A metade inicial de “Roubando” é infinitamente mais convincente que sua metade final, mas, no geral, o roteiro tem mais buracos que queijo canadense. Não posso falar desses rombos pra não entregar a trama, mas digamos assim, em termos genéricos: não é esquisito alguém esperar meio ano pra pegar UM bandido, sem fazer mais nada no ínterim? Todo serial killer é um artista em potencial? Todo cereal aguarda calmamente embaixo da cama a investigadora invadir o espaço dele? É só olhar prum chaveiro balançando pra descobrir que tem uma porta atrás da estante? E o essencial: a Angelina se separou do Billy Bob Thornton? O Ethan Hawke não tá mais com a Uma Thurman? O chato é que “Roubando” tá cheio de trapaças (no mínimo três), no pior estilo “me engana que eu não gosto”. Acabei de rever um outro filme em que o diretor engana o espectador, mas era “Quando Fala o Coração”, de um tal de Alfred Hitchcock, e o sujeito faz isso com uma classe que nem me senti ofendida. Por exemplo, o Gregory Peck tá com uma navalha na mão encarando sua possível futura vítima, que lhe dá um copo de leite. O Gregory bebe o copo, aliás, a câmera toma o leite, tudo fica branco, e a gente espera que, no dia seguinte, a vítima apareça morta. Mas não: tinha sonífero no leite. A gente não vê a vítima pondo sonífero no leite porque o Hitch fica enfocando a navalha, o maldito.
Mas voltando à realidade, e a realidade é que os suspenses de hoje nada tem a ver com o Hitch, infelizmente, ”Roubando” traz também o Kiefer Sutherland, de “24 Horas”, e o problema é que, quando a polícia vai atrás dele, o maridão pensou que ele fosse gritar: “Mas tenho que desarmar uma bomba que vai matar o presidente americano!”. Creio que a vantagem de se ver “Roubando” é que lá mostram os seios da Angelina, a quem interessar possa. Se bem que desconfio que eles já devem ter aparecido em, sei lá, “Pecado Original”, pois um filme com esse título ou contém várias cenas de sexo ou é um longo comercial dos produtores de maçãs. No final de “Roubando” eu já tava tão pouco me lixando que, quando um personagem surge tomando uma injeção, eu me lembrei de ter esquecido de ser vacinada contra a gripe. Nessa hora sim não me contive e soltei um gemido de terror. Mas foi o único.
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