Pelo menos “Maior Ainda” deixa bem claro de que lado está. O personagem do De Niro é tudo de ruim: autoritário, machista, fascista, republicano, americano (acho que estou me repetindo). Até um bebê exaustivamente usado pra fazer rir os mais bobinhos o chama de cretino. Mas o filme poderia ter o subtítulo “Por que Pais Liberais dão luz a Criaturas Conservadoras”. O mais triste é que o personagem do Ben quer ser como o do De Niro. Ele tem vergonha dos pais, e elege o reaça como seu modelo de vida. O que, pensando bem, até faz sentido. Conheço mais gente que se identifica com o estilo moralista do De Niro que com o do Hoffman, que é a alma do filme. Se não fosse assim, comédias como a original e outras atrocidades como “Casamento Grego” e “O Pai da Noiva” não fariam tanto sucesso. E não é só entre o público, não. Pra se ter uma idéia, os críticos americanos deram pro primeiro o dobro da nota desta seqüência. Acompanhe o raciocínio: filme ultraconservador, 73; filme pró-sexo que elogia os hippies, 41. O que diz bastante sobre o suposto liberalismo da mídia. Pessoalmente, pra mim é muito estranho que em pleno século XXI as filhas ainda tenham que ter permissão do pai pra casar e depois adotem o sobrenome do marido. E que ainda se façam comédias sobre um tema tão, sei lá, pré-revolução sexual. Parece que a década de 60 nunca existiu?
“Maior Ainda” já vale pelo prazer que dá ver juntos dois dos melhores atores de sua geração, De Niro e Hoffman (os outros devem ser o Al Pacino e o Morgan Freeman). Mas, se quiser um motivo mais didático pra se divertir com essa comédia, lá vai: ela mostra certinho o que é ser de direita e o que é ser de esquerda hoje em dia. E tem quem não acredite mais nessas divisões...
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