Eu anotei meus comentários sobre o filme mas acabei não escrevendo uma crítica. Tente decifrá-los.
Dir: Oliver Hirschbiegel
Com Bruno Ganz (“Asas do Desejo”), Juliane Kohler
Estou quase um mês enrolando pra ver o filme. Uma voz na minha cabeça dizia, “Eca! Mais um produto sobre e a Segunda Guerra?!”. Outra dizia “Você vive reclamando que aqui só passa cinemão americano. Agora que tem um filme alemão, você não vai ver?!”. Quando eu absorvi a estréia desta semana (“Sahara”), venceu a voz do bem. Fui ouvir alemão durante duas horas e meia.
Meio confuso, porém interessante. Sim, a guerra é confusa. A guerra foi longa. Mas um filme sobre a guerra não tem que ser.
Quem não sabe muito de história não vai ficar sabendo. A vantagem é que a gente sabe de cara quem são os vilões.
Eva Braun, personagem instigante.
E também a mulher de Goebbels, Magda, que mata todos os seus filhos, que parecem vindos de “A Noviça Rebelde”.
Hitler devia ser dono de um enorme magnetismo pessoal antes de seus últimos dias, porque o que a gente vê, o que o filme mostra, é um homem histérico e mentiroso. Ele não tem muitas falas, mas todas elas são dizendo os piores ultrajes, como “os fracos merecem morrer”, “estou feliz de ter eliminado o veneno judeu da Alemanha”, “o povo alemão que se dane”, coisas assim. Só fazer com que ele goste de cachorros – um cachorro, pra ser mais exata, e logo um pastor alemão, sendo bem provável que ele não gostasse de poodles – e de comida vegetariana não faz dele uma boa pessoa, nem um personagem complexo.
As cenas que eu vou me lembrar são da mãe matando os filhos e do Hitler matando seu pastor alemão.
Há civis, mas há inocentes?
Numa guerra, qualquer guerra, o homem mostra seu lado mais animal.
Praticamente não tem americanos. Mostra os russos derrotando sozinhos os nazistas. Bem diferente da última cena de “A Vida é Bela”.
De repente parece que a gente tem que agradecer aos comunistas que hoje em dia não estamos todos falando alemão (só inglês).
50 milhões mortos.
60 anos atrás. É bem recente.
Filmado em São Petersburgo.
Humanidade. Bom, quase sempre, quando se enfoca um personagem, a gente o humaniza. Tem gente que prefere que nunca se fizesse um filme, um livro sobre o Fuhrer. Mas isso é estranho (e, além do mais, cheira à censura). Como que a gente vai se lembrar da Segunda Guerra? Ou que versão da guerra querem que a gente guarde? Por exemplo, uma das coisas que aprendi muito rapidinho, que na escola nunca me contaram, é que nos Estados Unidos havia campos de concentração para prisioneiros japoneses. Nada que se assemelhasse a Auchwitz, mas ainda assim bem condenável, não? E por que eu tive que ler o romance do Kurt Vonnegut pra ouvir falar de Dresden, uma cidade alemã dedicada à arte, não a fins bélicos, que foi bombardeada pelos Aliados depois que a guerra acabou?
Acho que os neonazistas não vão encontrar muito que se inspirar no filme.
Não há muitos filmes alemães sobre a Segunda Guerra.
Acho que eu preferiria ver aquele um sobre como seria o mundo se o Terceiro Reich tivesse vencido, Fatherland.
Cenas de batalha não são diferentes de todas que a gente já viu. Mas vamos comparar com quando os americanos bombardeiam os japoneses em “Pearl Harbor”. Lá no Japão só são destruídos prédios, parece uma cidade fantasma. E tem muitas tomadas de aviões jogando as bombas. Aqui só há tomadas das bombas caindo no chão. Faz uma diferença enorme, né?
Teve uma hora que eu comecei a pensar: eles vão precisar de muita gasolina pra queimar todos os corpos de nazistas importantes. E também: a secretária vai digitar os testamentos de todos eles?!
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