sexta-feira, 28 de novembro de 2003

CRÍTICA: JOGO DE SEDUÇÃO / Triângulo amoroso reviroltoso

Eu tô morrendão de vontade de ver "Fahrenheit 9/11", mas claro que ele não estreou aqui no Estado. Até "Mulheres Perfeitas" tava valendo, mas é outro que passou longe. Então tive que optar entre "A Batalha de Riddick", protagonizado pelo Kid Gasolina, ou seria Vin Diesen, dá na mesma, e "Jogo de Sedução". Digamos que não foi uma escolha difícil.

Lá fui eu com o maridão a tiracolo assistir ao "Jogo", um título que resume o nosso relacionamento amoroso, ao menos nas primeiras duas semanas. Esse nome genérico é, na realidade, uma tradução nada-a-ver pro original "Dot the i", algo como "Pingue o i". Tudo bem, até entendo que ninguém iria ver um filme chamado "Pingue o i", que, falando bem rápido e espirrando no fim, quase vira um "Pingüim". Ahn, é que estou resfriada hoje. Desculpe, desculpe, sei que tô me desviando totalmente do assunto, mas isso é só até eu me lembrar sobre o que era o tal "Pingüim". Dez minutos depois de sair do cinema, pedi pro maridão seu parecer sobre o filme. E ele deu: "Filme? Que filme?". Realmente, "Pingüim" não tem nada de memorável. Mas também não é ruim. Até que flui bem, sabe? Isso posto, eu quero ver o documentário do Michael Moore!

Não, não, pausa pra me recompor. Pronto. Respirando fundo: é até estranho que "Pingüim" ocupe tantas salas, algumas delas dedicadas ao circuito de arte. Imagino que isso aconteça só por ser inglês, não americano, o que já é um upgrade, apesar do Tony Blair. E principalmente por contar com o badalado Gael García Bernal (ô três nomes complicados, minha memória não comporta) no papel de um brasileiro. Já posso ver a manchete da "Capricho" ou afins gritando "Deus é brasileiro!". Ele faz um carinha que se apaixona por uma espanhola (Natalia Verbeke, do ótimo "O Filho da Noiva" e do lastimável "Apaixonadas") prestes a se casar com um inglês rico chamado Barnaby (James D'Arcy, eu ia dizer que ele esteve naquela gosma que é "O Mestre dos Mares", mas não me lembro o que ele fazia lá, o mastro era o Russell Crowe, né?). Pois é, como você pode conferir por esta micro-resenha, alguém com o nome de Barnabé não pode ter o mínimo de sex appeal, logo a moça cai pelo pobre e baixinho Gael. E tudo corre como uma história de amor convencional até a metade do filme, por aí, quando o Gael, após uma bela noitada, diz pra ela "Tenho uma coisa muito séria pra te contar". Pensei que ele fosse revelar que tem uma doença venérea das mais contagiosas, ou, pior, que não é brasileiro, e sim mexicano. De qualquer modo, anote a dica: tal frase pós-coito quebra qualquer clima romântico. Evite, por favor.

Daí em diante "Pingüim" fica altamente reviroltoso, até o final, que é previsível. Ou quase: não quero estragar nenhuma surpresa, mas será que alguma boa alma poderia me esclarecer o mistério da cicatriz? A moça ostenta uma cicatriz de queimadura, depois ela (a cicatriz, não a moça) some. Eu sinceramente não entendi. A cicatriz é uma pista e eu sou um jumento ou ela é uma falha e o diretor Matthew Parkhill é que é um jumento? Respostas EDUCADAS para esta coluna, s'il vous plait. Quem se dignar a escrever pode aproveitar pra me esclarecer outras dúvidas. Por exemplo, existe alguma personagem espanhola no cinema que não se chame Carmem (ou aquele outro nome divino, Lola)? Existe algum brasileiro que se chame Kit? Existe algum outro brasileiro além do Kit que assuma não saber espanhol?

Pra mostrar que eu entendi muita coisa do filme, tirando a cicatriz, vou revelar aqui o tema de "Pingüim", que é: a câmera mente, as imagens manipulam, etc. E tudo aquilo que a gente já sabia antes mesmo de ter visto a edição global do debate entre Collor e Lula. É... Eu posso não lembrar dos três nomes de um mesmo ator, mas eu tava bem viva em 89.

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