Note bem que no parágrafo acima não mencionei um só nome de ator porque nunca ouvi falar de nenhum. Aliás, o único ator canadense que eu conheço é o... Jim Carrey. Então vamos a uma curtíssima lista intitulada Tudo que Sei sobre o Canadá. Sei que os americanos fazem filmes lá porque é mais barato. Sei que “Tiros em Columbine” mostra que os canadenses têm armas mas, curiosamente, não saem por aí atirando uns nos outros, ao contrário de seus vizinhos ao sul, e nunca trancam a porta da casa. Sei que uma das melhores músicas do magnífico “South Park” era “Culpe o Canadá”. Já ouvi que os canadenses são os argentinos da América do Norte, mas não sei se concordo. Afinal, qual rótulo sobraria pros americanos? Talvez os argentinos do mundo? A bem da verdade, já conheci vários canadenses, e todos são gente finíssima, se bem que nenhum era de Quebec. Este resumo é só pra provar que estou anos-luz à frente das minhas amigas que também foram ver o filme, e que não faziam a mínima que este era canadense. Elas pensavam que era francês. Perguntei pra elas se não estranharam quando pai e filho atravessam uma fronteira e, num pulinho, entram na terra das oportunidades. Elas responderam que estranharam sim, e que o diretor deveria haver mantido as cenas da Air France. Mas essa cena da entrada nos EUA é uma das mais divertidas. Pai e filho chegam lá e uma entusiasta atendente os recebe com um “Bem-vindos à América!”. Os dois dizem “Deus seja louvado!” e “Amém”. Mais tarde, o moribundo revelará que não quer morar nos EUA pra não acabar morto por um muçulmano. Porém, honestamente, as metáforas políticas não estão bem desenvolvidas, a começar pelo título.
O mais tocante mesmo de “Nós Vamos Invadir sua Praia” são as idéias mais, ahn, como direi, universais. Assim, a péssima condição do sistema público de saúde (um tema universal em todo o universo, menos na Escandinávia), ou como os alunos encaram a troca de um professor – eles não ligam, chuif. Graças a esses temas tão abrangentes e sem-fronteiras, o filme deve ser o favorito pra levar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O de roteiro original já é bem mais difícil. “Invasões” já ganhou o prêmio de roteiro em Cannes, e também o de – pasmem! – melhor atriz para uma tal de Marie-Josée Croze, que faz a viciada. O papel da moça é pequeno e não se sobressai aos demais. Imagino que ela conquistou Cannes por ser uma das duas únicas mulheres jovens e bonitas da trama. Desconfio que jurado francês não se comove com o mito de que panela velha é que faz comida boa.
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