive de entendimento das palavras, e muita, é você!

Seu "doutorado" é um desperdício de bolsa de estudo pago com impostos da direita. Da esquerda o imposto não pode ser; só tem pobre isento e bolsista; ou seja, gente que não paga imposto.


E eu sou muito bom com as palavras. Muitíssimo melhor que você!

Anônimo disse...

Acredito que "sobreviver" de auxílio não é indigno para ninguém, ainda mais na situação de empregos do brasil.Se você não teve oportunidade de ter uma boa formação e consequentemente chances de conseguir um trabalho digno (considerando um trabalho digno, um que você tenha uma remuneração suficiente para suas despesas básicas e que não precise se matar de trabalhar em serviço braçal).Quanto ao aborto, se a legalização do aborto é em prol das mulheres negras e pobres pode até ser sutilmente uma estratégia para que elas não se reproduzam e gerem mais pobres para a 'nossa sociedade', mas a grande questão deve ser a preocupação com o direito de vida dessas mulheres, pois mais de 80% das mulheres que morrem nos abortos malfeitos no brasil são negras e pobres.Então sou a favor de que as mulheres independente de classe social tenham a opção de destinar seu corpo e seu destino, e se forem pobres e negras que tenham assegurados os direitos de fazer isso de forma mais digna e legal possível.

Anônimo disse...

Santiago,

Que besteira é essa de dizer que pobre não paga imposto!!!!??? Paga sim e muito. Vc sabia que em todo alimento (pois é, comida! Tipo arroz, feijão, óleo, macarrão) incide ICMS??? É o imposto mais regressivo e injusto que existe.
Anália

Anônimo disse...

Off topic. Nossa Lola, você viu? O trololó disse que não se importa com você, com sua opinião, mas volta várias vezes para nos iluminar com os seus comentários humorísticos e te provocar. Sinceramente, sabe o que eu acho sobre isso? Ele, como outros, acham que são "muito inteligentes, verdadeiros gênios, mas que, infelizmente, por causa da mediocridade geral e bla bla bla, acabam por ser menosprezados. Ninguém reconhece o seu verdadeiro valor. Ninguém presta a devida atenção as opiniões e considerações destes seres." Dá um dó não? Acho que deve ser muito difícil para uma pessoa deste tipo aguentar o fato de que o que você escreve tem muita repercussão. Os comentaristas vem aqui e concordam, discordam, ficam de mal as vezes mas eles te lêem, levam em conta o que você diz. Eu, por exemplo, discordo de vários pontos - não nesta discussão. Discordo da maioria de suas críticas de cinema - apesar de adorá-las, porque são muito bem escritas e divertidas. Mas eu não te chamo de burra porque eu discordo de você. E, francamente, ficar chamando os outros de feia e falando que é bonito... Hum... Muito maduro mesmo. Bons argumentos. Impressionante.

Camila

h e r i c k y × disse...

sim, e muito bem dada. essa história de que os adolescentes não têm informação e por isso dá gravidez precoce é balela.. pra começar, a TV bombardeia a gente com isso. todo pegador que eu conheço (e não incluindo os metidos a pegador.. haha) tem camisinha na carteira, e não uma mas várias. isso sem contar as garotas muito bem esclarecidas que vão ao ginecologista regularmente e tomam pílula.

fora todos já saberem o que devem fazer, eu tive aulas (duas ou três por ano) de Educação Sexual desde a sétima série, com assuntos relevantes, panfletos, pegagogas e até uma sexóloga de verdade (UHUL!) - digo isso pra mais ou menos situar no governo Lula, mas a questão é que antes da sétima série é imoral falar disso com os alunos.. sendo que muitos já tentavam naquilo desde a quarta série, mas okay. eu já perdi a minha oportunidade de falar TUDO. ;)

sei que vivo no Rio Grande do Sul e é um estado com realidade melhor que outros do Brasil, mas não acredito que isso só role aqui.

h e r i c k y × disse...

PS: retiro o pegagogas. nenhuma delas era pegável, mas eram muito engraçadas. pedagogas fica melhor pras nobres senhoras. D;

Anônimo disse...

Sobre aborto e bolsa-família.

(Minha avó afogava os gatinhos que nasciam da gata dela.)

Vale defender a legalização do aborto porque mulheres pobres não podem pagar e as crianças estão condenadas a uma existência miserável?
"Mate-as logo, antes que dêem problemas", é isso o que estão dizendo?
Reclamam do Bolsa-Família, porque não querem gastar dinheiro com os pobres, mas defendem o aborto, porque é melhor que morram antes de nascer!
É uma lógica hedionda!
Pago impostos, quero a minha renda redistribuída para todo mundo que precisar. Sim!
Eu não preciso, e fico feliz que minha empregada receba o BF, que seus filhos estejam estudando e comendo decentemente. E ela está feliz com o celular dela.

Afogar bebês? Jamais.
Educação, educação e educação. Qual é o problema de se defender isso? Porque temos que achar normal e deixar que matem seres humanos? Isso sim é eugenia, deixar o caminho mais fácil pra pobretada se extinguir.
Porque é mais fácil pra classe média bancar um bebe indesejado do que pra uma família pobre. Então, ajudemos os pobres a bancar seus filhos.
Uma mulher que pode criar bem um filho, que tem educação suficiente pra saber como e quando prevenir, se engravida e aborta é uma criminosa. SIM.

É errado afogar uma menininha.
Um feto é um bebê. Um bebê é um ser humano. Pequeno, mas é.
Não sabe falar, mas é humano.
Precisa de ajuda pra comer, mas ainda assim é humano.
Qual parte vocês não entendem?

Tem médicos que fazem isso em clínicas particulares? Sim, e esse é um problema deles com a consciência, e com a lei, se forem pegos.
Se o problema são as condições de vida da futura criança, isso pode ser solucionado. Pode-se facilitar os procedimentos para adoção, tantos outros jeitos de livrar uma mulher desse peso, porque justamente matar? Apenas para retirar as evidências? Para não ter que lidar com o estorvo que é aquele ser que chora e que precisa de cuidados?
Quanto aos direitos da mulher sobre o próprio corpo, o corpo do bebê NÂO é o corpo da mulher, apesar de estar dentro dele.
Pode ser um estorvo, mas assim é a natureza.
Querer negar essa natureza mediante um homicídio? É muita pretensão, cinismo e hipocrisia.
Infelizmente, sobra pras mulheres carregar o fardo. É difícil, sofrido, a nossa vida é muito pior do que a dos homens. Sem dúvida.
O nosso corpo é muito mais maltratado pela natureza. MAs essa é a realidade, e temos que lidar com ela. Não adiante fingir que dá pra negar, e dizer que é meu direito matar aquela criança.
Não é. Ela não é eu.
Eu tive a opção de abortar, e não abortei.
Aos 17 eu tive a lucidez de saber que não ia conseguir viver com isso.
Sim, foi difícil, muito difícil levar a vida. Depois que decidi ir adiante, pessoas me ajudaram a carregar o fardo da gravidez, e todo o resto depois disso.
Assim é a vida.
Fiquei prejudicada profissionalmente, pessoalmente, fisicamente, emocionalmente. Não sei se teria sido grandes coisas se tivesse abortado.
Mas ela está viva.
Assim é a vida.
Minha filha é uma pessoa totalmente diferente de mim, sempre foi, desde a concepção. Eu retirar a vida dela pra não me prejudicar é puro egoísmo.
Assim como o surgimento da vida dela não dependeu da minha escolha, sua morte também não depende.
(Tirar os outros do seu caminho é coisa de psicopata.)
Maria

Anônimo disse...

Maria, feto NÃO é bebe! Feto AINDA não é um ser humano!É uma vida em potencial, é um emaranhado de células! NÃO É GENTE AINDA! Não tem sistema nervoso formado, não tem cérebro.
Me tira uma dúvida. O que vc acha, por exemplo, da pílula do dia seguinte?

Ah Santiago, sou super feminista e de esquerda. E por acaso, veja só, sou muito bonita. Inclusive foi por causa disso que eu me tornei feminista. Por causa dos nojentos que mexem comigo na rua desde que eu tenho 11 anos de idade. Por causa das pessoas que me olham e me enxergam com uma boneca e não como um ser que pensa, por causa dos homens que olham pra mim e me subestimam achando que sou apenas um pedaço de carne e se espantam quando percebem que sou mais inteligente que eles. Que coisa não?

Anônimo disse...

Excelente, Lola!!! Excelente!!! \o/
Fico tão feliz de ler seus posts!!!

Anônimo disse...

A renda no nosso país é baixa sim. Isso não significa que o governo deva fazer o papel de hobin hood, roubar dos ricos com seus impostos absurdos e retornar aos pobres em forma de bolsas família (possivelmente através de uma longa cadeia de corrupção).


--> Esta foi a frase mais idiota do dia.
Sem mais comentários.
Se mate, véi.

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