segunda-feira, 25 de outubro de 2021

O DEMÔNIO A SER EXORCIZADO É O MACHISMO

Reproduzo aqui este excelente artigo que Simony dos Anjos publicou na Carta Capital. Simony é quem basicamente me apresentou ao feminismo cristão. Tenho enorme admiração por ela, que é evangélica, cientista social, mestra em educação e doutoranda em economia. É da Rede de Mulheres Negras Evangélicas e articuladora da Coalizão Evangélica contra Bolsonaro. Foi candidata à prefeita de Osasco pelo Psol no ano passado. 

Recentemente, o pastor brasiliense Anderson Silva escreveu nas redes sociais que a mulher tem um ‘potencial demoníaco’. Segundo ele, a sociedade olha apenas para a agressão que um homem comete contra uma mulher, mas não para os meses de tortura psicológica ao quais a mulher supostamente submeteria o homem.

Ora, esse discurso é criminoso e o autor deve ser responsabilizado na justiça. Culpabilizar mulheres por sofrerem a violência reforça a ideia de que elas merecem apanhar e encoraja os homens a cometer abusos contra suas companheiras, sejam elas psicológicos, financeiros, sexuais ou físicos.

Silva, que tem centenas de milhares de seguidores nas redes sociais, é idealizador de projeto chamado Machonaria, que busca resgatar os valores patriarcais na sociedade. Esse tipo de postagem não é raridade. Tenho visto dezenas de perfis que discursam sobre uma masculinidade violenta, que submete mulheres à vontade de homens a custo da integridade emocional e física de suas esposas. Esses perfis falam que mulheres são obrigadas a fazer sexo com seus maridos, mesmo sem vontade; que o fato de querer ter filhos é uma decisão do casal e não da mulher – a partir da ideia de que, para por DIU ou usar anticoncepcionais a mulher deve ter, primeiro, a permissão do marido; de que o dever da mulher é cuidar dos filhos e do marido e que mulheres são frágeis e devem ser protegidas por homens, dentre outros absurdos.

Não entendo como as redes sociais, como Facebook e Instagram, permitem que eles publiquem esses discursos diariamente e que nós, as feministas, tenhamos que rastrear uma a uma dessas postagens e denunciá-las para que saiam do ar.

Observando os comentários, li, infelizmente, uma mulher agredida pelo marido dizer que sabia porque tinha apanhado, e que merecia isso. Outros tantos apoiam a ideia de que mulheres que não seguem o que se espera delas devem ser penalizadas com violência. Em segundos, esses perfis põe em xeque o esforço de décadas em defesa dos direitos das mulheres comandarem suas vidas, de viverem em relacionamentos saudáveis e respeitosos. Esforços que com grande articulação nacional culminaram na Lei Maria da Penha são enfraquecidos e combatidos por homens que pregam desonestamente uma ideia de família que apenas favorece a eles.

Não preciso dizer que esses perfis têm forte apelo religioso, baseados na tríade família-tradição-propriedade (sem esquecer da defesa de posse de armas).

Quando vejo um machista que prega a submissão da mulher e a posse de armas, me arrepio. Contra quem essas armas serão usadas, senão contra as próprias mulheres? A quem interessa que mulheres vivam para os homens, anulando seus desejos e vontades? A quem interessa usar a religião para pregar tanta violência contra a mulher?

Sou evangélica de berço, amo minha comunidade, irmãs e irmãos, e me sinto bem entre eles e elas. Vivo diariamente essa realidade que muitas pessoas apenas veem de fora. A igreja é um espaço onde se ama, onde se acolhe, onde eu tenho amigos muito queridos. Mas a igreja pode ser também um espaço que silencia e que se acostuma com a violência.

Sabem por que me “tornei feminista”? Eu tinha 15 anos quando percebi que uma irmã da igreja apanhava. Ela faltava a muitas reuniões, até as marcas sumirem do rosto e do corpo. Aos 15 anos, soube que uma comunidade inteira aceitava que uma mulher apanhasse, e achava que isso não era da conta de ninguém. Afinal, em briga de marido e mulher…

Isso ainda acontece em milhares de igrejas espalhadas pelo Brasil. Sustentados pelo machismo, homens reafirmam diariamente em púlpitos que mulheres devem ser submissas, mesmo que isso custe suas vidas. Nas redes sociais — com uma tatuagem aqui, um coque samurai ali e uma prancha de surf acolá — esses discursos alcançam milhões de pessoas.

Se uma mulher publica a imagem de um parto ou de um seio descoberto amamentando, imediatamente as redes derrubam a postagem. Mas quando um machista escreve que mulheres devem sexo ao marido, é necessário a denúncia para que essa postagem saia do ar. Por isso falamos de um machismo estrutural, que rege os algoritmos e estrutura a religião e a economia.

O perfil do machonarista tem 117 mil seguidores, ou seja, é um perfil lucrativo para as redes. Movimenta dinheiro, movimenta público. A pergunta que faço é: a custa de quem? De nós, mulheres? Ainda mais nós, mulheres negras, que somos submetidas à violência doméstica dupla: dos maridos e dos patrões.

O pensamento colonial que se sustenta na ideia de que o homem branco é um sujeito de todos os direitos, enquanto as demais pessoas são propriedades é regurgitado o tempo todo nesses perfis – a lógica do bandido bom é bandido morto, a ideia de que mulheres são objetos e tantas outras ideias que reforçam os privilégios de raça, gênero e classe.

Sim, esses perfis são de homens brancos, que defendem o capitalismo e as armas. Toda a lógica colonial brasileira sendo reiterada bem embaixo do nariz dos donos dessas mídias sociais. Penso eu, essas plataformas não devem ser responsabilizadas? Podem livremente veicular discurso de violência e ódio contra as mulheres, sem regulação alguma? A naturalização da submissão das mulheres se dilui em meio à dancinhas, likes e bichinhos fofos.

Entretanto, prestem bem atenção: nós feministas expulsaremos o demônio do machismo do Brasil. É pela vida de todas as mulheres que estamos nas trincheiras contra a lógica patriarcal que faz com que o Brasil seja o quinto país do mundo a matar mulheres cis e o primeiro a matar mulheres trans. Basta de violência contra as mulheres, seja nos púlpitos, seja nas mídias sociais. Não permitiremos mais.

43 comentários:

Anônimo disse...

" querer ter filhos é uma decisão do casal e não da mulher... " Ueeeé? E não é não? Formar uma família agora é errado? Se uma mulher casada ñ quiser ter filhos, vai aceitar que o marido os tenha fora do casamento? E, em eventual separação, ela ñ vai pedir pensão alimentícia para o filho, já que "é só dela"? Filhos são DO CASAL! Era só o que faltava!!! Vindo de vcs, que criticam concurso de beleza por eleger a campeã com o criterio " da beleza ", ñ é de se estranhar... meus sais, pfv! P.S: sou mulher, com filhos, que pertencem à mim e ao meu esposo. Se vcs ñ querem formar família, ñ se casem e acabem sozinhas no mundo, em um asilo.

Luise Mior disse...

Ótimo texto da Simony. Obrigada Lola por postar. De fato, as redes lucram com ideologias podres que persistem na sociedade. Seguimos na luta!

Anônimo disse...

10:39:

"Não se casem e acabem sozinhas no mundo, em um asilo". Até lá a gente fica lendo toooodos os livros que quiser, escrevendo, vez ou outra viajando, passeando pela cidade sem hora para voltar, acordando cedo ou tarde (a hora que bem entender), não delegando filhos para vovó ou babá cuidarem, nem vivendo de exaustão.

Parabéns por parir filhos apenas por medo da solidão/velhice/morte.

avasconsil disse...

Ter filhos e netos está longe de ser garantia de companhia, cuidado e amparo na velhice. Eles podem morrer antes. Podem matar a mãe/pai/avô/avó no sentido figurado também. É possível matar outra pessoa, metaforicamente, até morando sob o mesmo teto que ela anos a fio. Eu matei figuradamente meu pai. E moramos na mesma casa até ele morrer, aos 83 anos, em 2015. Eu o tratava com uma indiferença glacial. E até hoje não consegui sentir remorsos por isso. E não sinto remorsos nem por não ter remorsos. Minha mãe casou com meu pai aos 17 anos, em 1961. Na noite de núpcias ela estava muito nervosa; disse ao meu pai que estava com dor de cabeça. Ele lhe ofereceu um remédio dizendo que seria pra passar essa dor. Mas não era . Era um barbitúrico... Minha mãe perdeu a virgindade num estupro, ela desacordada. O fato de ela não ter se sentido estuprada não muda a natureza do que aconteceu. Esse episódio é apenas um dos muitos exemplos de motivos por que nunca senti afeição pelo pai. Não tínhamos afinidade alguma. Eu não o xingava. Nunca o agredi fisicamente. Mas pouco falava com ele. Mal o olhava. Quando ele morreu, pra ser sincero, senti alívio. Podem perguntar: por que sua mãe não se separou dele? Desamparo a resposta. Minha mãe vivia numa família paupérrima no interior daqui do Ceará, em Irauçuba. Passava fome na infância. Com 04 anos de idade foi "adotada" por uma família na época abonada. Foi daquelas adoções pra exploração infantil. Diziam que minha mãe era a "menina que a gente pegou pra criar". Na verdade era uma empregada doméstica sem salário. E foi assim dos 04 anos até ela ser casada com meu pai... Tão comum na família tradicional brasileira (homem, mulher e filhos biológicos), do passado e ainda no presente. Quero crer que no passado a quantidade era bem maior. Mas tenho minhas dúvidas. O povo de um país que elege um Bolsonaro, é capaz de cada coisa! Quando minha mãe entrou na puberdade, tornou-se uma mocinha muito bonita. A ponto de a mãe de criação dela começar a temer que o pai de criação da minha mãe, o marido dela, começasse a ter pensamentos e desejos indecorosos. Provavelmente os teve. Apareceram outros pretendentes, com condições de sustentar minha mãe e os filhos que "o eleito" teria como ela. Mas a "mãe" de criação da minha mãe, das opções, simpatizou mais foi com meu pai. Os opressores se reconhecem bem. E de fato meu pai foi tão opressivo com minha mãe quanto a mulher que a criou. Minha mãe foi daquele tipo de mulher muito anulada, muito comum no passado. Depois de um tempo, ela estava tão unida à vida com meu pai quanto um caramujo à sua carapaça. E minha mãe cuidou dele até ele morrer. E pasmem: ela não parece ter o menor rancor nem da mãe de criação dela, nem do meu pai, nem de ninguém. Minha mãe está longe de ser santa. Tanto que é meio racista. De vez em quando ela repete que quando eu era criança, meu cabelo era tão bonito, bem fininho. Quando eu cresci, pronto, ficou esse pixaim... Essas imperfeições, porém, são café pequeno perto da bondade dela. Minha mãe é que nem a Irene do Manuel Bandeira. São Pedro também vai dizer pra ela entrar no céu sem pedir licença.

Anônimo disse...

"Não se casem e acabem sozinhas no mundo, em um asilo".

Esse é o argumento mais macacóide e mais batido usado pelos odiadores da liberdade feminina para ver se assusta alguém. Não é novo. Sempre que sai uma matéria sobre mulher não querer casar e/ou ter filhos, ou viver rodeada de parentes, esse mesmo argumento macacóide aparece aos montes nas seções de comentários, pode ver. Melhor seria essa gente cuidar da própria vida e parar de ser sommelier de decisões alheias, até porque esse clichê assusta cada vez menos mulheres.Ainda bem.
Todo mundo vai morrer, sozinha ou não. Até lá, que cada uma viva e aproveite o melhor, do jeito que bem entender. Porque as escolhas pessoais das mulheres incomodam tanto?

Anônimo disse...

Acabar sozinha no mundo em asilo: foda-se.

Alan Alriga disse...

Machonaria, isso me fez lembrar disso aqui
https://youtu.be/gB3g74HUBm8

E também disso aqui
https://youtu.be/z3fv1kc6bCg

Anônimo disse...

Esses dias mesmo, eu estava vendo a história daquele DJ Ivis. A defesa dele usa o argumento de que a mulher irritou ele para a violência acontecer. E depois, ainda jogou as imagens na mídia para se beneficiar. Esse é o argumento mais nojento para proteger um agressor de mulheres (tem mil vídeos dela tomando soco, chute, na frente da filha!) e colocar a vítima como causadora da violência. De dar ânsia.

Anônimo disse...

Que vida fútil, vulgar, medíocre e vazia essa sua, Anon 17:38... só lamento por vc, que ñ é NADA na vida, ñ produziu NADA de bom durante sua estadia nesse mundo nem vai deixar NADA de bom quando partir. Basicamente come, dorme, trabalha, come, dorme, trabalha... triste demais, resumidamente, um desperdício de recursos naturais.

Anônimo disse...

Por favor, leia novamente o pedaço todo para que possa fazer sentido :: 'que o fato de querer ter filhos é uma decisão do casal e não da mulher – A PARTIR da ideia de que, para por DIU ou usar anticoncepcionais a mulher deve ter, primeiro, a permissão do marido;'
Vc precisa de permissão do seu esposo? Se for tudo acordado entre vcs, tá ok. Consegue notar que o texto não relata a sua realidade e sim a de outras mulheres?? Leitura e interpretação de texto

Anônimo disse...

Eu não diria macacoide, mas limítrofe mesmo, afinal casamento, filhos, família não quer dizer companhia, cuidados. O marido pode pedir o divórcio, os filhos tem vida própria com o tempo e podem sim, colocar a mãe em um asilo, ou fazer coisas piores. Conheci uma paciente em um pronto socorro onde trabalhei, hoje ela é falecida, mas todas as manhãs ia tomar a insulina, chegava sempre cansada, ofegante, resolvi perguntar dos filhos, ela era viúva há quinze anos e era assim desde os 70 anos, os filhos, quatro (dois filhos e duas filhas) tinham a vida deles, ela e o marido fizeram o que puderam para ver os mesmos bem alimentados e formados. Um médico que tratava dela certa vez contou que venderam a casa em um bairro melhor estruturado, dividiram o dinheiro e jogaram os pais em um bairro periférico e perigoso, enfim, marido ou filhos não é garantia de companhia, tranquilidade ou felicidade.

Anônimo disse...

Anônimo das 9:16

Conte como é sua vida de coprofaga de misóginos ou capacho de macho escroto. Acho que você não é o melhor exemplo para dar opiniões ou impor coisas na vida dos outros, ainda mais um ser fétido e podre como deve ser você. Se for homem é incel desocupado que vive às custas dos pais, é um estorvo, caso seja uma mulher? O que mencionei e se vê como um animal de reprodução a se sujeitar a qualquer tipo de coisa.

Anônimo disse...

Com base em quê a vida do anon das 17:38 é fútil, mediocre e vazia? Quem disse que ela ou ele não produziu nada de bom? E que obrigação tem de deixar alguma coisa para o mundo? E ainda que tivesse, esse algo bom é muito subjetivo, não? O que seria esse algo bom?

Anônimo disse...

Pois é, essa ideia de "ter filhos para cuidar de mim na velhice" é furada em vários sentidos. Já começa condenando a existência de pessoas a uma obrigação que talvez elas não queiram ou não possam ter no futuro, por inúmeras razões que nem vou detalhar aqui. Gratidão não é dívida. As pessoas precisam entender que a vida não é tabuada com resultados certinhos e garantidos como esperado, não é joguinho de Lego onde tudo se encaixa perfeitamente. Não é preto e branco. A vida é bastante complexa, carregada de nuances, reviravoltas, as pessoas simplesmente mudam ao longo do tempo, prioridades e interesses também. Como os próprios tempos, cultura, filosofias, modos de vida, nada é estático. Ninguém pode controlar o que está fora do seu alcance, já é difícil controlar a própria vida. Ter filhos não é garantia de nada no futuro, exatamente por causa dessas imprevisibilidades da própria vida, das pessoas. A gente pode cuidar da vida, mas não controlar tudo.

avasconsil disse...

Compartilharam pelo WhatsApp semana passada:

"QUANDO ME TORNEI INVISÍVEL"

"Já não sei em que datas estamos, nesta casa não há calendários e na minha memória tudo está revolto. As coisas antigas foram desaparecendo.E eu também fui apagando sem que ninguém se desse conta.
Quando a família cresceu, trocaram-me de quarto. Depois, passaram-me para outro menor ainda acompanhada das minhas netas, agora ocupo o anexo, no quintal de trás.
Prometeram-me mudar o vidro partido da janela, mas esqueceram-se. E nas noites, que por ali sopra um ventinho gelado aumentam mais as minhas dores reumáticas.
Um dia à tarde dei conta que a minha voz desapareceu. Quando falo, os meus filhos e netos não me respondem. Conversam sem olhar para mim, como se eu não estivesse com eles. Ás vezes digo algo, acreditando que apreciarão os meus conselhos, mas não me olham, nem me respondem, então retiro-me para o meu canto, antes de terminar a caneca de café. Faço isso para que compreendam que estou triste e para que me venham procurar e me peçam perdão...
Mas ninguém vem . No dia seguinte disse lhes:
- Quando eu morrer, então sim vocês irão sentir a minha falta.
E meu neto perguntou:
- Estás viva avó? ( rindo)
Estive três dias a chorar no meu quarto, até que numa certa manhã, um dos netos entrou para guardar umas coisas velhas. Nem bom dia me deu , foi então que me convenci de que sou invisível.
Uma vez os netos vieram dizer-me que iriamos passear no campo. Fiquei muito feliz, fazia tanto tempo que não saía!
Fui a primeira a levantar, quis arrumar as coisas com calma, afinal nós velhos somos mais lentos, assim arranjei-me a tempo de não atrasá-los. Em pouco tempo, todos entravam e saíam correndo da casa, atirando bolas e brinquedos para o carro.
Eu já estava pronta e muito alegre, parei na porta e fiquei à espera. Quando se foram embora, compreendi que eu não estava convidada, talvez porque não cabia no carro. Senti que o coração encolhia e o queixo tremia, como alguém que tinha vontade de chorar. Eu os entendo, são jovens, riem, sonham, se abraçam, se beijam e eu e eu.... Antes beijava os meus netos, adorava tê-los nos braços, como se fossem meus. E até cantava canções de embalar que tinha esquecido. Mas um dia...
Um dia a minha neta que acabava de ter um bebê me disse que não era bom que os velhos beijassem os bebês por questões de saúde. Desde então, não me aproximo mais deles, tenho tanto medo de contagia-los! Eu não tenho magoa deles , eu perdoo a todos , porque que culpa têm eles, de que eu tenha me tornado invisível?"

Desconheço a autoria do texto

avasconsil disse...

Também sobre a invisibilização das pessoas idosas e pobres, tem o conto "Viagem a Petrópolis", de Clarice Lispector. É uma das histórias de "A Legião Estrangeira". E muitos idosos, antes de morrer, invisibilizam-se aos poucos até pra si mesmos: a memória vira um vaga-lume, ora acende, ora apaga, até a escuridão perpétua acontecer. Me arrepio quando penso que Clarice escreveu esse conto em 1934, aos 14 anos de idade. Poderia ter sido escrito hoje. É uma trama que faz a gente dar razão a Oscar Wilde: só a mediocridade progride. O artista move-se num círculo de obras primas, a primeira tão perfeita quanto a última. Quando a artista é uma gênia, como foi Clarice, é exatamente assim. É um conto tão pungente. É fácil encontrar no Google, quem quiser ler.

Ps.: Aviso aos bolsominions que leem o blog da Lola: pungente não é gente que solta pun. Procurem no Google. Ou no Houaiss.

Anônimo disse...

09:16

O mundo tá vazio, né? Tamo precisando mesmo de mais gente para acabar com o planeta. Melhor coisa que uma mulher pode fazer: procriar e encher ainda mais a Terra. Mesmo sabendo que a perspectiva é aquecimento global, enchentes etc. --- e os filhinhos terão que lidar com esse apocalipse criado pelo homem.

Ah, e eu não trabalho, me divirto. Quando a gente tem tempo, pode se dar ao luxo de escolher exatamente o que quer. Não tendo filhos, dá para se arriscar na verdadeira vocação, sabe? E acabo trabalhando pouco pra ganhar grana, porque preciso de pouco (sem filhos, é assim).

Já você, tá deixando algo SUPER original pro mundo: filhos. Parabéns. Transar é mesmo uma façanha.

Beijos para a parideira e seus futuros cuidadores gratuitos, digo, filhos (se der sorte deles cuidarem de ti).

Jane Doe disse...

(...)Se vcs ñ querem formar família, ñ se casem e acabem sozinhas no mundo, em um asilo(...)

Lamento te informar, mas muita gente que acaba parando no asilo tem filhoS (assim mesmo com "S" no plural). Muitos colocam os pais lá por que não se importam e nunca os visitam. Mas há também inúmeros filhos optam por uma casa de repouso pois não podem ou não conseguem cuidar de um idoso em casa, principalmente se o idoso necessitar de cuidados especiais.
Fora pessoas muito ricas, é quase impraticável largar do trabalho para ficar 24/7 cuidando de um adulto em idade avançada. É MUITO, mas MUUUUUITO mais difícil, desgastante e caro do que cuidar de uma criança.
Os filhos podem falecer antes dos pais. Os filhos podem adoecer ou ficarem inválidos. Os filhos podem se mudarem para o outro lado do mundo e não terem condições de voltar. Os filhos podem terem filhos com necessidades especiais. Os filhos podem perder o emprego e não poderem bancar a sua aposentadoria/cuidados. Posso passar dias aqui fazendo uma lista de como a vida pode te virar as costas e as coisas ficarem tão ruins que ela não vai te dar nem limões para limonada.

Se alguém ainda hoje é tão estúpido pra achar que filho e casamento é a salvação ou a garantia de QUALQUER COISA que seja - afeto, cuidado, suporte financeiro - é melhor estourar sua bolha e começar a pensar de maneira minimamente racional. Sobreviver não é para os fracos e depender seja lá de quem for - marido, filho, vizinho e GOVERNO - é a coisa mais imbecil, imatura e irresponsável que alguém pode fazer.

E vamos combinar - procriar pra ter um serviçal de baixo custo? E quem não tem filhos que é egoísta? Então tá... whatever...

Anônimo disse...

Por força de uma perda repentina e traumática, um luto, "fugi" da minha casa e não consegui mais voltar lá.Por sugestão do meu irmão e sem nenhum discernimento em meio a dor da minha perda, fui para casa da minha mãe. Veio a pandemia e estou lá ainda. Acontece que não estou passando uma fresca na "casa da mamãe" ou simplesmente com dificuldade de me adaptar a "nova vida" ou "me reinventando". Não continuei ali porque eu escolhi isso para mim, mas porque fui me deixando levar. O luto mal elaborado, perdi minha casa, minhas coisas estão encaixotadas num depósito, me sinto perdida num lugar estranho. Isolamento por causa de pandemia, depressão, ansiedade, embotamento afetivo, paralisia...tem sido o pior momento da minha vida. Ir para casa da minha mãe foi um erro grosseiro. Estou em terapia e só agora quase dois anos depois estou vendo alguma luz. Estou me esforçando para sair da casa da minha mãe e voltar a ter minha casa, minhas coisas, minha vida. Preciso muito disso mas queria fazer isso sem sentir tanta culpa por minha mãe voltar a morar sozinha. Mas não me sinto uma pessoa plena na casa da minha mãe, lá nada é meu, nada tem minha energia, meus gostos, sinto como se estivesse em um outro país. Infelizmente, não consegui "me reinventar" para continuar e morar pra sempre na casa da minha mãe, conforme o esperado por meus familiares e "amigos".

Anônimo disse...

Comentário mais acertado que vi por aqui. A vida da muitas voltas, as pessoas andam para frente, e isso tem o bom e bonito, mas tem o ruim e o feio. Conforme se anda para frente, mais demandas, responsabilidade e problemas os adultos vão "ganhando" na caminhada. As pessoas passam a ter seus próprios problemas para lidar. Ainda mais nos dias atuais, quando tudo pode mudar de uma hora para outra. Não estamos mais no século 20. A maioria não consegue tomar decisões pensando em como vão estar daqui a 20 anos, as pessoas procuram viver como possível no momento presente, o que já é muita coisa. Muito menos ficar contando com possível amparo e cuidado por parte de outras pessoas, sejam quais forem.

Anônimo disse...

" Mesmo sabendo que a perspectiva é aquecimento global, enchentes etc... ". Deixa eu te contar um segredinho, anon das 13:51: Essa conversa fiada já vem se arrastando desde antes da Rio 92 e agora vêm a COP-26, com todo seu alarmismo, incongruências, mentiras e exageros. Sabe pra quê? Pros globalistas roubarem mais $$$ do povo pro bolso deles. Sim, vão vir novas exigências, baseadas em um monstro do armário que nunca aparece (mas vai vir, juram eles), onde tudo ficará mais caro, mais complicado e mais difícil. A mesma balela do gás cfc, que era bom e barato. Mas claro, mandaram trocar todos os seus aparelhos por um outro gás " ñ poluente ", que custa 10x mais que o outro. Adivinha pra onde foi o $$$ das indústrias da linha branca? Pense!
Agora é o canudinho de plástico, a sacolinha de supermercado, o combustível, etc os vilões da vez. E sempre têm uma alternativa muito mais cara prontinha pra vc, trouxa, comprar e substituir, 10x mais cara. Biodiesel, por exemplo, é mais caro e dá muito mais problema nos motores, desencadeando oficinas, peças, mao de obra, até trocar por um caminhão novo. Toda uma cadeia de custos gerados " pelo bem da natureza "... conversa fiada!
Previsões catastróficas eu ouço desde os 10 anos de idade. Agora temos uma supercientista entendida de tudo, qye save tudo e é a porta voz da humanidade: uma adolescente mimada, privilegiafa, com problemas de retardo mental, que deveria estar cuidando da própria vida, mas virou estandarte do movimento orquestrado pelos globalistas, pra enfiar mais um fumo no rainbow do povo. E ainda batem palma enquanto estão sendo enr4b4dos... povo trouxa!
Créditos de carbono será nova moeda. E vc vai pqgar caro por isso também...
Nos anos 90 dizia-se que as cidades costeiras estariam totalmente alagadas em 2010... Estamos em 2021 e vimos o mar vir e voltar, às vezes deixando mais faixa de areia do que antes... e ninguém observa isso.
Agora... tem as queimadas na Amazônia né? Chamem a adolescente birrenta pq ela, sim, sabe TUDO e saberá como acabar com esse "problema" ( que ocorre há 500 anos!! ). Ah, e tem que proibir o sal de cozinha nas mesas dos restaurantes também né? Sabe como é, as pessoas sentam pra almoçar e comem todo o sal dos saleiros nas mesas...
Um povo imbecilizado, que ñ observa ao redor e ñ pensa por si próprios, mas são levados pela mídia mentirosa, é o sonho de todo governante inescrupuloso. Oi, Lock Down!! Td bem com vc?

Anônimo disse...

a) Amei o texto quero seguir a autora.

b) Em pleno 2021 tem gente que acredita que filhos são arrimos dos pais? Que engano nunca ouviram aquele ditado popular : Uma mãe é para 10 filhos mas 10 filhos não são para uma mãe. Filhos têm suas vidas.

c) Sinceramente decisão de ter filhos cabe muito mais a mulher já que é nossa a responsabilidade de cria -los tb tem um ditado popular triste mas verdadeiro ; Filho é da mãe.

Anônimo disse...

Vcs distorcem tudo, pelamooor!
O que mulher anônima das 10:39 disse é que ela tem e é a favor de uma família tradicional. Simples assim.
Se vcs ñ tem uma - ou são contra - que fiquem cada um na(s) sua(s). Deixem de atacar as pessoas por suas escolhas pessoais. Desde que ñ prejudique o próximo, cada qual no seu quadrado. Se o casal tem 17 filhos, e podem dar comida e estudo pra todos, o problema é só deles, ñ é mesmo?

Anônimo disse...

Putz, parei de ler quando vi a palavra "globalistas".

avasconsil disse...

Não sou a favor nem contra, muito pelo contrário. E não ataque quem teve 17 filhos sem poder alimentá-los. Lembre-se: o atual governo defende a abstinência sexual como contracepção. Deus aprova e Guedes também, pois assim não há gastos na área. A "família tradicional" é ótima. Algumas delas até escravizam as Madalenas da vida, e ainda as fazem casar de mentirinha pra interceptar a pensão.

Anônimo disse...

07:50

"no rainbow do povo" é maravilhoso.

Aliás, o português todo tá maravilhoso. Ou a tentativa de inglês.

Anônimo disse...

https://www.google.com/amp/s/mundoeducacao.uol.com.br/amp/geografia/conceito-globalismo.htm

Seu pré-conceito sobre o Globalismo está errado... atualize-se!

Anônimo disse...

Anônimo das 11:23

O comentário das 7:50 é de cair da borda da terra plana, da pessoa em questão, falta além de leitura, interpretação de textos, erros crassos, etc, mas rendeu boas risadas as teorias da conspiração. Vou dar uma dica a anônima ou anônimo das 7:50, faz um canal no YouTube ou qualquer outra mídia social, coloca um chapéu de alumínio a la Alex Jones, leve toda a sua virulência e seja feliz ou infeliz, vai saber.

Anônimo disse...

Não, anon das 11:45. Quero não. Meu ex namorado era ligado demais nesses assuntos, e isso interferiu no nosso relacionamento. Ele chegou ao ponto de se recusar a buscar emprego alegando não querer cair no sistema, não querer ser vítima do globalismo, da maçonaria, George Soros, etc etc uma salada louca. Até que larguei ele por estar cansada de levar esse relacionamento sozinha nas costas. Então, não, não tenho nem interesse nesse assunto, já tive mais do que o bastante disso por quase 8 anos.

Anônimo disse...

Só uma pergunta querida anon das 13:04: vc já trocou seu refrigerador, freezer e ar condicionado " poluidores " por aqueles " ecológicos " que custam o dobro? Já comprou seu carro elétrico - financiado - de 300.000 e abandonou o veiculo à combustão de 30.000? Já conformou-se com o fato do supermercado ñ ter sacolas plásticas para embalar as compras ( mas... se vc pagar 0,50 por cada uma, eles te VENDEM as mesmas sacolas ). E o canudinho reciclável que custa 20x mais do que o de plástico, vc já viu que chique? ( claro que é vc quem paga por ele, embutido no preço). E os seus " créditos de carbono " que a Greta vai lhe empurrar até o esôfago pra vc comprar (obrigado, claro)? E o bom, barato, eficiente e velho DDT? Tem mais ñ né? Agora tem centenas de substitutos, custando os olhos da cara ( e o custo é embutido nos alimentos que VC compra no supermercado). E ñ adianta reclamar do governo, pq a cadeia de produção ficou mais cara e o produto ficou mais caro. E os aerossóis? Substituiram pelos roll-on, né? (aquela m cara e ineficiente). E etc, etc e etc. Depois EU é que sou o idiota... tá bom, flor do dia! Aproveite e assista hj à noite o JN da Rede Globo e sorva todo seu conhecimento dali, fonte de informações super-seguras e verdadeiras...

Anônimo disse...

Cara Alex Jones versão feminina brasileira das 15:30

Diferente de você uma provável consumista predatória e compulsiva, eu sou minimalista, porém não imponho isso a ninguém, não tenho ar condicionado em casa, reaproveito a água da máquina de lavar, uso sacolas de pano quando vou a fruteira, quando posso compro direto do produtor, também tenho horta e pomar em casa, vou ao supermercado uma vez a cada 15 dias ao supermercado, pois meu marido come carne e eu sou vegetariana, vou com sacola de pano também. Quanto a rede globo? Eu não assisto televisão há muitos anos e me informo através do Deutsche Welle, El Pais, BBC, mas isso sou eu. Quanto a você? Pode continuar a dormir no barulho de pessoas como $ila$ Maracutaia, Pedir Mai$ Cedo, Jovem Ku Kux Klan ou assistir as lives muito "esclarecedoras" do presibesta Mijair Merdias Bolsoshower, ou como sugeri a você, faça um canal no YouTube, Vimeo, etc com suas teorias conspiratórias a lá Alex Jones, seu guru, até porque o Olasno boca de peido virou um vegetal e está a sair muito caro para os brasileiros que ele tanto odeia.

avasconsil disse...

Pelo menos "essa gente" comentando por aqui mostra que Lola tem leitores entre os bolsomínions e bolsomínias. Claro, não gosto "desse povo". A aversão que eles sentem por gays como eu é completamente recíproca. Mas, como eles leem as postagens da Lola e os comentários, alguma mudancinha pode estar germinando lá nas profundezas do inconsciente deles. Como disse Drummond, de tudo fica um pouco. Talvez, sem saber, Lola esteja contribuindo pra muita gente dar uma melhoradinha. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

avasconsil disse...

Blues da Piedade
Cazuza

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é Lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Dê lhes grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Pra quem não sabe amar
Fica esperando alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Ah ah ah
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Ah ah ah
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem é
Fonte: LyricFind

avasconsil disse...

Pelo que você disse você já morou fora de casa. Não sozinha, pois estava num relacionamento. Acredito que sua mãe também tenha morado só, enquanto você esteve fora vivendo sua vida. Então, acredito que ela é do tipo que consegue se virar bem sozinha, o que torna mais fácil a concretização da sua vontade de sair de casa. Não sinta culpa pelos conflitos que permeiam sua afeição por sua mãe. É normal sentir um amálgama de sentimentos contraditórios pelas pessoas que amamos, como num pedaço de granito. Não entendo muito de pedras. Mas olhando pra um granito, percebo que ali coexiste uma mistura de minérios. E o resultado não deixa de ser bem duro, provavelmente por causa disso mesmo, porque a estrutura é complexa. Já senti raiva ou até ódio da minha mãe algumas vezes. Não só dela. De várias pessoas. E esses sentimentos não estão mortos. Estão apenas acomodados na minha cabeça, talvez como a lava de um vulcão adormecido, mas não morto. Se o Death Note fosse real, provavelmente todo adolescente não chegaria à vida adulta com os pais vivos. Por isso achei imatura e meio patética a reação de certos pais quando encontraram seus nomes no caderno preto, lá na reportagem da Record. Se eu fosse pai de alguém adolescente, teria certeza de que meu nome estaria lá. Eu acho que ia me sentir tentado a dar um Death Note pra ele ou ela. Coisa de escorpiano; adoro perscrutar a psique alheia... Seria dificílimo pra mim não procurar pelo caderno. E, encontrando-o, não sei se resistiria à tentação. O que você disse me lembrou um livro que li acho que em 2017, "O amor não é um jogo de criança". O autor se chama Krishnananda Trobe. Ele não é indiano, como pode parecer. Ele é discípulo de Osho e se rebatizou. É um médico com uma formação ótima, se lembro bem em Harvard. Bom, ele disse que relutava muito em passar muito tempo na casa dos pais, pois convivendo com eles se sentia regredindo psicologicamente, numa espécie de infantilização. Por causa disso tentou passar 01 semana na casa deles, mas não conseguiu ficar tanto tempo. Vai ver são parecidos com os pais da Loralai Gilmore, de "Gilmore Girls"... Se com um cara que é psiquiatra discípulo de Osho é assim, imagina com quem não é. Né? Mas se abra a outras possibilidades. Pode ser que, por causa do envelhecimento da sua mãe, você escolha ficar com ela. Desde que a escolha seja sua, e não de outros por você, por que não? É o tipo de decisão que é só sua. Vai haver preços a pagar, tanto caso você escolha ficar, como caso decida mesmo ir. A psicoterapia é uma boa ferramenta pra ajudá-la a enxergar quais preços você quer e está preparada pra pagar. Ou pra ajudá-la a se preparar pra fazer os pagamentos de você a você mesma, os pagamentos que você escolha fazer quando estiver pronta.

Anônimo disse...

Obrigada, Avasvonsil.
Na verdade, sai de casa para estudar, aos 17 anos, em uma cidade distante, indo para casa nos finais de semana. Por vários motivos, incluindo o próprio curso da vida, não voltei para a casa dos pais. Fiquei para a pós graduação, trabalhei, nesse tempo tive um relacionamento que durou oito anos, enfim segui minha vida adulta comum. Nisso, foram 28 anos, hoje estou com 47. Eu nunca quis morar com meus pais novamente depois de adulta. Não crítico quem o faça, cada um tem seus motivos, as pessoas vivem como querem ou como podem. Eu só voltei por causa da perda que sofri, falecimento de alguém querido e desdobramentos disso, outras perdas associadas. Fiquei na casa da minha mãe por sugestão do meu irmão e por me sentir completamente perdida emocionalmente com essa perda. Com essa pandemia, e emocionalmente devastada, fiquei mais tempo do que deveria, e isso pode ter gerado alguma expectativa errada em familiares e pessoas próximas (ou nem tão próximas mas que não tem ideia do se passa comigo), embora eu nunca tenha prometido ou dito que ficaria para sempre morando na casa da minha mãe. Hoje vejo que nunca deveria ter ido, deveria ter feito um esforço para retornar a minha casa, vivido meu luto mesmo com toda dor, esfriado a cabeça para procurar outra casa. Talvez hoje eu estaria melhor. Na tentativa de fugir da dor, acabou sendo mais doloroso para mim. A ida para casa da mãe e a pandemia me fizeram ter de lidar com outras questões que eu nem deveria estar lidando. Eu deveria era ter vivido meu luto adequadamente e não ter de pensar nos outros ou em outras coisas. Ainda brigo para me recompor. Como foi uma morte súbita, inesperada, e ficou um trauma, esses dois anos foi como um rasgo na minha vida, um corte. Minha vida virou uma corda com duas pontas soltas. Preciso me reconectar, conectar de volta essas pontas soltas. Esses dois anos foram como uma cacetada na cabeça, ficar atordoada, entrar em coma, acordar num lugar estranho, ficar atordoada novamente. E está doendo mais agora, com fichas caindo. Enfim, fiquei dois anos sem identidade, me esquecendo quem eu sou, como se eu tivesse morrido em 2019. Eu realmente preciso fazer o movimento de sair, voltar a ter minha casa, meu lugar, voltar a ser eu mesma, pelo bem da minha saúde mental. Vivo cansada, com muitas crises de ansiedade, durmo mal, fico dolorida, irritada, depois vem crises depressivas, tem sido horror. Não posso continuar assim.

Anônimo disse...

A religião é a maior inimiga da mulher.

As mulheres só aceitam as violências morais, psicológicas, físicas, patrimoniais, emocionais, por causa da religião.

Deus é o maior inimigo da mulher.

Deus foi criado a imagem e semelhança do homem, por isso deus se parece tanto com o homem.

Não existe a menor possibilidade da libertação da mulher na religião.

Essa moça está perdida e equivocada e não percebe o que deus, de fato, significa, e nem qual é o papel dele na dominação da mulher pelo homem.

Anônimo disse...

Esqueci de mencionar: de todo esse tempo "fora dde casa", quase 30 anos, vários anos foram em residência estudantil ou república, enquanto estudante de graduação e pós. Depois, aluguei uma quitinete. Foi ótimo, pois estava saturada de dividir quarto, essa vida coletiva, não aguentava mais, só não sai antes por questão de grana (bolsa, salário baixo). Depois peguei uma casa pequena convencional onde fiquei uns 10 anos, sendo que entre 2014 e 2019 morei sozinha, depois do término de meu relacionamento. Só eu e meu gato. O tempo que vivi nessa casa corresponde ao período mais feliz da minha vida, apesar dos perrengues e do relacionamento amoroso meia bomba. A casa não era essas coisas, mas era meu cantinho, meu refúgio depois de um dia longo. Foi muito triste ter perdido tudo. Parece que uma tempestade veio de repente e levou tudo embora :(

Kasturba disse...

Precisar da permissão do esposo para colocar DIU e anticoncepcional é praticante a mesma coisa que dizer que seu útero (é todo seu corpo) é uma.posse de seus esposo.
Fico triste demais sabendo que existe mulheres tão alienadas que não consigam entender quão absurda é essa ideia...

Anônimo disse...

“que o fato de querer ter filhos é uma decisão do casal e não da mulher – a partir da ideia de que, para por DIU ou usar anticoncepcionais a mulher deve ter, primeiro, a permissão do marido”.
E se fosse o contrário? Você mulher se casou e quer ter filhos. Seu marido, sem te consultar, faz uma vasectomia. O corpo dele as regras dele. E agora? O que você faz com o seu sonho de ter filhos? Se sente traída e vive amargurada nessa relação? Ou se divorcia? Vocês já pararam pra pensar que casamento é um compromisso mútuo? O que vocês acham que é o certo? Vocês acham que um homem tem o direito de fazer uma vasectomia sem consultar a esposa?

Anônimo disse...

Os homens já tem esse direito e não usam. O que achamos pouco importa.

Anônimo disse...

Anônimo e Kasturba falam como se o homem não precisasse de permissão da esposa para fazer vasectomia. Como sempre vocês só olham o lado da mulher.

avasconsil disse...

Se eu fosse mulher nunca me casaria com um homem de quem eu precisasse pedir autorização pra usar um DIU. Mas decidir ter ou não filhos é decisão do casal. É melhor conversar a respeito antes de casar. E antes de casar é bem saudável morar 01 ano ou 02 juntos, num "bride-drive". Se pra comprar um carro é bom fazer um "test-drive" antes, imagine casar, que é uma coisa mais complexa... Se houver divergência, e nenhum dos dois ceder, a separação é a melhor saída. Ninguém é obrigado a casar ou a estar casado. Felizmente as mulheres não precisam mais de um homem pra viver suas vidas e ser consideradas gente, como a Fantine de "Os Miseráveis", que caiu em desgraça só porque se apaixonou por um sedutor que só queria sexo, a engravidou e depois sumiu. Tristes tempos não muito distantes. Mas apesar de o casamento ter um aspecto objetivo, contratual, com o estabelecimento de regras escritas ou tácitas pelos 02, tem um aspecto subjetivo personalíssimo: o relacionamento vai ser uma coisa diferente pra cada um. Ou cada um irá interpretá-lo de uma maneira tão particular, mas tão particular, que contando sobre a história a 02 a um ouvinte atento, as versões poderão ser totalmente diferentes, a ponto de parecer que se tratou de relacionamentos diferentes, e não de um só. Sandor Marai, um escritor húngaro excelente, fez isso em "De verdade". Num mesmo café, um homem e uma mulher desabafaram sobre o casamento desfeito, cada um pra um ouvinte. Não parecia o mesmo casamento. E realmente não foi. Cada um deles estava casado(a) e ao mesmo tempo só. Casamentos assim não valem a pena. Se não há partilha, casar pra quê? Por mais que a subjetividade seja inerente ao ser humano, quanto menor a intersecção entre essas subjetividades, menos há casamento de fato. E menos vale a pena estar casado.

Laura disse...

Caro (a) Anônimo 2 de novembro de 2021 10:00,

Pelo jeito vc não entendeu nada. No caso da vasectomia, o corpo do homem nunca foi visto como posse da mulher. O homem não precisa desse tipo de permissão
O que é totalmente diferente de uma conversa saudável entre ambos.