“S.A.” mostra que o amor está no ar, como se fosse um vírus. E a cura deve ser o Hugh Grant. O Hugh é maravilhoso. Aqui ele faz ninguém menos que o Tony Blair, digo, o Primeiro Ministro da Inglaterra. Olha, assim até eu passo a apoiar o parlamentarismo. O Hugh é infinitamente mais charmoso que aquele poodle do Bush. Desta vez ele cai por uma moça que é perfeitamente normal, mas todos no filme dizem que é uma baleia. Não entendi. Tá certo que, em comparação com as varas presentes... Entre um flerte e outro, o Hugh peita o presidente americano. Por aí você pode ver que “S.A.” não tem um pé na realidade. Há uma cena deliciosa em que o Hugh dança sozinho pela mansão. Parece que todo ator sexy não atinge o ápice da carreira até fazer um número de dança rebolativa (vide Tom Cruise, Mel Gibson). Pena que ele usa roupa demais. Por que não aproveitar o espírito natalino e usar só um gorrinho?
A comédia é do tipo que nos faz crer que é possível aprender uma língua em uma semana e que os ingleses têm coragem pra desafiar os americanos. Mas o elenco inteiro tá excelente (incluindo o Rodrigo Santoro, que fala bem inglês e tá cimentando sua carreira internacional. Tomara que ele vire um novo Antonio Banderas. Quer dizer... O Antonio com uma filmografia melhorzinha, né?). Das mulheres, a mais poderosa é, sem dúvida, a Emma Thompson. E dos homens, não sei. É um mais magnífico que o outro. Além do Hugh e do Rodrigo, tem o Colin Firth (do “Diário”), recém-eleito meu objeto do desejo da semana. Até o Liam Neeson dá pro gasto. E tem o Alan Rickman (vilão de “Robin Hood” e “Harry Potter”). Ingenuamente, eu pensava que era a única pessoa na face da Terra a ter o Alan como símbolo sexual. Ledo engano: há uma legião. Ah, dá pra ver que o filme é britânico, não americano, pela quantidade de relacionamentos inter-raciais. Mas quem rouba a comédia mesmo é um branquela que é a cara do quinto Beatle George Martin e atende pelo nome de Bill Nighy. Ele faz um roqueiro que vende a alma ao mercado e renasce das cinzas por falar o que quer. Pérolas como: “Crianças, não comprem drogas. Virem astros pop que vocês as conseguem de graça!”. Um achado.
“S.A.” peca por ter personagens demais que acabam não se desenvolvendo. Sabe, o problema de colocar 25 casais num filme é que a gente vai ter de encarar 25 finais felizes, e isso cansa. Por mim, podiam ter mantido só o elenco masculino. Eu não reclamaria. O maridão explica a provável inspiração do diretor. Segundo ele, havia um monte de gente sem fazer nada. O Richard chegou e falou: “Ei, vocês não querem fazer um filme aí?”. Eles aceitaram, e o sujeito amarrou tudo com uma trilha sonora divina. A trilha realmente vale a pena. Tanto que eu insisti em ver os créditos até o fim – pro desespero do projecionista – só pra ler as músicas envolvidas. Quase jogaram um rolo na minha cabeça. Ou é tudo digital agora?
Então, “S.A.” é fofinho. Talvez fofinho demais pro meu gosto. Mas com tanto pedaço de mau caminho por metro quadrado de tela, quem pode se queixar? Ainda mais na época do ano em que dar e receber entra na moda...
Um comentário:
Pra mim a única coisa a lamentar do filme é um final "sem final" para o personagem do Rodrigo Santoro. O resto não tenho nada a reclamar... gostei muito de ter vários personagens, entre outras coisas. O DVD é muito bom e tem muitas cenas deletadas.
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