Fui ver três produções, mas só vou falar de uma. Não posso mencionar “Lutero” porque aí teria que entrar no terreno pantanoso das religiões, e pior ainda, da grana que a fé gera, e esta semana, particularmente, não tô a fim de ser excomungada, exorcizada, queimada na Inquisição, nada disso. Só digo duas cositas: que se a quantidade de mexidas que eu dou na cadeira é sinal do quanto o filme tá tedioso, bom, eu virei uma pipoca saltitante durante “Lutero”. A outra é que o corte de cabelo à moda do frade que o Joseph Fiennes usa deixa-o vesgo e com mais cara de perdido que de costume. O outro que fui ver foi “Celular: Um Grito de Socorro” que, além de não ser tão terrível quanto pensava, ainda me fez rever alguns conceitos. Olha, eu vivia alardeando que celular é uma ferramenta inútil usada por pessoas insuportáveis que não sabem apertar uma teclinha pra impedir que o troço toque no meio do cinema. Mas depois de ver “Celular”, não penso mais que é uma ferramenta inútil (a parte das pessoas insuportáveis ainda carece de maior comprovação científica pra ser deixada de lado). Consegui ver que um celular pode ser de extrema valia em certas situações. Por exemplo: se você estiver num lugar com um carinha armado louco pra atirar em você, ligue pro celular dele. Quando chamar, você vai saber onde ele está e aí você, bang, atira nele. Sacou? Claro que isso implica que ambos tenham celular e aquele outro instrumento de primeiríssima necessidade, armas de fogo.
Então vou falar de “Os Esquecidos”, mas não vou falar muito não. Quer dizer, vou, mas bem confusamente pra não entregar toda a trama. Qualquer um que se dispõe a escrever sobre essa abominação se arrisca a contar mais do que você precisa saber. Acho melhor ler as críticas depois do cineminha, pra que você mesmo possa se surpreender com o filme e fazer como eu: olhar com cara de tacho pro seu acompanhante e soltar um “Ahn?!”. Aliás, adoraria saber como vendem um negócio desses. Queria ver o trailer. Eles revelam as mudanças de rumo? Bom, a história. A Julianne Moore é uma mãe que não consegue esquecer seu filhinho, morto há 14 meses num acidente aéreo. De um dia pro outro um psicanalista e o marido dela dizem que o menino nunca existiu, e que todas as memórias são fabricações de sua mente doentia. Esse até que daria um filminho interessante, mas a Ju, que não é boba nem nada, rapidamente chega à única conclusão natural – que filhinho morto que nada, ele foi é abduzido por extraterrestres malvados. Agentes federais passam a persegui-la, uma casa explode e perde o telhado, e a gente é levada a pensar no slogan do Arquivo X, a truta tá lá fora. Sabemos que tem mais de um esquecido por causa do título, porque se fosse “O Esquecido”, um só, a gente intuiria que tavam falando da presença marcante que o filmeco nos causa. É no plural. Será que a Ju teve mais de um filho e só se lembra de um? Neca, é que tem um homem que também tinha uma filha, se esqueceu dela, mas agora se lembra, já que prole é algo inesquecível. Sei que tá bagunçado. A cena em que o público mais riu foi quando o casal interroga um agente. O homem é mais impaciente e bate no agente, e a Ju diz “Vamos com calma, não precisa apelar pra violência”. Daí o agente manda a Ju esquecer seu filho e ela, histérica, dá uns tapas no cara.
Não entendi se “Os Esquecíveis” é pra ser de terror, mas tem uma subtrama assustadora quando a Ju revê o esposo, que nunca a viu mais gorda. Quer dizer que o marido da gente vive jurando amor eterno e é só um alienígena aparecer pra ele não se lembrar que eu existo? Só pra garantir, dei uns kabongs no maridão. Ah, o filme merece o Troféu Incentivo Infantil. A heroína reclama pro vilão: “Mas elas são só crianças! O que você pode aprender com uma criança?”, e o vilão responde, sem pestanejar: “Nada”. “Esquecíveis” é muito esquizo, com uma musiquinha enjoada que mistura drama e suspense, e aí um dos personagens puf, sai voando. Deixando a sessão, perguntei pro maridão: “Você acha que de repente a gente tem filhos e eles foram abduzidos?” E ele: “Pode ser. Tinha uns pedaços de telha quebrada na frente de casa”.
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